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INTRODUÇÃO

A água contém várias impurezas como resultado do contato com o ar e a terra. Esses sólidos suspensos e
dissolvidos devem ser removidos para proporcionar água adequada para uso doméstico e industrial. Os
sólidos dissolvidos são aqueles naturalmente solúveis na água e que não podem ser removidos com simples
filtragem. Os sólidos suspensos são partículas que não se dissolvem em água, tais como a lama, o limo, o barro
e os materiais microbiológicos. A remoção de sólidos suspensos geralmente se consegue com a coagulação, a
floculação e a decantação, freqüentemente referidas como clarificação convencional (Figura 1).

COAGULAÇÃO

Se a água que contém sólidos suspensos pudesse ficar parada calmamente numa bacia de decantação, nós
esperaríamos que os sólidos se decantassem devido à força da gravidade. A maioria das partículas iria
eventualmente se decantar; todavia, o tempo envolvido ou o tamanho do equipamento de decantação podem
não ser práticos ou econômicos (Figura 2).

Clarificação e Filtragem - 1
EFEITO DO TAMANHO DECRESCENTE
DAS ESFERAS

Diâmetro da Ordem do Área total Tempo necessário


Partícula, mm tamanho da superfície para decantar 30 cm
10 Pedregulho 0.487 in2 0.3 seg
1 Areia grossa 4.87 in2 3 seg
0.1 Areia fina 48.7 in2 38 seg
0.01 Limo 3.38 ft2 33 min
0.001 Bactéria 33.8 ft2 55 hr
0.0001 Partículas coloidais 3.8 yd2 230 dias
0.00001 Partículas coloidais 0.7 acres 6.3 anos
0.000001 Partículas coloidais 7.0 acres 63 anos (min.)

* Área para partículas do tamanho indicado produzidas a partir de uma partícula de 10 mm de diâmetro com
gravidade específica de 2.65.
Figura 2 - O Tamanho das Partículas Afeta o Tempo de Decantação

As partículas suspensas em águas superficiais e efluentes podem permanecer em suspensão na água durante
longos períodos de tempo devido às forças eletrostáticas que as afetam e ainda ao tamanho relativo da
partícula. A maioria das partículas na água tem uma carga de superfície levemente negativa que, como os
pólos similares de um ímã, se repelem. Se as cargas superficiais pudessem ser neutralizadas, as partículas se
agregariam e formariam uma partícula levemente maior, que se decantaria mais rapidamente. Em palavras
simples, a coagulação é o processo de neutralizar as cargas de modo que as partículas possam não mais se
repelir umas às outras mas possam se juntar umas com as outras. (Figura 3)

Uma relação conhecida como a Lei de Stoke ajuda a explicar como o tempo de decantação é afetado pelo
tamanho das partículas e outros fatores:

V = velocidade da queda (taxa da decantação)


D = diâmetro da partícula
V = 18 D2(Sl - S2) onde: Sl = densidade da partícula
Z S2 = densidade da água
Z = viscosidade da água

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À medida que o tamanho da partícula ou o diâmetro aumenta, a taxa da decantação aumenta. Ou seja,
quanto maior a partícula, mais rápida a decantação. Uma segunda variável, a temperatura, também afeta o
tempo de decantação, presumindo-se que a densidade da partícula não se altera. A água fria é mais densa e
mais viscosa que a água quente, o que resulta em maior taxa de decantação (Figura 4).

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COAGULANTES E AUXILIARES DE COAGULAÇÃO

Muitos sais inorgânicos comuns, assim como os polímeros orgânicos solúveis em água, são usados para
neutralizar as cargas das partículas, o que leva à formação de "pin floc" (flocos tipo cabeça de alfinete) flocos
apenas visíveis (Figura 5). Fatores como o pH, a turbidez, a temperatura e a mistura afetam a atuação desses
coagulantes.

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Salvo o aluminato de sódio, todos os coagulantes comuns de ferro e alumínio são sais ácidos que diminuem o
pH da água tratada. Dependendo da alcalinidade inicial da água natural e do pH, devem ser adicionados cal
ou cáustico para contrabalançar a depressão de pH causada por tais coagulantes inorgânicos. O pH pode
afetar tanto a carga da superfície da partícula como a precipitação durante o coagulação. Existe uma faixa
ideal de pH para cada coagulante inorgânico, que pode ser diferente da faixa de solubilidade do sal (Figura 6),
O pH pode também afetar os polímeros orgânicos, mas não tanto, quanto, afeta os coagulantes inorgânicos.

Em geral, um aumento no conteúdo de turbidez ou de sólidos suspensos exige um aumento na taxa da


alimentação do coagulante. Contudo, águas de alta turbidez às vezes requerem dose de coagulante
relativamente baixa, porque há mais chances de partículas neutralizadas entrarem em colisão e se
agruparem. Em águas de baixa turbidez, onde há uma baixa probabilidade de colisão, freqüentemente se usa
alúmen ou barro para adicionar mais sólidos, o que aumenta a chance de colisão.

O clima frio e as temperaturas da água prolongam o tempo de reação necessário para a coagulação. A
velocidade de uma reação química é reduzida aproximadamente pela metade a cada 10 OC de queda de
temperatura. Um aumento na dosagem do coagulante, juntamente com um tempo maior de mistura,
minimizam o tempo necessário para a coagulação suficiente.

Uma mistura rápida e completa do coagulante com a água não-tratada aumenta o número de colisões das
partículas, o que, por sua vez, aumenta a velocidade do processo de neutralização de carga das partículas. O
resultado é partículas maiores em menor tempo. Geralmente, a baixa turbidez requer mais mistura ou mais
tempo para as partículas entrarem em contato umas com as outras.

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FLOCULAÇÃO

A floculação é o processo de juntar as partículas neutralizadas ou coaguladas para formar uma aglomeração
muito maior ou floco. Pode ser visualizada como um mecanismo de montagem do tipo de uma ponte ou
semelhante a uma teia de aranha (Figura 7).

A floculação ocorre com o uso de moléculas de alto peso molecular que formam flocos mais pesados do que
na fase de coagulação. O tamanho do floco é normalmente determinado pela sua capacidade de suportar o
cisalhamento causado pela mistura ou turbulência.

Enquanto a mistura rápida é importante para a coagulação, a floculação precisa de uma mistura mais lenta
para converter pequenos "pin floc" (flocos tipo cabeça alfinete) em flocos maiores e visíveis que vão se
decantar prontamente. Se a mistura for demasiada ou muito violenta, o floco será desfeito ou se romperá,
tornando-se muito difícil de modificar e se decantar.

Exatamente como acontece com os coagulantes, os floculantes também são afetados pela temperatura, pH e
turbidez; todavia, a taxa da alimentação é fundamental. Uma dose excessiva pode formar um floco grande de
decantação rápida que não arrastará as partículas finas e deixará os sólidos em suspensão.

DECANTAÇÃO

A decantação se refere à remoção química de partículas que foram coaguladas e floculadas. A decantação
sem coagulação anterior é chamada de assentamento e resulta na remoção de sólidos suspensos
relativamente grosseiros.

Fatores como a temperatura da água, correntes hidráulicas e térmicas, alterações na vazão e na


concentração de sólidos podem afetar a decantação e partículas floculadas. Esses fatores são levados em
consideração quando o equipamento principal é projetado.

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EQUIPAMENTO DE CLARIFICAÇÃO

O processo de coagulação-decantação necessita de três processos unitários distintos:

1. mistura rápida para coagulação,


2. mistura moderada para floculação, e
3. separação de água e flocos

Originalmente, as unidades convencionais de clarificação consistiam em grandes bacias retangulares de


concreto divididas em duas ou três seções (Figura 8). Cada estágio do processo de clarificação ocorria numa
seção separada da bacia. O fluxo da água era horizontal nesses sistemas.

As unidades de fluxo horizontal ainda são usadas em plantas industriais muito grandes e também para
clarificar a água municipal, uma vez que são projetadas para bacias de grande capacidade. O tempo de
retenção é normalmente longo, geralmente quatro a seis horas e, principalmente, voltado à decantação.

Figura 8 - Bacia de Decantação Horizontal

A mistura rápida é tipicamente projetada para três a cinco minutos e a mistura lenta para 15 a 30 minutos.
Esse desenho oferece grande flexibilidade em estabelecer pontos apropriados para adição de produtos
químicos. Também, esses sistemas são relativamente insensíveis a mudanças repentinas de passagem da
água.

Da mesma forma, a retenção demorada permite tempo de reação suficiente para fazer os ajustes necessários
na alimentação química e de polímeros se as condições da água não-tratada se alterarem bruscamente. No
entanto, exceto no caso de demandas muito grandes de água tratada, as unidades horizontais não são
eficazes em termos de custos devido à necessidade de terreno grande e elevados custos de construção.

Clarificadores de fluxo ascendente compactos e relativamente econômicos acomodam a coagulação,


floculação e decantação num único tanque, geralmente circular, de aço ou concreto. Esses clarificadores são
denominados de ascendentes porque a água corre para cima enquanto os sólidos suspensos se sedimentam.
Uma característica fundamental para manter um efluente de alta limpidez é o aumento de contato de sólidos
através da recirculação interna do lodo.

Em vista de o tempo de retenção de uma unidade ascendente ser de aproximadamente uma a duas horas, as
bacias ascendentes podem ser muito menores em tamanho ou em capacidade de retenção do que as bacias
horizontais de capacidade de passagem igual. Uma taxa de elevação de 0,75 a 1,25 galões por minuto (gpm)
por pé quadrado de área de superfície é normal na clarificação. As unidades combinadas de

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abrandamento/clarificação freqüentemente podem operar até 1.5 gpm por pé quadrado de área de superfície
devido ao tamanho da partícula e às densidades da dureza precipitada.

A maioria modelos ascendentes são chamados clarificadores de lençol de lodo ou de contato com sólidos
(Figura 9). Após a coagulação e/ou floculação nas unidades de lençol de lodo, a água que chega passa através
da camada suspensa do floco formado anteriormente.

Uma vez que o centro dessas unidades freqüentemente tem a forma semelhante a um cone invertido, a taxa
de elevação da água diminui conforme ela sobe através da seção de cruzamento que aumenta
gradativamente. Quando a taxa de elevação diminui o suficiente para se igualar à taxa de decantação do floco
suspenso, formar-se-á uma interface lodo/líquido diferente.

A eficiência do lençol de lodo depende da ação da filtragem à medida que a água recém- coagulada ou
floculada passa pelo floco suspenso. Níveis mais elevados de lodo aumentam a eficiência da filtragem. Na
prática, a interface com a parte de cima do lodo é feita com segurança máxima para evitar transtornos que
possam resultar no arraste de grandes quantidades de flocos no transbordamento. Da mesma maneira, deve-
se evitar a remoção excessiva de lodo ou descarga. O lençol de lodo é, em geral, altamente sensível a
alterações de passagem da água, adição de coagulante e alteração na química da água não-tratada e na
temperatura.

Figura 9 - Clarificador Ascendente de Lençol de Lodo

Os clarificadores de contato de sólidos referem-se a unidades nos quais grandes volumes de todo circulam
internamente. O termo contato de sólidos também descreve a unidade do lençol de lodo e simplesmente
significa que, antes e durante a decantação, a água tratada quimicamente entra em contato com sólidos
previamente coagulados.

As unidades de contato de sólidos freqüentemente combinam clarificação e abrandamento do precipitado


(Figura 10). Colocar a água que chega em contato com o lodo recirculado melhora a eficiência das reações de
abrandamento e aumenta o tamanho e a densidade das partículas de flocos.

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Figura 10 - Clarificador de Contato de Sólidos

FILTRAGEM - INTRODUÇÃO

A coagulação, floculação e decantação (clarificação convencional) da água não- tratada produz água de
qualidade apropriada para a maioria dos usos industriais. Todavia, é preciso uma remoção adicional dos
sólidos suspensos no caso da água destinada à reposição nas caldeiras, processo de resfriamento, ou para
beber. A filtragem não somente remove materiais sólidos suspensos mas também oferece uma forma de
proteção ou seguro contra a entrada sólidos indesejáveis na água tratada, caso aconteça um distúrbio no
equipamento da clarificação. (Figura 11).

MECANISMOS

A filtragem, normalmente considerada um processo mecânico complexo, na realidade envolve dois


mecanismos simples para remover sólidos suspensos da água, enquanto ela passa através do meio filtrante. O
mecanismo mais importante é a absorção ou a adesão de partículas ao meio filtrante ou aos materiais já
coletados neste meio. (Figura 12) O segundo mecanismo é a retenção ou remoção de sólidos suspensos
menores devido a espaços menores disponíveis entre as partículas absorvidas coletadas no primeiro
mecanismo (Figura 13).

No início da filtragem, os flocos leves e pequenos que foram arrastados do equipamento de clarificação
começam a penetrar no leito de filtragem através de espaços ou vazios entre as partículas do meio filtrante.
Conforme os flocos vão enchendo os espaços, o leito filtrante começa a resistir ao fluxo, o que é observado

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como uma perda de "head" ou queda de pressão através do filtro. Os flocos vão se acumulando na superfície
do meio filtrante formando um emaranhado, que funciona como um filtro fino mesmo para os menores sólidos
suspensos. Com a filtragem contínua, a vazão aumenta através dos espaços onde os sólidos ainda não foram
coletados. Conforme a água vai penetrando mais profundamente e vai se espalhando, a velocidade diminui e o
floco se deposita novamente nos pontos de baixa vazão. Quando a perda de "head" ou a queda da pressão se
tornam muito elevadas, o filtro deve ser retirado da linha e retrolavado.

FATORES QUE AFETAM A FILTRAGEM

É importante certificar-se de que o processo de coagulação/floculação/decantação que precede os filtros está


funcionando bem para diminuir a carga ou a quantidade dos sólidos que estão sendo transportados para o
filtro.

O tamanho do floco e a capacidade de resistir às forças de cisalhamento no leito de Filtragem também são
importantes. Se a coagulação não for completa, as partículas finas de turbidez podem passar através do filtro.
Um floco estável grande não penetrará nos espaços do meio filtrante e acaba por obstruir o filtro, resultando
num funcionamento curto do filtrante.

A vazão (gpm/ft2) aplicada a um filtro afeta a qualidade da água filtrada tanto durante o serviço como na
retrolavagem. Uma vazão de serviço muito elevada pode resultar em filtros entupidos prematuramente e má
qualidade da água. Uma vazão de retrolavagem muito baixa faz com que os sólidos não sejam removidos do
meio filtrante, e quando o filtro é recolocado em serviço apresenta mau funcionamento ou duração mais curta.

O tamanho e a forma do meio filtrante regulam a eficiência com que os sólidos são removidos.

A seleção do meio é geralmente baseada nas necessidades da qualidade efluente, modelo do filtro e a carga
dos afluentes sólidos.

OS MEIOS DO FILTRO

A areia de quartzo, areia de sílica, carvão de antracito, granada, magnetita e outros materiais podem ser
usados para filtragem (Figura 14). A areia de sílica e o antracito são os tipos mais comumente usados. Quando
a areia de sílica não for recomendável, então usa-se o antracito.

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MEIO Tamanho Efetivo Gravidade
(mm) Específica
Antracito 0,7 – 1,7 1,4
Areia 0,3 – 0,7 2,6
Granada 0,4 – 0,6 3,8
Magnetita 0,3 – 0,5 4,9

Figura 14 - Meios de Filtragem

Um exemplo seria um filtro seguindo um abrandador de processo quente onde a água tratada é destinada
para a alimentação de caldeira.

O tamanho e a forma das partículas determinam a eficiência com que o meio filtrante remove os sólidos. As
partículas pontudas e angulosas formam grandes espaços e removem menos material fino que as partículas
arredondadas de diâmetro equivalente. Os meios precisam ser suficientemente grosseiros para permitir que o
lodo penetre no leito de duas a quatro polegadas. Embora a maioria dos sólidos suspensos fiquem presos na
superfície ou nas primeiras uma e duas polegadas de profundidade do leito, é absolutamente essencial que
haja alguma penetração para evitar a rápida perda de "head" ou queda de pressão.

TIPOS DE FILTRO

Os filtros são classificados como filtro de gravidade ou filtro de pressão e são ainda subdivididos de acordo
com o meio filtrante utilizado.

O fluxo nos filtros convencionais rápidos, tanto nos de gravidade como nos de pressão, corre para baixo. Os
meios filtrantes são geralmente a areia ou o antracito formando um leito que consiste de um ou dois graus de
areia ou antracito, com uma profundidade total de 15 a 30 polegadas.

Uma base de cascalho sustenta o meio filtrante, evita que a areia fina ou o antracito passe para o sistema de
drenagem inferior e distribui a água de retrolavagem. Esse leito de sustentação consiste de 1/8 a 1 1/2
polegadas de cascalho em camadas graduadas até uma profundidade de 12 a 16 polegadas.

Os filtros de gravidade se valem da pressão hidrostática exercida pela coluna de água que fica acima do meio
filtrante para forçar a água através do leito do filtro. Essa pressão é relativamente baixa e faz com que os
filtros de gravidade sejam usados apenas para materiais de filtragem relativamente fácil, que não exigem
taxas elevadas de filtragem. As vantagens dos filtros de gravidade incluem a simplicidade na elaboração e
operação, baixo custo inicial e eficácia na filtragem devido à baixa resistência do emaranhado de sólidos
formado inicialmente, que coleta as partículas finas. As desvantagens incluem baixa taxa de filtragem, espaço
ou área necessários e problemas de manutenção periódica.

As partes essenciais de um filtro de gravidade, além do meio de filtragem, são:

1. Carcaça quadrada, retangular ou circular do filtro, construída de aço, concreto ou madeira. As mais
amplamente usadas são as unidades retangulares reforçadas de concreto.
2. Uma base de cascalho que sustenta o meio de filtragem e evita a perda de areia fina ou antracito através
do sistema de drenagem inferior. O leito de sustentação, geralmente de um ou dois pés de profundidade,
normalmente distribui também a água de retrolavagem.
3. O sistema de drenagem inferior sustenta a camada de cascalho e também assegura que a, água filtrada
se colete uniformemente e que a água de retrolavagem seja distribuída uniformemente. O sistema pode

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consistir de um “header” e laterais com perfurações ou raios adequadamente espaçados. São também
usados sistemas de drenagem inferior com fundo falso.
4. As cubas de lavagem da água são suficientemente largas para recolher a água da retrolavagem sem
transbordar. As cubas são espaçadas de tal forma que a vazão da água de retrolavagem não ultrapasse
3 a 3,5 pés. Nas unidades convencionais com leito de areia, as cubas de lavagem são colocadas
aproximadamente a dois pés acima da superfície do meio filtrante. Deve ser proporcionado um espaço
livre suficiente para evitar a perda de uma parte do meio de filtragem durante as vazões máximas de
retrolavagem.
5. Dispositivos de controle garantem eficiência máxima das operações de filtros. Controladores de vazão,
que operam dos tubos Venturi nas linhas de efluente, mantêm a distribuição uniforme da água filtrada
automaticamente. São também usados controladores da vazão de retrolavagem. São essenciais
medidores de vazão e de perda de "head" para que a operação seja eficaz. Os controles operacionais e os
medidores para as operações, automáticas ou manuais, estão geralmente agrupados numa mesa de
operação, para maior facilidade.

Ao contrário dos filtros de gravidade, o uso de filtros de pressão elimina a necessidade de rebombear a água.
Os filtros de pressão são usados com abrandadores de processo quente para permitir operações de alta
temperatura e para evitar perdas de calor. Os filtros de pressão, da mesma forma que os filtros de gravidade,
têm um leito de sustentação para o meio de filtragem, um sistema de drenagem inferior e dispositivos de
controle (Figura 15). A carcaça do filtro difere da carcaça do filtro de gravidade porque não possui cubas para
lavar a água.

Os filtros de pressão, que podem ser verticais ou horizontais, têm a carcaça de aço cilíndrica e heads em disco.
Os filtros de pressão verticais vão de 1 a l0 pés de diâmetro com capacidade de até 300 gpm por filtro à vazão
de 3 gpm/pé2. Os filtros de pressão horizontais, normalmente de 8 pés de diâmetro, podem ter 10 a 25 pés de
comprimento, com capacidade para 200 a 600 gpm. O filtro é compartimentado para permitir a retrolavagem
de uma seção de cada vez. A água da retrolavagem pode ser recuperada retornando-se a mesma para o
clarificador.

Os filtros de pressão geralmente são operados a uma vazão de serviço de 3 gpm/pé2. Em temperatura
ambiente, a vazão da retrolavagem do filtro é de 6 a 8 gpm/pé2 para antracito e 13 a 15 gpm/pé2 para areia.
Os filtros de antracito associados aos abrandadores de processo quente exigem uma vazão de 12 a 15
gpm/pé2 porque a água é menos densa à elevada temperatura de operação. Não deve ser usada água fria
para fazer a retrolavagem de um filtro de processo quente porque a metalurgia do sistema irá "funcionar" (isto
é, se expandir e se contrair) causando vazamentos nas bordas. Também, a água fria carregada de oxigênio
provocará corrosão acelerada.

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Multicamadas e meio misto são termos adicionais usados para descrever tipos de filtros (Figura 16).

Os meios mais grosseiros, menos densos, ficam no topo do leito de filtragem e os materiais mais finos, mais
densos ficam no fundo. A filtragem em fluxo descendente através desse filtro permite uma penetração muito
mais profunda e mais uniforme por matérias de partículas e permite taxas mais elevadas de filtragem e
funcionamento mais prolongado. Devido às densidades variadas dos diferentes meios, as camadas conservam
a sua configuração, mesmo após a retrolavagem com alta vazão (A Figura 14 apresenta uma lista de quatro
meios que têm sido usados com sucesso em filtragens por múltiplas camadas).

A substituição da parte superior de um filtro de areia rápida por antracito é denominado "capping"/remate. De
duas a seis polegadas de areia de 0,4 a 0,6 mm são removidas da superfície de uma base e substituídas por
aproximadamente quatro a oito polegadas de 0.9 mm de antracito. Se a razão para o "capping"/remate é
aumentar a capacidade, então maior quantidade de areia deve ser substituída. Devem ser feitos testes pilotos
para garantir que a redução da profundidade da camada mais fina de areia não diminuirá a qualidade do
efluente.

RETROLAVAGEM

Os filtros devem ser lavados periodicamente para remover os sólidos acumulados (Figura 17). Limpeza
inadequada causa a formação de grumos permanentes em áreas cada vez maiores, o que diminui
gradualmente a capacidade do filtro. Se o "fouling" for grave, o meio deve ser limpado quimicamente ou
substituído completamente.

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Lavam-se os filtros de fluxo descendente rápido, forçando a água limpa de volta para cima através do meio.
Em unidades convencionais de gravidade, a água da retrolavagem levanta os sólidos do leito para os canais
de lavagem e os transporta para o efluente. Podem ser usadas duas técnicas de retrolavagem, dependendo do
tipo da estrutura do suporte do meio e do equipamento acessório disponível.

1. A retrolavagem de alta vazão expande o meio em pelo menos 10 %. A vazão de retrolavagem de 15 a 30


gpm/pé2 ou acima disto são comuns para areia, e as vazões para antracito podem ir de 8 a 12 gpm/pé2.

2. A retrolavagem de baixa vazão combinada com limpeza pelo ar aparentemente não em expansão do
leito (Figura 18).

Onde é usada apenas água, a retrolavagem pode ser precedida de lavagem de superfície. Na lavagem de
superfície, jatos fortes de água de alta pressão de mangueiras fixas ou giratórias rompem a crosta superficial.
A retrolavagem geralmente leva de 5 a 10 minutos. Então, uma pequena quantidade de água para enxaguar é
filtrada para o efluente e o meio filtrante volta a trabalhar.

A distribuição irregular da retrolavagem pode causar a formação de bolas de lama dentro do filtro. A lavagem
eficaz da superfície ajuda a evitar isso.

A limpeza por ar com retrolavagem pode romper a crosta superficial, mas o sistema de drenagem inferior deve
ser projetado para distribuir o ar uniformemente. Os sólidos removidos do meio se juntam na camada da água
entre o meio filtrante e os canais de lavagem. Depois que o ar pára, essa água suja geralmente é
descarregada, ou pelo aumento da vazão da água de retrolavagem ou drenando-a da superfície. O consumo
da água de lavagem é mais ou menos o mesmo, quer usando somente água, ou usando o ar/água na
retrolavagem.

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