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ERIKA SAYURI NAKANO

MARIA CLARA GOUVEIA

RELATÓRIO DE ORGÂNICA EXPERIMENTAL


Síntese do ácido benzóico e do benzoato de metila

PRESIDENTE PRUDENTE
2022
Introdução

Os aldeídos e cetonas são amplamente utilizados na síntese de muitos


agentes farmacêuticos, em quase todas as rotas biológicas e em diversos produtos
industriais; Por isso é indispensável aprender sobre suas propriedades e reações.
[1]
Os dois têm uma estrutura semelhante, pelo fato de ambos possuírem uma
carbonila. Porém, enquanto o aldeído é flanqueado por um hidrogênio, a cetona é
flanqueada por dois átomos de carbono: [2]

(Figura 1: grupo carbonila presente no aldeído e na cetona)

Fonte: Livro química orgânica, volume 2, de David Klein.

É possível sintetizar aldeídos e cetonas de diversas formas: pela ozonólise


de alcenos, pela hidratação de alcinos, por acilação de Friedel-Crafts, e pela
oxidação de álcoois primários e secundários.
Na ozonólise de alcenos utiliza-se o ozônio (O3) para possibilitar a quebra da
ligação 𝝅 de um alceno, levando a obtenção de aldeídos e cetonas. Nesse
processo, o ozônio é manipulado em temperaturas baixas e em seguida o zinco é
adicionado agindo como agente redutor. O produto final depende do número de
substituintes que há em cada átomo de carbono da dupla ligação; Nos átomos em
que não há nenhum hidrogênio forma-se a cetona, e nos átomos em que há ligação
com um hidrogênio forma-se um aldeído, essas reações podem ser exemplificadas
na figura a seguir: [4]

(Figura 2: ozonólise de alcenos)


Fonte: Livro química orgânica, de Raphael Salles

Na hidratação de alcinos, devido a dificuldade de obtenção dos produtos


finais com ácido aquoso, utiliza-se como catalisador da reação o sulfato de mercúrio
II. Nas reações demonstradas a seguir, observa-se que os alcinos terminais
resultam em metilcetonas, os alcinos internos assimétricos resultam em duas
cetonas diferentes e o etino é o único alcino capaz de produzir um aldeído por esse
método: [4]

(Figura 3: Hidratação de alcinos, com sulfato de mercúrio agindo como catalisador)

Fonte: Livro química orgânica, de Raphael Salles

Além de utilizar o sulfato de mercúrio como catalisador, a hidratação do alcino


pode ser realizada também por meio da hidroboração/oxidação de alcinos; A reação
ocorre por meio de um intermediário enol formado por meio da adição de
Markovnikov a ligação tripla: [3]

(Figura 4: Hidratação de alcinos)

Fonte: Livro Química Orgânica, volume 2 de Francis Carey

A obtenção de cetonas, por meio da acilação de Friedel-Crafts de compostos


aromáticos, acontece por meio de uma reação com um anel aromático que não é
muito fortemente ativado e haletos ácidos na presença de um ácido de Lewis, a fim
de produzir uma aril cetona; Essa reação pode ser observada na figura a seguir

(Figura 5: Acilação de Friedel-Crafts)

Fonte: Livro química orgânica, volume 2, de David Klein.

A obtenção de um aldeído pode ser realizada também pela oxidação de


álcoois primários, o método utilizado é a oxidação de Swern e a oxidação com
clorocromato de piridínio (C5H5NHCrO3Cl ou PCC). [5]

(Figura 6: Oxidação de um álcool primário por meio da oxidação de Swern)

Fonte: Livro Química Orgânica, volume 2 de T.W. Graham Solomons

(Figura 7: Oxidação de um álcool primário pelo PCC)


Fonte: Livro Química Orgânica, volume 2 de T.W. Graham Solomons

Para obter-se cetona pode-se utilizar álcool secundário; Muitos agentes


oxidantes podem ser utilizados para a conversão de álcoois secundários a cetonas,
entre eles os mais utilizados são o PDC ou PCC, e outros agentes a base de Cr
(VI). A seguir observa-se a reação geral para a oxidação de álcoois secundários e a
seguir, um exemplo utilizando como ponto de partida o 1-fenil-1-pentanol:

(Figura 7: Oxidação de álcool secundário)

Fonte: Livro Química Orgânica, volume 2, de Francis Carey.

Os ácidos carboxílicos, compostos do tipo -COOH, constituem uma das


classes de compostos orgânicos mais conhecidos. [3] São encontrados em uma
ampla gama de produtos farmacêuticos que são utilizados para tratar inúmeros
problemas e podem até ser utilizados em tintas e adesivos. [2]
Esses compostos são utilizados junto a um álcool para a obtenção de éster,
por meio da esterificação de Fischer; O mecanismo dessa reação pode ser
observada na figura a seguir:

(Figura 8: Mecanismo da esterificação de Fischer)


Fonte: Livro Química Orgânica, volume 2, de David Klein

Os ésteres podem sofrer hidrólise tanto em meio ácido quanto básico;


Em meio ácido o mecanismo reacional é precisamente o inverso do
mecanismo da esterificação de Fischer, onde ocorre um ataque de uma
molécula de água a uma carbonila protonada e posterior eliminação de uma
molécula de álcool: [4]

(Figura 9: Mecanismo da hidrólise do éster em meio ácido)

Fonte: Livro Química Orgânica, de Rapahel Salles

Objetivos

Esse relatório tem como objetivo demonstrar o processo de obtenção do


benzaldeído a partir da oxidação e a esterificação do ácido benzóico; Calculando-se
os rendimentos obtidos e analisando as reações ocorridas.

Parte Experimental:
Reagentes:
-Benzaldeído
-Água deionizada
-Permanganato de potássio
-Hidróxido de potássio
-Ácido clorídrico
-Ácido Benzóico (preparado na primeira parte do experimento)
-Metanol
-Ácido sulfúrico
-Hidróxido de sódio
-Sulfato de magnésio anidro

Materiais:
-Balão de 3 bocas
-Condensador
-Mangueiras
-Termômetro
-Funil de adição
-Béqueres
-Balança analítica
-Proveta
-Pipeta de Pasteur
-Manta aquecedora para balão volumétrico
-Funil de buchner
-Papel filtro
-Kitassato
-Bomba a vácuo
-Pérola de vidro
-Papel tornassol
-Balão de fundo redondo
-Banho Maria
-Placa de petri

Procedimento experimental:

O procedimento experimental é dividido em duas partes, a primeira visando a


obtenção do ácido benzóico, e a segunda parte visando a esterificação do ácido
benzóico.
Para a realização da primeira parte, iniciou-se com a montagem de um
sistema de refluxo, composto pelo balão de 3 bocas, onde em um boca colocou-se o
funil de adição, na boca central o condensador e na outra boca o termômetro.
Adicionou-se ao balão 5g de benzaldeído e 15mL de água deionizada, agitando.
Preparou-se uma solução de permanganato de potássio a partir de 7,45g de
permanganato de potássio e 100mL de água deionizada. Adicionou-se essa solução
ao funil de separação; Adicionou-se gota-a-gota essa solução ao balão de 3 bocas,
enquanto a manta de aquecimento é ligada.
Depois de adicionada toda a mistura de permanganato de potássio,
aqueceu-se a solução por 1 hora, prestando atenção para a temperatura não
ultrapassar 80ºC.
Ao finalizar o aquecimento, esperou-se esfriar a solução e desmontou-se o
sistema de refluxo. Adicionou-se a solução, hidróxido de potássio 10% até tornar a
solução alcalina, checando com o papel tornassol.
Após tornar a solução alcalina, filtrou-se a mistura e adicionou-se ácido
clorídrico concentrado até acidificar o filtrado. Lavou-se o ácido benzóico resultante,
com água deionizada fria, e colocou junto ao papel filtro em placa de petri;
Colocou-se a placa de petri contendo o ácido benzóico dentro do dessecador, onde
ficou por uma semana.
Após passado uma semana, pesou-se o ácido benzóico resultante e
iniciou-se a parte 2 do experimento.

No balão de fundo redondo, adicionou-se 0,8476 g de ácido benzóico (obtido


na parte 1), 6,95 mL de metanol, 0,2 mL de ácido sulfúrico concentrado e as pedras
de ebulição. Adicionou-se a esse balão um condensador, e ferveu-se a solução por
50 minutos. Após a fervura, esperou-se a solução esfriar e a verteu em um funil de
separação já contendo 5 mL de água deionizada.
Extraiu-se dessa porção 4 porções, de 5 mL cada, de diclorometano. Para
extrair essa porção separou-se a fase orgânica, primeiramente lavando a solução
com 2,3 mL de uma solução aquosa de hidróxido de sódio a 5% e depois 10 mL de
água deionizada. Esvaziou-se o funil de separação, limpou-o e verteu-se a fase
orgânica nele, repetindo o processo até a obtenção de todas as porções.
Depois de recolher todas as porções, secou-se a fase orgânica com sulfato
de magnésio anidro por 5 minutos e depois verteu-se a solução, tomando cuidado
para não verter o anidro junto, em um béquer previamente tarado.
Evaporou-se o diclorometano em banho maria e pesou-o a fim de determinar
o rendimento.

Resultados e Discussão
Para que haja a síntese do ácido benzóico, a base da reação é a oxidação do
benzaldeído a partir do gotejamento de permanganato de potássio, um agente
oxidante forte [6]
MECANISMO
A oxidação do benzaldeído resulta na formação do ácido benzóico, uma
solução turva, a qual foi filtrada duas vezes para eliminar as impurezas, porém, a
última filtração, ainda pode-se observar a coloração marrom durante a realização da
prática, foi possível manter a temperatura entre 70°C e 80°C o que resultou em uma
boa quantidade do ácido.
Para a segunda parte do experimento, foi utilizado o ácido benzóico
sintetizado na primeira etapa, porém, o rendimento foi baixo, (0,8g), poderia ter
realizado a acidificação do que foi descartado na filtração para que obtivesse uma
maior quantidade de ácido para ser trabalhada.
Houve a esterificação de Fisher, adicionando metanol ao ácido benzóico para
que resultasse no éster benzoato de metila. a esterificação tem a necessidade de
um catalisador, por esse motivo o ácido sulfúrico concentrado também é adicionado
a reação.
A etapa de extração do benzoato de metila é realizada com o diclorometano,
esse solvente foi utilizado por conta da sua diferença de solubilidade em relação ao
benzoato, já que o diclorometano é mais denso que a água com a densidade de
1,330g.cm-3. Além da afinidade entre as substâncias, já que ambas são apolares, e
semelhante dissolve semelhante, [6].O sistema foi montado com a solução de
benzoato de metildsdsdw34a e diclorometano, mais a água, portanto, durante a
destilação, a fase orgânica se encontrava na parte inferior, essa é a parte desejada
e recolhida, essa etapa foi realizada quatro vezes.
Para a lavagem, utiliza-se NaOH, A base é utilizada para que haja a reação
ácido-base, formando sais, com os ácidos carboxílicos que podem estar presentes
ainda na solução, como os sais são solúveis em água, após a adição do hidróxido
de sódio, a lavagem é realizada com água.
REAÇÃO ÁC BENZÓICO +NaOH

O sulfato de magnésio anidro é utilizado para retirar as impurezas que


possivelmente estão solúveis em água. Para a retirada do diclorometano, a solução
foi levar em banho maria, com a temperatura de 67°C a 70°C, o ponto de ebulição
do diclorometano sendo 40°C [7], todo o solvente foi extraído.
Tendo apenas a solução de benzoato de metila, o rendimento calculado foi de
(Rendimento)

Conclusão
É possível concluir que a síntese do ácido benzóico foi satisfatória, mesmo
com o rendimento baixo, porém, para melhor realização da experiência, é preciso
um maior controle da temperatura da manta térmica.
A síntese do benzoato de metila também pode-se concluir que os resultados
foram satisfatórios, o baixo rendimento pode ser evitado com uma segunda
acidificação do que restou no kitassato na primeira etapa do experimento.
Referências

[1] MCMURRY, John. Química Orgânica - Volume 2: Tradução da 9ª edição


norte-americana. [Digite o Local da Editora]: Cengage Learning Brasil, 2016.
9788522125319. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522125319/. Acesso em: 01
jun. 2022.

[2] KLEIN, David. Química Orgânica - Vol. 2, 2ª edição. [Digite o Local da Editora]:
Grupo GEN, 2016. 9788521631910. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521631910/. Acesso em: 02
jun. 2022.

[3] CAREY, Francis A. Química Orgânica – V2. [Digite o Local da Editora]: Grupo A,
2011. 9788580550542. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580550542/. Acesso em: 02
jun. 2022.

[4] SILVA, Raphael Salles F. Química Orgânica. [Digite o Local da Editora]: Grupo
GEN, 2018. 9788521635598. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521635598/. Acesso em: 02
jun. 2022.

[5] SOLOMONS, T.W G. Química Orgânica - Vol. 2. [Digite o Local da Editora]:


Grupo GEN, 2018. 9788521635512. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521635512/. Acesso em: 04
jun. 2022.

[6] ENGEL, Randall G.; KRIZ, George S.; LAMPMAN, Gary M.; PAVIA, Donald L.
Química orgânica experimental: técnicas de escala pequena – Tradução da 3ª
edição norte-americana. Cengage Learning Brasil, 2016. 9788522123469.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522123469/.
Acesso em: 07 jun. 2022.

[7]LABSYNTH. labsynth. Diadema: labsynth, 2017. Disponível em:


https://www.labsynth.com.br/fispq/FISPQ-%20Diclorometano.pdf. Acesso em: 1 fev.
2022.

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