Você está na página 1de 40

= Família de Hidrocarbonetos =

 Hidrocarbonetos são compostos orgânicos homogéneos,


isto é, compostos constituídos somente por C e H.
 Classificação:
hidrocarbonetos

alifáticos cíclicos

saturados insaturados alicíclcos aromáicos

alcanos alcenos ciclanos


alcinos ciclenos

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 1


Hidrocarbonetos: propriedades gerais
 Os hidrocarbonetos são compostos apolares, portanto,
miscíveis em solventes apolares. São insolúveis em agua
(hidrófobos) e em outros compostos polares.
 Os compostos de 1 – 4 carbonos são gasosos;
 Os compostos de 5 – 16 carbonos são líquidos;
 Os compostos de cadeias longas são sólidos.
 A densidade e os Pf e Pe aumentam com a cadeia;
 Pf de cadeias lineares > Pf de cadeias ramificadas.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 2


Hidrocarbonetos: ocorrência natural
 Os hidrocarbonetos, como produtos do metabolismo
secundário, actuam em:
 vegetais, como fito-hormonas (etileno para o amadurecimento
de frutos, por exemplo) e óleos essenciais (terpenos);
 certos animais, como feromonas (comunicação nas espécies).
 O petróleo bruto, gás natural e carvão mineral são as
principais fontes de hidrocarbonetos. Os seus jazigos são
formados por misturas de hidrocarbonetos, fontes de
energia e matéria-prima para a indústria química.
 Os hidrocarbonetos são extraídos do crude em torres, por
destilação fraccionada, e os derivados de maior peso
molecular são repartidos por cracking.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 3


D e s t i l a ç ã o f ra c c i o n a d a d o p e t ró l e o b r u t o
Fracção do crude T. de ebulição Cadeia carbónica
Gás < 20 ºC C1 – C4
Éter de petróleo 20 – 60 ºC C5 – C6
Ligroína (nafta leve) 60 – 100 ºC C6 – C7
Gasolina (super) 40 – 250 ºC C5 – C10 + cíclicos
Querosene 175 – 325 ºC C12 – C18 + aromáticos
Gasóleo (diesel) ≥ 272 ºC C12 + cadeias longas
Óleo lubrificante ≥ 300 ºC cadeias complexas
Resíduos (oxibetume) alcatrão

 As fracções formadas são ainda submetidas ao processo de


melhoramento de qualidade para a obtenção de componentes
utilitários, de maior interesse comercial e/ou industrial.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 4


To r r e s d e d e s t i l a ç ã o f ra c c i o n a d a d o p e t r ó l e o

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 5


= Cracking de derivados do petróleo =
 O cracking é a fragmentação de moléculas complexas,
num processo de melhoramento de qualidade, e pode ser
térmico sem O2 (pirólise), catalítico (reforming) e, ainda,
por acção de vapor e outros, de acordo com o tipo e o
tamanho de moléculas que se pretende obter.
CH3–CH3 + CH2═CH–CH2–CH3

CH3–CH2–CH2–CH2–CH2–CH3
CH2═CH2 + CH3–CH2–CH2–CH3

 Além do cracking, os derivados lineares da gasolina, por


exemplo, são submetidos à isomerização (alquilação)
para aumentar a sua taxa de compressão (octanagem)
antes da combustão no motor.
27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 6
= Hidrocarbonetos Alifáticos =
 São hidrocarbonetos de cadeias carbónicas acíclicas, que
podem ser lineares, ramificados e/ou saturados e
insaturados, distribuídas em três séries homólogas:
ALCANOS ALCENOS ALCINOS
Fórmula geral CnH2n + 2 CnH2n CnH2n  2
1º composto CH4 H2C=CH2 HCCH
Hibridização sp3 sp2 sp
tetraédrica:
Geometria trigonal: 120º linear: 180º
109o
Reacção típica substituição adição adição
todos, excepto todos, excepto
Isómeros todos, excepto
os de cis-tran e os de cis-tran e
possíveis os de função
os de função os de função
27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 7
Hidrocarbonetos alifáticos saturados:
alcanos, parafinas ou hidrocarbonetos metánicos
 Série homóloga e propriedades físicas dos n-alcanos.
Nº C Fórmula Nome P.f. (ºC) P.e. (ºC)  (20ºC)
01 CH4 metano 183 162 ─
02 C2H6 etano 172 89 ─
03 C3H8 propano 187 42 ─
04 C4H10 butano 138 0 ─
05 C5H12 pentano 130 +36 0.626
06 C6H14 hexano 95 +69 0.659
07 C7H16 heptano 91 +98 0.684
08 C8H18 octano 57 +126 0.703
09 C9H20 nonano 54 +151 0.718
10 C10H22 decano 30 +174 0.730

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 8


Nº C Fórmula Nome P.f. (ºC) P.e. (ºC)  (20ºC)
11 C11H24 undecano 26 +196 0.740
12 C12H26 dodecano 10 +216 0.749
13 C13H28 tridecano 6 +234 0.757
14 C14H30 tetradecano +6 +252 0.764
15 C15H32 pentadecano +10 +266 0.769
16 C16H34 hexadecano +18 +280 0.775
20 C20H42 icosano/eicosano +36 +334 ─
30 C30H62 tricontano +66 +446 ─
31 C31H64 hentricontano ─ ─ ─
100 C100H202 hectano ─ ─ ─
200 C200H402 dictano ─ ─ ─
300 C300H602 trictano ─ ─ ─
579 C579H1160 nonaheptacontapentactano ─

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 9


Alcanos: sínteses laboratoriais
1) Hidrogenação catalítica (Pt, Pd, Ni) de Alcinos e Alcenos
H2 H2
R1-C≡C-R2 R1-CH=CH-R2 R1-CH2-CH2-R2

2) Hidrogenação/redução catalítica (Pd/BaCO3) de alcanos halogenados


Pd/BaCO3
R–X + H2 R–H + HX

3) Hidrólise dos compostos de Grignard


Éter H3O+
R–X + Mg R–Mg–X R–H + Mg(OH)X

4) Síntese de Wurtz - reacção de alcanos halogenados com sódio metálico


200 – 300º C
2R–X + 2Na R–R + 2NaX

5) Desalogenação de haletos de alquilos com metal e ácido (e CH3CO2H)


HCl
2R–X + Zn 2R–H + ZnX2

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 10


6) Síntese de Berthelot – tratamento de alcanois com ácido iodídrico
2Hl
R–OH R–H + H2O + I2

7) Síntese de Dumas - descarboxilação de ácidos carboxílicos



R–CO2Na + NaOH R–H + Na2CO3

8) Síntese de Kolbe - electrólise de sais de sódio dos ácidos carboxílicos



R–CO2Na R–CO2− + Na+
H2O H+ + OH−

ânodo: 2R–CO2 2R. + 2CO2 + 2e−


2R. R–R
cátodo: 2H+ + 2e− 2H H2
sobra: Na+ + OH− NaOH

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 11


Alcanos: Tipos de reacções
 As fortes ligações sigma (C-C e C-H) apolares fazem dos
alcanos compostos pouco reactivos. Não reagem em
condições normais com ácidos, bases ou agentes
oxidantes. Todavia, são combustíveis e reagem com
halogénios (halogenação) e algumas substâncias sob
condições apropriadas (calor ou radiação).
 As reacções características dos alcanos são as de
S u b s t i t u i ç ã o r a d i c a l a r (SR): homólise das ligações e
formação de radical mais estável (3rio > 2rio > 1rio).
CH3
H3C C

CH3  H3C

CH CH3  H3C CH2

CH2

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 12


 Mecanismos de Substituição radicalar (SR)
1ª etapa – iniciação:
Br2 h∂ 2Br•

2ª etapa – propagação de radicais:


CH3-CH2-CH3 + Br• CH3-CH•-CH3 + HBr
CH3-CH•-CH3 + Br2 CH3-CHBr-CH3 + Br•

3ª etapa – finalização:
CH3-CH•-CH3 + Br• CH3-CHBr-CH3

 Um ou mais átomos de H podem ser substituídos por um


halogénio (Cl, Br, I) formando mistura de haletos
separáveis por destilação.
CH4 + Cl2 h∂ CH3Cl + CH2Cl2 + CHCl3 + CCl4

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 13


H i d ro c a r b o n eto s a l i fát i c o s et i l é n i c o s :
= alcenos ou olefinas =
 São caracterizados por uma ou mais ligações duplas
carbónicas e, devido as quais, são ligeiramente polares
em comparação com os alcanos (apolares).
 Têm muita importância na indústria como matéria-prima
para a produção do etanol, etanal, acetona, plásticos,
fibras têxteis, borrachas sintéticas, etc.
 O etileno ocorre na natureza como hormona vegetal
envolvido no amadurecimento de frutos. É usado como
tal nos frutos colhidos e transportados ainda verdes,
como tomate, banana, abacate, etc. Pois assim resistem
melhor às condições de transporte.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 14


Alcenos: métodos de obtenção
 Os alcenos (particularmente C2, C3 e C4) são obtidos na
indústria pelo Cracking térmico (pirólise) de alcanos de
origem petrolífera ou por desidrogenação catalítica de
alcanos.
eliminação
R-CH2-CH2-R R-CH=CH-R + H2
adição

 No laboratório os alcenos são preparados por reacções


de β-eliminação:
1) D e s i d ra t a ç ã o á c i d a d e a l c a n o i s ( á l c o o i s ) :
ácido forte
CH3-CH2-CH-CH3 CH3-CH=CH-CH3 + H2O
OH

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 15


Alcenos: m éto d o s d e o b te n ç ã o
2) D e s i d r o h a l o g e n a ç ã o d o s h a l e t o s d e a l q u i l o s :
base forte
CH3-CH2-CH-CH3 CH3-CH=CH-CH3 + HX
X

 Regra de Zaitsev: na eliminação de um ligante também


sai o H do carbono vicinal (β), de preferência, o menos
hidrogenado. Ou seja o produto da eliminação (o alceno)
maioritário será o que cuja dupla é mais substituída.
R2C=CR2 > R2C=CHR > RHC=CHR > H2C=CHR
(tetra) (tri) (di) (mono)

 É caso típico da r e g i o s s e l e c t i v i d a d e : quando uma


reacção forma produtos em quantidades diferentes,
sendo um maioritário.
27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 16
Alcenos: métodos de obtenção
 Exemplos de regiosselectividade:
minoritários maioritários

3) D e s a l o g e n a ç ã o d o s d i h a l e t o s v i c i n a i s :
Zn
CH3-CH-CH-CH3 CH3-CH=CH-CH3 + ZnX2
X X

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 17


Alcenos: propriedades químicas
 A ligação dupla entre os átomos de C, uma sigma forte e
outra pi fraca, constituí o ponto fraco dos alcenos. Estes
são, portanto, mais reactivos que os alcanos.
 Os alcenos podem reagir com diversas substancias: X2,
HX, H2O, HONO2, HOSO3H, HOX, etc.
 A ligação dupla pode quebrar facilmente e permitir a
adição de partículas electrofílicas ou então de radicais.
Assim, as recções típicas dos alcenos são de adição à
ligação dupla, sob mecanismos electrofílico e radicalar.
H3C CH CH3
AE
HX X
H3C CH CH2
X
AR
H3C CH2 CH2

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 18


Alcenos: a d i ç ã o e l e c t r o f í l i c a (AE)
 Este tipo de reacções é catalisado por ácidos de Lewis
(FeBr3, FeF3, AlCl3, etc.), compostos capazes de receber
pares electrónicos. Ex: X2 + AlCl3 X+ + AlCl3X−

 A partícula electrofílica (X+) induz a ligação  à quebra


heterolítica, formando um carbocatião estável. Ex:

CH2=CH-CH3 + X+ XCH2-CH-CH3

 Re g r a d e M a r ko v n i ko v (1870): na adição iónica em


alcenos, o electrófilo (X+) se ligará ao carbono da dupla
ligação de modo a formar o carbocatião mais estável.
maior estabilidade do carbocatião

CH3+ < CH3CH2+ < (CH3)2CH+ < (CH3)3C+ < CH2=CH-CH2+

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 19


Alcenos:
Alcenos: mecanismo electrofílico
CH3 CH3 CH3 CH3
CH E CH E CH NuΘ CH Nu
CH2 CH2 CH2 E CH2 E
complexo  carbocatião

1) E xe m p l o d e h i d ro - h a l o g e n a ç ã o d e a l c e n o s :
Iniciação: HBr + FeBr3 FeBr4─ + H+

CH2=CH-CH3 + H+ CH3-CH-CH3 Br− CH3-CH-CH3
Br
Ordens crescentes de reactividades:
HF << HCl < HBr < HI

CH2=CH2 < RCH=CH2 < R2C=CH2 < R2C=CHR < R2C=CR2

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 20


2) E xe m p l o d e h i d r o b o ra ç ã o d e a l c e n o s
 É um processo pelo qual hidreto de boro (borano) reage
com alceno para formar um organoborano.

Organoboranos
em H2O2/OH─
formam álcoois

3) E xe m p l o d e f o r m a ç ã o d e h a l o h i d r i n a s
 A halogenação de alcenos produz dihaletos vicinais.
Porém, em meio aquoso forma halohidrinas, compostos
que contém um halogéneo e um hidroxilo, vicinais.

halohidrina

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 21


Alcenos: a d i ç ã o r a d i c a l a r (AR)
 Esta reacção consiste na formação de um radical
intermediário mais estável (3rio > 2rio > 1rio), pela quebra
homolítica da ligação (pi) e decorre à custa do calor, da
radiação (UV) ou presença de compostos susceptíveis de
produzir radicais (peróxidos ou azocompostos). Segue,
portanto, o princío da regra anti-Marvnikov.
Iniciação: RO• + HBr ROH + Br•

Propagação de radicais:
CH2=CH-CH3 + Br• CH2Br-CH•-CH3

Finalização:
CH2Br-CH•-CH3 + HBr CH2Br-CH2-CH3 + Br•
Regra anti-Markovnikov

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 22


Alcenos: r e s u m o d a r e g i o s s e l e c t i v i d a d e
Reacções  Adição electrofílica (AE) Adição radicalar (AR)
Condições Ácido de Lewis Luz, calor, peróxidos,
Partículas Electrófilo (E) Radical (X˚)
Intermediário Carbocatião estável Radical estável
Regras Markovnikov Anti-Markovnikov

Re a c ç õ e s d e p o l i m e r i za ç ã o d e a l c e n o s
H H H H H H

n C C C C C C polietileno
H H
H H H H
ou polieteno
eteno ou etileno n
monómeros polímeros
H CH3 CH H CH3 H
27/08/2019 Química Orgânica I3- Dr. Miguel Mussa 23
Alcenos: Alguns polímeros etilénicos

Cloreto de
Polietileno (pe) polivinilo (pvc) Polipropileno (pp)

Politetrafluoretileno Polidicloroetileno
(teflon) (saran) Poliestireno (ps)

1 2 3 4 5 6 7
PETE HDPE PVC LDPE PP PS O
polyethylene high-density polyvinyl low-density polypropylene polystyrene other
terephthalate polyethylene chloride polyethylene

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 24


Alcenos: oxidação e identificação
1) Numa solução aquosa diluída, neutra ou levemente
alcalina (básica) o KMnO4 decompõe-se produzindo
oxigénio atómico que vai atacar o alceno formando um
diálcool (diol ou glicol). Esta oxidação é branda (pouco
energética), conhecida como r e a c ç ã o d e B a e y e r
para a identificação de alcenos, no decurso da qual a cor
violeta do permanganato é substituída pelo castanho
escuro do precipitado MnO2 formado. Ex:

 2KMnO4 + H2O 2KOH + 2MnO2 + 3[O]

 CH2=CH2 + [O] + H2O HO-CH2-CH2-OH

A equação global resulta do somatório das duas equações parciais.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 25


Alcenos: oxidação e identificação
2) Em solução aquosa ácida (com H2SO4) concentrada de
KMnO4 ou de K2Cr2O7 o oxigénio atómico quebra o alceno
na dupla ligação formando CO2 e H2O no C 1rio, ácido
carboxílico no C 2rio e cetona no C 3rio. Ex:

 2KMnO4 + 3H2SO4 K2SO4 + 2MnSO4 + 3H2O + 5[O]

 K2Cr2O7 + 4H2SO4 K2SO4 + Cr2(SO4)3 + 4H2O + 3[O]

Ex1: CH3-CH=CH2 + 5[O] CH3-C=O + CO2 + H2O


OH

Ex2: CH3-CH=C-CH3 + 3[O] CH3-C=O + O=C-CH3


CH3 OH CH3
Calcule o número de moles de cada oxidante necessário para cada caso.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 26


Alcenos: oxidação e identificação
3) Outra forma de identificação dos alcenos é a oxidação
pelo ozono (oz o n ó l i s e ). Neste processo é possível a
formação de aldeídos (nos carbonos primário e
secundário) pela adição do zinco em pó, que destrói o
peróxido formado, impedindo que ele oxide o aldeído a
ácido carboxílico.
Por exemplo:
O O
CH3-CH=C-CH3 + O3 CH3-CH-O-C-CH3 o z o n í d e o
CH3 CH3
O O H2O
CH3-CH-O-C-CH3 CH3-C=O + O=C-CH3 + H2O2
Zn em pó
CH3 H CH3
Escreva a equação sem o ozonídeo intermediário.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 27


Alcadienos, diolefinas ou dienos

 São alcenos que contêm duas ligações duplas. Assim, se


regem pela fórmula CnH2n - 2
 De acordo com a distância entre as ligações duplas na
cadeia, os dienos classificam-se em: acumulados ou
alénicos, conjugados ou eritrémicos e isolados.

H2C C CH2 H2C CH CH CH2


propadieno ou aleno buta-1,3-dieno ou eritreno
(dieno acumulado) (dieno conjugado)
H2C CH CH2 CH CH CH3
hexa-1,4-dieno
(dieno isolado)

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 28


Dienos: ocorrência e preparação
 Os dienos não são comuns na natureza. Porém, o dieno
i s o p r e n o é tido como precursor de certos polímeros
naturais (t e r p e n o s ) que aparecem em vegetais. Ex:
CH3 CH3
n H2C C CH CH2 CH2 C CH CH2
isopreno ou poliisopreno ou n
metilbuta-1,3-dieno borracha natural

 Na indústria a preparação dos dienos é feita pelo cracking


catalítico das fracções do petróleo.
 A preparação laboratorial dos dienos é semelhante à dos
alcenos, mas feita em dobro. Ex:
H2C CH CH CH2 ácido forte H2C CH CH CH2
OH H H OH 2H2O

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 29


Dienos: classificação de terpenos

terpenóide unidades nº de C exemplos


hemiterpeno 01 05 não ocorre
monoterpeno 02 10 limoneno
sesquiterpenos 03 15 artemisina
diterpenos 04 20 fitol
sesterpenos 05 25 farnesol
triterpenos 06 30 α-amirina
carotenóides 08 40 β-caroteno
 Os carotenóides constituem uma subclasse aparte dos
terpenos (tetraterpenos).
β-caroteno

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 30


Dienos conjugados: re a c ç õ e s d e a d i ç ã o 1 , 4
 Em geral, os dienos apresentam reacções típicas dos
alcenos (polimerizações, oxidações e adições AE e AR).
 Em condições brandas, os dienos conjugados exibem uma
especial adição 1,4:
H2C CH CH CH2
Br2 adição 1,2
Br Br vestigial
H2C CH CH CH2

H2C CH CH CH2
adição 1,4
Br predominante Br

 A presença de um sacador de electrões desestabiliza o


carbocatião alílico e favorece a adição 1,4.
H2C CH CH CH2 H2C CH CH CH2 H2C CH CH CH2

Br Br Br Br

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 31


H i d ro c a r b o n eto s a l i fát i c o s a c et i l é n i c o s :
= alcinos ou alquinos =
 São hidrocarbonetos alifáticos insaturados com uma
ligação tripla entre carbonos. As suas propriedades físicas
se assemelham as dos alcanos porém, devido à ligação
tripla, são mais polares que os alcenos.
 Os alcinos são classificados em dois grupos distintos:
1) verdadeiros ou terminais e
2) Falsos, internos ou não terminais.

 Exemplos:

H
1) alcino terminal 2) alcino interno

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 32


Alcinos: propriedades químicas
 As reacções de alcenos e alcinos são semelhantes, porém
existem algumas diferenças significativas:
1) A adição de HX ou X2 a um alcino produz um alceno
mono ou dihalogenado, respectivamente. Dando
sequência a reacção, o produto formado é um alcano
com o dobro de halogénios do alceno intermediário.

1-hexino 2-bromohex-1-eno
2,2-dibromohexano

 Note que a adição de HX é regiosselectiva, segue a regra


de Markovnikov, de princípio ao fim.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 33


2) Como os alcenos os alcinos podem ser hidratados por
dois métodos:
2.a) A adição directa de H2O, catalisada por ião Hg2+, gera um
produto segundo a regra de Markovnikov.
2+
OH H O
Hg
H3C (CH2)3 C CH H3C (CH2)3 C CH H3C (CH2)3 C CH3
H2O
1-hexino enol intermediário 2-hexanona

2.b) A adição indirecta de água por hidroboração (BH3)2


seguida de oxidação (H2O2), produz um composto resultado
de adição anti-Markovnikov.
H OH O
1) B2H6
H3C CH2 C CH H3C CH2 C CH H3C CH2 CH2 CH
2) H2O2 enol intermediário
1-butino butanol

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 34


3) Os alcinos são facilmente hidrogenados a alcanos pela
adição de H2 com catalisador metálico, no mecanismo
idêntico ao já visto nos alcenos. A reacção ocorre em
duas etapas, por meio de um alceno intermediário.
 A hidrogenação de alcinos internos à alcenos pode ser:
3.1) s i n e s t é re a – forma alcenos cis e é catalisada com
Ni, Pt, Pd, etc.
3.2) a n t i s t é re a – forma alcenos trans e é catalisada
com sódio ou lítio em amoníaco líquido.
H H
H2 / Pd
H3C C C CH2 CH3 sin
redução
H3C C C CH2 CH3 H
NH3 liq.
H3C C C CH2 CH3 anti
Na ou Li
H

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 35


Alcinos: caracter acetilénico ácido
 Os alcinos terminais, por possuírem H geminal à tripla
ligação, manifestam um caracter ácido e formam, com
sais de Ag+ e de Cu+, precipitados coloridos.

 Os alcinos “ácidos” (terminais) formam, com amida de


sódio, iões acetilidos fortemente nucleofílicos.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 36


Alcinos: substituição nucleofílica SN2
 A SN2 ocorre quando um nucleófilo forte (anião) reage
com um substracto (R-X) em substituição do grupo de
saída (Xˉ), pelo lado oposto, numa única etapa.

 O ataque nucleofílico (SN2) de um ião acetilénico a um


haleto de alquilo estereamente não impedido é um dos
melhores métodos de síntese de alcinos não terminais.

 Entretanto, os iões acetilidos não reagem com os hidróxidos


(OH–) nem com os alcóxidos (RO–).

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 37


Alcinos: Síntese laboratorial
 No laboratório os alcinos podem ser preparados por
eliminação de HX a partir de haletos de alquilo, como
ocorre com os alcenos.
 O tratamento de um dihaleto vicinal de alquilo, com
excesso de uma base forte, como KOH ou NaNH2, resulta
na eliminação de duas moléculas de HX e formação de
alcinos. Ex:

H Br
KOH(excesso)
H3C CH2 C CH H3C CH2 C CH
Br
2HBr
H

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 38


Alcinos: produção do acetileno

 O acetileno obtém-se na indústria por dois processos:


1) Pe t r o q u í m i c o – cracking, desihidrogenação, fusão
de CH4 etc.
 HC CH + 3 H2
2 CH4

2) C a r b o q u í m i c o – a partir de fusão calcário e coque:

CaCO3 1000 C CaO + CO2

CaO + C 2500 C CaC2 + CO

CaC2 + H2O Ca(OH)2 + HC CH

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 39


Alcinos: propriedades do acetileno
 O acetileno era muito usado na indústria como matéria
prima para a preparação de acetaldeídos, ácido acético,
cloreto de vinilo e outros produtos importantes.
 Hoje, rotas mais eficientes têm o etileno como matéria
prima disponível. Entretanto, o acetileno é ainda usado na
preparação de, principalmente, polímeros acrílicos.
 Exemplo da preparação de polímeros acrílicos:
CN CN
n HC CH n HCN n H2C CH CH2 CH
n
acetileno acrilnitrilo poliacrilnitrilo
 A fiação de poliacrilnitrilo com algodão, lã ou seda produz
orlon, acrilan ou dralon, respectivamente.

27/08/2019 Química Orgânica I - Dr. Miguel Mussa 40

Você também pode gostar