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1.

Introdução
Uma das maiores dificuldades quando tocamos pandeiro é entender como fazer variações e tocar de uma
maneira mais livre dentro de uma música. Claro que existem várias maneiras para entender este processo,
mas com certeza uma delas é você ter ou aumentar o seu repertório. O caso do pandeiro, repertório é a
quantidades de sons, sequências, batidas, levadas ou ritmos que você sabe e para aumenta-lo não tem
outro jeito: precisamos estudar.

O que apresento aqui nesta apostila, são levadas do universo do samba e do choro

Muitas das batidas são levadas completas para você conduzir a música e outras podem ser melhor
utilizadas apenas como uma variação. O mais importante é que elas bebem na essência da linguagem do
samba e do choro e vai ser muito útil a hora de você dialogar com a música e o fraseado dos outros
instrumentos. Todo o suingue do samba e do choro vem da precisão das batidas e da reação profunda
que você estabelece com ela, portanto não adianta tocar ates de interiorizar. Deixe as levadas fluidas e
depois se jogue nas rodas e experimente.

Lembre-se que muitas vezes precisamos ter um grande repertório para poder aplicar a levada que a
música está pedindo. Por mais que estudemos por horas nossas levadas, a música e o modo como ela esta
sendo executada sempre vai pedir algo que se encaixe nela. Então fique aberto e sensível a esse pedido.
Aos poucos você vai sentir com clareza que levada usar em cada hora da música. Misture, treine e seja
criativo. O samba e o choro agradecem!
2. Técnica
Penso que se tratando de um instrumento muito complexo e rico em possibilidades e maneiras de ser
tocado, não é prudente usar termos como “certo” ou “errado” para designar ou julgar as diversas
maneiras de tocar. O mais importante, é entendermos que tem jeitos que vão facilitar nossa velocidade
e técnica e jeitos que vão dificultar.

E mais do que isso, jeitos que mesmo parecendo “errados” vão produzir efeitos sonoros mais
interessantes e ricos musicalmente. Aqui podemos concluir que o jeito certo, é o jeito que estiver saindo
música do seu instrumento. Mais do que técnica e velocidade, nosso instrumento precisa ser agradável
na maneira de soar e agregar ao som que ele está inserido. De fato, ele precisa produzir música. O
Pandeiro não foi criado no Brasil, mas sua maneira de tocar, como conhecemos hoje, foi inventada e
adaptada aqui.

Então é natural que em cada parte do país, as pessoas se adaptam de um jeito diferente e mesmo sem
pensar, acabam criando maneiras diferentes de tocar. Vejo que é uma perda de tempo tentar julgar essas
maneiras e também taxar quais são melhores ou piores. Para realmente nos tornarmos o pandeiro, é
interessante estar aberto a todas as técnicas e entender e apreciar a beleza de cada uma delas. Vou
abordar algumas maneiras de se pensar o instrumento, mas é de extrema importância que você tenha
sempre esse conceito na cabeça.

Lembrem-se que a técnica e o jeito de pensar o instrumento é uma escolha individual. Eu na minha
caminhada escolhi alguns caminhos mas sinto que o que mais me fascina é tentar aprender e executar
todos os modos existentes. Dependendo do contexto eu me porto de um jeito ou de outro. Então exploro
a técnica do choro quando estou numa roda de choro e também exploro as técnicas mais modernas
quando estou num contexto que me permite isso. Também uso pandeiros em afinações diferentes em
cada trabalho. Então vocês vão descobrir que ninguém pode te passar a verdade absoluta sobre como
tocar pandeiro. Deixe a mente aberta pois o pandeiro se mostra cada vez mais um instrumento de
possibilidades infinitas.
2. Sons
É muito comum nós cantarmos os sons que tocamos e ouvimos. Isso facilita decorar qualquer ritmo que
escutamos e também faz com que saibamos exatamente o que estamos fazendo. A sonoridade dos golpes
do pandeiro são basicamente TUM, TU, TI e TÁ. Precisamos entender que podemos produzir esses sons
tanto com a parte de baixo da mão como com a parte de cima:

TUM | grave

O som mais grave do Pandeiro. Posso fazer com o Polegar na lateral inferior, ou com os Dedos juntos,
produzindo um grave igual na lateral superior do pandeiro

TU | grave abafado

Também um grave, mas que não se prolonga. Posso fazer com o Polegar ou com os Dedos, abafando a
pele com a mão que segura o instrumento, geralmente com o dedo do meio encostando na pele

TI | agudo de condução

Este é o som que usamos para conduzir os ritmos. Parece o ganzá. Posso fazer tanto repousando o Pulso
na lateral do pandeiro como repousando a ponta dos dedos. Mesma função de um chimbal na bateria

TÁ | tapa

Este é um som bem agudo e estalado. Posso fazer tanto com um tapa no centro, enfatizando o golpe nos
dedos, como posso fazer usando o Polegar no centro do Pandeiro

TRI | rulo

Este é o efeito produzido pela pressão na pele, seja do dedo ou até do pulso. Uma clássica firúla. Um
efeito muito famoso e utilizado no pandeiro.
3. Legenda

Pulso
O pulso, parte inferior da mão, encosta bem na borda do instrumento e destaca mais o som das
platinelas do que da pele. Ele volta ao lugar de origem logo depois do toque. O resultado é um
som curto e ritmicamente bem definido

Dedos
O bloco de dedos repousa rapidamente na pele. Não é tão rápido quanto o pulso. O som é
parecido, porém um pouco menos estalado. É produzido pelos 2º, 3º, 4º e 5º dedos da mão que
faz o movimento (direita para os destros).

Polegar
O som produzido pelo polegar é a nota fundamental e tem como função tocar as notas de
marcação. O polegar precisa estar relaxado e fazer soar um som grave da pele. Lembre-se que
nada tem a ver com força e sim com jeito.

Polegar Abafado
O polegar abafado é executado da mesma maneira que o Polegar solto. A única diferença é que
o dedo médio da outra mão irá pressionar a pele por baixo do pandeiro, fazendo com que a
ressonância da pele seja interrompida. Som preso.

Rulo
Pressione levemente o dedo médio contra a pele e escorregue a ponta dos dedos para
conseguir um som contínuo das platinelas. Este é um efeito muito famoso e muito executado no
pandeiro. Lembre que não é força e sim jeito.
Grave nos Dedos
Este som pode ser produzido de várias maneiras. O mais importante é o resultado sonoro ser
similar ao obtido pelo Polegar. O contato com a pele deve acontecer no menor tempo possível.
É um dos sons mais difíceis de tirar.

Grave nos Dedos Abafado


A execução é a mesma do som anterior. A diferença é que o dedo médio da outra mão vai
pressionar a pele por baixo do pandeiro, fazendo soar um som grave, porém abafado e preso.

Tapa
O Tapa é o resultado da mão espalmada no centro do pandeiro. Não pode haver rebote e o som
deve ser seco e agudo. Deixe a mão na pele depois do toque, não tem necessidade de tirar
rapidamente. Treine muito para executar um Tapa bem definido.

Tapa com Polegar


Batemos o Polegar bem no centro do pandeiro, procurando um som agudo e estalado, bem
diferente do Polegar grave. Tem que ser bem no centro e pode-se deixar ele na pele depois do
golpe.

Rulo Pulso
Pressione o pulso do centro para a borda do pandeiro. Ele se desloca levemente para baixo. O
resultado é igual do Rulo com os dedos, porém com menos continuidade, pois ele cessa mais
rápido.

Acento
É quando tocamos mais forte. Onde estiver o sinal de acento devemos enfatizar o som. Ele pode
aparecer em cima de qualquer figura que represente qualquer som possível no pandeiro. Muito
importante em alguns ritmos.

Anti-Pulso
É o mesmo som do pulso, mas é feito com a lateral do pulso. Esse movimento facilita executar o
som do Polegar logo em seguida. Também é útil para criar certas inversões no pandeiro.
4. Como estudar
Você pode estudar essa apostila de diversos modos. Aqui vão algumas sugestões:

Todas as levadas escritas são bases firmes e caracterizam bem o ritmo mas também podem servir como
uma virada. O primeiro jeito é você estudar por algum tempo a levada separada. Apenas ela. Primeiro
tocado lento e entendendo sua ordem e sequência. Só depois disso acelerar a batida. É muito importante
que as notas não fiquem emboladas nem sujas. O suingue nasce da fluidez e também do quão seguro
você está. Nasce da repetição. Então domine cada levada e toque junto com alguma música depois que
sentir firmeza.

O segundo jeito de estudar é perceber que cada levada escrita pode ser uma variação. Vendo desse modo,
você pode pegar a primeira levada, tocar 3 vezes seguidas e na quarta repetição aplicar uma outra levada
da apostila. Sendo assim você possui muitas variações para cada levada. Essas variações podem acontecer
no meio da música ou então o final de compassos ou na preparação para entrar em alguma parte nova
da música. Seja criativo.

Outro jeito é você tocar uma levada seguida da outra sem parar. Você pode começar repetindo quatro
vezes uma levada e depois passado para outra sem parar e assim sucessivamente. Depois diminuir para
duas vezes cada uma, até ler a apostila uma vez inteira direto. Sem nenhuma pausa e emedando todas as
levadas. Independente das sugestões, você deve ser criativo na hora de estudar. Pode ser no metrônomo
para entender o ritmo e depois com alguma música para praticar. Toque com os amigos, toque sozinho e
toque na perna quando estiver sem o pandeiro, mas toque. O mais importante é as levadas saírem limpas
e claras. Não tenha pressa. Não coloque a ansiedade na frente da música. O suingue nasce da repetição.
Temos que dominar e interiorizar aquela ordem e executar com precisão. Depois começamos a entender
como distribuímos os acentos naturais e todo o resto. O samba e o choro exigem muito suingue do
pandeirista e muito domínio da batida. Escutem gravações antigas e ampliem sempre seu repertório.
Muito já foi feito antes de nós. Estudar é respeitar um universo musical, é respeitar o passado. Agora,
pegue seu pandeiro e bora pandeirar!!!
LEVADAS PARA CHORO E SAMBA

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Léo Rodrigues | Todos os Direitos Reservados | 2020


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