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SISTEMA DE ABSORÇÃO DE VAPOR

CONCEITOS BÁSICOS

PROFESSOR ANTONIO LUIZ DOS SANTOS

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SISTEMA DE ABSORÇÃO DE VAPOR

1) Introdução

O primeiro resfriador de líquido usando o sistema de absorção foi


desenvolvido por Edmond Carré em 1860 usando como fluido de trabalho
uma mistura de água com ácido sulfúrico. Seu irmão Ferdinand Carré
patenteou em 1873 um resfriador de líquido comercial usando como
substância de trabalho uma solução água-amônia. Na década de 1930 a
Carrier iniciou o projeto de um resfriador de absorção que foi lançada em
em 1945. A figura 1 abaixo ilustra o resfriador da Carrier.

Figura 1: Resfriador de absorção da Carrier

Entretanto o desenvolvimento dos resfriadores de absorção teve início a


partir do final dos anos 60 usando agora como substância de trabalho as
soluções água-brometo de lítio. A partir de 1970 a Trane iniciou a produção
de resfriadores de líquido em larga escala.
O sistema de absorção de vapor tem seu princípio de funcionamento
baseado no fato de determinadas substâncias apresentarem afinidade por
outras. Assim, por exemplo, o vapor d’água é absorvido por sais como o
cloreto de sódio ou cloreto de cálcio.
A afinidade entre dois materiais ocorre segundo dois mecanismos:
adsorção e absorção. A adsorção é um processo no qual uma substância
originalmente presente em uma fase é removida daquela fase acumulando-
se na superfície ou em passagens estreitas da estrutura de outra substância.
Os materiais adsorventes são em geral sólidos como, por exemplo, a sílica
gel que adsorve a umidade.
Da mesma forma, a absorção é um processo no qual uma substância
originalmente presente em uma fase é removida daquela fase dissolvendo-
se em outra que é tìpicamente um líquido.
Diferentemente do sistema de compressão de vapor que usa energia
mecânica como fonte motriz o sistema de absorção de vapor usa energia
calorífica como vapor d’água, água quente ou gases de escapamento de um

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motor sendo particularmente usado em resfriadores de água para sistemas
de ar condicionado.

2) Terminologia básica.

Solução é um líquido constituído por pelo menos dois componentes em


que um é solúvel no outro.
Concentração é a relação entre a massa de um componente e a massa
total de solução.
Refrigerante é a substância que absorve calor em um processo de
refrigeração.
Desorção (desorption) é o processo no qual um vapor é separado de uma
solução por ação do calor. O vapor é o refrigerante no caso do sistema de
absorção de vapor.
Gerador ou desorvedor é o componente do sistema de absorção onde
ocorre a separação do vapor refrigerante de uma solução, ou seja, o
componente onde ocorre a desorção. Fìsicamente ele consiste de um feixe
de tubos no interior do qual escoa um fluido quente que fornece o calor
necessário à geração do refrigerante, ou seja, o calor necessário à separação
do refrigerante de uma solução.
Absorção é o processo no qual um vapor é absorvido por uma solução. O
vapor no caso do sistema de absorção é o refrigerante. O processo de
absorção é exotérmico o que exige um fluido de arrefecimento em geral
água de uma torre de arrefecimento.
Absorvedor é o componente do sistema de absorção onde ocorre o
processo de absorção do refrigerante por uma solução. Fìsicamente consiste
de um feixe de tubos no interior do qual circula água de arrefecimento que
absorve o calor liberado no processo de absorção.
O sistema de absorção de vapor pode ser classificado como sendo de
fogo indireto ou de fogo direto. O sistema de absorção de fogo indireto é
aquele no qual o calor necessário à geração do refrigerante é vapor d’água
ou água quente. O sistema de absorção de fogo direto é aquele no qual o
calor necessário à geração do refrigerante são os gases de combustão
resultantes da queima de um combustível e que geram o vapor d’água
necessário ao funcionamento do sistema. Neste caso os componentes
necessários à geração do vapor e à queima do combustível fazem parte do
resfriador de água.

3) Substâncias usadas no sistema de absorção

Os fluidos mais usados no sistema de absorção de vapor são a solução


água-brometo de lítio e a solução água-amônia.

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Nas soluções água-brometo de lítio a substância absorvente
(higroscópica) é o brometo de lítio (Br-Li) que é um sal solúvel na água e
portanto nos sistemas que usam a solução água-brometo de lítio o
refrigerante é a água. A temperatura de evaporação neste caso tem que ser
superior a 0oC. Nas soluções água-brometo de lítio considera-se como
solução forte àquela que contém uma concentração de Br Li maior que a da
água e òbviamente como solução fraca àquela cuja concentração de Br Li é
menor que a da água.
Nas soluções água-amonia o refrigerante é a amônia podendo, pois esta
solução ser usada com temperaturas de evaporação inferiores a 0oC. Nestas
soluções considera-se como solução forte àquela que contém uma
concentração de amônia maior que a da água.
Será estudado apenas o sistema água-brometo de lítio usado nos
resfriadores de líquido utilizados em ar condicionado para a obtenção de
água gelada sendo usual neste caso adotar-se uma temperatura de
evaporação de 5oC (40oF→4.4oC).

4) Princípio de funcionamento do sistema de absorção de vapor.

Da mesma forma que as substâncias puras, as soluções usadas nos


sistemas de absorção de vapor têm uma pressão de vapor (p) bem definida
que é função da temperatura (t) e da concentração (x).
O anexo 1 é um diagrama p, t, x conhecido também como Diagrama de
Dühring que permite a determinação da pressão de vapor das soluções
água-brometo de lítio. A abcissa é a temperatura da solução em oC variando
entre 10oC e 180oC, a ordenada a direita a pressão de vapor da solução
variando entre 0 e 200 kPa e as linhas inclinadas são linhas de
concentração de BrLi constante com valores variando entre 100% e 30%.
A escala indicada por REFRIGERANT TEMPERATURE, fornece em oC a
temperatura da água saturada cuja pressão de vapor está em equilíbrio com
a pressão da solução. Assim verifica-se no diagrama que a pressão de vapor
de uma solução H2O-BrLi a 25oC com concentração de 50% vale 0.87 kPa.
Verifica-se de uma tabela de água saturada que a pressão de saturação da
água a 5oC vale 0.87 kPa, isto é, água saturada a 5oC está em equilíbrio de
pressão com uma solução de H2O-BrLi a 25oC com concentração de 50%.
O anexo 2 é o diagrama entalpia-concentração (h-x) para soluções H2O-
BrLi. A abcissa é a concentração em massa de brometo de lítio e a
ordenada a entalpia da solução em kJ/kg. As isotérmicas mostradas no
diagrama variam na faixa de 10oC a 180oC.
O anexo 3 é uma tabela que fornece a entalpia das soluções H2O-BrLi
como função da temperatura e da concentração. É o diagrama h-x sob
forma de tabela. O vapor d’água em equilíbrio com uma solução é

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considerado vapor d’água puro uma vez que a pressão parcial do Br-Li na
mistura é desprezível.
Consideremos na figura 2 abaixo dois reservatórios A e B ligados por
uma tubulação.

Vapor dágua Vapor


dágua

H2O + BrLi Água


líquida

Figura 2: Princípio de funcionamento do sistema de absorção

O reservatório A contém uma solução H2O-BrLi a 25oC com concentração


de 50% e portanto pressão de 0.87 kPa como mostrado anteriormente.
Admitamos que o reservatório B contenha uma mistura de duas fases de
água a 7oC portanto com pressão de saturação de 1 kPa. Neste caso, devido
à diferença de pressões, o vapor d’água é absorvido pela solução de
brometo de lítio do reservatório B até serem igualadas as pressões nos dois
reservatórios.
A evaporação da fase líquida devido à absorção do vapor d’água no
reservatório A produziria um efeito de refrigeração na água líquida do
reservatório B. Assim dispondo-se de uma corrente continua de Br-Li com
concentração de 50% no reservatório A e outra de água a 7oC no
reservatório B o efeito de refrigeração seria contínuo. Verifica-se, portanto
que a solução de brometo de lítio age como um compressor aspirando
vapor d’água com o conseqüente decréscimo de temperatura da fase líquida
obtendo-se assim um efeito continuado de refrigeração.

4) Componentes do sistema básico de absorção de vapor

O sistema de absorção de vapor pode ser de simples efeito e de duplo


efeito. No de simples efeito a produção do refrigerante no processo de
geração do vapor é feito em uma única etapa e no de duplo efeito o
processo é feito em duas etapas.

4.1) Sistema de absorção de vapor de simples efeito

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Um esquema simplificado do sistema de absorção de simples efeito está
ilustrado na figura 3 abaixo.

Figura 3: Sistema de absorção de vapor de simples efeito

O sistema de simples efeito é constituído pelos seguintes componentes:


evaporador, absorvedor, bomba, trocador de calor, gerador, condensador e
dispositivo de expansão.
No evaporador está posicionado um trocador de calor (serpentina) que
recebe uma corrente de água inicialmente a 12oC e que se resfria até 6oC. O
calor dissipado pela corrente de água ( Q& ev ) evapora a mistura água líquida-
vapor d’água que entra no evaporador vinda do dispositivo de expansão. O
vapor d’água gerado entra no absorvedor e é absorvido por uma solução
forte em brometo de lítio vinda do gerador. O processo de absorção libera
calor ( Q& abs ) que é absorvido por uma corrente de água de arrefecimento
proveniente de uma torre de resfriamento. A solução agora fraca em
brometo de lítio por ter absorvido o vapor d’água é bombeada para o
gerador passando antes pelo trocador de calor. A solução fraca em brometo
de líquido absorve calor ( Q& g ) de um fluido quente (água quente ou vapor
d’água) o que gera vapor d’água resultante da separação da água da solução
fraca em brometo de lítio que chegou ao gerador. O vapor d’água gerado
escoa para o condensador onde sofre o processo de condensação. O calor
gerado no processo de condensação ( Q& cd ) é absorvido pela água de
arrefecimento que vem do absorvedor. Uma solução agora forte em
brometo de lítio retorna por uma válvula redutora de pressão para o
absorvedor onde absorve o vapor d’água vindo do evaporador. O líquido
proveniente do condensador passa pelo dispositivo de expansão onde a

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pressão e a temperatura decrescem e retorna ao evaporador reiniciando
então o processo. O trocador de calor entre o absorvedor e o gerador tem
por objetivo melhorar o coeficiente de desempenho do sistema. Como o
gerador opera a temperatura mais alta que o absorvedor aquece-se com a
solução forte em BrLi que vem do gerador a solução fraca em BrLi que
alimenta o gerador diminuindo assim o calor a ser fornecido ao gerador.
Da mesma forma que o ciclo de compressão de vapor o ciclo de absorção
opera entre dois níveis de pressão bem definidos: pressão de evaporação e
pressão de condensação. Desprezando perdas de carga no sistema a pressão
na qual ocorre a evaporação é a mesma na qual ocorre a absorção, ou seja,
as pressões no evaporador e no absorvedor são iguais. Da mesma forma,
desprezando perdas de carga a pressão na qual ocorre a condensação é a
mesma na qual ocorre a geração do refrigerante e a condensação. São
fornecidos abaixo valores característicos de pressão e temperatura usados
em resfriadores de líquido para ar condicionado.

Temperatura de evaporação: 5oC Temperatura de condensação: 40oC


Pressão de evaporação: 0.875 kPa Pressão de condensação: 9.6 kPa
Pressão de absorção: 0.875 kPa Pressão de geração do vapor:9.6 kPa

Conclui-se dos valores das pressões de evaporação e condensação


indicados acima que o sistema de absorção de vapor opera totalmente em
vácuo.
Como conseqüência dos valores das pressões acima estabelecidos o título
do refrigerante na saída do dispositivo de expansão é pràticamente de 6%,
isto é, 94% do refrigerante encontra-se na fase líquida aproveitando-se no
processo de refrigeração quase todo o calor latente de vaporização da água.
Da mesma forma que o sistema de compressão de vapor, o sistema de
absorção de vapor apresenta um lado de alta pressão e um lado de baixa
pressão. No sistema de compressão o acréscimo de pressão do refrigerante
é realizado com um compressor mecânico e no sistema de absorção o
acréscimo de pressão é obtido pelo conjunto absorvedor-gerador chamado
de compressor térmico como ilustra a figura 4 abaixo.

Figura 4: Comparação entre os ciclos de compressão e absorção.

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A figura 5 abaixo mostra de forma mais elucidativa o ciclo de absorção
onde estão ilustrados de forma esquemática os diversos componentes do
sistema.

Figura 5: Componentes do sistema de absorção de vapor.

O vaso inferior contém a esquerda o evaporador com uma serpentina onde


escoa por dentro dos tubos uma corrente de água a ser resfriada digamos de
12oC até 6oC. A parte direita do vaso inferior é o absorvedor com uma
serpentina por onde escoa a água de arrefecimento que absorve o calor
dissipado no processo de absorção. O vaso superior direito é o gerador com
uma serpentina por onde circula um fluido quente (água aquecida ou vapor
dágua) que fornece o calor necessário à separação do vapor d’água da
solução água-brometo de lítio. O fundo do gerador está ligado ao
absorvedor e a solução rica em brometo de líquido sofre uma perda de
pressão nos pulverizadores de onde escoa para o absorvedor. O vaso
superior esquerdo é o condensador com uma serpentina por onde circula
água que absorve o calor resultante da condensação do vapor d’água vindo
do gerador. O fundo do condensador está ligado ao evaporador por um
sistema de distribuição com tubos pulverizadores onde o condensado sofre
um flasheamento ao entrar no evaporador. A corrente de água proveniente
de uma torre de arrefecimento circula inicialmente pela serpentina do
absorvedor e em seguida pela serpentina do condensador. O refrigerante
(água) vindo dos pulverizadores sob forma de neblina escoa sobre a
serpentina do evaporador e se vaporiza absorvendo calor da água que se
resfria de 12oC para 6oC. O vapor d’água gerado é absorvido por uma
solução forte em brometo de lítio vinda do fundo do gerador e a solução
líquida resultante, agora rica em água, se deposita no fundo do absorvedor.
O calor dissipado no processo de absorção é absorvido pela água de

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arrefecimento que circula na serpentina do absorvedor. A solução rica em
água depositada no fundo do absorvedor é recirculada pela bomba do
absorvedor para o gerador onde ocorre a separação do vapor d’água da
solução rica em água vinda do absorvedor. No fundo do gerador se deposita
uma solução forte em brometo de lítio que retorna ao absorvedor. O vapor
d’água resultante do processo de desorção escoa para o condensador onde
sofre o processo de condensação. O condensado depositado no fundo do
condensador retorna ao evaporador reiniciando o processo.

4.2) Sistema de duplo efeito

Os componentes do sistema de duplo efeito são semelhantes ao de


simples efeito. Um diagrama esquemático do sistema de duplo efeito é
ilustrado na figura 6 abaixo.

Figura 6: Diagrama esquemático do sistema de duplo efeito

No diagrama estão indicados o evaporador, absorvedor, uma bomba de


solução, um trocador de calor de baixa temperatura (low temperature heat
exchanger), um trocador de calor de alta temperatura (high temperature
heat exchanger), um vaso 1 contendo os geradores I e II, o condensador
localizado no vaso 2. O evaporador, o absorvedor e o dispositivo de
expansão (pulverizadores) estão localizados no vaso 3 O gerador primário
I localizado no vaso 1 é alimentado pelo fluido quente, no caso vapor
d’água, e evapora água da solução altamente concentrada em refrigerante

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vinda do absorvedor. O vapor d’água assim gerado se condensa sobre os
tubos do gerador secundário II depositando-se no fundo do vaso 1. O
condensado, após passar pela válvula redutora de pressão, alimenta o
condensador pela parte superior do vaso 2. A solução com concentração
elevada em BrLi vinda do gerador I passa pelo trocador de calor de alta
temperatura e escoa pelo interior dos tubos do gerador II sendo aquecida
pelo calor liberado na condensação do vapor d’água vindo do gerador I. A
solução aquecida, após escoar por uma válvula redutora de pressão,
alimenta o condensador. O vapor d’água gerado pela expansão na válvula
condensa sobre os tubos do condensador e uma solução forte em BrLi se
deposita no fundo do vaso 2 de onde, após escoar pela válvula redutora de
pressão e pelo trocador de calor de baixa temperatura, alimenta o
absorvedor. No trocador de calor de alta temperatura a solução concentrada
em água vinda do trocador de calor de baixa temperatura é aquecida pela
solução concentrada em BrLi vinda do gerador 1. No trocador de calor de
baixa temperatura a solução concentrada em BrLi vinda do fundo do vaso 2
é resfriada pela solução concentrada em água vinda do absorvedor. O
sistema de duplo efeito permite a geração de uma quantidade maior de
refrigerante usando uma mesma quantidade de calor o que melhora sua
eficiência.
Os resfriadores de líquido de absorção podem ser fabricados com um ou
dois cascos. No primeiro caso o casco contém os quatro componentes do
sistema e no segundo caso um dos cascos contém o evaporador e o
absorvedor e o outro o gerador e o condensador. Valores típicos de
parâmetros de desempenho de sistemas de absorção de simples efeito e de
duplo efeito são mostrados na tabela 1 abaixo.

Tabela 1

Parâmetro Simples efeito Duplo efeito


Coeficiente de performance 0.6 a 0.7 1.0 a 1.2
Pressão absoluta de entrada do vapor (kPa) 100 a 180 600 a 950
Vazão de água de arrefecimento 1.1m3/h.TR 0.83 m3 /h.TR
Consumo específico de vapor 7.8 kg/h.TR 4.5 kg/h.TR
Acréscimo de temperatura da água de 6.5 a 9oC 6.5 a 9oC
arrefecimento

A figura 6 na página seguinte ilustra um resfriador de líquido de absorção


de simples efeito, fogo direto.

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Figura 6: Resfriador de líquido de absorção, simples efeito, fogo indireto.

5) Análise termodinâmica do ciclo de absorção de simples efeito

O fluxograma de processo do ciclo de absorção de vapor, simples efeito


fogo direto está esquematizado na figura 7 abaixo.

Figura7: Fluxograma de processo do sistema de absorção, simples efeito.

Os índices usados nas equações abaixo são os indicados na figura 7.

Calor absorvido no evaporador (Q& ev )

& = Q& = m& ( h − h )


10 Q1 ev 1 10

Calor dissipado no absorvedor (Q& abs )

11
Q& abs + m& 1h1 + m& 7 h7 = m& 2 h2 Q& abs = m& 2 h2 − m& 1h1 − m& 7 h7

Balanço de massa no absorvedor

m& 1 + m& 7 = m& 2

Balanço de massa de BrLi no absorvedor

m& 2 x2 = m& 7 x7

Balanço de energia no trocador de calor suposto adiabático

m& 3 h3 + m& 5 h5 = m& 4 h4 + m& 6 h6

Porém m& 3 = m& 4 e m& 5 = m& 6 e, portanto:

m& 4 (h4 − h3 ) = m& 6 (h5 − h6 )

Calor absorvido no gerador (Q& g )

Q& g = m& 8 h8 + m& 5 h5 − m& 4 h4

Calor dissipado no condensador (Q& cd )

Q& cd = m& 8 (h9 − h8 )

Indicando por v2 o volume específico na entrada da bomba e por η b o


rendimento da bomba, a potência necessária ao bombeamento W&b é:

m& v ( p − p2 )
W&b = 2 2 3
ηb

Alternativamente a potência da bomba pode ser calculada pela expressão:

W&b = m& 2 (h3 − h2 )

Coeficiente de performance

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Q& ev
COP =
Q& g

Exemplo 1: Um sistema de absorção de vapor, simples efeito, deve


resfriar 60000 litros por hora de água de uma temperatura inicial de 12oC
até 7oC. São conhecidos:
Diferencial térmico mínimo entre o vapor refrigerante e a água no
evaporador: 2oC
Temperatura de saída da água da torre de arrefecimento: 29oC
Acréscimo da temperatura da água de arrefecimento no absorvedor: 5oC
Diferencial térmico mínimo entre a solução no absorvedor e a água de
arrefecimento: 6oC
Temperatura de condensação: 40oC
Sabendo que se dispõe de vapor saturado a uma pressão absoluta de 2
bar, que o diferencial térmico mínimo entre o vapor d’água e a solução no
gerador é 15oC, e que a temperatura da solução fraca na saída do trocador
de calor é de 50oC calcular a vazão de refrigerante, o calor absorvido no
absorvedor, a potência consumida pela bomba adotando um rendimento de
60%, o calor fornecido ao gerador, o calor dissipado no condensador, a
temperatura de saída da água de arrefecimento do condensador, a vazão
mínima de vapor d’água fornecida ao sistema e o coeficiente de
performance.

Solução
Temperatura de evaporação
2 = 7 – t1 t1 = 5oC

Pressão de evaporação
p1 = 0.8721 kPa

Pressão de operação do absorvedor


p2 = p1 = 0.8721 kPa

Temperatura de saída da água de arrefecimento do absorvedor


ts = 29 + 5 = 34oC ts = 34oC

Temperatura da solução fraca na saída do absorvedor


6 = t2 – 34 t2 = 40oC

Traçando no diagrama pressão-temperatura-concentração uma horizontal


pela temperatura de 5oC na escala Temperatura do Refrigerante até a
intercessão da vertical traçada da temperatura de 40oC da escala de

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Temperatura da Solução obtém-se uma concentração aproximada de 60%
para a solução na saída do absorvedor, isto é:
p2 = 0.8721 kPa t2 = 40oC x2 = 60%

Temperatura e pressão de condensação


tcd = 40oC pcd = 7.3837.kPa

Pressão de operação do gerador


p5 = p8 = 7.3837 kPa

Temperatura de condensação do vapor motriz


Tv= 120oC

Temperatura da solução forte no gerador


t5 = 120 – 15 t5 = 105oC

Traçando no diagrama pressão-temperatura-concentração uma horizontal


pela pressão de 7.38 kPa da escala Pressão da Solução até a intercessão
com a vertical de 105oC da escala Temperatura da Solução obtém-se uma
concentração aproximada de 68% para a solução na saída do gerador ou
seja:
p5 = p8= 7.38 kPa t5= 105oC x5 = 68%

Condições na saída do evaporador


t1 = 5oC
Vapor saturado
Entalpia na saída do evaporador: h1 = 2510 kJ/kg

Condições na saída do absorvedor


p2 = 0.8721 kPa t2 = 40oC x2 = 60%

Entalpia na saída do absorvedor: h2 = 115.4 kJ/kg

Densidade em relação à água na saída do absorvedor


d2 = 1.7

Massa específica na saída do absorvedor


kg
ρ 2 =1.7 × 1000 = 1700
m3

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Volume específico na saída do absorvedor
1 m3
v2 = = 0.000588
1700 kg

Entalpia na saída da bomba


kJ
h3 ≈ h2 =115.4
kg

Condições na saída do trocador de calor


t 4 = 50 o C x4 = 60 %

Entalpia na saída do trocador de calor


kJ
h4 =134.5
kg

Condições na saída do gerador


t5 =105o C x5 = 68%

Entalpia na saída do gerador


kJ
h5 = 270
kg

Condições do vapor d’água na saída do gerador


p8 = 7.3837 kPa t8 =105o C

O vapor d’água nestas condições está superaquecido. Para a determinação


da entalpia ele será considerado saturado a 105oC.
kJ
h8 = 2683.8
kg

Condições da água na saída do condensador


t9 = 40 o C líquido saturado
Entalpia na saída do condensador
kJ
h9 = 167.54
kg

Entalpia na saída do dispositivo de expansão


kJ
h9 = h10 =167.54
kg

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Vazão em massa de água a ser resfriada
1 kg
m& ag = 60000 ×1× m& ag =16.66
3600 s

Carga térmica do resfriador


10 Q1 = Qev =16.66 × 4.18 × (12 − 7 ) Q& ev = 348.19 kW
& &

Vazão de refrigerante
kg
348.19 = m& 1 ( 2510.5 − 167.54 ) m& 1 = 0.148
s

Balanço de massa de solução no absorvedor


0.148 + m& 7 = m& 2 (A)

Balanço de massa de BrLi no absorvedor


m& 2 × 0.6 = m& 7 × 0.68 (B)

Resolvendo simultaneamente as equações A e B obtém-se:


kg kg
m& 2 =1.26 m& 7 =1.11
s s

Entalpia da solução na saída do trocador (ponto 6)


kJ
1.26 × 115.4 + 1.11 × 270 = 1.26 × 134.5 + 1.11 × h6 h6 = 248.31
kg

Calor dissipado no absorvedor


Q& abs =1.26 × 115.4 − 0.148 × 2510.5 − 1.11 × 248.31 Q& abs = − 501.77 kW

Potência consumida pela bomba


1.26 × 0.000588 × ( 7.3837 − 0.8721) × 1000
W&b = W&b = 8.04 W
0.6

Calor fornecido no gerador


Q& g =1.11 × 270 + 0.148 × 2683.8 − 1.26 × 134.5 Q& g = 527.43 kW

Calor dissipado no condensador


Q& cd = 0.148 × (167.54 − 2683.8 ) Q& cd = −372.4 kW

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Vazão de água de arrefecimento no absorvedor
kg
501.77 = m& abs × 4.18 × 5 m& abs = 24
s

Temperatura de saída da água do condensador


372.4 = 24 × 4.18 × ( t s − 34 ) t s = 37.7 o C

Entalpia de vaporização do vapor motriz


kJ
hlv = 2202
kg

Vazão de vapor
kg
527.43 = m& v × 2202 m& v = 0.239
s

Coeficiente de desempenho
348.19
COP = COP = 0.66
527.43

6) Vazão de água de arrefecimento do sistema

A água de arrefecimento fornecida pela torre de arrefecimento absorve


calor no absorvedor e no condensador. Desprezando a energia mecânica
fornecida à bomba, o balanço de energia para sistema é expressa pela
equação:
Q& abs + Q& cd = Q& g + Q& ev (1)
Indicando por Q& o calor total dissipado a equação (1) pode ser escrita:
T

Q& T = Q& g + Q& ev (2)

Evidenciando Q& ev em (2):


Q& g
QT = Qev (1 +
& & ) (3)
Qev

A segunda parcela dentro do parêntese em (3) é o inverso do coeficiente de


performance e portanto o calor total dissipado pode ser calculado pela
expressão:

1
Q& T = Q& ev (1 + ) (4)
COP

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Conforme a tabela 1 o valor médio do COP para o sistema de simples
efeito vale 0.65. Adotando este valor para o COP de um sistema de simples
efeito o calor total dissipado, de acordo com (4) pode ser estimado pela
relação:

Q& T = 2.54 × Q& ev (5)

Da mesma forma adotando um valor médio de 1.1 para o COP de um


sistema de duplo efeito o calor total dissipado neste caso é:

Q& T = 1.90 × Q& ev (6)

Um fabricante fornece a folha de dados de um resfriador de líquido de


absorção de vapor do tipo estágio único fogo indireto, constante da tabela 2
abaixo, de acordo com a norma ARI 560 que estabelece os seguintes
valores de referência para o tipo do resfriador considerado:

Vazão de água no evaporador: 0.043 l/s.kW


Temperatura de saída da água do evaporador: 4.4oC (44oF)
Vazão de água absorvedor-condensador: 0.065 l/s.kW
Temperatura de entrada da água no absorvedor: 29.4oC (85oF).

São fornecidos ainda na norma os valores de referência para resfriadores


de fogo indireto duplo estágio e resfriadores de fogo direto duplo estágio.

Tabela 2

18
7) Cristalização

È uma condição anormal de operação dos sistemas de absorção com


brometo de lítio que consiste na formação de cristais do sal da solução
como conseqüência de temperaturas baixas de solução e concentração
elevada de brometo de lítio. A cristalização da solução é diferente da
solidificação de uma substância como a água que ao atingir 0oC congela.
No caso das soluções de brometo de lítio e água, quando ocorre a
cristalização somente uma parte do sal dá origem à formação de cristais. A
solução restante torna-se menos diluída ou mais concentrada permanecendo
na fase líquida. A cristalização impede o funcionamento da bomba que não
pode circular a solução cristalizada.

8) Coeficiente de desempenho máximo do ciclo de absorção

Para a determinação da expressão para o cálculo do coeficiente de


desempenho máximo do ciclo de absorção será usado o diagrama
esquemático mostrado na figura 8 abaixo.

Figura 8: Fontes térmicas do ciclo de absorção

Pode-se considerar que o fluido de trabalho recebe no gerador uma


quantidade calor Q& g de uma fonte térmica a temperatura Tg , recebe no
evaporador uma quantidade calor Q& ev de uma fonte térmica a temperatura
T e dissipa calor Q& para uma fonte fria a temperatura T .
ev T o

Para ciclos reversíveis é válida a seguinte equação:


dQ
∫ = 0 (7)
T

19
Aplicando a equação (7) ao sistema esquematizado na figura 8 e
considerando o calor dissipado Q& T negativo obtém-se:

Q& g Q& ev Q& T


+ − = 0 (8)
Tg Tev To

Desprezando o trabalho de bombeamento e de acordo com a Lei da


Conservação da Energia aplicada ao ciclo obtém-se:

Q& ev + Q& g = Q& T (9)

Substituindo a relação (9) em (8) resulta:

Q& g Q& ev Q& g + Q& ev


+ = (10)
Tg Tev To

Como visto anteriormente o coeficiente de desempenho para um sistema


de absorção é :

Q& ev
COP = (11)
Q& g
Dividindo ambos os membros de (10) por Q& g e tendo em vista a definição
do COP:

1 COP 1 + COP
+ =
Tg Tev To

Portanto o COP, neste caso máximo, pode ser calculado pela expressão:

Tev Tg − To
COPmax = ( ) (12)
Tg To − Tev

Adotando-se no exemplo 1 To como a média entre 29.5oC e 37.7oC ou


seja 33.6oC, Tev igual a 5oC e Tg igual a 105oC tem-se por (12):

(273 + 5) 105 − 33.6


COPmax = ( ) COPmax = 1.836
(273 + 105) 33.6 − 5

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ANEXO 1

DIAGRAMA PRESSÃO –TEMPERATURA- CONCENTRAÇÃO

21
ANEXO 2

DIAGRAMA ENTALPIA-CONCENTRAÇÃO

22
ANEXO 3

TABELA ENTALPIA-CONCENTRAÇÃO

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24
25
26

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