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MOLECULAR E
BIOTECNOLOGIA
Fernanda Stapenhorst
Técnicas básicas em
biologia molecular
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Para a realização de pesquisas e diagnósticos em biologia molecular,
algumas técnicas são utilizadas, as quais permitem a avaliação de parâ-
metros moleculares em uma amostra. Essas técnicas são empregadas em
testes de paternidade, na avaliação forense de amostras de DNA de uma
cena de crime, em diagnósticos de patologias, entre outras aplicações.
Neste capítulo, você vai estudar as principais técnicas de separação
de moléculas, como DNA, RNA e proteínas. Estudará também as técnicas
de detecção dessas moléculas e de amplificação de DNA, bem como
suas aplicações e importância.
Eletroforese
B
Tampão C
A
c) Massa
+
40.000
15.000
Importância e aplicação
Western blot
Southern blot
Northern blot
Esta técnica é similar ao Southern Blot, mas é utilizada para a separação e identifi-
cação de moléculas de mRNA. Essas moléculas são separadas de acordo com o seu
tamanho na eletroforese em gel de agarose. Em seguida, é realizada a transferência
para uma membrana de nitrocelulose ou de náilon. De forma semelhante ao que
ocorre no Southern Blot, a membrana é incubada com uma solução contendo uma
Técnicas básicas em biologia molecular 7
Importância e aplicação
As técnicas de detecção de moléculas são amplamente utilizadas na biologia
molecular e na bioquímica. A técnica de Western blot é utilizada para a de-
tecção qualitativa de proteínas específicas e modificações de proteínas. Além
disso, a partir dessa técnica, pode ser feita uma análise semi-quantitativa
da proteína de interesse, analisando-se o tamanho e a intensidade da banda
correspondente na membrana. Assim, é possível analisar se, em determinadas
condições, uma proteína está mais ou menos presente, além do uso para a
verificação da produção de proteína após clonagem. Ademais, essa técnica
é utilizada para diagnósticos médicos de doenças como o HIV, variante da
doença de Creutzfeldt-Jakob e doença de Lyme.
O Southern blot, por sua vez, pode ser utilizado para a identificação de
genes homólogos de diferentes espécies, com base na sequência já conhecida
de uma espécie. A membrana é exposta a uma sonda cuja sequência é com-
plementar à sequência do gene de interesse de outra espécie, de modo que
os fragmentos que hibridizarem com essa sonda possam ser posteriormente
analisados (CLARK; PAZDERNIK, 2012). Além disso, essa técnica também
pode ser utilizada para a impressão digital de DNA, muito presente nas ciências
forenses (NELSON; COX, 2005).
Por fim, o Northern blot é utilizado para a análise dos padrões de expres-
são gênica entre tecidos, órgãos e diferentes condições de uma célula. Essa
técnica já foi utilizada para a avaliação da expressão de oncogenes e de genes
supressores de tumor em células cancerígenas em comparação com células
sadias (STREIT et al., 2009). A técnica também pode ser utilizada para avaliar
mutações (DURAND; ZUKIN, 1993).
PCR convencional
A PCR é uma técnica muito utilizada em biologia molecular. Tem como obje-
tivo amplificar fragmentos de DNA para serem posteriormente utilizados em
outras análises. Para a realização dessa técnica, são necessários os seguintes
elementos:
Figura 2. PCR. A cada ciclo, os primers anelam-se na fita molde de DNA para que a DNA-
-polimerase realize o alongamento, sintetizando novas fitas. Cada molécula de DNA formada
em um ciclo é utilizada como molde para o próximo, havendo um aumento exponencial
no número de moléculas de DNA.
Fonte: Khan Academy (c2018).
tempo real muitas vezes é chamado de PCR quantitativo (qPCR). Além disso,
como essa técnica mede a amplificação do DNA em tempo real, é possível
acompanhar a amplificação a cada ciclo (CLARK; PAZDERNIK, 2012).
Primer
DNA-alvo
hv
Primer
Rodar
Sonda
PCR
hv
Alongamento hv
Flourescência
liberada
Sonda de DNA
degradada pela
Taq
Importância e aplicação
As técnicas de PCR são muito utilizadas na biologia molecular e nas ciências
forenses. Primeiramente, a PCR permite o isolamento de fragmentos de DNA pela
amplificação de regiões específicas. Assim, a PCR tradicional é muito utilizada
como um primeiro passo de diversas técnicas, visto que a partir de uma pequena
quantidade de DNA podem ser obtidas quantidades maiores. Algumas das técnicas
que utilizam a PCR tradicional para a amplificação do material são o sequencia-
mento, a genotipagem e a clonagem (THERMO FISHER SCIENTIFIC, [201-?]).
Além disso, a PCR tradicional pode ser utilizada nas ciências forenses, em testes
de paternidade e na impressão digital de DNA. A PCR em tempo real, por outro
lado, apresenta resultados quantitativos, sendo um método com maior precisão
e sensibilidade. Essa técnica é muito utilizada para a quantificação da expressão
gênica, detecção de patógenos, genotipagem de polimorfismos de nucleotídeo
único (SNPs), análise de variação no número de cópias, análises de microRNA e
quantificação viral (THERMO FISHER SCIENTIFIC, [201-?]).
https://goo.gl/L7cE9i
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
CLARK, D. P.; PAZDERNIK, N. J. Molecular biology. 2nd ed. Amsterdam: Elsevier, 2012.
DURAND, G. M.; ZUKIN, R. S. Developmental regulation of mRNAs encoding rat brain
kainate/ampa receptors: a northern analysis study. Journal of Neurochemistry, v. 61,
n. 6, p. 2239–2246, 1993.
12 Técnicas básicas em biologia molecular
KHAN ACADEMY. Polymerase chain reaction (PCR). c2018. Disponível em: <https://
www.khanacademy.org/science/biology/biotech-dna-technology/dna-sequencing-
-pcr-electrophoresis/a/polymerase-chain-reaction-pcr>. Acesso em: 15 abr. 2018.
MAHMOOD, T.; YANG, P. C. Western blot: technique, theory, and trouble shooting.
North American Journal of Medical Sciences, v. 4, n. 9, p. 429-434, 2012.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger principles of biochemistry. 4th ed. New York: W.
H. Freeman, 2005.
STREIT, S. et al. Northern blot analysis for detection and quantification of RNA in
pancreatic cancer cells and tissues. Nature Protocols, v. 4, n. 1, p. 37-43, 2009.
THERMO FISHER SCIENTIFIC. Real-time vs. digital PCR vs. traditional PCR. [201-?]. Disponí-
vel em: <https://www.thermofisher.com/br/en/home/life-science/pcr/real-time-pcr/
real-time-pcr-learning-center/real-time-pcr-basics/real-time-vs-digital-vs-traditional-
-pcr.html>. Acesso em: 15 abr. 2018.
Leitura recomendada
EXPLICAÊ. Biologia: biotecnologia: teste de DNA: DNA fingerprint. YouTube, 9 jul.
2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TuzeOv4zqX0>. Acesso
em: 15 abr. 2018
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
BIOQUÍMICA
AMBIENTAL
Interações
moleculares nos
organismos vivos
Luiza Monteavaro Mariath
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
As células de todos os organismos vivos armazenam a informação hereditária em
moléculas de DNA na forma de um código genético. O DNA é uma macromolécula
essencial para todos os seres vivos, sendo responsável por transmitir às células
as informações necessárias para a síntese de proteínas e, assim, determinar as
funções dos organismos.
O fluxo da informação genética nos organismos vivos ocorre em um único sen-
tido: do DNA para o RNA e do RNA para a proteína. Essa sequência da transmissão
da informação genética é conhecida como dogma central da biologia molecular e
é universal para todas as células dos seres vivos. Durante a transcrição, o DNA é
transcrito em RNA. No processo de tradução, o RNA serve de molde para a síntese
de proteínas. Ainda que esses processos moleculares sejam muito precisos e
estejam sujeitos a mecanismos de revisão e correção, alguns erros podem ocorrer
em diferentes etapas, gerando modificações no DNA. A variabilidade genética é
2 Interações moleculares nos organismos vivos
responsável por tornar cada indivíduo único e é fonte essencial da evolução dos
organismos.
Neste capítulo, você vai estudar os processos moleculares envolvidos na via
de transmissão da informação genética, seus componentes e funções.
Figura 1. A estrutura da dupla-fita de DNA. O DNA é um polímero formado por quatro diferentes
nucleotídeos: adenina, timina, guanina e citosina. A base adenina se liga com a timina e a
base citosina se liga com a guanina.
Fonte: Alberts et al. (2017, p. 176).
Interações moleculares nos organismos vivos 5
iguais à célula-mãe que lhes deu origem. Esse processo de duplicação do DNA
é conhecido como replicação e se baseia na complementaridade de bases
do DNA (ALBERTS et al., 2010).
A replicação tem início quando as duas fitas que formam o DNA se desen-
rolam por uma enzima denominada helicase. A partir daí, cada uma das fitas
de DNA serve de molde para a produção de uma fita de DNA complementar
utilizando os quatro nucleotídeos do DNA (A, C, T e G). As duas fitas de DNA
recém-sintetizadas (fitas “filhas”) são idênticas à molécula parental que
serviu de molde. A enzima que catalisa a incorporação dos nucleotídeos e
a consequente polimerização do DNA é conhecida como DNA-polimerase
(STRACHAN; READ, 2013). A Figura 3 apresenta o processo de replicação do DNA.
em uma redução na diversidade genética. Por outro lado, uma nova variação
que resulte em vantagem seletiva e aumente a aptidão de seu portador estará
sujeita à seleção positiva, que promoverá a disseminação dessa variante na
população (STRACHAN; READ, 2013).
As mutações são o principal fator que resulta em variabilidade genética,
permitindo que novos alelos surjam e, com eles, apareçam novas caracterís-
ticas nos organismos. Essa variabilidade genética é fundamental para que
existam variações fenotípicas dentro da espécie e para a seleção natural
e evolução das espécies. Variações genéticas são comuns e muitas delas
não causam alteração no fenótipo. Outras variantes alteram o fenótipo,
mas estão associadas à variação normal dos organismos. No caso do ser
humano, por exemplo, variantes genéticas são responsáveis pelas variações
de pigmentação, estrutura corporal, metabolismo, entre outros, o que torna
cada indivíduo único. Algumas variantes, entretanto, são patogênicas e estão
associadas à ocorrência de doenças (STRACHAN; READ, 2013).
Referências
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
GIRARDI, C. S.; SUBTIL, F. T.; RANGEL, J. O. Biologia molecular. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
STRACHAN, T.; READ, A. Genética molecular humana. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
WATSON, J. D. et al. Biologia molecular do gene. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
ZAHA, A.; FERREIRA, H. B.; PASSAGLIA, L. M. P. (org.). Biologia molecular básica. 4. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2012.
Leitura recomendada
TRANSLATION. [S. l.: s. n., 2010]. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal ndsuvirtualcell.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5bLEDd-PSTQ&t=189s. Acesso em:
13 abr. 2021.
Salma Hernandez
Células procariontes
e eucariontes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Acompanhando as linhas teóricas que descreveram a origem e a evolução
dos organismos vivos na Terra, é impossível não admitir um aumento na
complexidade e na organização das células, independentemente da linha
teórica a que se fundamenta sua origem. As células indiscutivelmente
evoluíram, tornando-se mais complexas e especializadas para executar
funções importantes e determinantes para a perpetuação da vida. Nesse
sentido, estão situadas as células procariontes e eucariontes, sendo as
primeiras mais simples e as outras mais complexas e organizadas.
Ambas as células constituem uma grande infinidade de organismos
vivos e são, portanto, vitais para nosso ecossistema. O aprofundamento
sobre a visão dessas células também nos remete ao processo de evolução
dos organismos vivos, passando dos seres mais simples para os mais
complexos e especializados como nós mesmos.
Portanto, neste capítulo, você entenderá quais são as principais di-
ferenças entre as células procariontes e eucariontes, além de ser capaz
de reconhecer e descrever suas estruturas e características, realizando
relações com os seres representantes dessas características.
2 Células procariontes e eucariontes
Organização celular
A classificação dos seres vivos foi proposta a fi m de facilitar o estudo sobre
esses organismos e de se compreenderem suas relações evolutivas. Atual-
mente se admite que todos os organismos estão incluídos em três grandes
domínios: Bacteria, Archaea e Eukarya. Essa classificação foi proposta por
Carl Woese (1928-2012), em 1990, e criada por meio de dados de análise
de nucleotídeos de RNA ribossômico. O domínio Bacteria agrupa todas as
bactérias verdadeiras ou simplesmente bactérias que são seres procarion-
tes. O domínio Archaeae inclui todas as arqueas, que anteriormente eram
consideradas erroneamente como grupo basal das bactérias e também são
procariontes. O domínio Eukarya, por sua vez, é composto de todos os
organismos eucariontes existentes, estando inclusos nesse grupo os reinos
Protoctista (algas e protozoários), Fungi (fungos), Plantae (plantas e vegetais)
e Animalia (animais).
Refletindo essas classificações, no estudo segmentado por classificações
no ramo da biologia, as células podem ser avaliadas diante de sua estruturação
organizacional. Desse modo, aquelas que possuem uma estruturação mais sim-
ples, principalmente no quesito material genético, são consideradas procariontes,
como os Lactobacillus, uma bactéria presente em nossa flora intestinal, enquanto
aquelas que possuem uma estruturação mais complexa e material genético envolto
por membrana são consideradas células eucariontes, como animais (incluindo a
nós mesmos), plantas, vegetais, fungos, algas e protozoários (BRODY; BRODY,
1999; LOPES; ROSSO, 2013; REECE et al., 2015).
O termo procarionte é oriundo dos termos gregos pro = primeiro e ka-
ryon = noz ou amêndoa, núcleo, organismos unicelulares na sua vasta maio-
ria e que apresentam material genético disperso no citoplasma. Já o termo
eucarionte provém do grego eu = bom, perfeito e karyon = noz ou amêndoa,
núcleo, organismos que possuem um envoltório para o material genético e
diversas organelas citoplasmáticas.
Os organismos procariontes não possuem nenhum tipo de divisão interna
por membranas, estando ausentes várias organelas. Eles se caracterizam por
não apresentarem um envoltório para o material genético e pela presença de
ribossomos, estando ausentes outras organelas. Já os organismos eucariontes
são caracterizados pela presença de um envoltório que circunda o material
genético (a carioteca) e a presença de várias organelas com funções especí-
ficas dispostas no citoplasma. Tais características conformam as principais
diferenças entre esses organismos.
Células procariontes e eucariontes 3
https://goo.gl/Qbhpn9
https://goo.gl/yxdCyd
célula faz parte, podendo ser dividido, de acordo com a densidade do citosol,
em: ectoplasma, mais denso e localizado na região mais externa da célula; ou
endoplasma, menos denso, mais fluido, e que fica na região mais interna da
célula. Também se sabe que o citoplasma da célula procarionte é bem mais
complexo se comparado às células eucariontes, nas quais encontramos um
sistema de membranas, citoesqueleto e diversas organelas.
No citoplasma, é possível encontrar ribossomos, pequenas unidades res-
ponsáveis pela síntese proteica. O nucleoide ou cromatina é a região irregular
onde se localiza o material genético; trata-se de uma estrutura semelhante ao
núcleo, porém, não é envolta por membrana. É o nucleoide que determina as
características da célula e comanda as suas atividades. Os plasmídeos são
pequenos fragmentos moleculares de DNA capazes de se reproduzir indepen-
dentemente do DNA cromossômico.
Para a realização da locomoção celular são utilizados os flagelos ou
cílios, estruturas citoplasmáticas anexas à membrana plasmática das célu-
las. Os cílios são curtos e finos (semelhante ao fio de cabelo) e podem ser
relacionados à locomoção e à remoção de impurezas. A função primária
dos cílios consiste em movimentar fluido sobre a superfície celular ou des-
locar células isoladas por meio de um fluido. Já os flagelos são longos e
relacionam-se basicamente com a locomoção, trabalhando como chicotes
que puxam e empurram o organismo pela água. Estruturalmente, cílios e
flagelos são idênticos. Ambos são cilíndricos, exteriores às células e cobertos
por membrana plasmática. Internamente, cada cílio ou flagelo é constituído
por um conjunto de nove pares de microtúbulos periféricos de tubulina,
circundando um par de microtúbulos centrais. O movimento dos flagelos é
muitas vezes ondulante, enquanto o dos cílios é semelhante a um chicote:
uma batida para a frente, na qual o cílio se estende totalmente golpeando o
líquido circundante, seguida por uma fase de recuperação, na qual ele retorna
à sua posição original com um movimento de enrolamento que minimize o
arrasto viscoso (AMABIS; MARTHO, 2006; JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2005; LOPES; ROSSO, 2013).
A Figura 3 ilustra uma célula bacteriana com as estruturas características
dos seres procariontes.
8 Células procariontes e eucariontes
Você sabia que vírus não são nem procariontes nem eucariontes?
Vírus são parasitas obrigatórios, isto é, para multiplicar seu material genético necessi-
tam estar dentro de outro organismo. São constituídos basicamente de uma cápsula
proteica que envolve o material genético (DNA ou RNA), não realizam a maioria
das funções vitais características dos seres vivos, nem possuem células, tampouco
organização celular. Por essas características, alguns estudiosos classificam os vírus
como acelulares.
Até hoje persiste uma discussão entre os cientistas a respeito do fato de os vírus serem
seres vivos ou não. Muitos cientistas os consideram apenas partículas infecciosas, pelo
fato de serem acelulares e por não manifestarem nenhuma atividade vital quando se
encontram fora de células. Outros defendem que eles são seres vivos extremamente
econômicos, já que reduziram ao máximo as funções vitais, mantendo apenas a carac-
terística mais típica da vida, que é a capacidade de reprodução, o que lhes possibilita
ser classificados como organismos celulares bastante simples.
que foi a partir desses seres mais simples que houve intensas modificações
permitindo e resultando em seres mais complexos e organizados. A seguir,
vamos analisar a constituição dos seres eucariontes.
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017a.
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017b.
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna: volume único. 4. ed.
São Paulo: Moderna, 2006.
BRODY, D. E.; BRODY, A. R. A evolução e o princípio da seleção natural. In: As sete maiores
descobertas científicas da história. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 221-238.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005.
LOPES, S.; ROSSO, S. Bio: volume único. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MEMBRANA Plasmática VI endocitose, exocitose e Pi. Videoaula ministrada por Me Salva. [S. l.],
2017. 1 vídeo (11min04s). Disponível em: <https://goo.gl/Qbhpn9>. Acesso em: 30 out. 2018.
REECE, J. B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: 2015.
STEIN, T. Células procariontes e células eucariontes. Diferença, [S. l.], [2017?]. Disponível
em: <https://goo.gl/yxdCyd>. Acesso em: 30 out. 2018.
Conteúdo:
DIMENSÕES
BIOLÓGICAS E
BIOQUÍMICAS DA
ATIVIDADE
MOTORA
Salma Hernandez
Divisão celular:
mitose e meiose
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Refletindo sobre a teoria celular, é possível afirmar que uma célula só
pode ser originada a partir de outra célula. Dessa maneira, o processo
de divisão celular representa a forma como as células originam outras
células, implicando em crescimento do organismo, reparo de lesões e
manutenção da estrutura do indivíduo, bem como a perpetuação de
nossa espécie por meio da produção de gametas.
Neste capítulo, você estudará os processos de divisão celular que
ocorrem em nosso organismo, analisando os processos de divisão celular
mitose e meiose.
É possível existir uma fase a mais no ciclo celular. A chamada fase G0 não ocorre em
todas as células, nessa etapa, a célula entra em um estágio de repouso e não entra
em processo de divisão celular (fica “dormente”). É observada nas células que se
encontram diferenciadas para funções especializadas em nosso organismo e, por
isso, não se dividem mais.
4 Divisão celular: mitose e meiose
Acesse o link a seguir para ver um vídeo da professora Carol do canal Evolucional, apre-
sentando um resumo dos processos de divisão celular mitose e meiose (MITOSE…, 2014).
https://goo.gl/7DiwZi
Divisão celular: mitose e meiose 11
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
CHANDAR, N.; VISELLI, S. Biologia celular e molecular ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2011.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, 2012.
MITOSE e meiose. Videoaula ministrada por professora Carol. [S. l.], 2014. 1 vídeo
(5min33s). Disponível em: <https://goo.gl/7DiwZi>. Acesso em: 21 nov. 2018.
Conteúdo:
CITOLOGIA
HISTOLOGIA
E GENÉTICA
Helen da Rosa
O ciclo celular
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Uma célula se reproduz ao executar uma sequência organizada de
eventos nos quais o material genético é distribuído de maneira idêntica
para as duas células-filhas. Nesse contexto, para produzir duas células-
-filhas geneticamente idênticas, o DNA de cada cromossomo deve ser
fielmente replicado, e os cromossomos replicados devem, por sua vez,
ser precisamente distribuídos às células-filhas, de forma que cada uma
receba uma cópia de todo o genoma.
Os eventos do ciclo celular devem ocorrer em uma determinada
sequência, como a replicação do DNA, a mitose e a citocinese. Essa
sequência deve ser preservada, mesmo se uma etapa leve mais tempo
do que normalmente levaria. Sensores monitoram o nível de cada fase
e enviam sinais para um sistema de controle para evitar que o próximo
processo inicie antes que o anterior termine.
Neste capítulo, você vai estudar o ciclo de duplicação e divisão celular,
conhecido como ciclo celular, mecanismo essencial pelo qual todos os
seres vivos se reproduzem, bem como o sistema de controle do ciclo
celular.
2 O ciclo celular
Células-filhas
3 DIVISÃO
CELULAR
2 SEGREGAÇÃO
DOS CROMOSSOMOS
Interfase
A interfase é um período de alta atividade metabólica em que a célula duplica o
seu DNA e organelas proporcionando, assim, o seu crescimento. A interfase é
composta de três fases: G1, S e G2. Na fase S, ocorre a síntese do DNA; nas fases
G, são considerados períodos em que não há duplicação de DNA e, portanto,
denominados como intervalos ou interrupções na replicação do DNA. Análise
microscópica de uma célula na interfase demonstra uma membrana nuclear
claramente definida, um nucléolo e uma massa de cromatina entrelaçada.
Após o término das fases G1, S e G2 da interfase, inicia-se a fase mitótica.
Fase G1
Em geral, para uma célula com um tempo de ciclo celular completo de 24 horas, a
fase G1 corresponde a 8 a 10 horas. No entanto, a duração da fase G1 é muito variável,
sendo bastante curta em células embrionárias ou células cancerosas.
O ciclo celular 5
Fase S
A fase S, intervalo entre a fase G1 e G2, em geral dura 8 horas. É nessa fase
que ocorre a duplicação do DNA, resultando na formação de duas células
idênticas com o mesmo material genético.
Fase G2
Fase mitótica
Na fase mitótica ocorre a mitose (divisão nuclear) e a citocinese (divisão
citoplasmática). Os eventos que ocorrem durante a mitose e a citocinese são
visíveis à microscopia, pois a cromatina se condensa em cromossomos distintos.
Mitose
Citocinese
G2 CONTROLADOR
G1
S
ENTRADA NA FASE S
O meio é favorável?
Fase G1
A fase G1 é uma etapa de atividade metabólica elevada, em razão do cres-
cimento celular e do reparo, constituindo, assim, um importante ponto para
tomada de decisões para a célula. Os sinais intracelulares fornecem informações
sobre o tamanho da célula e os extracelulares refletem o meio; a maquinaria
de controle do ciclo celular pode pausar a célula de forma transitória em G1
(ou em um estado não proliferativo prolongado, G0) ou permitir que ela se
prepare para entrar na fase S de outro ciclo celular. Após a fase crítica de
G1 para a fase S, a célula normalmente prossegue por todo o resto do ciclo
celular rapidamente, em até 12 a 24 horas em células de mamíferos. Células
de mamíferos só irão se multiplicar após o estímulo por sinais extracelulares,
chamados de mitógenos, produzidos por outras células. Na ausência de mi-
tógenos, o ciclo celular permanece em G1; se essa ausência for prolongada, o
ciclo é interrompido e a célula entrará em estado não proliferativo, no qual a
célula pode permanecer por muito tempo.
Fase S
Antes da divisão celular, a célula deve replicar seu DNA. A replicação deve
ocorrer com extrema acuidade para minimizar o risco de mutações na próxima
geração de células. De igual importância, cada nucleotídeo no genoma deve
ser copiado uma vez – e somente uma vez – para evitar os efeitos danosos da
multiplicação gênica.
Fase G2
Quando ocorre o dano no DNA, há sinalização do sistema de controle do
ciclo celular para atrasar o progresso ao longo da transição G1 para a fase S,
impedindo que a célula replique DNA danificado. Porém, quando ocorrerem
erros durante a replicação do DNA ou se a replicação está incompleta, o
10 O ciclo celular
Fase M
A fase M inclui a mitose mais a citocinese e ocorre rapidamente – cerca de uma
hora em células de mamíferos; é considerada a fase mais importante do ciclo
celular. Durante esse período, a célula reorganiza todos os seus componentes
e os distribui de forma igual entre as duas células-filhas. As fases anteriores
servem para estabelecer condições para a ocorrência adequada para a fase M.
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Leituras recomendadas
LODISH, H. et al. A. Biologia celular e molecular. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SADAVA, D. et al. Vida: a ciência da biologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. (v. 1:
Célula e hereditariedade).
CITOLOGIA,
HISTOLOGIA
E GENÉTICA
Introdução
Você sabia que existem milhões de espécies diferentes de seres vivos
no planeta, como bactérias, insetos e vegetais? Você sabe o que essas
espécies têm em comum? Sabe estabelecer as diferenças entre elas?
Neste capítulo, você vai descobrir essas respostas e vai estudar a
unidade fundamental da vida, a célula.
A célula procariótica mais estudada é a bactéria Escherichia coli, pois, devido à simpli-
cidade estrutural e à rapidez com que se multiplica, permite ampla e fácil análise por
meio de estudos de biologia molecular.
2 µm
Células esféricas Células em forma de bastão Células espirais
(ex.: Streptococcus) (ex.: Escherichia coli, Salmonella) (ex.: Treponema pallidum)
ORGANELA CELULAR
Mitocôndrias
Centrossoma Lisossomos Ribossomos
Referência
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Leitura recomendada
LODISH, H. et al. Biologia celular e molecular. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BIOLOGIA
CELULAR
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre a estrutura, as funções e a cons-
tituição química das células. A célula é a unidade básica de todos os
seres vivos, podendo existir isoladamente (em organismos unicelulares)
ou em conjunto (organismos pluricelulares ou multicelulares), podendo
constituir, inclusive, tecidos complexos, órgãos e sistemas. Além disso, cabe
à célula produzir material extracelular, de constituição química variável,
e que também dá as características ao tecido — a matriz extracelular.
Você também aprenderá quais são as principais funções da membrana
plasmática, como ela está organizada e a sua composição química, além
de reconhecer as suas principais propriedades e sua importância.
Nas células eucarióticas (à exceção dos eritrócitos humanos), são organelas membra-
nares: carioteca, retículos endoplasmáticos liso e rugoso, aparelho de Golgi e vesículas
diversas. A mitocôndria é uma organela que tem dupla membrana, a interna e a externa,
sendo que a primeira apresenta dobramentos, denominados cristas mitocondriais.
(a)
(b)
Figura 1. Estrutura trilaminar de uma unidade de membrana celular. (a) Imagens de mi-
croscopia eletrônica de transmissão mostram, à esquerda, a membrana plasmática de duas
células vizinhas, separadas pelo espaço extracelular. À direita, está a unidade de membrana
de cada célula. Observe que a estrutura da bicamada lipídica fica evidenciada pela presença
de duas linhas densas (região hidrofílica dos fosfolipídios), separadas por uma linha clara
(região hidrofóbica, constituída pelas cadeias de ácidos graxos dos fosfolipídios). (b) Esquema
3D ilustrativo da unidade de membrana — regiões hidrofílica e hidrofóbica.
Fonte: Adaptada de (a) de Bioninja ([201-?]); (b) luminance studio/Shutterstock.com.
4 Estrutura da membrana plasmática
Lipídios
Os lipídios mais frequentes nas membranas plasmáticas são os fosfolipídios
(Figura 2a), o olesterol (Figura 2b) e, além deles, existem também os gli-
colipídios (lipídios associados a carboidratos, associados ou não a radicais
fosfato) (Figura 2c).
Proteínas
A atividade metabólica das membranas plasmáticas é dependente das proteínas
que participam da sua formação. Elas podem ser classificadas em dois grandes
grupos: as proteínas integrais (ou intrínsecas) e as proteínas periféricas
(ou extrínsecas) (Figuras 2c e 3). As primeiras estão firmemente aderidas à
membrana plasmática, compondo parte de ambas monocamadas lipídicas, e
correspondem a cerca de 70% das proteínas de membrana. Aquelas proteínas
integrais que atravessam toda a unidade de membrana, fazendo contato do meio
extracelular com o citoplasma, são chamadas de proteínas transmembrana,
que podem atravessar a membrana uma única vez (unipasso) ou várias vezes.
Nesse último caso, são chamadas de proteínas transmembrana de passagem
múltipla (ou multipasso). As proteínas periféricas, ao contrário, se prendem às
superfícies externas da membrana, compondo apenas uma das monocamadas
lipídicas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
6 Estrutura da membrana plasmática
(a)
Colina (polar)
Cabeça hidrofílica
Grupamento
fosfato
Polar
(b)
Glicerol
Ácido
graxo
Cauda hidrofóbica
Apolar (hidrocarbonetos)
saturado
Ácido
graxo
insaturado
Proteína
transmembrana Fosfolipídio
Proteína periférica
Figura 2. (a) Estrutura geral de um fosfolipídio. (b) Estrutura química de uma molécula de
colesterol. (c) Bicamada lipídica da membrana plasmática, com suas proteínas e cadeias de
carboidrato associadas a proteínas ou lipídios na monocamada externa da membrana. As
faces hidrofílicas (círculos amarelos) interagem com o espaço extracelular e o citoplasma,
ambos aquosos (caráter polar); as cadeias hidrofóbicas ficam voltadas para dentro da
membrana.
Fonte: Adaptada de (a) struna/Shutterstock.com; (b) Alila Medical Media/Shutterstock.com; (c) Jamilia
Marini/Shutterstock.com.
Estrutura da membrana plasmática 7
Proteína
transmembrana
multipasso
Membrana
celular
Proteína
transmembrana Proteína Proteína ancorada
unipasso periférica a lipídio
Figura 3. Proteínas integral (unipasso e multipasso) e periférica de membrana. Observe
que há a representação de uma proteína periférica que está ancorada em um lipídio da
monocamada da membrana.
Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com.
Figura 4. Três classes de proteínas transportadoras de membrana: (a) canais, (b) carreadoras
e (c) bombas. Proteínas canais e carreadoras podem mediar o transporte passivo de soluto
pela membrana (por difusão simples ou difusão facilitada) a favor do gradiente de soluto
e potencial eletroquímico.
Fonte: Colodete (2013, documento on-line).
Figura 5. Mecanismos para o transporte de moléculas mediado por proteínas através das
membranas biológicas — simporte, uniporte e antiporte.
Fonte: Adaptada de Gungner/Shutterstock.com.
https://qrgo.page.link/exe6C
% total de fosfolipídios
Monocamada interna Monocamada externa
Fosfatidilserina
Fosfatidiletanolamina
Fosfatidilcolina
Esfingomielina
Glicocálice
A superfície externa da membrana plasmática apresenta uma região rica
em carboidratos ligados a proteínas ou a lipídios, denominada glicocálice.
O glicocálice é uma “extensão” da própria membrana — ele não é uma camada
separada. Ele é composto por moléculas produzidas e secretadas pela própria
célula e é constituído pelos glicídios ancorados à monocamada externa da
membrana, pelas glicoproteínas integrais da membrana e por proteoglicanos
secretados e adsorvidos à membrana (ALBERTS et al., 2017; JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2012; 2013).
https://qrgo.page.link/7c8V4
https://qrgo.page.link/zuPYt
https://qrgo.page.link/kP3bN
Estrutura da membrana plasmática 13
Mosaico fluido
A membrana plasmática não é uma estrutura estática, os lipídios se movem
ao longo da monocamada ou mesmo entre camadas, num movimento deno-
minado flip-flop, e essa movimentação ao longo da monocamada ou entre as
camadas proporciona fluidez à membrana (Figura 8). Esse conceito de fluidez
da membrana está relacionado não apenas à movimentação dos lipídios, está
relacionado a aspectos dinâmicos da célula — o transporte de moléculas entre
os meios intra e extracelular (PONTES et al., 2013).
https://qrgo.page.link/8gkTY
14 Estrutura da membrana plasmática
Meio extracelular
Carboidrato
Proteína do tipo alfa-hélice
Glicolipídio
Proteína
globular Fosfolipídios
Colesterol
Citoplasma
https://qrgo.page.link/aZuXE
Exemplo
Os neurônios são as células excitáveis do sistema nervoso. Os sinais são
propagados por meio de potenciais de ação (PAs), ou impulsos elétricos, ao
longo da superfície neuronal. Cada neurônio tem um axônio, cujas terminações
fazem contatos sinápticos com outros neurônios e podem estar envoltos por
uma camada protetora chamada mielina.
A membrana plasmática do neurônio mantém concentrações diferenciais de
íons entre os espaços intra e extracelular. Uma vez que os íons são carregados
eletricamente, seu movimento provoca um gradiente elétrico e, conforme
se movem através da membrana a favor de um gradiente de concentração,
ocorre um acúmulo de carga, o que impede que mais íons se movam através
da membrana.
Cada íon tem uma concentração intra e extracelular diferente, e a per-
meabilidade da membrana é diferente para cada íon. A permeabilidade da
membrana determina a facilidade com que um íon pode atravessá-la. A fim
de determinar o potencial de repouso da membrana, é preciso considerar as
concentrações intra e extracelular de diferentes íons, bem como a permeabi-
lidade da membrana para cada um.
As diferentes concentrações de íons intra e extracelulares são mantidas por
proteínas de membrana que agem como bombas iônicas. A mais proeminente
delas é a Na/K ATPase, que bombeia Na+ (sódio) para fora da célula, em troca
de K+. Os PAs são impulsos elétricos ou alterações no potencial da membrana,
que percorrem a superfície de um neurônio. O mecanismo subjacente ao PA
é a alteração na permeabilidade da membrana para diferentes íons, primeira-
mente para o Na, quando se inicia um PA, e, em seguida, para o K na fase de
recuperação. Os PAs são o meio de comunicação entre os neurônios.
16 Estrutura da membrana plasmática
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BIONINJA. Membrane models. [201-?]. Disponível em: https://ib.bioninja.com.au/stan-
dard-level/topic-1-cell-biology/13-membrane-structure/membrane-models.html.
Acesso em: 5 out. 2019.
18 Estrutura da membrana plasmática
Introdução
Os ribossomos e o RE desempenham importantes funções celulares.
Os ribossomos são responsáveis pela síntese de todas as proteínas pre-
sentes nas células e no líquido extracelular. Enquanto isso, o RE é uma
organela com funções também relacionadas à síntese proteica, assim
como ao processamento e à distribuição de proteínas. Ele também ar-
mazena íon cálcio e participa da produção de lipídios.
Neste capítulo, você compreenderá quais são as principais funções
e características dos ribossomos e do RE. Além disso, você identificará
como a síntese de proteínas pode acontecer e como o RE atua na sua
modificação e distribuição.
2 Organelas biossintéticas: o retículo endoplasmático e os ribossomos
O RER é encontrado em grandes quantidades nas células que apresentam alta produ-
ção e secreção de proteínas. Assim, essa organela é abundante em células acinosas
do pâncreas, que secretam enzimas digestivas, em fibroblastos, que apresentam
alta produção de colágeno, e em plasmócitos, que secretam as imunoglobulinas
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
Enquanto isso, o REL é abundante naquelas células que participam e apresentam alto
metabolismo lipídico. As células dos testículos e ovários, que produzem hormônios
esteroides como testosterona e progesterona, apresentam alta quantidade do REL.
Os hepatócitos também exibem alta quantidade dessa organela. Essas células são
as principais responsáveis pelo processo de biotransformação, no qual substâncias
lipofílicas são metabolizadas em produtos mais hidrofílicos, a fim de facilitar a sua
excreção. Dessa forma, essas reações são empregadas para a inativação de substâncias
exógenas ao organismo e para a inativação de determinados hormônios, ocorrendo,
predominantemente, no REL (COOPER; HAUSMAN, 2007; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
4 Organelas biossintéticas: o retículo endoplasmático e os ribossomos
No link a seguir, você poderá aprender um pouco mais sobre o RER e o REL e comparar
diferentes tecidos do nosso organismo em relação à presença dessas organelas.
https://qrgo.page.link/JWUKH
Organelas biossintéticas: o retículo endoplasmático e os ribossomos 5
Retículo endoplasmático
liso Célula
Retículo endoplasmático
rugoso Cisternas
Núcleo Envelope nuclear
Poros nucleares
Ribossomos
Figura 1. RER, REL e ribossomos. Observe que o RER apresenta ribossomos aderidos a sua
membrana externa.
Fonte: Adaptada de VectorMine/Shutterstock.com.
6 Organelas biossintéticas: o retículo endoplasmático e os ribossomos
Figura 2. Transporte de proteínas simultâneo à tradução. Note que a SRP se liga à sequência
sinal do peptídeo em crescimento e ao receptor de SRP, presente na membrana do RE.
Fonte: Alberts et al. (2017, p. 674).
https://qrgo.page.link/H7q6V
No link a seguir você poderá ler um pouco mais sobre o direcionamento de proteínas,
mediado pelo RE.
https://qrgo.page.link/NBeVs
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
ALMEIDA, L. M. de; PIRES, C. Biologia celular: estrutura e organização molecular. São
Paulo: Érica; Saraiva, 2014. (Série Eixos).
COOPER, G. M.; HAUSMAN, R. E. A célula: uma abordagem molecular. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
LODISH, H. et al. Biologia celular e molecular. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
FUNDAMENTOS DA
BIOLOGIA CELULAR
4ª Edição
Tradução:
Ardala Elisa Breda Andrade (Caps. 4, 11)
Research Scientist, Texas A&M University. Mestre e Doutora em Biologia Celular e Molecular pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul (PUCRS).
CDU 576
A qualquer momento, uma típica célula eucariótica está executando milhares de ORGANELAS DELIMITADAS
reações químicas diferentes, sendo que muitas delas são mutuamente incompa-
POR MEMBRANAS
tíveis. Uma série de reações produz glicose, por exemplo, ao passo que outra a
degrada; algumas enzimas sintetizam ligações peptídicas, enquanto outras as
hidrolisam, e assim por diante. De fato, se as células de um órgão como o fígado DISTRIBUIÇÃO DE
fossem rompidas e seus constituintes misturados em um mesmo tubo de ensaio,
o resultado seria um caos químico, e as enzimas celulares e outras proteínas
PROTEÍNAS
seriam rapidamente degradadas pelas suas próprias enzimas proteolíticas. Para
que a célula funcione de modo eficaz, os diversos processos intracelulares que TRANSPORTE VESICULAR
ocorrem de maneira simultânea devem, de alguma forma, ser segregados.
As células desenvolveram várias estratégias para segregar e organizar as
suas reações químicas. Uma estratégia utilizada tanto pelas células procarióti- VIAS SECRETÓRIAS
cas como pelas eucarióticas é agregar as diferentes enzimas necessárias para
catalisar uma determinada sequência de reações em um grande complexo pro-
teico. Esses complexos multiproteicos são usados, por exemplo, na síntese de VIAS ENDOCÍTICAS
DNA, RNA e proteínas. Uma segunda estratégia, muito mais desenvolvida em
células eucarióticas, consiste em confinar os diferentes processos metabólicos
– e as proteínas necessárias para efetuá-los – em compartimentos delimitados
por membranas. Como discutido nos Capítulos 11 e 12, as membranas celulares
fornecem barreiras seletivamente permeáveis pelas quais o transporte da maior
parte das moléculas pode ser controlado. Neste capítulo, consideramos essa es-
tratégia da compartimentalização dependente de membrana.
Na primeira seção, descrevemos os principais compartimentos delimitados
por membranas, ou organelas delimitadas por membranas, das células eucarióti-
cas e consideramos, brevemente, as suas principais funções. Na segunda seção,
discutimos como a composição proteica dos diferentes compartimentos é defini-
da e mantida. Cada compartimento contém um conjunto único de proteínas, as
quais devem ser transferidas seletivamente a partir do citosol, onde são produzi-
das, para o compartimento no qual elas são utilizadas. Esse processo de trans-
ferência, chamado de distribuição de proteínas, depende de sinais presentes na
sequência de aminoácidos das proteínas. Na terceira seção, descrevemos como
certos compartimentos delimitados por membranas de uma célula eucariótica
se comunicam com outros pela formação de pequenos sacos membranosos, ou
vesículas. Essas vesículas se destacam de um compartimento, movem-se pelo ci-
tosol e se fundem com outro compartimento em um processo chamado de trans-
porte vesicular. Nas duas últimas seções, discutimos como esse tráfego constante
de vesículas também fornece as principais rotas para a liberação de proteínas da
célula pelo processo de exocitose e para sua importação pelo processo de endo-
citose.
488 Fundamentos da Biologia Celular
15 μm
Retículo endoplas- Síntese da maior parte dos lipídeos (Capítulo 11); síntese de
mático (RE) proteínas para distribuição às várias organelas e à membrana
plasmática (este capítulo)
Vesícula
Rede transportadora
cis-Golgi Vacúolo
Cisterna
cis
Cisterna
central
Cisterna
trans
Rede
trans-
-Golgi
(C)
buição pela rede trans-Golgi adiante e apresentamos alguns dos métodos para
rastrear proteínas por vias secretórias da célula em Como Sabemos, p. 512-513.
Muitas das cadeias de oligossacarídeos que são adicionadas às proteínas no
RE (ver Figura 15-23) sofrem modificações posteriores no aparelho de Golgi. Em
algumas proteínas, por exemplo, cadeias mais complexas de oligossacarídeos
são criadas por processos bastante ordenados, em que açúcares são adiciona-
dos e removidos por uma série de enzimas que atuam em uma sequência rigi-
damente determinada à medida que as proteínas passam pela pilha de Golgi.
Como seria esperado, as enzimas que atuam inicialmente na cadeia de eventos
de processamento estão localizadas nas cisternas nas proximidades da face cis,
enquanto as enzimas que atuam mais tarde estão localizadas nas cisternas pró-
ximas à face trans.
ESPAÇO EXTRACELULAR
Vesícula secretória
contendo insulina Insulina agregada
Figura 15-31 As vesículas secretórias ar-
Membrana plasmática
mazenam insulina na célula β pancreática.
A micrografia eletrônica mostra a liberação
de insulina no espaço extracelular em res-
posta a um aumento dos níveis de glicose
no sangue. A insulina em cada vesícula se-
cretória é armazenada de forma agregada
bastante concentrada. Após a secreção, os
agregados de insulina dissolvem-se rapida-
mente no sangue. (Cortesia de Lelio Orci,
de L. Orci, J.D. Vassali e A. Perrelet, Sci. Am.
259:85–94, 1988. Com permissão de Scienti-
fic American.) 0,2 μm
Capítulo 15 • Compartimentos intracelulares e transporte de proteínas 515
O aumento da concentração pode ser de até 200 vezes, permitindo que células
secretoras liberem grandes quantidades da proteína prontamente quando esti- QUESTÃO 15-7
muladas (ver Figura 15-30).
Quando uma vesícula secretória ou vesícula transportadora se fusiona com a O que você esperaria que acon-
membrana plasmática e descarrega seu conteúdo por exocitose, sua membrana se tecesse em células que secretam
torna parte da membrana plasmática. Embora isso devesse aumentar enormemente grandes quantidades de proteínas
a área de superfície da membrana plasmática, tal fato acontece apenas de maneira pela via secretória regulada se as
transitória, porque componentes de membrana são removidos de outras regiões da condições iônicas no lúmen do
superfície por endocitose de forma quase tão rápida quanto elas são adicionadas RE pudessem ser mudadas para
por exocitose. Essa remoção devolve tanto lipídeos como proteínas da membrana assemelhar-se às do lúmen da rede
das vesículas à rede de Golgi, onde podem ser novamente utilizados. trans-Golgi?
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
FUNDAMENTOS DA
BIOLOGIA CELULAR
4ª Edição
Tradução:
Ardala Elisa Breda Andrade (Caps. 4, 11)
Research Scientist, Texas A&M University. Mestre e Doutora em Biologia Celular e Molecular pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul (PUCRS).
CDU 576
QUESTÃO 18-2
Um sistema de controle do ciclo celular aciona
os principais processos do ciclo celular
Uma população de células em pro- Para assegurar que replicarão todo o seu DNA e organelas e se dividirão de ma-
liferação é corada com um agente neira ordenada, as células eucarióticas possuem uma rede complexa de proteí-
corante que se torna fluorescente
nas reguladoras conhecidas como sistema de controle do ciclo celular. Esse siste-
quando o agente se liga ao DNA, de
ma garante que os eventos do ciclo celular – replicação do DNA, mitose e assim
modo que a quantidade de fluores-
por diante – ocorram na sequência estabelecida e que cada processo tenha sido
cência é diretamente proporcional à
completado antes que o próximo se inicie. Para realizar isso, o próprio sistema
quantidade de DNA em cada célula.
de controle é regulado em determinados pontos críticos do ciclo mediante retro-
Para medir a quantidade de DNA
em cada célula, as células são passa- alimentação a partir dos processos que estão sendo realizados. Sem essa retro-
das por um citômetro de fluxo, um alimentação, uma interrupção ou um atraso em qualquer dos processos poderia
instrumento que mede a quantidade ser desastroso. Todo o DNA nuclear, por exemplo, deve ser replicado antes que o
de fluorescência em células indivi- núcleo comece a se dividir, ou seja, uma fase S completa deve preceder à fase M.
duais. O número de células com um Se a síntese de DNA é desacelerada ou interrompida, a mitose e a divisão celular
dado conteúdo de DNA é colocado também devem ser atrasadas. De maneira semelhante, se o DNA é danificado, o
no gráfico a seguir. ciclo deve interromper em G1, S ou G2, de modo que a célula possa reparar o dano
antes que a replicação do DNA tenha sido iniciada ou completada, ou antes que
a célula entre na fase M. O sistema de controle do ciclo celular consegue tudo
A
isso empregando mecanismos moleculares, muitas vezes chamados de pontos
de verificação, para pausar o ciclo em determinados pontos de transição. Assim,
Número de células
o sistema de controle não aciona a próxima etapa no ciclo, a não ser que a célula
esteja preparada apropriadamente.
O sistema de controle do ciclo celular regula a progressão pelo ciclo celular
B
em três pontos principais (Figura 18-3). Na transição de G1 para a fase S, o sis-
tema de controle confirma que o meio é favorável para a proliferação antes de
prosseguir para a replicação do DNA. A proliferação celular em animais requer
tanto nutrientes suficientes quanto moléculas-sinal específicas no meio extrace-
lular; caso tais condições extracelulares sejam desfavoráveis, as células podem
0
Quantidade relativa atrasar seu progresso por G1 e até mesmo entrar em um estado especializado de
de DNA por célula
repouso conhecido como G0 (G zero). Na transição de G2 para a fase M, o sistema
Indique no gráfico onde você espe- de controle confirma que o DNA não apresenta danos e está totalmente repli-
raria encontrar células que estão em cado, assegurando que a célula não entre em mitose, a menos que o seu DNA
G1, S, G2 e mitose. Qual é a fase mais esteja intacto. Por fim, durante a mitose, a maquinaria de controle do ciclo celular
longa do ciclo celular nessa popula- assegura que os cromossomos duplicados estão apropriadamente ligados a uma
ção de células? máquina citoesquelética, chamada de fuso mitótico, antes que o fuso separe os
cromossomos e os segregue para as duas células-filhas.
O SISTEMA DE CONTROLE DO
CICLO CELULAR
Dois tipos de maquinaria estão envolvidos na divisão celular: um produz os no-
vos componentes da célula em crescimento, e o outro atrai os componentes para
os seus locais corretos e os reparte apropriadamente quando a célula se divide
em duas. O sistema de controle do ciclo celular ativa e inibe toda essa maqui-
naria nos momentos corretos e coordena as várias etapas do ciclo. O cerne do
sistema de controle do ciclo celular é uma série de interruptores moleculares que
operam em uma sequência definida e orquestram os eventos principais do ciclo,
incluindo a replicação do DNA e a segregação de cromossomos duplicados. Nesta
seção, revisamos os componentes proteicos do sistema de controle e discutimos
como eles funcionam juntos para acionar as diferentes fases do ciclo.
Ciclina S Ciclina M
G1 S G2 M G1
Ciclina S Ciclina M
Figura 18-8 Cdks distintas se associam a diferentes ciclinas para acionar os diferen-
tes eventos do ciclo celular. Para simplificar, apenas dois tipos de complexos ciclina-
-Cdk são mostrados – um que desencadeia a fase S e outro que desencadeia a fase M.
FASE G1
Além de ser um período de elevada atividade metabólica, crescimento celular e
reparo, G1 é um ponto importante de tomada de decisões para a célula. Com base
nos sinais intracelulares que fornecem informação sobre o tamanho da célula, e
nos sinais extracelulares que refletem o meio, a maquinaria de controle do ciclo
celular pode pausar a célula de forma transitória em G1 (ou em um estado não
proliferativo prolongado, G0), ou permitir que ela se prepare para entrar na fase S
de outro ciclo celular. Uma vez passada essa transição crítica G1-para-S, a célula
costuma prosseguir por todo o resto do ciclo celular rapidamente – em geral den-
tro de 12 a 24 horas nos mamíferos. Portanto, nas leveduras, a transição G1-para-S
às vezes é chamada de Start (Início), pois a passagem por ela representa um com-
prometimento para completar um ciclo celular inteiro (Figura 18-13).
G2 CONTROLADOR
G1
S
PARE!
Pont
verificao de
ção G
1
Cdks são inativadas de forma estável em G1
Durante a fase M, quando as células estão se dividindo ativamente, a célula está
repleta de complexos ciclina-Cdk ativos. Se S-Cdks e M-Cdks não forem desa-
Diferenciação tivados no final da fase M, a célula imediatamente replicará seu DNA e iniciará
terminal outro ciclo de divisão, sem perder qualquer tempo significativo nas fases G1 ou
G2. Essa rápida passagem pelo ciclo costuma ser observada em alguns embriões
Figura 18-13 A transição de G1 para jovens, onde as células diminuem de tamanho a cada divisão celular, tendo pou-
a fase S oferece à célula uma encru-
co tempo para crescer nos intervalos.
zilhada. A célula pode prosseguir para
Para conduzir a célula a partir da agitação da fase M para a tranquilidade re-
completar outro ciclo celular, pausar tran-
sitoriamente até que as condições estejam lativa de G1, a maquinaria de controle do ciclo celular deve inativar seu inventário
adequadas ou interromper o ciclo celular de S-Cdk e M-Cdk. Isso ocorre pela eliminação de todas as ciclinas existentes,
– temporariamente em G0, ou permanen- pelo bloqueio da síntese de novas ciclinas e pela atividade de proteínas inibidoras
temente no caso de células terminalmente de Cdk para inibir a atividade de qualquer complexo ciclina-Cdk remanescente.
diferenciadas. O uso de mecanismos múltiplos torna esse sistema de repressão robusto, as-
segurando que essencialmente toda atividade de Cdk seja suprimida. Tal inati-
vação maciça reajusta o sistema de controle do ciclo celular e gera uma fase G1
estável, durante a qual a célula pode crescer e monitorar seu meio antes de se
comprometer com um novo ciclo de divisão.
FOSFORILAÇÃO TRANSCRIÇÃO
DE Rb
TRADUÇÃO
PROLIFERAÇÃO
CELULAR
ma. O mecanismo que opera na transição G1-para-S, que impede que a célula re-
plique o DNA danificado, é especialmente bem compreendido. Os danos ao DNA
em G1 causam um aumento tanto na concentração como na atividade de uma
proteína, chamada de p53, um regulador da transcrição que ativa a transcrição
de um gene que codifica uma proteína inibidora de Cdk chamada de p21. A pro-
teína p21 se liga aos complexos G1/S-Cdk e S-Cdk, impedindo que eles conduzam
a célula para a fase S (Figura 18-15). O aprisionamento do ciclo celular em G1 per-
mite que a célula tenha tempo para reparar o DNA danificado antes de replicá-lo.
Se o dano ao DNA for muito severo para ser reparado, p53 pode induzir a célula
a iniciar o processo de morte celular programada, chamado de apoptose, que dis-
cutimos adiante. Caso p53 não esteja presente ou esteja defeituosa, a replicação
do DNA danificado conduz a uma alta taxa de mutações e à produção de células
que tendem a se tornar cancerosas. Mutações no gene p53 são encontradas em
cerca da metade de todos os cânceres humanos (Animação 18.3).
TRANSCRIÇÃO
mRNA de p21
TRADUÇÃO
p21 (proteína
inibidora de Cdk)
ATIVA INATIVA
G1/S-Cdk G1/S-Cdk e S-Cdk
e S-Cdk complexadas a p21
FASE S
Antes que a célula se divida, ela deve replicar seu DNA. Como discutimos no
Capítulo 6, essa replicação deve ocorrer com extrema acuidade para minimizar
o risco de mutações na próxima geração de células. De igual importância, cada
nucleotídeo no genoma deve ser copiado uma vez – e somente uma vez – para
evitar os efeitos danosos da multiplicação gênica. Nesta seção, consideramos os
elegantes mecanismos moleculares pelos quais o sistema de controle do ciclo
celular inicia a replicação do DNA e, ao mesmo tempo, impede que a replicação
ocorra mais de uma vez por ciclo celular.
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.