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O Dadaísmo

O Dadaísmo é caracterizado pela negação da racionalidade e da cultura, pelo um espírito


coletivo de destruição e de deceção resultante das sequelas que a Primeira Guerra Mundial
deixou em vários países. Negando a racionalidade e a cultura, o movimento do Dadaísmo
defendia que a arte fosse o resultado do automatismo psíquico, apoiava a desordem, o caos e
o incoerente dado que a arte, as ciências e a filosofia revelaram-se pouco uteis na travagem
da guerra. Era deste modo um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a
guerra.

Origem: A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento marcado pela destruição e


catástrofe e destruiu as esperanças, espectativas e progressos de qualquer futuro próximo em
inúmeros países. Destes momentos negros nasceu o movimento dadaísta, ou Dada,
inicialmente criado pelo grupo de artistas que fundou o Cabaret Volatire em Zurique em
1916. Hugo Ball, Richard Huelsenbeck e Hans Richter da Alemanha; Tristan Tzara e Marcel
Janco da Romania; e Jean (Hans) Arp de França procuraram refúgio da guerra numa cidade
neutra e foram os principais ativistas do Dadaísmo em Zurique, iniciando os primeiros
encontros em cafés. Dada, significando cavalo de madeira na língua francesa, foi
acidentalmente descoberta no folear dum dicionário alemão-francês por Hugo Ball. Esta
palavra foi escolhida pois não fazia sentido, criando um paradoxo com a arte que perante a

Figure 2 paisagem exterior Figure 1 Cartaz de Figure 3 grupo de artistas fundadores do Dada no Cabaret
do Cabaret Voltaire a 1935 abertura do Cabaret Voltaire
Voltaire a 02/05/1916
irracionalidade da guerra perdera todo o sentido.
O movimento dadaísta também, após alguns anos, floresceu pelas cidades de New York com
artistas como Man Ray, Francis Picabia, e Marcel Duchamp; Paris com figuras literárias
como Tristan Tzara, Paul Eluard, e andré Breton; Berlim, levado por Richard Huelsenbeck
com adeptos como Jonh Heartfield e George Grosz. Todos estes artistas eram movidos pela
filosofia que uma sociedade levada por guerras não merecia a arte.
Artistas: Marcel Duchamp nasceu em Normandia, a noroeste de frança. Apesar ter ganho
sucesso como pintor em Paris, abdicou da pintura pois estava mais interessado em ideias e
não em produtos visuais. Duchamp estudou em Paris abordagens como o fauvismo, cubismo,
e impressionismo, fascinando-lhe as abordagens à cor e estrutura. Num dos seus quadros
mais importantes “Nude Descending A Staircase (no.2)” é notório as influências cubistas,
como a limitação da cor e as formas sobrepostas. Contudo, Duchamp interessava-se em
maioria pelas vanguardas dos artistas antiacadémicos como o pintor simbolista Odilon
Redon. Este interesse maioritário pelo simbolismo levou-o ao Dadaísmo. O termo
“readymade”, idealizado por Duchamp, descreve uma nova forma de arte em que eram
selecionados objetos vulgares e apresentados como arte, substituídos com um novo
pensamento e por vezes alterados ou juntos a outro objeto. Nas palavras de Duchamp, “He
took an ordinary article of life, and placed it so that it´s useful significance disappeard under
the new title and point of view, created a new thought for that object”, ou seja, Ele pegou
num artigo de vida vulgar e colocou-lho ali para a sua significância útil desaparecer debaixo
do novo título e ponto de vista, criando um novo pensamento para esse objeto.

Figure 4 Marcel Duchamp "Fountain" 1917

Figure 5 Marcel Duchamp "Nude


Descending A Staircase (no.2)" 1912

Jean (Hans) Arp nasceu em 1886 em Alsace,


pertencendo à Alemanha nesse período, a sua mãe era francesa e o pai alemão, levando Arp a
utilizar o nome Jean em países de língua francesa e o nome Hans em países de língua alemã.
Arp trabalhou brevemente com o grupo Der Blaue Reiter e com Kandinsky em Monique. À
procura de refúgio pela guerra, Arp emigrou para Zurique, lá escreveu poemas e aproximou-
se de Hugo Ball, ajudando a fundar o movimento do Dadaísmo escreveu poemas, fez collages
e ilustrações para revistas dadaísticas. Arp encontrou o seu propósito neste movimento,
rodeado de pessoas internacionais de mente aberta pois como
Arp assim era o Dadaísmo, internacional e interdisciplinar.
Foi neste meio caótico que Jean Arp começou a desenvolver
as “chance collages”, pequenos pedaços de papel largados
aleatoriamente sobre uma folha maior e colados onde caíssem.

Francis Picabia nasceu em Paris, em 1879, tanto a sua mãe


como o seu pai descenderam de famílias europeias abastadas,
significando que ao longo da sua infância a herança da família
permitia-lhe estudar e viagar. A 1895 Francis começou a Figure 6 Hans Arp, Elementary
Construction, 1916
frequentar a École des Arts Decoratifs, estudou com Fernand
Cormon, Albert Charles Wallet e Ferdinand Humbert durante dois anos, mais tarde
trabalhando no estúdio de Cormon com George Braque, trabalhando maioritariamente com
aquarelas. Rapidamente, sobre a influência de Camille Pissarro e Alfred Sisley, iniciou o seu
caminho no Impressionismo afirmando que os quadros não deviam representar as emoções da
natureza, mas sim a experiência emocional do artista. Anos mais tarde, em 1909,
experimentou os estilos de vanguarda, saltando de estilo em estilo pois Picabia teve
dificuldade em encontrar um estilo que conseguisse expressar as suas emoções e a sua
intelectualidade, perdendo a fama que tinha ganho em outrora. Em 1917 mudou de pintura
para a escrita, como subsequente da deteorização da sua saúde física e mental, publicando
uma crítica intitulada 391. Esta crítica foi o seu ponto de escapada para a escrita dadaística,
contribuindo também em outras publicações como “Litterature and the Dada Revue” de
André Breton. Em 1921, depois de anos a defender o movimento anti-arte, Francis
confrontou outras dadaístas num ensaio de “391, Phihaou-Thibaou”, este sentiu que o
Dadaísmo se tornou outro sistema de ideias fixas.

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