Você está na página 1de 10

V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL

11 de novembro de 2023

Tema: Sinodalidade na Ação Evangelizadora


Lema: Perseverantes e bem unidos em uma Igreja Sinodal

ORIENTAÇÕES PARA A PREPARAÇÃO PAROQUIAL


agosto a outubro de 2023
1. CONVOCAÇÃO

- 1-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
2. PROCEDIMENTOS

ANTES DO ENCONTRO DO CMPP


1- Convocar os membros do CMPP para um encontro em preparação a V Assembleia
Diocesana de Pastoral. O prazo para realizar o encontro é até 15 de outubro. Conforme
a possibilidade realizar encontros nas comunidades com os CMPC’s e depois um
encontro geral do CMPP.

2- Enviar antecipadamente para os participantes do encontro os materiais orientativos


para a preparação pessoal.

3- É importante que os participantes realizem a preparação pessoal (leitura da síntese


diocesana do processo de escuta sinodal e organização de suas anotações a partir da
oração e reflexão), pois este será o ponto de partida do encontro.

4- Escolher entre os membros do CMPP um pequeno grupo de 3 a 5 pessoas (Equipe de


Síntese), para registrarem as reflexões que surgirem no terceiro movimento do método
da “conversação espiritual”.

NO DIA DO ENCONTRO CMPP

Seguir os passos:
a) Acolhida

b) Leitura da Palavra de Deus – Lucas 24, 13-35

c) Motivação para o primeiro movimento do método da “conversação espiritual”.


Cada participante que toma a palavra, partindo de sua própria experiência relida em
oração durante o período de preparação. Os outros ouvem, sabendo que cada um tem
uma contribuição valiosa a oferecer e se abstêm de debates ou discussões.

d) Promover um tempo de oração silenciosa.

e) Motivação para o segundo movimento do método da “conversação espiritual”.


Cada participante toma a palavra: não para reagir ou se opor ao que ouviu, reafirmando
sua própria posição, mas para expressar o que, a partir de sua escuta, a tocou mais
profundamente e o que a desafiou mais fortemente. Os traços interiores que resultam da
escuta das irmãs e dos irmãos são a linguagem com a qual o Espírito Santo faz ressoar
sua própria voz.

f) Promover um tempo de oração silenciosa.

g) Lembrar as pessoas que foram escolhidas para a Equipe de Síntese que devem a
partir deste momento anotar os pontos-chave que forem surgindo.

- 2-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
h) Motivação para o terceiro movimento do método da “conversação espiritual”. Os
participantes expressam os pontos-chave que surgiram e constroem um consenso sobre
os frutos do trabalho conjunto. Procurando responder as perguntas:
a) Em que o Espírito Santo está convidando nossa diocese a crescer em
sinodalidade, em comunhão com toda a Igreja?
b) Quais são as questões, interrogações, prioridades que devem ser levadas em
consideração na Assembleia Diocesana de Pastoral?

h) Leitura geral do que foi registrado pela Equipe de Síntese.

APÓS O ENCONTRO DO CMPP


1- Organizar a síntese paroquial que será para a Coordenação da Ação Evangelizadora.
O prazo de envio é até o dia 19 de outubro de 2023.
2- Enviar a síntese para o e-mail aed@diocesesjp.org.br

3- ORIENTACÕES PARA A PREPARAÇÃO PESSOAL


PARA O ENCONTRO DO CMPP

A preparação anterior ao encontro do CMPP deve ser um momento de leitura,


reflexão e oração. Apresentamos alguns passos que podem colaborar.

1- Ler a síntese diocesana (item 4), uma primeira vez em sua totalidade, sem fazer
anotações.

2- Escolher um dia e reservar um tempo de até 2 horas para realizar o momento de leitura
(segunda leitura), reflexão e oração.

3- Realizar em um local que possa lhe conduzir para um momento de oração.

4- Iniciar com o sinal da cruz e depois pedir as luzes do Espírito Santo com a oração:
Senhor, reuniste todo o teu Povo em Sínodo.
Damos-te graças pela alegria experimentada por aqueles que decidiram pôr-se a
caminho na escuta de Deus e de seus irmãos e irmãs, com uma atitude de
acolhimento, humildade, hospitalidade e fraternidade. Ajuda-nos a entrar nas
páginas que vamos ler como “terra sagrada”. Vem Espírito Santo: sê tu o guia do
nosso caminhar juntos!

5- Ler a síntese diocesana em uma atitude de deixar a voz do Espírito falar.

6- Ao final procurar meditar as perguntas e anotar as respostas. Estas respostas anotadas


devem ser levadas para o encontro do CMPP.

a) Em que o Espírito Santo está convidando nossa diocese a crescer em sinodalidade, em


comunhão com toda a Igreja?
b) Quais são as questões, interrogações, prioridades que devem ser levadas em
consideração na Assembleia Diocesana de Pastoral?

7- Concluir este momento com uma prece para o bom andamento da V Assembleia
Diocesana de Pastoral.

- 3-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
4. SÍNTESE DA ESCUTA SINODAL

4.1 – Questão fundamental


Uma Igreja sinodal, ao anunciar o Evangelho, “caminha em conjunto”. Como este
“caminho em conjunto” está acontecendo hoje na sua Igreja local? Que passos o Espírito
nos convida a dar para crescermos no nosso “caminhar juntos”?
O cenário pandêmico atual implicou, em geral, atitudes de acomodação e
isolamento por parte da comunidade eclesial, sobretudo das lideranças. Disso decorreu
uma significativa negligência pastoral em diversos campos, o que arrefeceu a vitalidade
missionária de muitas comunidades. Uma das consequências desse processo foi (e
continua sendo) a sobrecarga de trabalho pastoral para alguns em detrimento da grande
maioria dos que constituem nossas comunidades. A percepção é a de que limites
impostos por fatores inesperados (e externos) exercem grande influência sobre o modus
operandi da evangelização.
O acolhimento na comunidade-Igreja apresenta-se como um processo frágil e
ineficaz, não obstante sua existência e diversas tentativas de sua efetivação. Fazem-se
necessárias e urgentes comunidades acolhedoras de fato.
No que tange às juventudes, urge um cuidado específico para com aquelas já
inseridas na vida eclesial. Este cuidado passa, sobretudo, por duas atitudes: uma escuta
atenta e honesta e uma evangelização que dialogue com as realidades juvenis,
rechaçando, assim, respostas “prontas” e a marginalização dos/as jovens como apenas
“futuro” e não o presente da Igreja.
A espiritualidade necessita ser adequadamente compreendida como a fé que se
faz experiência existencial (pessoal e comunitária), ao passo que não deve ser reduzida a
“momentos de oração”, mas deve permear a vida da comunidade e das famílias. Há que
se ter um cuidado estratégico: a espiritualidade deve preceder e animar o trabalho
pastoral (e não o contrário). Para isso, é importante destacar continuamente a
centralidade da ação do Espírito – por vezes “esquecido” – a da Leitura Orante da
Palavra.
Em relação ao processo de Iniciação à Vida Cristã, verifica-se uma lacuna “após” o
Sacramento da Confirmação, sendo necessário reposicionar a vivência sacramental em
termos teológicos, pastorais e existenciais. Fica, nesse sentido, uma resposta em formato
de pergunta: no pós-Crisma, devemos “atrair” para o trabalho pastoral ou evangelizar para
o testemunho cristão no “mundo”? Evidenciou-se sobremaneira na escuta sinodal o
imperativo de que a Iniciação Cristã seja o “fio-condutor” da ação evangelizadora da
Igreja.
Em referência à opção pelos pobres, a escuta revelou que o discurso sobre os
pobres parece ser mais frequente do que a prática do serviço aos irmãos e irmãs em
situação de vulnerabilidade pessoal e social. É fato que nossas práticas precisam
urgentemente incluir mais nossos irmãos e irmãs pobres sob pena de nos tornarmos uma
Igreja voltada para si mesmo, sem relevância e testemunho num mundo marcado pela
desigualdade e pela indiferença.
A escuta igualmente revelou a necessidade de respondermos a uma questão
crucial do caminhar juntos: como efetivamente podemos e devemos evangelizar no
digital?
Tema premente da escuta foi aquele relativo ao ofício de pároco. Solicita-se uma
presença ativa e acessível na escuta e no acolhimento das necessidades pastorais por
parte dos presbíteros/párocos. Sabe-se que a função implica hoje muitas atividades
burocráticas; porém, é do mesmo modo verdade que muitas comunidades encontram-se
- 4-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
desmotivadas em virtude de experiências negativas vivenciadas com presbíteros/párocos:
como podemos equalizar estas realidades? Da parte dos próprios presbíteros emerge a
necessidade de estimular e favorecer a fraternidade presbiteral (o outro presbítero é meu
irmão): é preciso assumir a corresponsabilidade no cuidado com os demais presbíteros,
promover momentos de oração e confraternização, evitar o isolamento, fomentar a
espiritualidade do encontro, da acolhida e da ajuda mútua entre os padres e criar uma
rede de cooperação e de ajuda. A complexidade da ação evangelizadora da Igreja implica
também valorizar os dons carismáticos espalhados no presbitério para além de suas
funções/atribuições estabelecidas no âmbito da Paróquia.
O mesmo vale para os Diáconos permanentes, que pedem mais investimento em
sua formação permanente e na integração entre si.
Quanto aos ministérios leigos, verifica-se a necessidade de converter a pastoral e
valorizar tais ministérios, entendendo a ação evangelizadora como processo “em saída” e
não como “acessório” eclesial. Uma das dores surgidas nos diversos encontros de escuta
foi a do fechamento em ideias pastorais fixas por parte de muitas lideranças leigas e do
clero. Perguntou-se: é clara a identidade de cada pastoral e/ou movimento ou apenas
estamos reproduzindo ideias do passado esperando resultados novos na missão?
Decorrência disso é o fato de que um grande contingente de lideranças se perpetua nas
mesmas funções (com ou sem acúmulo de encargos). É preciso romper com a ideia do
leigo como um “executor de tarefas paroquiais”. A saúde mental e a solidão de muitas
lideranças leigas também foi destaque na escuta como elemento que questiona nossa
atitude de cuidado. Por fim, ecoou a necessidade de atenção isonômica aos trabalhos
pastorais, sobretudo por parte do clero, que, por vezes, pode preferir um trabalho em
detrimento de outros.
Indica-se a centralização pastoral na comunidade matriz de uma Paróquia como
ameaça à evangelização e à sinodalidade paroquial. Se somarmos isso à atuação isolada
de muitas pastorais, movimentos, organismos e associações temos a sensação de que
muito do trabalho evangelizador encontra-se em movimento de declínio e/ou de
invisibilidade.
Quanto ao planejamento pastoral, entende-se que o modelo perpetuado é obsoleto:
faz-se necessária uma pastoral orgânica/integrada, que responda aos desafios da
contemporaneidade e não apenas reproduza a dinâmica interna da Igreja. Para isso,
solicita-se uma maior visibilidade do Plano Diocesano da Ação Evangelizadora (e sua
consequente revisão permanente) e a elaboração de Planos Pastorais Paroquiais que
façam sentido (que não sejam apenas preenchimento de documentos formais). Em
termos gerais, há um desconhecimento acerca dos processos pastorais já delineados em
nível diocesano, regional e nacional. Outro limite percebido é o da descontinuidade dos
objetivos, projetos e ações quando da troca de párocos numa comunidade (inicia-se
novamente “do zero”).
Apresenta-se como desafio no caminhar juntos diocesano algumas interfaces que
não são efetivas entre Cúria Diocesana e Comunidades Paroquiais. Um dos limites é o de
que as diretrizes/orientações diocesanas são apenas “repassadas” e não refletidas nas
comunidades, comprometendo a compreensão dos processos e a unidade diocesana.
Como consequência, diversas lideranças não se sentem parte da família diocesana, mas
apenas executores de tarefas locais (em suas comunidades). Identifica-se, com isso, a
necessidade de revisão da gestão da Cúria Diocesana em vista da missão de nossa
Igreja Particular.
Verifica-se que há ausência de compromisso “com” as vocações, pois a questão se
apresenta apenas como temática e não como experiência/vivência em nossas
comunidades eclesiais.

- 5-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
Algumas experiências positivas foram destacadas, tais como a sinergia percebida
entre Iniciação à Vida Cristã e Pastoral Familiar, a gratidão dos/as irmãos/ãs
encarcerados/as pelo apoio material ofertado por algumas Comunidades e a abertura
para a questão ecumênica (a escuta motivou a realização da Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos em um município).

4.2 – Acompanhantes no caminho


A escuta revelou, em geral, que não se consideram as pessoas se estas não
estiverem engajadas nas pastorais e movimentos (como se a missão do batizado
estivesse vinculada compulsoriamente a uma vinculação “formal” a uma
pastoral/movimento): como ampliar a noção de discipulado missionário em nossa cultura
eclesial?
Uma das preocupações apontadas é a de como atuar com os familiares que
“deixam” seus filhos na Igreja e não se envolvem, especialmente no que tange ao
processo catequético e à evangelização das famílias, que relegam unicamente à
comunidade a responsabilidade pela “formação religiosa”. Vale disser que a
desagregação familiar foi mencionada como uma ameaça à sinodalidade comunitária.
Acompanhar exige ir ao encontro do outro (movimento de saída e não de espera),
ao passo que atualmente não possuímos um processo claro de acompanhamento para os
diferentes interlocutores da evangelização numa comunidade eclesial, o que dificulta
sobremaneira nossa saída, pois não sabemos como ir ao encontro (não há uma proposta
evangelizadora).
Uma das urgências do acompanhamento pastoral é a de passarmos de encontros
nas pastorais, para encontro entre as pastorais, valorizando o caráter comunitário do
caminho e não-segregação (compartimentalização) da evangelização: por vezes,
dialogamos com o mesmo interlocutor de maneira “separada” e “desconectada” a partir de
muitos serviços que não dialogam entre si.
O clero e os leigos precisam ambos estar abertos a opiniões diferentes para que o
caminho seja, de fato, conjunto. Daí porque também a paróquia precisa ser mais
equânime: por exemplo, comunidades “menores” necessitam de mais atenção, recursos,
etc.

4.3 – Escuta
A autêntica escuta exige valorizar o outro sem pré-julgamentos (ouvir na totalidade,
sem possuir uma resposta prévia). Esta mesma escuta não exige necessariamente
espaços formais, mas deve ocorrer na simplicidade e na informalidade do cotidiano (em
geral, isso não ocorre em nossas comunidades).
Ao desenvolver atividades evangelizadoras específicas não escutamos de maneira
qualificada os que pretensamente queremos “atender”: realizamos a partir de nossas
próprias percepções e conclusões. Isso gera um dos maiores problemas eclesiais da
atualidade: muitos se sentem apenas destinatários de ações e não escutados em suas
dores, sobretudo por parte do clero.

4.4 – Falar
Solicita-se uma presença mais efetiva dos presbíteros e/ou lideranças junto às
famílias para escuta, ao mesmo tempo em que se destaca a necessidade de falarmos
mais com o coração e menos com a razão. Isso revela um problema mais amplo e sério:
nossa comunicação interna e externa é falha. Muitas lideranças e membros de nossas
comunidades relataram uma importante sensação de descrédito: falar a uma autoridade
na Igreja causará alguma mudança ou tudo permanecerá igual? Há aqui, e em outros
casos, o receio de falar e ser julgado.
- 6-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
Outra questão importante sobre o falar: queremos que as pessoas “mudem” ou
nosso discurso precisa de outra linguagem? Parece haver, nesse sentido, uma grande
ausência de clareza e objetividade na comunicação por parte das lideranças. Ademais, o
falar atualmente torna-se um dilema: o que é mais importante ou o que significa falar sem
ter conhecimento da doutrina e falar a partir da sua própria experiência?
É preciso, com clara intencionalidade, dar mais voz às mulheres na comunidade
eclesial e educar para uma cultura do diálogo.

4.5 – Celebração
Percebe-se com clareza uma gradativa diminuição na participação litúrgica em face
de nosso grande esforço de “captação” de participantes das celebrações litúrgicas.
Reconhece-se um desconhecimento generalizado sobre o mistério que celebramos
na liturgia. O foco, em muitos casos, encontra-se na preocupação com o ritualismo e não
com a celebração da fé: um grande desafio é superar a participação “robotizada” na
liturgia.
Identifica-se a necessidade de potencializar o caráter evangelizador da homilia
(qualificar a pregação na liturgia, rechaçando moralismos e divagações). Com isso, prevê-
se a urgência de incentivar e implantar a Leitura Orante no cotidiano da vida
cristã/comunitária.
Duas questões surgiram vinculadas ao tema em questão: como lidar com a
imagem estereotipada de respeito e tradição na celebração da Igreja? Como lidar com as
dores daqueles que não se encontram em condições de participar de todos os
sacramentos da Igreja? Tratam-se de questões centrais que nos interpelam a repensar o
modo de celebrar e o modo de dialogar sobre a participação ativa na liturgia eclesial. Por
hora, são questões negligenciadas.

4.6 – Partilhar a responsabilidade pela nossa missão comum


Solicitam-se coordenações diocesanas com repertório reflexivo e prático para gerir
e orientar o trabalho de evangelização (visão experiencial, estratégica e pastoral).
As Pastorais vinculadas à diaconia (serviço) solicitam mais apoio, visibilidade e
investimento, pois se sentem invisibilizadas em muitos contextos da Diocese.
Um dos posicionamentos que compromete a partilha da missão é o de que importa
na Igreja realizar muitas tarefas e atividades e não viver o Evangelho na radicalidade: com
isso, desenvolve-se uma rotina missionária isolada (descontextualizada) e alguns campos
missionários são negligenciados: família, ecologia, Grupos de Reflexão, política,
ecumenismo, querigma, etc

4.7 – Diálogo na Igreja e na Sociedade


Identifica-se que há pouco diálogo efetivo a nível interno (nas comunidades), quiçá
a nível externo (sociedade). Faz-se necessário empreender diálogos com interlocutores
específicos (pobres, marginalizados, migrantes, etc). O pároco poderia ser este motivador
dos diálogos na comunidade paroquial.
Uma outra dor significativa surgida na escuta sinodal: a Igreja demora muito para
responder aos desafios contemporâneos e para dialogar com os diversos campos da
cultural e da sociedade. Isso pode decorrer da ilusão de que o diálogo comprometeria a
doutrina; porém, é fato que dialogar pressupõe identidade e contradições (precisamos
aprender a dialogar como cristãos e como cidadãos).

4.8 – Ecumenismo
Há um desconhecimento generalizado acerca do diálogo ecumênico (da parte de
católicos e de protestantes): o tema é objeto de posicionamento esquizofrênicos e
- 7-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023
pautadas na ignorância pessoal e comunitária. No entanto, a escuta sinodal se mostrou
um momento fecundo de abertura ao assunto.
A mesma escuta apontou um ponto muito interessante: muitos de nossos irmãos
protestantes vivem a sinodalidade eclesial muito mais do que nós católicos (há uma
sensibilidade sinodal muito mais “aflorada” em muitas comunidades evangélicas). Assim,
um dos pontos de partida para o diálogo é o serviço aos irmãos e irmãs em situação de
vulnerabilidade (serviço do desenvolvimento humano integral).
A polarização percebida se dá porque nos concentramos mais nas divergências
doutrinais do que nos vínculos possíveis de comunhão: o conservadorismo eclesial limita
em muito o diálogo ecumênico (quando não o anula).

4.9 – Autoridade e Participação


Em geral, parece haver uma “preferência”, por parte do clero, de alguns trabalhos
evangelizadores em detrimento de outros. Visualiza-se, igualmente, a ausência de
planejamento e organização das ações, sobressaindo a improvisação e os gostos
pessoais ao invés da organicidade e vitalidade da missão. Reflexo disse é o fato de que
em muitas comunidades parece ser mais importante a estrutura física do que a
evangelização.
Aludiu-se à ausência de formação específica para a gestão e para o servir: em
muitos casos basta a “boa-vontade” de colaborar. Consequência dessa realidade é o
dado de que poucas lideranças acumulam muitas funções. Quando isso se dá também se
verifica a ocorrência de lideranças “tóxicas”, que barram a comunhão e a participação.
Urge uma correta compreensão e atualização da unidade na diversidade de iniciativas. A
avaliação das ações pastorais é essencial (e quase sempre é negligenciada).

4.10 – Discernimento e decisão


Há uma percepção geral de estamos buscando valorizar o ideal da transparência,
mas ainda estamos a caminho (precisamos avançar nessa prioridade em todos os
sentidos).
Ainda prevalece a metodologia hierárquica em vez da comunional no discernimento
e nas tomadas de decisão. Daí porque se fazem necessárias novas lideranças para novas
ideias e novos discernimentos (processo de claro de sucessão pastoral). A comunidade,
desse modo, quase nunca é ouvida para algumas decisões: há ausência de métodos e
processos para isso (o “normal” é a verticalidade).
Solicita-se o retorno do processo de constituição e animação dos Conselhos
Missionários Pastorais (Paroquiais e da Comunidade).

4.11 – Formar-nos na sinodalidade


Reconhece-se que há iniciativas de formação na Diocese, mas muito ainda ao
modo conteudista-teológico (repasse de conteúdo e não experiências
transformacionais/aplicadas). A formação, nesse sentido, precisa ser processual,
sistemática e específica para cada campo de trabalho pastoral e não genérica e ampla.
Não se pode compreender e atualizar a experiência da sinonalidade se prescindimos
do encontro pessoal com Jesus Cristo que gera comunhão. Cabe aqui novamente a
percepção de que mais “esperamos” do que vamos ao encontro: talvez este seja um sinal
de que nossa experiência de encontro pessoal não esteja sendo realmente efetiva.
Por fim, é necessário formalizar em nível diocesano o compartilhamento das
experiências e a observação das boas práticas eclesiais para o avança gradual e
progressivo de todas as nossas comunidades, em unidade.

- 8-
Diocese de São José dos Pinhais
Preparação para a V ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL – 11 de novembro de 2023

Você também pode gostar