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Desde jovem teve contato com as ideias progressistas democráticas revolucionárias,

pois seus pais eram simpatizantes e compartilhavam essas ideias. Também foi nessa
idade que se interessou por ensinar, o que a levou futuramente a estudar
magistério, porém após concluir a educação secundária e aquele, não encontrou
trabalho no ensino primário. Krupskaya concentrava sua atenção nas diferenças
sociais e começou a procurar as causas da injustiça que prevaleciam na época e como
eliminá-las. Lia como entusiasta obras sobre a sociedade de autores russos e
estrangeiros, dentre eles Karl Marx e Friedrich Engels, bem estudados por ela. Em
1890, juntou-se ao movimento revolucionário e entrou no Círculo Marxista de
estudantes do Instituto Tecnológico de São Petersburgo, onde se dedicou à atividade
revolucionária com os trabalhadores, dando palestras, ensinando e se familiarizando
com as condições de vida e de trabalho dos proletários. De 1891 a 1896, formou os
trabalhadores nas ideias socialistas através de escolas de alfabetização noturnas.

Em outubro de 1917, após o triunfo bolchevique, as mulheres soviéticas conquistaram


a liberdade e a igualdade, uma conquista que culminou na aprovação do código sobre
o casamento, a família e a infância, em outubro de 1918, um instrumento que põe fim
a séculos de poder patriarcal e instaura uma nova doutrina baseada nos direitos
individuais e na igualdade de gênero; da mesma forma, o código do trabalho de 1918
contém as primeiras medidas de reconciliação familiar e assistência à maternidade.
Assim, a nova legislação soviética, impulsionada principalmente por Alexandra
Kollontai, Comissária do Povo de Assuntos Sociais e da Mulher no primeiro governo
soviético presidido por Lênin em 1917, estabelece para as mulheres soviéticas o
direito ao voto e a ser candidatas, o direito ao divórcio, o acesso universal à
educação gratuita, a salários iguais aos dos homens, auxílios para aliviar os
encargos familiares, o direito ao aborto livre e gratuito.

Quando surgiu a necessidade de fundar um departamento feminino de caráter


governamental, foi fundado, em 1919, o Jenotdel, presidido inicialmente por Inessa
Armand, de onde trabalharam para melhorar as condições de vida das mulheres russas,
combatendo o analfabetismo e educando as mulheres sobre seus novos direitos no
casamento, educação, cuidados e trabalho.

A atividade feminista desenvolvida por Krupskaya foi intensa durante sua vida, e
especialmente em dois momentos anteriores à emancipação da mulher soviética,
participando da redação do jornal Rabotnitsa e fazendo parte da delegação russa na
III Conferência Internacional de Mulheres Socialistas.

No primeiro número de Rabotnitsa, publicado em fevereiro de 1914, Krupskaya


explicou as diferenças entre as bolcheviques e as feministas burguesas: “As
mulheres da classe trabalhadora constatam que a sociedade de hoje é dividida em
classes. Cada classe tem seus próprios interesses. A burguesia tem os seus, a
classe trabalhadora tem outros. Seus interesses são opostos. A divisão entre homens
e mulheres não é de grande importância para as mulheres proletárias. O que une as
mulheres trabalhadoras aos trabalhadores é muito mais forte do que aquilo que os
divide”.

Quando a facção bolchevique do Partido Comunista assumiu o poder em 1917, a Rússia


era uma sociedade rural, desindustrializada e em grande medida analfabeta. Essas
condições e a filosofia imperiosa dos czares deixaram uma marca nas instituições
culturais, e em especial nas bibliotecas. As bibliotecas públicas na Rússia
czarista eram escassas e as poucas que existiam eram consideradas suspeitas pela
monarquia.

Desde o primeiro e o segundo plano quinquenal soviético, que se estendeu de 1928 a


1938, Krupskaya assumiu seu único papel na hierarquia soviética e pôde realizar sua
campanha para aumentar orçamentos e salários e melhorar as instalações das
bibliotecas, a fim de levar a cabo os programas de bibliotecas para crianças,
promover oportunidades para a educação de adultos e assegurar um papel para as
bibliotecas e, nesse sentido, organizar os esforços para documentar para o estado
as condições das bibliotecas soviéticas.

Krupskaya acreditava que “os livros infantis são uma das armas mais poderosas nas
mãos dos socialistas para a educação das novas gerações”. Essa crença no poder da
alfabetização impulsionou seu trabalho no desenvolvimento das políticas educativas
soviéticas para promover o ensino da leitura e da escrita. Para ela, a educação não
deve limitar-se às escolas, mas deve incluir a educação contínua de adultos, a
alfabetização, o desenvolvimento das bibliotecas, a emancipação das mulheres, o
Movimento da Juventude Comunista, a vocação da cultura proletária e a organização
da propaganda política.

O objetivo das bibliotecas no sistema soviético era facilitar a mobilização das


massas trabalhadoras, servir de guia de leitura para a educação comunista e
aumentar o nível cultural, facilitando assim o domínio da teoria marxista-
leninista. Essas medidas funcionaram através da influência de Krupskaya no
desenvolvimento da biblioteconomia na Rússia, criar instrumentos que permitiam
conscientizar o povo sobre a revolução para favorecer a chegada da revolução
posterior. Se as bibliotecas estivessem ao alcance da classe russa subjugada, esta
teria maiores chances de perceber a exploração da qual era objeto e, portanto, de
se preparar para que um dia essa classe oprimida pudesse assumir as rédeas do
poder.

Nadezhda Krupskaya promoveu o sistema bibliotecário russo e, durante essa época,


“toda a massa do povo” teve acesso às bibliotecas do império soviético. Após a
Revolução Soviética, aprofundou a reforma da educação de adultos e das bibliotecas.
Foi capaz de promover a biblioteconomia, através de uma escola profissional, e
manteve sua influência sobre o sistema bibliotecário até sua morte.

Algumas citações famosas: “Vamos fazer as bibliotecas sobreviver”, “Enquanto a


organização do ensino permanece nas mãos da burguesia, o trabalho escolar será uma
arma dirigida contra os interesses da classe trabalhadora. Somente a classe
trabalhadora pode converter o trabalho na escola 'num instrumento para a
transformação da sociedade contemporânea’.

fonte: https://movimentorevista.com.br/2017/10/nadezhda-konstantinovna-krupskaia-
educacao-feminismo-biblioteca-uniao-sovietica/

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