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Programa
Calha Norte
Fundação Getulio Vargas - FGV
Instituto Superior de Administração e Economia - ISAE
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO, 6
A PAISAGEM E O HOMEM, 16
O DESENVOLVIMENTO RECENTE, 20
CONDICIONANTES, 22
GLOBALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO NACIONAL, 23
VETORES DE INTERNACIONALIZAÇÃO, 23
VETORES DE INTEGRAÇÃO, 24
A ESTRATÉGIA DE INTEGRAÇÃO NACIONAL, 25
A OPÇÃO AMAZÔNICA, 26
DESDOBRAMENTOS ESTRATÉGICOS. 27
MATRIZ INSTITUCIONAL, 28
COMPATIBILIDADE DE VETORES, 29
RESTRIÇÕES E POTENCIALIDADES, 30
RESTRIÇÕES, 30
POTENCIALIDADES, 33
ÁREAS ESTRATÉGICAS, 42
RIO NEGRO, 44
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
JAPURÁ–SOLIMÕES, 59
MANAUS, 60
ITACOATIARA–PARINTINS, 61
RORAIMA, 62
TROMBETAS, 63
AMAPÁ, 64
INTERAÇÕES INTRA-REGIONAIS, 68
A FAIXA DE FRONTEIRA, 80
RECURSOS HUMANOS, 91
EDUCAÇÃO E QUALIFICAÇÃO, 94
REDUÇÃO DA POBREZA, 96
CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 99
AGRIBUSINESS, 108
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
APRESENTAÇÃO
Essa imensa região, com 1,4 milhão de km2 (17% do território do país), ocupa parte
do estado do Amazonas, todo o estado de Roraima, parte do Pará e todo o estado do
Amapá. Sua população é de cerca de 2,7 milhões (menos de 2 habitantes por km2) e nela
estão incluídos cerca de 25% dos indígenas do Brasil. Possui 7,4 mil km de fronteiras
(com o Peru, a Colômbia, a Venezuela, a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa).
O PCN tem sido em grande medida responsável pela presença constante e efetiva do
Estado brasileiro na Amazônia Setentrional: através sobretudo da implantação e manu-
tenção da infra-estrutura dos Pelotões Especiais de Fronteira; do apoio aéreo; do atendi-
mento às tribos indígenas; da assistência às comunidades carentes (educação e saúde,
principalmente), da manutenção e melhoria da infra-estrutura de energia elétrica e trans-
portes (construção e manutenção de portos e segurança da navegação fluvial, construção
e manutenção de aeroportos, conservação de rodovias); e do apoio aos governos de seus
72 municípios, 41 deles situados total ou parcialmente na Faixa de Fronteira.
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Ele tem como horizonte a presente década (2001-2010) e visa a três grandes objetivos.
dutivas. Evitando pressões antrópicas que possam sobrecarregar o meio ambiente. Bus-
ambientalmente sustentável.
(área: 1.435,2 mil km2; população: 2,7 milhões; PIB: US$ 12 bilhões; PIB per capita: US$
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Boa Vista
ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE M ETA
Fonte: v er texto
4:00hs 8:00hs M ENSAL
RO RA
1 ISM A - O bras S ociais de São josé OIMA
p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
Pa rintin s
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
7 A ssociação dos M oradores da C om pensa II 200 1.702,0 0 - 1.702,0 0
8 C lube de M ães Isabel N ogueira 110 - 1.872,2 0 1.872,2 0
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1) Rio Negro (área: 333,8 mil km2; população: 69,8 mil; PIB: US$ 108 milhões;
PIB per capita: US$ 1.547; IDH: 0,489), polarizada por São Gabriel da Cachoeira;
2) Japurá–Solimões (área: 322,4 mil km2; população: 273 mil; PIB: US$ 309,3
milhões; PIB per capita: US$ 1.133; IDH: 0,462), polarizada por Tabatinga–Benjamim
Constant;
3) Manaus (área: 52,4 mil km2; população: 1.269,8 mil; PIB: US$ 8.441,1 mi-
lhões; PIB per capita: US$ 6.648; IDH: 0,756), polarizada por Manaus;
4) Itacoatiara–Parintins (área: 75,9 mil km2; população: 186,7 mil; PIB: US$
399,2 milhões; PIB per capita: US$ 2.138; IDH: 0,557), polarizada por Itacoatiara–
Parintins;
5) Roraima (área: 225,1 mil km2; população: 247,1 mil; PIB: US$ 976,1 milhões;
PIB per capita: US$ 3.950; IDH: 0,728), polarizada por Boa Vista;
6) Trombetas (área: 282 mil km2; população: 264,2 mil; PIB: US$ 533 milhões;
PIB per capita: US$ 2.018; IDH: 0,517), polarizada por Óbidos–Oriximiná; e
7) Amapá (área: 143,5 mil km2; população: 379,5 mil; PIB: US$ 1.276,2 milhões;
PIB per capita: US$ 3.363; IDH: 0,687), polarizada por Macapá.
Caracteriza-se, por fim, a região incluída na Faixa de Fronteira (área: 1.095,5 mil
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km2; população: 703,3 mil; PIB: US$ 1.698,7 milhões; PIB per capita: US$ 2.415; IDH:
0,577), identificando-se nela os Núcleos de Ocupação (Diagrama 1, III), bases para o
esforço de vivificação e desenvolvimento dessas áreas limítrofes com seis países.
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A região tem 1.435,2 mil km2 (Tabela 1), equivalentes a 16,8% do território brasi-
leiro e a 5,8 vezes o estado de São Paulo.
A PAISAGEM E O HOMEM
Das alturas do Planalto das Guianas, em seu extremo norte, o relevo granítico
descende, em direção ao sul, por patamares residuais sucessivos e degradados, que desá-
guam nas baixas altitudes da longa planície aluvial, definida pelo Solimões e pelo Ama-
zonas. A imensa floresta ombrófila sob clima tropical úmido alteia-se ao porte das árvo-
res na terra firme, camuflando suas ondulações; assombra as várzeas alagadiças; mas não
encobre dos grandes rios o excesso das águas.
1
Como território ultramar da França, a Guiana Francesa integra o território desse país e, portanto, faz parte da
União Européia.
2
A Faixa de Fronteira é a área, de 150 km de largura, paralela à linha divisória do Brasil com os países
limítrofes (Lei n° 6.634, de 02 de maio de 1979, regulamentada pelo Decreto n° 85.064, de 26 de agosto
de 1980).
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É para ela, a Amazônia Setentrional, que aqui se dirige o olhar. Ali, a terra e a
floresta foram fundamente rasgadas somente no Médio Amazonas, a partir do baluarte
setecentista de São José do Rio Negro, hoje Manaus. No mais, elas persistem conserva-
das, salvo por umas poucas cicatrizes mais rasas e esparsas.
O olhar que vê, neste estudo, essa região não é flibusteiro, predatório. Tampouco é
inerte, contemplativo. Ninguém em bom juízo defende seja a dilapidação do patrimônio
natural da Amazônia, seja sua preservação em santuário. Ninguém deseja nem exterminar
raças e corromper culturas prístinas, nem purificá-las e imaculá-las em total isolamento.
Essas são alternativas radicais e insensatas.
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M A PA 1
Amazônia
Setentrional G U IAN A
O saber sobre a Amazônia avançou muito no século XX. Sobre ela, porém, sabe-se
tanto quanto se ignora. Impõe-se, assim, cautela para que ali não se rompam e feneçam,
em imensurável perda, seus complexos ciclos de vida.
O DESENVOLVIMENTO RECENTE
Com 2.690,1 mil habitantes em 1996 3 , a Amazônia Setentrional teve, entre 1970 e
1996, elevado crescimento populacional: média anual de 4,2% (Tabela 1), superior às da
região Norte (3,9%) e do Brasil (2%)4. Mesmo quando excluído o município de Manaus,
com 43% da população regional e expansão demográfica de 5,2% ao ano, o crescimento se
mantém elevado (foi de 3,6% nesse mesmo período). Com Manaus, ele foi fortemente
decrescente ao longo do tempo: caiu de 5,2% na década de 1970 para 3,9% na de 1980 e
3,1% em 1990-1996; sem Manaus, a queda foi mais suave (de 3,9% para 3,5% e 3,3%,
respectivamente). A participação da população da Amazônia Setentrional na região Norte
é de 24% (inclusive Manaus) e de 13% (exclusive Manaus); no Brasil, de 1,7% e 1%.
Com densidade de 1,9 habitante por km2, comparada com 2,9 habs./km2 na região
Norte e 18,4 habs./km2 no Brasil, a Amazônia Setentrional ainda é um vazio demográfico.
Esse indicador reduz-se para 1,1 hab./km2 quando o município de Manaus (com densidade
de 101 habs./ km2) é excluído.
3
Doravante, quando não expressamente indicado, todos os dados e indicadores apresentados neste Capítulo 1
são relativos a 1996.
4
A região Norte é integrada pelos estados do Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e
Rondônia.
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A densidade econômica regional, com PIB por km2 de US$ 8.391, equivale a 87%
da observada na região Norte e a apenas 9% da brasileira. Excluído o município de Manaus,
ela cai para US$ 2.675 por km2. O mesmo ocorre com a densidade industrial, relativamen-
te elevada em comparação ao Norte (PIBs industriais por km2 de US$ 3.009 e de US$
2.406, respectivamente), mas cinco vezes menor que essa última (US$ 480/km2) quando o
município de Manaus é desconsiderado.
5
Ele foi superior ao brasileiro em 1990 (Tabela 3), antes da crise que se abateu sobre a indústria incentivada da
Zona Franca de Manaus com a liberalização da economia brasileira a partir desse ano (Tabela 3)
6
Pode-se dizer que o PIB per capita da Amazônia Setentrional sem Manaus está no mesmo nível daquele do
Nordeste, que foi de US$ 2.423 nesse mesmo ano (1996).
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equivale a 3,7 vezes o PIB rural ou da agropecuária (essa relação é, para o Brasil, de 3);
excluído Manaus, ele se reduz para US$ 3.101, sendo 2,1 vezes mais elevado do que o
rural.
Tanto com Manaus quanto sem Manaus, o PIB per capita da Amazônia Setentrio-
nal cresceu mais, entre 1970 e 1996, que o brasileiro: a taxas médias anuais de 3,1% e
2,6%, respectivamente, comparadas com 2,5% para o Brasil (Tabela 1).
Em síntese, pode-se dizer que a Amazônia Setentrional não é, a rigor, uma região
subdesenvolvida: é, antes, não-desenvolvida, ou seja, escassamente ocupada. Revelou-se,
relativamente ao país, bastante dinâmica, demográfica e economicamente, ao longo das
últimas décadas, apresentando evolução social igualmente satisfatória. Quando, porém,
se exclui dela o município de Manaus, reduz-se sensivelmente seu dinamismo, o PIB per
capita cai para níveis nordestinos (menos da metade do brasileiro) e o IDH, embora tenha
avançado, ainda é baixo.
CONDICIONANTES
O que se segue procura abordar essas restrições, que serão vistas como panos de
fundo na formulação de uma proposta de estratégia de desenvolvimento para a região que
possa servir de referencial básico à atuação, de natureza sub-regional e local, do Programa
Calha Norte.
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A tarefa do país nesta primeira década do século XXI consiste em vencer esses dois
reptos, inserindo o Brasil em trajetória de desenvolvimento com inserção mais exitosa e
autônoma na economia global, redistribuição de renda e redução da pobreza, além de mais
dinâmica e intensa integração nacional.
VETORES DE INTERNACIONALIZAÇÃO
As atuais transformações por que vem passado a economia mundial nos últimos
anos estão induzindo o Brasil a grandes transformações estruturais.
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Essa substituição está tendo curso no Brasil desde a década passada. Através da
desregulamentação econômica, da liberalização comercial e, sobretudo, mediante a
privatização em grande escala: seja via desestatização de atividades diretamente produti-
vas, seja através da concessão à iniciativa privada de serviços públicos (em energia, trans-
portes, comunicações) e da gestão do patrimônio que lhes corresponde.
VETORES DE INTEGRAÇÃO
É improvável que a opção por mais mercado e menos governo resulte no chamado
Estado mínimo, espantalho de que se valem os que combatem o ideário liberal contempo-
râneo. Ela poderia, entretanto, vir a dificultar a amplitude e efetividade das ações públicas
visando a mais eqüidade e maior equilíbrio espacial do desenvolvimento, cruciais em
países que, a exemplo do Brasil, apresentam grandes disparidades sociais e regionais.
É de notar-se, a propósito, que, pelo menos até meados dos anos 1990, esse novo
modelo de desenvolvimento, então ainda emergente no país, relegou a segundo plano os
objetivos de integração do mercado interno, adiando a revisão, que só recentemente co-
meçou a configurar-se, da política de redução das disparidades regionais, necessária para
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Estratégia de integração nacional que assuma essa feição deverá voltar suas aten-
ções para o que hoje mais conta na localização das atividades diretamente produtivas: a
existência de um conjunto de condições determinantes da competitividade. Ela deverá
orientar espacialmente os investimentos em infra-estrutura econômica (energia, transpor-
tes, comunicações), recursos humanos (educação e qualificação, combate à pobreza), ci-
ência e tecnologia e meio ambiente, atuando de modo a obter inter-regionalmente (de
forma gradual) condições de relativa isonomia competitiva. E criando fatores de atração
locacional muito mais dinâmicos, estáveis e consentâneos à globalização do que reduções
tributárias, geradoras de guerras fiscais autofágicas, ou financiamentos oficiais favoreci-
dos.
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petitivas, de grande parte da demanda nele gerada. E ampliando ao mesmo tempo o grau
de abertura para o exterior, medido tanto pelas exportações quanto pelas importações, de
modo a maximizar os ganhos obtidos com o comércio internacional.
A OPÇÃO AMAZÔNICA
Essa inserção deverá ser capaz de introduzir a região, mais ativa, dinâmica e efi-
cazmente, no comércio exterior (inter-regional e internacional), nos fluxos de investimen-
tos externos e, em geral, nas finanças nacionais e internacionais. E de assegurar-lhe parti-
cipação mais ampla, como área receptora, no turismo nacional e internacional.
Para viabilizar essa inserção, o perfil produtivo regional deve acentuar a tendência
já revelada para a especialização em determinados segmentos produtivos, mas
vocacionando-se para aquelas atividades com maiores vantagens competitivas endógenas,
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DESDOBRAMENTOS ESTRATÉGICOS
Em segundo lugar, para que possa enfrentar os desafios de sua dupla inserção eco-
nômica, a Amazônia deverá deflagrar processo de continuada transformação produtiva
que lhe assegure vantagens competitivas dinâmicas, associado a esforço para ampliar as
exportações, de modo a obter concomitantemente uma maior abertura econômica e níveis
elevados e sustentados de crescimento. E cabe, a partir da nova configuração espacial, já
referida, bem como de concepção logística integrada, expandir e modernizar a infra-estru-
tura econômica básica: através principalmente de eixos de transporte, voltados para a
integração intra-regional e para a inserção regional no país, no Mercosul ampliado e no
mercado global.
Em quarto lugar, a expansão econômica deve voltar-se para o uso produtivo de seu
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vasto patrimônio natural (biótico, mineral), mediante o encontro de duas fronteiras: a fron-
teira dos recursos e a do conhecimento. Ou seja, trata-se de aplicar a ciência e a tecnologia
para o aproveitamento racional (não predatório) de suas riquezas.
MATRIZ INSTITUCIONAL
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O que, nesse contexto, se deve realmente desejar é a prática de democracia que seja
representativa, mas também participativa. E que procure obter, pela participação, conver-
gência de finalidades, objetivos, metas.
COMPATIBILIDADE DE VETORES
Não há disjunção necessária entre esses dois vetores. A convergência deles pode
gerar sinergias potencializadores do desenvolvimento do país.
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RESTRIÇÕES E POTENCIALIDADES
RESTRIÇÕES
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São eles, porém, ônus e rigor necessários para que não se volte a cometer os muitos
pecados ecológicos e extermínios étnicos perpetrados no passado e que pesam hoje nas
consciências coletivas de tantos estados-nações contemporâneos. A civilizada Europa,
por exemplo, destruiu, da Idade Média ao século 18, todas as suas florestas, consumidas
como combustível. Em dois séculos, os Estados Unidos aniquilaram a maioria de seus
índios. E o Brasil não só derrubou, nos tempos coloniais, quase toda a Mata Atlântica,
escravizando e dizimando os povos autóctones, como persiste revelando, hoje ainda, em-
bora em parte contidos, atávicos ímpetos predatórios.
Não há como negar que os objetivos de conservação dos recursos naturais e prote-
ção étnico-cultural podem conflitar com os de ocupação demográfica e expansão produti-
va – e, sob essa ótica, esse conflito, atualizando-se no curto e médio prazos, pode cons-
tranger o crescimento. Há, porém, conciliações possíveis, que devem, em benefício do
progresso de longo prazo, incorporar-se, no caso da Amazônia Setentrional principalmen-
te, à concepção estratégica de seu desenvolvimento.
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M A PA 2
VENEZUELA G U IANA
FR ANC ESA
POTENCIALIDADES
Elas serão apresentadas, com mais detalhes, no Capítulo 6. Cabe aqui apenas res-
saltar a importância da fronteira de recursos, ainda pouco explorada e escassamente ava-
liada: sua importante base mineral; a grande disponibilidade de solos, de várzeas e terra
firme; sua formidável dotação de recursos hídricos; e uma flora e fauna imensas e de
grande diversidade.
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Ela se volta nesta década (2001-2010) para três objetivos, intimamente inter-rela-
cionados.
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pação populacional ordenada e seletiva de seu ecúmeno. Vai muito além deles, porém.
Pois o desenvolvimento é o processo global – econômico, social, político, em síntese, o
processo cultural – de evolução da sociedade, voltado para o atendimento das necessida-
des básicas e o bem-estar coletivo. Processo finalístico, visa concomitantemente a vários
objetivos: econômicos (mais eficiência, mais produção, ou seja mais crescimento); soci-
ais (mais bem-estar, mais eqüidade, a partir da igualação de oportunidades); políticos
(mais liberdade, cidadania plena). A dimensão ambiental, já explicitada no que respeita
ao crescimento, transmite ao desenvolvimento a conotação de eco-sustentável, que lhe é
essencial. Mas o desenvolvimento, sendo processo global, pede conceito ampliado de
sustentabilidade: não apenas ambiental, mas também, econômica, social, política. Con-
ceito esse que equivale ao de desenvolvimento humano, amplamente humano. Ou para
sublinhar também a dimensão ambiental, à noção de ecodesenvolvimento humano.
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Amazônia.
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ÁREAS ESTRATÉGICAS
I – Rio Negro;
II – Japurá–Solimões;
III – Manaus;
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M A PA 3
VENEZUELA
G U IANA
G U IANA
ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM São G abriel ENTIDADE M ETA
da C ach oeira 4:00hs 8:00hs M ENSAL
R O R A IM A
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 A M A-PÁ 13.616,00
CO LÔ M BIA
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana Rus 95 TR O M B E TA S
808,45 - 808,45
IO N EG R O
M acap á
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
M A NA U S
5 U nião das M ães Espíritas MJAPURÁ
arília - Barbosa
SO LIM ÕES
230
ITA CO AT IA RA - - 3.914,6 0 3.914,6 0
PA RINT INS
6 Inspe toria Laura Vicu nã
Tab atinga
800 6.808,0
Ó bidos 0 - 6.808,0 0
43
O rix im iná
7 A ssociação dos M oradores da C om pensa II 200Parintins 1.702,0 0 - 1.702,0 0
PERU M an aus
8 C lube de M ães Isabel N ogueira Ita co atiara
110 - 1.872,2 0 1.872,2 0
9 Liga Fem inina do E stado do Am azonas - LIFEA 30 255,30 -
B e njam in
60 - 1.021,2 0 1.267,5 0
10 A ssociação dos C omCpanheiro
on sta nt s e A m igos da C om pensa II 200 1.702,0 0 - 1.702,0 0
11 C entro de Form ação Vid a A legre 360 3.063,6 0 - 3.063,6 0
12 P olícia M ilitar do A m azonas 30 255,30 -
120 - 2.042,4 0 2.297,7 0
13 A ssoc. de O bras S ociais de S ão José de B elo H o rizon te 1114 9.480,1 4 -
266 - 4.527,3 2 14.007,46
14 S ecretaria M un icipal de A ssistência S ocial - S EM AS 895 15.232,90 15.232,90
TO TAL GERAL 6.380 68.845,41
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
IV – Iacoatiara–Parintins;
V – Roraima;
VI – Trombetas; e
VII – Amapá.
RIO NEGRO
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ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE M ETA
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
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V E N EZ U E LA G U IA N A
B oa Vista G UM
IAETA
NA ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco RORAIMA 240 2.042,4 0 AMAPÁ
- 2.042,4 0
C O LÔ M B IA
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 -
M acapá 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
B elém
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
M anaus
53
V E N EZ U E LA G U IA N A
G UM
IAETA
NA ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
C O LÔ M B IA
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
B elém
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
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V E N EZ U E LA G U IA N A
GM
U IA NA ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE ETA
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1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
C O LÔ M B IA
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
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ORDEM ENTIDADE ETA
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
C O LÔ M B IA
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
57
Com 333,9 mil km2 (23% da Amazônia Setentrional) e população de 69,8 mil habi-
tantes (1996 7 ), correspondendo a apenas 2,6% da norte-amazônica, a Área Estratégica Rio
Negro tem baixíssima densidade demográfica (apenas 2 habitantes por cada 10 km2) e
baixa taxa de urbanização (41%).
O crescimento demográfico, lento nos anos 1970 (1,7% anual), acelerou significa-
tivamente na década de 1980 (5,3%), mas declinou entre 1990 e 1996 (para 1,8%). O PIB
da Área é de US$ 107,9 milhões (dólares de 1998), gerado dominantemente por atividades
extrativo-vegetais, com o PIB da agropecuária representando 74% do PIB total.
A Área Rio Negro tem densidade econômica muito baixa (PIB por km2 de US$
323), baixo PIB per capita (US$ 1.547) e baixo dinamismo econômico relativamente à
Amazônia Setentrional (crescimento do PIB de 4,4% anuais em 1970-1996, comparado
com 7,4%). Houve, entretanto, aceleração no ritmo da expansão econômica entre 1990 e
1996, devida a desempenho mais intenso das atividades extrativistas e à emergência de
comércio de bens de consumo com a Colômbia.
Os indicadores sociais dessa Área Estratégica são em geral baixos, especialmente
os educacionais. A esperança de vida ao nascer é de 62 anos, próxima da brasileira (63
anos), o que ocorre, em geral, em toda a Amazônia; a taxa de mortalidade infantil, de 46
por mil nascidos vivos, equivale à da Amazônia Setentrional; mas a taxa de analfabetismo
da população de 15 anos e mais, de 36% é elevada (a da região é de 19%); e o número
médio de anos de estudo da população de 25 anos e mais, de 2,5 (região: 4,7).
O Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, é de 0,489 (Brasil: 0,742; região:
0,669).
O Rio Negro é um virtual vazio demográfico e econômico. A população e o PIB
cresceram mais lentamente nas últimas décadas do que os da Amazônia Setentrional, mes-
mo que dela se exclua Manaus. Seu PIB per capita é um terço do brasileiro e é insuficiente
seu nível de desenvolvimento humano.
7
Doravante, quando não referido, o ano de referência dos dados e indicadores demográficos e econômicos
utilizados neste Capítulo 4 é 1996; o dos indicadores sociais, 1991.
FGV/ISAE
58
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
JAPURÁ–SOLIMÕES
A Área Estratégica Japurá–Solimões ocupa a porção centro-ocidental do estado do
Amazonas e avança, de oeste para leste, pelo interflúvio Japurá–Solimões, seguindo, a
partir Coari, a calha do rio Solimões até o município de Anamã, localizado nas proximida-
des da foz do rio Negro. Ocupada também pela floresta ombrófila densa e exibindo baixa
pressão antrópica, abriga extensas terras indígenas e diversas unidades de conservação.
Oito dos dezesseis municípios da Área encontram-se na Faixa de Fronteira: Japurá,
Tonantins, Santo Antônio do Içá, Amaturá, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Benjamim
Constant e Atalaia do Norte. Japurá, Santo Antônio do Iça e Tabatinga são fronteiriços à
Colômbia; Benjamim Constant e Atalaia do Norte, ao Peru.
Com área de 322,4 mil km2, a segunda maior dentre as Áreas Estratégicas (22% da
Amazônia Setentrional), e população de 273 mil habitantes (10% da regional), tem baixa
densidade populacional (8 habitantes por cada 10 km 2) e taxa de urbanização de 46%. O
crescimento demográfico, relativamente modesto nas décadas de 1970 e 1980 (2,6% e
2,8% anuais), elevou-se para 4,5% ao ano em 1990-1996, tendo sido, no período 1970-
1996, de 3,1% ao ano, inferior ao observado na região como um todo (4,2%).
O PIB, de US$ 309,3 milhões, é o segundo menor dentre as Áreas Estratégicas, e
cresceu, no período 1970-1996, a 4,3% anuais, desempenho inferior tanto ao da Amazô-
nia Setentrional quanto ao do Brasil.
Japurá–Solimões tem o menor PIB per capita da região: US$ 1.133, com cresci-
mento anual de 1,1% em 1970-1996 (mais elevado nos anos 1970 e virtualmente estagna-
do no período 1980-1996). Diferentemente do que ocorre no Rio Negro, o PIB urbano
(indústria mais serviços), embora em regressão, supera o PIB rural (agropecuária).
Os indicadores sociais de Japurá–Solimões também são em geral baixos. A espe-
rança de vida ao nascer é de 64 anos, melhor que a brasileira, o mesmo ocorrendo com a
taxa de mortalidade infantil, de 39 por mil nascidos vivos, revelando, mais uma vez, a
higidez relativa da população do interior amazonense. Mas a taxa de analfabetismo da
população de 15 anos e mais, de 46%, é elevada (região: 19%); e o número médio de anos
de estudo da população de 25 anos e mais, de somente 2 (região: 4,7).
O Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, é de 0,462, o mais baixo da região
norte-amazônica.
FGV/ISAE
59
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
MANAUS
A Área Estratégica Manaus, que abriga o município da capital amazonense, maior
pólo urbano-industrial da Amazônia, ocupa território de 52,4 mil km2, correspondendo a
4% do norte-amazônico. Sua densidade demográfica, de 24 habitantes por km2, é superior
à brasileira. A população, de 1.269,8 mil, cresceu aceleradamente no período 1970-1996
(taxa média anual de 5%, superior à regional), embora essa expansão venha decrescendo
(de 6,6% ao ano na década de 1970 para 2,9% em 1990-1996). Esse aumento da popula-
ção ocorreu pari passu a rápida urbanização, cuja taxa se elevou de 81% em 1970 para
96% em 1990, desempenho que reflete essencialmente o verificado no município de
Manaus, que detém 91% da população da Área.
O PIB dessa Área Estratégica, de US$ 8.441,1 milhões, gera densidade econômica
de US$ 161 mil, concentra-se na indústria (44%) e nos serviços (55%) e explica PIB per
capita de US$ 6.648, 32% maior que o brasileiro. O IDH, de 0,756 também supera o
nacional, a esperança de vida é de 63 anos, a taxa de mortalidade infantil, de 45 por mil
nascidos vivos, a taxa de analfabetismo, de 10%, e o número médio de anos de estudo, de
6, sendo todos esses indicadores superiores aos brasileiros. Desnecessário é observar que
o município de Manaus apresenta indicadores ainda melhores do que os da Área que pola-
riza e comanda.
O crescimento e desenvolvimento recentes dessa Área Estratégica deveram-se es-
sencialmente ao surto de industrialização incentivado pela Superintendência da Zona Franca
de Manaus. A capital amazonense viveu, nos anos 1970, grande surto de progresso, com a
instalação de indústrias sofisticadas, beneficiadas com o estímulo da isenção do imposto
de importação para seus componentes, além de outros incentivos. Tornou-se enclave in-
dustrial moderno, voltado em particular para a eletrônica de consumo e orientado para o
mercado nacional. Seu crescimento econômico, contudo, de 17% ao ano na década de
1970, caiu para 4,4% nos anos 1980, em virtude da crise brasileira da chamada década
FGV/ISAE
60
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
perdida, e sofreu duro golpe no início do decênio passado com a abrupta liberalização,
pelo Brasil, das importações do exterior.
Relativamente à região, o município de Manaus é uma ilha no que respeita ao nível
alcançado por seu desenvolvimento, que sequer se transmite para os outros quatro municí-
pios da Área (dentre eles, apenas Presidente Figueiredo e Iranduba têm PIB per capita
superior ao da Amazônia Setentrional, se dela excluído Manaus).
ITACOATIARA–PARINTINS
Itacoatiara–Parintins ocupa a porção nordeste do estado do Amazonas, situando-se
às margens do rio Amazonas. Depois de Manaus e do Amapá, é a região de maior pressão
antrópica relativa, atual e potencial, que se faz mais intensa em Itacoatiara e na foz do rio
Uatumã. Dois de seus municípios, Urucará e Nhamundá, têm partes de seus territórios na
Faixa de Fronteira.
É a segunda menor das Áreas Estratégicas da Amazônia Setentrional (depois de
Manaus), com 75,9 mil km2. Tem 186,7 mil habitantes, densidade demográfica de 2,5
hab./km2, superior à da região, e taxa de urbanização de 63%. Seu crescimento demográfico,
relativamente baixo no período 1970-1996 (2,2% anuais), elevou-se significativamente
em 1990-1996 (para 3,4% anuais), refletindo a aceleração populacional ocorrida, concen-
trada em Parintins e Iacoatiara.
O PIB da Área, de US$ 399,2 milhões, cresceu, no período 1970-1996, a 5,1%
anuais, ritmo inferior ao regional. As atividades econômicas primárias respondem por
45% do PIB, os serviços, por 36% e a indústria, por 19%. São de nível médio a densidade
econômica (PIB de US$ 5,3 mil por km2) e a densidade industrial relativas (PIB industrial
de US$ 988/km2).
O PIB per capita de Itacoatiara–Parintins é de US$ 2.138, e seu crescimento médio
anual, em 1970-1996, foi de 2,7%. O PIB per capita rural, menor do que o urbano em 1970
(US$ 728, comparados com US$ 1.670), superou o urbano em 1996 (eles foram de US$
2.614 e de US$ 1.858, respectivamente), sugerindo a ocorrência de grandes migrações
rurais-urbanas, fenômeno que também ocorreu na Área Estratégica Rio Negro.
Os indicadores sociais dessa Área Estratégica estão em geral em torno daqueles
alcançados pela região quando dela se exclui o município de Manaus (salvo no caso da
alfabetização, que lhe é superior). A esperança de vida ao nascer é de 62 anos; a taxa de
FGV/ISAE
61
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
RORAIMA
O estado de Roraima forma a quinta Área Estratégica proposta. Ocupa o extremo
norte do país, estando parcialmente encravado entre a Venezuela e a Guiana. Todos os
seus quinze municípios são fronteiriços ou têm partes de seus territórios na Faixa de Fron-
teira.
O quadro fitoecológico da Área é variado. Em suas porções norte-ocidental e sul-
oriental, predomina a floresta ombrófila densa; na parte norte-oriental, as savanas estépicas
e o cerrado, também presentes no centro de seu território, de permeio a espaços de tensão
ecológica. Somente o sudoeste de Roraima e sua parte centro-oriental (onde se encontra a
capital, Boa Vista) são espaços livres para a ocupação demográfica e produtiva, pois as
demais subáreas estão legalmente preservadas, sendo constituídas principalmente por ter-
ras indígenas.
Com 225 mil km 2 e população de 247,1 mil, Roraima tem baixa densidade
populacional (1,1 hab./km2) e taxa de urbanização de 70%. O crescimento demográfico,
elevado e crescente nos anos 1970 e 1980 (taxas anuais de 6,8% e 10,4%, respectivamen-
te), decresceu para 2,6% ao ano em 1990-1996. Foi, porém intenso (de 7,2% ao ano), se
tomado todo o período 1970-1996.
O PIB do Estado, de 976,1 milhões, cresceu a 10% ao ano no período 1970-1996, o
que se deve ao desempenho obtido nas décadas de 1970 (crescimento de 11,2% anuais) e
de 1980 (14,4%), explicado sobretudo pela expansão, desordenada, do garimpo, contida
por medidas governamentais no começo da presente década. Entre 1990 e 1996, Roraima
cresceu a apenas 1,2% anuais. A performance econômica de Boa Vista, que responde por
82% do PIB do Estado, comandou essa evolução e também explica a elevada participação
dos serviços na formação da renda estadual, que é de 76%, seguida pela da indústria, de
22%. São de nível médio a densidade econômica relativa (PIB de US$ 4.337/km2) e a
FGV/ISAE
62
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
TROMBETAS
A Área Estratégica Trombetas é integrada pelos nove municípios do estado do Pará
situados ao norte do rio Amazonas, quatro deles – Faro, Oriximiná, Óbidos e Almeirim –
situados na Faixa de Fronteira (com a Guiana e o Suriname). Trombetas é ocupada domi-
nantemente pela floresta ombrófila úmida (além de área de savanas), estando em grande
parte ocupada seja por unidades de conservação, seja por terras indígenas (Mapa 2).
Com 282 mil km2 e população de 264,2 mil, a Área tem baixa densidade demográfica
(menos de 1 hab./km2) e grau de urbanização de 46%. O crescimento demográfico, eleva-
do no decênio 1970 (5,4% anuais), decresceu no período 1980-1996, quando foi inferior a
1% ao ano. Entre 1970 e 1996, foi, em média, de 2,4% ao ano, o mais baixo registrado
entre as Áreas Estratégicas da Amazônia Setentrional.
FGV/ISAE
63
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
O PIB de Trombetas, de US$ 533 milhões, cresceu a taxas elevadas nos anos 1970
(devido a dois grandes projetos, então em implantação, um deles de extração de bauxita
no vale do rio Trombetas e o outro, o Projeto Jari, de produção de celulose, exploração de
caulim e bauxita e de cultivo do arroz), estagnou nos anos 1980, mas apresentou alguma
recuperação em 1990-1996. No período 1970-1996, contudo, seu crescimento foi eleva-
do: de 6,3% anuais. As atividades agropecuárias representam 46% do PIB, a indústria,
7%, e os serviços, 47%. São baixas tanto a densidade econômica da Área (PIB de US$
1.890/km2) quanto a densidade industrial (PIB industrial de US$ 142/km 2).
O PIB per capita, de US$ 2.018, cresceu a 3,9% anuais no período 1970-1996 (ex-
pansão devida essencialmente à verificada no decênio de 1970), com o PIB per capita
urbano, de US$ 2.387, superando o rural (US$ 1.704).
Trombetas apresenta IDH relativamente baixo, de 0,517, que reflete PIB per capita
e níveis educacionais inferiores aos regionais. A esperança de vida é de 63 anos, a morta-
lidade infantil, de 43 por mil nascidos vivos. Mas o analfabetismo, alcançando 25% da
população de 15 anos e mais, é mais elevado do que o da Amazônia Setentrional; e o
número médio de 3 anos de estudo é menor do que o da região, mesmo quando dela se
exclui Manaus.
Embora com bom potencial de desenvolvimento, inclusive em decorrência de sua
localização, a Área Estratégica Trombetas ainda não se recuperou da crise vivida na déca-
da de 1980. Apresenta, depois do Japurá–Solimões e Rio Negro, os níveis mais baixos de
desenvolvimento.
AMAPÁ
O estado do Amapá tem dezesseis municípios, dos quais oito se encontram total ou
parcialmente na Faixa de Fronteira com a Guiana Francesa e o Suriname (Oiapoque,
Calçoene, Amapá, Pracuúba, Ferreira Gomes, Serra do Navio, Pedra Branca do Amapari e
Vitória do Jari). A floresta ombrófila úmida densa domina a parte ocidental do Estado,
com áreas de transição, cerrados, campos e várzeas sendo mais freqüentes ao longo da foz
do rio Amazonas e do litoral atlântico. A pressão antrópica é mais intensa a sudeste e na
parte central da Área.
Com 143,5 mil km2 e população de 379,5 mil, o Amapá tem densidade demográfica
de 2,6 habs./km2 e taxa de urbanização de 87%, superada somente pela Área Estratégica
FGV/ISAE
64
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
FGV/ISAE
65
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
8
Santarém é, na verdade, o pólo dessa Área, detendo o segundo grau na hierarquia urbana regional. Seria de se
examinar sua inclusão na área de atuação do Programa Calha Norte dada sua grande influência sobre essa Área
Estratégica e sobre a vizinha Itacoatiara–Parintins.
FGV/ISAE
66
M A PA 9
V E N EZ U E LA G U IA N A
G UM
IA N A ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE B oa V ista
ETA
4:00hs 8:00hs M ENSAL
Am apá
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
Serra do N avio
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
C O LÔ M B IA Barcelos
3 S ociedade Eu nice W eaver de MSãoana usda Cachoeira
Gabriel 95 808,45 M acapá- 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 Orixim iná
- 3.914,6
Laranjal
0 3.914,6
Belém
0
Ób id os
do Jari
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
67
F on te : IBG E, IP E A
FGV/ISAE
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
VII – São Gabriel da Cachoeira (Área Estratégica Rio Negro), a noroeste de Manaus
e hoje pólo também de quarto grau (na Faixa de Fronteira com a Colômbia e a Venezuela),
vocacionado para as atividades extrativas e comerciais.
INTERAÇÕES INTRA-REGIONAIS
FGV/ISAE
68
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
A distância (entre duas massas, ou pólos) está medida, em km, seja em linha reta,
seja pelo percurso rodofluvial considerado melhor e mais confiável.
A lógica dos modelos de interação de massas reza que os pólos geram e captam
energias de outros pólos em função direta de suas massas e inversa das distâncias que os
separam. E que essa energia é determinante dos fluxos potenciais (de pessoas, bens, servi-
ços, comunicações) entre eles. Esses fluxos potenciais, se superiores aos fluxos reais efe-
tivamente mensurados, podem indicar, por exemplo, que há, entre dois ou mais pólos,
obstáculos à fluidez nos sistemas e serviços de transportes ou de comunicações que os
interligam. Ou ainda que insuficiências ou desigualdades de renda estão inibindo o movi-
mento das pessoas ou a expansão do comércio interpolos. Nesses casos, os fluxos poten-
ciais poderiam ser atualizados mediante, por exemplo, maior disponibilidade de infra-
estrutura e serviços de transportes e comunicações, ou mais crescimento com melhor dis-
tribuição de renda.
FGV/ISAE
69
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE M ETA
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
70
V E N EZ U E LA SU R IN A M E G U IA N A
G UM
IAETA
NA ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
C O LÔ M B IA
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
R io N e g ro Tro m b e ta s
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6
B e lé m
0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
71
F = PiPj /dij2,
Nela, são consideradas massas as populações (1996) de cada uma das Áreas, com
as distâncias entre os seus Pólos sendo medidas em linha reta. Os dados obtidos estão
normalizados, considerando-se o valor verificado para a interação entre Manaus e Belém
igual a 1.000. Eles indicam, portanto, a importância relativa dos fluxos potenciais passí-
veis de ser gerados, entre as Áreas, pelas pessoas (viagens, chamadas telefônicas, dentre
outros). O Mapa 10 retrata essas interações, classificadas por faixas de intensidade.
I – que são fortes (índice maior do que 500) as interações entre a região metropoli-
tana de Belém e a Área Amapá, Manaus e Itacoatiara–Parintins, Belém e Manaus, Manaus
e Trombetas, Itacoatiara–Parintins e Trombetas, Belém e Trombetas e Manaus e Roraima,
mencionadas em ordem decrescente de intensidade;
II – que são médias (com índices entre 500 e 50) as interações entre as Áreas Manaus
e Amapá, Amapá e Trombetas, Manaus e Japurá–Solimões, Belém e Itacoatiara–Parintins,
Belém e Roraima, Manaus e Rio Negro, Amapá e Itacoatiara–Parintins, Roraima–Trom-
betas, Roraima–Itacoatiara–Parintins, Belém–Japurá–Solimões e Roraima–Amapá, tam-
bém apresentadas em ordem decrescente.
FGV/ISAE
72
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
No cálculo dessas interações, as massas correspondem aos PIBs para 1996 de cada
uma das Áreas, com as distâncias entre seus pólos sendo medidas em km, pela ligação
rodofluvial mais viável. Os dados estão normalizados segundo o mesmo critério da Tabe-
la 10 (interação entre Belém e Manaus igualada a 1.000).
II – são médias (índices entre 200 e 25) as interações entre Belém e Trombetas,
Manaus e Roraima, Belém e Itacoatiara–Parintins, Amapá e Trombetas, Itacoatiara–
Parintins e Trombetas e Belém e Roraima, com as demais interações sendo fracas (índices
menores do que 25).
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
ATENDIM ENTO VALO R
ORDEM ENTIDADE M ETA
4:00hs 8:00hs M ENSAL
1 ISM A - O bras S ociais de São josé O p erá rio do A leixo 1600 13.616,00 - 13.616,00
2 ISM A - Pró M enor D om B osco 240 2.042,4 0 - 2.042,4 0
3 S ociedade Eu nice W eaver de M ana us 95 808,45 - 808,45
4 S erviço M issionário d o A ma zona s 30 - 510,60 510,60
5 U nião das M ães Espíritas M arília Barbosa 230 - 3.914,6 0 3.914,6 0
6 Inspe toria Laura Vicu nã 800 6.808,0 0 - 6.808,0 0
74
SU R IN A M E G U IA N A
V E N EZ U E LA
F R AN C E SA
E = PiPj /dij,
O Mapa 12, que retrata as dominâncias dos dois macropolos amazônicos sobre os
municípios da região, exprime bem essa energia gravitacional manauara, que se deve mais
a sua localização central do que propriamente a sua massa média (ou seja, demográfico-
econômica), inferior à da região metropolitana de Belém.
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M A PA 12
SU R IN A M E G U IA N A
V E N EZ U E LA
F R AN C E SA
A FAIXA DE FRONTEIRA
Note-se que sua área total, de 1.095,5 mil km2, corresponde a 76% da Amazônia
Setentrional, mas sua população total (1996), de 703,3 mil, equivale a apenas 46%, se
excluído Manaus e a 26%, incluído Manaus. O PIB, de US$ 1.698,7 milhões (dado de
1996, a dólares de 1998), equivale a 45% do regional sem Manaus e a 14%, com Manaus.
Ou seja, a Faixa de Fronteira apresenta, relativamente ao conjunto da região, tanto densi-
dade demográfica quanto densidade econômica relativamente baixas, porém elas estão
muito próximas das da Amazônia Setentrional, se excluído Manaus.
Ademais, o PIB per capita, de US$ 2.415, equivale a 97% do da Amazônia Setentri-
onal sem Manaus e a 53% com Manaus, sendo menos de metade do brasileiro.
Boa Vista é o maior pólo urbano da Faixa de Fronteira, com população de 165,5 mil
(23% do total dos municípios da Faixa) e PIB de US$ 802,4 milhões (47%). Seu PIB per
capita, de US$ 4.848, aproxima-se do brasileiro, e o IDH, de 0,752, lhe é superior (Tabela
13). Porém, embora localizada na porção centro-norte da região, Boa Vista, incrustada,
como o estado que comanda, entre a Venezuela e o Suriname, interliga-se pobremente seja
com a banda ocidental, seja com a banda oriental da Amazônia Setentrional. Por essa
razão, sua influência tende a circunscrever-se a Roraima.
9
Municípios existentes em 1991, último ano para o qual se dispõe do cálculo do IDH (Tabela 13).
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M A PA 1 3
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Quatro dos cinco Eixos principais conformam uma cruz infletida com vértice em
Manaus, o pólo regional hegemônico. O quinto Eixo principal encontra-se no Amapá. São
eles (Mapa 14):
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
II – a Rodovia Manaus-Boa Vista (BR-174, 785 km), asfaltada, que permite a in-
serção, via rodoviária, de Manaus à Venezuela, através de seu trecho (de 216 km) Boa-
Vista–Paracaíma, na fronteira com esse país (a partir de Caracas, La Guaira, ou de Puerto
Cruz, esse importante Eixo enseja a inserção da região, via marítima, ao Caribe e às Amé-
ricas Central e do Norte);
Os rios navegáveis principais, que complementam esse sistema viário básico como
Eixos secundários, são:
II – o Rio Japurá, com 721 km (no trecho Foz no Solimões–Vila Bittencourt, Nú-
cleo de Fronteira situado no município de Japurá, nos limites com a Colômbia);
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Américas do Norte C aribe
M A PA 14 e Central
GUIANA
FRANCESA
Venezue la SURINAM E
C olôm bia
GUIANA E uropa
S ud e ste
S ul
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
V – o rio Jari (Foz-Cachoeira de Santo Antônio, 150 km), limítrofe entre os esta-
dos do Pará e Amapá.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
No que respeita à energia elétrica, cabe observar que essa restrição ao desenvolvi-
mento norte-amazônico pode ser superada mediante a revisão, já em curso, da matriz
energética regional, o que envolve reorientação das fontes de geração de energia. No caso
da energia de origem hidráulica, não convindo, por constrangimentos de ordem ambiental,
novos grandes projetos, cabe utilizar plenamente o potencial de geração da Usina Hidrelé-
trica de Cachoeira Porteira (700 MW) e explorar a produção de energia gerada por peque-
nas unidades hidrelétricas, com sistemas de distribuição isolados, beneficiando um ou
mais municípios. O gás natural de Urucu (rio Tefé), conduzido por duto até Coari e ali
liquefeito, poderá ser utilizado em novas unidades termelétricas em Manaus e nas maiores
cidades da região, pela indústria e por veículos automotores. Outras fontes energéticas
alternativas são: (1) a importação de energia da usina hidrelétrica de Guri, Venezuela (15
mil MW), não apenas para Boa Vista, mas mediante linha de transmissão que, interligan-
do aquela usina à de Balbina, permita sua utilização na Área Estratégica Manaus; e (2) o
aproveitamento da biomassa (a partir de culturas perenes, complementadas por extrativismo
racional e não-predatório) para a produção de metanol, álcool, óleos vegetais, tortas, ba-
gaços e cascas, combustíveis substitutos da gasolina e dos óleos diesel e combustível.
Essa interligação apenas de transporte superficial deve ser complementada seja por
serviços privados (empresas de porte médio) de transporte aéreo interurbano que enseje o
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
rápido e regular deslocamento de passageiros e cargas mais nobres – quase sempre envol-
vendo grandes distâncias –, seja por serviços, igualmente privados e eficientes, de comu-
nicações interurbanas. Dotar a região desses serviços, reduzindo o hiato competitivo exis-
tente entre ela e o restante do país, deve ser o objetivo principal de estratégia para as
cidades, considerada sua vertente interurbana.
II – Iauretê, no rio Uapés, Vista Alegre, no rio Içana, e Cucuí, no rio Negro, todos
eles localizados no município de São Gabriel da Cachoeira e referidos a esse Pólo, os dois
primeiros na fronteira com a Colômbia e o último, com a Venezuela;
FGV/ISAE
90
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
RECURSOS HUMANOS
A despeito dos progressos obtidos nas últimas décadas, ainda é baixo o nível de
desenvolvimento humano alcançado pela Amazônia Setentrional.
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M A PA 1 5
O que, porém os indicadores sociais revelam é que os dois maiores problemas soci-
ais da região são a qualidade de seus recursos humanos e a incidência de pobreza, ambos
intimamente associados aos níveis educacionais e de qualificação da população.
Note-se finalmente que, embora os dados sobre pobreza crítica para a Amazônia
sejam muito precários, sabe-se que, no meio urbano, as incidências de pobres, em 1997,
foram de 43% na região Norte, 47% no estado do Pará, 41% no estado do Amapá, 40% no
Amazonas, 36% na região metropolitana de Belém e 21% em Roraima. Essas incidências
são quase sempre muito mais elevadas do que as do Brasil metropolitano (21%) e urbano
(19%) e, na maioria dos casos, superiores às do Nordeste (Nordeste metropolitano: 30%,
Nordeste urbano: 31%).
FGV/ISAE
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
EDUCAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
Para alcançá-lo, cabe, a curto e médio prazos, elevar a qualidade do ensino funda-
mental (primeiro grau) e universalizá-lo, criando condições objetivas para a aquisição das
competências a partir das quais se torne possível desenvolver habilidades técnico-profis-
sionais mínimas.
Este último objetivo na verdade transcende a escola, tal como ela está instituída.
De uma parte, porque a grande maioria das famílias – sobretudo aquelas cujos pais
têm baixo nível educacional e as mais pobres – não dispõe dos meios para exercer, em sua
plenitude, o papel de socialização dos filhos, que se transfere para a escola. E porque a
sociedade regional como um todo incorporou, de modo incompleto, desigual e
desestruturado, os chamados valores da modernidade, seja na organização do trabalho,
seja na vida cotidiana.
Não se trata, portanto, de continuar a reproduzir a escola que se tem hoje. Nem de
dotá-la de mais recursos financeiros, obtendo, com eles, melhorias apenas marginais, além
de lentas, nas qualidades do ensino e do produto educacional.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Essa nova escola deve propiciar, no primeiro grau, formação que assegure rápido
desenvolvimento cognitivo, racionalidade instrumental, autonomia individual balizada
pelos valores da coesão social, capacidade de empreendimento e inovação. Deve estar
dotada dos requisitos básicos da oferta educacional: instalações, equipamentos, material
didático, capacidade docente. Deve ser gerida eficientemente, de forma descentralizada,
com a participação da comunidade. Deve adotar processo contínuo de atualização peda-
gógica e curricular, avaliar permanentemente resultados, estimular o melhor desempenho
e a sadia emulação entre professores e entre alunos.
Nessa nova escola, o jovem educando, concluída sua educação básica, estará
instrumentalizado seja para continuar sua formação nas universidades, seja para adquirir
no sistema de qualificação, mais eficaz e rapidamente, o treinamento profissionalizante
complementar de nível médio que escolher. Ele terá, sobretudo, a capacidade de auto-
aprendizado; as habilidades para inserir-se em organizações produtivas complexas que
exijam dele decisão, iniciativa, organização, interação criativa, inovação; e a autonomia
para conduzir-se com responsabilidade na vida em sociedade.
Em curto prazo, o esforço para superar o hiato educacional das atuais gerações
deve ter como público-alvo a população subeducada mais jovem (entre 14 e 35 anos) e
orientar-se pragmaticamente pelas demandas do mercado de trabalho.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
REDUÇÃO DA POBREZA
Pelo crescimento, gera-se renda e se acumula riqueza, que são apropriadas social-
mente. Ampliar a destinação aos pobres de parcela crescente do fluxo de renda regional
anualmente gerada e do estoque de riqueza por ela acumulada é estratégia de combate à
pobreza que altera na margem a distribuição dos resultados do crescimento. Ou seja, é
menos radical e mais factível politicamente porque não intenta redistribuir a riqueza ante-
riormente formada.
Isto não é certamente viável, entre outros motivos porque há relações de dependên-
cia funcional e complementaridade econômica entre pobres e não pobres, com amplos
efeitos na determinação da renda dos primeiros pela dos segundos. Porém uma maior
participação dos pobres nos resultados do crescimento é estratégia que se deve eleger por
FGV/ISAE
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Por outro lado, dada a alta incidência da pobreza regional, qualquer estratégia eco-
nômica deve ter, como um de seus componentes essenciais, a incorporação dos pobres à
produção e ao consumo, que é condição de viabilidade de crescimento que pretenda, ao
menos em parte, apoiar-se na expansão do mercado interno.
Por essa razão, os pacotes educacionais propostos acima devem dirigir-se com pri-
oridade para a força de trabalho pobre – com o objetivo de formá-la para a vida em socie-
dade crescentemente complexa e para o trabalho mais produtivo em atividades tão diver-
sas como o extrativismo combinado à pequena agricultura de base familiar, o artesanato,
a prestação de serviços urbanos menos exigentes em conhecimento mais especializado.
Treinamento esse que pode ser remunerado por bolsas oferecidas pelos poderes públicos.
No meio rural e menores núcleos urbanos, deve-se procurar reduzir o grau de de-
pendência das famílias pobres do extrativismo tradicional, seja transformando-o em ativi-
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
I – que a opção básica da ação pública voltada para a redução da pobreza é a pro-
moção dos pobres a sujeitos de sua própria ascensão social;
II – que essa opção deve materializar-se na capacitação dos pobres a inserção eco-
nômica minimamente capaz de superar a subrenda e em sua integração na sociedade
envolvente como beneficiários de serviços públicos de qualidade e das redes de proteção
social e segurança individual e coletiva.
Com esses objetivos, cabem ações gerais de governo (em todos os níveis: federal,
estadual, municipal) focalizadas nos pobres, atentas essencialmente para a educação e
qualificação e para a inserção produtiva, que estão intimamente associadas entre si. E
cabem ações específicas, direcionadas a públicos-alvo delimitados e diferenciados, ou
seja, a subconjuntos da população pobre, tais como:
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Na primeira década deste século XXI, a Amazônia Setentrional deve criar, sob a
forma de sistema regional de ciência e tecnologia, as condições suficientes para viabilizar,
de forma sustentada, esse objetivo: através das universidades e outros institutos de ensino
e pesquisa, existentes principalmente nos macropolos urbanos de Manaus e Belém, em
articulação com centros mais avançados de investigação científico-tecnológica, brasilei-
ros e estrangeiros.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Uma área, dentre as citadas, merece tratamento especial, em nível de elevada prio-
ridade: a utilização da biotecnologia como meio para a expansão, em bases competitivas,
de atividades produtivas referidas à dotação regional de recursos naturais. Esse emprego
produtivo tem grandes potencialidades, de que são exemplos:
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
MEIO AMBIENTE
I – na distinção, que é de grau, entre áreas preservadas, aquelas onde devem ser
vedadas novas ocupações e utilizações produtivas de seus recursos de terra, flora e fauna
(parques nacionais e outras áreas legalmente protegidas), e áreas conservadas, aquelas
onde o processo de ocupação demográfica e econômica deve manter-se compatível à re-
novação sustentável dos recursos naturais;
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Com sua atuante presença em toda a região, o Programa Calha Norte já vem desen-
volvendo atuação importante para o objetivo de preservação-conservação ecoambiental
da Amazônia Setentrional. O PCN poderá desenvolver atuação complementar ao Sivam,
tanto na coleta de informações quanto na disseminação do conhecimento produzido pelo
Sistema.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Nas últimas décadas, o boom econômico regional, com seu ápice na década de
1970, foi impulsionado essencialmente pela indústria incentivada da Zona Franca de
Manaus, principalmente a eletroeletrônica de consumo, voltada para o mercado interno
nacional, então protegido por barreiras às importações. Foi grande sua relevância para o
crescimento e o desenvolvimento da Amazônia Ocidental, importante sua contribuição
para a formação de recursos humanos, o estímulo à capacidade de empreendimento, a
expansão do comércio, em suma, o processo de modernização. Essas atividades, porém,
relacionam-se pobremente com a base de recursos naturais da região. E as chamadas in-
dústrias tradicionais, voltadas para a essa base de recursos, cresceram em geral menos
nesses anos – e foi mais lento, a partir da abertura econômica de 1990, seu processo de
transformação produtiva.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
dustrial, que vivenciamos desde fins dos anos 1980, não mais impõe pressões desordenadas
e maciças sobre a Amazônia. Pressões que a emergência, no país e em escala global, de
forte consciência ecológica não vai mais permitir. A utilização de seus recursos poderá e
deverá, pois, ser racional e seletiva.
EXTRATIVISMO E AGROPECUÁRIA
O extrativismo tradicional, em sua forma mais amena, a de coleta, pode ter sua
sustentabilidade agronômica e ecológica. Sua sustentação econômico-social de longo pra-
zo, no entanto, é muito precária, seja por ser lento o processo de reprodução natural de que
ele depende, seja pela produtividade decrescente da mão-de-obra, associada quer à exten-
são crescente das áreas de extração, cada vez mais distantes ou rarefeitas, quer à repetição
rotineira dos métodos e meios de trabalho. Ademais, ele não resiste a expansão rápida,
homogênea e compacta da fronteira agropecuária, onde a terra, e não a floresta, é o fator
de produção certa ou erradamente cobiçado.
Não é à toa, portanto, que o extrativismo tradicional vem perdendo sua importância
na Amazônia Setentrional, ou está determinando situações de virtual estagnação econô-
mica e lento progresso social.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
FGV/ISAE
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
AGRIBUSINESS
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
beneficiamento de parcela da soja que, oriunda do Centro-Oeste, por lá transitar rumo aos
mercados externos, associado ao beneficiamento de grãos ou tubérculos (soja, arroz, man-
dioca), provenientes da própria Amazônia Setentrional.
INDÚSTRIA EXTRATIVO-MINERAL
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Manaus, por seu porte urbano, facilidade de acesso aéreo e os atrativos naturais
circunvizinhos, é a Meca do ecoturismo norte-amazônico. O Teatro Amazonas (1896), o
Mercado Municipal (1883), a Alfândega (1912) são as atrações arquitetônicas da cidade,
tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional. O encontro das águas do rio Negro com as
do Solimões, os passeios à montante do rio Negro, com seus hotéis de selva, as caminha-
das na floresta são atrações ecológicas. Há projetos para instalar, em Manaus e proximi-
dades, o Complexo Turístico de Ponta Negra e o Parque Ecoturístico do Rio Negro.
Parintins, situada em grande ilha no meio do rio Amazonas, atrai, em junho, milha-
res de turistas com seu Festival Folclórico, desfile (e disputa) entre dois bois-bumbás,
Garantido e Caprichoso, agremiações carnavalescas rivais. Silves, Amazonas, também
situada em ilha – próxima ao encontro do rio Urubu com o Amazonas, uma região de
lagos –, é um berço do turismo de selva. Em Presidente Figueiredo há muitas corredeiras
e cachoeiras, passeios na floresta com trilhas demarcadas, além do lago da Hidrelétrica de
Balbina, onde a atração é a pesca do tucunaré.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
O Amapá, relativamente mais acessível, tem várias atrações: o Forte de São José
do Macapá (1782), o passeio de trem pela floresta até a Serra do Navio, a pororoca no rio
Araguari e na vizinha Ilha de Marajó – a maior ilha fluviomarinha do Mundo que é, em si,
uma grande atração 10 , com sua vasta e variada costa fluviomarítima e a rica cultura
marajoara.
10
Marajó não está incluída na área de atuação do PCN. Cabe examinar a possibilidade de sua inclusão nela.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
denado.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
FGV/ISAE
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Intenta-se nesta primeira parte deste capítulo conclusivo uma investigação sobre o
futuro: o futuro possível da Amazônia Setentrional e suas Áreas Estratégicas, visualizado
no final desta década.
Muitas pessoas, contudo, comumente reagem aos estudos sobre o futuro com uma
ponta de riso e um ar de desconfiança. Ao analisá-los, as representações mentais que logo
lhes assaltam o pensamento os associam mais à esotérica bola-de-cristal do que a esforço
sério e sistemático de reflexão, que muitas vezes emprega metodologias complexas e se
apóia em tecnologias avançadas.
Esse ceticismo tem muito do bom senso, sintetizado pela experiência da vida, que
a cada dia comprova ser o futuro imprevisível. Tem muito a ver, também, com a atitude
pouco prudente de alguns pesquisadores que, depois de formular a sua imagem do futuro,
passam a tratá-la com indisfarçável segurança em seu certo acontecer.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
METODOLOGIA
Em terceiro lugar, a construção dos cenários para 2010 tomou como ano-base 1996
(o último para o qual se dispõe de razoável base de dados municipalizada).
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
FGV/ISAE
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
RESULTADOS
Amazônia Setentrional
11
As projeções demográficas, econômicas e sociais para o Brasil em 2010 foram realizadas especialmente para
este estudo. Admitiu-se que a economia brasileira crescerá, em média, 4% ao ano entre 1996 e 2010.
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
FGV/ISAE
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
O PIB total norte-amazônico, por sua vez, crescerá a 7,8% anualmente, elevando a
participação regional no PIB brasileiro de 1,5% em 1996 para 2,5% em 2010. Esse desem-
penho situa-se um pouco abaixo da performance espetacular da região (inclusive Manaus)
nos anos 1970, que explica o elevado crescimento no período 1970-1996 (7,5%). Sem
Manaus, contudo o crescimento regional projetado, de 8,7%, supera tanto o desse período
(6,4%, Tabela 4) quanto o da região em seu todo, indicando gradual mas significativa
interiorização do desenvolvimento. Essa tendência pode ser reforçada com a execução da
estratégia proposta neste estudo. Comportamento semelhante se verifica com o PIB per
capita regional (Tabela 16), que avança de US$ 4.477 em 1996 para US$ 8.722 em 2010,
superando o valor esperado para o Brasil nesse último ano (US$ 7.448). Sem Manaus, o
PIB per capita, de US$ 5.437, embora inferior ao brasileiro, dele aproxima-se rapidamen-
te.
No que respeita aos indicadores sociais, o IDH deverá evoluir de 0,669 em 1996
(90% do brasileiro) para 0,808 em 2010 (95% do brasileiro). Sem Manaus, esse indicador
cai para 0,586 e 0,721, correspondendo, respectivamente, a 79% e 84% do nacional. O
número médio de anos de estudo na Amazônia Setentrional como um todo, por seu turno,
crescerá de 4,7 anos (96% do brasileiro) para 6,2 anos (98%) no mesmo período (Tabela
17). Sem Manaus, a evolução projetada é de 3,5 para 4,5 anos, mantendo-se a participação
de 71% em relação ao brasileiro.
Rio Negro
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SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
75% dos residentes no município de São Gabriel da Cachoeira. Seu desenvolvimento hu-
mano foi impulsionado nas últimas décadas pela ação de governo, com relevante partici-
pação das Forças Armadas, que dotou a região de razoável oferta de equipamentos soci-
ais, voltados precipuamente para as áreas de saúde e educação fundamental. Entretanto, a
base econômica do Rio Negro ainda é pouco expressiva, com as atividades primárias
gravitando em torno de extrativismo e de agropecuária incipientes e rotineiros. Há, é cer-
to, alguns projetos recentes de piscicultura em operação em São Gabriel da Cachoeira,
além de umas poucas indústrias de produtos alimentares e madeireiras, mas suas escalas
de produção são reduzidas. Os serviços, por sua vez, refletem a escassa demanda gerada
localmente, além de algum comércio com a Colômbia. Faz-se portanto necessário um
grande esforço para atrair atividades diretamente produtivas privadas para essa Área Es-
tratégica, cuja importância geopolítica já foi destacada. Esse esforço será grandemente
facilitado com a execução das medidas propostas neste documento, em especial as que
envolvem a ampliação da oferta de energia elétrica, a melhoria dos transportes e comuni-
cações, a educação e a qualificação da força de trabalho e a identificação de oportunidades
produtivas no agribusiness, no turismo e em outros serviços. Seus reflexos podem ser
importantes, seja sobre a ampliação da renda retida localmente pela população, seja sobre
a melhoria do padrão de vida. É de antever-se a acentuação das migrações campo-cidade,
especialmente para São Gabriel da Cachoeira, desejáveis se acompanhadas de melhores
empregos, mais bem-estar para os migrantes, avanço do desenvolvimento humano e con-
dições mais favoráveis de conservação dos recursos naturais. A concentração da popula-
ção nas cidades da Área, que já é uma realidade, deverá elevar a taxa de urbanização para
mais de 90% em 2010, pelas projeções elaboradas (Tabela 15).
Japurá–Solimões
FGV/ISAE
121
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
tamento das reservas de gás natural de Urucu. Seus padrões médios de desenvolvimento
humano, contudo, quando aferidos pelo IDH e pelos níveis educacionais (Tabela 17), ten-
derão a crescer lentamente, em parte talvez devido aos limitados efeitos multiplicadores
das atividades extrativo-minerais que já exibe.
Manaus
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122
SUBSÍDIOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
deverá ocorrer com o PIB per capita, que alcançará US$ 12,5 mil em 2010 (Brasil: US$
7,4 mil). O IDH se elevará de 0,756 em 1991 para 0,871 em 2010, permanecendo no
mesmo nível do brasileiro, e a taxa de escolaridade (anos médios de estudo) se ampliará
de 6 para 9,8 anos, aumentando sua dianteira com respeito à nacional (Tabela 17).
Itacoatiara–Parintins
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rior ao regional e ao brasileiro, Tabela 16). O IDH, porém, evoluirá em ritmo menor que o
brasileiro (sendo de 0,612 em 2010), mas haverá um avanço importante na escolaridade
média (de 3,6 anos para 6,2 anos).
As duas cidades que polarizam essa Área, Itacoatiara e Parintins, estão localizadas
às margens do rio Amazonas, com Itacoatiara estando interligada a Manaus também por
rodovia.
Em Itacoatiara está instalado moderno terminal portuário fluvial, que recebe e dis-
tribui parte da produção de soja e derivados, oriunda de Mato Grosso, mediante a utiliza-
ção do eixo bimodal de transporte formado pela BR-364 e Hidrovia do Madeira. Por essa
razão, abrem-se para a cidade significativas oportunidades de investimentos produtivos
privados (pesca, beneficiamento da soja, agroindústrias e bioindústrias – principalmente,
estas últimas, integrando um pólo bioindustrial secundário ao que poderá emergir em
Manaus, e a ele articulado). A cidade porém carece de oferta adequada de energia, de
recursos humanos qualificados, inclusive com capacidade gerencial, bem como de servi-
ços sociais básicos.
Roraima
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evolução do IDH será mais lenta, porém com os níveis educacionais médios se elevando
proporcionalmente mais do que os regionais e os brasileiros.
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Trombetas
Houve, é certo, razoável mas apenas parcial recuperação do nível de atividade eco-
nômica na Área na década passada. Porém, para que se desenhe trajetória de desenvolvi-
mento mais auspiciosa, serão necessários importantes investimentos públicos em infra-
estrutura de energia e transportes, principalmente, além de saneamento básico, saúde, edu-
cação, qualificação e capacidades gerencial e de empreendimento. E inversões privadas
em atividades diretamente produtivas, voltadas para a diversificação da base econômica.
Amapá
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da presente década. O IDH, de 0,687 em 1996, alcançará 0,929 em 2010, com o nível de
escolaridade se elevando de 4,8 para 9,9 anos médios de estudo no mesmo período.
Em primeiro lugar, trata-se de uma região já com um dos maiores índices de urba-
nização da Amazônia (87%) e com um mercado consumidor concentrado em torno da
cidade de Macapá e capaz de gerar externalidades positivas no uso dos fatores produtivos
regionais. Em segundo lugar, detém um dos melhor preservados ecossistemas do Norte do
país, o que lhe confere indiscutíveis vantagens numa trajetória de progresso que contem-
ple o ecoturismo como um de seus componentes principais. Em terceiro lugar, tem locali-
zação privilegiada, pois está a poucas horas do maior mercado consumidor da Amazônia –
a região metropolitana de Belém – e vai articular-se, por rodovia que em breve estará
pavimentada, à Guiana Francesa, território ultramar francês e, em conseqüência, integran-
te da União Européia.
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Ele foi adredemente elaborado para servir de farol para a atuação, naquela imensa
região, do Programa Calha Norte. Reflete, portanto, preocupações específicas do PCN: a
prioridade conferida à Faixa de Fronteira; o cuidado para que, ao longo daqueles 7.423
km de limites com seis países, se assegurem a incolumidade do território nacional e a
preservação ou conservação de suas muitas riquezas, inclusive seu vastíssimo patrimônio
natural; e, não menos importante, se viabilize o propósito de estabelecer relações cada vez
mais intensas de comércio e, em geral, de cooperação, com nações com as quais o Brasil
mantém estreitos laços de amizade. Vivificando, fertilizando a fronteira.
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Cabe ainda referir que esta proposta, contendo apenas os delineamentos estratégi-
cos para a Amazônia Setentrional no horizonte desta década, embora identifique, caracte-
rize e priorize ações de desenvolvimento, não envereda, por sua própria feição, no
detalhamento de programas e projetos. Ela está sendo complementada por outros instru-
mentos de planejamento, estes sim, de natureza programática e operacional. São eles:
Por último – e não menos importante – acompanha estes Subsídios para uma Es-
tratégia de Desenvolvimento da Amazônia Setentrional proposta de um novo modelo de
gestão para o Programa Calha Norte. Ele pretende tornar ainda mais eficiente, eficaz e
efetiva a atuação do PCN, em particular sua mais expedita inserção na complexa matriz de
instituições, das esferas pública e privada, com responsabilidades relevantes na condução
do processo de modernização da Amazônia do Norte brasileira. Modernização que se ori-
enta para ocupação, demográfica e econômica, seletiva e ambientalmente sustentável. E
que busca a realização do desenvolvimento humano, amplamente humano – em uma só
palavra, o ecodesenvolvimento.
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Ministério da Defesa
Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais
Departamento de Política e Estratégia
Programa
Calha Norte