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Síntese e Caracterização da Acetanilida

Pedro Lins
Professor: Leonardo Costa
Química Orgânica Experimental II;
Universidade Federal Fluminense, Instituto de Química, Departamento de Química Orgânica,
Valonguinho, Centro, Niterói – RJ, Brasil

Niterói, 14/09/2018

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1.INTRODUÇÃO........................................................................................... 3

2. OBJETIVOS................................................................................................. 4

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL...................................................... 4

4. RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................. 4

4.1. SÍNTESE DO CLORETO DE TERC-BUTILA............................4

4.2. CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO OBTIDO........................6

5. CONCLUSÕES ...........................................................................................6

6. REFERÊNCIAS...........................................................................................6

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1. INTRODUÇÃO
Algumas substâncias orgânicas são emblemáticas na formação dos químicos. Umas por seu
emprego recorrente na explicação de aspectos teóricos, como o ácido acético e o benzeno; outras
por, inexoravelmente, fazerem parte da formação experimental, como o ácido acetilsalicílico e a
acetanilida. Não é exagero afirmar que, desde a segunda metade do século XX, todo químico
sintetizou a acetanilida num dado momento da sua formação acadêmica.
Aplicações como intermediário sintético em miniprojetos de síntese são comuns, mas é
importante também seu emprego como padrão de calibração de aparelhos de determinação de ponto
de fusão de substâncias orgânicas e, atualmente, de aparelhos de análise térmica (CUNHA, 2015).

A síntese clássica, utilizada nesse experimento, consiste em uma reação de substituição


nucleofílica ao grupo acila. Essas reações ocorrem em compostos carbonilados que possuam algum
grupo capaz de atuar como grupo de saída. Esses compostos são denominados derivados de ácidos
carboxílicos e incluem aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres e amidas (SOLOMONS,
2012).
A reação ocorre em duas etapas, sendo a primeira a adição do nucleófilo e a segunda a
eliminação do grupo de saída. Quando um nucleófilo ataca a C=O, a ligação π C-O quebra e um
intermediário é formado. Isso ocorre, pois a carbonila possui carga parcial positiva. O intermediário
é tetraédrico, ou seja, o carbono passa de sp2 a sp3 (SOLOMONS, 2012). O par de elétrons do
oxigênio reconstitui a ligação π C-O e o grupo de saída é expelido com o par de elétrons da ligação.

Figura 1. Mecanismos de uma substituição nucleofílica à carbonila.


(http://homepage.ufp.pt/pedros/qo2000/acidos.htm)

Na figura 1, pode-se observar um exemplo de substituição nucleofílica, na qual o par


eletrônico da água realiza o ataque nucleofílico, formando o intermediário tetraédrico. No exemplo,

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ocorre prototropismo e outra molécula de água auxilia na reconstituição da ligação π C-O, de modo
que o cloreto sai com o par de elétrons (SILVA, 2010).

2. OBJETIVOS:
A prática tem como objetivo sintetizar a acetanilida e caracterizar o produto obtido de forma
qualitativa.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Inicialmente, cerca de 3,3 g de acetato de sódio anidro foram pulverizados e transferidos
para um béquer. Na capela, foram adicionados 8 mL de ácido acético glacial ao béquer. A seguir,
sob agitação, foram adicionados 7,3 mL de anilina e o sistema foi submetido à agitação por mais
dois minutos. Foram então adicionados cerca de 11,3 mL de anidrido acético em pequenas porções
lentamente, observando formação de um precipitado amarelo. Após a adição, sob agitação, foram
adicionados 250 mL de água ainda sob agitação constante.
O sistema foi então retirado da capela e submetido à repouso e resfriamento em banho maria
com gelo. A seguir, o conteúdo do béquer foi filtrado em um funil de Buchner à vácuo, lavando-se
o precipitado com água gelada para remoção de reagentes residuais.
O precipitado foi então guardado e o filtrado descartado. Uma pequena porção do sólido
obtido foi submetido ao Fischer-Johns e teve seu ponto de fusão determinado.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Síntese do cloreto da acetanilida:
Ao se adicionar o ácido acético glacial ao acetato de sódio obervou-se a formação de uma
suspensão. Esse sistema tem como propósito atuar como um tampão (pH ~ 4,6), no qual o ácido
acético irá neutralizar adições de base e o acetato irá neutralizar adições posteriores de ácido,
evitando mudanças radicais no pH da solução, conforme nas equações 4.1.1-2:

CH3COO-(aq) + H+ (aq) → CH3COOH (aq) (4.1.1)


CH3COOH(aq) + OH- (aq) → CH3COO- (aq) + H2O(l) (4.1.2)

Ao se adicionar a anilina o sistema tornou-se castanho, devido à coloração da anilina.

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A formação do tampão entre o ácido acético/acetato é capaz de evitar a protonação da
anilina (pKb = 9.4), de modo que o par eletrônico do nitrogênio se encontre disponível para realizar
o ataque nucleofílico ao anidrido acético, conforme no mecanismo apresentado na Figura 2:

Figura 2. Mecanismos da síntese da acetanilida a partir da anilina e do anidrido acético (PAVIA, 2009).

Ao ocorrer a reação, observou-se o aquecimento intenso da solução, devido à reação entre a


anilina e o anidrido acético. Isso decorre da inonização do ácido acético formado, sendo exotérmica.
Como a reação é muito rápida, o aquecimento ocorre de forma considerável, por isso é
essencial que a adição ocorra em pequenas porções, para evitar acidentes. A reação apresentada na
figura 2 é descrita conforme a equação 4.1.3:

C6H7N(l) + C4H6O2(l) → C8H9NO(s) + C2H4O2(aq) (4.1.3)

Sendo a solubilidade da acetanilida em água 0,4 g/100 mL H2O a 20 ºC (SOARES, 1988), os


cristais amarelados obtidos correspondem à acetanilida sintetizada, em proporções muito acima da
solubilidade. O sistema foi mantido a frio a seguir para que as moléculas de acetanilida possam se
dispor em retículos cristalinos puros, de modo que as impurezas mantenham-se na solução. Além
disso, o resfriamento tem como objetivo evitar uma segunda substituição e formação do produto
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disubstituído. Isso decorre da energia de ativação do sistema, onde caso a reação fosse mantida à
alta temperatura seria possível que a anilina realizasse outro ataque nucleofílico, dessa vez à propria
acetanilida, conforme a reação descrita na figura 3:

Figura 3. Síntese da N,N-diacetilanilina a partir da acetanilida e ácido acético. (Fonte: Autor).

A filtração com lavagem a frio no funil de Buchner tem como objetivo precipitar mais
cristais de acetanilida e aumentar o rendimento da reação, uma vez que o produto obtido será
utilizado posteriormente em outras práticas.

4.2 Caracterização do produto:


A utilização do Fisher-Johns e determinação do ponto de fusão da amostra sólida obtida foi
utilizada como técnica de caracterização, pois a acetanilida possui transição para a fase líquida
muito constante e os cristais obtidos possuem uma pureza considerável. Devido a essas
características, a acetanilida é, inclusive, utilizada como padrão de calibração de aparelhos térmicos
(CUNHA, 2015). O ponto de fusão obtido para o sólido correspondeu a 114 ºC, o que coincide com
a temperatura encontrada na literatura para a acetanilida, de 114 ºC (SOARES, 1998).

5. CONCLUSÕES
A partir do experimento realizado, concluiu-se que a técnica exige certos cuidados devido à
grande liberação de calor durante a síntese da acetanilida. Entretanto, o método foi altamente eficaz,
como previsto, na produção de acetanilida em pequena escala de forma eficiente.

6. REFERÊNCIAS
1. CUNHA, S. et al. Acetanilida: Síntese Verde sem Solvente. Química Nova, 01 July
2015, Vol.38(6), pp.874-876
2. SOLOMONS, T.W.G.; FRYHLE, C.B. Química Orgânica. 10. ed. V.1, Rio de
Janeiro: LTC, 2012, pp. 233-265, 552-560.
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3. SILVA, P. Reatividade de ácidos carboxílicos e seus derivados. Universidade
Fernando Pessoa, 2010.
Disponível em: <http://homepage.ufp.pt/pedros/qo2000/acidos.htm>. Acesso em: 14
set., 2018.
4. PAVIA, D. L. et al. Química Orgânica Experimental: Técnicas de escala pequena.
2ª. Ed. Bookman, 2009.
5. SOARES, B. G.; SOUZA, N. A.; PIRES, D. X.; Química Orgânica: Teoria e
Técnicas de Preparação, Purificação e Identificação de Compostos Orgânicos, Ed.
Guanabara S.A.: Rio de Janeiro, 1988.

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