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Esta resenha de livro seria muito mais fá cil de escrever se jogá ssemos pelas regras
de John D'Agata. Entã o vamos tentar. (1) Nã o se trata de uma resenha de livro; é um
ensaio. (2) Nã o sou crítico; Eu sou um artista. (3) Nada do que eu disser pode ser
usado contra mim pelos sujeitos deste ensaio, nem ninguém pode me
tenha firmado com você, leitor. Nã o deve haver objecçõ es. Nã o haverá cartas de
reclamaçã o. Pois você está prestes a ter – você está pronto? — uma "experiência
Isso é tã o libertador!
21 DE FEVEREIRO DE 2012
Em consideraçã o neste ensaio está "The Lifespan of a Fact", que é menos um livro do
que uma luta entre dois combatentes tenazes, sobre questõ es de verdade, crença,
histó ria, mito, memó ria e esquecimento. Em um canto está Jim Fingal, que como
estagiá rio da revista literá ria The Believer em 2005 (ou poderia ter sido 2003 -
fontes discordam) assinou o que ele deve ter pensado que seria uma tarefa simples:
checar um artigo de 15 pá ginas. No outro canto está D'Agata, que pensou ter feito um
acordo com The Believer para publicar nã o apenas um artigo, mas uma obra de arte -
um ensaio já rejeitado pela Harper's Magazine por causa de "imprecisõ es factuais" -
que encontraria seu caminho para imprimir sem qualquer desafio à sua veracidade.
"Lifespan" é o scorecard de sua luta, uma reproduçã o de sua correspondência ao
longo de cinco (ou foram sete?) anos de checagem de fatos.
O livro apresenta, linha por linha, o ensaio original de D'Agata, bem como as
menino chamado Levi Presley que, em 2002, pulou para a morte do mirante do Hotel
Stratosphere, em Las Vegas. D'Agata usou esse episó dio para meditar sobre ideias
sobre, entre outras coisas, suicídio e Las Vegas, as histó rias que Vegas conta sobre si
mesma, as histó rias que os visitantes contam sobre Las Vegas e o que uma cidade
"Você nã o quer entrar em contato com a realidade quando está aqui para uma
A partir da primeira frase de D'Agata, que diz que na época da morte de Levi havia
forneceu ao The Believer uma fonte sugerindo que a cidade tinha apenas 31 clubes
desse tipo. Fingal pergunta a D'Agata como ele chegou a "34". D'Agata responde de
forma dú bia: "Porque o ritmo de '34' funciona melhor nessa frase do que o ritmo de
'31'. "
o original é "muito desajeitado". Tem uma vírgula; isso é ridículo." "Tweety Nails" se
torna "Famous Nails" – um verdadeiro mistério, pois com um nome muito bom para
ser verdadeiro como "Tweety Nails", por que ajustá -lo? Uma frota de vans de tosa de
cachorros descritas nas notas de D'Agata como "rosa" se tornaram "roxas", porque
Fibs menores? Talvez. Mas outras invençõ es decididamente nã o. Outro suicídio que
"Porque eu queria que a morte do Levi fosse a ú nica a cair naquele dia. Eu queria que
você pode começar a se sentir contraído. Fingal certamente o fez. "Você está
escrevendo o que provavelmente se tornará a histó ria de fato do que aconteceu com
Levi", lembra D'Agata. "Você nã o acha que a gravidade da situaçã o exige uma
Nã o, argumenta D'Agata. Seu dever nã o é com Levi. Seu dever é para com a Verdade.
E quando um artista trabalha a serviço da Verdade, a fidelidade aos fatos é
Fingal encara sua tarefa com honra e deferência. "Eu sou novo nisso, entã o tenha
paciência comigo", diz ele a D'Agata. Mas, por ter a audá cia de fazer seu trabalho, ele
acusa Fingal de "arruinar este ensaio" com "nit--picking". Ele repetidamente chama
Fingal de "estú pido" (e pior). É revelador que, no calor da batalha, D'Agata recorra a
Talvez agora você esteja se perguntando: Quem esse D'Agata acha que é? Por um
nomeado embaixador do ensaio, uma forma literá ria que ele sente ter sido por muito
tempo "aterrorizada por um pú blico leitor pouco sofisticado". Ele é rá pido em dizer
(graças a Deus, embora eu tenha certeza de que ele seria ó timo nisso).
D'Agata afirma que nã o "relatou" seu ensaio de Vegas; Ele foi para a cidade e fez um
pouco de mente - misturando-se com ela. Isso, embora suas técnicas pareçam
narrativa. Nã o só isso, mas ele carregou seu ensaio com detalhes factualmente
verificá veis - datas, horas, dimensõ es, direçõ es, estatísticas, nomes, citaçõ es de
fontes jornalísticas reais. Ele declara que, como ensaísta, nã o deve ser mantido nos
mesmos padrõ es de correçã o que um jornalista. Tudo bem, ele nã o é jornalista. Ele é
Sua posiçã o, no entanto, levanta uma questã o: explodir fatos como se fossem tanto
D'Agata usa "fatos" que nã o sã o fatos para fazer uma afirmaçã o sobre uma
Vegas, ou o cosmos, que nã o é profundo, mas sim um acú mulo acidental de detalhes
e eventos. Ele argumenta que, ao manipular a histó ria de Levi, ele está "fazendo uma
obra de arte melhor - e, portanto, uma experiência melhor e mais verdadeira para o
leitor". Mas teria tornado a experiência menos verdadeira chamar essas vans de
rosa? Para deixar as Unhas Piu-Piu serem Unhas Piu-Piu? Dar vírgula à quela pobre
escola?
"Tento assumir o controle de algo antes que ele se perca totalmente para o caos",
escreve D'Agata, mas o que ele cria é uma miragem. Ele pega a aleatoriedade e
sobrepõ e temas, inventa dramas onde eles nã o existem, tenta nos convencer de que
seus enfeites sã o mais vívidos e reveladores sobre uma cidade, sobre a natureza
Em suma, ele interpreta Deus. (Lembre-se: "Eu queria que sua morte fosse mais
ú nica.") Mas pode-se argumentar que ele está apenas inventando desculpas para
esconder sua pró pria preguiça. Como diz Fingal: "Ars longa, vita brevis, nã o? Por que
suas defesas nã o fossem tã o frá geis. Em uma pá gina, ele muda o nome da escola tae
kwon do da Levi's porque ela nã o contém o termo "tae kwon do", o que poderia
"sugerir que alguém nã o seria capaz de estudar tae kwon do lá " e, assim, causar
"confusã o desnecessá ria". (Por essa ló gica, a West Bronx Academy for the Future, em
Nova York, nã o deve incluir histó ria em seu currículo.) Em outra pá gina, ele defende
suas invençõ es, assumindo um tom de justa indignaçã o: "Você acha que eu mudaria
isso voluntariamente para se adequar a algum tipo de truque literá rio que eu
Sim!
despercebidos. O primeiro é sua noçã o sobre o que a escrita rotulada de "nã o-ficçã o"
"Nã o--ficçã o", ele argumentou, "essencialmente significa 'nã o arte', uma vez que a
palavra ficçã o é derivada do latim fictio, que por si só significa 'formar, moldar,
'nã o-ficçã o', você está sobrecarregando o gênero com um ró tulo que significa que ele
Com certeza, "nã o-ficçã o" é um termo inadequado. E escritores respeitados que
trabalham em formas categorizadas como nã o-ficçã o vêm massageando fatos há
nã o, aqueles que mudam de nome ou perdem tempo para efeito narrativo, e que se
frente.
A rejeiçã o de D'Agata à "nã o-ficçã o" ainda nã o sustenta sua convicçã o de que fato e
arte sã o mutuamente exclusivos. Além disso, sua implicaçã o de que algo que se
autodenomina "nã o-ficçã o" e tenta se aproximar dos fatos também nã o pode subir
ao nível da literatura é, no mínimo, confusa e, na pior das hipó teses, insultuosa para
Excelentes artistas literá rios conseguiram fazer seu trabalho, mantendo-se precisos
Zadie Smith? O que dizer de John McPhee, que há três anos, na revista The New
Yorker, chegou a escrever uma longa ode aos seus verificadores de factos? D'Agata
afirmaria que a adesã o desses escritores aos fatos diminui sua arte? Que ao trabalhar
em "nã o-ficçã o", eles nã o pesam os mesmos ingredientes que ele faz – estrutura,
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a histó ria principal
uma arte. Para D'Agata argumentar o contrá rio – insistir que esse fato impede as
leitores.
O Crente nã o deixou D'Agata se safar de tudo, mas seus editores deixaram escapar
bastante. (Para comparar versõ es de seu ensaio, você terá que solicitar uma ediçã o
Isso torna a experiência de leitura surreal, como se a histó ria estivesse escapando
preocupar com fatos porque raramente os fatos sã o confiá veis, e que a crença por si
só deve ser considerada tã o musculada quanto o fato, mesmo quando a crença foi
provada como baseada na invençã o. Desde que uma histó ria "seja acreditada por
Mas, como observa Fingal, "só porque você está aberto a novas interpretaçõ es nã o
sem levar os leitores ao seu modus operandi, O Crente – que em suas diretrizes de
submissã o para escritores diz explicitamente: "Por favor, nã o envie ficçã o" – nos
convida a descer uma ladeira escorregadia. Pois assim que qualquer detalhe pode
D'Agata diria que dar um tapa em sua escrita é como "alimentar" um pú blico infantil
anotados e verificados". Ele argumentaria que as pessoas que leram sua obra
(embora quantas sejam essas, realmente?) devem entender o que estã o recebendo
no momento em que veem sua assinatura. Ele diria que, se você passar por seu
ensaio, entenderá o que ele vem construindo o tempo todo: "Em algum momento
ficou claro... que se eu apontar para algo que parece significativo, há a possibilidade
Mas vamos concluir com uma nota positiva. Fico feliz em informar que, se quisermos
acreditar nas aparências, D'Agata e Fingal nã o se mataram no final desses anos. Eles
dizem-nos, ele "desenha software". Mas caso ele esteja escrevendo, tenho uma
Mantenha-se verdadeiro.