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Conceitos básicos
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1) Definições básicas
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quantidade de ar que participa da combustão é superior à estequiométrica a
combustão ocorre com excesso de ar (mistura ar-combustível pobre ou
mistura pobre).
Produtos da combustão são as substâncias que resultam de um
processo de combustão. Para uma análise aproximada do processo de
combustão e para um combustível cujos elementos químicos sejam carbono
(C), hidrogênio (H) e enxofre (S) os produtos da combustão gerados
dependem das quantidades de ar e combustível que tomam parte na
combustão como indicado abaixo.
Combustão estequiométrica: dióxido de carbono (CO2), vapor d’água
(H2O), óxido de enxofre (SO2) e nitrogênio (N2)
Combustão com excesso de ar: CO2, H2O(g), SO2, oxigênio (O2) e N2
Combustão com excesso de ar: CO2, H2O(g), SO2, monóxido de carbono
(CO) e N2.
Os produtos resultantes de um processo de combustão real contém ainda
outras substâncias como hidrocarbonetos não queimados, óxidos de
nitrogênio conhecidos pela abreviação NOx , aldeídos, compostos orgânicos
voláteis, material particulado, etc.
Relação ar-combustível (rac) é a relação entre a massa de ar (ma) e a
massa de combustível (mc) que participam de uma reação de combustão, ou
seja:
rac= ma / mc
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o vapor d’água gerado no processo de combustão permanece no estado
gasoso. Poder calorífico superior é aquele no qual se considera que o vapor
d’água gerado na combustão se condensa totalmente liberando, portanto
uma quantidade adicional de energia calorífica associada à condensação do
vapor d’água dos produtos da combustão. Na prática, como as temperaturas
envolvidas na combustão são muito altas não ocorre a condensação do
vapor d’água e em conseqüência a energia térmica liberada na combustão
está relacionada com o poder calorífico inferior. Na prática, admite-se que
a temperatura mínima que os produtos da combustão podem ser resfriados
para o aproveitamento de sua energia térmica residual sem que ocorra
condensação do vapor d’água, varia entre 120oC e 130oC dependendo do
conteúdo de enxofre existente no combustível.
Rendimento térmico ou eficiência térmica (η t ) de um motor térmico é
definido como a razão entre a potência mecânica (W& m ) medida no eixo do
motor e a potência calorífica (Q& ) fornecida ao motor ambas expressas na
f
mesma unidade, ou seja:
W&
ηt = & m (1)
Qf
W& m
m& c = (3)
ηt × PC
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máximo de motores comerciais incluindo motores alternativos, sistemas de
turbina a gás e sistemas de turbinas a vapor é de 45%.
Qf
CEC = (4)
Wm
K
CEC = (5)
ηt
onde K é uma constante cujo valor depende das unidades adotada para Q f e
Wm . Assim para Q f em kJ e Wm em kW.h a constante K vale 3600. Logo
o CEC em kJ/kW. h pode ser calculado por:
kJ 3600
CEC ( )= (6)
kW .h ηt
mc
CEF = (7)
Wm
g comb
Assim a unidade usual de consumo específico de combustível é .
kW .h
g comb
Um valor médio típico de CEF para motor diesel é de 200 .
kW .h
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veículo, etc. Quando a carga é igual ao conjugado a rotação do motor
permanece constante.
Solução
Rendimento térmico
25570
ηt = η t = 0.28
91249
Vazão de ar
kg
448000 = 7639 + m& ar m& ar = 440361
h
Relação ar-combustível
440361
rac = rac = 57.6 / 1
7639
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2) Geração de energia elétrica
Fig. 7.1
Figura 1: Componentes do sistema de turbina a gás
Figura 1: Sistema de turbina a gás
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O sistema ilustrado na figura 1 apresenta um único eixo e desta forma o
compressor e a turbina operam a mesma rotação. Esta configuração é
indicada quando a carga não sofre variações significativas de rotação
quando, por exemplo, o sistema atende a um gerador elétrico. A figura 2
abaixo mostra esquemàticamente um sistema de turbina a gás com dois
eixos independentes onde são indicadas duas turbinas, uma turbina de alta
pressão (HP) que tem por finalidade acionar o compressor e uma turbina de
baixa pressão (LP) que tem por finalidade acionar a carga. Assim os gases
gerados no combustor escoam inicialmente pela turbina de alta pressão
onde sofrem um decréscimo de pressão e temperatura e alimentam em
seguida a turbina de baixa pressão que aciona a carga.
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axial que, por serem máquinas rotativas, atendem melhor ao deslocamento
das grandes vazões de ar envolvidas no sistema como conseqüência das
relações ar-combustível elevadas.
As turbinas podem ser classificadas em aeroderivadas e industriais. As
turbinas aeroderivadas usadas em aplicações estacionárias são originárias
da indústria aeronáutica. Elas são mais leves e mais caras do que as
projetadas e fabricadas para atender a aplicações estacionárias. O
compressor do sistema que usa turbinas aeroderivadas pode ter relações de
compressão de 30/1 o que exige, no caso do uso do gás natural, de um
compressor de alta pressão para introduzir o combustível na câmara de
combustão. Os sistemas de turbinas a gás modernos equipados com
turbinas aeroderivadas e com potência superior a 40 MW podem alcançar
rendimento térmico de 45% baseado no poder calorífico inferior.
As turbinas industriais são usadas para a geração de potência em
instalações de cogeração ou usinas termoelétricas. Comparativamente com
as turbinas aero derivadas são em geral mais baratas, mais robustas,
apresentam intervalos de inspeção e manutenção maiores sendo, no entanto
menos eficientes e mais pesadas. O acionamento da carga nos sistemas de
turbinas a gás pode ser realizada do lado da turbina (hot end drive) onde os
gases de escapamento alcançam temperaturas entre 400oC e 500oC ou do
lado do compressor (cold end drive) onde o equipamento acionado é mais
facilmente acessível e está exposto a temperaturas mais baixas.
A potência nominal de um sistema de turbina a gás é fornecida para uma
temperatura e pressão ambientes de 15oC e 1 bar. A operação do sistema
fora das condições nominais de pressão e temperatura influencia de forma
significativa na potência gerada e menos acentuadamente no rendimento
térmico. Assim um aumento na temperatura do ar aspirado diminui a massa
específica do ar e em conseqüência um decréscimo na vazão em massa de
ar aspirada pelo compressor e, portanto na vazão dos produtos da
combustão que se traduz numa diminuição da potência gerada. Por outro
lado o ar mais quente exige também maior potência de compressão.
Inversamente um decréscimo na temperatura de entrada do ar acarreta um
aumento na potência e no rendimento térmico. A figura 3 na página
seguinte mostra a variação percentual da potência (linha contínua) e no
valor do rendimento térmico (linha de traço) como função da temperatura
de entrada do ar expressa em graus Fahrenheit em relação à temperatura
padrão de 60oF (15oC).
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Figura 3: Influência da temperatura ambiente na potência e no
rendimento térmico.
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Figura 5: Sistema de turbina a gás
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Figura 6: Esquema de um motor alternativo
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O motor ICO é alimentado com ar ambiente que tem sua temperatura e
pressão aumentadas devido também a um processo de compressão ao fim
do qual o combustível finamente pulverizado é injetado no ar aquecido
onde sofre um processo de auto-ignição.
Os motores ICE e ICO podem operar segundo o mesmo ciclo mecânico
(2 tempos ou 4 tempos ) apresentando entretanto ciclos termodinâmicos
diferentes.
Parte da energia liberada no processo de combustão que não é
transformada em energia mecânica é absorvida sob forma de calor pelo ar
ambiente ou pela água de arrefecimento do motor. Assim, quanto ao fluido
de arrefecimento o motor pode ser com arrefecimento a ar ou a água.
Pode-se então distinguir os seguintes tipos de motores alternativos: motor
de quatro tempos ciclo Otto, motor de quatro tempos ciclo Diesel, motor de
dois tempos ciclo Otto e motor de dois tempos ciclo Diesel. Alguns termos
característicos relacionados com motores alternativos são definidos abaixo.
Ponto morto é uma posição limite ocupada pelo pistão na qual sua
velocidade linear é nula.
Curso do pistão é a distância entre o ponto morto alto e o ponto morto
baixo.
A figura 6 abaixo ilustra esquematicamente o conjunto cilindro-pistão de
um motor arrefecido a ar onde aparecem indicados o ponto morto superior
(PMS) e o ponto morto inferior (PMI).
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Assim indicando por D o diâmetro do cilindro, por L o curso do pistão e
por n o número de cilindros a cilindrada pode ser calculada pela expressão:
π × D2 × L × n
VD =
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v D + vC
r=
vC
π × D2 N
m& t = ρ o × × L× ×n
4 x
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O funcionamento de um motor de ignição por centelha de quatro tempos
está ilustrado na figura 8.
2º tempo: Compressão
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4º tempo: Escapamento
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O ar é admitido em (1) e comprimido pelo compressor centrifugo é
descarregado em (2) aquecido e sob pressão. Nesta condição o ar escoa em
um trocador de calor ar-ar denominado resfriador intermediário conhecido
como intercooler onde o ar é resfriado. O fluido de arrefecimento do
intercooler pode ser ar ou água. O ar é então admitido no cilindro a uma
pressão maior que a pressão atmosférica. Ocorre então o curso de
compressão ao fim do qual o combustível finamente pulverizado é injetado
na massa de ar quente ocorrendo então a combustão. Os gases
descarregados do motor (6) acionam uma turbina cujo eixo aciona o
compressor centrífugo que comprime o ar de admissão para o motor. Após
escoar pela turbina os gases são descarregados na atmosfera (7).
Diferentemente do sistema de turbina a gás existem quatro fontes
térmicas disponíveis nos motores de combustão interna: gases de
escapamento, água de arrefecimento do motor, água de arrefecimento do
resfriador do óleo lubrificante conhecido como radiador de óleo e água de
arrefecimento do resfriador intermediário no caso dos motores turbo
alimentados. O calor pode ser recuperado sob a forma de água quente e na
geração de vapor d’água. Os fabricantes de motores disponibilizam a
capacidade térmica das diversas fontes caloríficas do motor. Assim um
fabricante fornece as características abaixo de um motor estacionário para
geração de energia elétrica.
Motor de ignição por centelha com turbo-compressor, resfriador
intermediário arrefecido a água, 8 cilindros em linha, diâmetro e curso dos
cilindros respectivamente de 152 mm e 165 mm, cilindrada total de 24
litros, taxa de compressão de 11/1, potência no eixo 415 kW a 1800 RPM.
O combustível é gás natural com poder calorífico de 35.3 MJ/m3. Da folha
de dados fornecida pelo fabricante são fornecidas as seguintes informações:
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A potência fornecida pelo fabricante refere-se à potência contínua
definida como a maior potência elétrica fornecida por um número ilimitado
de horas por ano, excetuado as horas de manutenção. É permitido operar o
motor com uma sobrecarga de até 10% por duas horas em um período de
24 horas.
Da mesma forma que as turbinas a gás a potência fornecida pelo motor
decresce com o decréscimo da pressão atmosférica local, isto é, a potência
decresce com a altitude.
A figura 10 abaixo ilustra um motor fabricado pela Waukesha com
potência nominal de 3605 kW a 1000 RPM, ciclo Otto, que usa gás natural
como combustível.
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esquema mostrado a água de arrefecimento que se aquece ao absorver o
calor resultante da condensação do vapor é resfriada em uma torre de
arrefecimento do tipo hiperbólica. No caso mais geral a água de
arrefecimento provém de uma fonte fria naturalmente disponível (rio, lago
ou mar) retornando a ela após ser aquecida no condensador.
. A corrente de água líquida vinda do condensador é aspirada pela bomba
de condensado que garante a circulação de água no sistema e aumenta sua
pressão para sua introdução na caldeira. Na caldeira os gases de combustão
a alta temperatura resultante da queima de um combustível provocam a
vaporização da água que retorna à turbina como vapor superaquecido. Os
gases de combustão são descarregados na atmosfera por uma chaminé. O
modelo termodinâmico do sistema acima descrito é o ciclo de Rankine.
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Figura 12: Turbina a vapor com potência de 2611 kW
3) Fundamentos de cogeração
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aproveitamento do calor gerado na queima do combustível podendo-se
atingir eficiências de 85%. Assim o consumo de combustível na geração
combinada de energia mecânica e calor decresce quando comparada com a
geração não simultânea com o conseqüente decréscimo na emissão de
poluentes o que torna a cogeração uma alternativa ecológica importante na
geração de energia não apenas por agredir menos o meio ambiente como
também por contribuir na preservação das reservas dos combustíveis não
renováveis. Os sistemas de cogeração podem consumir 10% a 30% menos
combustível na geração de energia eletromecânica quando comparado com
a geração de energia elétrica e calor produzidos separadamente
Os sistemas de cogeração podem operar em dois regimes: regime topping
e regime botomming. No regime topping atende-se primeiro a geração de
energia eletromecânica e o rejeito térmico é usado para gerar energia
calorífica. A figura 13 abaixo ilustra um sistema de cogeração em regime
topping usando um ciclo de turbina a gás.
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Figura 14: Cogeração em regime topping com motor a gás
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4) Ciclo combinado
Ar ambiente é aspirado pelo compressor (5) de onde sai (6) com pressão
e temperaturas altas devido ao processo de compressão. Nesta condição o
ar entra na câmara de combustão onde ocorre a queima do combustível.
Desprezando a perda de carga os produtos da combustão saem da câmara
de combustão (7) pràticamente com a mesma pressão de entrada, porém
com temperatura elevada escoando então na turbina cujo eixo aciona um
gerador elétrico. Na saída da turbina (8) a pressão dos gases de
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escapamento é próxima da atmosfera, porém a temperatura é ainda
elevada (400oC a 500oC). Nesta condição o ar entra no trocador de calor
(caldeira de recuperação) de onde sai (9) e é descarregado na atmosfera.
No processo os gases de descarga do sistema de turbina a gás dissipam
calor que é absorvido pela água que sai da bomba de condensado (2) e se
vaporiza na caldeira de recuperação de onde sai (3) com temperatura e
pressão alta. Nesta condição o vapor d’água entra na turbina e sua energia
térmica é transformada em trabalho mecânico que aciona um gerador
elétrico. O vapor descarregado da turbina (4) condensa no condensador e
o condensado (1) alimenta a bomba de recirculação da água no sistema de
onde sai na condição (2) completando o ciclo de vapor.
Verifica-se, portanto que com uma mesma quantidade de combustível
queimado a energia é produzida em duas turbinas independentes
aumentando-se, portanto o trabalho produzido o que acarreta um
acréscimo no rendimento térmico comparativamente com a geração
independente de energia elétrica.
A figura 17 abaixo ilustra de forma mais elucidativa um sistema
combinado de geração de energia.
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