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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA

Relatório da Disciplina Orgânica VI Experimental

OBTENÇÃO DA ACETANILIDA POR ACETILAÇÃO DA ANILINA

MYLENA FERREIRA FIGUEIREDO ESTEVES

Professora responsável: Daniela de Luna Martins

Niterói
Outubro, 2023
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SUMÁRIO

1. Introdução ----------------------------------------------------------------------------------------- 2

2. Objetivo -------------------------------------------------------------------------------------------- 2

3. Resultados e discussões -------------------------------------------------------------------- 2

3.1. Cálculos estequiométricos --------------------------------------------------------- 3

3.2. Rendimento teórico ------------------------------------------------------------------- 4

3.3. Rendimento prático ------------------------------------------------------------------- 5

4. Parte experimental ----------------------------------------------------------------------------- 6

4.1. Materiais ---------------------------------------------------------------------------------- 6

4.2. Reagentes--------------------------------------------------------------------------------- 7

4.3. Observação do procedimento experimental --------------------------------- 7

4.4. Metodologia------------------------------------------------------------------------------ 8

4.5. Reação de confirmação ------------------------------------------------------------- 9

5. Conclusão ----------------------------------------------------------------------------------------- 9

6. Referências bibliográficas ------------------------------------------------------------------- 9


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1. INTRODUÇÃO

A partir do final do século XIX fontes naturais de analgésicos e antipiréticos


começaram a ser pequenas para a grande demanda de medicamentos, assim novos
substitutos sintéticos começaram a ser experimentados.
A acetanilida foi um fármaco analgésico e antipirético, introduzido na medicina
em 1886 sob o nome de antifebrina por Cahn e Hepp, a fim de substituir os derivados
da morfina.1 Anos depois devido a sua toxicidade elevada foi retirado do mercado de
medicamentos.
Além de suas propriedades analgésicas e antipiréticas, a acetanilida é uma
substância muito importante comercialmente, por ser um intermediário na produção de
corantes e fármacos. Ela é uma amida secundária, que se apresenta como um sólido
cristalino branco, com uma de suas características a insolubilidade em água fria e
solubilidade em água quente, com ponto de fusão na faixa de 113° - 115 °C 7.
A obtenção de aminas aromáticas aciladas é realizada por uma reação
conhecida genericamente como acilação ou acetilação. Essa reação resulta na
introdução de um grupo acila em um composto orgânico. Para a acetanilida sua síntese
pode ser realizada pela acetilação da anilina.
O método é, ainda, importante por conferir menor susceptibilidade a oxidações,
menor reatividade em reações de substituição aromáticas e menor propensão a
participar de diversas reações típicas das aminas livres por ser menos básica.

2. OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo preparar a acetanilida por acetilação da


anilina.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No atual experimento, a acetanilida foi preparada pela reação entre anilina e o


anidrido acético (um derivado de ácido carboxílico), na presença de uma solução
tampão de ácido acético/acetato.
A acetanilida pode ser sintetizada por meio da reação de acetilação da anilina
(esquema 1), a partir do ataque nucleofílico do grupo amino ao átomo do carbono
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carbonílico do anidrido acético, seguido da eliminação de ácido acético formado como


um subproduto da reação.2

Esquema 1: mecanismo de acetilação da anilina

Nesse esquema o ácido acético cumpre a função de acidificar o meio,


favorecendo, assim, a forma protonada da anilina e a reação. O acetato de sódio, por
sua vez, tem a capacidade de aumentar a polaridade do meio, o que diminui a
solubilidade da Acetanilida, substância apolar, e facilita a formação dos cristais do
produto desejado.
A partir dos dados obtidos na literatura, foram obtidas as massas e volumes
necessários para o experimento, por meio cálculos estequiométricos a partir do número
de mol dados na apostila experimental.

3.1. CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS

Acetato de sódio anidro

0,04 mol — X
1,00 mol — 82,03g
x = 3,28g de acetato de sódio anidro

Ácido acético glacial


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0,14 mol — X
1,00 mol — 60,05 g
x = 8,40 g de ácido acético glacial

v = m/d
v = 8,40/1,04
v = 8,07 mL

Anilina

0,08 mol de anilina —— X


1,00 mol ——————— 93,13 g
x=7,45 g

v = m/d
v = 7,45/1,021
v = 7,30 mL

Anidrido Acético

0,12 mol de Anidrido Acético —— X


1,00 mol ——————————— 102,09 g
x = 12,25 g

v = m/d
v = 12,25/1,080
v = 11,34 mL

3.2. RENDIMENTO TEÓRICO


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Para o cálculo do rendimento teórico da reação fez-se necessário saber qual


reagente limita a reação. Então, calculou-se a quantidade de matéria de cada reagente
envolvido na reação:

Anilina = (7,45 g) x (1 mol/93,13 g) = 0,080 mols

Anidrido = (12,25 g) x (1 mol/102,09 g) = 0,120 mols

A partir dos cálculos realizados foi observado que a anilina era o reagente
limitante e, portanto, foi utilizado para a obtenção do rendimento teórico e prático da
reação.
Para isto, tomou-se como pressuposto que a mesma ocorre numa proporção
1:1, o que significa que para cada 1 mol de anilina consumido, haverá a formação de 1
mol de acetanilida.

93,13 g/mol (anilina) ------------- 135,17 g/mol (acetanilida)


7,45 g (anilina) ------------ x g (acetanilida)
x = 10,8 g de acetanilida (massa teórica)

3.3. RENDIMENTO PRÁTICO

Uma vez conhecida a massa teórica que deveria ser obtida após a reação, foi
possível calcular o rendimento prático dela:

Rendimento prático (%) = massa prática/massa teórica x 100


Rendimento prático (%) = 6,12 g/10,8 x 100 = 56,7%

Desta forma o rendimento obtido da reação foi de 56,7%.


Os cristais de acetanilida foram submetidos a testes de confirmação e pureza
através da técnica de infravermelho, ponto de fusão e solubilidade.
A diferença de solubilidade entre acetanilida e a anilina (reagente de partida) é
observada expondo os cristais de acetanilida à solução aquosa de HCl, com objetivo de
demonstrar a insolubilidade da acetanilida em relação a anilina em HCl.
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Por meio da medição do ponto foi obtido um ponto de fusão a 113 °C, como a
literatura admite que o ponto de fusão da acetanilida está entre 113 e 115 °C, podemos
afirmar que dentro de uma margem de erro a substância tem ponto de fusão que bate
com o da acetanilida pura.
O espectro de infravermelho da amostra, mostrado na Figura 1, apresentou
bandas em 3291 cm−1, sendo característica de vibrações de estiramento de N-H. Em
1662 cm−1 é notado um pico intenso, o qual foi atribuído ao grupamento carbonila
(C=O) presente na estrutura das amidas. Os outros dois picos mais importantes para a
caracterização do composto ocorrem em 748 e 692 cm −1. Estes indicam um anel
aromático monossubstituído, confirmando a presença da acetanilida.

Figura 1: espectro de infravermelho da amostra de acetanilida.

4. PARTE EXPERIMENTAL

4.1. MATERIAIS

● Conjunto Almofariz e Pistilo;


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● Erlenmeyer 250 mL;


● Agitador Magnético;
● Provetas;
● Pipetas graduadas;
● Placa de Aquecimento e Agitação;
● Erlenmeyer 500 mL;
● Funil de Buchner;
● Tubos de ensaio;

4.2. REAGENTES

● Anilina
● Anidrido Acético
● Ácido acético glacial
● Acetato de sódio
● Solução aquosa à 20% (v/v) de HCl

4.3. OBSERVAÇÃO DO PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Ao adicionar os 8,07 mL de ácido acético glacial a 3,28 g de acetato de sódio


anidro, houve a formação de uma solução tampão. Esses dois reagentes, em conjunto,
possuem a propriedade de manter constante a concentração de íons H 3O+, impedindo
a protonação do grupo amino da anilina.
Foi observado uma coloração amarronzada da anilina, essa cor pode ter sido
obtida por possíveis reações da anilina com o ambiente, que podem ter formado
derivados da anilina. Mesmo sabendo que a cor normal deveria ser incolor, a anilina foi
utilizada.
Após isso, 7,30 mL de Anilina foi adicionada a solução tampão sob agitação
constante.
Foi adicionado em gotejamento 11,3 mL de anidrido acético deixando em
agitação por 20 min.
Observou-se que: após a adição do anidrido acético ocorre um princípio de
solubilização na mistura e que a reação foi exotérmica com a formação de vapores na
parede da vidraria. Em seguida começou a formar pontos brancos de precipitado.
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Ao final da reação, a coloração observada foi um marrom opaco e turvo.


Transferiu-se esta reação para um Erlenmeyer de 500mL e foi adicionada água gelada
até completar 250 mL de volume.
Observou-se que: Ocorreu a separação de cristais de acetanilida. Tal separação
é espontânea pelo fato de o precipitado não ser solúvel em água fria.
Em seguida, verteu-se o que estava na vidraria para o funil de Buchner e foi
lavado com água gelada. Onde foi possível observar a formação de cristais
amarelados.
Levou-se o papel de filtro para secagem por uma semana.
Na semana seguinte foi possível observar os cristais.
A amostra foi pesada e obteve-se a massa de 6,119 g de acetanilida.

Figura 2: Cristais de acetanilida pesados após preparo

4.4. METODOLOGIA

Foram pulverizados no almofariz 3,28 g de acetato de sódio anidro. Após a


pulverização, o acetato de sódio anidro foi transferido para um béquer e levado à
capela.
Na capela, foi adicionado ao sólido pulverizado 8,40 g de ácido acético glacial.
Sob agitação foi adicionado 0,08 mol de anilina. Após a mistura da anilina foi
adicionado 12,25 g de anidrido acético, em pequenas porções. Foi observada uma
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rápida reação da mistura. Terminada a reação, adicionou-se sob agitação 250 mL de


água. E observou-se a separação de cristais de acetanilida.
A reação foi resfriada e filtrada em funil de Buchner, onde os cristais foram
lavados com água gelada para remoção dos reagentes residuais. E posteriormente,
levados para secar ao ar.

4.5. REAÇÃO DE CONFIRMAÇÃO

Para confirmação da formação da acetanilida foram colocados alguns cristais do


produto obtido em um tubo de ensaio e adicionado 1 mL de solução aquosa a 20%
(v/v) de HCI. Observou-se a insolubilidade do produto. Paralelamente, em outro tubo,
foi repetido o ensaio com anilina. Foi verificado o contraste entre o comportamento do
produto da reação e o da anilina.

5. CONCLUSÃO

No presente trabalho, a acetanilida foi obtida a partir da acetilação da anilina


com rendimento global de 56,7%. O rendimento obtido foi inferior ao esperado devido a
perda material nos diversos processos realizados motivados pela inexperiência dos
alunos envolvidos na prática, além de uma possível baixa qualidade da anilina utilizada.
O produto foi obtido como um sólido amarelado (vide figura 2) com baixa solubilidade
em solução aquosa 20% (v/v) de HCl, indicando concordância entre o produto
preparado e o produto de referência.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BRUNTON, Laurence L.; As Bases farmacológicas da terapêutica de Goodman


& Gilman. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. p. 959.

2. Furniss B. S., Hannaford A. J., Smith P. W. G., Tatchell A. R.; Vogel’s a textbook
of practical organic chemistry, 5rd edition, Longmans Scientific & technical, NY
(1989).

3. Sítio da Merck. Disponível em:


<https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Acetic-acid-glacial-1000-
0,MDA_CHEM-100063>. Acesso em: 04 outubro 2023.
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4. Sítio da Merck. Disponível em:


<https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Sodium-acetate,MDA_CHEM-
137046>. Acesso em: 04 outubro 2023.

5. Sítio da Merck Millipore. Disponível em:


<https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Aniline,MDA_CHEM-101261>.
Acesso em: 04 outubro 2023.

6. Sítio da Merck. Disponível em:


<https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Acetic-anhydride,MDA_CHEM-
822278>. Acesso em: 04 outubro 2023.

7. Sítio da Merck Millipore. Disponível em:


<https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Acetanilide,MDA_CHEM-
822344>. Acesso em: 04 outubro 2023.

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