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DEFINIÇÕES

A água contendo gases dissolvidos causa muitos problemas de corrosão no sistema de caldeira. O oxigênio
acelera a corrosão e resulta em corrosão localizada na forma de "pitting"; o dióxido de carbono forma o ácido
carbônico em sistemas de condensado e causa profundos entalhes ou sulcos na tubulação do condensado. A
água contendo amônia ataca imediatamente o cobre e as ligas cobre. O método mais amplamente utilizado
para remover estes gases dissolvidos da água e, deste modo, controlar a corrosão é a desaeração. Em
particular, ela é utilizada para remover o oxigênio dos sistemas de água de alimentação da caldeira. (Figura 1).

A solubilidade de um gás em um líquido depende da pressão parcial deste gás acima do líquido. É como uma
força motriz: quanto maior a pressão parcial acima do líquido, mais gases podem ser forçados para dentro do
líquido ou dissolvidos nele. Uma garrafa ou lata de soda é um bom exemplo de como o gás de dióxido de
carbono é forçado para dentro do líquido sob pressão, e depois liberado quando a tampa ou topo do vaso é
aberto. Obviamente, a temperatura também afetará aquela pressão parcial ou solubilidade, conforme
demonstrado por uma simples relação empírica conhecida como a "Lei de Henry". Em termos simples, a
estabilidade ou equilíbrio que existe entre o gás acima do líquido e a porção que se dissolve no líquido é
proporcional à pressão parcial e uma constante, que é um número específico para cada gás envolvido. À
medida que a temperatura se eleva na água ou fase líquida, a solubilidade do gás diminui. Esta é a razão pela
qual se desenvolvem bolhas de oxigênio numa vasilha de água fervendo conforme esta é aquecida. Quando
uma temperatura de, aproximadamente, 212 oF (100 oC) é alcançada, praticamente todo oxigênio dissolvido foi
removido da água e esta entra em ebulição. A figura 2 mostra a solubilidade do oxigênio dissolvido na água
em função da temperatura. Isto serve como um guia para a operação do aquecedor do desaerador, assim
como a temperatura da água na seção de reserva mostra se o desaerador está ou não funcionando
apropriadamente.

Como a solubilidade do gás também depende da pressão parcial, se a pressão for reduzida ou, em outras
palavras, se for criado um vácuo, ocorreria também desaeração ou remoção de gases dissolvidos bem-
sucedida. A desaeração a vácuo tem sido usada com sucesso em sistemas de distribuição de água, porém a
desaeração a pressão, com vapor como o gás depurador, é utilizada para preparar a água de alimentação da
caldeira.

Desaeração - 1
O vapor é escolhido como o gás depurador pois: (1) está prontamente disponível, (2) aquece a água e reduz a
solubilidade do oxigênio dissolvido, (3) não contamina a água, (4) tem uma pressão parcial de oxigênio
dissolvido ou dióxido de carbono insignificante, permitindo que estes gases sejam retirados da água (Figura 3).
Apenas uma pequena quantidade de vapor precisa ser ventilada, pois a maior parte do vapor utilizado para
limpar a água é condensado, tornando-se uma parte da água desaerada.

A água de alimentação da caldeira é desaerada através da pulverização de água para dentro de uma
atmosfera de vapor. Isto aquece a água a poucos graus da temperatura do vapor saturado. Como a
solubilidade do oxigênio na água é muito baixa nesta condição, 97-98% do oxigênio na água de entrada é
liberado para o vapor e depurado do sistema através da ventilação. O oxigênio restante não é facilmente
removido. A água deve cascatear sobre bandejas, ou ser pulverizada em gotículas por meio de sprays para
que os traços finais de oxigênio sejam removidos.

Desaeração - 2
EQUIPAMENTOS

Os dois principais tipos de desaeradores de pressão ou aquecedores de desaeração são o tipo bandeja e o tipo
spray (Figura 4).

O aquecedor de desaeração tipo bandeja consiste de um casco, um tubo de distribuição perfurado do spray
de entrada de água, um condensador de ventilação de contato direto, pilhas de bandejas e paredes protetoras
entre câmaras. Embora o casco seja feito de aço com baixo teor em carbono, são usados aços inoxidáveis
mais resistentes à corrosão em tubos de distribuição, no condensador de ventilação, bandejas e paredes entre
câmaras.

A operação de um desaerador é bastante simples. A água entra como spray através de um tubo de
distribuição perfurado dentro de uma atmosfera de vapor. É então aquecida até poucos graus da temperatura
de saturação do vapor, quando muitos dos gases, principalmente oxigênio e dióxido de carbono livres, são
liberados da água à medida que é “jateada” para dentro da unidade. Usa-se vedação como barreira para
evitar a recontaminação da água desaerada pelos gases da seção de spray.

Na seção de bandejas, a água cascatea ou cai de bandeja para bandeja, formando gotículas, que entram em
contato íntimo com o vapor entrante. O vapor aquece a água a 5 oC acima da temperatura de saturação e
remove quase todo o oxigênio. A água desaerada então cai para a seção de reserva, abaixo da seção de
desaeração, onde um lençol de vapor a protege contra a recontaminação.

O vapor que entra no desaerador através das aberturas no compartimento de bandejas flui para cima através
de bandejas paralelas ao fluxo de água. Uma quantidade muito pequena de vapor se condensa nesta seção, à
medida que a temperatura da água sobe uns poucos graus até o ponto de ebulição. O vapor restante limpa a
água que cascatea pelas bandejas.

Deixando o compartimento de bandejas, o vapor flui para cima, entre o casco e as paredes entre as câmaras,
indo para a seção de spray. A maior parte do vapor se condensa quando a água entrante é aquecida e se
torna parte da água desaerada. Uma pequena porção de vapor, contendo os gases não condensáveis
(fundamentalmente oxigênio e dióxido de carbono) é ventilada para a atmosfera. É essencial que seja
fornecida ventilação suficiente o tempo todo senão a desaeração será incompleta e existirá oxigênio
dissolvido na água de alimentação.

Desaeração - 3
APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES

Os desaeradores de pressão utilizados para preparar a água de alimentação da caldeira produzem água
desaerada com baixo teor em oxigênio dissolvido e dióxido de carbono livre. Os fornecedores geralmente
garantem menos de 0,005 centímetros cúbicos por litro de oxigênio ou, aproximadamente, 7 partes por bilhão
e praticamente livre de dióxido de carbono.

Os desaeradores a vácuo utilizados para proteger as linhas de distribuição não foram projetados para fornecer
uma desaeração tão completa quanto os desaeradores de pressão. Eles geralmente reduzem o conteúdo de
oxigênio a cerca de 0,25 a 0,5 cc por litro (0,33-0,65 parte por milhão). Os desaeradores são econômicos para
operar e funcionam muito eficientemente com mínima manutenção. Entretanto, é importante que a água que
entra nos desaeradores esteja livre de sólidos suspensos, que obstruem as válvulas de spray e as bandejas do
desaerador. Além disso, as válvulas de spray e bandejas podem ser obstruídas pela incrustação que se forma
quando a água que está sendo desaerada apresenta alta dureza e alto nível de alcalinidade.

Conquanto os desaeradores de pressão realmente reduzam o oxigênio a níveis muito baixos, mesmo vestígios
de oxigênio podem causar corrosão do sistema. Consequentemente, uma boa prática operacional requer
remoção dos últimos vestígios de oxigênio por meio de um seqüestrante químico de oxigênio, como por
exemplo o sulfito de sódio, hidrazina ou compostos orgânicos voláteis (Figura 6).

O dióxido de carbono presente como gás dissolvido, pode ser removido por desaeração, porém este processo
libera somente pouca quantidade de CO2. A maior parte do dióxido de carbono se apresenta na forma de
alcalinidade bicarbonato, sendo liberado junto com o vapor na caldeira à medida em que se desdobra à
temperatura e pressão na caldeira. O dióxido de carbono eventualmente dissolve-se no condensado,
formando ácido carbônico e causa problemas de corrosão. Estes problemas podem ser controlados utilizando-
se aminas neutralizantes ou fílmicas.

Desaeração - 4
O aquecedor de desaeração é provavelmente uma das peças mais negligenciadas do sistema de caldeira. No
entanto, deveria ser examinado durante a inspeção anual da caldeira, para se certificar que os bocais dos
sprays e as bandejas estão em boas condições, e que os medidores de temperatura e pressão estão
operantes. Ocasionalmente, fragmentos, tais como sólidos suspensos ou resina de troca iônica são
encontrados na seção de armazenagem do desaerador e devem ser removidos antes do início da operação
(Figura 7).

A seção de armazenagem do aquecedor de desaeração é normalmente projetada para reter cerca de 8 a 20


minutos de água de alimentação para as caldeiras em operação. A ampliação de uma planta, freqüentemente,
resulta na redução do tempo total de retenção na seção de armazenagem, porque as caldeiras adicionais
puxam mais água dessa fonte.

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