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Resumo da 1ª parte do livro: Teologia da Adoração (A Definição de Adoração)

Flávio Cardoso de Pádua

O primeiro capítulo aborda a verdadeira essência da adoração, visto que o seu


conceito é muitas vezes associado apenas ao culto dominical matinal, para alguns,
enquanto para outros evoca a imagem de uma congregação de joelhos. A palavra
"adoração" é multifacetada, deixando-nos a refletir se se trata de cantar, orar, louvar ou
meditar. No entanto, em sua essência, a adoração deveria ser a nossa reação ativa a
Deus, na qual proclamamos a sua dignidade. A palavra "adoração" em inglês, derivada
de "worship," descreve o ato de atribuir valor e mérito a alguém ou a alguma coisa. No
presente caso, seria atribuir valor a Deus, reconhecendo que somente Ele é digno de
louvor supremo, devido a quem Ele é e ao que Ele faz. A adoração ao Deus triúno deve
ser a resposta de todas as criaturas em todos os tempos, pois, ao adorá-Lo, celebramos
com orgulho a Sua grandeza e integridade, servindo-O com alegria e não como um
dever. A adoração, portanto, envolve ouvir a Palavra de Deus com o propósito de ser
moldado à imagem de Cristo Jesus. O Salmo 100 é um grande exemplo de convite para
celebrar e louvar a Deus com alegria.
Já no capítulo dois, o autor explora a dinâmica entre a arte e a adoração,
ressaltando que o coração deve ser a fonte da adoração e, posteriormente, da expressão
artística. No entanto, muito têm abraçado a arte em detrimento do Criador da
criatividade: o Senhor de tudo, inclusive da arte. Uma narrativa intrigante, trazida pelo
autor, é apresentada quando um homem considera seu cello como sua única religião,
extraindo prazer espiritual de sua bela sonoridade. Por isso, a arte pode se tornar um
obstáculo quando deveria ser um meio para adorar a Deus. Embora alguns questionem a
compatibilidade da arte com a fé cristã, o autor enfatiza que a espiritualidade e a
integridade artística se complementam. O ponto crucial é que a arte não deve dominar o
coração, mas ser guiada pelo Espírito Santo para adorar verdadeiramente a Deus. Ao
longo dos anos, a arte no culto cristão evoluiu, porém, muitas vezes, se afastou de seu
propósito original. A lição central é que a verdadeira adoração reside no coração, não
dependendo de estímulos externos. Por isso, o culto público deve ser uma continuação
natural da adoração que ocorre durante a semana, quando o coração está voltado para
Deus. A adoração do coração não exclui a expressão artística, pois um coração adorador
busca externalizar o que está em seu íntimo, frequentemente por meio da arte. A história
de Israel serve de exemplo para todos, pois quando a adoração declinou, todas as áreas
da vida também sofreram declínio. Deus valoriza a obediência sobre o sacrifício. Por
fim, a conclusão do capítulo é de que a arte não deve ser abandonada em prol do
coração, mas sim usada para enriquecer a adoração sincera, pois as várias formas de arte
podem ajudar a compreender a natureza de Deus. Afinal, Deus é um Deus de beleza e
detalhes, e a beleza na arte reflete a genuína adoração do cristão, enquanto aqueles que
desprezam a arte perdem uma concepção mais profunda da natureza de Deus e de Sua
magnífica relação com a humanidade.
O terceiro capítulo explora a natureza da adoração que Deus requer. É evidente
que Deus anseia por verdadeiros adoradores, e é um equívoco comum dos cristãos
definir a adoração em relação a si mesmos, quando, na realidade, a adoração é sobre
Ele. A mulher samaritana questionou Jesus sobre o local de adoração (a arte em si), mas
Ele a redirecionou para a essência da adoração, que está no coração. O exemplo de
Caim e Abel ilustra a diferença crucial na adoração sincera: Abel ofereceu sacrifícios
aceitáveis a Deus devido à sua fé, enquanto Caim não procedeu desta maneira. Desde o
início, Deus buscava verdadeiros adoradores, sendo Abel o primeiro encontrado. Isso
não porque Deus precise, mas porque Ele anseia pela consideração do homem e exige
uma adoração do coração. Não apenas aquilo que o homem pode fazer, mas quem ele é,
de fato. Deus ativamente busca aqueles que têm um relacionamento íntimo com Ele, e
os verdadeiros adoradores se aproximam do verdadeiro Deus em espírito e verdade.
Por fim, no capítulo quatro, o autor explora a essência da adoração e sua
profunda conexão com a vida cotidiana dos verdadeiros adoradores. Segundo ele, a falta
de adoração não é apenas um sintoma. A carência de verdadeiros adoradores é a raiz de
todo o problema da igreja. A adoração genuína transcende os rituais de culto, pois é um
estilo de vida que requer a renovação de nossa relação com Deus e com a comunidade
de fé. Sendo assim, ele demonstra que a adoração se baseia em três princípios
fundamentais: uma reverência renovada para com Deus, a prática constante da presença
de Deus e o profundo reconhecimento da importância da comunidade de Deus. Não
basta reformular a estrutura dos cultos, pois a verdadeira mudança deve ocorrer nos
corações dos fiéis. Muitas igrejas tratam apenas dos sintomas, em vez de buscar as
causas de seus males (raiz do problema). Não há necessidade de ficar investindo em
cursos, meios de evangelização se o coração não for, antes de tudo, um coração
adorador. Viver uma vida de adoração é um ato de entrega completa a Deus, para
sermos moldados em nosso corpo, emoções, mente e vontade, tudo à Sua semelhança.
Para os verdadeiros adoradores, a reverência a Deus, a glória de Seu Nome e o
reconhecimento de Sua grandeza não são periféricos, mas causas centrais em suas vidas.
Eles se esforçam para driblar a banalização dos valores da sociedade, mantendo uma
conexão íntima com Deus em sua vida diária. A adoração se torna um constante
lembrete de Deus em todos os momentos, e o culto público é apenas uma continuação
do culto íntimo. No entanto, a adoração atinge sua plenitude quando a família de Deus
se une em harmonia para adorar a Ele, demonstrando que a adoração é, acima de tudo,
um ato de unidade e amor entre os crentes.
Em todos os quatro capítulos, três frases se destacaram muito para mim, o que
me fez refletir sobre elas. Segue abaixo as frases destacadas do livro (em itálico) e meu
comentário abaixo de cada uma delas.
“Assim como um presente bem escolhido é a celebração de um aniversário, e
um passeio numa noite especial é a celebração de uma data muito importante, assim
como um elogio sincero é a celebração da vida, e a união íntima é a celebração de um
casamento - do mesmo modo um culto de adoração é uma celebração de Deus.”
(Página 19).
Infelizmente é muito comum o esquecimento do real sentido de um ajuntamento
para o culto ao Senhor. Nós, muitas vezes, nos dirigimos para o templo com o intuito de
“adorar” ao Senhor da nossa própria maneira, sem compreender que precisamos e
necessitamos de uma vida de adoração durante nossa vida comum diária. Por isso,
chegamos ao culto vazios de Deus e cheio de nós mesmos, e acabamos celebrando a nós
próprios. Entoamos os cânticos com o nosso foco naquilo que comeremos após o culto,
lemos a Palavra pensando no placar de nosso time de futebol, e o relógio passa a ser
nosso maior passatempo durante o sermão. Isso pode ser mudado se compreendermos o
real sentido do culto: uma celebração a Deus. Precisamos, durante toda a semana,
clamar ao Espírito para nos aproximar de Deus, pela mediação de Cristo, para que
andemos em Seus caminhos em todos os momentos. Com isso, nosso coração estará
totalmente cheio da presença divina no momento de culto, e assim prestaremos um culto
agradável a Deus.
“A forma da arte não precisa dominar a condição do coração; ela só precisa
estar sob o controle do Espírito Santo e sustentar o coração em louvores a Deus.”
(Página 23).
Muitas vezes ficamos receosos quanto ao estilo de arte (música, poemas, etc.)
que é utilizada para adorar a Deus, com temor de não estarmos adorando a Ele, mas a
nós mesmos, idolatrando mais a beleza da arte em si, do que ao Criador. Se com isso,
descartarmos a arte para não cairmos neste erro, precisaremos cortar todas as coisas de
nossas vidas, pois de acordo com o próprio Calvino “o coração humano é fábrica de
ídolos”. Porém, se descansarmos no Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus e pela
mediação do nosso Redentor, utilizaremos a arte não como um fim em si mesmo, mas
destinaremos a sua beleza ao Deus que é belo e criativo, ao Deus que deu ao homem
sabedoria para criar aquilo que é bom. Por isso, antes de cortarmos algo de nossa vida,
precisamos passar pelo filtro do Espírito, para manter aquilo que é agradável ao culto
solene.
“Contudo, adorar com o povo de Deus na igreja não é opcional, mas
imperativo, e assistir aos cultos pela TV, exceto talvez para os "presos", não é
alternativa. Adoramos a Deus não porque nos sentimos dispostos a isso, mas porque ele
é Deus e adoração é direito dele e necessidade nossa.” Frank E. Gaebelin (Página 52).
Essas palavras foram as que mais me marcaram em toda a leitura. Nossa mente
ingrata sempre quer algo em troca, nunca quer se doar por inteiro, por isso até mesmo ir
ao culto precisa ser algo “agradável” para nós, senão desistimos de estar juntos para
celebrar a Deus. Isso é muito triste, pois o culto deveria ser voltado totalmente ao
Senhor (mesmo sabendo que somos totalmente alimentados por Ele junto da
congregação dos justos) e não a nós. O benefício existe, óbvio, mas o foco não deveria
ser a nossa vontade, nem a nossa disposição, mas, antes, o foco deve ser no
reconhecimento da grandeza e majestade de Deus, por tudo que Ele é e por tudo que Ele
faz por seu povo, desde os primórdios até os nossos dias. E a maneira que Deus
resolveu ser adorado, de acordo com a Palavra, é em comunhão uns com os outros, não
de maneira individual, apenas. Por isso, não devemos deixar nada ser maior do que esse
momento ímpar em nossas vidas.

ALLEN, Ronald; BORROR, Gordon. Teologia da Adoração: o verdadeiro sentido da


adoração. São Paulo: Vida Nova, 2002.

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