Você está na página 1de 31

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

APOSTILA DA DISCIPLINA TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

FLOTAÇÃO MINERAL

Elaborador:
Prof. Dr. Jaime Costa

Belém
2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

FLOTAÇÃO MINERAL
1. INTRODUÇÃO

Qualquer processo de concentração de minérios pode ser descrito como a capacidade


de se dar a um ou mais componentes de uma mistura heterogênea de minerais uma
velocidade diferente da velocidade mantida pelas demais espécies presentes na mistura. Para
que tais velocidades diferenciais possam ser dadas é necessário que exista alguma diferença
de propriedades físicas.
Seja o exemplo da concentração mais simples possível, a catação manual: baseada em
características de cor, forma e aparência, o operador escolhe as partículas desejadas, apanha-
as (dá-lhes uma velocidade), enquanto que as demais partículas permanecem imóveis sobre
a mesa (velocidade zero).
Da mesma forma, os processos densitários tiram partido das diferenças de densidade
entre as espécies minerais que se quer separar; os processos magnéticos, das diferenças de
susceptibilidade magnética; os eletrostáticos, de propriedades elétricas.
O processo de flotação (em inglês, Froth Flotation) baseia-se na diferença de
molhabilidade dos minerais pela água. É uma concentração feita numa suspensão em água
(polpa). Como nos demais, as partículas são obrigadas a percorrer um trajeto e num dado
instante as partículas que se deseja flotar são levadas a abandoná-lo, tomando um rumo
ascendente. A diferenciação entre as espécies minerais é dada pela capacidade de suas
partículas se prenderem a bolhas de gás (geralmente ar). Se uma partícula consegue capturar
um número suficiente de bolhas, a densidade do conjunto partícula-bolhas torna-se menor
que a do fluido e o conjunto se desloca verticalmente para a superfície, onde fica retido e é
separado numa espuma, enquanto que as partículas das demais espécies minerais mantém
inalterada a sua rota.

Máquinas de Flotação
PARTE ÚTIL
DO MINÉRIO CAMADA DE
ESPUMA

POLPA

PARTE ÚTIL DO BOLHA DE AR


MINÉRIO
(PERMANECE NA
POLPA)
ROTOR

Fig. 1: Esquema de Flotação

1
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

O processo se desenvolve em um meio onde as três fases (sólida, líquida e gasosa)


estão presentes e participam intensamente do processo.
Como fase gasosa utiliza-se o ar, formado à base de moléculas apolares de nitrogênio
(78,1%) e oxigênio (20,9%). A fase sólida é representada pela mistura de minerais, os quais
podem apresentar superfície polar ou apolar. A fase líquida é a água, cujas moléculas
apresentam um dipolo permanente. Portanto, trata-se de líquido com moléculas de natureza
polar.
Cada mineral apresenta uma superfície única, resultante de uma composição química
e estrutura cristalográfica própria. A superfície é formada a partir da ruptura de ligações
ocorridas durante o processo de moagem. A ruptura de ligações fortes (covalentes ou iônicas)
dá origem a sítios com bastante energia livre, formando superfícies polares. Por sua vez, a
ruptura de ligações frágeis gera sítios que são pouco energéticos e superfícies apolares. Por
exemplo, o quartzo, cuja superfície é formada a partir da ruptura de ligações covalentes silício-
oxigênio (portanto, bastante energéticas), possui superfície polar. No outro extremo está a
grafita cuja superfície é formada pela ruptura de ligações moleculares (C - C), bastantes
frágeis, resultando em uma superfície apolar.
As moléculas podem ser polares ou apolares. Como se sabe, moléculas ambas polares
(desde que possuam cargas contrárias) ou ambas apolares se atraem entre si. A afinidade não
ocorre no caso de uma molécula polar e outra apolar. O processo de flotação baseia-se no
fato de que alguns minerais apresentam superfície polar e, portanto, têm facilidade de
hidratação, enquanto outros, com superfície apolar, têm preferência pelas bolhas de ar.
Os minerais com superfície polar são hidrofílicos (hidro=água; fílicos=com afinidade),
enquanto os que apresentam superfície apolar são hidrofóbicos (fobia= medo, aversão),
conforme é ilustrado na figura 2. Sendo assim, os minerais hidrofóbicos aderem às bolhas de
ar e são transportadas para a superfície de onde são removidos. Os hidrofílicos permanecem,
em suspensão, com a superfície recoberta por moléculas de água. A flotação foi desenvolvida,
inicialmente, para a separação entre a grafita (hidrofóbica) e o quartzo (hidrofílico).
Em geral estão em ordem decrescente de hidrofobicidade: sulfetos, carbonatos,
fosfatos, óxidos e silicatos. (Baltar, 2010, p. 30-31)

SUPERFÍCIE

POLAR Hidrofílica

APOLAR Hidrofóbica

Fig. 2: Ilustração dos tipos de superfície e relação com as moléculas de água.

2
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

3. HIDROFOBICIDADE

A propriedade de determinadas espécies minerais capturarem bolhas de ar no seio da


polpa é designada por Hidrofobicidade, e exprime a tendência dessa espécie mineral ter maior
afinidade pela fase gasosa que pela fase líquida. Este comportamento, entretanto não é regra
no reino mineral, constituindo-se antes em exceção, pois praticamente todas as espécies
minerais imersas em água tendem a molhar a superfície, ou seja, tem maior afinidade pela
fase líquida, comportamento este designado por Hidrofilicidade.
A experiência mostra, entretanto que o comportamento hidrofílico das espécies
minerais pode ser bastante alterado pela introdução de substâncias adequadas no sistema.
Podemos mesmo afirmar, com certeza, que qualquer substância mineral pode ser tornada
hidrofóbica mediante a adição criteriosa de substâncias à polpa. Ainda mais, é possível,
estando presentes duas espécies minerais, induzir a hidrofobicidade em apenas uma delas,
mantendo a outra hidrofílica, o que significa, é possível induzir uma hidrofobicidade seletiva.

4. COLETA

A propriedade de um determinado reagente tornar seletivamente hidrofóbicos


determinados minerais é devida à concentração desse reagente na superfície desses minerais.
Ou seja, o reagente se deposita seletivamente na superfície mineral, recobrindo-a, de modo
que fique sobre a superfície da partícula um filme da substância.
Para que isso ocorra é necessário que a molécula da substância migre do seio da
solução para a superfície da partícula e aí se deposite. Assim, quando aparecerem as bolhas
de ar, a superfície que a partícula mineral apresenta a elas não é mais a sua superfície própria,
mas sim uma nova superfície, revestida dessa substância hidrofóbica.
A causa desta migração da substância da solução para a superfície da partícula reside
em alguma espécie de atração da partícula por essa substância. Frequentemente podemos
admitir que se trate de ações elétricas. Em outros casos, temos a ação de forças moleculares
tipo Van der Waals, ou outras. Finalmente, podemos imaginar um mecanismo mais complexo
em que as moléculas na solução sejam:

1) Atraídas para as vizinhanças da partícula;


2) Adsorvidas na sua superfície, para finalmente;
3) Reagir com as moléculas ou íons da sua superfície (penetrar na sua estrutura).

A substância capaz de adsorver à superfície do mineral e torná-la hidrofóbica é


denominada Coletor e o mecanismo de adsorção e geração de hidrofobicidade é denominado
de Coleta.

3
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

5. MODULAÇÃO DA COLETA

Alguns coletores são enérgicos demais e tendem a recobrir indiferentemente


partículas de todas as espécies minerais presentes, ou seja, não são seletivos. Podemos,
entretanto, adicionar substâncias auxiliares, que façam com que a coleta se torne seletiva,
isto é, que dentre as espécies minerais presentes na polpa, o coletor escolha uma delas sem
modificar as demais. Assim, será possível flotar as partículas dessa espécie e deixar todas as
demais no interior da polpa. Este reagente auxiliar é chamado depressor, porque deprime a
ação do coletor nas partículas indesejadas.
Em outras situações ocorre o contrário, isto é, o coletor não adsorve em nenhuma das
espécies presentes. Podemos, então, adicionar uma terceira substância que ative
seletivamente a superfície da espécie mineral desejada, tornando-a atrativa para o coletor.
Este reagente é chamado ativador.
Ou seja, numa polpa mineral sempre estará presente um grande número de espécies
moleculares e iônicas, oriundas das espécies minerais presentes ou de sua reação com a água
e aquelas intencionalmente adicionadas. Podemos adicionar os coletores e também outras
substâncias que modificam a ação do coletor, ação essa que chama-se de modulação da
coleta. Obviamente, estes reagentes têm que ser adicionados antes do coletor.
Razões para a adição de ainda outros reagentes são de economia industrial: diminuir
o consumo de coletor, acertar as condições de acidez ou alcalinidade, de modo a diminuir a
corrosão dos equipamentos, diminuir o consumo de água, etc.
Frequentemente íons presentes na polpa, oriundos da dissolução de determinadas
espécies minerais (Fe +3, Ca+2 , Al+3 ) exercem uma ação depressora indesejável. Para impedir
essa ação é necessário removê-los antes do início da ação da coleta. Isto é feito por meio de
um quarto tipo de reagentes que precipitam esses íons, reagentes estes denominados
sequestradores.
Finalmente, para gerar uma espuma estável, consistente e adequada às finalidades do
processo são usados reagentes tensoativos, os espumantes.
O controle do pH é uma das variáveis mais importantes que afetam a coleta. Por isso,
os reagentes utilizados para acertá-lo são chamados reguladores.

6. CLASSES DE REAGENTES USADOS EM FLOTAÇÃO

De acordo com Jones e Woodcock (1988) citado por Baltar (2010) mais de duzentas
variedades de reagentes são usadas em flotação de minérios. A escolha adequada contribui
para o sucesso de quatro eventos que são essenciais para a flotação: (1) a dispersão das
partículas na polpa; (2) a adsorção seletiva do coletor; (3) a estabilidade das bolhas e (4) a
adesão partícula-bolha.
Os reagentes de flotação são empregados em pequeníssimas quantidades, da ordem
de dezenas até centenas de gramas por tonelada de minério tratado, e podem ser agrupados

4
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

em classes, cada uma com sua função característica. Essas classes de reagentes são,
principalmente, as seguintes:

a) Espumantes: São reagentes empregados para estabilizar as bolhas de ar mineralizadas na


superfície da polpa, de modo a haver tempo para coletarem-se as partículas flotadas na forma
de espuma, ou seja, devem ser capazes de gerar uma camada estável de espuma no topo do
equipamento de flotação para viabilizar o enriquecimento do produto flotado e garantir sua
remoção. Correspondem a compostos ligeiramente solúveis na água, cujas moléculas tendem
a se concentrar na sua superfície, tornando-se mais elástica. Deste modo, as bolhas de ar ao
atingirem a superfície da polpa não arrebentam porque a película de água que as envolve é
suficientemente elástica para permitir a necessária dilatação quando elas ficam sujeitas
apenas à pressão atmosférica.

b) Coletores: são reagentes que se adsorvem na interface mineral/solução afim de


aumentar/reforçar o caráter hidrofóbico da mesma. Tais reagentes são compostos de uma
parte polar (que interage diretamente com sítios da interface mineral/solução) e outra apolar,
composta por uma cadeia hidrocarbônica que fica voltada preferencialmente para a polpa,
propiciando à superfície maior afinidade pelas bolhas de ar (maior hidrofobicidade). (Leal
Filho, 1995, p. 7)

c) Depressores: são sais inorgânicos (silicatos, fluoretos, cianetos, cromatos, etc.) ou


moléculas orgânicas (amidos, taninos, gomas naturais, poliacrilatos, etc.) utilizados para
minimizar ou impedir a adsorção do coletor na superfície dos minerais que não se deseja
flotar. Um caso bastante típico é o uso de amido para depressão da hematita na flotação do
quartzo existente em minérios itabiríticos. (Leal Filho, 1995, p. 7)

d) Ativadores: são normalmente sais inorgânicos utilizados para facilitar e/ou tornar mais
seletiva a ação dos coletores. O caso mais conhecido é o da ativação da esfarelita (ZnS) por
sais de cobre para tornar mais efetiva a adsorção do coletor (normalmente tiocompostos) na
interface esfarelita/solução. (Leal Filho, 1995, p. 7)

e) Reguladores de pH: são reagentes usuais, ácidos e álcalis, empregados para modificar o pH
de uma polpa. Deve-se acentuar que as melhores condições de seletividade para separar duas
espécies mineralógicas por flotação ocorrem muitas vezes em um determinado valor ou faixa
de pH.

f) Dispersantes: são reagentes empregados para manter as partículas na polpa em estado de


dispersão, a fim de que a ação das bolhas de ar se faça de forma mais eficiente e seletiva ao
colidir com as partículas individualizadas.

5
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

6.1. COLETORES

Os coletores têm uma estrutura molecular característica, composta de uma porção de


natureza molecular (covalente) e de outra porção de natureza polar (iônica). A porção polar
pode apresentar diversas funções e a porção covalente é sempre uma cadeia orgânica, de
comprimento variável, podendo ser ramificada e até mesmo cíclica.
Em solução, os coletores têm a sua porção polar ionizada. A porção molecular (não-
polar) não é ionizável e, devido às características elétricas das ligações covalentes, tem maior
afinidade pela fase gasosa que pela fase líquida, ou seja, é hidrofóbica. Havendo no sistema
uma interface sólido-gás (a interface das bolhas de ar sopradas para dentro da célula), a
molécula do coletor tenderá a se posicionar nessa interface, orientada de modo que a sua
porção não-polar esteja em contato com o gás.
Os espumantes são estruturalmente semelhantes aos coletores. O que os distingue é
que, para uma substância ser considerada um coletor, ela deve ainda ser capaz de aderir à
superfície mineral (e que os espumantes não têm), capacidade que é dada pela porção polar
da molécula. O coletor adsorvido forma uma película hidrofóbica que impede a hidratação da
superfície, possibilitando a adesão da partícula à bolha de ar. Por sua vez, as partículas não
hidrofobizadas, cobertas por moléculas de água, permanecem na polpa até a descarga.
Os coletores são distinguidos, em função da sua carga iônica, em aniônicos e
catiônicos. Este último grupo se restringe às aminas e seus sais. Os coletores aniônicos se
subdividem em sulfidrílicos e oxidrílicos. Na família dos sulfidrílicos estão: mercaptantes,
tiocarboxílicos, tiocarbônicos e o tiofosfórico. Entre os oxidrílicos destacam-se: ácidos
carboxílicos (ácidos graxos), aquil sulfatos, sulfonatos orgânicos, hidroxamatos e
succinamatos, entre outros. (Baltar, 2010, p. 90)
A solubilidade diminui com o comprimento da cadeia carbônica e, via regra, o preço
do reagente aumenta.
Alguns coletores, como os sabões de ácidos graxos e as aminas, apresentam poder
espumante, que tende a aumentar com o comprimento da cadeia não-polar. A primeira vista,
este caráter espumante pode parecer benéfico, pela economia de um reagente, mas na
realidade, em muitos casos ele se revela prejudicial, pois elimina a possibilidade de controlar
a espuma independentemente.
Certos minerais como grafita, enxofre nativo, talco e carvões betuminosos são
naturalmente hidrofóbicos. Os reagentes utilizados para com eles são óleos minerais e
derivados da destilação do carvão, ou então, simplesmente, meros espumantes. Tais
reagentes não são coletores no sentido correto e literal do termo.
O coletor é considerado como o mais importante componente do sistema de reagentes
de um processo de flotação.

6
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

6.1.1. Coletores Aniônicos

6.1.1.1. Ácidos graxos e seus sabões

São coletores de minerais salinos, minerais oxidados e não-metálicos. Os reagentes


utilizados têm comprimento de cadeia entre 8 a 12 carbonos, pois abaixo de 8 as propriedades
coletoras são muito fracas e acima de 12 a solubilidade é muito baixa. No Brasil são
amplamente usados na flotação de fosfatos e fluorita.
Industrialmente usam-se óleos naturais, como por exemplo, o “tall oil” (que é um
subproduto da fabricação do papel), óleo de arroz, óleo de mamona e óleos comestíveis
brutos. Todos estes óleos são misturas de ácidos graxos; por isso, dependendo da seletividade
desejada, podemos encontrar problemas. Outrossim, alguns óleos solidificam-se na estação
fria, dificultando a sua dosagem e adição ao circuito industrial. O principal produto do tall oil
é o ácido oléico. Estão presentes ainda os ácidos linolênico, linoléico e ácidos resínicos. O óleo
de arroz apresenta maior teor de ácidos saturados (que são coletores mais fracos) e o seu
ponto de solidificação é mais elevado. O óleo de mamona tem teor elevado de ácido
ricinoléico.
Estes coletores trabalham em meio alcalino ou então, saponificados. A temperatura
tem que ser elevada ou a solubilidade diminui muito. Na estação fria é necessário usar
aquecedores ou emulsionar o coletor; o Emigol é muito usado para esta aplicação.

6.1.1.2. Xantatos

Os tiocarbonatos ou xantatos são sais de ácidos xântico, universalmente utilizados


para a flotação de sulfetos e metais nativos. Podem ser empregados na flotação de alguns
minerais oxidados após a sulfetação da superfície do minério. São sais amarelos, solúveis em
água e estáveis em solução.
Os xantatos exibem maior poder coletor e maior seletividade que os ácidos graxos
de mesmo comprimento de cadeias. Estas propriedades, aliadas ao seu baixo preço e à sua
solubilidade em água foram à causa de seu sucesso comercial e, do ponto vista histórico,
contribuíram decisivamente para a implantação definitiva da flotação unitária de tratamento
de minérios.
O metil xantato é um coletor fraco e só coleta minerais previamente ativados. O
poder coletor cresce com o comprimento da cadeia carbônica até o octil xantato e a partir daí
se estabiliza. Na prática industrial usam-se soluções diluídas a 10% e os consumos variam
entre 5 e 100 g/t. Os produtos à venda no comércio contêm misturas de xantatos diferentes
e produtos da sua composição.
A coleta dos xantatos é de terceira espécie, demandando uma reação química de
cinética baixa, e, portanto o tempo de condicionamento é longo. É frequente adicioná-los no
circuito de moagem, de modo a prover o tempo de contato necessário e também, prover
superfície fresca (não oxidada) do sulfeto, superfície essa gerada na moagem, para ser
imediatamente coletada pelo reagente.

7
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

6.1.1.3. Mercaptanas

São álcoois em que o oxigênio foi substituído por um enxofre. O radical pode ser
alquila ou arila e frequentemente é utilizado o sal correspondente. São coletores seletivos
para sulfetos de cobre e zinco e bons coletores para os minerais oxidados. O seu cheiro é
muito desagradável, o que tem limitado o seu uso.

6.1.1.4. Outros coletores aniônicos

Além desses encontramos citados a difeniltiocarbazida, (C6H5NH. NH)2C=S, coletor


seletivo de sulfetos de níquel e cobre na presença de sulfetos de cobre e ferro; o
etilenotionocarbonato (Z200 da Dow Chemicals), coletor de sulfetos de cobre de minerais
ativados por cobre, seletivo em relação à pirita; e o MBTA, mercaptobenzotiazol, marcas R
404 e R 425 da Cyanamid, coletor de minérios oxidados de chumbo e cobre.
A Hoechst oferece os fosfonatos Flotinor P184 e P185 para a flotação de cassiterita.
Ela oferece também ésteres do ácido fosfórico, hidroxamatos, sulfosuccinatos e succinamatos
para aplicações específicas.

6.1.2. Coletores Catiônicos

Os coletores catiônicos são as aminas e seus sais. São coletados eletricamente, por
mecanismo de primeira espécie e, em conseqüência, são adsorvidos e dessorvidos fácil e
rapidamente. Em decorrência ainda, são menos seletivos que os coletores aniônicos e mais
afetados por modificadores de coleta. Sua aplicação típica é na flotação de não - metálicos,
tais como o quartzo, silicatos, alumino-silicatos e vários óxidos, talcos, micas, etc.
A variável operacional mais importante é o pH, seguindo-lhe o efeito nocivo das lamas.
Aumentando o comprimento da cadeia carbônica, aumentam as propriedades coletoras e
diminui a solubilidade. Minerais facilmente flotáveis usam aminas de 8 a 15 carbonos e
minerais difíceis precisam de aminas de até 22 carbonos.
Os produtos mais importantes são a Sherex e a Hoechst. A Hércules fornece dois
produtos, cujo componente ativo é a dehidroabietilamina (“rosin amine”), Aminas D e 750,
que diferem principalmente no conteúdo de amina.
A Hoechst oferece as marcas Phosokresol e Hostaflof, além da série Flotigam (aminas
de coco, sebo, estearilamina e oleilamina). Oferece ainda aminas graxas etoxiladas que
servem como emulsificantes de aminas livres.

8
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

6.2. ESPUMANTES

Os espumantes utilizados na flotação são compostos orgânicos heteropolares, cuja


estrutura é, portanto parecida com a dos coletores. A diferença reside no caráter funcional do
grupo polar: o radical dos coletores é quimicamente ativo e capaz – em princípio – de interagir
elétrica ou quimicamente com a superfície do mineral a ser coletado. Já os espumantes têm
um radical liofílico de grande afinidade pela água. Esta diferença funcional determina o
comportamento dos dois grupos de reagentes: enquanto que os coletores tendem a migrar
para a interface sólido-gás, os espumantes se dirigem para a interface líquido-gás.
Os espumantes utilizados são álcoois alquílicos ou acrílicos (radical hidroxila), certos
ácidos orgânicos (radical carboxila), certos aldeídos e cetonas (radical carbonila), aminas
(radical NH2) e nitrilos (radical CN).
As propriedades espumantes aumentam com o comprimento da cadeia não-polar até
7-8 carbonos e depois decaem, aparentemente devido à queda de solubilidade do reagente.
A solubilidade é determinada pela porção polar da molécula em geral procura-se escolher
radicais que não tenham afinidade pela superfície do mineral a flotar, para evitar
interferências com a coleta. Espumantes carboxílicos e amínicos são evitados por esta razão.
De forma geral, pode-se considerar que um bom espumante deve atender aos
seguintes requisitos: (Baltar, 2010, p. 138)
a) Não se adsorver na superfície mineral, ou seja, não apresentar atividade de coletor;
b) Proporcionar bolhas suficientemente estáveis para completar o transporte das partículas
hidrofóbicas;
c) Produzir espumas que permitam a drenagem da água retida entre as bolhas;
d) A espuma produzida deve sofrer colapso na descarga do flotado;
e) Ser ativo em pequenas concentrações;
f) Atender ao requisito da disponibilidade;
g) Ter baixo custo.

6.2.1. Produtos Naturais

O óleo de pinho é um espumante de uso tão generalizado que o seu aroma é associado
à própria operação da flotação. É produto natural (obtido da destilação da madeira de certo
pinheiro) contendo diversos compostos, muitos dos quais não perfeitamente identificados,
com predominância de terpinóis (C10H17OH), alfa, beta e gama. É compatível com a maioria
dos coletores e tem baixo preço. Tem caráter ligeiramente alcalino e é usado de preferência
em circuitos alcalinos.
A marca de óleo de pinho oferecida pela Hércules é o Yamor F. Este fabricante oferece
ainda os flotóis, que são óleos de pinho com teores controlados de terpenos.
O ácido cresílico é outro produto natural, e consiste principalmente numa mistura de
cresóis isômeros (orto, piro e meta). Obtido da destilação do alcatrão. É especialmente
indicado na flotação de sulfetos em polpas neutras ou ácidas. Sua espuma é mais quebradiça
e sua ação ainda mais seletiva do que a do óleo de pinho. Também é muito usado na prática.

9
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

Os produtos industriais são muito heterogêneos entre si e contém diferentes níveis de


contaminantes e de outros compostos. O ingrediente ativo mais importante é o metacresol.
Ele espuma bem nas faixas de pH 3,4 a 4,7; 7,5 a 10 e acima de 11,5.
Devido a sua composição complexa apresenta propriedades coletoras. A marca de
ácido cresílico fornecida pela Hércules é o Flotigol.
O óleo de eucalipto é obtido da destilação da madeira do eucalipto e consiste de
alcoóis terpenos com cerca de 20% de eucalipto (C10H17OH).
Ácido oléico (C17H33COOH) é um espumante utilizado geralmente na flotação de
minerais não metálicos. Tem ação pouco seletiva, podendo agir também em maiores
quantidades como coletor. Sua espuma é pouco quebradiça.

6.2.2. Produtos de Síntese

O metil-isobutil-carbinol (MIBC) é o álcool espumante mais importante em termos de


aplicação e fornece uma espuma muita aberta, que permite uma boa drenagem da ganga,
favorecendo, portanto a seletividade do processo.
Os Aerofroths são álcoois comercializados pela Cyanamid. Os Aerofroth 70, 71A, 73 e
77A são álcoois alifáticos de origem natural com seis ou mais carbonos em cadeias normais
ou ramificadas. O Aerofroth 65 não é um álcool, mas um sal sintético solúvel em água.
Os Dowfroths são ésteres metílicos do propileno-glicol produzidos por síntese e
solúveis em água. As cadeias carbônicas são longas e o número designativo do produto
representa o peso molecular médio. O seu preço é elevado, mas como não apresentam
nenhuma ação coletora, a seletividade da flotação muitas vezes compensa este
inconveniente. A Union Carbide também oferece reagentes deste tipo: os Ucon Frothers 190
e 200.
A Hoechst oferece uma série de espumantes denominados Montanol 300, 350 e 361.
O primeiro é à base da série e os demais são misturas dele com outras substâncias. Trata-se
de álcoois sintéticos de elevado peso molecular, preponderantemente ramificados,
compreendendo desde o butanol até o decanol e constituídos principalmente do cetil-hexanol
(40 a 50 %) e de hexanol e heptanol (20 a 30 % ).
A Hércules fabrica os Flotanóis, que são poliglicóis (Flotanol C7), éteres de poliglicóis
de cadeia longa (F e G) ou de cadeia curta (D13, D14 e D16).
Outro espumante usado é o trietoxibutano, de características semelhantes às do óleo
de pinho, usado exclusivamente na África do Sul para a flotação de ouro.
Os níveis médios de consumo de espumantes são dados abaixo. Para muitos álcoois o
poder espumante é não persistente, de modo que se faz necessário adicioná-lo
escalonadamente.
Ácido cresílico 100 g/t
Óleo de pinho 50 g/t
MIBC 40 g/t
Propileno glicol isoamil éster 30 g/t

10
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

6.3. MODULADORES DA COLETA

Os reagentes moduladores são utilizados com o objetivo de melhorar a seletividade


e/ou recuperação do processo, podendo ter diferentes funções: (1) favorecer ou inibir a
adsorção do coletor; (2) ajustar o pH da polpa; (3) promover a dispersão de partículas, etc.,
Dependendo da função que desempenha no processo, moduladores recebem as
denominações de: depressor, ativador, regulador de pH, dispersante, etc. ao contrário dos
espumantes e coletores, os moduladores têm composição, estrutura e propriedades bastante
variadas, podendo ser reagentes orgânicos ou inorgânicos. (Baltar, 2010, p. 143)

6.3.1. Depressores

O reagente depressor é usado com a finalidade de melhorar as condições de


seletividade do processo, ou seja, atua no sentido de aumentar o teor do concentrado. Sua
ação consiste em inibir a adsorção do coletor em determinados minerais, evitando a
hidrofobização das superfícies dos minerais que não devem flotar. Por razões óbvias, o
depressor deve ser adicionado antes do coletor. (Baltar, 2010, p. 143)
Os principais depressores usados na prática são os seguintes:
- Cianeto de sódio (NaCN ): de acordo com a sua concentração na polpa, o pH dessa
polpa tem ação depressora seletiva sobre vários sulfetos.
- Sulfato de zinco (ZnSO4): empregado especialmente como depressor da blenda.
- Dicromato de sódio (Na2Cr2O7): empregado como depressor da galena na flotação
com coletores sulfidrílicos.
- Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ): empregado como depressor da pirita.
- Silicato de sódio ( Na2SiO3 ): é um depressor com uso geral indicado para deprimir o
quartzo e silicatos, que são as gangas mais comuns dos minérios.

6.3.2. Ativadores

São reagentes que são adicionados com o objetivo de intensificar a adsorção do coletor
sobre o mineral (ou minerais) que se deseja flotar. Deve ser usado em situações onde há
necessidade de aumentar a recuperação. Essa função é sempre exercida por reagentes
inorgânicos, prontamente solúveis em água. (Baltar, 2010, p. 159)
Os principais ativadores usados na prática são:

- Sulfato de cobre (CuSO4). É empregado para neutralizar a ação depressora do cianeto


de sódio sobre sulfetos de modo a torná-los novamente flotáveis. Ele age complexando
o cianeto livre na polpa. Especificamente ativador de blenda.
- Sulfeto de sódio (Na2S). É empregado para ativar a flotação de sulfetos de cobre e de
chumbo oxidados ou de seus minerais oxídicos (cuprita, malaquita, cerusita, anglesita).
Essa ação prende-se à formação, de uma partícula de CuS ou PbS mais repelente à
água, na superfície desses minerais oxidados e oxídicos.

11
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

6.3.3. Reguladores de pH

Os reguladores são reagentes inorgânicos utilizados para o controle do pH visando a


maior eficiência do processo. Podem ser ácidos ou bases.
O critério econômico é preponderante na escolha do reagente e são utilizados:
barrilha (Na2CO3), soda (NaOH), hidróxidos de cálcio, magnésio ou potássio, ácido sulfúrico
(H2SO4) e, raramente, ácido clorídrico (HCl).

EXERCÍCIO
Um minério é composto de 4 minerais: calcita, barita, fluorita e galena. Os reagentes
utilizados no processo são apresentados no quadro abaixo:

Reagente A: Amil xantato de potássio é utilizado para adsorver na interface


galena/solução, tornando-o hidrofóbica.
Reagente B: Cresol, utilizado para proporcionar adequadas condições de espumamento
na flotação de galena.
Reagente C: Soda cáustica, para correção do pH( estudos de bancada mostraram que a
flotação de galena deve ser executada em pH=10)
Reagente D: Cetil estearil sulfato de sódio é utilizado para adsorver na interface
barita/solução, tornando-a hidrofóbica.
Reagente E: Amido de milho gelatinizado, utilizado para adsorver na interface
calcita/solução, tornando-a ainda mais hidrofílica e impedindo a adsorção de oleato de
sódio.
Reagente F: Ácido oléico saponificado, utilizado para adsorver na interface
fluorita/solução, tornando-a hidrofóbica.

Complete a tabela abaixo, dando a função de cada reagente no processo:

REAGENTE FUNÇÃO
A
B
C
D
E
F

12
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

7. ETAPAS DA FLOTAÇÃO

O processo de flotação tem três etapas, bem definidas, que ocorrem em sequência:
colisão, adesão e transporte. A primeira etapa é bastante influenciada pelo sistema
hidrodinâmico. A adesão é dependente das interações interfaciais entre a bolha e a partícula,
sendo fortemente favorecida pela hidrofobicidade da superfície mineral e, finalmente, o
transporte que depende da estabilidade do agregado bolha-partícula gerado na etapa
anterior.
Há uma tendência em se tentar melhorar o processo apenas com modificações no
processo de adesão. No entanto, a otimização, muitas vezes, exige uma maior atenção às
etapas de colisão e de transporte. É evidente que a flotação só vai acontecer se as três etapas
forem bem sucedidas. (Baltar, 2010, p. 36)

8. ZONAS DE FLOTAÇÃO

A flotação ocorre em duas zonas distintas, igualmente importantes: primeiro na zona


de polpa, na parte inferior do equipamento de flotação, e depois na zona de espuma, na parte
superior, próximo à superfície.
Na zona de polpa acontece a colisão bolha-partícula, a adesão das partículas
hidrofóbicas às bolhas e o transporte do agregado bolha-partícula até a zona de espuma.
Nessa região se usa um regime turbulento para impedir a sedimentação das partículas maiores
e mais densas e, ao mesmo tempo, estimular as colisões.
Na zona de espuma é completado o transporte das partículas hidrofóbicas, devendo
prevalecer o regime laminar, já que não deve haver perturbações que possam ameaçar a
integridade do agregado bolha-partícula. Nessa região, a coalescência ou colapso das bolhas
se dá após o afinamento e ruptura da película de água, existente entre as bolhas. Na película
de água há partículas hidrofílicas, aprisionadas, que podem impurificar o concentrado. (Baltar,
2010, p. 37)

9. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A MANEIRA COMO A FLOTAÇÃO É CONDUZIDA

a) Flotação Direta: é aquela flotação onde as partículas da espécie mineral de interesse


econômico devem interagir com as bolhas de ar e flutuar, sendo então admitidas em uma
camada de espuma que será removida do sistema através de transbordo ou através de
pás mecânicas denominadas “espumadeiras” . Tal flotação é sempre utilizada quando o
teor do mineral útil no minério é bastante baixo se comparado ao de ganga. Neste caso, a
flotação é conduzida no sentido de se efetuar a concentração das espécies minerais de
interesse econômico. Alguns exemplos típicos de flotação direta no Brasil são: a flotação
do carvão metalúrgico de Santa Catarina, a flotação de apatita existente nos minérios de
fosfato, flotação de minerais de cobre sulfetados (Caraíba Metais-BA , Sossego-PA);

13
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

b) Flotação Reversa: é aquela flotação onde as partículas dos minerais de ganga são o alvo
da concentração, isto é, devem interagir com as bolhas de ar e flutuar, sendo recolhidas
na espuma. As partículas da espécie mineral de interesse econômico devem permanecer
na polpa e afundar. Tal flotação é mais adequada não para concentração, mas para
purificação de minérios já ricos nos minerais de interesse, como é o caso dos itabiritos do
Quadrilátero Ferrífero-MG;

c) Flotação Coletiva ou Bulk Flotation: é um tipo de flotação onde vários minerais com
características comuns são flotados em conjunto. Este procedimento é muito utilizado em
circuitos de flotação de sulfetos, onde todos os sulfetos são coletivamente flotados em
uma primeira etapa para, posteriormente serem separados em concentrados individuais.
Este procedimento permite uma considerável redução de massa de minério que deverá
ser submetida às etapas posteriores de concentração;

d) Flotação Seletiva: é um tipo de flotação onde apenas um mineral é desejável que flote. É
o caso da flotação da apatita existente nos minérios de fosfato;

e) Flotação Instantânea ou Flash Flotation: é um tipo de flotação que ocorre em curtos


intervalos de tempo e imediatamente após a moagem. As partículas liberadas flotam e são
removidas na espuma, enquanto que as partículas mistas retornam ao moinho para uma
nova etapa de cominuição e conseqüente flotação. Tal procedimento é aconselhável para
minérios que apresentam problemas de liberação associados a uma maior tendência de
geração de finos. Trata-se de um procedimento muito utilizado para evitar sobremoagem.

10. INFLUÊNCIA DA GRANULOMETRIA

A faixa granulométrica das partículas do minério a ser tratado está usualmente entre
1 mm (carvões) e 5 µm no caso de oxi-minerais. Na maioria dos casos, o tamanho máximo é
fixado pela liberação dos grãos do mineral cuja recuperação é o objetivo do tratamento.
Quando a granulometria de liberação é maior que aquela que possibilita o transporte das
partículas pelas bolhas de ar, esse fator passa a governar o tamanho máximo na alimentação.
O limite inferior da faixa granulométrica está relacionado com o conceito de lamas e com o
fato de se tratar de flotação de sulfetos ou de outros minerais. Tradicionalmente, apesar das
lamas serem prejudiciais em todos os sistemas de flotação, geralmente, a flotação de sulfetos
é processada sem deslamagem prévia e a dos demais minerais após deslamagem. Existe uma
tentativa de se quantificar o conceito de lamas. Partículas entre 100 µm e 10 µm são
designadas como “finos”; entre 10 µm e 1 µm “ultrafinos”; abaixo de 1 µm “colóides”; a faixa
dos ultrafinos e colóides constituem as lamas. Na prática, a deslamagem não é feita
necessariamente em 10 µm. O tamanho de corte é definido em função do consumo exagerado
de reagente e de perda de seletividade no processo. Um fenômeno comum é o recobrimento
da superfície de um mineral por lamas de outros, conhecido como “slimes coating”, que pode
chegar a inibir completamente a seletividade na flotação. Na flotação, assim como em outros

14
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

processos que envolvem a participação de fluxos de polpa, partículas menores que um certo
tamanho crítico acompanham a partição da água.
A definição sobre a necessidade da deslamagem e a granulometria de corte deve levar
em conta dois fatores conflitantes: os custos de operação e as perdas em mineral útil
confrontados com menor consumo de reagentes e uma maior seletividade. Problemas
ambientais ligados ao descarte de rejeitos e o emprego de flotação pneumática têm levado a
maioria das usinas a reduzir o diâmetro de corte na deslamagem. (CHAVES, 2009)

15
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

EXERCÍCIO

Um circuito de flotação de sulfetos separa galena, blenda e pirita nesta seqüência, produzindo
os três concentrados correspondentes e um rejeito. Antes da flotação o minério é moído em
moinho de bolas, circuito fechado. Cada sulfeto é separado em um conjunto de células
mecânicas com rougher, cleaner e scavenger. Cada banco de células tem duas células rougher,
duas células cleaner e quatro células scavenger. Os reagentes utilizados são:

• Xantato: 0,06 lb/t no circuito da galena, 0,15 lb/t no circuito da blenda e 0,10 lb/t no
circuito da pirita;
• Barrilha: 3 lb/t . Na flotação da pirita mais 1,2 lb/t, para controlar o pH;
• NaCN: 0,25 lb/t na flotação da galena para tornar as partículas de pirita hidrofílicas;
• ZnSO4 : 0,75 lb/t na flotação da galena para tornar as partículas de blenda hidrofílicas;
• Ca(OH)2 : 2,5 lb/t na flotação da blenda para tornar as partículas de pirita hidrofílicas;
• Ácido Cresílico: 0,08 lb/t na flotação da galena e 0,10 lb/t de Óleo de Pinho na flotação
da blenda para que se produza uma camada espessa de espuma;
• CuSO4 : 1,25 lb/t para ativar as partículas de blenda.

Faça o que se pede:

1. Esquematizar o circuito, indicando os pontos de adição de cada reagente;


2. Qual o tipo de flotação utilizada no processo?
3. Qual a função de cada reagente utilizado?
4. Calcular os consumos de reagentes no caso apresentado, sabendo-se que a
alimentação é de 200 t/h e que o balanço de massas é o seguinte:

Produtos Rec. em massa (%) Massa de sólidos (t/h)


Alimentação 100
Concentrado de galena 25
Concentrado de Blenda 20
Concentrado de Pirita 15
Rejeito 40

5. Calcular a vazão em mL/min dos reagentes abaixo-relacionados, sabendo-se que eles


são adicionados na forma de solução:

• Xantato a 10% (m/v);


• NaCN a 5% (m/v);
• ZnSO4 a 20% (m/v).
Obs.: 1 lb → 453,6 g.

16
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

10. EQUIPAMENTOS

As operações diretamente envolvidas na flotação de minérios são:


- Condicionamento: operação auxiliar da flotação que tem por objetivo efetuar a adsorção
das gotículas de coletor, ativador ou depressor sobre as partículas minerais;
- Dosagem e adição de reagentes;
- Flotação propriamente dita.

10.1. CONDICIONADOR

Para que o reagente possa atuar na superfície da partícula mineral, coletando-a,


ativando-a ou deprimindo-a é necessário que se dê um tempo para que as partículas minerais
e as moléculas de reagente tenham a chance de entrar em contato. Esta operação é
denominada condicionamento. Com a maioria das espécies minerais o condicionamento é
feito a baixa diluição de polpa (alta percentagem de sólidos), de modo a aumentar a
probabilidade de que as gotículas de reagente e as partículas minerais se encontrem. Daí a
frequente necessidade de adensar previamente a polpa antes do condicionamento. Quando
necessário, este adensamento é feito em ciclones desaguadores ou em espessadores.
O condicionador é um tanque cilíndrico, de diâmetro e altura usualmente próximos.
Sobre o tanque assenta-se uma viga que sustenta o mecanismo de acionamento de um eixo,
na ponta da qual está uma hélice, que agita a polpa. Frequentemente existe um tubo
concêntrico ao eixo, com várias aberturas, ou aletas convenientemente dispostas, para
melhorar o contato. Condicionadores

Fig. 3: Condicionador

10.2. CÉLULAS MECÂNICAS DE FLOTAÇÃO

Tratam-se de tanques projetados para receber a polpa alimentada, continuamente,


por uma das suas faces laterais e descarregá-la pelo lado oposto. Cada unidade destes tanques
é chamada célula. Podem ser usadas células individualizadas, mas a regra é agrupar conjuntos
de duas ou mais células. Numa extremidade do conjunto é instalado um compartimento de

17
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

alimentação e na extremidade oposta, um compartimento de descarga. Este inclui algum


dispositivo para a regulagem do nível de polpa dentro das células.
A espuma sobe e é descarregada por cima, transbordando sobre calhas dispostas ao
longo da extensão do conjunto de células. O material deprimido é arrastado pela corrente de
água e sai por baixo, passando para a célula seguinte e finalmente, sendo descarregado pela
caixa de descarga. De forma que há dois fluxos: um deprimido, no sentido da caixa de
alimentação para a caixa de descarga e outro de espuma (flotado), de baixo para cima.

Fig. 4: Banco de células mecânicas de flotação

10.3. MÁQUINA DE FLOTAÇÃO

A máquina de flotação é instalada dentro da célula e consiste em um rotor, no fundo


da célula, suspenso por um eixo conectado a um acionamento (fora da célula e acima). O rotor
tem uma função inicial que é de manter a polpa agitada e, portanto, em suspensão. O
movimento rotacional do rotor gera uma região de pressão negativa dentro da célula. Em
muitos modelos, essa depressão é suficiente para aspirar o ar necessário para a flotação, daí
a conveniência do tubo coaxial com o eixo do rotor. Em outros casos, o ar é comprimido para
dentro da máquina. Para que o ar seja efetivo no sentido de carregar para cima o maior
número possível de partículas coletadas, deve- se dispor de um grande número de bolhas de
pequeno diâmetro. Isto é conseguido colocando em torno do rotor uma peça chamada
estator, que fragmenta as bolhas de ar.

18
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

Desta forma, o rotor agita a polpa e a mantém em suspensão. O estator quebra as


bolhas de ar num grande número de pequenas bolhas.

Fig. 5: Máquina de flotação

Fig. 6: Diferentes tipos de rotores e estatores

19
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

10.4. DOSAGEM E ALIMENTAÇÃO DE REAGENTES


Os vários reagentes devem ser alimentados a pontos diferentes dentro do circuito.
Dependendo do seu mecanismo de coleta, podem demandar maiores ou menores tempos de
condicionamento. Por exemplo, ácidos graxos demandam tempos que podem ser suprimidos
por condicionadores. Já xantatos têm um mecanismo de coleta tão demorado que o usual é
efetuar a sua adição na entrada do circuito de moagem. O caso oposto ocorre com as aminas,
cuja coleta é tão rápida, que a sua adição pode ser feita diretamente na entrada da célula de
flotação.
Como já ficou dito, é forçoso adicionar os moduladores de coleta (ativadores ou
depressores) antes da adição do coletor, pois a sua função é modificar a ação deste. Os
reguladores têm um papel tão importante que quanto antes eles forem adicionados, melhor
para o circuito. Por isso, acerta-se o pH tão logo a água é adicionada. Finalmente, os
espumantes são adicionados na entrada da célula.
Os diferentes problemas de dosagem de reagentes podem ser esquematizados como:
- Dosar ou alimentar pós grossos;
- Dosar ou alimentar pós finos;
- Dosar ou alimentar líquidos puros ou soluções;
- Dosar ou alimentar suspensões;
Para alimentação de pós grossos ou finos usam-se alimentadores vibratórios ou de
correias. Já para alimentação de líquidos puros ou de soluções homogêneas são usadas
bombas dosadoras.
O equipamento padrão para a dosagem de líquidos e soluções homogêneas é o
dosador de canecas. Ele consiste numa série de canecas apoiadas num disco vertical, que gira
em torno de um eixo horizontal. No seu movimento, o disco leva as canecas para dentro de
uma cuba cheia com o líquido a alimentar (mantido a nível constante por meio de uma bóia).
No percurso, as canecas se enchem, saem do líquido e, na virada do disco, derramam o líquido
em uma calha, de onde ele é encaminhado para o local de adição.

Fig. 7: Dosador de Canecas

20
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

Problemas realmente desagradáveis são a alimentação de suspensões heterogêneas,


que é necessário manter em agitação permanente, e a alimentação de líquidos corrosivos,
para os quais se faz necessário escolher materiais de construções adequados.

10.5. OPERAÇÕES AUXILIARES

10.5.1. Bombeamento

O sistema constituído por sólidos particulados em suspensão em água é denominado


de polpa, e, se constitui na forma usual de transporte de massa em Tratamento de Minérios.
A opção alternativa é o uso de transportadores de correia para sólidos granulados secos. Estes
dois modos constituem a maioria esmagadora da prática do transporte na indústria mineral.
A diluição da polpa é expressa em porcentagem da massa de sólidos sobre a massa
total da polpa (massa de sólidos + massa do líquido). As diferentes operações unitárias
utilizam diferentes diluições: a moagem é feita em torno de 50% de sólidos; o
condicionamento, entre 50 e 60%, a alimentação de ciclones e classificadores, em torno de
20% de sólidos. A flotação dos minérios comuns é praticada a cerca de 25 – 35% e, a de carvão,
entre 4 e 8%.
As polpas podem ser bombeadas por bombas de projeto especial – as bombas de
polpa. São bombas centrífugas de construção robusta e com rotor de projeto diferente do das
bombas d’água. Sua carcaça é bipartida, de modo a permitir sua abertura fácil e rápida em
caso de entupimento.
As peças de desgaste são revestidas de material resistente à abrasão (Ni ou borracha).
O critério usual é usar borracha sempre, exceto quando as partículas do minério sejam
grosseiras e possam rasgar ou cortar o revestimento.

Fig. 8: Bomba de polpa

21
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

As tubulações de polpa devem ser construídas sempre em trechos retos, horizontais e


verticais. Se o escoamento cessar, os sólidos sedimentam nos trechos horizontais e ocupam a
parte inferior da seção do tubo, sem obstruí-la; quando o escoamento for retomado, a sua
turbulência colocará em suspensão o material sólido depositado.

10.5.2. Atrição

Quando as superfícies minerais aparecem recobertas por camadas de limonitas ou de


argilo-minerais – o que é muito comum nas condições geológicas brasileiras – a superfície
apresentada é a desta limonita ou argilo-mineral, não a do mineral que se quer flotar. Para
conseguir a coleta é necessário eliminar essa cobertura, o que é feito por atrição da superfície,
até que a cobertura indesejada seja removida.
A atrição, também traduzida por “escrubagem” (do inglês “scrubbing”) é feita em
equipamentos especiais: as células de atrição. Elas consistem de agitadores com duas ou três
hélices por eixo, com sentidos alternados. Devido a esta oposição de sentidos, a polpa movida
por uma das hélices tem sentido oposto ao do fluxo movido pela outra hélice, de modo que
os fluxos se chocam acarretando a atrição necessária de superfície de grão contra superfície
de grão.
As pás da hélice são de material resistente à abrasão e tem ainda placas de desgaste
nos locais mais sacrificados. Geralmente se usam duas ou quatro células em série – a 1a
descarrega por baixo, a 2a por cima, e assim sucessivamente, de modo a maximizar o tempo
de permanência das partículas dentro da máquina.

Fig. 9: Célula de atrição

22
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

10.5.3. Instrumentação e Controle

A instrumentação utilizada consiste nas medidas contínuas do pH, granulometria, das


vazões de água, das vazões de polpa e dos níveis das células e das caixas de bomba.
Embora existam aparelhos para análise contínua dos produtos, eles são empregados
muito pouco no Brasil. O usual é, portanto recolher amostras da alimentação e dos produtos
para o controle operacional.

10.5.4. Destruição da espuma

Frequentemente é necessário desmanchar a espuma. Isto é feito pela adição de anti-


espumantes na calha do concentrado ou por jatos de água de alta pressão.

23
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

11. FLOTAÇÃO EM COLUNA

Uma representação esquemática de uma coluna de flotação está apresentada na


figura 10. A polpa é alimentada a aproximadamente dois terços da altura total da coluna na
zona de recuperação ou coleta. As partículas minerais interagem com o fluxo de ar
ascendente, introduzido na base da coluna, resultando no processo de coleta das partículas
hidrofóbicas.
O agregado partícula-bolha formado é então transportado até a zona de espuma onde
ocorre a formação de um empacotamento de bolhas que é contactado pela água de lavagem
em contracorrente introduzida no topo da coluna.
A água de lavagem tem por objetivo promover a estabilidade e limpeza da espuma,
eliminando as partículas arrastadas mecanicamente.
Assim sendo, as partículas minerais hidrofóbicas coletadas constituem a fração flotada,
sendo separadas das partículas hidrofílicas, que saem pela base da coluna, constituindo a
fração não flotada.
A coluna de flotação apresenta características diferentes das células mecânicas
principalmente no que se refere à capacidade de geração de bolhas pequenas, as
condições hidrodinâmicas de baixa turbulência e a possibilidade de eliminação do material
hidrofílico arrastado pela espuma.
A coluna de flotação é constituída de duas seções:
• Seção de recuperação: está compreendida entre o ponto de injeção de ar e a interface
polpa-espuma. Esta seção tem como objetivo a coleta das partículas minerais
hidrofóbicas;
• Seção de limpeza: está compreendida entre a interface polpa-espuma e o transbordo do
material flotado. Nesta seção, mantém-se constante a altura da camada de espuma que é
lavada através de um fluxo de água em contracorrente, adicionado normalmente abaixo
do transbordo do material flotado, para eliminação das partículas hidrofílicas arrastadas.

O aumento de rendimento das unidades industriais de beneficiamento de minério de


ferro tem sido obtido, principalmente, pelo aproveitamento da fração fina (-210 m) através
da técnica de flotação em coluna. Para isto, foram realizados nos últimos anos vários estudos
em escala piloto e implantações industriais objetivando a obtenção de concentrados de ferro
com baixo teor de sílica.

11.1. VANTAGENS

Controle - totalmente automatizado;


Metalúrgica - maiores teores de concentrado e maior recuperação de finos e grossos;
Capacidade - a coluna trata polpas com maior densidade de sólido, tanto para limpeza quanto
desbaste;
Consumo de energia - não há parte mecânica. Somente ar comprimido;

24
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

Espaço: ocupam área muito menor;


Manutenção - não há parte mecânica. Necessária para os borbulhadores;
Custo de Investimento - menor custo de investimento devido ao menor número de etapas de
flotação, ausência de peças móveis e menor número de equipamentos auxiliares de
transporte;
Custo operacional - menor consumo de reagente devido a maior % de sólido. Menor oxidação
devido ao menor volume de ar.

ÁGUA DE
LAVAGEM

ZONA DE
Interface LIMPEZA

FRAÇÃO
ALIMENTAÇÃO
FLOTADA

ZONA DE
RECUPERAÇÃO

Aerador

AR

FRAÇÃO
NÃO FLOTADA

Fig. 10: Coluna de flotação

As partículas muito grossas flotam mal devido a vários fatores. Devido a suas
dimensões, os grossos apresentam uma pouca eficiência de coleta, por causa das baixas
eficiências de colisão e aderência partículas-bolha. Os agregados formados por essas colisões
não possuem uma boa estabilidade, pois as partículas são pesadas para serem carreadas
(flotadas) pelas bolhas de ar, o que contribui para que a energia de preservação do agregado
seja baixa, e assim, estando este inserido num meio turbulento, a energia dissipada na célula
de flotação pode facilmente sobrepujar a energia de preservação do agregado, destruindo-o
e consequentemente diminuindo a recuperação da flotação.

25
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

Pode haver também a deposição de partículas finas de outros minerais sobre a


superfície dos grossos, diminuindo assim sua hidrofobicidade, ou ainda, a competição de
partículas mais finas pelo coletor, devido a sua maior área superficial, deixando os grossos
com pouco coletor, e dessa com baixa hidrofobicidade.
As partículas finas flotam mal devido as suas dimensões diminutas, que as impedem
de colidirem com a bolha de forma eficiente, pois os finos não possuem momento suficiente
para serem capturados pelas bolhas de ar, apresentando assim um fluxo de Stokes, desviando-
se das bolhas como se fossem parte integrante do fluido em que estão inseridos.

12. APLICAÇÕES DA FLOTAÇÃO NO BRASIL

Minérios de ferro e fosfato dominam o cenário tanto em termos de tonelagem


processada quanto em número de usinas em operação. Outros minérios são concentrados por
flotação: grafita, magnesita, talco, sulfetos de cobre, sulfetos de chumbo-zinco, oxidados de
zinco, níquel, ouro, nióbio, fluorita, carvão, feldspato, silvita e resíduo hidrometalúrgico
contendo prata. (CHAVES, 2009)

12.1.CIRCUITO TÍPICO DE FLOTAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

Os minérios de ferro brasileiros são conhecidos como itabiritos e constituídos de


hematita e quartzo, associados ainda a limonitas e argilo-minerais. A flotação dos finos resulta
num produto denominado pellet feed. É uma operação barata e conveniente e fornece
concentrados de excelente qualidade.
A prática usual é fazer o que se chama de flotação reversa, que consiste em flotar o
mineral de ganga, quartzo, e deprimir o mineral útil, hematita. Isto porque a hematita é mais
abundante, o que dificulta a sua remoção da espuma – a grande quantidade de hematita na
espuma arrastaria, mecanicamente, uma certa quantidade de quartzo. Além disso, a hematita
é pesada e teria que ser moída mais finamente para poder flutuar com a espuma. (LUZ et al.,
2018, p. 429)

12.2.CIRCUITO TÍPICO DE FLOTAÇÃO DE FOSFATO

Os minérios brasileiros de fosfato têm como mineral útil a apatita e como minerais de
ganga, calcita, magnetita, micas e argilas. O circuito de beneficiamento deve, portanto, prever
a moagem até a malha de liberação (geralmente em torno de 65 # Tyler), a eliminação da
magnetita por concentração magnética e a flotação da apatita. A presença de lamas afeta
significativamente a recuperação de fosfato. (LUZ et al., 2018, p. 430)

26
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

12.3.CIRCUITO TÍPICO DE FLOTAÇÃO DE SULFETOS

Os sulfetos metálicos têm um comportamento na flotação muito semelhante. Existem


então duas técnicas operacionais para separá-los dos minerais de ganga e para separá-los
entre si:
a) A flotação seletiva condiciona cada sulfeto individualmente e o flota para, depois,
condicionar e flotar o sulfeto subsequente;
b) A flotação coletiva (bulk) flota todos os sulfetos em conjunto e depois deprime
seletivamente um por um.

Esta segunda opção tem uma vantagem econômica, uma vez que a massa a ser tratada
após a flotação coletiva é muito menor, resultando em uma economia considerável em
equipamentos. Entretanto, nem sempre é possível utilizá-la, porque a coleta dos sulfetos pode
ser tão enérgica que se torna impossível separá-los posteriormente, isto é especialmente
verdadeiro para a blenda (ZnS). (LUZ et al., 2018, p. 431)

27
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

EXERCÍCIO

1. Um minério é constituído de grafita (15%), talco (10%) e quartzo (75%). Um processo foi
desenvolvido em escala de laboratório para concentrar a grafita existente nesse minério. A
rota de processamento é ilustrada no fluxograma e tabela 1 fornecidos abaixo.
Tabela 1
Massa de Massa de
Densidade Densidade
Fluxo Sólidos - Água - %Grafita %Silicatos
Sólidos (ds) Polpa (dp)
Ms (ton) Ma (ton)
1 100,0 110,0 2,7 1,43 15,0 85,0
2 119,5 188,0 2,7 1,32 15,5 84,5
3 66,0 2,7 1,4 98,6
4 122,0 2,7 51,0 49,0
5 19,5 78,0 2,7 1,14 18,0 82,0
6 44,0 2,7 95,0 5,0

(1)

MOAGEM

(2)
ROUGHER Rejeito final (3)
(A) (B)

(5) (4)

CLEANER

Concentrado final (6)

Figura 1: Fluxograma do Processo

28
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

Algumas informações complementares são apresentadas a seguir:


a) Moagem em moinho de bolas até que 95% da massa seja menor que 0,15 mm (100#). Não
é necessário deslamar;

b) Adição de silicato de sódio (preparado na concentração de 5% m/v) para adsorver na


superfície dos minerais silicatados, aumentando sua hidrofilicidade. Dosagem = 500 g/t.
Tempo de condicionamento = 8 minutos;

c) Adição de óleo diesel “in natura” para aumentar a hidrofobicidade das partículas de grafita.
Dosagem = 200 g/t, tempo de condicionamento = 10 minutos; massa específica = 0,86 t/m 3.

d) Após o condicionamento com silicato e óleo diesel, executa-se a flotação rougher por 15
minutos. Nesta etapa, deve-se adicionar mibc (metil isobutil carbinol) 20 g/t para que se
produza uma camada espessa de espuma. Massa específica = 806,5 kg/m3.

1. Com base nessas informações, resolva as questões abaixo:

1.1. Qual o papel desempenhado por reagente adicionado?

1.2. Indique no fluxograma onde cada um dos reagentes é adicionado;

1.3. Qual o tipo de flotação utilizada?

1.4. Qual é a Recuperação em massa do processo? E a Recuperação de grafita?

1.5. Se esse processo for colocado em prática em escala piloto (5 t/h), qual a massa de minério
que se deve alimentar a usina para que se produza 5 ton de concentrado de grafita com teor
de 95% de carbono?

1.6. Imagine agora que o processo desenvolvido em laboratório será implantado em escala
piloto com capacidade para processar 5 t/h de minério. Complete a tabela abaixo, calculando
o balanço de massa e de água do circuito.
Tabela 2
Vazão de Vazão de Vazão de
Vazão de
Fluxo Sólidos Polpa Polpa %Sólidos %S (v/v)
Água (t/h)
(t/h) (t/h) (m3/h)
1 5 5,5
2
3
4
5
6
1.7. Calcule a vazão (mL/min) de cada um dos reagentes que serão adicionados à polpa.

29
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
TIMIN0115 TRATAMENTO DE MINÉRIOS III

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES, A. P. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios: A flotação no Brasil. V. 4. 2ª ed.


São Paulo: Signus Editora, 2009. 484 p.

LEAL FILHO, L. S. Apostila de Concentração por Flotação. São Paulo: EPUSP, 1995.

LUZ, A. B.; FRANÇA, S. C. A.; BRAGA, P. F. A. Tratamento de Minérios. 6ª Edição. Rio de Janeiro:
CETEM/MCTIC, 2018.

BALTAR, C. A. M. Flotação no Tratamento de Minérios. 2 ed. Recife: Editora da UFPE, 2010,


232 p.

30
Prof. Dr. Jaime Costa Flotação Mineral

Você também pode gostar