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ETMD “IVANILDO REBOUÇAS DA SILVA”

PRIMEIRAS AULAS DE PIANO – sugestões metodológicas

O que observar? Como proceder?

Sobre o aprendiz:
Cada um é único. A idade e a personalidade devem ser observadas pelo
professor para que possa intervir com sabedoria.

Conhecendo o instrumento:
É sabido que muitos alunos adiantados de piano nunca viram o piano
desmontado para poder compreender o mecanismo do instrumento.
Abrir o piano e desbravá-lo com o aluno é uma das principais tarefas do
professor junto ao iniciante.
Teclas, pedais e funcionamento dos martelos devem ser observados e
demonstrados. Enfatize que é um instrumento de cordas percutidas, ou seja,
tudo que fizermos nas teclas refletirá nas cordas.
Mostre as cordas e associe a espessura ao som produzido: as grossas produzem
sons graves, as finas, mais agudas. Mostre e toque nas teclas.
Chame a atenção para como as teclas são organizadas! Há teclas brancas e
pretas, se tocar em sequência começando do grave (sem pular nenhuma tecla)
o som vai num crescente.
Explique a utilidade dos pedais aos alunos adultos. Às crianças somente se
perguntarem.

Quanto à postura:
Corpo: Costas eretas, ombros relaxados, altura do cotovelo igual ou um
pouquinho acima do pulso (consegue-se com regulagem do banco).
Pés: têm que estar apoiados. Para crianças talvez seja necessário um
banquinho. Sentar-se sempre na parte da frente do banco, pois o corpo
funcionará com uma alavanca quando formos usar o peso posteriormente.
Sentir como se estivesse preparado pra levantar a qualquer momento.
Por isso a importância de apoiar bem os pés.
Mãos: balance os braços ao lado do corpo e solte. Essa é a posição natural da
mão. Levante pelo pulso e coloque sobre o teclado. Quanto à posição das
mãos e dedos poderá haver alguma divergência entre os professores.
Neste início é importante salientar que as pontas dos dedos devem ficar para
baixo porque é mais fácil para que os dedos não dobrem "ao contrário"... mas
no futuro devemos tocar com as pontas um pouco inclinadas, para sentir bem
as teclas.
“Há professores que treinam levantando os dedos. Eu não concordo porque,
além de haver mais esforço, futuramente será mais difícil correr e perde-se o
contato com as teclas. Caso tenha que levantar o dedo, nunca acima do arco.
Nunca tocar com o arco baixo e os dedos altos. Os ossinhos devem aparecer.
Para crianças podemos treinar segurando uma bolinha de papel dentro da
mão. Para fortalecer os dedos, eu uso o exercício da parede, como se fosse
uma flexão, com as mãos e os dedos bem colocados. Primeiro toda a mão,
depois alguns dedos. Colocar apenas o peso do corpo suportado pelos dedos
sem entortar, mas várias vezes. Isso pode ser feito sobre uma mesa também,
mas é mais difícil de compreender”.

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Pulso: igual a altura do arco da mão ou um pouquinho abaixo (arco da mão


são as pontas dos ossinhos entre a palma da mão e cada dedo; este arco deve
aparecer, como se houvesse uma bolinha dentro da mão).
Dedos: sempre com as pontas pra baixo e o mais em pé possível. Cada dedo
toca mais pra dentro ou mais pra fora da tecla de acordo com seu tamanho. O
polegar toca de lado e sozinho (sem descer a mão). É necessário treinar
porque não é um movimento que fazemos normalmente. Fortaleça a
musculatura para que nenhuma articulação dos dedos entorte pra dentro.
Tocar sempre da tecla pra baixo, evitando ao máximo levantar os outros
dedos (treinar de olhos fechados sentindo cada tecla).

Primeiras lições:

Notas no teclado: antes de identificar as notas, chamar a atenção de como


são organizadas as teclas/notas partindo das teclas pretas. Estimular a
memorização das notas e sua localização.
Dedos/dedilhado: relacionar os dedos aos números. Com as crianças
contornamos as mãos e numeramos os dedos nas primeiras páginas do caderno
de registro diário. Convém fazer várias atividades solicitando aos alunos que
toquem determinada nota com o dedo indicado pelo professor. Ex.: dedo 2 da
mão direita deverá tocar o Sol 3.
Pauta: é importante relacionar a altura na pauta com o teclado: subindo na
pauta estaremos tocando cada vez mais para o agudo... para o lado direito
onde temos as cordas mais finas.
Técnica inicial: treinar começando a tocar cada nota/dedo sem mexer os
demais, depois 2 notas ligadas a cada comando. Os dedos 3 e 4 e 4 e 5 devem
ser os mais treinados. Só depois de conseguir ligar bem duas notas podemos
começar com as leituras e músicas. Primeiramente os dedos 1, 2 e 3 é só
depois de bastante treino, dedos 4 e 5.
Leituras relativas: Fazer leituras relativas com 2, 3 e 5 notas, tocando em
várias posições e falando ou cantando os nomes das notas.
Leituras nas claves de Sol e Fá: começar com leitura relativa a partir do
nome da clave e já com a numeração: fá 2, sol 3, até chegar ao dó central. A
numeração das oitavas pode ser explicada.
As duas pautas separam as mãos e não as claves, podendo ter 2 pautas em
clave de fá ou de sol.
Leitura: recomenda-se treinar sem olhar para as mãos a fim de garantir uma
melhor leitura à 1ª vista. Após verificar o dedo com que se inicia a música, a
mão é posicionada com um dedo para cada nota e não há mais necessidade de
olhar pras mãos. Quem comanda a mão é a cabeça e não os olhos.
Observamos bons resultados quando o professor vai falando o nome das notas
e o aluno vai tocando de olhos fechados após posicionar as mãos sobre o
teclado.
Leitura rítmica: trabalhe primeiramente com ligaduras, depois com as figuras
e pausas. Quando aparecer colcheias, primeiramente toque/leia considerando
que ela valha um tempo (semínima = 2 tempos). Após a compreensão da
subdivisão e estudo, pratique considerando a semínima como unidade de
tempo. Como o Alice Botelho já apresenta em seu primeiro exercício o ponto
de aumento, evite começar por ele. Comece pelo exercício 2.

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Propor ao aluno que toque músicas fáceis com diversas pulsações diferentes.
Alguns alunos têm que treinar a própria pulsação com acompanhamento do
professor.
Aspecto técnico na execução: Ligar bem as notas diferentes. Muita atenção
quando temos notas repetidas e outras diferentes.
Observações importantes:
 Melodias com a dificuldade similar a do Índio alegre, de Alice Botelho:
mão direita ligada enquanto a esquerda solta.
 Melodias com a dificuldade similar ao Índio triste, de Alice Botelho:
dada a dificuldade de segurar e soltar a mão esquerda, substitua a
semibreve por uma mínima pontuada seguida de pausa, assim ele pode
levantar a mão com tempo suficiente para o aprendizado de levantar e
voltar a tocar segurando. “No Índio triste, o professor sabe da
substituição pelas figuras... mas ao aluno só é explicado para levantar
o dedo quando tocar a última nota da mão direita, para
facilitar. Tocar separando as notas como pausas de colcheias no final é
mais difícil, então deixe para explicar mais pra frente. O aluno não
precisa saber dessa substituição, só da separação, assim como nas
separações das frases”.

Sugestão bibliográfica:
O uso do livro de Alice Botelho volume 1 ajuda a decorar as notas
progressivamente. Toque todas as músicas cantando ou falando as notas.

O que vem depois...


 Após todo o trabalho inicial, escolha de repertório e estudo detalhado
das peças, comece a esmiuçar a partitura. Explique as frases musicais.
Separe uma frase da outra. Frases suspensivas (perguntas) crescem no
final; conclusivas (respostas) diminuem no final.
 Frases parecidas pode-se fazer a primeira F e a segunda P.
 Ao tocar a Valsinha, por exemplo, observe que o acompanhamento
deverá ser tocado bem piano e a melodia forte.

Informações complementares:
 Colocar e tirar as mãos suavemente do teclado. O movimento da mão
deve ser semelhante ao sentido imprimido no final da música, que pode
ter um rallentando. Neste início não haverá músicas com finais
vibrantes, fortíssimos e/ou “secos”, mas a mão sempre acompanhará o
sentido dado na finalização da música.
 Treinar também com o aluno como agradecer ao final das
apresentações em público. As palmas representam os parabéns pela
execução e a reverência do pianista, a gratidão pelo reconhecimento
do trabalho.
 É muito importante estimular a tocar sem olhar para as mãos.

Uma valorosa contribuição da professora-amiga Ana Lúcia Passarelli Souza!

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