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PROFESSORA: NILCÉLIA AMARAL

ALUNO: JOSIVAN JAFÉ DE SOUZA FARIAS


TURMA: 3° QUI A
Por trás da construção da história do Brasil existem numerosos acontecimentos que
reconfiguraram o modo de viver da sociedade, tanto negativamente quanto positivamente.
Com o período da Ditadura Militar, um dos momentos mais sombrios do nosso país, não seria
diferente devido ao fato das medidas tomadas durante a vigência do regime militar e de suas
consequências, a maior parte delas, feitas e mantidas em segredo ou levadas para o túmulo
das vítimas. Como motivação principal de investigar essas ações violentas que asseguravam o
controle sobre a população na época - repressão, tortura ou censura e execuções - surge então
a Comissão Estadual da Verdade no ano de 2013, um movimento com objetivos de resgatar e
investigar repressão, desaparecimentos e outras violações de direitos humanos durante a
ditadura militar. Possuindo ação em todo o Brasil, sendo o principal foco, por agora, sua
atuação no estado do Amapá.
Historicamente, a construção da sociedade civil do Amapá é um reflexo intensificado
do período da Ditadura, visto que ainda mantinha o título de território federal. Originou-se a
partir de outras delimitações oriundas do estado do Pará e por ser uma localidade com
extensão territorial e populacional precocemente desenvolvidos, o estado se tornou cada vez
mais dependente do Governo Federal, pela dificuldade de se sustentar economicamente. Essa
dependência gerou muita influência do Governo durante a ditadura explicada pelo fato do
então território possuir a chamada sociedade tradicional, ou seja, demograficamente pequena
e baseada na economia rural, que consistia em relações de vizinhança e proximidade.
É de importância ressaltar que a atuação de repressão do governo era diferente no
Amapá, defendida pelos historiadores como uma repressão que se “metamorfoseia”, logo,
que se adapta a diferentes estruturas sociais para manter a integridade da tirania militar sobre
a população. A pesquisadora Maura Leal explica que mesmo antes do golpe militar de 1964,
já existia no território amapaense a perseguição política de opositores como relatos obtidos
do ano de 1944 por uns dos fundadores do PTB e 1962 que se em perseguição dos jornais e
do povo e queima de arquivos por agentes do Estado.
Mais pra frente, nos primeiros momentos do golpe militar, já foram registrados casos
de violência. Os comunistas declarados foram usados como bodes expiatórios para o início
das torturas, prisões e morte. Em seguida, os servidores públicos que possuíam um
posicionamento mais democrático também foram perseguidos. Percebe-se então que o
começo da perseguição não foi algo gradativo, mas direto e brutal. Pelo Brasil, centros de
tortura se concentravam em departamentos de polícia ou locais abandonados, ao passo que no
Amapá, o principal lugar para práticas de tortura foi a Fortaleza de São José. Isso implica a
característica adquirida do monumento de medo e traumas pois vários lugares eram usados
para fins desumanos, mas a fortaleza era como uma espécie de palco principal, onde muitos
presos políticos adentravam os muros de pedras e nunca mais eram vistos, sendo essa uma
informação que é muito pouco divulgada.
A Comissão Estadual da Verdade foi importante, nesse caso, por permitir acesso à
memória de repressão e de violência política no Amapá. Além disso, nos deu a oportunidade
de saber acerca do modus operandi do regime sobre a sociedade amapaense através de
relatos, incentivando a quebra de silêncio e trazendo para conhecimento geral segredos e
muitas informações úteis, que servirão como objeto de estudo para compreender as acções do
passado para não repetí-las novamente, como exemplo da Fortaleza, segundo Dorival da
Costa, pesquisador da Universidade Federal do Amapá, o monumento deve ser compreendido
como um grande patrimônio, que ela representa nossa identidade, tem essa força identitária,
mas que ela também foi usada por agentes militares como esse lugar de tortura, de medo de
perseguições.
A memória da ditadura ainda se mantém em muitos lugares, tempos macabros que
consigo levaram vidas, documentos, informações e muitos nomes que sequer foram
descobertos. No Amapá, não existia a imagem de resistência armada, mas sim os movimentos
estudantis e sindicatos, com foco em ações culturais, como músicas e poesias libertárias - a
realidade possível para o amapaense da década de 60 - e mesmo após mais de 50 anos, os
testemunhos de pessoas para a Comissão da Verdade carregam consigo marcas psicológicas e
lembranças de violência física e simbólica.

REFERÊNCIAS
Observatório: História e memória da Ditadura no Amapá.
http://observatoriodh.com.br/?p=4118.

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