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ANALÍTICA
QUALITATIVA
Josemere Both
Técnicas experimentais
da análise qualitativa
inorgânica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A química analítica qualitativa trabalha com a identificação de substâncias
por meio de técnicas que utilizam observações do seu comportamento
quando misturadas a outras substâncias que podem formar precipitados,
como as reações de precipitação, mudando de cor devido à formação de
outras substâncias características. Trabalha também com a identificação
por técnicas instrumentais que, por meio de equipamentos muito sofisti-
cados, são capazes de identificar e, até mesmo, quantificar as substâncias.
Neste capítulo, você vai estudar algumas técnicas de análise qualitativa
clássica e instrumental. Essas técnicas possibilitam uma infinidade de
aplicações na indústria, bem como em pesquisas para identificação de
substâncias em matérias-primas, possibilitando, assim, o desenvolvimento
de produtos como os que possuem compostos bioativos que agregam
valor aos alimentos e benefícios à saúde.
2 Técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica
Classificação
Técnicas clássicas
Utilizados para análises esporádicas, com baixo custo, com equipamentos e
vidrarias de fácil aquisição, é possível realizar macroanálises. Os métodos
clássicos são largamente utilizados devido à relativa simplicidade com que
são realizados e à obtenção de resultados confiáveis (BARBOSA, 2014). As
técnicas clássicas podem ser separadas em dois grupos: técnicas de separação
e técnicas de identificação.
Vamos conhecer as técnicas de separação, que são: precipitação, extração
e destilação.
As separações isolam o analito dos constituintes potencialmente interfe-
rentes. Além disso, podem ser completas ou parciais. O processo de separação
envolve o transporte do material e a redistribuição espacial dos seus compo-
nentes. Nota-se que uma separação requer sempre energia, pois o processo
reverso de mistura, a volume constante, é espontâneo, sendo acompanhado
de aumento de entropia (SKOOG et al., 2006). As separações podem ser
preparativas ou analíticas. Focaremos aqui nas separações analíticas, embora
muitos dos princípios também estejam envolvidos nas separações preparativas.
A separação analítica costuma ter por objetivo a eliminação ou redução de
interferentes, de forma que a informação analítica sobre uma mistura complexa
possa ser obtida. As separações também podem permitir a identificação dos
constituintes separados se as correlações apropriadas forem feitas ou se uma
técnica de medida sensível a estrutura for empregada.
4 Técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica
Técnica de titulação
Em química analítica, as titulações são amplamente utilizadas para determinar
ácidos, bases, oxidantes, redutores, íons metálicos, proteínas e muitas outras espé-
cies. Entretanto, os métodos titulométricos incluem um amplo e poderoso grupo de
procedimentos quantitativos baseados na medida da quantidade de um reagente de
concentração conhecida, que é consumido pelo analito. A titulometria volumétrica
envolve a medida necessária de volume de uma solução de concentração conhecida
para reagir essencial e completamente com o analito. A titulometria gravimétrica difere
unicamente em relação ao fato de que a massa do reagente é medida, e não o volume.
Na titulometria coulométrica, o “reagente” é uma corrente elétrica direta constante de
grandeza conhecida que consome o analito. Nesse caso, o tempo requerido (e, assim,
a carga total) para completar a reação eletroquímica é medido.
Técnicas instrumentais
Os métodos instrumentais são geralmente mais rápidos e aplicados na deter-
minação de analitos em concentrações muito mais baixas que a dos métodos
clássicos (BARBOSA, 2014). Neste contexto, alguns laboratórios possuem
instrumentação analítica, que identifica e quantifica seus compostos de interesse
sem fazer uso dos métodos clássicos, porém o uso da instrumentação analítica
tem um custo mais elevado. Podemos citar alguns exemplos: espectrômetro
de absorção ou emissão atômica, espectrômetro ultravioleta, espectrômetro
visível, espectrômetro infravermelho, cromatógrafo, entre outros equipamentos.
Os métodos espectroscópicos atômicos são empregados na determinação
qualitativa e quantitativa de uma variada gama de elementos. Tipicamente,
esses métodos podem detectar quantidades de partes por milhão (ppm) a
partes por bilhão (ppb) e, em alguns casos, concentrações ainda menores. Os
métodos espectroscópicos são, além disso, rápidos, convenientes e geralmente
de alta seletividade.
A espectroscopia se refere à medição do comprimento de onda ou da
intensidade de luz que é emitida ou absorvida por átomos livres. Para fazer
essa medição, é necessário, em primeiro lugar, converter uma amostra em
átomos. Tal processo é automático no caso do hélio e de outros gases nobres,
e é um tanto fácil para o mercúrio, mas pode ser um desafio para alguns ou-
tros elementos. Supondo-se que essa tarefa possa ser realizada, existem duas
formas de fazer a medição. Pode-se analisar a luz que é emitida pelos átomos
Técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica 9
ou examinar a luz que é absorvida por eles. Essas abordagens são conhecidas
como espectroscopia de emissão atômica (AES, do inglês, atomic emission
spectroscopy) e espectroscopia de absorção atômica (AAS, do inglês, atomic
absorption spectroscupy), respectivamente (HAGE; CARR, 2012).
Em todas as técnicas espectroscópicas atômicas, devemos atomizar a
amostra, convertendo-a em átomos e íons em fase gasosa. Na maioria das
vezes, as amostras são apresentadas ao atomizador na forma de solução,
embora algumas vezes introduzamos gases e sólidos. Portanto, o dispositivo
de atomização deve realizar a tarefa complexa de converter as espécies do
analito em solução para átomos ou íons elementares, ou ambos, em fase gasosa.
A Figura 2 representa a produção de átomos, moléculas e íon em sistemas
contínuos de introdução de amostras em um plasma ou uma chama.
Moléculas Íons
a) b)
Detector
Detector Injetor
Sistema para
Bomba aquisição de dados
Aquisição
de dados Coluna
Coluna
cromatográfica
Reservatório
de fase móvel Sistema de injeção Cilindro de gás – fase móvel
ATKINS, P. W. et al. Shriver & Atkins: química inorgânica. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
BARBOSA, G. P. Química analítica: uma abordagem qualitativa e quantitativa. São
Paulo: Erica, 2014.
HAGE, D. S.; CARR, J. D. Química analítica e análise quantitativa. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2012.
OLIVEIRA, M. F. et al. Análise qualitativa. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
ROSA, G.; GAUTO, M.; GONÇALVES, F. Química analítica: práticas de laboratório. Porto
Alegre: Bookman, 2013. (Série Tekne).
SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química e analítica. São Paulo: Thomson, 2006.
SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de análise instrumental. 5. ed. Porto
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