Tem-se por objetivo desta aula prática a síntese de dibenzalacetona por
meio de uma reação de condensação aldólica. Essa reação pode ser catalisada por ácidos, bases e enzimas. Em laboratório a catálise básica é a mais comumente utilizada.
A condensação é um processo que une duas ou mais moléculas
geralmente com a perda de uma molécula pequena, como água ou álcool. A condensação aldólica (reação de Claisen-Schmidt) é um processo que une dois grupos carbonila juntamente com a eliminação de uma molécula de água para formar β-hidroxicetona. O produto é também conhecido como aldol pois contém dois grupamentos funcionais aldeído (ou cetona) e um grupo álcool.
Essa reação de condensação aldólica é regida pelo mecanismo E1cB
(Elimination unimolecular conjugate Base – do inglês eliminação unimolecular via base conjugada). Esta envolve a desprotonação de um composto contendo um grupo carbonila que resulta na formação de um enolato. O enolato é uma base conjugada muito estável do material de partida e é um dos intermediários na reação. Este enolato age como um nucleófilo e pode atacar um aldeído eletrofílico. O produto Aldol é então desprotonado formando outro enolato seguido da eliminação de água numa reação de desidratação E1cB. A acetona tem α-hidrogênios (em ambos os lados) e, portanto, pode ser desprotonada formando um ânion enolato nucleofílico. O alcóxido produzido é protonado por solvente, formando uma β-hidroxicetona, que sofre a desidratação catalisada por base. O processo de eliminação é particularmente rápido neste caso pois o alceno é estabilizado por conjugação, não apenas com a carbonila mas também com o benzeno. Neste experimento é aplicado excesso de benzaldeído de modo que a condensação aldólica pode ocorrer em ambos os lados da cetona. A carbonila do aldeído é mais reativa do que o da cetona e por isso reage rapidamente com o ânion da cetona formando uma β-hidroxicetona, que facilmente sofre desidratação catalisada por base. Portanto para a síntese da dibenzalacetona utiliza-se a estequiometria reacional 1:2 acetona/benzaldeído.
As reações de Aldol são “reações chave” na química orgânica pois
fornecem um meio de formar ligações carbono-carbono, permitindo a síntese de moléculas mais complexas.
Reação geral
Mecanismo Procedimento experimental
Em um balão de 50 mL, dissolva 2,50 g de NaOH em 25,0 mL de água
destilada. Adicione 20,0 mL de etanol resfriando a solução a temperatura entre 20 e 25°C.
Em um Erlenmeyer de 10 mL junte 2,5 mL de benzaldeído e 0,90 mL de
acetona.
Sob agitação vigorosa, adicione ao balão com NaOH aproximadamente
metade de uma mistura previamente preparada de benzaldeído e acetona. Após 15 minutos, adicione o restante da solução de benzaldeído-acetona, mantendo em agitação por mais 30 minutos.
Filtre o precipitado a vácuo e lave-o com água destilada gelada. Seque o
sólido resultante a temperatura ambiente e recristalize com acetato de etila (cerca de 2,5 mL/g).
Notas
O benzaldeído é facilmente oxidado a ácido benzoico. Para evitar a
oxidação do benzaldeído, mantenha o frasco fechado. Evite-o cheirar diretamente.
Manuseie cuidadosamente com hidróxido de sódio, uma vez que é
corrosivo.
É recomendado o uso de agitação magnética no decorrer da reação.
Durante a recristalização do produto utilize aquecimento em chapa e
adição de carvão ativado com dissolução em volume apropriado de solvente (60 – 70 mL). Filtre a quente em funil previamente aquecido (cuidado: não permita a presença de chama de bico na bancada de filtração).
Lembre-se sempre que você deverá estar atento durante todo o
experimento para observar e anotar todas as possíveis mudanças que podem ocorrer durante uma reação química, tais como: coloração, odor, desprendimento de gás, temperatura etc. Lembre-se que a ciência nasce da observação.
Questionário
1. Sugira uma modificação do procedimento experimental para obtermos
o benzalacetona em vez da dibenzalacetona.
2. Qual o produto de oxidação do benzaldeído nesta experiência?
3. Qual seria o produto de redução (NaBH4) do benzaldeído?
4. Caso se utilize somente o benzaldeído e adicionássemos à solução do
hidróxido, que tipo de reação se procede e que produto (s) devemos esperar?
Referências
1. C. R. Conard, M. A. Dolliver, Organic Syntheses, Coll. Vol. 2, p.167
(1943); Vol. 12, p.22 (1932). 2. C. K. Ingold, Structure and Mechanism in Organic Chemistry, Cornell University Press, Ithaca, New York, 1953, p. 423. 3. D.J. McLennan, The carbânion mechanism of olefin-forming Elimination, Q. Rev. Chem. Soc., 1967,21, 490-506 4. L. M. Harwood, C. J. Moody, Experimental Organic Chemistry, 1st ed.; Blackwell Scientific Publications: London, 1989. 5. J. R. Mohrig, C. N. Hammond, T. C. Morril, D. C. Neckers, Experimental Organic Chemistry, 1st ed.; W. H. Freeman and Company: New York, 1998. 6. K. P. C. Vollhardt, N. E. Schore, Organic Chemistry, 3rd ed.; W. H. Freeman and Company: New York, 1999.
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