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Capítulo

Anatomia e fisiologia dos animais

De olho na
BNCC:
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• EM13CNT301
• EM13CNT302
• EM13CNT303
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JOHN SIBBICK/SCIENCE PHOTO LIBRARY/FOTOARENA

Reconstrução artística de
seres vivos que teriam vivido
nos mares da Terra há mais
de 600 milhões de anos, no

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
período Ediacarano. Ediacara
é o nome de uma região
da Austrália onde foram
descobertos os mais antigos
fósseis de animais, daí o nome
dado a esse período geológico.
(Representação fora de
proporção; cores meramente
ilustrativas.)

Se voltássemos no tempo cerca de 500 milhões de anos, até o primeiro pe‑ Atividade em grupo
ríodo da era Paleozoica – o período Cambriano –, provavelmente encontraríamos
parentes remotos de todos os grupos animais existentes atualmente. Os cientistas Neste exercício, sugerimos que
você repasse um a um os nove filos
procuram saber como ocorreu uma diversificação tão expressiva da vida animal
descritos nas páginas seguintes,
em um tempo geológico relativamente tão curto, fenômeno que ficou conhecido tentando se lembrar de alguma
como “explosão cambriana”. As respostas parecem indicar para o período Ediaca‑ situação que presenciou ou na qual
rano, que precedeu o período Cambriano. ouviu sobre cada um deles. Por
Em 2004, depois de oito anos de intensas discussões, uma comissão formada exemplo, se você leu uma notícia
sobre a proliferação de águas‑vivas
por entidades geológicas de vários países acrescentou um novo período à divisão
em uma praia ou sobre um surto
do tempo geológico: o período Ediacarano. Fazia 120 anos que a divisão do tempo de alguma verminose, isso também
geológico não sofria alterações. O período Ediacarano abrange 93 milhões de conta. Depois de anotar suas expe‑
anos, indo de 635 Ma (milhões de anos atrás) até 541 Ma. riências com representantes dos
Novas descobertas e o avanço das técnicas de análise e datação de fósseis filos animais, converse com colegas
e professores sobre a possibilidade
revelaram as curiosas formas de vida ediacaranas. Embora a diversidade de orga‑
de formar nove grupos de colegas,
nismos nesse período tenha sido grande, muitos não parecem ter relação com os cada um encarregado de pesquisar
grupos existentes atualmente. Por isso os cientistas acreditam que as estratégias sobre um dos nove filos estudados
evolutivas desses animais foram malsucedidas, o que os levou à total extinção. no livro. Pense em dar preferência
Entretanto, a diversidade da vida ediacarana sugere que ali já se encontravam as a exemplares encontrados no Bra‑
sil. Uma estratégia interessante e
bases para a evolução e a diversificação dos grupos de animais atuais. Por volta de
fácil de executar é elaborar placas
600 milhões de anos atrás, a vida na Terra se recuperava de uma era glacial ocorrida de identificação para o organismo
entre 850 Ma e 630 Ma. Com o degelo dos oceanos, teriam ocorrido condições escolhido, semelhantes às que
favoráveis à diversificação de formas de vida no período Ediacarano, o que resultou existem em zoológicos e museus,
na explosão de diversidade da vida animal no período seguinte, o Cambriano. com nome científico e informações
relevantes sobre a classificação e a
Este capítulo trata da diversidade animal e das principais estratégias evolutivas
ecologia dos animais. (Sugestões de
desenvolvidas pelos grandes grupos de animais atuais. À medida que os cientistas uso de mídias digitais estão dispo‑
acumulam e integram novos conhecimentos, as relações evolutivas entre os grupos níveis no início do livro.)
animais vão ficando mais claras.
Veja comentários sobre essa atividade no
Suplemento do Professor.

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Tratamos inicialmente de características animais importantes para estabelecer as relações evolutivas entre
os grupos. Entre essas características, destacam‑se o número de tecidos embrionários, a simetria e a origem
das cavidades corporais. O objetivo é traçar um panorama geral das soluções adaptativas desenvolvidas nos
grupos animais para suas diferentes necessidades básicas. Veremos quais foram as soluções encontradas pelos
organismos que se originaram na água e nela viveram por milhões de anos, antes de surgirem as estratégias
para a conquista do ambiente de terra firme.

1. Principais grupos animais


Com base em semelhanças morfológicas e fisiológicas entre os animais, que supostamente refletem
o parentesco evolutivo entre eles, os sistematas elaboraram uma classificação que considera 35 filos, nos quais
se distribuem mais de 1 milhão de espécies animais descritas até agora. Neste capítulo trataremos apenas
de nove desses filos, que reúnem as espécies mais conhecidas de não especialistas como nós.

Poríferos, ou esponjas
O filo Porifera reúne as esponjas, animais aquáticos com organização corporal simples. A maioria
das espécies desse filo é marinha e vive aderida a rochas e objetos submersos. Esponjas não apresentam
tecidos diferenciados e nenhum tipo de órgão (Fig. 1‑A).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Cnidários, ou celenterados
O filo Cnidaria reúne animais aquáticos cujos representan‑ A
tes mais conhecidos são as águas‑vivas, os corais, as fisálias e as
B
anêmonas‑do‑mar. A maioria dos cnidários é marinha; alguns vivem
fixados a objetos submersos (sésseis) e outros nadam livremente
(livre‑natantes) (Fig. 1‑B).

Platelmintes, ou vermes achatados


O filo Platyhelminthes reúne animais cujo corpo é achatado
dorsoventralmente. Eles vivem em água doce, no mar, em ambientes
úmidos de terra firme ou no interior de outros animais, parasitando‑os. C D
As formas de vida livre são chamadas de planárias. Os platelmintos
parasitas mais conhecidos são as tênias, causadoras de teníase, e os
esquistossomos, causadores de esquistossomose (Fig. 1‑C).

Nematódeos, ou vermes cilíndricos


UNLIMITED, INC/GLOW IMAGES;
FOTOS: A LUIZ FERNANDO CASSINO/
TYBA, B JAMES MCCULLAGH/VISUALS

C GREGORY G. DIMIJIAN, M.D./SCIENCE


SOURCE/FOTOARENA; D LAURITZ
JENSEN/VISUALS UNLIMITED, INC/GLOW
IMAGES; E ROBERT JEAN POLLOCK/
E VISUALS UNLIMITED, INC/GLOW IMAGES
O filo Nematoda reúne animais de corpo cilíndrico e afilado
nas duas pontas. Os representantes desse grupo vivem em todos
os tipos de ambiente: em água doce, no mar, em terra úmida ou no
interior do corpo de animais e plantas, parasitando‑os. Os nemató‑
deos mais conhecidos são as lombrigas, causadoras da ascaríase, os
ancilóstomos, causadores do amarelão, e as filárias, causadoras da
elefantíase (Fig. 1‑D).

Moluscos Figura 1 (A) Esponja da espécie Aplysina archeri, que


pode chegar a 1,5 m de altura. (B) Água‑viva do gênero
O filo Mollusca reúne animais de corpo mole, geralmente Polyorchis, que pode ultrapassar 50 cm de diâmetro.
revestido por uma concha calcária rígida. Os representantes desse (C) Planária terrestre Bipalium sp., que pode chegar a 7 cm
de comprimento. (D) Nematódeo Ascaris lumbricoides,
grupo vivem em água doce, no mar e em ambientes úmidos de conhecido por lombriga e que chega a medir 40 cm de
terra firme. Moluscos bem conhecidos são caramujos, mexilhões, comprimento. (E) Caramujo da espécie Monadenia fidelis,
lesmas, polvos e lulas (Fig. 1‑E). molusco que pode atingir 3,6 cm de comprimento.

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Anelídeos, ou vermes segmentados A

O filo Annelida reúne animais de corpo cilíndrico dividido em segmentos


transversais. Vivem em água doce, no mar e em solo úmido. Os representantes
mais conhecidos desse grupo são as minhocas, que vivem em terra firme, as
sanguessugas, que vivem em ambientes úmidos, em água doce e no mar, e os
poliquetos, que vivem principalmente no mar, vagando pelo fundo ou abrigados
dentro de tubos que eles mesmos constroem (Fig. 2‑A).

B
Artrópodes
O filo Arthropoda reúne animais com corpo protegido por uma armadura rígida,
o exoesqueleto. Artrópodes são geralmente divididos em três subfilos: crustáceos,
quelicerados e unirrâmios. A maioria dos crustáceos é aquática (camarões, lagostas,
caranguejos, siris etc.). Os quelicerados (aranhas, escorpiões, carrapatos etc.) são tipi‑
camente de terra firme. Os unirrâmios (diplópodes, miriápodes e insetos) são animais

A RICHARD BECKER/FLPA/KEYSTONE BRASIL, B FABIO COLOMBINI, C DAVID WROBEL/


de terra firme e constituem a maioria das espécies conhecidas de seres vivos (Fig. 2‑B). C

Equinodermos
O filo Echinodermata reúne animais exclusivamente marinhos, considerados pelos

VISUALS UNLIMITED, INC/GLOW IMAGES, D FABIO COLOMBINI


cientistas os mais aparentados aos cordados. Seus representantes mais conhecidos

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são as estrelas‑do‑mar, os ouriços‑do‑mar, as bolachas‑da‑praia e os pepinos‑do‑
‑mar (holotúrias) (Fig. 2‑C).

Cordados D

O filo Chordata reúne alguns invertebrados aquáticos, como as ascídias e os anfio‑


xos, e todos os animais vertebrados: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Esse
grupo é muito diversificado e adaptado a diversos tipos de ambiente (Fig. 2‑D).

2. A diversificação no Reino Animal


Figura 2 (A) Minhoca da espécie
Lumbricus terrestris, anelídeo que pode
Multicelularidade atingir 25 cm de comprimento.
(B) A maria‑farinha (Ocypode sp.) é um
Qual teria sido o ancestral de todos os animais? A hipótese predominante é crustáceo que pode chegar a 4 cm de
que os animais descendem de protozoários coanoflagelados coloniais (do grego diâmetro. (C) Estrela‑do‑mar da espécie
coanos, colarinho), organismos unicelulares constituídos por células semelhantes Orthasterias koehleri, equinodermo que
tem cerca de 50 cm. (D) A anta da espécie
às que recobrem as cavidades internas do corpo das esponjas atuais. Estudos ge‑ Tapirus terrestris é um mamífero que pode
nômicos recentes mostraram que os genes relacionados com a adesão e a troca chegar a 2,4 m de comprimento.
de mensagens entre as células já existiam por volta de 600 milhões de anos atrás.
Essas capacidades foram fundamentais durante a transição da unicelularidade para
a multicelularidade (Fig. 3).

Núcleo
Figura 3 Representação esquemática
de coanoflagelados coloniais atuais
do gênero Codosiga. Organismos
similares a esse podem ter sido os
ancestrais dos animais. (Representação
fora de proporção; cores meramente
ilustrativas.)
Flagelo Funil
Fonte: adaptada de LEADBEATTER, B. S. C.
JURANDIR RIBEIRO

membranoso
The Choanoflagellates: Evolution, Biology
and Ecology. Cambridge: Cambridge
University Press, 2015.

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