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ISSN 2178-6925
Resumo
Diversos problemas atuais enfrentados pelas pessoas estão enraizados no passado, justamente na
formação familiar, provocando impactos até mesmo nas suas futuras tessituras afetivas. Quando os
membros de uma família apresentam comportamentos, pontos de vista ou crenças distintas, é bastante
comum o surgimento de conflitos. Contudo, no momento em que a situação se torna insustentável, é
necessária a provocação do Poder Judiciário, com o intuito de solucionar as desavenças. Ocorre que os
tribunais não têm demonstrado capacidade para demandas complexas provenientes das relações sociais
em razão da alta demanda de processos. Consequentemente, é primordial a busca por formas alternativas
de resolução de conflitos familiares, como é o caso da constelação familiar sistêmica, a qual ajuda as
pessoas a digerir as relações traumáticas e os desentendimentos do dia a dia, ajudando-os a compreender
quais as suas responsabilidades perante tal circunstância. Logo, o presente artigo científico tem a finalidade
de discorrer sobre a constelação sistêmica familiar como instrumento alternativo de resolução de conflitos
no Direito de Família. Para isto, é fundamental a concretização de alguns pontos, sendo eles: realizar breve
abordagem sobre a família e os conflitos familiares; pontuar a dificuldade do sistema judiciário brasileiro no
tocante à resolução de conflitos; descrever a constelação familiar; e explorar aplicação da constelação
familiar nas Varas de Família. A justificativa para a seleção dessa temática está no fato de que muitas
Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, v5,2023/05
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decisões judiciais acabam por piorar os conflitos familiares, pois não procuram tratar o problema em sua
raiz. O estudo em questão consiste em uma pesquisa de natureza qualitativa, possuindo como fundamento
o método de abordagem dedutiva. Já a coleta e a análise de dados se restringem à revisão bibliográfica.
Abstract
Several current problems faced by people are rooted in the past, precisely in family formation, causing
impacts even in their future affective weavings. When the members of a family present different behaviors,
points of view, or beliefs, it is quite common for conflicts to arise. However, when the situation becomes
untenable, it becomes necessary to resort to the Judiciary in order to solve the disagreements. However,
the courts have not been able to cope with the complex demands arising from social relations due to the
high demand for lawsuits. Consequently, it is primordial the search for alternative ways of solving family
conflicts, as is the case of systemic family constellation, which helps people digest traumatic relationships
and daily disagreements, helping them understand their responsibilities under such circumstances.
Therefore, this paper aims to discuss the systemic family constellation as an alternative tool for conflict
resolution in Family Law. For this purpose, it is fundamental to accomplish some points, such as: to briefly
approach the family and family conflicts; to point out the difficulty of the Brazilian judicial system regarding
conflict resolution; to describe family constellation; and to explore the application of family constellation in
Family Courts. The justification for the selection of the respective theme lies in the fact that many judicial
decisions end up worsening family conflicts, since they do not seek to treat the problem at its root. The study
in question consists of a qualitative research, based on a deductive approach. For data collection and
analysis are restricted to bibliographic review.
1. Introdução
2. Revisão da Literatura
o sustentáculo da sociedade, motivo pelo qual faz jus a uma especial proteção por parte
do Estado.
Portanto, a convivência humana está organizada por intermédio de cada uma das
numerosas células familiares que integram a comunidade social e política do Estado, que
se incumbe de auxiliar e aperfeiçoar a família e, consequentemente, consolidar a sua
própria estruturação política (MADALENO, 2022).
Segundo Pereira:
Por outro lado, é imperioso destacar que vários problemas atuais enfrentados
pelas pessoas possuem raiz no passado, exatamente na formação familiar, causando
impactos até mesmo nas suas futuras tessituras afetivas. Os indivíduos são e estão
umbilicalmente unidos à sua família. Com efeito, a instituição familiar é revestida por uma
forte significação de cunho psicológico, jurídico e social (GAGLIANO; PAMPLONA
FILHO, 2022).
De acordo com Denck:
Dito isto, insta ressaltar que, no decorrer dos últimos anos, o Judiciário tem se
encontrado em situação de crise, uma vez que a alta quantidade de processos contribui
para o sobrecarregamento dos tribunais, de modo a prejudicar a prestação jurisdicional,
que constitui um dever do Estado (PONCIANO, 2007).
Segundo Said Filho:
Devido a não saber como agir de forma apropriada perante os conflitos que surgem
no âmbito familiar, os indivíduos podem se sentir deslocados, incompreendidos, com a
sensação de que não pertencem àquele lugar. Assim, tendem a se afastar dos demais
membros da família, restringindo o diálogo (ZAFFARI, 2018).
Por conseguinte, habitar em uma atmosfera com diversos conflitos pode se tornar
algo estressante para os envolvidos, assim como para o restante da família. E com o
passar do tempo todo esse esgotamento pode acabar progredindo para um quadro de
ansiedade, sendo que as pessoas se mantêm sempre em alerta frente ao problema
(DENCK, 2018).
Em face dessa situação, a constelação familiar sistêmica surge como uma
alternativa para os indivíduos que passam por conflitos familiares, tratando-se de um
método de terapia concisa, criado pelo autointitulado psicoterapeuta alemão Bert
Hellinger (SCHNEIDER, 2007).
Tal método contribui para que as pessoas possam lidar com as relações
traumáticas e com as desavenças cotidianas, tendo em vista ajudá-las a compreender
quais seriam suas partes em cada uma das situações, com o propósito de que as
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Tem ganhado espaço no campo das Varas de Família a adoção de outros métodos
de resolução de conflitos, como a constelação familiar, que contribuiu para o surgimento
do Direito Sistêmico. Essa técnica possui fundamento na física quântica, bem como na
programação neurolinguística, sendo baseada no princípio de que tudo aquilo que é
trazido à luz, em luz se transforma (DIAS, 2021).
Ademais, vale referir que a presente medida se encontra em consonância com o
parágrafo único do artigo 1º da Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça
– CNJ, que incentiva instrumentos que possibilitam o tratamento adequado dos conflitos,
além da Lei nº 13.105/2015 – Código de Processo Civil, que estimula ações que
contribuem para a reconciliação dos conflitantes, in verbis:
Registra-se que a constelação familiar somente começou a ser aplicada pelo juiz
Sami Storch em 2012, no Tribunal de Justiça da Bahia, sendo a técnica testada no
município de Castro Alves. Nas 90 audiências desempenhadas, em que ao menos uma
das partes teve contato com a vivência de constelações, a taxa de conciliação foi de 91%,
tendo o método se expandido para outras 15 unidades federativas e o Distrito Federal
(CNJ, 2018).
3. Considerações Finais
Por essa razão, tal prática vem ganhando espaço no Direito de Família, sendo
aplicada pelos tribunais de várias unidades federativas e o Distrito Federal, tendo amparo
no parágrafo único do artigo 1º da Resolução nº 125/2010 do CNJ.
Normalmente, a aplicação da constelação familiar realizada antes da audiência,
contribui para um índice de conciliação em torno de 91%. Portanto, é notório que a prática
da constelação familiar se mostra como uma alternativa eficaz na resolução de conflitos
familiares, possibilitando uma convivência pacífica e harmoniosa entre os conflitantes.
Referências
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