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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

UNIDADE I

O SOLO

1 – HISTÓRICO
O solo é considerado um componente essencial para a grande maioria das
forma de vida em nosso planeta. Existem algumas teorias que chegam inclusive a
postular a interferência da argila no surgimento da vida na terra. Com muita razão o
solo é imprescindível na vida do homem, pois é dele que se retiram alimentos, se
constróem abrigos, se locomovem os animais e o homem, finalmente é nele que a
maioria das formas de vida repousam quando morrem.

A evolução da vida do homem pode ser definida por duas fases bem
demarcadas: antes e depois da descoberta da importância do solo. Antes o
relacionamento do homem com o solo era quase unilateral, o homem extraía dele ou
dos animais que sobre ele viviam tudo que necessitava para sua sobrevivência. Dessa
forma, caçando ou apanhando frutos e raízes silvestres, o homem viveu intensamente
sua fase extrativista na face da terra.

A partir do momento que o homem foi pressionado pelo aumento da população,


sentiu necessidade de produzir mais alimentos e foi quando descobriu o solo. Surge
assim, a segunda fase importante de sua existência. Nessa fase ele sente necessidade
de entender melhor porque em certos locais plantava e quase não colhia nada, ao
passo que em outros a colheita se revelava abundante, proporcionando fartura para
seu povo. Começou assim, de forma incipiente, o estudo do solo.

O desenvolvimento do que mais tarde se tornaria uma ciência foi bastante


lento. As teorias que tentavam explicar os fenômenos que ocorriam no solo eram
bastante rudimentares. Inicialmente todas as formas foram voltadas para o estudo da
produção de alimentos através do crescimento das plantas. Esse conceito evoluiu para
aquele no qual a água lamacenta permitia o melhor desenvolvimento das plantas. Daí
passou-se para o conceito de que o “húmus” ou princípio ativo vindo dos animais e
vegetais mortos eram os responsáveis pelo crescimento das plantas.

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Finalmente em 1840 o cientista alemão Justus Von Leibig, mostrou que o


crescimento dos vegetais vinha dos minerais existentes no solos, da água e do gás
carbônico. O mesmo cientista postulou a lei dos mínimos crescentes para explicar a
produtividade das culturas. Segundo esta lei a produção de uma planta estaria sempre
restrita ao elemento nutritivo de menor disponibilidade no solo. Mais tarde essa lei foi
complementada pela teoria de que não somente a disponibilidade de um determinado
nutriente seria o fator regulador da produtividade, mas também as inter-relações de
disponibilidade dos diferentes elementos seriam importantes. Desta forma, para cada
nível de produtividade, duma cultura específica, existe uma combinação de
disponibilidade de nutrientes ideal. Na Figura 1.1 é apresentada, segundo Liebig, como
a produção estaria regulada pelo elemento de menor disponibilidade, neste caso sendo
o Mg o limitante. Também na mesma Figura 1.1 apresenta-se a complementação da lei
mostrando que as inter-relações são as importantes na produção das plantas.

Figura 1.1 - Desenho representativo da lei de Liebig e a complementação.

Simultaneamente outras ciências como a Química, a Física, a Biologia e


principalmente a Geologia permitiram um maior aprofundamento na evolução do
conhecimento do solo. A geologia, pela sua maior proximidade física, ao estudar os
minerais e as rochas proporcionou um grande impulso no estudo do solo.

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Em 1883 o cientista russo V. V. Dokuchaev publicou um trabalho sobre os


solos da Rússia, esse trabalho seria mais tarde a base para o estudo da ciência do
solo. Dukuchaev desenvolveu a primeira classificação científica de solos e por isso ele
pode ser considerado o “Pai da Ciência do Solo”.

Hoje tem-se o entendimento do solo como sendo um corpo natural organizado,


com características próprias, que evolui através de estágios de gênese, maturação e
degradação. Em sendo um corpo natural organizado, pode ser estudado
separadamente e ser motivo da existência de um ramo da ciência conhecido como
PEDOLOGIA.

2 – Conceito do Solo

“Solo é um corpo natural, trifásico, aberto e formado por


constituintes minerais e orgânicos, diferenciado em horizontes de
profundidades variáveis, que diferem do material subjacente em
morfologia, propriedades físicas e constituição, propriedades
químicas e composição e em características biológicas”.

Esse conceito de solo permite distinguir o solo como um corpo natural


diferenciado de uma simples camada de material intemperizado na superfície da crosta
terrestre. As características que distinguem o solo do material simplesmente
inconsolidado fazem com que exista possibilidade da presença de vida no solo. Por
isso, onde não houver possibilidade de vida na camada mais superficial da crosta não
pode ser considerado como solo.

Analisando-se, com maior aprofundamento, o conceito de solo pode-se


perceber que o mesmo em sendo um corpo natural possui uma estrutura anatômica, e
deve ser encarado como um espécime anatômico que merece ser descrito de maneira
detalhada. Comparativamente a descrição de um perfil do solo representa a descrição
em nível macro do corpo humano, sendo que sua caracterização química, física,
mineralógica e biológica corresponde à dissecação total de todos os órgãos do corpo
humano.

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O solo é considerado um sistema trifásico, por ser constituído por: uma fase
sólida (minerais e matéria orgânica), uma fase liquida (solução do solo) e outra fase
gasosa que representa a atmosfera do solo. As três fases do solo têm um papel
importante na produção das culturas. A proporção ideal, dessas três fases, que
proporcionam melhores produtividades, são representadas na Figura 1.2, onde pode-se
observar que aproximadamente 45% do volume do solos é composto pela chamada
porosidade do solo (água + ar) e 55% de sólidos.

Essa proporção de 55:30:15 de sólida:liquida:gasosa, é de suma importância. A


fase sólida aporta às plantas a maior parte dos nutrientes necessários para as culturas.
A fase liquida é a via de transporte por excelência dos nutrientes, sendo este, o meio
onde se desenvolvem a maioria das reações químicas do solo e, também serve como
um agente protetor do calor através da evapotranspiração; para ter-se uma idéia, para
evaporar 1 g de água em condições ambientais de temperatura e pressão são
necessárias 525 kcal, esse valor também é chamado de calor específico da água. A
fase gasosa é também da maior importância pois as raízes, em sendo corpos vivos,
necessitam do oxigênio, captado mediante a respiração, para assim poder oxidar os
açucares amidos etc., e ter a energia necessária para a manutenção da vida. A
concentração de elementos na atmosfera do solo é muito semelhante à atmosfera da
terra, decorrente do elevado poder de difusão do seus componentes.
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O solo é considerado um sistema aberto (Figura 1.3) porque está inserido no


meio de um processo dinâmico, no qual as perdas e ganhos são contínuas. Existe
continuamente o ganho de materiais por deposição de sedimentos transportados de
outros locais, geralmente de locais situados na paisagem em cotas topográficas mais
elevadas e a perda de material superficial por escoamento (erosão superficial) e
subsuperficial por percolação (lixiviação). Também a energia que atinge o solo,
proveniente principalmente da luz solar, também é dissipada.

A Figura 1.3 mostra um diagrama representativo dessas perdas e ganhos,


característicos de um sistema aberto.

ENERGIA
D ÁGUA
E
P
O E
S R
I O
Ç BIOCICLAGEM S
à Ã
O O

TRANSFORMAÇÕES
S

INTEMPERISMO
GEOQUÍMICO LIXIVIAÇÃO

Figura 1.3 – Representação do solo como um sistema aberto

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O ganho da água se realiza por meio da precipitação/infiltração e sua perda se


produz por meio da evaporação, evapotranspiração e percolação através do perfil. As
transformações que ocorrem no corpo do solo, através do intemperismo, são
caracterizadas por perdas e ganhos, como perda de um mineral primário e ganho de
um secundário e assim por diante. Da mesma forma a biociclagem dos nutrientes é um
rico processo de perdas e ganhos, neste sentido pode mencionar-se como exemplo
típico a subsistência da exuberante floresta Amazônica em solos geralmente muito
pobres. O intemperismo geoquímico proporciona ao solo um suprimento de novos
materiais, pelo avanço da frente de intemperismo em profundidade, ao passo que a
lixiviação faz uma lavagem do perfil o que provoca perdas de diversos materiais.

O funcionamento do solo como um sistema aberto, oposto ao sistema


confinado, é de vital importância para seu desenvolvimento. Uma série de reações
biogeoquímicas que se processam no solo são favorecidas principalmente pela retirada
forçada dos produtos formados.

O solo apesar de ser um sistema aberto está, geralmente, em equilíbrio com o


ambiente, sendo esse um equilíbrio dinâmico no qual continua existindo o balanço
natural de perdas e ganhos. O equilíbrio dinâmico tende a se manter na medida em
que a taxa de formação do solos é semelhante à taxa de erosão.

Como pode-se observar esse equilíbrio por ser dinâmico pode ser modificado
pelas intervenções antrópicas podendo, na maioria das vezes, favorecer o sentido das
perdas. Existe uma linha de pesquisadores, na área de solos, que afirmam não existir,
ainda, com os sistemas de exploração do solo existentes, nenhuma forma de uso
econômico do solos que não seja degradante, sendo umas de maior intensidade e
outras de menor.

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UNIDADE II

NOÇÕES DE ROCHAS E MINERAIS

1 – Introdução

Acredita-se que a terra deve ter iniciado sua formação como uma poeira
cósmica, que se matinha em movimento por meio de correntes de convecção internas.
Próximo dos 3.000 0C, certas substâncias começaram a liquefazer-se e concentrar-se,
no centro da terra, sendo que, o início desse processo deve ter começado pelo ferro,
isso por ser ele dos elementos mais pesados, depois vieram o silício e óxidos
metálicos. Dessa forma deram origem ao núcleo e ao manto. Quando a temperatura da
terra diminui, também a irradiação de calor para o espaço foi reduzida, sendo que entre
1.500 e 800 0C, começou a solidificação da crosta. A partir desse momento geológico,
a atmosfera formou-se lentamente, sendo que, no início, estava composta de vapor
d’água, amoníaco e óxido de carbono. Dessa forma, a água dos atuais oceanos estava
concentrada, em parte, na atmosfara e, em parte, no interior das rochas.
Assim, tem-se a terra constituída exclusivamente de rochas ígneas ou
magmáticas, sendo que essas rochas foram e ainda são, nos nossos dias, formadas do
magma, ou seja, derivadas de rochas fundidas a temperaturas oscilando entre 1.500 e
800 0C que sobem à superfície atual desde o interior da crosta, derramando-se sob a
forma de lava (vulcanismo) ou mesmo solidificando-se entre as fraturas pelas quais
subiram (plutonismo).
Uma vez que a crosta se solidificou e a atmosfera continuava resfriando-se,
a seguinte mudança significativa ocorreu aos 374 0C, na crosta terrestre, ou seja à
temperatura crítica da água, quando o vapor d’água atmosférico se condensaria e se
precipitaria em forma de chuva, iniciando pelas regiões mais frias do globo. Acredita-se
que esse deve ter sido o primeiro momento que caiu água sobre a crosta. Essa água,
por sua vez, foi desgastando a crosta (erosão) e os sedimentos foram acumulando-se
nas primeiras depressões, formando assim os primeiros mares.

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Dessa forma, quase simultâneamente, começa a formação das rochas


sedimentares. Esse processo pode ser descrito da seguinte forma: a ação da água que
caia e escorria reduzia as rochas ígneas a fragmentos de diversos tamanhos, os quais
eram transportados e depositados juntamente com materiais de texturas mais finas nas
depressões preenchidas pela água. Desde aquele primeiro momento até hoje, o
processo de formação continua pela ação da erosão, transporte, deposição e
consolidação, tendo como agentes a chuva, os rios, o vento e a força da gravidade.
Uma vez a crosta solidificada e as rochas mantidas quentes, logo abaixo
(manto), surgem outros fenômenos, derivados do fato que o manto, entre as
profundidades de 70 e 700 km em direção ao centro da terra (núcleo), contínua
esfriando-se. Isto causa uma contínua modificação no volume (diminuição) e
consequente enrugamento da crosta, o qual produz fraturamentos e dobramentos das
suas rochas, onde pelos fraturamentos sobe o magma originando os vulcões. As
variações de temperatura das diferentes camadas do planeta são as responsáveis pela
instabilidade da crosta terrestre e movimentos dos continentes (tectonismos). Os
fraturamentos, os dobramentos, os fenômenos vulcânicos e a migrações dos
continentes, produzem deformações nas rochas tanto ígneas como sedimentares,
essas deformações atuam em forma de esforços ou pressões com consequente
elevação da temperatura, imprimindo às rochas, a elas submetidas, características
próprias e sendo denominadas de metamóficas, as quais se originam das ígneas e das
sedimentares como as mais jovens.

Essas transformações das rochas regem-se por processos geológicos


internos (endógenos) e externos (exógenos) que podem ser reunidos num ciclo de
processos que agem continuamente sobre a matéria exposta na superfície da terra.
Começando pelo lado superior (exógeno) com o intemperismo, isto é,
redução das rochas expostas na superfície da crosta terrestre, sob a influência de
agentes químicos e físicos. O material desagregado por sua vez pode ser transportado
pela ação da gravidade, do gelo, do vento a um novo lugar de deposição mais ou
menos distante, onde então se processa a sedimentação ou acúmulo de material.
Dessa forma se originam as rochas sedimentares, especialmente quando acumulam-se
sucessivamente em depressões da crosta terrestre. As porções mais profundas desse
pacote de sedimentos sofrem assim maior compactação por causa da pressão exercida
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pela massa rochosa sobreposta. Com isso, eventuais poros podem conter liquídos que
quando comprimidos sofrem as primeiras mudanças. O conjunto desses processos,
resultado de uma compactação cada vez maior dos sedimentos, é denominado de
“diagênese”.
As rochas que sofreram diagênese, como também os sedimentos
inconsolidados podem sofrer, novamente, a ação do intemperismo quando expostos
decorrente dos processos de levantamento que atuam na crosta terrestre, constituindo
assim as elevações. Dessa forma, se fecha o primeiro ciclo exögeno, composto de:
Erosão, transporte e sedimentação.

Existe por sua vez outro ciclo ou endógeno composto da transformação


mineralógica da rocha condicionada, principalmente, pelo aumento da temperatura e da
pressão no local onde as rochas foram depositadas, o que por sua vez pode produzir
desde dedobramentos até o metamorfismo das rochas. O material metamórfico pode
sofrer ascensão e assim ser exposto ao intemperismo ou a temperatura aumentar
mais, resultando na fusão completa do material no processo, passando a chamar-se de
anatéxis. Sob fusão esse material pode subir e derramar-se sobre a superfície da
crosta terrestre como produto vulcânico, ou permanecer no interior da crosta
consolidando-se em câmaras denominadas plutônicas.

2 - Conceito

É um agregado natural formado por um ou mais minerais, inclusive vidros


vulcânicos e matéria orgânica, de composição mais ou menos constante,
individualizado e que faz parte da crosta terrestre.

3 - Divisão

De acordo com a origem e modo de formação:

Rochas Magmáticas ou Ígneas


Rochas Sedimentares e
Rochas Metamórficas .

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4 – Magma

É um fluído muito quente, predominantemente constituído por uma fusão de


silicatos e apresentando proporções variadas de água, elementos voláteis ou de
cristais em processo de crescimento.

Composição Físico-Química do Magma

As rochas magmáticas ou ígneas apresentam em sua composição química o


silício como elemento dominante (tabela 1):

(a) Fase líquida - mantida em fusão pela temperatura elevada, constituída


essencialmente por uma solução mútua e altamente complexa de um grande
número de componentes, a maior parte das quais de natureza silicática;

(b) Fase gasosa - mantida em solução por pressão, constituída predominantemente


por H2O, e quantidade menores de CO2, HCl, HF, SO2, etc.;

(c) Fase sólida - formada por cristais de composição essencialmente silicática, em


fase de crescimento ou de natureza residual, assim como de fragmentos de rocha.

Tabela 1 - Composição química das rochas ígneas em base de peso, volume e


como óxidos.
Elemento Peso (100g) Volume (%) Óxido %

Si 46,42 91,83
O 27,59 0,83 SiO2 59,14
Al 8,08 0,79 Al2O3 13,34
Fe 5,08 0,58 Fe2O3 + FeO 6,88
Ca 3,61 1,50 CaO 5,08
Na 2,83 1,64 Na2O 3,84
K 2,58 2,19 K2O 3,13
Mg 2,09 0,58 MgO 3,49
Fonte: Besoain (1985)

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Origens e tipos fundamentais de magma

De um modo geral, considera-se que existem apenas dois tipos


fundamentais de magmas primários, ou seja, de magmas a partir dos quais se podem
formar outros tipos, por diferenciação:

(a) os magmas graníticos;


(b) os magmas basálticos.

Os primeiros formam 95% das rochas plutônicas, intrusivas e o segundo tipo


constituem 98% das rochas vulcânicas, efusivas.
Os magmas graníticos caracterizam-se, entre outros fatores, por uma
composição mais rica em SiO2 (da ordem de 70%) e os basálticos, por uma proporção
menor de SiO2, inferior a 50%.

Viscosidade - Os magmas graníticos são mais viscosos do que os basálticos, já que a


viscosidade parece aumentar com o teor de SiO2. Isto se reflete característicamente na
maneira pela qual ocorrem os fenômenos de vulcanismo associados a essas rochas.
Além disso, a viscosidade depende também da temperatura e pressão, diminuindo com
o aumento destes fatores.

Tipos de atividades magmáticas

O magma, uma vez formado, pode apresentar grande mobilidade, tendendo


a ascender ao longo de fissuras da crosta, deslocando as rochas vizinhas, podendo,
eventualmente, extravasar à superfície ou então solidificar-se no interior da crosta.

Plutonismo - quando a consolidação do magma se dá no interior da crosta terrestre,


originando as rochas plutônicas ou intrusivas (textura fanerítica); Estas
rochas ascendem por movimento tectônico ou pelo intenso intemperismo.

Vulcanismo - quando o magma irrompe e derrama-se à superfície para formar rochas


vulcânicas ou efusivas (textura afanítica) ;

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Hipoabissal - quando o resfriamento do magma se dá em dois tempos, resfriamento


brusco à superfície e um resfriamento mais lento no interior da crosta
terrestre (apresentam uma matriz afanitica ou seja minerais em textura
afanítica e minerais grandes encorostados)

5. ROCHAS MAGMÁTICAS

São originadas da massa ígnea do interior da crosta terrestre, ou seja são


produtos da consolidação do magma pelo seu resfriamento. Elas são classificadas por
meio das características, principalmente, as macroscópicas com base na textura,
composição mineralógica e química:
(a) São em geral rochas duras;
(b) Os cristais se dispõem por justaposição;
(c) Não apresentam estruturas segundo faixas ou camadas;
(d) São maciças e quebram-se de forma irregular;
(e) Apresentam textura cristalina, vítrea ou vesicular;
(f) Não apresentam fósseis;
(g) Apresentam alto teor de feldspatos

Critérios de Classificação

(A) Modo de Ocorrência - é um critério de campo e está relacionado ao plutonismo e


vulcanismo.

(B) Textura é definida por meio de pelo menos três parâmetros:

i - Grau de cristalização:
I - Totalmente cristalizada ou hocristalina;
II - Parcialmente cristalizada ou hipocristalina;
III - Não criatalizada ou vítrea;

ii - Tamanho dos cristais:


I - Afanítica - quando os minerais constituintes não podem ser percebidos a olho nu;
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II - Faneríticas - quando os minerais constituintes podem ser percebidos a olho nu.


III - Porfirídicas - textura na qual existem cristais maiores e mais bem formados
envoltos por um aglomerado, freqüentemente afanítico, ou de minerais menores.

iii - Tamanho e relação mútuas entre os cristais:


I- Equigranular - quando os cristais tem aproximadamente o mesmo tamanho;
II - Ineqüigranular - quando as partículas constituintes apresentam dimensões bem
diferentes (textura porfirídica).

A textura diz respeito ao tamanho, à forma e arranjamento dos minerais dentro


da rocha. A ocorrência de texturas diferentes nas rochas magmáticas é devido a
localização onde o magma sofre resfriamento. Quando o resfriamento ocorre a alguns
quilômetros abaixo da superfície terrestre, o magma solidifica vagarosamente porque a
perda de calor é lenta. Esse resfriamento ocorre na presença de substâncias voláteis
aprisionadas, o que leva a uma cristalização mais perfeita dos minerais. Surge assim
cristais maiores dando às rochas uma textura mais grosseira. Essas rochas são
chamadas de Faneríticas. Quando o magma se resfria na superfície da crosta através
do extravasamento, a temperatura e a pressão caem rapidamente, não são
aprisionados voláteis e não existe condições favoráveis à cristalização dos minerais.
Estas rochas têm então textura fina e são chamadas Afaníticas.

(C) Estrutura
As estruturas são aspectos megascópicos que podem ser observadas em
amostras grandes ou no campo, não tem uma subdivisão sistemática e são mais
conspícuas nas rochas efusivas. As mais comuns sâo:
I - Vesicular e Amidalóide
II - Estrutura em blocos e brechas de fluxo;
III - Estruturas fluídas
IV - Estruturas de fraturação primária

(D) Composição Química

Quanto a composição química as rochas podem ser classificadas com base


no teor de sílica:

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 Rochas ácidas :  Rochas básicas :


SiO2 > 65% SiO2 entre 52 - 45%
.  Rochas neutras :  Rochas Ultrabásicas :
SiO2 entre 65 - 52% SiO2 < 45%

Tabela 2 - Classificação das rochas quanto a composição química em relação a


sua origem

Classificação Composição Química (SiO2)


Ácida Semiácida Semibásica Básica
Vulcânica Riolito Traquita Andesita Basalto

Hipabissal Pórfido Pórfido Pórfido Diorito Diabasio


Granito Sienito

Plutônica Granito Sienito Diorito Gabro


Fonte: Besoain (1985)

(E) Composição Mineralógica

Diz respeito à presença de minerais que aparecem na composição das


rochas permitindo sua distinção e classificação. Aqueles que aparecem
obrigatoriamente são chamados essenciais e os que podem ocorrer ou não são
denominados de acessórios.
Os minerais mais comuns nas rochas ígneas são de dois grupos: aqueles
ricos em silício e alumínio chamados Siálicos (Feldspatos-K, Plagioclásios, Quartzo,
Muscovita ... etc.) e aqueles ricos em magnésio e ferro chamados Máficos ou Ferro-
magnesianos (Olivinas, Piroxênios, Anfibólios, Biotita ... etc.).

 Quartzo - cor clara, é silica livre cristalizada, por isso as rochas com quartzo tendem
a ser ricas em sílica, sendo por consegüinte ácidas;
 Feldspatos - cor clara, contém pouca silica em sua composição. Assim as rochas
sem quartzo, mas com felsdspatos são geralmente intermediárias à basicas.
 Minerais Ferromagnesianos (Anfibólios e os Piroxênios) - são de coloração
escura, contém pouca sílica, conseqüentemente, quanto maior a sua
proporção em relação aos fedspatos, mais a rocha tende a ser básica. As
rochas ultrabásicas contêm quase que só minerais ferromagnesianos.
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Outros exemplos de rochas magmáticas:

 Granito .  Basalto .  Gabro  Diabásio

Importância: São muito importantes na fertilidades de muitos solos brasileiros, em


especial, os formados de rochas magmáticas básicas e ultrabásicas.

6. ROCHAS SEDIMENTARES

São oriundas do acúmulo de outras rochas que lhes precederam. Se formam


devido a destruição natural ( intemperismo ) de todas as rochas na camada mais
superficial da litosfera. O material assim originado pode ser transportado e depositado,
seguindo-se sua transformação em rocha (Figura 6.1).

Rocha Preexistente
(Ígnea, Sedimentar ou Metamórfica)

Desintegração Física
Fragmentos de todos os tamanhos (detritos)

Decomposição Química
Soluções de Ca, Mg, Na, k, SiO2, colóides, argilas e óxidos.

Transporte e Distribuição
(vento, gravidade, água, geleiras, organismos, rios, mares, etc.)

Rochas Sedimentares

Figura 6.1 – Processo de formação das rochas sedimentares

Podem ser classificadas em : Clásticas, Químicas e Orgânicas.

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 Rochas Sedimentares Clásticas ou Detríticas  arenitos conglomerados,


folhelhos, etc.

 Rochas Sedimentares Químicas e Orgânicos  Calcários dolomíticos, sal, carvão.

O início de tudo é o intemperismo, o qual decompõe químicamente ou desintegra


mecanicamente as rochas mais antigas transformando-as em sedimentos e solos.

Transformações químicas importantes que ocorrem durante o intemperismo:

d) Parte de seus constiuintes são dissolvidos e carregados pelas águas de infiltração


(Ca, Mg, Na, K e Fe principalmente), de modo que esses materiais só vão
precipitar-se sob a forma de sedimentos químicos;
b) Parte dos minerais, como os feldspatos, anfibólios, micas, etc. são transformados
em argilominerais;
c) O quartzo e uns poucos minerais, como a ilmenita, granada e monazita, não se
alteram e permanecem nos solos sob a a forma de grânulos duros e areia;
d) Quando o intemperismo é completo, restam ainda no solo fragmentos mais
resistentes de rocha. Assim, o intemperismo transforma as rochas em solos
residuais formados por uma mistura de argila, areia e fragmentos de rocha.

Erosão, transporte e sedimentação

Esses materiais são então transportados pelas chuvas, rios, ventos etc. que
finalmente os redepositam. Os depósitos formados são denominados de sedimentos
clásticos ou detríticos.
Durante o transporte, esses materiais são separados uns dos outros pelos agentes
de transporte em função do tamanho e da dureza das partículas, de sorte que os
sedimentos por fim formados são constituídos (mais ou menos separadamente) por
argila, areia ou cascalho.
Dessa forma, os dois tipos principais de sedimentos que resultam deste ciclo são
os sedimentos químicos e os sedimentos clásticos.
Uma terceira categoria de sedimentos pode ser adicionada às duas primeiras: os
sedimentos orgânicos, os quais em princípio, também são sedimentos químicos ou
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clásticos, mas apresentam a particularidade de terem sido originados da intervenção ou


da acumulação de restos de esqueletos e carcaças de seres vivos.

Fenômenos de Litificação

Os sedimentos recém formados são moles e incoerentes como a areia de uma


praia ou a argila de um manguesal. Com o passar do tempo e a evolução geológica,
entretanto, especialmente em zonas em que a crosta está sofrendo um afundamento
lento, novas camadas de sedimentos vão se acumulando sobre as mais antigas e
assim vão se criando espessas formações de sedimentos que podem atingir centenas
e até milhares de metros de espessura.
Sob o efeito do peso e consequentemente da pressão que as novas camadas vão
exercendo sobre as camadas mais antigas, a água é expulsa e os sedimentos vão
endurecendo, sofrem litificação, até atigiram a forma de rocha dura: a rocha
sedimentar.
Este fenômeno de litificação ou diagênese se processa de várias maneiras. Os
sedimentos argilosos, por exemplo, litificam-se por compactação. Já a areia das praias
endurece principalmente pela introdução de substâncias cimentantes: carbonato de
cálcio, óxidos de ferro, sílica, etc.

As rochas sedimentares químicas se originam da precipitação de substâncias


contidas em solução nas águas dos mares ou lagoas salgadas, ou por precipitação de
substâncias solúveis, transportadas pelas águas, após saturação.

Consolidação dos Sedimentos

Compactação - Redução volumétrica, causada principalmente pelo peso das camadas


superpostas e relacionadas com a diminuição dos vázios, expulsão de líquidos e
aumento da densidade da rocha. É o fenômeno típico dos sedimentos finos, argilosos.

Cimentação - Deposição de minerais nos intertícios do sedimento produzindo a


colagem das partículas constituintes. É o processo de agregação mais comum nos
sedimentos grosseiros e arenosos. Tipos de cimentos: argiloso, calcário, ferruginoso,
silicoso, etc.

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Recristalização - Mudança na textura por interferência de fenômenos de crescimento


dos cristais menores ou fragmentos de minerais até a formação de um agregado de
cristais maiores.

De acordo com a natureza, o tamanho e o tipo de deposição dos sedimentos, as


rochas sedimentares podem ser classificadas em:

 Clásticas: Residuais – depósitos de material solto, sem coesão (Areia


quartzífera)
Epicásticas  depósito de material detrítico consolidado :
Psefitos (partículas > 2 mm - conglomerados);
Psamitos (partículas de 2 – 0,05 mm -
arenitos); Pelitos (partículas < 0,05 mm –
siltitos, argilitos)
 Piroclásticas : consolidação de material sólido lançados aos ares pela
atividade vulcânica : Brecha Vulcânica – formada de
blocos dentro de uma matriz de tufo;
Tufo Vulcânico – consolidação de cinzas (Tufitos)
 Químicas: Evaporitos (formadas por precipitação de sais contidas na
água, após sua evaporação)
De atividade Bioquímica (Formada pela atividade de
organismos vivos que transformam os sais
solúvies em insolúveis, precipitando-o.

 Orgânicas: Caustobiólitos (rochas orgãnicas combustíveis – Petróleo,


hulha, turfa)
Acaustobiólitos (não combustíveis : Carbonatadas,
Silicosas, Fosfatadas)

 As clásticas provém de sedimentos mecânicos, originários de processos de


fragmentação ou de quebra de outras rochas.
Exemplos: Brechas, Conglomerados e Arenitos

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19

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 As rochas químicas se originam da precipitação de substâncias contidas em


solução nas águas dos mares ou lagoas salgadas, ou por precipitação de substâncias
solúveis, transportadas pelas águas, após a saturação.
Exemplos: Sal-Gema, Gipsita, Calcários, etc.

 As rochas orgânicas, são derivadas de resíduos orgânicos de qualquer


natureza.
Exemplos: Turfa e Petróleo

Importância : apresentam grande importância na formação dos solos brasileiros. Solos


formados de argilitos tem altos teores de argila; os derivados de arenitos dependendo
do agente cimentante apresentam fertilidade diferentes, os arenitos calcáeos tendem a
serem mais férteis em relação aos arenitos silicosos e ferruginosos.

7. ROCHAS METAMÓRFICAS

São rochas que surgem do metamorfismo (transformação) de outras rochas,


seja elas magmáticas, sedimentares ou mesmo metamórficas. O metamorfismo se
deve principalmente ao calor, pressão e fluídos e ocorre no interior da crosta terrestre.
O metamorfismo pode levar a rocha a sofrer alterações apenas físicas como
crescimento dos cristais, ocasionando novas texturas; ou a alterações químicas como o
surgimento de novos minerais por recombinação; ou física e química simultâneamente.

Tipos de Metamorfismos:

a) Metamorfismo regional - desenvolve-se em regiões que sofreram tectonismo


intensivo, isto é, compressões e dobramentos de extensas áreas da crosta com
vigência de pressões orientadas (cisalhamento) e temperaturas muito elevadas. Em
geral, as rochas que sofreram este tipo de metamorfismo ocorrem em áreas que
existem ou existiram grandes cadeias montanhosas, fazendo parte dos escudos
cristalinos.
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20

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

b) Metamorfismos de contato - desenvolvem-se ao redor de corpos ígneos


intrusivos (como batólitos), que cedem parte de sua energia térmica as rochas
vizinhas encaixantes. Em consequência, as rochas assim metamorfisadas
apresentam-se em auréolas envolvendo o corpo ígneo. Essas auréolas possuem no
máximo algumas centenas de metros de espessura. O fator dominante na sua
formação é a temperatura e as soluções gasosas que emanam do corpo ígneo,
enquanto a pressão tem um papel secundário.

Estrutura das Rochas Metamórficas

Estrutura xistosa - estrutura resultante da orientação dos minerais


(geralmente micáceos). As dimensões dos minerais das rochas metamórficas são, em
geral, tanto maiores quanto mais intenso foi o metamorfismo. Assim , rochas xistosas
pouco metamorfisadas podem apresentar minerais imperceptíveis (ardósias e filitos),
assemelhando-se bastante aos sedimentos de granulação fina dos quais se originaram.
Rochas mais metamorfisadas apresentam cristais bem visíveis, como é o caso dos
micaxistos.
Formas lamelares - quando o sedimento original é formado por minerais
com pouca tendência ao desenvolvimento de por cristalização (como é o caso do
quartzo e da calcita).
Granulares - quando o metamorfismo se dá sem pressões orientadas (
como o metamorfismo de contato), as estruturas que se formam não são orientadas -
características de rochas como quartzitos, mármores,etc.
Gnáissica - quando numa rocha se alternam estruturas xistosas (geralmente
faixas de minerais micáceos escuros) e estruturas granulares (faixas ou lentes de
quartzo e feldspato), e as rochas que as apresentam são os gnaisses.

Exemplos:

Gnaisse – formado do metamorfismo do granito, constituem a quase totalidade do


embasamento cristalino brasileiro. Constituído de quartzo, feldspato e mica (biotita)

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Quartzito – muito importante na construção civil, formados do metamorfismo do


arenito.

Ardósia – derivada do metamorfismo de argilitos e siltitos

Micaxisto – constituídos de micas muscovitas e biotitas

Mármore – derivado do metamorfismo dos calcários por recristalização. Constituídos


de calcitas e dolomita, podendo ser utilizados como corretivos e construção civil.

8 – MINERAIS

8.1. Conceito
É um elemento ou composto químico resultante de processos
inorgânicos, de composição química definida, estrutura interna ordenada e encontrado
naturalmente na crosta terrestre.

8.1.1. Minerais Primários : são formados a partir de elevadas temperaturas e são


geralmente derivados de rochas ígneas e metamórficas. Estes minerais
não foram submetidos a qualquer alteração química. Ex.: Quartzo,
Feldspato, Mica, anfibólios, piroxênios, etc..

8.1.2. Minerais Secundários - são formados por reações a baixas temperaturas e são
inerentes de rochas sedimentares ou formados em solos
intemperizados. Estes minerais sofreram alterações físicas e químicas
em suas estruturas. Ex.: argilas, óxidos de ferro, óxidos de alumínio,
etc..

8.2. Proporção dos Minerais no Solo

 Minerais Primários - formam a fração mais grosseira

Areia + Silte = Minerais Primários


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22

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Minerais Secundários - formam a fração mais fina


Conteúdo de Argila =  Minerais Secundários

8.3. Importância da mineralogia

Uma das propriedades principais do solo é, sem dúvida, a de fornecer elementos


essenciais ao desenvolvimento e produção dos vegetais. A sua riqueza em Ca, Mg, K,
P e S, depende, entre outras coisas, da composição química e mineralógica da rocha
matriz. Entretanto, esta propriedade do mineral de fornecer nutrientes, não se prende
somente as quantidades que contenha desses elementos, mas em particular ao clima e
a facilidade com que se tornam em condições de serem assimilados pelos vegetais. Os
minerais podem apresentar composição química a mais favorável possível e serem
desprovidos de importância agrícola em virtude da resistência que oferecem à
solubilização de seus constituintes químicos, dificultando ou mesmo impossibilitando o
seu aproveitamento pelo vegetais. É o caso da mica moscovita, que por ser
extraordinariamente resistente ao intemperismo químico, mesmo em climas quentes e
úmidos, não se decompõe, fracionando-se somente devido à fácil clivagem que
apresenta. Esta estabilidade química da moscovita reduz, portanto, sua importância
como reserva mineral no solo, devido impedir que o elevado conteúdo de K que possui,
da ordem de 10,5% de K2O seja mobilizado e colocado em condições de ser
assimilado pelas plantas.

Inúmeros são os minerais que desempenham o importante papel de fornecedor


de nutrientes às plantas. Entretanto, poucos são aqueles capazes de apresentar
importância agrícola, pois nem todos podem ser considerados como fonte de
elementos nutritivos aos vegetais. Ocorrem minerais de composição química favorável,
mas que por serem pouco freqüentes nas rochas e nos solos delas decorrentes, não
são importantes, outros, embora freqüentes, são encontrados em pequenas
quantidades e não podem ser considerados como fornecedores permanentes de
elementos essenciais às plantas; existem outros ainda que apesar de freqüentes e
abundantes são, por sua insolubilidade, inúteis à nutrição vegetal. Há, entretanto,

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

algumas espécies que são quimicamente capazes de fornecer elementos nutritivos em


quantidades suficientes para suprir as necessidades das plantas. A essas espécies de
valor agrícola juntam-se outras que, embora, quimicamente inertes do ponto de vista da
nutrição vegetal, como o quartzo, desempenham importante papel, sobretudo pela
abundância com que são encontrados nos nossos solos e pelo seus efeitos
decorrentes.

8.4. Divisão dos minerais primários

Minerais Silicatados (93%)

Unidade Básica

É dada pela combinação dos átomos de silício e oxigênio numa ordenação


estrutural tetraédrica, seguindo certos critérios entre os quais o principal é o raio iônico
(Tabela 3).

 = rcátio/ rânion ►► determina os diferentes poliedros de coordenação (Tabela 1)

Tabela 3 - Variação do Número de Coordenação com a Razão dos Raios Iônicos

= rcátio/ rânion Simetria dos ânions No de Coordenação


ao Redor do Cátion do Cátion

0,000-0,155 Linear 2

0,155-0,225 Vértices de um Triângulo


Equilátero 3

0,225-0,414 Vértices de um Tetraédro


Regular 4

0,414-0,732 Vértices de um Octaédro


Regular 6 (ou 4)

0,732--1,000 Vértices de um Cubo 8

Fonte: Besoain (1985)

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

No de Coordenação = é definido pelo número de ânions que circunda um cátion


central.

Raio iônico O = 1,32 Å ( 1 Å=10-8 cm)


Si = 0,39 Å
Al = 0,55 Å

= rSi/ rO = 0,295 = rAl/ rO = 0,416

Tipo de Ligação : Covalente - Iônica

Substituição Isomórfica (SI) : Si4+  Al3+ e do Al3+  Fe2+, Mg2+. Esta depende de:

posição no tetraédro ou octaédro


semelhança entre raios iônicos
neutralidade elétrica
ocorre no momento da gênese do mineral
SI é diferente de troca iônica

8.5. Classificação dos Minerais Silicatados

 É feita em função do arranjo das unidades tetraedrais. Os minerais silicatados


podem ser divididos e classificados nos seguintes grupos (ver tabela 4):

a) Nesossilicatos (Neso=Ilha)

os tetraedros ocorrem isolados, sem nenhum contato direto uns com os outros;
as ligações tetraedro/tetraedro se fazem através de metais (Fe, Mg, etc)
fórmula básica característica do grupo é o (SiO4)4-

Exemplos e Importância Agrícola

Granada

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

  (R2+, R3+Si3O12) R2+ = Ca, Fe, Mg, Mn R3+= Fe, Al, Ti, Cr
 uso em joelheria
 aparece na fração areia dos solos devido a sua grande resistência ao
intemperismo.

Zirconita

 (ZrSiO4)
 uso em joelheria

Topázio

 (AlSiO4) (F, OH)2


 uso em joelheria ( pedra de valor comercial elevado)

Olivina

 (Mg,Fe)2 SiO4
 mineral máfico ou ferromagnesiano típico
 componente de rochas básicas e ultrabásicas importantes na formação do solo
 apresenta fácil decomposição pelo intemperismo liberando elementos nutrientes
para o solo

b) Sorossilicatos (Soro = par)

 as unidades tetraédricas se ligam aos pares entre si


 esses pares se ligam a outros através de metais
 cada tetraedro compartilha um oxigênio com o outro
 são os silicatos de condensação mais simples
 fórmula química - (Si2O7)6-

c) Ciclossilicatos (Ciclo = círculo)

 cada tetraedro compartilha dois oxigênios com os tetraedros vizinhos


 os anéis ou cadeias fechadas podem ser formados por 3,4 ou 6 unidade
tetraédricasfórmula química - (SiO3)2-

Exemplos e Importância Agrícola

Benitoíta

 BaTiSi3O9 cadeia fecha com 3 tetraédros

Berilo

 Be3Al2Si6O18 - cadeia fecha com 6 tetraédros


 uso em joelheria -as variedades verdes são as esmeraldas
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 as variedades azuis são as águas-marinhas

Turmalina

 NaMg3Al6(OH)4(BO)3Si6O18
 importância agrícola - fonte de boro

d) Inossilicatos (Ino = corrente)

  Dois oxigênios de cada tetraédro são compartilhados, constituindo


uma corrente simples ou cadeias longitudinais de tetraédros
  Pode-se ter também a formação de cadeias múltiplas, onde várias

cadeias simples se unem através do compartilhamento do oxigênio
  as cadeias simples ou as cadeias duplas podem ser interligadas por

metais
  Nos inossilicatos de cadeia dupla, alguns tetraédros partilham 2
oxigênios e outro partilham 3 oxigênios
  as cadeias duplas ligam-se a outras através de metais
  Fórmula química - (Si4O11)6-
  o ponto de clivagem desses minerais é na ligação das cadeias
simples ou duplas pelos metais

Exemplos

i) Inossilicatos de Cadeia Simples

Piroxênios:
Ex.: Augita - Ca(Mg, Fe)SiO6
ii) Inossilicatos de Cadeia Dupla

Anfibólios
. Hornblenda - [(Ca, Na)2 (Mg,Fe)4 (Al, Fe) (Si3AlO11)2(OH)2]

Importância Agrícola

 minerais de fácil intemperização


 a clivagem é nas ligações entre as cadeias longitudinais
 ricos em elementos essenciais às plantas ( Ca e Mg )
 classificados como minerais máficos
 apresentam estrutura fibrosa

e) Filossilicatos (Filo = lâmina)

   Os 3 oxigênios de cada tetraedro são compartilhados com os


tetraedros vizinhos
   As camadas individuais superpostas são ligadas por forças
eletrostáticas dos íons metálicos presentes (ponto de clivagem)
   Fórmula química - (Si2O5)2-

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Exemplos

Pirofilita - Al2(OH)2Si4O10
Talco - Mg3(OH)2Si4O10

Importância Agrícola

 são utilizados como veículos para inseticidas

Micas:

Muscovita - KAl2(AlSi3O10) (OH)2

 . é a mica mais comum, chamada de mica branca ou malacacheta


 . Apresenta alta resistência ao intemperismo, daí ocorrer na fração areia
 . Usada na indústria como isolante elétrico

Biotita - K(Mg,Fe)3(OH,F)2Si3AlO10

.  é chamada de mica preta ou mica ferromagnesiana


.  Tem baixa resistência ao intemperismo, devido a presença do ferro em
sua estrutura
.  Os solos oriundos de rochas ricas em biotita raramente são deficientes
de K

Flogopita - KMg3(OH,F)2Si3AlO10 origina a vermiculita

Lepidolita - K2Li3Al3(OH,F)4Si8O20 fonte de Lítio

f) Tectossilicatos (Tecto = engradamento)

   Os 4 oxigênios do tetreaedro são compartilhados pelos tetraedros


adjacentes, formando um retículo tridimensional
   Fórmula química - (SiO2)0
   se não houver substituição isomórfica do Si por Al nos tetraedros,
haverá apenas Si e Al na estrutura - Quartzo (SiO2)
   se horver SI entrará íons metálicos na estrutura para manter a
eletroneutralidade, formando o grupo de minerais de extrema
importância agrícola, os felsdspatos

Quartzo - SiO2

.  variedade cristalina da sílica


.  presente em todos os tipos de rochas
.  a sua importância agrícola não se deve a sua qualidade como
fornecedor de nutrientes e sim como constituintes dos solos

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

.  na fração areia do solo o quartzo é abundante e tem influências nas


características físicas
.  é altamente resistente ao intemperismo, ao contrário dos outros
minerais, o quartzo sofre apenas desgaste físico, não se decompõe
quimicamente

Feldspato -

.  Por definição os feldspatos são aluminossilicatados que apresentam


metais alcalinos ou alcalinos terroso como Na, K, Ca, Ba e Sr em sua
constituição.
.  Constituem cerca de 60% das rochas ígneas
.  Pouco frequentes nas rochas sedimentares
.  Constituem fontes de minerais argilosos
.  Fornecem elementos úteis para as plantas (K, Ca etc)
.

 Feldspato Potássicos  Ortoclásio ou Ortósio - KSi3AlO8


 Feldspato Sódico  Albita - NaSi3AlO8
 Feldspato Cálcico  Anortita - CaSi2Al2O8

Série dos Plagioclásios  Cálcico-Sódico

Albita-Oligoclásio-Andesina-Labradorita-Bitwnita-Anortita
>90% (NaSi3AlO8) <10%
<10% (CaSi2Al2O8) >90%
Fedspatóide - Leucita (KSi2AlO6) e Nefelina (NaSiAlO10)

Minerais Não Silicatados

Carbonatos

Constituem um grupo de minerais cuja estrutura inclue o ânion (CO3)2-

a) Calcita - (CaCO3): encontra-se principalmente nas rochas calcáreas metamórficas,


como nos mármores e gnaisse.

b) Dolomita - CaMg(CO3): a dolomita é um carbonato de cálcio e magnésio que ocorre


frequentemente nas rochas sedimentares. Está geralmente ssociada a calcita.
Muitas dolomitas apresentam ferro em sua composição, devido a SI com o Mg.

Importância

 na indústria são utilizados na fabricação de cimento e cal


 na agricultura são utilizados como corretivos da fertilidade por fornecer Ca e Mg as
plantas e por corregir o pH do solo
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Sulfatos e Sulfetos

Constituem um grupo de sais bastante comuns, associados principalmente a


evaporitos, cuja característica é a presença do radical SO42- na sua estrutura.

a) Anidrita (CaSO4) - é um dos principais minerais em depósitos de evaporação dos


lagos (evaporitos). Também se encontra como mineral acessório nas dolomitas e
frequentemente se associa ao gesso.
b) Gesso (CaSO4.2H2O) - é o mais abundante dos minerais de sulfatos. Asua origem:
i) evaporação direta da água do mar; ii) concentração do gesso mediante as água
em movimento; iii) alteração da anidrita. É um mineral de regiões vulcânicas.
c) Pirita (FeS2) - mineral formado em ambientes reduzidos, como nos solos alagados.
d) Jarosita [KFe3(SO4)(OH)6] - mineral resultante da alteração da pirita [FeS2] em
rochas e sedimentos expostos a ambientes oxidados. Está comumente associado
a solos de extrema acidez e de má drenagem.

Importância

 A forma estável do sulfato de cálcio no solo é o gesso. Este é mais solúvel que a
calcita, sendo mais móvel no perfíl e indicado para correção do pH do solo nos
horizontes mais profundos. O gesso além de corrigir o pH é fonte de enxofre para
as plantas.

 A presença de sulfato no solo está condicionada a umidade local, encontrando-se


mais freqüentemente em solos de climas áridos e semi-áridos

Fosfatos

Os fosfatos constituem-se em um grupo numeroso. O mineral mais


importante é a apatita. Os minerais fosfatados se caracterizam por apresentarem um
grupo tetraédrico de (PO4)3-.

a) Apatita - Ca5(PO4)3(OH,F,Cl)
A apatita forma um grupo de minerais originados principalmente de rochas
ígneas, embora também ocorra em rochas metamórficas e sedimentares. As
variedades mais comuns são:

 Fluorapatita - Ca5(PO4)3Fl
 Cloroapatita - Ca5(PO4)3Cl
 Hidróxiapatita - Ca5(PO4)3OH

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Óxidos

a) Hematita - Fe2O3
b) Magnetita - Fe3O4
c) Goetita - FeOOH

A hematita é a principal fonte de onde se extraí o minério de ferro usado na


indústria siderúrgica e do aço.
Os óxidos de ferro são importantes no comportamento dos solos,
principalmente solos tropicais, pois além de encontrados na sua fração argila,
influenciam diversas propriedades deles e, de forma mais direta e visível, nas
colorações que apresentam.

Minerais de Argila ( secundários )


- Caulinita
- Montmorilonita
- Ilita
- Vermiculita

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

9. MINERAIS SECUNDÁRIOS OU DA FRAÇÃO ARGILA

. Minerais Silicatados:

. Filossilicatos ( Silicatos em Camadas ou Lâminas )

. Unidades Básicas ( Unidade Cristalográfica ):

Lâmina de Octaedro de Al

Lâmina de Tetraedro de Si

ESTRUTURA DO MINERAIS 1:1 (Grupo da Caulinita)

Tetraedro de Si

Octaedro de Al

Pontes de Hidrogênio
Tetraedro de Si

Octaedro de Al

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

MINERAL 2:1 - Grupo da Montmorilonita (Sem Substituição Isomórfica)

Tetraedro de Si
Octaedro de Al
Tetraedro de Si
d (001) Forças de Van der Waals

MINERAL 2:1 ( Com Substituição Isomórfica )

Tetraedro de Si
Octaedro de Al
Tetraedro de Si
d (001) Forças de Atração Eletrostática
Ca Ca Ca Ca

. Empilhamento de duas lâminas tetraédricas e uma octaédrica

OBS: Nos minerais 2:1 sem substituição isomórfica a ligação entre as unidades
estruturais é do tipo Forças de Van der Waals. Naqueles com substituição
isomórfica essas ligações são do tipo Forças de Atração Eletrostática, devido a
presença de cátions na entrecamada (K+ , Ca2+ , Mg2+).

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

9.1. Principais características dos minerais do grupo 1 : 1


 Grupo da Caulinita
Caulinita
Principais Características:
. Estrutura 1:1
. Ligações: Unidade Cristalográfica
- Dentro: Lig.Iônica - O ( Tetraedro ) ----- Al ( Octaedro )
- Entre : Pontes de Hidrogênio (Lâminas ) : OH ( Octaedro) --- O ( tetraedro )
Não Expansível
Densidade de Carga Muito Baixa
Superfície Específica 10-20 m2/g
Praticamente sem substituição Isomórfica
. Ocorrendo no Interior do conjunto de lâminas não gera CTC  H+ neutraliza essas
cargas, só se manifesta as parte basal.
. Evidências: CTC( 2-3 cmolc / kg ) a baixo pH ( Caulinita de Solo x Traços de 2:1 )
. Análise Química revelando elementos diferentes de Al e Si. K = SiO 2 / Al2O3 >2
CTC 3-10 cmolc/Kg ( Dependentes de pH ) - Bordas Quebradas
Argila de Baixa Atividade
Baixa Plasticidade e Pegajosidade
d( 001) = 0,72 nm
Morfologia: Pseudo hexagonal ( Cima ) , Laminar ( Perfil )

Gênese:
 Precipitações elevadas, altas temperatura, boa drenagem, intensa perda de
cátions de metais alcalinos e alcalinos terrosos ( desbasificação ) e moderada
Dessilificação sob condições de acidez elevada ( oxidação de sulfetos, CO2 +
H2O e ácidos orgânicos resultantes da decomposição da matéria orgânica ).
 Transformação de inúmeros minerais: Mica, Feldspatos e Montmorilonita.
 Herança: Ocorre em depósitos lacustres marinhos, fluviais como mineral herdado
( jazidas )
. Possibilidade de Adsorção de Fosfatos: Adsorção “NÃO ESPECÍFICA” ( Cl- e SO4- ) 
quando há protonação, adsorção “ESPECÍFICA”  Perda de H2O e entrada de H2PO4-

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Origem das Cargas Elétricas:

ARGILOMINERAIS 1:1
-
0
OH
OH
Si
Si

O
OH + OH-
Al Al
H2O OH
OH

Principais diferenças entre caulinita e haloisita

CAULINITA HALOISITA
 Fórmula
Al2Si2O5(OH)4 . Al2Si2O5(OH)4. 2H2O
 Distância interplanar
d(001) = 0,72 nm . d(001) = 1,00 nm
 CTC
3 - 10 cmolc / kg . 5 - 15 cmolc / kg
 Morfologia Externa
Laminar ( perfil) . Tubular
Pseudo hexagonal ( cima )

Não Apresenta H2O nas Apresenta moléculas de Água


entrecamadas estrutural nas entrecamadas

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

9.2. Principais características dos minerais do grupo 2 : 1


a) Grupo da Montmorilonita

São mnerais chamados 2:1 porque são formados pelo empilhamento de


duas lâminas tetraédricas fazendo um sanduíche com a lâminas octaédrica. As
ligações da unidade 2:1 que mantém as lâminas juntas, são ligações iônicas dos
oxigênios apicais dos tetraedros com o Al da lâmina dos octaedros como nas unidades
1:1.
As unidades estruturais 2:1 não têm a presença das pontes de hidrogenios e
por isso mesmo elas são expansíveis, ou seja não possuem distância fixa.

Os principais minerais do grupo 2:1 tem uma característica que é a presença


de cargas elétricas de superfície que são originárias, principalmente, de substituição
isomórficas. As esmectitas, tendo como principal representante a montmorilonita tem o
Mg substituído isomorficamente pelo Al e causa um desbalanço de carga o que
possibilita a atração de cátions para neutralizar a carga desenvolvida.

Esmectitas - Montmorilonita
7Principais Características:
. Estrutura 2:1
. Ligações: Unidade Cristalográfica
- Dentro: Lig.Iônica - O ( Tetraedro ) ----- Al ( Octaedro )
- Entre : sem ponte de hidrogenio
Expansível
Densidade de Carga Muito Alta
Superfície Específica = 600 - 800 m2/g
Praticamente com substituição Isomórfica
CTC = 80 - 120 cmolc/Kg ( Dependentes de pH ) - Bordas Quebradas
Argila de Alta Atividade
Alta Plasticidade e Pegajosidade
d( 001) = 0,96 a 1,80 nm

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36

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

b) Grupo da vermiculita
Mineral 2:1 de expansão limitada  Intemperização  Micas

Princiapais Características da Vermiculita

 Superfície específica: 600 - 800 m2 / g


 Ligações Químicas:
Iônica : O ( tetraedro ) com Al ( Octaedro )
Entre Unidades Estruturais: Força de Atração Eletrostática
 Densidade de cargas ( negativas) alta na camada tetraédrica
 Habilidade de fixar K+ e/ou NH4+
 Substituição Isomórfica
 Si por Al ( Tetraedros )  Déficit de cargas, compensada por
Cátions Trocáveis, principalmente Ca e/ou Mg, e até mesmo K+ e NH4+.
 Al por Mg ( Octaedros )
 Carga Estrutural: 120 - 160 cmolc / Kg
 CTC = 120 - 160 cmolc / Kg ( maior entre os 2:1 )

Estrutura :
 H2O nas entrecamadas são de duas categorias:
 H2O coordenada com cátions trocáveis
 H2O sob a influência das lâminas de silício
 Perda de H2O por desidratação ( aquecimento )  Inicia pela água
associada às lâminas de Si  Mg ( ou Ca ) trocável tende à
coordenação com apenas 4 moléculas de H2O  desidratação mais
acentuada  perda total da H2O das entrecamadas  d( 001) 
1,43 nm  1,18 nm  0,92 nm ( Fig. )

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37

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

VERMICULITA X TEMPERATURA
d ( 001 ) = 1,43 nm d (001 ) = 1,18 nm d (001 ) = 0,92 nm

H2O H2O H2O H 2O H2O


Ca Ca Ca
H2O H2O H2O H2 O H2O

2 H2O 4 H2O

Nas vermiculitas do solo, os cátions trocáveis são principalmente Ca e Mg,


os quais são coordenados por 6 moléculas de água:
 Ca2+ e Mg2+  dupla camada de água
 Na+  uma camada de água
 ( ambos os casos: d( 001) = 1,4 - 1,5 nm )
 K+ e NH4+  não há camadas de água - d(001) =1,0 -
1,1nm
 Interação com moléculas H2O < Interação com os Espaços

Gênese da Vermiculita
Geralmente aceito: Produto de intemperização das micas
Etapas:
 Mg2+ desloca os K+ das entrecamadas das micas, liberando K+
o qual é consequente lixiviação.
 Oxidação do Fe2+
 Orientação das OH ( afeta o poro ditrigonal )
 Contraditório : Solos com vermiculita dioctaedral cujo material
de origem não tinha mica.
Neste Caso:
 Vermiculita  Produtos síntese de precipitação de gels.
 Vermiculita Trioctaedral  Flogopita ou Biotita
 Vermiculita não se forma em T> 200 - 300 o C
 T  200 - 300 o C  Formação : Clorita > vermiculita

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38

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Fixação de Potássio em Vermiculita

Poro ditrigonal entre as camadas tem 6 oxigênios ao redor sendo que 3 ficam mais
externos e 3 ficam mais internos. Assim o K+ passa a ser afetado por
3 oxigênios da lâmina de baixo e 3 da lâmina de cima, produzindo
maior fixação do potássio. Portanto amostra tratada com potássio ela
fica com d de 10 Ao(1,0 nm ).
Importância da Fixação : Fertilidade do Solo  K não disponível ( Adubação
Potássica ).
.2 a 3% de Vermiculita pode gerar uma CTC maior do que devido a caulinita

c) Esmectita

 Espécies Dioctaedrais  Montmorilonita, Bendelita, Nontronita


 São as mais comuns. Diferenciadas em função da substituição isomórfica.

 Espécies Trioctaedrais  Sapronita  + Raras em solos.

 . Montmorilonita - Substituição isomórfica de Al por Mg apenas nos


octaedros: M+0,67 (Si8)IV (Al3.33 Mg0,67)VI O20 (OH)4
 A deficiência de cargas ( + ) compensada por cátions trocáveis (M+) situados
nas entrecamadas do mineral.

 . Beidelita - Substituição isomorfica predominantemente na Lâmina


Tetraédrica de Si por Al: M+0,67 (Si7,33Al0,67)IV ( Al4)VI O20 (OH)4

. Nontronita - Semelhante a Beidelita, com Fe3+ na lâmina octaédrica:


M+0,67 (Si7,33Al0,67)IV ( Fe43+)VI O20 (OH)4

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39

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

. Solo  Equilíbrio

Montmorilonita Nontronita

Beidelita

A Nontronita é um mineral secundário ( superfície elevada )  Condição


redutora prejudica sua integridade ( Fe3+  Fe2+ ) afetando a estrutura desse mineral.

Gênese das Esmectitas

1. A partir da alteração das micas


Mica  Vermiculita  Esmectita
Mica  Mica Hidratada  Ilita  Vermiculita  Esmectita

1.1. Principais Passos:


 Lixiviação de K+  Redução [ K+ ] Solução  Perda de K das
entrecamadas do mineral 2:1;
 Perda dos Al3+ dos tetraedros  Redução da Carga;
 Enriquecimento dos tetraedros com Si4+ .

2 - Existe ainda a possibilidade de formação das esmectitas a partir de minerais


não micáceos:

Augita , Hornblenda, Piroxênio  Mantém taxa de Si e os cátions importantes ( Ca, Mg,


Fe ) em alta concentração no meio.

3. Síntese a partir da recristalização dos componentes da solução do solo 


Esmectíticas neogenéticas.

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40

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Condições Propícias à Formação de Esmectíticas


 pH não muito baixo ( 6 - 7 )
 Baixa concentração de K+ no meio;
 Baixa concentração de Al3+ no meio
 Altas concentrações de Si , Ca e/ou Mg e Fe no meio.
 Drenagem limitada
 Relevo plano a suave ondulado

Intemperização das micas:

Dioctaedral Trioctaedral
. Pirofilita : Si8Al4 O20(OH)4 . Talco: Si8 (Mg, Fe)6O20(OH)4
. Muscovita : K2(Si6 Al2)( Al4) O20(OH)4 . Biotita: K2(Si6 Al2) (Mg, Fe)6O20(OH)4

Micas ----------------> Vermiculita --------------> Montmorilonita


Carga Estrutural 200 - 250 100 - 160 cmolc/Kg 80 - 120 cmolc /kg
CTC 10 - 40 100 - 160 cmolc/kg 80 - 120 cmolc /kg

 Ocorre abertura das entrecamadas liberando K+ e há entrada de H2O e cátions


hidratados ( Ca 2+).
 Ocorre  Carga Estrutural  CTC  Com intemperismo as cargas estruturais
passam a ter oportunidade de se expressar em termos de CTC ou seja, a CTC
tende a se aproximar da carga estrutural.

A diminuição da Carga Estrutural é atribuída:


1) Incorporação de prótons H+ pela conversão de alguns oxigênios em
hidroxilas em condições ácidas.
2) Oxidação do Fe2+ para Fe3+ nos octaedros ( Biotita ).
3) Troca de Al por Si nos tetraedros ( ressubstituição )  o Al sai com o
intemperismo e é precipitado em pH alto enquanto que o Si nesse pH
sendo muito solúvel irá ocupar o lugar do Al.

4) Destruição preferencial dos tetraedros de alumínio


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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

As ligações Ai--O são mais fracas ( < FAE )  Leva a diminuição da


proporção de tetraedros de Al  Redução da carga estrutural.
Al--O  FAE = 3/4 = 0,75
Si--O  FAE = 4/4 = 1,00

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE VERMICULITA E MONTMORILONITA


Montmorilonita Vermiculita
2:1 ( Secundário ) 2:1 ( Secundário )
. Unidade Cristalográfica Unidade Cristalográfica
Lig. Iônica - Tet/Oct ( O - Al ) Lig. Iônica - Tet/Oct ( O - Al )
Força de Atração Eletrostática ( Lâminas ) Força de Atração Eletrostática ( Lâminas )
Expansível Expansível ( limitada)
Densidade de Carga - Menor entre 2:1 Alta Densidade de Carga
Superfície Específica 600 - 800 m2/g Superfície Específica Alta - 600 - 800 m2/ g
Subst. Al por Mg (Oct ) Subst. Si por Al (Tetra)
80 - 120 cmolc/Kg CTC : 120 - 160 cmolc /kg
( Permanentes ) ( Permanentes )
Alta Atividade Alta Atividade
Alta Plasticidade e Pegajosidade Alta Plasticidade e Pegajosidade
d(001) = 0,95 - 1,8 nm d ( 001 ) = 1,0 - 1,4 nm
Saturadas Mg e Tratadas com Glicerol  até  Até 1,4 nm
1,7 -1,9 nm
Gênese Gênese:
1- Alteração das Micas : Perdas do K ( 1 - Produto intemperização das micas ( Aceito
entrecamada), ):
. Mica  Vermiculita  Esmectita . Mica  Vermiculita
. Mica  Mica Hidratada  Ilita  Vermiculita  . Mica  Mica Hidratada  Ilita  Vermiculita
Esmectita Etapas:
Perdas de Al (tetraedros), enriquecimento de Liberação do K+ entrecamada das micas,
Si(tetraedros) Mg desloca o K+ que é consequentemente
2 - Recristalização de componentes da solução dos lixiviado
solo segue a orientação das OH .
Esmectitas Neogenéticas 2. Recristalização Elementos da Solução do
.. Condições Favoráveis: Solo
- Baixas concentrações de K e Al no meio e .. Condições Favoráveis: Idem ( Drenagem
concentrações elevadas de Si, Ca ou Mg no meio Maior )
- Drenagem Limitada e relevo plano a suave
ondulado.
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

d) Vermiculita ou Esmectita com Hidróxidos nas Entrecamadas

A presença de VHE ( Vermiculita com Hidroxi Entrecamadas ) ou EHE


( Esmectita com Hidroxi Entrecamadas ) está associada a ocorrência de minerais 2:1 (
Vermiculita e Esmectita ) sob condições especiais com o aparecimento de ilhas de
hidroxi alumínio ( polímeros ) nas entrecamadas desses minerais 2:1.

Gênese :

I. Polimerização de Al e Fe ( principalemnte Al) , em meio ácido, na presença de


minerais argilosos silicatados 2:1 ( principalmente Vermiculita ).
II. Por exemplo: Intemperização da muscovita ( mica ) em meio ácido  vermiculita
com hidroxi-alumínio entre camadas ( VHE ).
III. Muscovita em meio ácido tende a perder K+ que liga as camadas 2:1 
Muscovita parcialmente expandida e parcialmente saturada com íons H + que
ataca a estrutura cristalina da camada 2:1 liberando o Al que nesse meio ácido
 forte tendência de se rodear de moléculas de água e sofrer hidrólise:

Alumínio Rodeado Por Moléculas de Água

H H
O
OH 2
H 2O
Al
OH 2
H 2O
O
H H

Al [(H2O)6]3+ + HOH  Al[ (OH) ( H2O)5]2+ + H3O+


( Monômeros )

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43

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

IV. Esses monômeros  Forte tendência de se polimerizar na presença de


superfícies altamente carregadas eletricamente como a vermiculita:

[(Monômero)]2+ + [(Monômero)]2+ ------> [(Dímeros)]4+ ------> [(Hexâmeros)]6+


( AINDA SOLÚVEL )

Dímero
Al
OH
Al Al Al Al
OH
Al Al

Al
Hexâmero Polímeros Hidroxi - Al

Hexâmeros  Unem-se uns aos outros formando uma [(rede de Hexâmeros)]15+ que já
é um Polímero Insolúvel constituindo as Ilhas de Polímeros de Alumínio

Esquematicamente o processo pode assim ser representado:


Sequência de Intemperismo da Muscovita em Meio Ácido Formando Vermiculita
com Hidroxi - Al Entre as Camadas
HHHHHHHHH Al 3+
.
K-K-K-K-K-K-K-K-K-K -K HHHHHHHHHH
+H HHHHHHHHHH
K-K-K-K-K-K-K-K-K-K
.
M uscovita HHHHHHHHH Al 3+
HHHHHHHHH

.
HHHHHHHHH Al 3+

Polímeros de Hidroxi-Al

VHE

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Nos Hexâmeros individuais  Relação OH compartilhadas / Al é de 2,


aumentando um pouco na formação do Polímero mas é menor que 3 ( Se não seria
Gibbsita ).
- Gibbsita  Não tem carga
- Polímeros formados  Carga elétrica desenvolvidas no processo  Se
comportam como grandes cátions.
- Na presença de Vermiculita  Alta densidade de carga  Funciona como uma
esponja atraíndo os monômeros e dímeros, que ajuda na polimerização e retém
eletrostaticamente o material insolúvel devido à alta carga de ambos ( Vermiculita e
Polímero ).

e) Cloritas

 Minerais primários, mas também podem ser produtos de alteração.


 Diferença básica entre Clorita e Micas  Material das entrecamadas
Clorita  Camadas de Hidróxido de Al ( Gibbsita ) ou de Hidróxido
de Magnésio ( Brucita - Mg(OH)2 ) entre as unidades 2:1.

CLORITA

Lâmina 2 : 1

d(001) = 1,4 nm
Al(OH)3 - Gibbsita
ou Mg(OH)2 - Brucita

Carga Estrutural = 200 - 250 Cmolc / kg


CTC = 10 - 40 cmolc / kg

Minerais Interestratificados

- Combinação de minerais diferentes

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Camadas de mica com camadas de 2:1 com possibilidade de expansão


constituindo uma só partícula ( mineral )
Ex1 . Parte Mica + Vermiculita já se formando
- Resposta no Raio - X
. É dada pelo conjunto, um determinado ponto tem d= 1,0 outro tem d=1,4
nm (p.ex.) o pico característico será função à soma destas distâncias.
. Dão Picos na faixa: antes de 6o ( 3 - 4O p/ 2  )
. Ex.2 Parte Esmectita + Parte Caulinita
- Importância
. Mais importantes para solos de regiões temperadas com drenagem não
muito intensa e baixa temperatura e menor água disponível.
. Ocorrência  Demonstra baixo grau de evolução dos solos (jovens, em
que o estado de degradação é incipiente, Ex. Vertissolo. )

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46

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

10. ÓXIDOS DE FERRO E ALUMÍNIO

10.1 - Introdução

São minerais secundários de importância muito significativa nos solos


tropicais, formados por Fé e Al que são muito abundantes (Tabela 4).
O silício se perde mais rapidamente que os demais, deixando os colóides
do solo enriquecidos  Fe, Al, Mn e Ti com avanço do intemperismo.
. Óxidos , hidróxidos e oxihidróxidos de Fe , Al , Mn e Ti  São
produtos de neoformação  Óxidos Livres  Não se encontram ligados aos silicatos.
.
Tabela 4 – Principais óxidos de Fé e Al

Tipo de Óxido Alumínio Ferro

Óxidos Corindon -  Al2O3 Hematita -  Fe2O3


Maghemita -  Fe2O3

Hidróxidos Gibbsita -  Al(OH)3 -


Bayerita -  Al(OH)3 -
Norstrandita - Al(OH)3

Oxihidróxidos Diásporo -  AlOOH Goethita -  FeOOH


Boehmita -  AlOOH Lepidocrocita -  FeOOH
“Mal Cristalizado” : Ferridrita  5 Fe2O3 . 9. H2O

10.2 - Óxidos, Hidróxidos e Oxihidróxidos de Alumínio


. Várias Espécies  Solo
. Mais Comuns  Formas hidroxiladas ( Gibbsita , Bayerita e Norstrandita )

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

10.2.1 - Gibbsita

 Principal mineral da fração argila de solos altamente intemperizados


( Latossolos ).
 Estrutura: Dois planos de oxidrilas em agrupamento denso, com Al3+ ocupando
2/3 dos espaços octaédricos.
- Cada Al compartilha 6 oxidrilas com outros 3 Al
- Cada OH é compartilhado por 2 Al
- Bordas:
. Cada Al compartilha 4 OH com outros 2 Al
. Os 2 sítios restantes  OH e H2O
- As seguintes configurações são sugeridas para os grupos de bordas não
compartilhadas:

OH OH
Al ou Al
OH2 H
OH

. Gibbsita , Bayerita e Norstrandita - São polimorfos que diferem entre si


apenas pelo empilhamento das unidades estruturais.

. Gibbsita: OH’s de uma unidade diretamente sobre OH’s de outra unidade

. Bayerita: OH’s de uma unidade acomodam-se nas depressões de plano de


OH’s da unidade seguinte.

. Norstrandita : Arranjos alternados de gibbsita e bayerita

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Gênese da Gibbsita (duas hipótese)

1) Diretamente a partir de minerais primários, forma silicatos de Al.


Fato: alguns depósitos de bauxita  gibbsita de rocha inalteradas a pequena
distância.
2) A partir de silicatos de Al, passando por produtos intermediários.
Micas Vermiculita  Esmectita  Caulinita  Gibbsita
Feldspato Caulinita  Gibbsita
OBS: Ambas as hipóteses podem ocorrer - não são mutuamente executadas
A formação de gibbsita pode ocorrer se as condições favorecerem a
lixiviação do silício ( dessilificação ).

KAlSi3 O8 + H+ + 7 H2O  K+ + Al(OH)3 + H4SiO4


 
Lixiviado Lixiviado
. Se a lixiviação não for tão intensa, o Si permanecerá ainda no meio e se
forma a Caulinita.
Al(OH)3 + H4SiO4  1/2 Al2Si2O5 (OH)4 + 2 H2O

Adsorção de íons na Gibbsita


ÓXIDOS : CARÁTER ANFÓTERO
+ 0 -
OH OH OH
Al Al
Al
+ H+ + OH-
OH OH
OH2
H2O
Al Al
Al OH
OH OH

pH < PCZ pH = PCZ pH > PCZ

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

. Em condições normais de pH no solo  Cargas positivas  Adsorção de


ânions ( Cl- , NO3- , SO42- , em adsorção não específica; e H2PO4- em adsorção
específica )

10.2.2 - óxidos, Hidróxidos e Oxihidróxidos de Ferro

Os principais óxidos de ferro encontrados no solos estão listado na tabela 5 abaixo.

Tabela 5 - Formas de Óxidos de Ferro


Grupo Fórmula Nome S.Cristalino Cor Presença no Solo

 Fe2O3 Hematita Hexagonal Vermelho Principalmente R. Tropicais,


Óxidos ocasionalmente em Regiões
temperadas ou paleosolos
Anidros  Fe2O3 Maghemita Tetragonal Pardo Averm Princ. Clima tropicais, quentes ou
subtropicais
Fe3O4 Magnetita Cúbica Preto Minerais primários, não pedo -
genéticos

 FeOOH Goethita Ortorrômbico Pardo Amare- Climas úmidos e temperaturas


Oxihidró lado Também em solos tropicais
xidos hidromórficos

 FeOOH Lepidocrocita Ortorrômbico Alaranjado solos hidromórficos não calcá-


rios , ou solos bem drenados
de clima mediterrâneo

Óxidos Fe5(O4H3)3 Ferridrita Romboédrico Pardo Solos ácidos clima frio ou


temperados c/ MO abundante
Paracris Avermelhado
talinos

OBS - Com exceção da Magnetita todos os óxidos de ferro são pedogenéticos.

. Estrutura Básica dos Óxidos de Ferro

. Octaedro de Fe com “O” ou “O e OH”


. Ânions ( O e OH ) - empacotamento denso
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50

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Hexagonal ( ABAB...)  
- Cúbico ( ABCABC... )  
. Fe pode ser substituído por vários outros cátions metálicos  principalmente Al
. Menor raio do Al3+ diminui o tamanho da cela unitária com o aumento do grau de
substituição isomórfica.

Estrutura e Propriedades dos Óxidos de Ferro

. Hematita
 Estrutura: Oxigênios em empacotamento denso hexagonal ( ABAB)
 Íons Fe3+ ocupando 2/3 das posições octaédricas
 . Cada octaedro compartilha uma face c/ octaedro subjacente
 Estrutura distorcida ( Repulsão dos íons Fe3+ )
 Mineral típico de ambientes bem drenados
 Alto poder pigmentante  cor vermelha característica nos solos

. Goethita
 Oxigênio e oxidrilas em empacotamento denso hexagonal (ABAB)
 Íons Fe3+ ocupam 1/2 das posições octaedrais com oxigênio de um
lado e oxidrila do outro lado.
 Ocatedros ocupados e vazios se alternam em camadas sucessivas
 Goethita  Óxido de ferro mais freqüente nos solos  ocorrendo em
vários tipos de solos e condições climáticas.
 Coloração amarelada e bruno-amarelada dos solos
 Quando hematita e goethita coexistem num mesmo solo, os cristais de
goethita freqüentemente são menores e portanto este mineral
apresenta maior superfície específica do que a hematita, fato
importante na adsorção de fosfatos.

. Magnetita e Maghemita
. Apresentam alta susceptibilidade magnética - identificação de
Latossolos Roxos com ímã.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

. Ocorrência:

Magnetita:
 Mineral acessório em rochas ígneas básicas ( herdada)
 Fração areia de Latossolos Roxos

Maghemita:
 Solos de regiões tropicais e subtropicais
 Fração argila de Latossolos Roxos
 Gênese: Oxidação da Magnetita ( nos Latossolos )

Lepidocrocita
 . Polimorfo da Goethita
 . Estrutura:
- O e OH em empacotamento denso cúbico (ABCABC...)
- Íons Fe3+ ocupam 1/2 das posições octaédricas
- Filas duplas formam camadas sucessivas e os octedros partilham
lados ( e não vértices como na Goethita )
. É considerada meta-estável em relação à goethita. Ocorre em solos
hidromórficos e pode ser reconhecida pela coloração alaranjada ( 7,5 YR)

Ferridrita
. 5 Fe2O3 . 9 H2O
.Estrutura :
- empacotamento denso hexagonal (ABAB) de oxigênio, OH e H 2O
com o Fe3+ nas posições octaédricas.
- Semelhante à hematita, porém com moléculas de H2O
substituindo parte dos oxigênios e com alguma posição dos íons Fe 3+ vazios.
. A Ferridrita forma-se em ambiente com Fe2+ que é rapidamente oxidado
na presença de altas concentrações de M.O. ou silicatos.

Propriedades de Superfície dos Óxidos de Ferro

a) Carga Superficial

. Adsorção - Desorção de H+ ou OH- na superfície hidroxilação ou hidratação dos


óxidos de ferro gera uma carga ou potencial superficial.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

. “Potencial”  Varia com a [ H+ ] e [ OH- ]  Determinantes de Potencial


0 -
+
OH OH OH
Fe Fe Fe
+ H+ + OH-
OH O
OH2
H2O
Fe A- Fe Fe C+
OH OH OH

pH < PCZ pH = PCZ = 7 - 9 pH > PCZ

. Em condições normais de pH do solo geralmente os solos oxídicos


apresentam cargas líquidas positivas.

. Para os óxidos anidros o 1o passo para desenvolvimento de carga superficial


é a hidroxilação da superfície.

Fe Fe O- H
O O + H2O O

Fe Fe O-H

H2O Adsorvida Quimicamente Passa a


Governar a Reação de Superfície

- Adsorção Aniônica

. Adsorção Não Específica

- Depende apenas da Força de Atração Eletrostática (FAE)


- Não há verdadeiramente uma ligação química ( iônica )

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Há neutralização das cargas positivas dos coloides por


ânions
- Não há modificação da estrutura da fase sólida
- Não há troca de ligantes
- Pequeno grau de seletividade relacionado à valência e tamanho
dos íons
- Íons: ânions:Cl- , Br -, I-, NO3-, SO42-
cátions: metais alcalinos e alcalinos terrosos
. Fatores que afetam a Adsorção Não Específica
- Carga e concentração do ânion
.  Carga e/ou Concentração   Adsorção
- Presença de ânion competidor
. ânion de maior carga desloca o de menor:
SO42- > NO3-
- pH e concentração salina
.  pH  Criam-se cargas positivas   Adsorção

- Representação esquemática da Adsorção Não Específica

H+ ....... Cl-
O
H+ ........ SO42-
Al
H+

O
H+ ....... NO3-

. Adsorção Negativa ou Repulsão Aniônica

- É o resultado da repulsão entre ânions e a carga negativa das partículas


coloidais ( argila ou matéria orgânica ).

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54

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Quanto > carga do ânion  > Repulsão


Minerais 2:1 > 1:1

- Nos solos 1:1 dependerá do pH


 pH   Cargas (+)   Repulsão Aniônica
- Processo importante no movimento de ânions no perfil de solo levando
cátions para a subsuperfície

. Adsorção Específica

- Ocorre ligação química ( covalente ) com superfície do óxido e a


conseqüente mudança de estrutura na fase sólida.
- Ocorre uma alta afinidade de íons com a superfície hidroxilada
- Há troca de ligantes ( OH ou OH2 ) por ânions em coordenação
octaédrica ( Al )
- Íons: ânions : F- , H2PO4- , HPO42- , H3SiO4- , HC2O4-
cátions: Li, Mg, Zn, Ni, Pb, Cd

OBS - Gera modificações nas características da superfície dos óxidos pela adsorção
específica: alteração do PCZ e aumento da CTC pela adsorção do H2PO4-

- Representação Química

OH

+ 0
O Si--OH
OH2
Al + H3SiO4- Al
OH
OH2 OH2

H2O

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

+
-

OH OH2

Al + H+ Al

OH OH

-2
OH
+
OH2 O P OH

Al + H2PO4- Al
O
OH OH

H2O

OBS: Se o grupo OH for o ânion ele é primeiro protonado para depois participar da
adsorção aniônica ( vide reação acima ).

- Fatores que afetam a adsorção Específica


. Competição com outros ânions
. Silicatos inibem a adsorção de fosfatos
. pH ( Duplo Efeito )
. Interfere na quantidade de cargas do coloide
. Influencia no pKa  consequentemente no tipo de ânion
presente na solução do solo:
Para Fósforo: pH 4 - 8 predominam H2PO4- e HPO42-

. Adsorção Específica de Metais Pesados


- Hematita e Goethita  Cu > Pb> Zn>Cd>Co>Ni>Mn

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56

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

11. ANÁLISE MINERALÓGICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS - X

11.1 - INTRODUÇÃO
A técnica ou método da difração dos raios - X, também conhecida como
método röentgonográfico ( KIEHL, 1979 ), destina-se à identificação dos minerais de
argila e determinação da composição mineralógica. Esta técnica tem a vantagem de
ser não destrutiva, rápida, precisa e versátil uma vez que permite vários tipos de
preparação e tratamentos da amostra. Como desvantagem podemos citar o fato da
mesma não se aplicar na determinação de minerais não cristalinos ou de cristalinidade
incipiente ( materiais cristalinos com ordenamento menor, as vezes não detectáveis
pelos raios X ).
Cada mineral tem sua estrutura própria e o diagrama de raios X
respectivo mostra o modelo de difração da radiação X nos planos estruturais.
Os raios-X são ondas eletromagnéticas com  entre 0,01 - 100 Ao e
como tal podem ser refletidos, refratados, difratados e polarizados , comportando-se
como partícula-onda.
Antes do uso da análise por difração de raios-X , algumas amostras de
solo requerem tratamentos preliminares que permitem melhorar a resolução dos
difractogramas. Entre os principais procedimentos destacam-se: a eliminação da
matéria orgânica com H2 O2 ou com NaClO, remoção dos óxidos de ferro com citrato-
ditionito e a remoção de carbonatos com ácido acético glacial.
Na análise de difração de raios-X ( DRX ) utiliza-se correntemente a
radiação Cu-K monocromatizada por filtro de Ni. Os raios-X são produzidos pela
interação de elétrons sobre a matéria ou por ação de fótons de raios-X sobre a matéria
( absorção fotoelétrica). O processo de produção de raios-X mediante a ação de
elétrons acelerados definem o espectro de raios-X, formado pela chamada radiação
característica e radiação contínua.
A Radiação Contínua: provém da desaceleração dos elétrons pelo
campo magnético do núcleo, enquanto que a Radiação característica: provém da
redistribuição dos elétrons dos orbitais do elemento usado como anticátodo podendo
ser classificada como K e k.

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57

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

O processo de produção dos raios-X consiste no bombardeamento de


raios catódicos ( elétrons ) com alta velocidade que atinge um material ( alvo ) que é
usualmente um metal puro ( anticátodo ) produzindo ondas eletromagnéticas.
(Figura 11.1). Para que haja tal produção uma grande diferença de potêncial (ddp)
deverá ser mantida entre filamento e alvo. Assim, quando os elétrons são produzidos
no filamento eles são acelerados em direção ao alvo, onde parte deles liberam a sua
energia cinética através de uma ou mais colisões com os elétrons desse alvo. Com a
colisão e- da camada K são expulsos para fora do átomo e, para manter o equilíbrio,
um e- da camada L ou M salta para a Camada K liberando energia na forma de
fóton (onda eletromagnética) - Raios X (Figura 11.2).
O esquema representando todo esse processo é ilustrado nas Figuras a
seguir:
Produção de Raios - X
Alvo - Cu

ddp
e- Acelerado Colisão e-

K K L

Janela ( Filtro - Ni)

Colimação ( espelho )
Difractograma

Raios X ( K )

Amostra
Coletor

OBS: A amostra pode localizar-se antes ou após o filtro.

Figura 11.1 - Esquema da Produção de radiação característica ( Raios-X )

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58

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Rdiação K

K L M

e -1 e -2 e -3

Radiação K

e-1Expulso

Figura 11.2 - Radiações K e K

A radiação característica se origina quando os elétrons bombardeados


contra o alvo são suficientemente energéticos para deslocar elétrons de uma das
camadas do material alvo. Por exemplo, se um elétron da camada K é deslocado e
jogado para fora do átomo, este torna-se excitado, como a natureza busca o equilíbrio,
um elétron de uma camada mais energética vem repor este elétron removido liberando
energia na forma de radiação eletromagnética. Isso corresponde a radiação
característica. Se esse elétron vier da camada L essa radiação emitida é denomina da
K e quando vem da camada M de K. Esta radiação depende do tipo de anteparo ou
alvo( Tubo de Cu, Mo, Fe..)

Considerando que a energia nos níveis de um átomo aumenta no sentido


da camada K para a Q, pode-se verificar que em termos energéticos pode-se afirmar
que E M > E L > E K , consequentemente a energia da radiações K < K e que
para o comprimento de onda temos que  K >  K.
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59

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Se for expulso um elétron da camada L ele pode ser reposto por um


elétron da camada M neste caso temos que :
- Energia: L < L e L > K
- Comprimento de Onda : L > L e L < K
Dado a estes aspectos, maior energia é requerida para remover um
elétron da camada K em relação a camada L. A radiação emitida quando um elétron
de uma camada mais externa (L ou M do átomo (alvo) repõe um elétron previamente
removido da camada K é denominada de radiação K quando o elétron vem da
camada L e de K no caso do elétron vir da camada M. Há necessidade de se obter
uma radiação monocromática (K) para que tenhamos uma alta definição desse raio
X. Portanto, necessário se faz uma filtragem dessas radiações através de uma
seleção apropriada de filtros (lâminas finas de metais) com os quais é possível filtrar a
maior parte da radiação K e da radiação L de deixando passar apenas a radiação
característica K que é essencial à análise de difração de raios X. É corrente o
emprego do filtro de Ni e Zr no caso da radiação ser produzida por um tubo de cobre
(Cu-K) ou de Molibdênio (Mo- K) respectivamente. - A radiação Característica (K)
é função do tipo de Tubo de elétrons. Ao filtrar a radiação K a radiação K também
é reduzida de 1/3 e até 1/2 porém ainda é suficiente para proceder as análises
mineralógicas.
A detecção dos raios-X é baseada na capacidade dos raios -X de causar
ionização em gases. Os íons produzidos migram por diferença de potencial e produzem
pulso eletrônico ou fluxo de corrente que pode ser medido por instrumentos eletrônicos
denominados de difractômetros de raios - X.
O emprego dos raios-X em análises mineralógicas baseia-se no fato de
que os mesmos interagem com os elétrons de diferentes materiais cristalinos de
vários modos. A maior parte da radiação de raios-X é absorvida ou emerge do cristal
como radiação de comprimento de onda mais longo. Uma pequena % de radiação
incidente, sofre o espalhamento coerente, que significa que ela interage com os
elétrons mas é reemitida como radiação do mesmo comprimento de onda da radiação
incidente (radiação de interesse em difração de raios-X).
Os raios - X são usados na difração, considerando a maneira ordenada
com que os átomos se dispõem na estrutura dos minerais cristalinos. Direcionado
esses raios colimados sobre as amostras, eles geram interações com os elétrons da

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

estrutura da mesma podendo serem refletidos, absorvidos ou refratados. Ao serem


refratados o ângulo de incidência é igual ao de reflexão.

i r

. Ângulo de Incidência ( I ) = Ângulo de Reflexão ( r ) = 

Os raios-X têm movimento ondulatório ( radiação eletromagnética )


obedecendo as leis que regem partícula-onda.
Duas ondas eletromagnéticas semelhantes estão em fase se
apresentarem , mesmo comprimento de onda e freqüência, ou se diferem por um
número inteiro de comprimento de onda, neste caso possuem efeito aditivo e
construtivo, sendo importantes no processo de difração de raios-X. Por outro lado, se
tivermos duas ondas mantendo as distâncias mas, o mínimo de uma corresponder ao
máximo da outra, elas não se encontram em fase e neste caso, interferem
destrutivamente, não interessando para a difração de raios X.
A Figura 4.3 a seguir ilustra o tratamento matemático dado pela Lei de
Bragg que relaciona as grandezas ângulo de refração (  ) , a distância entre os
planos atômicos ( d ) e o comprimento de onda ( Cu-K ou  Mo-K )

. BC+CD = n  2 BC = n

. Sen  = BC / d ( X2 )  2 Sen  = 2 BC / d  2 Sen  = n / d

d/n =  / 2 x Sen  ( Equação de Bragg )

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Raio X Útil
O1 = O2

O1 O2
A
o o o o o 1O PLANO

B D 2 O PLANO
C

Amostra

Figura 4.3 - Demonstração da Lei de Bragg

Onde:
 = Comprimento de onda
 = Ângulo incidente
n = No de ordem do pico ( inteiro ) = ordem de reflexão e
corresponde ao número de comprimentos de onda entre
raios difundidos por planos atômicos
d = Distância interplanar

Quando o raio incide sobre uma superfície para ele entrar em fase e sair
também em fase requer que n será sempre um número inteiro ( n =1, 2, 3, 4, 5 ).

A Lei de Bragg permite estabelecer algumas considerações de importância no


estudo de difração de raios-X, assim temos que:

- O raio incidente, a normal ao plano de reflexão e o raio difratado


são sempre coplanares;
- O ângulo entre o raio difratado e o raio transmitido é sempre
igual a 2  , conhecido como ângulo de difração e é ele que com mais freqüência se
mede experimentalmente. Assim, nos aparelhos de difração de raios-X dada a relação
entre a inclinação da amostra e velocidade de giro do goniômetro é sempre registrada
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62

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

nos difractogramas valores angulares iguais a 2. A figura abaixo, ilustra


esquematicamente picos obtidos por difração de raios-X.

Cu-K = 0,1541nm

Ângulo de Difração
( 2 O )

40o 24,6 12,3 2o

CU-K = 0,154nm = 1,541 Ao

MODO DE DIFERENCIAR OS PRINCIPAIS MINERAIS 2: 1


V E VHE , EHE

K - 25

1,0 1,2 1,4


VHE EHE

V = Vermiculita
Glicol E = Esmectita
VHE = Vermiculita com Hidroxi Entrecamadas
1,4 EHE = Esmectita com Hidroxi Entrecamadas
C = Clorita
1,4 - 1,6

VHE , EHE C

k - 550

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

IDENTIFICAÇÃO DOS MINERAIS MAIS IMPORTANTES NO SOLO

Tratamentos
Mineral Mg Glicerol K-Ta k-550o C
-------------------------------------- d ( 001 ) - nm-------------------------------
-------
Caulinita 0,72 0,72 0,72 1Desaparece

2Gibbsita 1,8 - 2,0 1,8 - 2,0 1,8 -2,0 Desaparece2


Haloisita 1,0 1,1 1,0 Desaperece1
Mica 1,0 1,0 1,0 1,0
Vermiculita 1,4 1,4 1,0 1,0
VHE 1,4 1,4 1,4 1,0 - 1,1
Esmectita 1,4 - 1,6 1,8 1,2 1,0
EHE 1,4 -16 1,8 1,4 1,0 - 1,1
Clorita 1,4 1,4 1,4 1,4

1 Por perdas de água por desidroxilação que ocorre em aproximadamente 500 oC


2 Desaparece no tratamento K-350 por desidroxilação
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

UNIDADE III

GÊNESE DO SOLO

3.1 – FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

3.1.1 – INTRODUÇÃO.

A formação ou gênese dos solos é um fenômeno importante no estudo da


Pedologia. Por outro lado é de difícil observação, quando se considera a extrema
lentidão com que esse fenômeno se processa na superfície da crosta terrestre. Isto a
torna diferente de outras ciências onde a vida de um animal ou de uma planta, por
exemplo, podem estar contemplados numa faixa de amplitude de alguns dias ou anos,
quando a formação do solo e sua evolução levaria, quase sempre, centenas ou
milhares de anos.

Apesar disso e da grande variedade de solos existentes no globo terrestre, os


estudos iniciais de solos levaram os cientistas a formular a hipótese de serem, alguns
fatores, os principais controladores da formação do solo. Esses fatores foram então
chamados de “Fatores de Formação do Solo”.

Em sendo assim fator de formação do solos é por definição um agente, força,


condição, relação ou combinações destes que influenciam o material de origem dos
solos com o potencial de modifica-lo.

Dukuchaev em 1898 listou cinco principias fatores de formação do solos, os


mesmos foram retomados por Jenny em 1941, que formulou a chamada equação de
formação do solo:

S = f (MO, Cli, Org, R, T).

Essa equação diz que o solos (s) é função do material de origem (MO), do
clima (Cli), do organismos (Org), do relevo (R) e do tempo (T). Assim pode-se observar
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

que o solo é o produto da ação conjugada do clima e dos organismos (fatores ativos)
sobre o material de origem (substrato), sob um determinado relevo tendo transcorrido
um tempo (fatores passivos). Na figura 3.1, mostrada a seguir, apresenta-se um
esquema da ação dos fatores de formação do solo e a figura 3.2 mostra a variabilidade
de solos na paisagem influenciada pelo fatores de formação.

CLIMA
+
ORGANISMOS

RELEVO

MATERIAL
DE
ORIGEM
SOLO
TEMPO

Figura 3.1 - Esquema da atuação dos fatores de formação do solo.

Neossolos Litólicos; Cambissolos; Argissolos

Gleissolos; Neossolos
Quartzarênicos Hidromórficos

Latossolos Amarelos; Latossolos Vermelho-Amarelos; Argissolos Amarelos

Figura 3.2 – Paisagem das savanas de Roraima, mostrando a diversidade pedológica.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

A ação dos fatores de formação do solos é conjugada, ou seja, se processam


ao mesmo tempo, podendo algum ou alguns prevalecer sobre os outros, mas para fins
didáticos e de melhor entendimento serão individualizados, dessa forma será possível
avaliar a atuação de cada um e sua influência na pedogênese.

MATERIAL DE ORIGEM

A formação do solo é em última análise a transformação da rocha


originalmente presente na superfície da crosta terrestre, para dar origem como produto
final o solo.

A geologia, por ser a primeira ciência a estudar os solos, fez com que nas
primeiras classificações os nomes dos solos fossem ligados diretamente aos nomes
das rochas que se acreditavam ser o material original do solo. Assim, durante um longo
período acreditou-se que as rochas eram sempre o material de origem dos solos.
Contudo, a partir dessa primeira concepção de material de origem os estudos
evoluíram e Jenny, em 1941, definiu o material de origem dos solos como:

“o estado do sistema solo no tempo zero de sua formação”.

Essa definição amplia o conceito de material de origem e deixa claro que ele
não fica restrito apenas às rochas mas também se estende às massas alteradas de
rochas ou até mesmo a um outro solo. Não restam dúvidas que, em última análise,
uma rocha alterada ou um solo são provenientes originalmente de rochas, mas o que
se demonstrará é que as suas atuações como substrato para a formação do solo irão
variar de maneira perceptível e consistente conforme cada uma dessas situações.

O solo é o produto da atuação conjugada dos fatores de formação, mas a


influência do material de origem será tanto maior quanto mais jovem for o solo. O
relacionamento das propriedades do solo como o material de origem será mais estreito
na medida em que o solo for menos desenvolvido, ou seja, menos evoluído.

Em função da própria definição de material de origem como tempo zero de sua


formação os grupos de materiais de origem podem ser distinguidos como:
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67

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Rochas decompostas “in situs”: são rochas consolidadas que aparecem na


superfície da crosta terrestre e sofrem a ação do intemperismo e pedogênese
no mesmo e local simultaneamente. Podem ser rochas ígneas, metamórficas
ou sedimentárias.

 Manto de rochas alteradas “in situs”: este tipo de material de origem é muito
comum nas regiões tropicais úmidas, em presença de relevo plano e com
formações vegetais protetoras. Esses fatores possibilitaram, em tempos
pretéritos, a formação de espessas camadas de alteração, principalmente, em
rochas menos resistentes. Os solos que se formam nessa situação, em geral,
não tem um relacionamento direto com a rocha originalmente presente no local
mas sim com o manto de material pré-intemperizado.

 Sedimentos Transportados: são materiais provenientes da intemperização de


qualquer rocha na superfície da crosta terrestre e transportados,
principalmente, por erosão. Podem ser simplesmente o produto de alteração
das rochas ou podem ser materiais superficiais que já sofreram atuação
pedogenética.

Tipos de Material de Origem para os Solos Brasileiros

1. Rochas Ígneas e Metamórficas:

 Granitos e Gnaisses claros: são dois tipos mineralogicamente semelhantes


tendo na sua composição quartzo, feldspatos e um pouco de mica muscovita.
São rochas importantes formadoras do chamado Embasamento Cristalino
Brasileiro. Ambas tendem a produzir solos semelhantes, quando os outros
fatores são mantidos constantes. As características mais importantes dos
solos formados por estas rochas são: textura tendendo para grosseira em
função do teor de quartzo das rochas, geralmente friáveis e permeáveis,
ácidos e com baixa saturação de cátions devido às perdas de elementos por
lixiviação, a coloração geralmente é amarelada devido à pobreza em minerais
que contém ferro e a fração argila que predomina é a caulinítica.

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68

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Rochas Ferromagnesianas: são também chamadas de rochas máficas ou


básicas e tem como maiores exemplos: basalto, gabro, andesito, diabásicos,
hornblenda ou biotita gnaisse. O basalto é o mais importante representante em
termos dos solos do Brasil, decorrente da sua influência nos solos de grandes
áreas das regiões Sudeste e Sul do Brasil, regiões essas atingidas pelo
fenômeno de vulcanismo. Os minerais componentes dessas rochas (anfibólios,
piroxênio, hornblenda, olivina, etc) se intemperizam facilmente devido à sua
susceptibilidade ao ataque dos agentes intemperizantes, com isso produzem
solos com grandes quantidades de argilo-minerais e óxidos de ferro, como
componentes da fração argila. A presença de solos argilosos é favorecida
também, pelo conteúdo baixo de quartzo. Solos originários da decomposição
“in situs” dessas rochas são normalmente muito férteis, com grande reserva de
mineral, alta saturação de cátions alcalinos e alcalinos-terrosos e outros
elementos importantes na nutrição das plantas, além de apresentarem
também um pH relativamente elevado, normalmente apresentam coloração
vermelho escuro devido ao alto conteúdo de hematita, o argilo-mineral mais
freqüente é a caulinita.

2. Rochas Sedimentares:

 Arenitos: se apresentam como material de origem de solos de várias


regiões brasileiras. Por apresentarem mais de 50% de suas partículas do
tamanho da areia, principalmente na forma de quartzo, normalmente originam
solos que se caracterizam por serem: arenosos e altamente permeáveis, com
baixa reserva de nutriente, baixa saturação de bases e pH baixo. As
diferenças entre as diferentes classes de solos que os arenitos originam são
basicamente decorrentes do tipo de material cimentante. Arenito cimentado
com carbonatos tende a originar solos mais ricos em relação a arenitos
cimentados com material silicoso, arenito com material cimentante ferruginoso
tende a gerar solos de cores avermelhados, em função da hematita herdada
de rocha.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Argilitos: estas rochas são freqüentes no Brasil Central e tendem a


gerar solos rasos, com grandes problemas de drenagem e que
consequentemente são pouco lixiviados. O argilo-mineral predominante é
geralmente a caulinita, por isso os solos serão relativamente pobres, na sua
grande maioria
 Calcários: são rochas de aparecimento menos freqüentes como
material de origem para os solos brasileiros, sendo porém de muita
importância em algumas regiões. O tipo de solo gerado será função, não só da
presença de mais de 50% de carbonatos de cálcio ou de cálcio e magnésio,
mas também das impurezas da rocha. Quartzo, feldspatos, argila, óxidos de
ferro e matéria orgânica são as principais impurezas que podem influir nos
solos derivados dessas rochas.

3. Sedimentos Intemperizados:

São materiais fortemente intemperizados e transportados que cobrem grandes


áreas no Brasil. São evidenciados pela presença, na maioria das vezes, de linhas de
pedras, típicas de materiais transportados. Algumas vezes o material atinge um alto
grau de imperização por ter passado por um ou mais ciclos pedogenéticos desde que
foi alterado pela primeira vez. Na grande maioria das vezes, esses sedimentos se
caracterizam pela passagem apenas por ambientes bem drenados, onde a redução e a
perda de ferro não são comuns. Os solos formados desses sedimentos são argilosos
com a presença de teores de óxidos de ferro relativamente altos. Normalmente
apresentam uma estrutura granular pequena bastante estável. A caulinita é o argilo-
mineral preponderante, podendo em algumas vezes apresentarem a gibbsita como
óxido dominante na fração argila. Como não existem minerais primários facilmente
intemperizáveis que possam compor a reserva mineral para as plantas, são solos muito
pobres, ácidos e com caracterização química muito ruim. Por outro lado como
normalmente aparecem em condições topográficas suaves e boas, características
físicas, são muito apropriados para sua utilização numa agricultura mais intensiva, ou
mais tecnificada.

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70

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Na Figura 3.3 apresentaremos esquematicamente as transformações que sofre


o material de origem desde a rocha até o solo.

PARTÍCULA GRANDE = MINERAIS PRIMÁRIOS = CASCALHO

TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS

PARTÍCULA PEQUENA = MINERAIS PRIMÁRIOS = AREIA + SILTE


INDIVIDUAIS

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS

PARTÍCULA COLIOIDAL = MINERAIS SECUNDÁRIOS = ARGILA

Figura 3.3 - Transformações sofridas pela matéria mineral sólida na


formação do solo

Didaticamente as transformações que ocorrem podem ser divididas naquelas


que são puramente físicas ou mecânicas e naquelas que podem ser originárias de
transformações químicas. No primeiro caso as mudanças significam apenas a
diminuição do tamanho causado pela quebra dos materiais, ao passo que no segundo
caso existem transformações mais intensas nas quais a decomposição química dos
minerais possibilita o aparecimento de novas substâncias, remoção de parte delas,
recristalização de outras e formação de novos minerais. É importante ressaltar que, em
termos práticos, essas transformações ocorrem de modo geral concomitante nas
condições de formação do solo.

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71

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

CLIMA

O clima junto com os organismos representam os fatores essencialmente


ativos na formação dos solos. Os principais componentes climáticos que influem na
gênese do solo são: temperatura, precipitação e ventos.

O clima pode agir direta ou indiretamente na gênese dos solos. De forma direta
afetando todas as reações desde o começo até o final do intemperismo e de forma
indireta determinando a flora a fauna e todas as interações dos organismos e da
matéria orgânica.

A importância do clima, na formação do solo, pode ser vista quando se


observam solos semelhantes originados de diferentes materiais de origem, em
condições semelhantes de clima. Geralmente nos solos mais jovens a influência do
material de origem é mais visível, sendo que a medida que o solo evolui há uma
dominância de outros fatores, notadamente do clima.

Temperatura

A temperatura se caracteriza por ter uma atuação muito intensa na formação


dos solos, mesmo que as outras condições permaneçam constantes, os solos
desenvolvidos em condições de diferentes temperaturas terão a tendência a
desenvolver perfis diferentes.

A forma de atuação da temperatura pode ser enfocado de acordo com a lei de


Van’t Hoff que diz que “para cada 10 ºC de aumento da temperatura a velocidade de
uma reação química aumenta entre duas a três vezes”. Sendo que para cada processo
pedogenético existe um binômio velocidade/temperatura ótimo.

A temperatura atua de forma diferenciada de acordo com a latitude. Nas


regiões árticas e subárticas sua atuação não é muito intensa. Nessas regiões,
associado à menor quantidade de indivíduos e de espécimens vegetais, existe uma
menor decomposição da matéria orgânica decorrente das menores temperaturas o que
tem seus efeitos nas caraterísticas do perfil do solo. Nas regiões subtropicais e

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72

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

tropicais, a cobertura vegetal abundante protege e amortece as amplitudes térmicas,


porém ela é o suficientemente elevada para promover uma rápida e eficiente
decomposição da matéria orgânica pela ação dos microorganismos.

A temperatura tem ação marcante na quantidade e no tipo de vegetação


existente numa determinada área, assim como, na quantidade e no tipo de matéria
orgânica produzida. A taxa de decomposição da matéria orgânica no solo é controlada
quase que exclusivamente pela temperatura. Nas regiões frias e temperadas, durante
parte do ano as reações biológicas praticamente param, enquanto nas regiões tropicais
e subtropicais não são observadas temperaturas excessivas que paralisem ditas
reações.

Precipitação

A água das chuvas que chega ao solo (precipitação) é importante sob três
aspectos:

 participando das principais reações químicas do intemperismo e da


pedogênese na forma de hidratação, hidrólise e carbonatação. A água possui um alto
poder dissolvente e hidrolítica, que altera os minerais primários, esse poder pode ser
aumentado tornando a água mais ativa pela adição natural de íons e moléculas como
CO2, O2, SO32-, NO3-. Nesse caso merece atenção a dissolução natural de CO2 na

chuva. Quando as gotas atravessam a atmosfera e atingem o solo, já na atmosfera, se


processa a seguinte reação química simplificada:

CO2 + H2O  H2CO3  H+ + HCO3-

A acidez gerada nessa reação faz com que a água da chuva apresente
naturalmente um pH próximo de 5,7. Outra reação comum nas regiões altamente
industrializadas e que já se tornou um problema de ordem mundial mais conhecido
como chuva ácida pode ser simplificada como:

SO32- + H2O  H2SO4  H+ + HSO4-

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73

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Nessas condições a água da chuva pode atingir valores de pH na faixa de 2 a 3 o


que altera intensamente a atuação dessa água nas reações químicas;

 participando como elemento formador de grande parte dos compostos


neoformados no solo como argilo-minerais, hidróxidos e oxihidróxidos. Muitos
compostos formados pelo próprio intemperismo contém na sua estrutura
moléculas de água ou de hidróxilas, como é o caso da goethita (Fe[OH] 3) ou
da gibbsita (Al[OH]3).;

 servindo como meio de transporte para os principais solutos e materiais em


suspensão no perfil do solo, podendo ser realizado seja por arraste externo
(erosão), por percolação (lixiviação) ou por transporte interno nas plantas
(absorção). A água atua diretamente na translocação de substâncias em
solução ou em estado coloidal para zonas profundas do solo, tornando
empobrecida uma região ou de eluviação e enriquecida outra ou de iluviação,
dessa forma definitivamente ajuda a moldar as características químicas,
físicas e morfológicas do perfil do solo.

A atuação da água como fator de formação e de desenvolvimento do perfil


do solo é regulada pelo balanço hídrico. Entendendo-se por balanço hídrico a diferença
entre a quantidade de água que chega ao solo seja pelas chuvas ou irrigação e a
quantidade de água perdida pela evapotranspiração. De forma geral um balanço
hídrico positivo proporciona um excedente de umidade e uma maior influência
pedogenética. Neste caso o excedente de água percola a maiores profundidades no
perfil do solo, proporcionando solos com estruturas mais granular porosa, textura
argilosa e horizontes mais profundos (Latossolos). Por outro lado solos formados sob
condições de balanço hídrico negativo tendem a apresentar uma acumulação de sais.
A precipitação, principalmente no seu componente de intensidade, também ajudam a
modelar a paisagem mediante o arraste de partículas na sua componente horizontal,
fenômeno este chamado de erosão.
Nas condições brasileiras a tendência de ter-se uma maior lixiviação de
substâncias principalmente os cátions alcalinos e alcalino-terrosos, da sílica solúvel e
com isso ao acúmulo de ferro, alumínio e titânio. Dessa forma os solos formados terão
como características principais: altos teores de argilas, formação de minerais
secundários como caulinita e óxidos de ferro e alumínio, camadas de alteração de

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74

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

rochas bastante profundas, dinâmica da matéria orgânica bastante veloz e um grande


empobrecimento dos solos pelas perdas dos cátions e com isso o surgimento da acidez
do solo.

ORGANISMOS

Um dos fatores ativos de formação do solo são os organismos sendo


encarados, na moderna ciência do solo, como condição necessária (embora não
suficiente) para que exista solo. Em outras palavras, a simples presença de material
inconsolidado e intemperizado na superfície da crosta não o qualifica como solo, sem a
presença obrigatória de organismos vivos ali se mantendo.
Os organismos são considerados como um fator de formação de solo porque
atuam de modo a favorecer mudanças nas propriedades e características do solo de
modo a diferenciá-lo, enquanto os outros fatores permanecerem constantes. Na Figura
2.3 pode-se observar que dependendo do tipo de vegetação numa determinada região
os horizontes do solos mudam consideravelmente. Nas condições de pradaria, a
quantidade de matéria orgânica é geralmente superior nos horizontes minerais e
praticamente não existe o horizonte orgânico (liteira). No caso das condições de
vegetação sob floresta, se forma uma camada espessa de liteira, porém nos horizontes
minerais o teor de carbono orgânico é geralmente menor. Assim nos solos de pradarias
esperasse ter cores mais escuras, CTC maior e maior capacidade de retenção de
umidade.

Horizonte O
Horizonte A
Horizonte A Horizonte E
Horizonte AB Horizonte B
Horizonte B
Horizonte C
Horizonte C

Figura 2.3 – Influência da Vegetação na formação de diferentes solos

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75

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Atuação da Flora

A atuação da flora que cresce sobre o solos pode atuar do modo direto e
indireto. A atuação direta da vegetação sobre a formação do solo se dá através da
penetração das raízes a da absorção/excreção de substâncias no solo. Essa atuação é
então, mecânica produzindo uma quebra das rochas e química pela aceleração do
intemperismo. A absorção de elementos químicos é importante na biociclagem e na
retirada de produtos de reações, desviando o equilíbrio de algumas reações no sentido
de destruição de minerais primários.
Ainda é importante o fenômeno de captura de energia e substâncias pela
fotossintese. O reverso desse processo é a decomposição dos resíduos das plantas
após sua morte, que são responsáveis pela humificação e mineralização, que acabam
interferindo na biociclagem, na capacidade de troca catiônica e formação de partículas
húmicas e complexos argilo-húmicos.
A atuação indireta da vegetação se faz sentir, principalmente, na proteção
do solo. A cobertura vegetal influência no controle dos ventos, no controle da
intensidade e amplitude da temperatura e, no controle da erosão.

Atuação da Fauna

A fauna que pode influenciar na formação do solo é composta de uma


grande quantidade de pequenos animais, em maior número os insetos, e de
microorganismos. A sua participação pode estar ligada à criação de galerias, transporte
de materiais, subdivisão de materiais mais grosseiros e à homogeneização dos
horizontes.
Particularmente os microorganismos são importantes componentes da fauna
do solo pela sua atuação em todas as transformações da matéria orgânica do solo.
acredita-se que pela facilidade de transporte desses organismos por movimentos de ar,
chuvas e pela poeira, todos os solos tenham capacidade potencial de desenvolver a
grande maioria das populações de microorganismos que existem.
O homem pela sua capacidade de modificar decisivamente alguns fatores de
formação é considerado por muitos estudiosos como um agente de modificações.
Nessa atuação ele modifica fortemente a vegetação, algumas vezes o clima do solo e,
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76

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

sem duvida, modifica as características e propriedades do solos através de cultivos e


fertilização.

RELEVO

O relevo pode ser definido como o conjunto de elevações ou desigualdades


da superfície da terra, consideradas coletivamente. Assim, relevo diz respeito à
configuração e às formas do terreno que compõe a paisagem.
O relevo não é um fator ativo de formação do solo, porém como diferentes
solos podem se formar apenas em função de diferentes posições na paisagem,
mantendo-se constantes os outros fatores de formação, ele é considerado um fator de
formação do solo.
O relevo essencialmente redireciona a energia dos fatores de formação do
solo, especialmente a água, a qual é dirigida a diferentes partes da paisagem. Assim
como agente de formação do solo o relevo será importante na dinâmica da água tanto
no sentido vertical, ou infiltração/percolação, quanto no sentido lateral, ou escorrimento.
O relevo pode modificar o perfil do solo facilitando a absorção e retenção da água,
afetando assim a remoção de partículas do solo. O relacionamento mais óbvio do
relevo com as propriedades do solo ocorre nas regiões úmidas, nas quais os solos em
paisagem plana tendem a ser mais profundos em comparação com os solos de regiões
de maiores declividades.
Em condições de relevo plano pouco ou medianamente movimentado
(Figura 3.5), praticamente toda a água trazida pelas chuvas tem condições de se
infiltrar no solo e haverá pouca perdas por escorrimento lateral.

Figura 3.5 - Dinâmica da água da chuva em condições de relevo plano,


pouco ou moderadamente movimentado.

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77

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Processos pedogenéticos são mais intensos e as condições são ótimas para


o desenvolvimento mais profundo do solo com uma maior espessura para todos os
horizontes. As classes de solos mais comuns nestas condições são os Latossolos e os
Podzólicos.
Essas mesmas condições de relevo em conjunto com algum tipo de
limitação de drenagem pode originar solos com características diferentes, na maioria
das vezes rasos e pouco desenvolvidos. Em alguns casos podem apresentar
características de gleização.
Em condições de relevo muito movimentado (Figura 3.6) a perda da água
que chega ao sistema chega a ser quase total por meio das enxurradas e
escorrimentos laterais. O carreamento das partículas sólidas através de processos
erosivos é fortemente favorecido, o que dificulta o desenvolvimento de perfis profundos.

As condições neste caso são favoráveis para a formação de solos rasos


como os Cambissolos e Litossolos por exemplo. Algumas vezes são solos de grande
riqueza em nutrientes para as plantas, decorrente da proximidade do horizonte A com o
material de origem do solo. O relevo muito movimentado quando conjugado com um
material de origem típico de um manto de rochas pre-intemperizado pode originar solos
desenvolvidos e com razoável profundidade de horizontes.

Figura 3.6 - Dinâmica da água da chuva em condições de relevo muito


movimentado.
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Em condições de relevo deprimido (Figura 3.6), em geral, é favorecida a


acumulação de água ou de sais.

Figura 3.6 - Dinâmica da água da chuva em condições de relevo deprimido.

Quando a precipitação é maior que a evapotranspiração, durante a maior


parte do ano, além das águas provenientes diretamente das chuvas, as águas
provenientes das encostas e vertentes vizinhas propiciam o aparecimento de um
ambiente típico de alagamento. Nesses locais aparecem, usualmente os solos
hidromórficos. Quando a evapotranspiração é maior que a precipitação durante a maior
parte do ano poderá haver a tendência a formação de solos afetados por sais como os
Solonets.

TEMPO

O tempo é um fator de formação do solo essencialmente passivo. Ele não


adiciona, não transloca, não transforma, não exporta, nem recebe material, não gera
energia e nem mesmo redireciona nenhum tipo de energia.
O tempo aparece na equação de formação dos solos porque
comprovadamente, se todos os outros fatores permanecerem constantes, pode-se ter
diferentes solos como função do tempo transcorrido desde o “tempo zero” de formação
até os dias de hoje.
Após o estágio inicial, como o passar do tempo, as características do solos
começam a diferenciar mais claramente, seus horizontes e o perfil ganha espessura,
podendo se apresentar com diferentes graus de desenvolvimento. No estudo do tempo
como fator de formação do solo é importante diferenciar os termos
idade absoluta e idade relativa do solo.
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79

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 A idade absoluta, é a medida do tempo transcorrido desde a tempo zero de


formação do solo até o momento de sua classificação. A idade absoluta dos
solos é de difícil mensuração e pode ser estimada, tentativamente, pelos
métodos de contagem de anéis nos árvores ou pela datação com 14C. Em
termos de classificação e estudo propriamente dito do solo a idade absoluta é
de pouca serventia.
 Idade relativa, é a medida do grau de maturidade no desenvolvimento
evolutivo sofrido pelo solo desde o tempo zero de sua formação até o
momento de sua classificação. A estimativa da idade relativa ou do grau de
maturidade dos solos é normalmente baseada na diferenciação dos
horizontes. Na prática geralmente se aceita que quando maior número de
horizontes e maiores as suas espessuras mais maduro será o solo.

Alguns pesquisadores consideram que o solo atinge a estádio de maturação


máximo, quando o tempo não tem mais significância no seu desenvolvimento. Nesse
caso o solo se encontra perfeitamente ajustado ao seu meio ambiente.

De acordo com o grau de desenvolvimento dos solos, eles podem ser


classificados como:

 Jovens: são solos que, normalmente, apresentam os horizontes A e/ou C


acima da camada R. São solos pouco desenvolvidos por influência do fator
tempo, relevo ou mesmo material de origem. Como exemplos tem-se:
Litossolos, Regossolos Aluviais, etc.

 Imaturos: são solos que tem seu desenvolvimento limitado por fatores como
excesso de água, de sais ou de carbonatos. Como exemplo tem-se: Solos
Hidromórficos Solos Salinos e Alcalinos, etc.

 Maduros: são solos bem desenvolvidos, com boa diferenciação de horizontes,


refletem a ação predominante dos fatores e processos de formação do solos.
São solos considerados em equilíbrio com o ambiente em que se encontram.
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80

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Como exemplo típico podem-se citar as seguintes classes: Latossolos,


Podzólicos, etc.

2.2 – PROCESSOS PEDOGENÉTICOS

São processos internos de formação dos solos e representam um conjunto


de eventos que vão desde um simples rearranjamento de um material até reações
químicas bastante complexas que tornam possível a construção desse edifício
chamado solo.

Os processos pedogenéticos incluem ganhos e perdas de materiais do solo,


translocações dentro do corpo do solo e transformações diversas no solo. Os
processos pedogenéticos em conjunto com os fatores externos de formação, levam ao
desenvolvimento de diferentes perfis de solos que variam em função tanto dos fatores
externos quanto dos processos pedogenéticos. Além disso, os fatores pedogenéticos
podem atuar com diferentes intensidades e também em diferentes combinações,
fazendo com que o produto final solo seja bastante diversificado.

a) Adição

As adições são ganhos de materiais diversos pelo solo. Elas podem ser orgânicas
ou mineral e podem vir pela chuva, pelo ar, pela vegetação e podem ainda ser de
natureza sólida, líquida ou gasosa.

As principais formas de adição são:

 De nutrientes: também chamado de enriquecimento, significa a


adição de elementos nutrientes a solos localizados nas cotas topográficas
mais baixas, provenientes dos solos vizinhos das posições mais altas da
paisagem.

 De matéria orgânica: representa a acumulação de matéria orgânica


na superfície do solo. A adição de matéria orgânica depende principalmente
do tipo de vegetação, tanto em termos da qualidade como da quantidade.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 De material mineral sólido: são a incorporação de materiais minerais


sólidos, provenientes dos processos erosivos que atuam em outros locais. Dependendo
da competência da erosão o tamanho destes materiais pode ser dos mais variados
tamanhos.

b) Remoção.

As remoções representam as perdas de materiais diversos do solo. De modo


geral ocorrem quando o balanço hídrico apresenta-se positivo, ou seja, quando a
precipitação é maior que a evapotranspiração, fazendo com que a água em excesso
possa atravessar todo o perfil do solo ou mesmo escoar superficialmente e formar
enxurradas, no caso da intensidade da precipitação ser maior do que a velocidade de
infiltração do solo.

As principais remoções são:

 Lixiviação: é o nome dado às perdas de substâncias solúveis e que se


caracteriza pela remoção completa do solum. As substâncias mais facilmente
lixiviadas são os metais alcalinos e alcalinos terrosos, que normalmente
apresentam mobilidade muito grande e facilidade de serem carregados pelas
águas de drenagem. Essa grande mobilidade está associada à seu elevado
raio iónico e ao fato de serem mono e bivalentes. Os mais comuns nos solos
são: o cálcio (Ca), o magnésio (Mg), o sódio (Na) e o potássio (K).

 Erosão: este fenômeno é caracterizado pela remoção de partículas sólidas


superficiais do solo, pela ação de enxurradas, ventos, ou outros processos de
perdas do solo. Atualmente, nos solos cultivados, esta forma de remoção é a
mais importante podendo, de pendendo do sistema de manejo, chegar a expor
horizontes subsuperficiais em pouco espaço de tempo. Isso ocorre
basicamente quando a taxa de erosão é maior do que a taxa de pedogênese,
sendo que, nas condições tropicais, a pedogênese pode incorporar até 1 cm
de solos por ano.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

c) Translocação.

As translocações dizem respeito ao transporte ou redistribuição de materiais


diverso de um ponto para outro dentro do solo. As principais formas de translocação
são:

 De material sólido: a translocação de material sólido dentro do solo é


composto por dois processos. O primeiro chamado de eluviação, que consiste
no movimento de material para fora de um determinado horizonte. O segundo
denominado de iluviação e consiste no movimento de material para dentro de
um determinado horizonte. Tanto a eluviação como a iluviação podem ser
vistos como as fases inicial e final de uma seqüência de movimentos de algum
material sólido dentro do solo. Por exemplo, a movimentação de argila do
horizonte A para o horizonte B de um perfil do solo, implicará em que o
horizonte A passara a ser chamado de horizonte eluvial e o horizonte B de
iluvial.

 De sais: a translocação de sais pode ser dividido em duas formas de acordo


com o tipo de sal que é translocado. A primeira diz a respeito da salinização
ou acúmulo de sais solúveis tais como MgCl2, MgSO4, CaCl2, CaSO4, Na2SO4,
etc. em horizontes salinos; essa acumulação de sais ocorre preferencialmente
em solos situados em depressões, com alto conteúdo de argila e baixa
permeabilidade, o que reduz a possibilidade de lixiviação. A segunda forma
denomina-se de alcalinização e representa a acumulação de íons sódio (Na+)
nos sítios de troca das argilas, sendo que, as condições chegam a ser tais que
os sais de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) precipitam deixando o Na + livre para
ocupar a maioria do complexo de troca do solo.

 De carbonatos: implica na translocação de carbonatos entre horizontes


podendo levar inclusive à perda total dos carbonatos do perfil do solo.
Geralmente isso é o que ocorre nas regiões quentes e úmidas como a
brasileira. a reação química envolvida é a seguinte:

CaCO3 + H2O + CO2  Ca(HCO3)2 (solúvel)

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 De matéria orgânica: a translocação de matéria orgânica, no solo, pode ser


feita por intermédio de pequenos animais, por carregamento em suspensão
através de poros e de fendas, etc. e também por quelatos com cátions
solúveis diversos. Sua translocação pode ser de horizontes superficiais para
horizontes subsuperficiais ou pode ser para fora do solum.

 De óxidos de ferro: a traslocação dos óxidos de ferro pode ser efetuada de


forma direta ou indireta. Na forma direta os principais óxidos de ferro (hematita
e goethita) se movem dos horizontes superiores para os inferiores por
suspensão, isso ocorre por meio das reações de óxirredução, nestes casos, o
óxido da parte superficial do solo é reduzido a solubilizado na forma de Fe2+,
desce no perfil, e é oxidado a Fe3+ ao chegar à zona de oxidação e novamente
cristaliza formando o óxido. Na forma indireta ou de quelatos o ferro é
quelatado por substâncias húmicas, transloca-se para os horizontes inferiores
e novamente, por destruição do quelato, o ferro fica livre e cristaliza formando
novamente um óxido ferro.

d) Transformação.

As transformações que ocorrem nos solos são bastante variadas porém as


que podem ser enquadradas como processos pedogenéticos são as seguintes:

 Decomposição e síntese de minerais: referem-se as transformações de


minerais primários em minerais secundários que ocorrem no solum, são
extremadamente importantes na gênese do solo. A presença de minerais
primários como os feldspatos, as micas os materiais máficos, etc. ou a sua
destruição e transformação em caulinita ou montmorilonita e óxidos de ferro e
alumínio, são de muita importância na gênese de diversos solos.

 Decomposição e síntese de materiais orgânicos: as transformações que


sofrem os materiais orgânicos são a mineralização ou oxidação e a
humificação ou polimerização, sendo que ambas transformações tem papel
importante na formação de diversos horizontes e classes de solos.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Gleização: é um processo pedogenético de transformação que afeta


principalmente as cores do solo. A transformação principal que ocorre na
gleização é a redução do Fe3+ a Fe2+ em alguns horizontes ou em todo o perfil
do solo, essa redução é decorrente das condições de alagamento. As
condições de encharcamento provocam a expulsão do oxigênio do solo
diminuindo, e até acabando em alguns casos, o oxigênio (O 2) que é maior
receptor de elétrons natural que existe. Assim, a oxidação da matéria
orgânica, principal fonte de energia para os microorganismos do solo, passa a
utilizar as formas oxidadas de diversos elementos do solo como receptores de
elétrons, neste caso o ferro. A redução do ferro causa a modificação das cores
vermelhas (hematita) ou amarelas (goethita) dos óxidos de ferro, para
colorações cinzentas no solo. Se o ambiente se torna novamente areado e o
ferro não ser removido do solo, sua oxidação se dá e o mesmo precipita
novamente como óxido de ferro, originando novamente cores amareladas ou
avermelhadas que são chamadas de mosqueados.

2.3 – TIPOS DE FORMAÇÃO DO SOLO

Os processos pedogenéticos atuam na formação de praticamente todos os


solos. Contudo, algumas de suas variações atuam com mais intensidade em
determinadas situações. Associados com os fatores de formação do solo, fazem com
que possam ser distinguidos diferentes tipos de formação do solo. A atuação mais
intensa de certos processos pedogenéticos pode estar ligada mais intimamente com as
condições de clima e organismos, ou seja, as forças mais ativas de formação do solo
(clima e organismos), ou podem estar mais ligados a um dos fatores de formação
passivos (material de origem, relevo e tempo).

Assim a ação conjunta dos fatores e processos faz com que exista a
possibilidade de se formar solos sob diferentes modelos, dando como produto final um
solo que reúne em si as características e propriedades de uma determinada classe. Em
resumo, a noção de tipos de formação dos solos procura relacionar as principais
tendências de atuação dos fatores e processos pedogenéticos nas condições
brasileiras.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

a) Latolização

A latolização é o tipo de formação do solo onde predomina a interação da


atuação do fator clima e os processos de transformação e remoção, principalmente
este último. Esse é o tipo de formação do solo típico das regiões tropicais úmidas, onde
existe uma transformação praticamente completa de todos os minerais primários
intemperizáveis em minerais secundários e uma forte remoção, na forma de lixiviação,
de vários componentes solúveis do solo.

A remoção é preferencial para a sílica solúvel e os metais alcalinos e alcalinos


terrosos. Por isso, a perda preferencial desses elementos faz com que os elementos
menos móveis como o ferro, o alumínio e o titânio, principalmente, sofram um
enriquecimento residual, na forma de seus principais óxidos. A perda dos elementos
alcalinos e alcalinos terrosos, devido a sua grande solubilidade e mobilidade, causam o
empobrecimento do solo em importantes nutrientes para as plantas nesses sistemas. A
diminuição da sílica solúvel pode resultar na formação do argilomineral caulinita ou do
óxido de alumínio (gibbsita). Isso porque o remanescente de sílica solúvel que
permanece no meio pode ser suficiente apenas para se combinar com o alumínio
solúvel formando uma neo caulinita, como o remanescente de alumínio é relativamente
grande ele se polimeriza e se cristaliza na forma de gibbsita, aparecendo em
quantidades maiores nos horizontes superiores. Assim os solos formados pela
latolização terão como maiores componentes da fração argila a caulinita, goethita,
hematita, gibbsita e algumas vezes anatásio (óxido de titânio).

O relevo plano ou pouco movimentado, a boa drenagem, e o balanço hídrico


positivo favorecem a latolização, isso porque a água, nessas condições, percola
internamente e lixívia o perfil do solos consistentemente por um longo período de
tempo.

A classe de solo originada pela latolização são os Latossolos, os quais são de


importância marcante nas condições brasileiras ( 40% do território brasileiro). Os
Latossolos se caracterizam principalmente por:

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 São solos em geral bastante intemperizados, de perfis profundos, com pouca


diferenciação entre horizontes e apresentam o horizonte B latossolico (B w);

 não apresentam minerais primários intemperizáveis em suas frações areia e


silte e sua fração argila apresenta uma capacidade de troca catiônica muito
baixa;

 a fração argila apresenta uma baixa capacidade de adsorver importantes


ânions do solos como o fosfato;

 apresentam teores muito baixos de elementos nutrientes para as plantas, e


geralmente tem alta saturação com alumínio, elemento este tóxico à grande
maioria das plantas cultivadas.

 normalmente são encontrados nas partes mais velhas da paisagem, podendo


aparecer, com menor freqüência, nas partes rejuvenescidas ou em relevo um
pouco mais acidentado se o material de origem do solo foi do tipo manto de
rochas alteradas “in situs” que caracteriza o manto de pre-intemperismo.
Outras vezes se formam sobre sedimentos transportados que já passaram por
mais de um ciclo pedogenético em tempos pretéritos e que no novo local de
deposição podem atingir rapidamente as condições necessárias para se
caracterizar como Latossolos;

 de forma geral são solos de coloração amarelada, avermelhada ou da


combinação destas.

 a estrutura mais comum é a denominada maciça porosa, típica de Latossolos


muito argilosos, sendo ela o produto de uma agregação muito intensa dos
óxidos de ferro e alumínio em conjunto com a caulinita. Outra teoria a respeito
dessa agregação diz respeito a ação biológica, principalmente das térmitas ou
cupins;

 em função da estrutura altamente porosa os Latossolos possuem uma elevada


permeabilidade;

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 mesmo aqueles com textura muito argilosa tendem a apresentar consistência


que favorece seu manejo com máquinas agrícolas, mesmo a níveis
razoavelmente elevados ou baixos de umidade.

b) Podzolização

O termo podzolização tem sido utilizado, na literatura estrangeira, para


designar o processo de translocação de Al, Fe e/ou matéria orgânica da parte superior
do solum para a parte inferior do mesmo. Já na literatura brasileira o mesmo tem sido
utilizado de forma mais ampla, englobando, além dos citados, a translocação de argila
do horizonte A para o B.

A podzolização, é então, um tipo de formação do solo que tem como


característica principal a atuação do processo pedogenético de translocação de
diversos componentes do solo, sendo que, a influência dos fatores de formação do solo
pode ser muito variada, indo desde aspectos climáticos, de material de origem, de
relevo ou da combinação de alguns desses.

Em condições frias e temperadas existe a traslocação de ferro e alumínio


associados à matéria orgânica, proporcionando assim a formação de um horizonte E
(eluvial) esbranquiçado sobre um horizonte Bh iluvial bastante escuro, originando a
classe de solos dos Podzols.

Nas regiões climáticas mais quentes e sobre material de origem mais argiloso,
normalmente há a migração mecânica de material argiloso dos horizontes A para os
horizontes B, formando horizontes B com um relativo enriquecimento de argila. Nessas
condições se diz que existe eluviação de argila do horizonte A para o B. A argila de
eluviação tende a depositar-se na superfície dos agregados no horizonte B iluvial
formando uma película lustrosa de argila no seu contorno denominada de cerosidade.
Essa migração de argila pode também provocar o surgimento de um gradiente textrural
do horizonte A para o B, pelo que nessas condições o horizonte B se chama de B
textural (Bt).

Nas condições brasileiras normalmente ocorre, associado à translocação de


argilas, o processo de remoção de parte da sílica e dos metais alcalinos e alcalinos
terrosos, caracterizando a formação do solos chamados Podzólicos. Nesta classe de
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

solos a remoção não é tão intensa quanto nos Latossolos, mas é suficiente para que a
fração argila dominante seja a caulinita e exista o enriquecimento residual por óxidos
de ferro e alumínio. Podem ocorrer em relevos planos, porém, em geral aparecem em
relevos um pouco mais movimentados, associados aos Latossolos dos relevos mais
planos. Por interferência do material de origem ou do relevo algumas vezes podem ser
solos muito ricos em elementos nutritivos para as plantas.

Outras formas que existem de se formarem os horizontes B texturais (B t), são por
meio da perda seletiva de argila dos horizontes superiores por erosão e por meio da
destruição na parte superior do perfil pela atuação intensa do intemperismo.

c) Halomorfismo

A maior concentração de sais, em determinados horizontes, pode originar solos


nos quais o excesso dessas sais imprimem características muito peculiares. Esse
acúmulo de sais no solo, normalmente ocorre pela ação combinada do clima e/ou
relevo e/ou material de origem em conjunto com a atuação dos processos
pedogenéticos de adição ou translocação. Esse tipo de formação do solo recebe o
nome de halomorfismo.

Em termos das condições climáticas, a maior concentração de sais será


favorecida pela presença de climas áridos ou semi-áridos, nos quais a
evapotranspiração é maior que a precipitação, o que faz com os sais não tenham
condições de serem lavados do perfil. O relevo deprimido é outro fator de
favorecimento desse tipo de formação do solo. Isso, decorrente do enriquecimento da
regiões de cotas mais baixas e deprimidas da paisagem, para onde são carregados os
sais das encostas e vertentes vizinhas. Finalmente, o acumulo de sais se dará
preferencialmente nos solos que contém altos teores de argila e permeabilidade muito
baixa, o que provoca uma baixa percolação da água e por conseguinte seu
enriquecimento com sais.

Os solos halomorficos basicamente podem ser de três categorias diferentes:

 Salinos: se caracterizam pelo acumulo no perfil de sais principalmente à base


de Ca e Mg (bivalentes), sendo por isso os cátions que predominam no
complexo de troca. Pela presença desses cátions bivalentes e pela
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

concentração salina (expandem a dupla camada difusa), as argilas se


encontram floculadas, assim como a matéria orgânica e os solos apresentam
uma maior porosidade e uma melhor drenagem.

 Solonetz: estes solos se caracterizam pelo acumulo de íons Na + no complexo


de troca. Nesses casos parte do excesso de sais é removido por lavagem ou
por precipitação dos sais de Ca e Mg, isso porque os íons Na + suplantam os
demais liberando-os para a solução do solo. O pH do sistema se eleva muito,
a concentração salina diminui e o Na+ ocupa as posições de troca. Nestas
condições os cátions Na+ (monovalentes), proporcionam uma dispersão da
argila (contração da dupla camada difusa) e da matéria orgânica. A dispersão
da argila normalmente provoca sua eluviação e a conseqüente formação de
gradiente textural. Já a dispersão da matéria orgânica faz com que uma forte
coloração preta se desenvolva nesse classe de solos. Via de regra esta classe
de solos apresenta estrutura colunar muito densa. Sua correção é difícil e de
custos na maioria das vezes não compensadores

 Solodi: quando ocorre a perda de sódio (Na) do complexo de troca, o mesmo


é substituído por íons hidrogênio (H+), com isso tem-se uma diminuição dos
valores do pH. O solo assim formado torna-se mais ácido, a matéria orgânica
dispersa e escura se move mais para baixo no perfil juntamente com a argila
iluviada e normalmente se forma um horizonte E (albico) claro.

d) Hidromorfismo

Este tipo de formação de solos se caracteriza por apresentar como interagentes


os fatores de formação clima, relevo e, menos intensidade, material de origem com os
processos pedogenético da adição (matéria orgânica) e da transformação (Fe 3+ 
Fe2+). Os fatores de formação do solos fazem com que o solo se torne alagado sob
condições de máxima saturação de água, que pode ser temporário ou permanente.
Essas condições são típicas das regiões onde a precipitação supera a
evapotranspiração e a drenagem do solo é impedida ou dificultada por alguns outros
fatores.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

O alagamento provoca a expulsão do oxigênio livre do solo fazendo com se tenha


uma drástica diminuição da população de microorganismos do solo, tipicamente
aeróbios, fazendo com que sobrevivam somente os anaeróbios ou facultativos. Essa
população de microorganismos anaeróbios se caracteriza por ser menos eficiente na
decomposição da matéria orgânica, pelo que, nessas condições, haverá uma tendência
ao acumulo da matéria orgânica no sistema.

Sempre que a redução do sistema for muito acentuada podem formar-se


horizontes gleizados. Uma das maneiras mais comuns para que isso aconteça e a
presença de microorganismos que utilizam formas oxidadas de diversos elementos no
solos (Fe3+, Mn4+, etc.) como receptores de elétrons. Ao fazerem isso, para obter a
energia da oxidação da matéria orgânica, reduzem elementos receptores.

Um aspecto importante é que as formas reduzidas dos receptores de elétrons são


normalmente muito solúveis e podem chegar a ser tóxicas para as plantas. No caso
desses solos serem drenados pela ação do homem corre-se o risco de que essas
formas reduzidas sejam lixiviadas junto com a água de drenagem e uma vez instaladas
as novas culturas, as mesmas manifestem as deficiências desses elementos.

A ausência das formas oxidadas de ferro fazem com que desapareça a presença
de suas formas oxidadas e o solo passa a ter uma cor cinzenta característica de locais
alagados.

As principais classes de solos formados por este tipo de formação são:

 Orgânico;
 Glei Húmico;
 Glei pouco Húmico;
 Planossolo;
 Laterita Hidromorfica; etc.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

UNIDADE IV

HORIZONTES E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS,


ATRIBUTOS DIAGNÓSTICOS DOS SOLOS BRASILEIROS.

4.1 - INTRODUÇÃO

Os solos são dotados de atributos resultantes da diversidade dos efeitos da


ação integrada do clima e dos organismos (fatores de formação ativos), agindo sobre o
material de origem, em determinadas condições de relevo durante certo período de
tempo.

Da ação combinada dos fatores de formação do solo com os processos


pedogenéticos se operam diversos tipos de formação de solos que resultam em seções
mais ou menos paralelas à superfície do terreno e que se sucedem verticalmente
compondo o solo. Essas seções interrelacionadas que guardam entre si vínculos
concernentes a sua natureza, são denominadas de horizontes e se diferenciam uns
dos outros pela organização, pelos constituintes ou pelo comportamento. Quando os
atributos possuídos são bem manifestos através da morfologia, sua identificação e
separação torna-se relativamente fácil (Figura 4.1).

Quando o solo é pouco diversificado verticalmente, a expressão dos


horizontes é pouco diferenciada (Figura 4.2), sendo por vezes muito difícil detectar
seus limites.

A seção vertical do solo, englobando a sucessão de horizontes ou camadas,


acrescidas do material mineral subjacente que sofreu pouco ou nenhuma
transformação decorrente da ação dos processos pedogenéticos e o manto superficial
composto de resíduos orgânicos recebe o nome de perfil do solo.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Horizonte Ap

Horizonte E

Horizonte Bt1

Horizonte Bt2

Figura 4.1 – Perfil de Planossolos Nátrico, originados de rochas vulcânicas


ácidas do Surumu.
A

AB

BA

Bt1

Bt2

Figura 4.2 - Argissolo Amarelo Aluminico formado de sedimentos da


Formação Boa Vista.

O exame de perfis normalmente é efetuado em exposições de barrancos ou


trincheiras relativamente profundas de forma que possam permitir uma visão ampla e
abrangente dos horizontes que o compõem. Quando não é possível a observação em
barrancos ou trincheiras, em trabalhos de levantamento de solos, é comum o uso das

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93

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

sondagens com trado, sabendo-se que esse recurso não permita uma visão completa
do perfil.

Para a identificação e diferenciação dos horizontes de um perfil, no campo, leva-


se em consideração as diferenças morfológicas perceptíveis entre as combinações de
atributos presentes em cada uma das seções ou horizontes.

3.2 - HORIZONTES E CAMADAS: Definição e notação

Horizonte  ação pedogenética  propriedade morfológica/física/ químicas 


genética.

Camadas  não sofreram ação pedogenética.

Ex.: Solos aluviais: Areia Quartzosa

 Ap

 C1

 C2

 C3
 Cn

Símbolos – Letras maiúsculas (que denotam o caráter genético)

Horizonte “O”: é um horizonte orgânico superficial resultante de posição vegetal não


decomposto e em condições de não estagnação de água(liteira).

Horizonte “H”: horizonte orgânico superficial ou não resultante da deposição de


material vegetal parcialmente decomposto em ambiente com
estagnação d’água.

Horizonte “A”: é um horizonte mineral, superficial ou subjacente, onde se tem a maior


atividade biológica , alta concentração de matéria orgânica
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94

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

mineralizada, em associação com a fase mineral do solo, de coloração


escuro, conferida pela concentração de matéria orgânica do solo.

Horizonte “E”: é um horizonte mineral subsuperficial, resultante das perdas de argila,


ferro, alumínio ou matéria orgânica, coloração clara (esbranqueçada).

Horizonte “B”: é um horizonte mineral subjacentes ao A, E ou H, apresenta intensa


pedogêneses, cores vermelha, amarela, alaranjada e as vezes
brumada. Estruturas em blocos, prismáticos colunar e granular. As
propriedades genéticas são mais estáveis, são consideradas, como
diagnósticos, por que sua propriedades são muito estáveis usamos
essa referência e é considerado um horizonte Iluvial.

Horizonte “C”: horizonte mineral, formado de material enconsolidado, pouco afetado


pelo processo pedogênetico, é a rocha que se desintegrou e sofreu
intemperismo e ficou ali. Sua coloração é rósea devido a alta
concentração de material primário(mica branca).

Horizonte “F”: é um horizonte mineral consolidado sob o horizonte A, E ou B, rico em


ferro e ou alumínio e pobre em matéria orgânica, ele é formado pelo
endurecimento irreversível de composto de Ferro, chamado de cabeça
de jacaré, canga laterita ou Tapanhocanga.

Horizonte “R”: é o substrato rochoso ou a rocha(material consolidado).

Subscrito – são símbolos adicionais para anotações de diferentes modalidade dos


horizontes principais e são representados por letras minúsculas.

 c – é utilizado para indicar a presença de concreções e nódulos (cascalho, pedaços


de rochas).

 d – adiantada decomposição orgânica( O ou H)

 f – material laterítico ou bauxitico (B ou C)

 g – gleização ( problema de má drenagem, cor esbranqueçada ou acinzentada).

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95

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 h – acumulação iluvial de matéria orgânica e compostos de alumínio com ou sem


ferro.

 i – incipiente desenvolvimento

 n – acumulação de sódio(b)

 p – aração (arado, gradeado, já passou por cultivo)

 t – acumulação de argila

 v – caráter vértico(característica de solo com facilidade de rocha)

 w – intensa intemperização

3.3 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DOS HORIZONTES

3.3.1 – Textura

A porção inorgânica do solo é constituída de partículas de diferentes tamanhos,


sendo elas denominadas, de acordo com as magnitudes de seus diâmetros em: argila,
silte, areia, cascalho, calhaus e matações. Por outro lado a textura refere-se à
proporção das frações argila, silte e areia, ou seja somente às frações encontradas na
terra fina seca ao ar (TFSA), sendo, portanto, as frações maiores do que a areia
chamadas de pedregosidade.

A textura ou distribuição granulométrica de um solo depende, como muitos outros


atributos, da rocha de origem e do seu grau de intemperização. O Quadro 4.1 mostra
as diferentes frações do solo e seus respectivos tamanhos

Quadro 3.1 - Relação das partículas do solo importantes na determinação da


textura e do tamanho de seus diâmetros.

Limites do seu Diâmetro


Nome da fração
(mm)
Areia grossa De 2 a 0,2
Areia fina De 0,2 a 0,05
Silte De 0,05 a 0,002
Argila Menor que 0,002

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96

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Os solos brasileiros são separados, quanto à composição granulométrica em


apenas cinco grupos de textura: arenosa, média, argilosa, muito argilosa e siltosa,
sendo a textura siltosa bastante rara nas condições brasileiras.

Para a determinação da classe textural dos solos brasileiros, é normalmente


utilizado o chamado triângulo textural proposto pelo Centro Nacional de Pesquisa de
Solos da EMBRAPA, como mostrado na Figura 4.3.

Figura 4.3 -Triângulo Textural utilizado para classificar a grande maioria


das classes de solos brasileiros.

A textura de cada horizonte é uma das características mais estáveis do solo,


sendo as eventuais modificações decorrentes de fenômenos erosivos ou
deposicionais, implicando em retiradas ou adições de material sólido inorgânico.
Constitui característica importante por que sua conjugação com outras é
intimamente relacionada à estrutura, consistência, permeabilidade, capacidade de
troca catiónica, retenção de água e fixação de fosfatos. Isso confere à textura a
condição de atributo de grande interesse agrícola

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97

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

3.3.2 – Estrutura

A estrutura se refere à aglutinação de partículas primárias em partículas


compostas, sendo delimitadas umas das outras por superfícies de fraquezas ou
separadas por descontinuidades, dando origem aos chamados agregados do solo.
Essa agregação do solos é devido à coexistência de materiais minerais e orgânicos
que se agrupam devido a fenômenos físicos, químicos e biológicos

Os tipos de estrutura que se conhecem e suas principais características, para fins


de classificação, são os apresentados na Figura 4.4.

Figura 4.4 principais tipos de estruturas do solo.

Outra forma de avaliar a estrutura do solo é por meio do grau de desenvolvimento


que apresenta a estrutura e diz respeito ao grau de agregação do solo, normalmente é
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98

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

expresso pela nitidez da configuração dos agregados como pela sua estabilidade e
suporte ao manuseio. Quanto ao grau de estruturação existem cinco graus de
estruturação os agregados do solo:

 Grão Simples: estrutura fraca em decorrência da virtual falta de agregação, o


material se apresenta solto incoerente, sendo comuns na classe de solos das
Areias Quartzozas.

 Fraca: refere-se a uma agregação pouco eficaz, produzindo grãos simples. As


amostras de solos quando manuseadas se desfazem em uma mistura com
pouco material agregado.

 Moderada: desenvolvimento de estrutura que se caracteriza por possuir


unidades estruturais relativamente bem configuradas e individualizadas Ao
serem manuseados se desfazem em uma mistura composta de muitos
agregados um pouco resistentes e bem definidos e material desagregado em
menores proporções.

 Forte: esta é uma condição que reflete uma elevada coesão entre intra-
agregados e uma pequena adesão entre eles. Ao serem manuseadas as
estruturas exibem formas muito bem definidas e individualizadas.

 Maciça: esta é uma condição de ausência de estrutura causada pela


aglutinação quase total do material constitutivo. O desbastamento da face de
um horizonte maciço processa-se por meio de fraturamentos ao acaso,
produzindo fragmentos de conformações não específicas.

3.3.3 – Cor

A cor do solo é entre todas as características a de mais fácil visualização,


conferindo-lhe uma importância muito grande tanto na identificação e delimitação dos
horizontes do perfil quanto na distinção entre classes de solos. Embora não tenha
nenhuma importância no comportamento do solo, está relacionada com suas condições
físicas, químicas e mineralógicas.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Para fins de uniformização e maior objetividade na identificação das cores, usam-


se escalas de padrões comparativos, sendo a mais empregada a Escala de Münsell de
Cores para Solos, sendo ela constituída segundo três variáveis (Figura 4.5):

Figura 4.5 – Soil Color Charts com matizes representativas dos solos da Amazônia

 Matiz: define a gama de cor do espectro solar, traduz o comprimento de onda


de luz dominantemente refletida por um corpo. A matiz varia do vermelho (R),
amarelo (Y) e alaranjado (YR), variando de 1 a 10. Os matizes são
representados por 5R (vermelho claro); 7,5R (vermelho escuro); 10R (roxo);
2,5YR e 5YR (alaranjado claro); 7,5YR e 10YR (alaranjado escuro); 2,5Y e 5Y
(amarelo claro); 7,5Y e 10Y (amarelo escuro). Define praticamente a presença
e formas dos óxidos no solo.

 Valor: o valor traduz a tonalidade mais clara ou escura da cor, sendo a


resultante das variações proporcionais de preto e branco combinados com um
matiz qualquer. No sistema de Münsell o valor zero corresponde ao preto
absoluto e o valor 10 ao branco absoluto. Nessa escala são apresentadas
apenas as variações de 2 a 8, sendo que o valor 2, por exemplo, corresponde

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100

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

à proporção de 2 décimos de branco e 8 de preto; o valor 8 corresponde ao


inverso (8 décimos de branco e 2 de preto e a mistura de 5 partes de branco e
5 de preto eqüivale ao valor 5. Normalmente diz respeito ao maior ou menor
conteúdo de matéria orgânica de um horizonte.

 Croma: representa a pureza da cor e traduz a saturação ou intensidade do


colorido. Sua codificação indica a proporção de matiz que está combinado
com alguma das tonalidades de cinzento. A resultante da croma é a
combinação de vinte pares de matiz com valores de forma que croma 7, por
exemplo, indica que existem 13 partes de cinzento (valor) e 7 partes de matiz

3.3.4 – Consistência

A consistência é uma característica morfológica apresentada pelo material


que constitui o solo, resultante da interação das forças de coesão e adesão,
dependendo diretamente do estado de umidade em que eles se encontrem. A
facilidade com que uma terra se destorroa ao ser preparada para o plantio ou com que
ela gruda no arado são fenômenos ligados à consistência.

Como a consistência do solo varia de acordo com seu grau de umidade, a


mesma é determinada e descrita em vários estádios de umidecimento:

 Seco: pode ser: solta (grãos desunidos); macia (torrões que se quebram sobre
leve pressão com os dedos); ligeiramente dura (pouco resistente à pressão
dos dedos); dura (moderadamente resistente à pressão entre dedos); muito
dura (resistem à pressão entre os dedos polegar e indicador) e extremamente
dura (torrões resistentes à compreensão com as mãos).

 Úmido: pode ser: solta (estrutura em grãos simples); muito friável (torrões que
mal suportam o manuseio); friável (torrões que facilmente se desboroam com
pouca pressão); firme (torrões que suportam manuseio); muito firme (é
necessário muita pressão para esboroar os torrões); extremadamente firmes
(torrões só se desfazem sob muita pressão, resistindo ao esmagamento entre
os dedos).

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101

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Molhado: classifica-se em: não pegajosa (material não produz pasta);


ligeiramente pegajosa (quando entre os dedos e separados o material tende a
aderir-se a ambos); pegajosa (separados os dedos o material reparte-se
aderindo-se a ambos); muito pegajosa (o material apresenta um grande poder
de esticamento e adere-se a ambos dedos); não plástica (não se consegue
massa com a adição de água); ligeiramente plástica (forma massa e é possível
preparar um cilindro mal formado com a adição de água); plástica (forma-se
cilindro que resiste à pressão moderada para deformá-lo; muito plástica
(forma-se cilindro ou esfera resistindo à pressão muito forte para deforma-lo.

3.3.5 – Cerosidade

A cerosidade é um processo muito lento decorrente da deposição de


partículas finíssimas de argilas na superfície de agregados estruturais dos horizontes
subsuperficiais, ela pode ser formada também por simples rearranjo da argila na
superfície de blocos em constante fricção, devido a freqüentes ciclos de umedecimento
e secagem, que provocam uma dilatação e compressão dos agregados.

A cerosidade é identificada de acordo com sua nitidez (fraca, moderada e


forte), quantidade (pouca, comum e abundante) e distribuição (contínua, descontínua e
fragmentária).

3.3.6 – Nódulos e Concreções

São materiais com altas concentrações de certos compostos químicos,


endurecidos, por cimentação e agregados e em vários tamanhos, formas e cores,
podendo ser, os mais comuns, esferoidais. Os agregados com bandeamento mais ou
menos concêntricos chamam-se de concreções e aos demais agregados de nódulos.

Essas formações são identificados quanto à quantidade, tamanho, dureza,


forma cor e natureza do agente cimentante. As mais fáceis de encontrar são as
acumulações de ferro (vermelho) ou ferro e alumínio (mosqueado) ou manganês
(preto).

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102

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

3.3.7 – Transição entre Horizontes

A transição diz respeito à passagem de um horizonte a outro dentro do perfil


do solo. A passagem pode ser de gradação variável, podendo-se dar num espaço mais
curto ou mais extenso. Dessa forma, a nitidez da transição é traduzida pela espessura
da zona limítrofe entre horizontes, podendo-se distinguir as seguintes modalidades de
transição:

 Abrupta: quando a distância limítrofe entre horizonte tem uma espessura


menor que 2,5 cm.

 Clara: distância limítrofe com espessura entre 2,5 e 7,5 cm.

 Gradual: distância limítrofe entre horizontes com espessura entre 7,5 e 12,5
cm.

 Difusa: distância limítrofe entre horizontes maior que 12,5 cm.

Outra forma de diferenciação da transição de horizontes diz respeito à forma do


seção vertical, podendo ter as seguintes formas:

 Plana: Limite entre horizontes adjacentes apresenta-se lisa e retilínea.

 Ondulada: limite não muito sinuoso, com desnivelamentos mais largos que
profundos.

 Irregular: limite com sinuosidades bem evidentes, com desnivelamentos mais


profundos do que largos.

 Quebrada: limite que evidencia separação de horizontes que têm


acompanhamentos de disjunções intrometidas no horizonte contíguo.

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103

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

4 - PRINCIPAIS ATRIBUTOS DIAGNÓSTICOS DOS HORIZONTES

Material orgânico

 Constituído de material orgânico satisfazendo as condições:


 12% ou mais de carbono orgânico – fração mineral contém mais de 60% de
argila

 8% de carbono orgânico – fração mineral não contém argila


 Valores intermediários de carbono orgânico proporcionais a teores intermediário
de argila: % C  8 + (0,067 x % de argila)

Material mineral

É considerado material mineral quando não satisfazer as condições exigidas


para material orgânico

a) Atividade da fração argila (valor T)

Refere-se à capacidade de troca de cátions (valor T) correspondente à


fração argila, calculada pela seguinte expressão:

CTC
T = x 100
% Argila

Onde CTC = SB + Al3+ + H+ e SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+

Usado para separar solos com argila de atividade alta (Ta) e argila de
atividade baixa (Tb):

 solo é Ta quando T > 27 cmolc/kg de argila (EMBRAPA, 1999)


 solo é Tb quando T < 27 cmolc/kg de argila (EMBRAPA, 1999)

Obs: não se aplica a solos das classes texturais areia e areia franca.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

b) EUTROFIA E DISTROFIA

Refere-se à proporção de cátions básicos trocáveis em relação à capacidade


de troca de cátions (CTC) determinada a pH 7:

SB = Ca + Mg + K + Na
SB
% V = x 100 CTC = SB + Al + H
CTC

Os limites especificados para separar


solos eutróficos dos distróficos são os
seguintes:

%V > 50 : SOLOS EUTRÓFICOS

%V < 50 : SOLOS DISTRÓFICOS

Apesar de o índice de saturação por bases expresse o quanto delas está


contido no complexo sortivo do solo, ele, por si só, não constitui um referencial
adequado do potencial de fornecimento de nutrientes às plantas, isso porque solos com
elevado V% e CTC baixo possuem relativamente pouca disponibilidade de nutrientes.
Por outro lado, solos sódicos apresentam um elevado valor de V% por excesso de Na +
sem que, por isso, implique numa elevada fertilidade.

c) CARÁTER ALUMÍNICO

Refere-se à condição em que os materiais constitutivos do solo se


encontram em estado dessaturado e caracterizado por teor de alumínio extraível > 4
cmolc/kg de solo; saturação por alumínio > 50% e/ou saturação por bases < 50%

Al3+
% Sat. Al3+ = x 100
SB + Al3+

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

d) CARÁTER SÓDICO E SOLÓDICO

Termo utilizado para distinguir camada ou horizonte que apresenta


saturação com sódio :
Os limites especificados para a
Na+ distinção entre solos de caráter sódico e
% Na+ = x 100 solódico são os seguintes:
CTC
% Na+ > 15 : solos Sódico

% Na+ > 6 e < 15 : Solos Solódicos

e) CARÁTER CARBONÁTICO E COM CARBONATO

Horizontes que apresentam quantidades de carbonato de cálcio (CaCO3)


superior a 15% são denominados carbonáticos. Sem contudo, chegar a satisfazer
as condições necessárias para caracterizar o horizonte como cálcico (%CaCO 3 > 20%).
Horizontes com teores de CaCO3 oscilando entre 5 e 15% são considerados com
carbonatos.

f) SALINIDADE

Este atributo se refere á presença de sais, mais solúveis do que o gesso (CaSO4)
em água fria, em quantidades suficientemente elevadas para prejudicar o
desenvolvimento de plantas tidas como pouco toleráveis à salinidade (não halófitas). O
solo é descrito como salino quando a condutividade elétrica maior do que 4
mmhos.cm-1 a 25 ºC (dS/m) e menor que 7, no estrato do solo (solo + água). Os
valores superiores a 15 mmhos.cm-1 são praticamente impróprias para o crescimento
de culturas vegetais não tolerantes a taxas de sais solúveis. Quando maior de 7 o
solo é considerado sálico.

Essa propriedade é encontrada, principalmente em solos de regiões muito secas


e que recebem solutos de áreas com cotas topográficas mais elevadas.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

g) PLINTITA E PETROPLINTITA

A Plintita consiste em segregações localizadas formado por uma mistura de


argila, pobre em carbono orgânico e rico em ferro, ou ferro e alumínio, ocorrendo sob a
forma de mosqueado vermelho, vermelho-amarelado e vermelho escuro. Formado pela
segregação de ferro e endurece reversivelmente com ciclos alternados de
umedecimento e secagem. Quando endurece irreversivelmente é denominado de
petroplintita

h) CARÁTER PETROPLÍNTICO

Horizonte constiuído de 50% ou mais, por volume, de petroplintita, que são


concreções de ferro ou ferro e alumínio, com no mínimo 15 cm de espessura, numa
matriz de textura variada.

i) ESTÁDIO DE INTEMPERIZAÇÃO (ÍNDICE Kr) – CAULINÍTICOS E OXÍDICOS

Avalia o grau de intemperização relativa do solo. Determinado pela relação


molecular:

SiO2
Kr = Solos cauliníticos: Kr > 0,75
Al2O3 + Fe2O3
Solos Oxídicos: Kr < 0,75

Ki = (SiO2/PM)/(Al2O3/PM)

O valor 2 equivale à da caulinita, o valor 2,2 eqüivale ao valor máximo


reconhecido para a classe do Latossolos e valores menores que 0,7 é indicativo de
solos de constituição oxídica.

Minerais Facilmente intemperizáveis

Presença de minerais de pouco ou mediana resistência ao intemperismo:


Olivina, feldspato, Piroxênios, Hornblenda; em relação ao quartzo e zircônio.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

j) Mudança textural abrupta

É uma característica típica dos horizontes que possuem uma acentuada


elevação do teor de argila dentro de uma pequena distância vertical. Ele é confirmado
se:

 Se o horizonte A tiver menos de 20% de argila, o B possui o dobro a uma


distância de 8 cm;
 Se o horizonte A tiver mais de 20% de argila, o B deve apresentar 20% a mais
em valor absoluto.

Por exemplo, horizonte A = 32% de argila numa distância vertical de 8 cm.,


horizonte B deve possuir no mínimo 52% de argila.

l) Superfície de fricção ou “slickensides”

Superfície alisada e lustrosa, apresentando na maioria das vezes estriamento


marcante, produzido pelo deslizamento e atrito da massa do solo causados por
movimentação devido à forte expansibilidade do material argiloso por umedecimento

m) Contato lítico

Termo empregado para designar material subjacente ao solo ( rocha sã e


rochas sedimentares parcialmente consolidadas – R: arenitos, siltitos, marga, folhelhos,
ardósia e saprólito pouco alterrado – CR) cuja coesão é de tal ordem que mesmo
quando úmido torna a escavação com a pá reta impraticável ou muito difícil e impede o
livre crescimento do sistema radicular.

n) Cárater ebãnico

Utilizado para separar classes de solos de coloração quase preta, na maior


parte do horizonte diagnóstico subsuperficial, com predominância de cores conforme
definido a seguir:
Para matiz 7,5 YR ou mais amarelo :
Cor úmida: valor < 4 e croma < 3
Cor seca: valor < 6
Para matiz mais vermelho que 7,5 YR :

Cor úmida: preto ou cinzento muito escuro


Cor seca: valor < 5
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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

o) CARÁTER ÁCRICO

Refere-se a materiais de solos contendo quantidades iguais ou menores que


1,5 cmolc/kg de argila de bases trocáveis (Ca, Mg, K e Na) mais Al extraível por kcl 1N
e pH positivo ou nulo.

p) CARÁTER EPIÁQUICO

Este caráter aparece em solo que apresentam lençol freático superficial


temporário resultante de má condutividade hidráulica de alguns horizontes do solo.
Esta condição permite o processo de redução e segregação de ferro, denunciado por
cores acinzentadas, esverdeadas e presença de mosqueamento.

q) CARÁTER CRÔMICO

Solos que apresentam, na parte do horizonte B, predominância de cores


conforme a seguir:

 Matiz 7,5 YR ou mais amarelo com valor > 3 e croma > 4


 Matiz mais vermelho que 7,5 YR com croma > 4

r) CARÁTER PLÁCICO

É um horizonte fino, de cor preta a vermelho escuro que é cimentado por


ferro ou manganês, com ou sem matéria orgânica, com espessura mínima de 0,5 cm e,
quando associado com material espódicos, a espessura é < 2,5 cm. Constitui um
impedimento a passagem de água e das raízes das plantas.
o) Gilgai ou microrelevos: típicos de solos argilosos

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

3 – PRINCIPAIS HORIZONTES DO SOLO

3.1 – Horizontes Superficiais

Os horizontes superficiais, segundo a classificação brasileira, são os seguintes:

a) Horizonte Hístico : é um horizonte de constituição orgânica, resultante de


acumulação de resíduos vegetais depositados superficialmente. Apresenta
coloração escura, com espessura maior que ou igual a 20 cm, com 12% ou mais de
carbono orgânico (C-org), se a fração mineral contém 60% ou mais de argila ou 8%
ou mais de C-org, se a fração mineral não contém argila.

b) Horizonte A Chernozênico: é um horizonte superficial, mineral, espesso, com


estrutura granular ou grumosa, normalmente bem desenvolvido e consistência mais
macia quando seco e friável quando úmido, de cor escura, rico em matéria
orgânica, elevada saturação de bases (V% > 65), tendo o cálcio e o magnésio
como cátions trocáveis predominantes

c) Horizonte A Proeminente: é um horizonte mineral. O A proeminente apresenta as


mesmas características morfológicas do A Chernozênico, diferindo pela baixa
saturação de bases (V% < 65),pelo que, no campo, é muito difícil sua identificação
sem a ajuda de dados analíticos.

d) Horizonte A Húmico: é um horizonte mineral de coloração escura (valor e croma 4


ou menor) muito parecido com o A proeminente, do qual se diferencia pela sua
maior espessura e sua maior riqueza em matéria orgânica, sem, contudo, não
satisfazer os requisitos de horizonte turfoso.

e) Horizonte A Moderado: é um horizonte de constituição mineral, com


desenvolvimento pouco expressivo. Apresenta cor muito claro e, geralmente, com
conteúdo de carbono orgânico baixo, em comparação com os anteriores. Nos raros
casos de possuir quantidades expressivas de matéria orgânica e cor escura. O
horizonte A moderado é o mais comum nos solos brasileiros. São incluídos nesta
categoria os horizontes que não se enquadram no conjunto das definições dos
demais.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

f) Horizonte A Fraco: este horizonte apresenta as mesma características do A


moderado, porém, com concentrações muito baixas de carbono orgânico e cor
clara, restringe-se praticamente a solos muito arenosos, e a solos de condições
climáticas muito secas.

g) Horizonte A Antrópico: este é um tipo de horizonte de constituição mineral,


modificado pela ação do homem mediante a incorporação de resíduos domésticos,
esterco, e demais deposições de rejeitos, variavelmente decompostos, resultando
numa mistura do material inato do solo primitivo com as adições humanas. Tem
bastante semelhança com o A Chernozêmico, porém a maior diferença radica no
seus maiores teores de fósforo e cálcio facilmente solúvel, decorrente de que as
adições do homem são, via de regra, ricas em fósforo e cálcio. Constitui horizonte
de ocorrência rara no Brasil, existindo citações de ocorrência no baixo Amazonas e
na Ilha de Marajó, onde se assinalam alguns sítios arqueológicos. Em algumas
regiões é conhecido como “Terra Preta de Índio”.

3.2 – Horizontes Subsuperficiais

Os horizontes subsuperficiais são geralmente considerados como os


horizontes diagnósticos, sendo os principais, segundo a classificação de solos
brasileiros, os seguintes:

a) Horizonte B Latossólico (Bw): o conceito central desse tipo de horizonte radica no


fato de ele ser constituído por material mineral em estádio avançado de
intemperismo e com pouco ou nenhum acréscimo de argila em relação ao horizonte
A, apresenta como principais constituintes da fração argila os óxidos de ferro e
alumínio (hematita, goethita e gibbsita) e argila do grupo 1:1 (caulinita), possuem
baixa capacidade de troca de cátions (< 13 cmolc.dm-3 da argila após descontar a
contribuição do carbono orgânico), praticamente não possuem minerais primários
facilmente intemperizáveis (< 4%) ou de resquícios de rochas máter e saprólito, a
textura vária de franco-arenosa a mais fina com baixos teores de silte, a espessura
deve ser sempre maior que 50 cm, a estrutura é geralmente de aspecto maciço
porosa que se desfaz em forte muito pequena e granular, a diferenciação morfologia
entre horizontes normalmente é gradual com transições difusas. É horizonte
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111

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

diagnóstico da classe de solos dos Latossolos. A Figura 4.6 mostra a forma típica
do talude de barrancos onde o perfil possui horizonte B latossólico.

Figura 4.6 - Forma típica do barranco de solos com horizonte Bw

b) Horizonte B Textural (Bt): este também é um horizonte mineral de textura franco


arenosa ou mais fina (mais que 15% de argila) que se caracteriza por possuir um
aumento significativo da fração argila em relação ao horizonte A ou E suprajacente,
podendo caracterizar ou não mudança textural abrupta. Uma feição indicadora da
iluviação da argila é a presença de cerosidade (película de colóides minerais que,
se bem desenvolvidos, são facilmente perceptíveis pelo aspecto lustroso e brilho
graxo) revestindo as paredes dos poros ou revestindo as unidades estruturais
(agregados). Quando são muito argilosos normalmente apresentam uma estrutura
em blocos ou mesmo prismática composta de blocos. Quando não caracteriza
mudança textural abrupta, a relação textural B\A satisfaz as alternativas abaixo:

Nos solos com mais de 40% de argila no horizonte A, relação maior que 1,5;

Nos solos com 15 a 40% de argila no horizonte A, relação maior que 1,7;

Nos solos com menos de 15% de argila no horizonte A, relação maior que 1,8.

c) Este é o horizonte diagnóstico de muitas das classes de solos encontrados no Brasil


como exemplo pode-se citar: Argissolos, Nitossolos, etc. A Figura 4.7 mostra a
forma típica do talude de barrancos que possuem horizontes B texturais.

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112

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Figura 4.7 - Forma típica do barranco de solos com horizonte Bt

d) Horizonte B Nátrico (Bn): é um tipo especial de horizonte B textural do qual se


distingue por possuir estrutura colunar prismática e teor de Na + trocável igual ou
superior a 20%, isto é, que tenha caráter sódico. No caso contrário, se a
concentração de Na+ variar entre 20 e 8%, o horizonte seguinte deve possuir o
caráter sódico. Este horizonte é diagnóstico da classe dos Planossolos, gleissolos,
etc.

e) Horizonte B Incipiente (Bi): é um horizonte mineral que sofreu pouco


intemperismo, porém o suficiente para causar uma decomposição parcial com o
conseqüente desenvolvimento de alguns atributos. Quando não apresenta
diferenciação muito marcante com o B latossólico, essa diferença é geralmente
obtida decorrente da pouca espessura que possuem (<< 50cm), 4% ou mais de
minerais primários atlteráveis, valores de Ki > 2,2. A classe de solos que tem este
horizonte como diagnóstico são os chamados Cambissolos.

f) Horizonte B Espódico (Bh): é um horizonte mineral, caracterizado pela


acumulação iluvial de matéria orgânica e compostos de alumínio e ferro.
Geralmente se forma sob material arenoso, a estrutura em geral é grãos simples ou
maciça, podendo ocorrer estrutura prismática ou em blocos específica. Os
compostos iluviados podem formar uma camada rija pouco permeável denominada
“ortstein”. A cor pode variar de brunado a praticamente preto ou vermelho-
ferrugíneo. Os horizonte espódicos são diagnósticos das classes de solo dos
Espodossolos.

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113

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

g) Horizontes Cálcicos e Petrocálcicos (Bk e Bkm): são horizontes minerais, com


no mínimo 15 cm ou mais de espessura, que se caracterizam por possuir um
acúmulo secundário de carbonatos de cálcio e/ou magnésio (CaCO 3 e/ou MgCO3),
ocasionando assim um teor maior desses carbonatos daquele que existia no
material originário. O teor de carbonatos deve ser superior a 15%, excedendo em
5% ou mais os teores do horizonte C ou material de origem. Quando o horizonte
cálcico se torna irreversivelmente maciço e endurecido, de tal forma que seus
fragmentos, quando imersos na água, não se desmantelem é chamado de
Horizonte Petrocálcico.

h) Horizonte Plintico (Bf): é um horizonte mineral de espessura igual ou maior que 15


cm, caracterizado pela presença de abundante quantidade de plintita, devendo
atingir valores iguais ou superiores a 15% do material constitutivo, com
arranjamento de cores vermelhas e acinzentadas ou brancas (coloração variegada,
com predominância de cores avermelhadas, bruno-amareladas, acinzentadas e
esbranquiçada) apresentam geralmente um intenso mosqueamento. A classe de
solo que tem este horizonte como diagnóstico é a dos Plintossolos.

i) Horizonte Litoplíntico: É uma camada consolidada contínua ou praticamente


contínua, endurecida por ferro ou ferro e alumínio, na qual o carbono orgânico está
ausente ou presente em pouca quantidade, sem caracterizar um horizonte espódico
(Bh), com espessura no mínimo de 10 cm, constituindo um sério impedimento a
penetração de raízes e água.

j) Fragipã : Horizonte subsuperficial, com 10 cm ou mais de espessura, de textura


média ou algumas vezes arenosa, conteúdo de matéria orgânica muito baixo,
quando seco tem consistência dura, muito dura ou extremamente dura e quando
úmido tem consistência quebradiça fraca e moderada, rompendo-se sob pressão ou
deformação lenta.

k) Duripã : Horizonte subsuperficial, com 10 cm ou mais de espessura, com grau


variável de cimentação por sílica, podendo conter óxido de ferro e carbonato de
cálcico, consistência quando úmido firme ou extremamente firme e são
quebradiços, mesmo após prolongado umedecimento.
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114

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

l) Horizonte Vértico :Horizonte mineral subsuperficial, que, devido à expansão e


contração das argilas, apresenta feições pedológicas típicas, que são as superfícies
de fricção (slickensides), fendas em períodos mais seco do ano com pelo menos 1
cm de largura e textura argilosa a muito argilosa.

m) Horizonte B Plânico : Tipo especial de horizonte B textural, subjacente a horizonte


A ou E e precedido por uma mudança textural abrupta. Apresenta estrutura
prismática, ou colunar, ou em blocos angulares e subangulares grandes, com
permeabilidade lenta e cores acinzentadas, ou cores de redução com ou sem
mosqueamento, elevado teor de argila dispersa, responsável pela retenção de
lençol d´água suspenso.

n) Horizonte B Nítico : horizonte mineral subsuperficial, não hidromórfico, textura


argilosa ou muito argilosa, sem incremento de argila do horizonte A para o B, com
pequeno incremento, porém não suficiente para caracterizar a relação textural B/A
do B textural, argila de aividade baixa ou alta, cerosidade moderada ou forte, com
transição gradual ou difusa.

3.3 – Horizontes Diagnósticos Superficiais e Subsuperficiais

Os horizontes diagnósticos superficiais e subsuperficiais levam esse nome


em função de serem obrigatoriamente indispensáveis para algumas classes de solos,
independentemente de sua localização no perfil, os mais comuns nas condições
brasileiras são:

a) Horizonte Turfoso (H): é caracterizado por ser um horizonte essencialmente


orgânico, de cor escura, formado em condições de excesso de água permanente ou
temporário. É típico dos solos Orgânicos, podendo ocorrer também como horizonte
superficial de alguns solos minerais em condições extremas de hidromorfismo
(encharcamento).

b) Horizonte Álbico (E): é um horizonte de intensa eluviação, tem cor clara a


descorada, é usualmente de subsuperfície apresentando-se logo após o horizonte A
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115

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

e antecede o Bt ou Bn. São característicos das classes dos Espodossolos,


Planossolo, mais raramente pode ocorrer nas classes dos Plintossolos e Argissolos
Vermelho-Amarelos.

c) Horizonte Glei (g): é um horizonte mineral com espessura igual ou superior a 15


cm., que tem como sua principal característica a presença de cores cinzento-
oliváceas, esverdeadas e azuladas, Essas cores resultam da intensa redução do
ferro em decorrência da saturação por água durante todo o ano ou grande parte
dele. A notação de “g” normalmente acompanha outro horizonte diagnóstico. Sua
presença a menos de 50 cm. de profundidade é critério para identificar as classes
de solos do Gleissolos.

d) Horizonte Sálico: horizonte mineral muito raramente orgânico, com no mínimo 15


cm. de espessura e caracterizado por enriquecimento secundário com sais em
proporções nunca menores que 2% em relação ao material originário. A
concentração de sais considerada diagnostica é expressa pelo produto da
espessura do horizonte, em centímetros, pela porcentagem de sal devendo o
resultado ser igual ou superior a 60. A equação a seguir exemplifica o tipo de
cálculo:

60 < Pss x Esp. , sendo

Pss = {[(640 x CE)  10.000] x [Pw]}  100,

onde:

Pss = % de peso de sal no solo;

CE = Condutividade elétrica, em mmhos.cm-1;


Pw = Porcentagem de água no extrato de saturação e;
Esp = espessura do horizonte , em cm.

e) Horizonte Sulfúrico: é um horizonte mineral ou orgânico gerado pela drenagem de


material sulfídrico. Caracteriza-se por ter simultaneamente pH  3,5 e mosqueado
de jarosita (sulfato de ferro) de matiz 2,5 Y. É diagnóstico de modalidades dos
Gleissolos e solos orgânicos, tendo ocorrência nas regiões litorâneas em áreas com
alto teor de matéria orgânica e problema de drenagem.
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116

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

UNIDADE V

SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

(EMBRAPA, 1999)

1 - Considerações Gerais

Foi a partir da década de 70 que se iniciou as primeiras tentativas de


organização de um sistema de classificação de solos no Brasil, conhecidas como
aproximações sucessivas, onde buscava definir um sistema hierárquico,
multicategórico e aberto, permitindo que inclusão de novas classes de solos e torne
possível a classificação de todos os solos existentes no território nacional.

No período entre 1978 e 1997 foram elaboradas: a 1ª aproximação


(EMBRAPA, 1980k), a 2ª aproximação (EMBRAPA, 1981b), a 3ª aproximação
(EMBRAPA, 1988c) e 4ª aproximação (EMBRAPA, 1997), compreendendo discussões,
organização, circulação de documentos para críticas e sugestões, assim como a
divulgação entre participantes e a comunidade científica em geral.

A última aproximação (EMBRAPA, 1999), teve como ponto de referência


inicial a 3ª aproximação e as seguintes publicações: Mapa Mundial de suelos (FAO,
1990), Référentiel pédologique français e Référentiel pédologique (Association
Française pour L’Étude du Sol, 1990 e 1995), Keys to soil taxonomy (Estados Unidos,
1994 e 1998) e World reference base for soil ressources (FAO, 1994 e 1998)

A classificação brasileira proposta e usada no país é profundamente


relacionada com a ocorrência de solo na paisagem. Ela objetiva, principalmente, servir
aos levantamentos de solos, tornando a correspondência entre os conceitos de cada
classe e a ocorrência dos solos na paisagem muito estreita.

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117

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

2. NÍVEIS CATEGÓRICOS DO SISTEMA

Nível de um sistema de classificação de solos é um conjunto de classes


definidas num mesmo nível de generalização ou abstração e incluindo todos os solos
que satisfizerem a essa definição. São consideradas as características ou propriedades
que possam ser identificadas no campo.

Os níveis categóricos previstos para o Sistema Brasileiro de Classificação de


Solo são seis: 1º NÍVEL CATEGÓRICO (Ordens), 2º NÍVEL CATEGÓRICO
(Subordens), 3º NÍVEL CATEGÓRICO (Grandes Grupos), 4º NÍVEL CATEGÓRICO
(Subgrupo), 5º NÍVEL CATEGÓRICO (Família) e 6º NÍVEL CATEGÓRICO (Séries).

1º NÍVEL CATEGÓRICO (Ordens)

As diversas classes no nível categórico foram separadas pela presença ou


ausência de atributos, horizontes diagnósticos ou propriedades que são características
passíveis de serem identificadas no campo mostrando diferenças no tipo e grau de
desenvolvimento de um conjunto de processos que atuaram na formação do solo.

2º NÍVEL CATEGÓRICO (Subordens)

As classes foram separadas por propriedades ou caracterísiticas


diferenciais:

 Refletem atuação de outros processos de formação que agiram juntos ou


afetaram os processos dominantes e cujas características foram
utilizadas para separar os solos no 1º NÍVEL CATEGÓRICO;

 Ressaltam as características responsáveis pela ausência de


diferenciação de horizontes diagnósticos.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

3º NÍVEL CATEGÓRICO (Grandes Grupos)

As classes foram separadas por uma ou mais das seguintes características:

 Tipo e arranjamento dos horizontes;

 Atividade de argila; condição de saturação do complexo sortivo por bases


ou por alumínio, ou por sódio e/ou por sais;

 Presença de horizontes ou propriedades que restrigem o


desenvolvimento das raízes e afetam o movimento da água no solo.

4º NÍVEL CATEGÓRICO (Subgrupo)

As classes foram separadas por uma das seguintes características:

 Representa o conceito central da classe (é o tipo);

 Representa os solos com caracteríticas extraordinária.

5º NÍVEL CATEGÓRICO (Família)

Deve ser definido com base em propriedades físicas, químicas e mineralógicas


e em propriedades que refletem condições ambientais.

6º NÍVEL CATEGÓRICO (Série)

Categoria mais homogênea do sistema, devendo ser utilizado em levantamento


detalhado. Neste nível deverá ter por base características diretamente relacionadas
com o crescimento de plantas, principalmente no que concerne ao desenvolvimento do
sistema radicular, relações solo-água-planta.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

3 – NOMENCLATURA DAS CLASSES

No 1º nível categórico (ordens) os nomes das classes são formados pela


associação de um elemento formativo com terminação “ ssolos” .

CLASSES ELEMENTO TERMO DE CONOTAÇÃO E DE


FORMATIVO MEMORIZAÇÃO

NEOSSOLO NEO Novo. Pouco desenvolvido

VERTISSOLO VERTI Vértico. Horizonte vértico

CAMBISSOLO CAMBI Cambiar. Horizonte B incipiente

CHERNOSSOLO CHERNO Chernozêmico. Preto, rico em bases

LUVISSOLO LUVI Saturado. Acumulação de argila Ta

ALISSOLO ALI Alumínico. Alto conteúdo de alumínio

ARGISSOLO ARGI Podzólico. Horizonte B textural Tb

NITOSSOLO NITO Nítido. Horizonte B nítico

LATOSSOLO LATO Latosol. Horizonte B latossólico

ESPOSSOLO ESPODO Spodos. Horizonte B espódico

PLANOSSOLO PLANO Plânico. Horizonte B plãnico

PLINTOSSOLO PLINTO Plintita. Horizonte plíntico

GLEISSOLO GLEI Glei. Horizonte glei

ORGANOSSOLO ORGANO. Orgânico. Horizonte H ou O hístico

EXEMPLO:

NEOSSOLOS FLÚVICO Ta Eutrófico Vértico

1º e 2º níveis categóricos 3º nível categórico 4º nível categórico

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120

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

4 – BASES E CRITÉRIOS

NEOSSOLOS: Solos pouco evoluídos , com ausência de horizonte B


diagnóstico. Solos em via de formação, seja pela atuação dos
processos pedogenéticos ou por características inerentes ao
material originário.

VERTISSOLOS: desenvolvimento restrito pela grande capacidade de


movimentação do material constitutivo do solo em
consequência dos fenômenos de expansão e contração
causados pela atividade das argila.

CAMBISSOLO: pedogênese pouco avançada evidenciada pelo


desenvolvimento da estrutura (fraca), presença de minerais
primário facilmente intemperizáveis.

CHERNOSSOLOS: evolução não muito avançada , atuação expressiva de


processo de bissialitização, manutenção de cátions básicos
bivalentes, principalmente cálcio, conferindo alto grau de
saturação e desenvolvimento de Horizonte diagnóstico A
Chenozêmico.

LUVISSOLOS: B textural, argila de atividade alta e saturação por bases alta.

ALISSOLO: B textural ou B nítico, argila de atividade maior ou igual 20


cmolc/kg de argila e saturação por bases baixa.

ARGISSOLO: B textural com argila de atividade baixa.

NITOSSOLOS: B nítico com argila de atividade baixa.

LATOSSOLOS: grupamento com B latossólico

ESPOSSOLOS: B espódico

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

PLANOSSOLO: B plânico

PLINTOSSOLOS: expressiva plintização com ou sem formação de


petroplintita.

GLEISSOLOS: expressiva gleização. Hidromorfia expressa por forte gleização,


resultante por intensa redução de ferro.

ORGANOSSOLOS: solos orgânicos. Natureza essencialmente orgânica.

5 – DEFINIÇÃO DAS CLASSES DE 1º NÍVEL (ORDENS)

ALISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte B textural ou B nítico , e


argila de atividade maior que 20 cmolc/kg de argila, apresentando alto conteúdo de
alumínio extraível (Al3+  4 cmolc/kg de solo), e saturação por alumínio  50%.

Abrangência: estão incluídos os solos como RUBROZEM, PODZÓLICO


BRUNO-ACINZENTADO Distrófico ou Álico; PODZÓLICO VERM0ELHO-
AMARELO Distrófico ou Álico com argila de atividade baixa.

ARGISSOLOS

Constituído por material mineral com argila de atividade baixa e horizonte B


textural imediatamente abaixo de A ou E, presença ou não de horizonte glei ou plíntico.

Abrangência: estão incluídos solos como Podzólico Vermelho-Amarelo Ta;


pequena parte de Terra Roxa Estruturada Similar com gradiente textural
para B textural.

CAMBISSOLOS

Compreendem solos constituídos por material mineral, com horizonte B


incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que em qualquer
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122

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

dos casos não satisfaçam os requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas
classes Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos e Gleissolos.

Abrangência: compreende os solos anteriormente classificados como


Cambissolos, inclusive os desenvolvidos em sedimentos aluviais. São
excluídos dessa classe os solos com horizonte A chernozêmico e B
incipiente com alta saturação por bases e argila de atividade alta.

CHERNOSSOLOS

Compreende solos constituídos por material mineral que tem como


características discriminantes, alta saturação por bases, argila de atividade alta e
horizonte A chernozêmico sobrejacente a um horizonte B textural, B nítico, B incipiente
ou Horizonte C cálcico ou carbonático.

Abrangência: inclui os solos que foram classificados como Brunizem,


Rendzina, Brunizem Avermelhado, Brunizem Hiromórfico.

ESPODOSSOLOS

Compreendem solos constituídos por material mineral com horizonte B


espódico subjacente a horizonte eluvial E ou subjacente a horizonte A, Apresenta
sequência de horizonte A, E, Bh, Bhs, ou Bs e C.

Abrangência: solos que foram classificados como Podzol e Podzol


hidromórfico.

GLEISSOLOS

Compreendem solos hiromórficos constituídos por material mineral, que


apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm da superfície do solo, ou a
profundidades entre 50 e 125cm desde que imediatamente abaixo de horizonte A ou E,
ou precedidos por Horizonte B incipiente, B textural ou C com presença de
mosqueados abundantes com cores de redução. Solos mal ou muito mal drenados, em

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123

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

condições naturais, que apresentam sequência de horizontes A – Cg, A – Big – cg, A –


E – Btg – Cg, A – Eg – Bt – Cg, Ag – Cg.

Abrangência: solos que foram classificados como Glei Pouco Húmico, Glei
Húmico, parte do Hidromórfico Cinzento, Glei Tiomórfico e Solonchak.

LATOSSOLOS

Compreendem solos constituídos por material mineral, com horizonte B


latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico
superficial, exceto H hístico. Solos com avançado estágio de intemperização, muito
evoluído, como resultado de enérgicas transformações no material constitutivo, com
CTC inferior a 17 cmolc/kg de argila sem correção para o carbono, predominantemente
cauliníticos, com Ki variando de 2 até 2,2, até solos oxídicos.

Abrangência: inclui os solos classificados anteriromente como Latossolos,


exceto os Latossolos plínticos.

LUVISSOLOS

Compreendem solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural


ou B nítico, com argila de atividade alta e saturação por bases alta, imediatamente
abaixo de horizonte A fraco ou moderado, ou horizonte E. São solos pouco profundos
(60 a 120cm), com sequência de horizonte A, Bt e C e nítida diferenciação entre o A e
Bt (transição abrupta), O horizonte Bt apresenta coloração avermelhada, amarelada e
menos frequente brunada ou acinzentada. Presença de argilominerais 2:1, com Ki no
horizonte Bt entre 2,4 e 4,0 e moderadamente ácidos.

Abrangência: estão incluídos os solos que foram classificados como Bruno


Não Cálcico, Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico argila de atividade
alta e Podzólico Bruno-acinzentado Eutrófico e alguns Pozólicos
Vermelho-Escuro Eutróficos com argila de atividade alta.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

NEOSSOLOS

Compreendem solos constituídos por material mineral ou por material


orgânico pouco espesso com pequena expressão dos processos pedogenéticos em
consequência da baixa intensidade de atuação destes processos, que não conduziram,
ainda, à modificações expressivas do material originário, de características do próprio
material, pela sua resistência ao intemperismo ou composição química, e do relevo.
Apresentam sequência de horizonte A – R, A – C – R, A – Cr – R, A – Cr, A – C, O – R
ou H – C.

Abrangência: estão incluídos os solos que foram classificados como


Litossolos e solos Litólicos, Regossolos, Solos Aluviais e Areias
Quartzosas (Distróficas, marinhas e hidromórficas).

NITOSSOLOS

Compreendem solos constituídos por material mineral, com horizonte Bnitico


de argila de atividade baixa, textura argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos
subangulares, angulares ou prismatica moderada ou forte, com cerosidade e/ou
superfície de compressão. Apresentam grande expressividade em termos de
desenvolvimento de estrutura e cerosidade, mas inexpressivo gradiente textural.

Abrangência: Terra roxa Estruturada, Terra Bruna Estruturada, Podzolico


Vermelho-Escuro e alguns Podzolico Vermelho-Amarelo.

ORGANOSSOLOS

Compreendem solos pouco evoluídos, constituídos por material orgânico


proveniente de acumulação de restos vegetais em grau variável de decomposição,
acumulados em ambientes mal a muito mal drenados, ou em ambientes úmidos de
altitude elevada, de coloração preta, cinzenta muito escura ou marron e com elevados
teores de carbono orgânico.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Abrangência: nesta classe estão incluídos solos que foram classificados


como solos orgânicos, Semi-orgânicos, Solos Tiomórficos de
constituição orgânica ou Semi-orgânica e parte dos Solos Litólicos
Turfosos com horizonte O híticos com 30 cm ou mais de espessura.

PLANOSSOLOS

Compreendem solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, com


horizonte superficial de textura mais leve e subsuperficial eluvial, que contrasta
abruptamente com o horizonte B imediatamente subjacente ao A, adensado,
geralmente de acentuada concentração de argila, permeabilidade lenta ou muito lenta,
constituindo, por vezes, um horizonte pã, responsável pela detenção de lençol d´água
sobreposto (suspenso), de existência periódica e presença variável durante o ano.
Podem apresentar qualquer tipo de horizonte A ou E, e nem sempre horizonte E álbico,
seguidos de B plânico, tendo seqüência de horizonte A, AB ou A, E ou Eg, seguidos de
Bt, Btg, Btn ou Btng.

Quando existir o horizonte plíntico, não deve estar acima e nem coincide
com o horizonte B plânico; se existir horizonte glei, coincide com o horizonte B plânico
ou ocorre abaixo do mesmo.

Abrangência: Inclui os solos que foram classificados como Planossolos,


Solonetz-Solodizado e Hiromórfico cinzento.

PLINTOSSOLOS

Compreendem solos minerais formados sob condições de restrição à


percolação da água, sujeitos efeito temporário de excesso de umidade, de maneira
geral imperfeitamente a mal drenados, que se caracterizam fundamentalmente por
apresentar expressiva plintitização com ou sem petroplintita ou horizonte litoplíntico, na
condição de que não satisfaçam os requisitos estipulados para as classes dos
Neossolos, Cambissolos, Luvissolos, Alissolos, Argissolos, Latossolos, Planossolos ou
Gleissolos.

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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Apresentam horizonte A de qualquer tipo e seqüência de horizontes A, AB,


ou A, E, ou Eg, seguidos de Btf, Bif, Bwf ou Cf.

Abrangência: estão incluídos solos que foram classificados como Lateritas


Hidromórficas, Podzólicos Plínticos e alguns Latossolos Plínticos.

VERTISSOLOS

Compreendem solos minerais apresentando horizonte vértico e pequena


variação textural ao longo do perfil, nunca suficiente para caracterizar um horizonte B
textural. Apresentam fenômenos de expansão e contração conforme o teor de umidade
e evidências de movimentação de massas do solo, sob a forma de superfície de fricção
(slickensides), podendo apresentar microrelevo do tipo gilgai. O teor de argila é no
mínimo de 30% nos 20cm superficiais e a seqüência de horizontes é A – Cv ou A – Biv
– C.

Abrangência: estão incluídos todos os vertissolos inclusive os


Hidromórficos.

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127

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

6 – CORRESPONDËNCIA NA 3ª APROXIMAÇÃO

EMBRAPA 1999 Correspondência na 3ª aproximação

NEOSSOLO Litossolos, Regossolos, aluviais, Areias quartzosas

VERTISSOLO Vertissolos

CAMBISSOLO Cambissolos

CHERNOSSOLO Brunizém, Rendzina, Brunizém Vermelhado

LUVISSOLO Bruno não Cálcico, Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico Ta

ALISSOLO Podzólico Vermelho-Amarelo Distrófico Tb

ARGISSOLO Podzólico Vermelho-Amarelo, Tb, Terra Roxa Estruturada

NITOSSOLO Podzólico Vermelho-Amarelo, Podzólico Vermelho-Escuro,


Terra Roxa Estruturada

LATOSSOLO Latossolos

ESPODOSSOLO Podzóis

PLANOSSOLO Planossolos

PLINTOSSOLO Plitossolos

GLEISSOLO Glei Húmico, Glei Pouco Húmico, Hidromórfico cinzento

ORGANOSSOLO Solos Orgânicos, Solos Tiomórficos

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128

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

7 - CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS

A utilização da chave para o 1º nível categórico(ordens) requer que alguns


pressupostos sejam observados:

 Considerar a prevalência dos horizontes, assim se na chave aparecer


solos com horizonte B textural implica que o mesmo não é coincidente
com horizonte glei ou plíntico, pois ambos têm precedência sobre ele,
ou se aparecer solo com horizonte B plânico de caráter solódico,
implica que o horizonte B pode ser coincidente com plíntico, glei e
assim por diante;
 Considerar que o primeiro horizonte diagnóstico de subsuperfície, a
contar da superfície, tem prevalência sobre outros que possam
ocorrer. Por exemplo, nas classes Argissolos e Nitossolos é comum
ocorrer, abaixo do horizonte B textural e do B nítico respectivamente, o
horizonte B latossólico. Este, quando situado após aqueles, não tem
significado taxonômico no primeiro nível categórico, não obstante
possa ser utilizado como discriminante em níveis categóricos mais
baixos.
 Levar em consideração as seguintes proposições resultantes da 2ª
reunião do Comitê Assessor Nacional abaixo transcritas:

“Nas condições de clima tropical úmido prevalecentes no Brasil, a atividade


biológica e os processos pedogenéticos comumente ultrapassam profundidades
maiores que 200cm. Por questões práticas de execução de trabalhos de campo,
principalmente, o limite inferior do solo que classificamos é arbitrariamente fixado
em 200cm, exceto quando:

 horizonte A exceder a 150cm de espessura como em certos


Latossolos com A húmico espesso, para os quais o limite arbitrado é
de 300cm; ou

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129

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 no sequum estiver presente o horizonte E, cuja espessura somada à


do horizonte A seja igual ou maior que 200cm, para os quais o limite
arbitrado é de 400cm”.

CHAVE PARA AS ORDENS

A chave apresenta uma definição simplificada que permite que a classe


seja distinguida das demais. Entretanto, uma definição completa da classe está incluída
no texto desta aproximação, no capítulo 3(p.81), e o usuário deve se reportar a ela para
o perfeito entendimento da classe identificada na chave.

No 1º nível categórico (ordem) os solos são classificados de acordo com


a seguinte sequência:

 solos que apresentam horizonte H com 40cm ou mais de espessura,


contínuo ou cumulativo nos primeiros 80cm da superfície do solo ou
com horizonte O com 30cm ou mais de espessura, quando
sobrejacente a um contato lítico.
ORGANOSSOLOS

outros solos sem horizonte B diagnóstico e satisfazendo os seguintes


requisitos;

 ausência de horizonte glei dentro de 50cm da superfície do solo,


exceto no caso de solos de textura areia e areia franca;

 ausência de horizonte plíntico dentro de 40cm da superfície do solo;

 ausência de horizonte vértico imediatamente abaixo de horizonte A;

 A chernozêmico, se presente não deve estar conjugado com o caráter


carbonático e/ou horizonte cálcico.

NEOSSOLOS

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130

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

Outros solos com relação textural insuficiente para identificar um B textural e


que apresentam horizonte vértico entre 25 e 100cm de profundidade e saisfazendo os
seguintes requesitos:

 Nos 20cm superficiais, após misturados, teor de argila de, no mínimo,


30%;

 Fendas verticais no período seco com pelo menos 1cm de largura,


atingindo, no mínimo, 50cm de profundidade, exceto nos solos rasos,
nos quais a profundidade e 30cm;

 Em áreas irrigadas ou mal drenadas (sem fendas aparentes), o


coeficiente de expansão linear (COLE) do solo deve ser igual ou
superior a 0,06.

VERTISSOLOS

 Outros solos que apresentam horizonte B espódico imediatamente


abaixo do horizonte A ou E.

ESPODOSSOLOS

 Outros solos apresentando horizonte B textural ou horizonte B nitico,


ambos com argila de atividade > 20 cmolc/kg de argila e caráter
alumínico no horizonte B, que ocorre imediatamente abaixo do
horizonte A ou E.

ALISSOLOS

 Outros solos apresentando horizonte B plânico, imediatamente abaixo


de horizonte A ou E.

PLANOSSOLOS

 Outros solos, apresentando horizonte glei, dentro de 50cm da


superfície do solo (não coincidente com horizonte plíntico).

GLEISSOLOS
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131

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 Outros solos que apresentam horizonte B nitico com argila de


atividade baixa, imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos
primeiros 50cm do horizonte B.

NITOSSOLOS

 Outros solos que apresentam horizonte B latossólico imediatamente


abaixo do horizonte A..

LATOSSOLOS

 Outros solos que apresentam horizonte A chernozêmico seguido de,


horizonte B incipiente ou B textural ou B nitico, todos com argila de
atividade alta e saturação por bases alta ou de horizonte B incipiente <
10 cm de espessura ou horizonte C, ambos calcicos ou carbonaticos,
ou apresentando horizonte cálcico ou caráter carbonatico no Horizonte
A, seguido de um contato lítico.

CHERNOSSOLOS

 Outros solos que apresentam horizonte B incipiente imediatamente


abaixo do horizonte A ou de horizonte hístico com espessura inferior a
40 cm.

CAMBISSOLOS

 Outros solos que apresentam horizonte plíntico, exceto quando este


for coincidente com horizonte plânico de caráter sódico, iniciando nas
seguintes profundidades,

 40cm, ou

 dentro de 200cm da superfície do solo se imediatamente


subjacente ao horizonte A ou E, ou

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132

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

 dentro de 200cm, quando coincidente com outros horizontes


imediatamente sujacente ao horizonte A ou E e que
apresentem propriedades epiaquicas.

PLINTOSSOLOS

 Outros solos apresentando horizonte B textural ou B nítico com


argila de atividade alta e saturação por bases alta, imediatamente
abaixo do horizonte A ou E.

LUVISSOLOS

 Outros solos apresentando B textural com argila de atividade baixa.

ARGISSOLOS

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133

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

8 - ROTEIRO PRÁTICO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS


( SISTEMA BRASILEIRO )

1a Etapa:

.. Anotar na Ficha de Classificação específica, as seguintes características:

1.1. Características Gerais


- Localização do Perfil;
- Material de Origem;
- Relevo;
- Drenagem;
- Vegetação;
- Seqüência de Horizontes.

1.2. Características do Horizonte Superficial


- Horizonte(s) considerados na determinação da espessura par
definir o tipo de horizonte diagnóstico superficial;
- Espessura total do(s) horizonte (s) considerado(s);
- Notação da Cor ( Valor Croma ) do solo úmido e seco do (s)
horizonte(s) sob análise;
- Estrutura;
- Consistência ( solo seco )
- Saturação de bases
- Carbono Orgânico ou Matéria Orgânica ( % )
- P2O5 ( mg / dm3 )

1.3. Características do Horizonte Subsuperficial


- Cor
- Espessura total do horizonte ( B e/ou C )
- Grau de diferenciação entre horizontes. Considera-se textura
( granulometria ) e cor no perfil
- Estrutura;
- Textura;
- Cerosidade;
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134

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Gilgai, slinckensides, fendas;


- Duripan, fragipan;
- Grau de floculação;
- Valor Ki;
- Relação Silte / Argila;
- Teores de Fe2O3
- pH ( água )
- Minerais primários de fácil intemperização ( % )
- Calcular: Relação Textural ( B/A ), Mudança textural abrupta ,
Atividade de argila, saturações de bases, sódio e de alumínio.
2a Etapa:
.. Tipo de Horizonte Diagnóstico Superficial

- Definido através da análise comparativa dos dados observados nos


item 3.1.

.. Tipo de Horizonte Diagnóstico Subsuperficial

- Definido adotando-se o mesmo procedimento usado na definição do


Horizonte Diagnóstico Subperficie no iem 3.2
3a Etapa

.. Classificação do Solo
- Com base no tipo de horizonte diagnóstico subsuperficial identificado,
compara-se com as descrições das classes apresentadas (1º nível categórico) nos
itens 5, 6 e 7, o qual contém as características inerentes a cada classe de solo / tipo
de horizonte subsuperficial.
- Procede-se a análise comparativa entre as características observadas
no perfil e aquelas listadas para cada classe, definindo assim o tipo de solo.

4a Etapa

.. Confirmação pela Chave de Classificação

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135

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Verificar se há concordância das características contidas na Chave


Simplificada de Classificação de Solos no Sistema Brasileiro para o tipo de solo
identificado na 3a Etapa.

5a Etapa

.. Descrição da Classe de Solo


- Uma vez classificado o solo, incluem-se ao nome da classe, outras
características que não constituem requisitos indispensáveis para a definição do tipo de
solo já identificado (nos níveis categóricos inferiores). Essas carcterísticas adicionais
são as seguintes:
- Caráter eutrófico, distrófico ou álico, abrúptico, sódico, solódico;
- Atividade de argila;
- Tipo de horizonte diagnóstico superficial;
- Textura;
- Vegetação Primitiva ( Principalmente em áreas sem dados
climáticos conhecidos ou disponíveis );
- Fase de relevo
- Exemplo:

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136

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

9 - CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS NO SISTEMA AMERICANO


( Soil Taxonomy )

1 - Considerações Gerais

O Sistema Americano de Classificação de Solos é formado a partir de


categorias inferiores ( Exp. Série ) para as superiores ( Exp. Ordem ). Trata-se
portanto de um sistema que possui o maior número de categorias, divididas em:
Ordem, Sub-ordem, Grande-grupo, Sub-grupo, Família e Série.
Neste trabalho, pelo fato de destinar-se principalmente aos cursos de
graduação em Engenharia Agronômica, daremos ênfase apenas à classificação ao
nível de Ordem.
As Ordens agrupam solos com propriedades em comum que indicam
tipos e intensidades similares de processos pedogenéticos, definidos com base na(o):
- Presença ou ausência dos principais horizontes diagnósticos;
- Grau de desenvolvimento dos horizontes;
- Composição geral e,
- Grau geral de intemperização e/ou lixiviação do solo.
O Sistema Compreensivo ( Soil Taxonomy ) para classificação de solos
possui 10 ( dez ) ordens que são as seguintes: Alfisols, Aridisols, Entisols,
Histosols, Inceptisols, Mollisols, Oxisols, spodsols, Ultisols e Vertisols.
Na determinação da Ordem, algumas vezes há necessidade de
conhecermos o que denominamos de regime de temperatura e de umidade do solo,
embora, o emprego direto do conhecimento de tais regimes seja imprescindível , na
determinação da Subordem, apresentaremos a seguir as características de cada
regime acima mencionado.
Os regimes de temperatura do solo utilizados nos vários níveis do sistema
taxonômico americano atual são os seguintes:
- PERGELIC
. Médias anuais de temperatura do solo ( tS ) menores que 0o C.
- CRYIC
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137

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

. Solos bastante frios: 0oC < tS < 8o C.


- FRIGID
. Solos com temperatura médias entre 5oC < tS < 8o C.
- MESIC
. Solos que apresentam 8oC < tS < 15o C e a diferença entre as médias de
temperatura de verão ( tV ) e de inverno ( tI ) são maiores que 5oC.
- TERMIC
. Solos com 15oC < tS < 22o C e médias de tV - tI > 5 oC
- HIPERTERMIC
. Solos que apresentam tS > 22 o C e tV - tI > 5 oC

. OBS. Quando a classe de temperatura do solo tiver o prefixo ISO significa que
tV - tI < 5 oC a uma profundidade de 50 cm ou até contato lítico ou paralítico.

Os regimes de umidade, por sua vez, são definidos em função do lençol


freático ou da presença ou ausência de água retida na seção de controle de umidade a
uma tensão menor que 15 bar, durante parte do ano.
Os vários níveis de Regime Hídrico ( Umidade ) estão assim distribuídos:
- AQUIC
. Caracterizado principalmente por ser um regime redutor e livre de
oxigênio dissolvido na água do solo devido a saturação pelo lençol freático. Neste caso,
o solo encontra-se continuamente saturado com água.
- ARIDIC
. Regime de umidade de solos normalmente localizados em clima árido e
semi-árido. Tais solos apresentam propriedades físicas tais como crostas superficiais
que impedem a infiltração da água ou possuem leito rochoso muito superficial. Neste
caso há pequena ou nenhuma infiltração e os sais solúveis podem acumular-se no
caso de haver fonte para isso.

- UDIC
. Este regime é comum para solos de clima úmido com
precipitaçãopluviométrica bem distribuída ou com suficiente chuva no verão para
armazenar umidade de tal modo que a referida umidade mais as chuvas, sejam
aproximadamente iguais ou estas excedam a evapotranspiração.
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138

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- USTIC
. É um regime hídrico intermediário entre o ARIDIC e o UDIC e constitui
um regime que se encontra presente quando as condições são adequadas ao
crescimento das plantas, não sendo aplicado aos solos com regime de temperatura
PERGELIC e CRYIC.

Em regiões tropicais e sub-tropicais com uma ou duas estações secas, o


verão e o inverno têm pequeno significado. Nestas condições o regime USTIC é
aquele caracterizado por um clima de monção com pelo menos uma estação chuvosa
de três meses ou mais.

- XERIC
. Este regime de umidade é caracterizado por climas mediterrânicos onde
ocorrem inverno úmido e fresco e verão seco e calorento.

2. ROTEIRO PRÁTICO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS A NÍVEL DE ORDEM


( SOIL TAXONOMY )

1a Etapa:

.. Anotar na Ficha de Classificação específica, as seguintes características:

2.1. Características Gerais


- Localização do Perfil;
- Material de Origem;
- Relevo;
- Drenagem;
- Vegetação;
- Sequência de Horizontes.

2.2. Características do Horizonte Superficial

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139

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Horizonte(s) considerados na determinação da espessura par


definir o tipo de horizonte diagnóstico superficial;
- Espessura total do(s) horizonte (s) consuderado(s);
- Notação da Cor ( Valor Croma ) do solo úmido e seco do (s)
horizonte(s) sob análise;
- Estrutura;
- Consistência ( solo seco )
- Saturação de bases
- Carbono Orgânico ou Matéria Orgânica ( % )
- P2O5 ( mg / dm3 )

2.3. Características do Horizonte Subsuperficial


- Cor
- Espessura total do horizonte ( B e/ou C )
- Grau de diferenciação entre horizontes. Considera-se textura
( granulometria ) e cor no perfil
- Estrutura;
- Textura;
- Cerosidade;
- Gilgai, slinckensides, fendas;
- Duripan, fragipan;
- Grau de floculação;
- Valor Ki;
- Relação Silte / Argila;
- Teores de Fe2O3
- pH ( água )
- Minerais primários de fácil intemperização ( % )
- Calcular: Relação Textural ( B/A ), Mudança textural abrúpta ,
Atividade de argila, saturações de bases, sódio e de alumínio.
2a Etapa:

.. Tipo de Horizonte Diagnóstico Superficial ( Epipedon )


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140

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

- Definido através da análise comparativa dos dados observados nos item


2.2 com as características inerentes de cada tipo de horizonte listado no Quadro V. No
caso das características observadas no item 2.2, não se enquadrarem totalmente em
um determinado tipo de horizonte diagnóstico, prevalecerá a opção sobre aquele que
atender ao maior número de características na referida análise comparativa.

.. Tipo de Horizonte Diagnóstico Subsuperficial

- Definido adotando-se o mesmo procedimento usado na definição do


Horizonte Diagnóstico Superficial, sendo a análise comparativa realizada com base no
Quadro V.

3a Etapa

.. Classificação do Solo
- Seleção da(s) possível(is) Ordem (ns) baseada(s) no tipo de epipedon e
horizonte diagnóstico subsuperficial ( Quadro VI ).
- Procede-se a análise comparativa entre as características observadas
no perfil e as das Ordens selecionadas como possíveis e, com auxílio da Chave
Simplificada ( Página 43 ), determina-se qual das Ordens atende com maior precisão
as características do perfil em análise.

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141

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

QUADRO V - HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUPERFICIAIS


( EPIPEDONS )

 EPIPEDON MOLLIC ( Mólico )

. Espessura
 10 cm  Se contato lítico ( A / R )
Mínima de 18 cm ou 1/3 do Solum ( A + B  75 cm )
 25 cm  Solum > 75 cm

. Estrutura e Consistência
Suficientemente estruturado
Não pode ser simultaneamente maciço e duro ou muito duro
quando seco.
. Cor
Úmida  Valor e Croma  3,5
Seca  Valor  5,5

. Saturação de Bases
V  50%

. Carbono Orgânico
C.O.  0,6% ou M.O. > 1,0 %

. P2O5 Solúvel
< 250 mg/ dm3
. Equivale aproximadamente ao A Chernozêmico.

 EPIPEDON UMBRIC ( Úmbrico )

. Inclui Epipedons espessos que preenchem as característicasde


cor, % M.O., teor de P2O5, consistência e espessura, mas:
. V < 50%
. Equivale ao A Proeminente

 EPIPEDON OCHRIC ( Ócrico )

. Horizonte estreito
. Estrutura pouco desenvolvida ( tendendo à maciça ) ou sem estrutura
. Cores claras: Croma elevados  3,5 e Valores > 5,5
. Teor de matéria orgânica e/ou outras características insuficientes para
preencher os requisitos para outro epipedon.
. C.O.  0,6%
. Equivale aproximadamente aos horizontes A Fraco e A Moderado.

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142

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

QUADRO V - HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUPERFICIAIS ( CONT. )


( EPIPEDONS )

 EPIPEDON ANTHROPIC ( Antrópico )

. Preenche as características do Mollic, exceto as seguintes:


. P2O5 > 250 mg / kg
. Formado sob contínuos e prolongados cultivos e tratos agrícolas
com grandes adições de matéria orgânica e suplementação N e P.
A Chernozêmico, A Húmico e A turfoso

 HISTIC ( Hístico )

. Horizonte com elevado teor de matéria orgânica, pouco espesso,


que se apresenta saturado com água por 30 dias consecutivos
ou mais, em alguma estação do ano;
. Espessura > 20 cm e < 60 cm, com 75% ou mais de matéria
orgânica fibrosa;
. dsolo < 0,1;
. Ter 18% C se a fração mineral apresentar teor de argila igual
ou superior a 50%, C  12% se a fração mineral não for
argilosa, ou conter teores de carbono e argila proporcionais.
( Vide Soil Taxonomy )

 PLAGGEN ( Plágico )

. Camada originada por atividade humana com adição de excrementos,


cerâmica, materiais de outros solos, etc.
. Espessura  50 cm

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143

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

QUADRO VI - HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUBSUPERFICIAIS

 OXIC ( Óxico )

. Pouca diferenciação entre horizontes ( B ) - Argila semelhante


. Espessura  30 cm
. Teor de Argila > 15%;
. Transição normalmente difusa
. Relação Silte / Argila
< 0,7 ( Textura Média );
< 0,6 ( Textura Argilosa );
. Estrutura geralmente maciça;
. Argila Natural < 5%
. Grau de Floculação  100%
. Muito intemperizado: Ausência de minerais primários de fácil intemperi -
zação ou presentes em teores < 4% na fração argila
. Ki < 2,2
. Baixa CTC ( Valor T )
. Tb < 16 cmolc / dm3 argila
. Dominância de Minerais 1:1 e/ou Óxidos;

 ARGILLIC ( Argílico )

. Se o horizonte A ( sobrejacente ) tiver menos de 15% argila, a


camada subjacente deverá ter 3% ou mais de argila que no
horizonte A;
Exemplo: A = 13%  B  16%.
. Se o horizonte eluvial tem 15 - 40% argila, o gradiente textural
entre os horizontes iluvial / eluvial deverá ser igual ou superior
a 1,2;
. Se o horizonte eluvial tiver mais que 40% de argila, o
horizonte iluvial deverá ter no mínimo 8% a mais de argila;
Exemplo: A = 43% argila  B  51%.
. O horizonte argílico deverá ter pelo menos 1/10 da espessura
da soma de todos os horizontes suprajacentes ou mais de
15 cm, se A + B < 1,5 m;
. Se os peds estão aparentes  Cerosidade em algumas
de suas superfícies;
. Equivale ao B textural.

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144

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

QUADRO VI - HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUBSUPERFICIAIS ( CONT. )


 CAMBIC ( Câmbico )
. Fraca indicação de horizonte Argillic ou Spodic, mas insuficiente
para qualificá-lo como um ou outro.
. Presença de material primário em alteração.
. Equivale ao B Incipiente.

 SPODIC ( Espódico )
. Acumulação de matéria orgânica e/ou óxidos de ferro e alumínio
. Teor de Argila  15% ( arenosa ), com grãos de areia cimentados
por alguma combinação de matéria orgânica com ferro e/ou
alumínio.
. Corresponde aos horizontes Bh e Bhir.
 NATRIC ( Nátrico )
. Tem características de Argillic, com adição de:
- Estrutura prismática ou colunar
- Sat Na > 15% em algum subhorizonte
 AGRIC ( Ágrico )
. Horizonte iluvial de silte, argila e húmus, formado sob cultivo ( lavração )
. Presença de lamelas de argila e húmus, escuras e ocupando no
mínimo 15% do volume do horizonte.
 ALBIC ( Álbico )
. Cores claras resultantes da remoção de argila e de óxidos de ferro
livres;
. Apresenta cores com valor  4 ( úmido ) e/ou  5 ( seco );
. Quando o valor  7 seco e  6 ( úmido ), o croma deverá ser  3;
. Corresponde ao horizonte A2 ( E )
 SULFURIC ( Sulfúrico )
. Composto de material mineral ou orgânico que tenha simultaneamente
pH < 3,5 ( água 1 : 1 ) e mosqueado com matiz 2,5Y, ou mais
amarelo e croma  6.
 SALIC ( Salino )
. Espessura  15 cm
. Enriquecido com sais mais solúveis em água fria do que o CaSO4
. Contém  2% sais solúveis e o produto de sua...
Espessura ( cm ) x % Sal por Peso  60
 CALCIC ( Cálcico )
. Horizonte de acumulação de carbonato de cálcio ou de carbonato
de magnésio, normalmente no horizonte C;
. Espessura  15 cm, CaCO3  15 % e um mínimo de 5% de CaCO3
a mais que o horizonte C.
 PETROCALCIC ( Petrocálcico )
. Horizonte Cálcico endurecido e cimentado com CaCO3 ;
. Em geral tem espessura > 10 cm;
. Dureza ( Escala Mohs )  3

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145

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

QUADRO VI - HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUBSUPERFICIAIS

 GYPSIC ( Gípsico )

. Horizonte enriquecido com CaSO4 , não cimentado ou


fracamente cimentado;
. Espessura > 15 cm, tendo no mínimo 5% a mais de gesso que
o horizonte C ou estrato subjacente em que o produto da
espessura ( cm ) pela % de gesso seja igual ou superior a 150.

 PETROGYPSIC ( Petrogípsico )

. Horizonte Gípsico muito fortemente cimentado por CaSO4;


. O conteúdo de gesso é comumente bastante mais alto que os
requisitos mínimos exigidos para os horizonte Gypsic, não
excedendo usualmente a 6%.

 PLACIC ( Gr. Plax = Pedra Chata )

. Constituído por um delgado pan ( * surraipa ) cimentado por


ferro, ferro e manganês ou pelo complexo matéria orgânica -
ferro;
. Possui espessura geralmente 2 - 10 mm e raramente atinge
30 - 40 mm
. O pan de ferro cimentado possui coloração bruno forte
a bruno-avermelhado-escuro. Por outro lado, pans cimentados
por ferro, mangaês e por complexos ferro e matéria orgânica
são pretos ou preto-avermelhados. Neste horizonte o carbono
orgânico pode apresentar teores de aré 10% ou mais.

---------------------------------------------------------
* Surraipa = Crostas Ferruginosas

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146

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

QUADRO VI - HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUBSUPERFICIAIS

 SOMBRIC

. O horizonte Sombric é um horizonte subsuperficial de solos


minerais formados sob condições de livre drenagem. Contém
húmus iluvial, não associado com o alumínio tal como o
húmus do horizonte Spodic, nem disperso com o sódio, como
é comum no horizonte Natric. Consequentemente ele não
apresenta a alta capacidade de troca catiônica do horizonte
Spodic relativa à argila, nem possui a alta saturação de
bases de um horizonte Natric e não é subjacente a um
horizonte Albic.

 CONTATO PETROFERRIC ( Gr. Petra = Pedra; Gr. Ferrum = Ferro )

. É uma transição entre o solo e uma camada contínua de


material endurecido dentro do limite de um pedon no qual o
ferro é um importante cimento, a matéria orgânica está
ausente ou presente somente em traços e difere dos
horizontes Placic e de um horizonte Spodic endurecido
( Ornstein ) pela matéria orgânica que está presente nestes
horizontes.
. É irregularmente horizontal e, o teor de Fe2O3 no material
imediatamente abaixo no contato petroférric é alto,
normalmente superior a 30%.

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147

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

CHAVE SIMPLICADA PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ORDENS DE SOLO


PELO SISTEMA AMERICANO

1. Solos que possuem material orgânico ( M . O.  30% ) até uma


profundide de 50 cm, mas não apresentam epipedon ócrico ou úmbrico. Compreendem
os solos orgânicos -------------------------------------------------------------------------- HISTOSOL.

2. Outros solos que possuem um epipedon mólico, úmbrico ou plágeno ou


apresentam um horizonte câmbico ou epipedon hístico composto de materil mineral
ou

2.1- Dentro de um (1) metro a partir da superfície do solo


apresenta um horizonte cálcico, petrocálcico, ou
2.2- Um duripan ou fragipan ou
2.3- Tem um horizonte sufúrico com seu limite superior dentro de
50 cm da superfície do solo------------------------------------------------------------ INCEPTISOL.

3. Outros solos minerais que possuem epipedon ócrico, hístico ou


antrópico, mais que não possuem epipedon mólico nem horizontes óxico ou argílico,
nem gilgai e/ou slickensides. São solos pouco desenvolvidos pedogeneticamente o que
está demonstrado pela ausência em geral, de horizontes subsuperficiais--------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------ ENTISOL.

4. Outros solos minerais que têm um temperatura média anual do solo


iqual ou superior a 80 C e,
4.1- Não têm contato lítico ou paralítico horizonte petrocálcico ou
duripan dentro de 50 cm a partir da superfície, e
4.2- Tem 30% ou mais de argila em todo os sub - horizontes até 50
cm de profundidade, e
4.3- Apresenta, durante algum tempo, a menos que seja irrigado e
cultivado fendas na superfície de no mínimo 1 ( um ) cm de largura até uma
profundidade de 50 cm e
4.4 - Têm pelo menos uma das seguintes características :
a) Gilgai
b) Slickensides entre 25 e 100 cm
c) Horizonte argílico ou câmbico
d Não apresenta horizonte óxico ou espódico -------------------- VERTISOL.

5. Outros solos minerais que não possuem epipedon plágeno mas


que podem apresentar um epipedon hístico e um
5.1- horizonte espódico ou

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148

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

5.2- horizonte plácico, que reune todos os requisitos para o


horizonte espódico com exceção de espessura e índice de acumulação ---------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------- SPODSOL.

6. Outros solos minerais que possuem um epipedon ócrico ou


antrópico e uma ou outra das segintes características:
6.1- Não tem horizonte argílico, nátrico ou espódico ou óxico, mas
a) são saturados com água dentro de 1 ( um) metro da
superfície por um mês ou mais por ano e tem um horizonte sálico cujo o limite superior
encontra -se dentro dos 75cm da superfície, ou
b)Tem um ou mais dos seguintes horizontes cujo o limite
superior encontra dentro dos 100 cm da superfície: cálcico , petrocácico , gíspsico ,
petrogípsico , câmbio, duripan e uma outra caracteríticas seguites:
1. Tem um regime de umidade árido ou
2. Tem um regime de umidade ústico ou xérico
6.2. Tem um horizonte argiloso ou nátrico e um regime de umidade
árido --------------------------------------------------------------------------------------------- ARIDISOL.

7. Outros solos que possuem um epipedon mólico mas não um


horizonte óxico ou espódico podendo ou não apresentar uma ou mais das
características a seguir:
7.1. Quantidade apresiável de matéria orgânica decomposta na
presença de cálcio.
7.2. Ocorrem frequentemente em zona sub - úmidas ou semi
úmidasnas quais existam suficiente adição de matéria orgânica e baixa lixiviação de
bases ------------------------------------------------------------------------------------ MOLLISOL.

8. Outros solos que apresentam regime de temperatura mésico ,


isomésico ou mais quente ou outra das seguintes características:
8.1- Horizonte argílico e com valor V < 35% a 1,25 m abaixo do
topo do argílico ou a 1,80m da superfície do solo, ou
8.2- Tem um fragipan que apresenta V < 35% até uma
profundidade de 75 cm abaixo do limite superior do fragipan e,
a) Esteja abaixo de um horizonte argílico ou,
b) Reuna todos os requisitos de um horizonte argílico, ou
c) Tenha Cutan iluvial 1 mm de espessura em alguma parte
------------------------------------------------------------------------------------------------------ ULTISOL.

9. Outros solos que possuem um epipedon ócrico, úmbrico ou


mólico, mas não um horizonte óxico ou espódico e que podem apresentar uma ou outra
das seguintes características:
9.1- Regime de umidade áquico e/ou
9.2- Saturação de bases ( V ) acima de 35% nos subhorizontes
e/ou
9.3- Cerosidade e/ou
9.4- Duripan e/ou
9.5- Fragipan--------------------------------------------------------- ALFISOL.

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149

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

10. Outros solos que apresentam:


10.1- Um epipedon ócrico, ou úmbrico, regime de umidade áquico
e com plintita que forma uma fase contínua dentro dos 30 centímetros da superfície do
solo mineral, ou
10.2- Tem um horizonte óxico dentro de 2 metros a partir da
superfície do solo, mas que não tem epipedon plágeno, horizonte argílico, nátrico ou
espódico nem tampouco gilgai e slickensides --------------------------------------------- Oxisol.

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150

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRADY, N. C. Natureza e propriedades dos solos . Freitas Bastos, São


Paulo. 1983. 6a Ed. 647p.

BUOL, S.W. & McCRAKEN, R. J. Soil Genesis and Classification.


Ames. The Iowa State University Press, 1973. 360 p.

BESSOAIN, E. Mineralogia das arcillas de suelos. San José, Costa Rica: IICA, 1985.
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DIXON, J.B., WEED, S.B. Minerals in soils enviroments. Second edition. Soil Sci.
Soc. Of Am, Madison, Wisconsin, USA.1989. 1244p.

KIEHL, E. J. Manual de edafologia : relações solo - planta. São Paulo. Editora


Agronômica Ceres. 1979. 264p.

EMBRAPA, Centro Nacional de pesquisa de solos. Manual de métodos de Análise de


solo. Rio de Janeiro, 1997.

EMBRAPA, Centro Nacional de pesquisa de solos. Sistema Brasileiro de Classsificação


de solos. 4ª Aproximação, Rio de Janeiro, 169p., 1999.

EMBRAPA, Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos.


Levantamento de reconhecimento de média intensidade dos solos e avaliação da
aptidão agrícola das terras da área do Polo Roraima., boletim de pesquisa n° 18,
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Critérios para distinção de


classes de solos e de fases de unidade de mapeamento, normas em uso pelo
SNLCS. Rio de Janeiro, EMBRAPA-SNLCS, 67p., 1988.

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Prof. José Frutuoso do Vale Júnior


152

INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO

ÍNDICE
Página
Unidade I

O solo
1
1.1 – Histórico ----------------------------------------------------------------------------------
1.2 – Conceito de Solo ------------------------------------------------------------------------ 3

UNIDADE II

Noções de Rochas e Minerais


7
1. Introdução -------------------------------------------------------------------------------------
2. Conceito --------------------------------------------------------------------------------------- 9
5. Rochas Magmáticas ------------------------------------------------------------------------ 12
6. Rochas Sedimentares ---------------------------------------------------------------------- 15
7. Rochas Metamórficas ---------------------------------------------------------------------- 19
8. Minerais Primários -------------------------------------------------------------------------- 21
9. Minerais Secundários ---------------------------------------------------------------------- 31
10. óxidos de Ferro e Alumínio -------------------------------------------------------------- 46

UNIDADE III
Gênese do solo
64
2.1. Fatores de Formação do Solo ------------------------------------------------------
2.1.1. Introdução ----------------------------------------------------------------------------- 64
2.2. Processos pedogenéticos 80
2.3. Tipos de Formação de solos ----------------------------------------------------------
84
UNIDADE III

Principais características morfológicas, atributos diagnósticoa e horizontes


dos solos brasileiros -------------------------------------------------------------------------- 91

UNIDADE IV

Classificação de solos no sistema brasileiro e americano -------------------------- 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------- 150

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