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Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.

º 20 | Maio 2022

Vigilância epidemiológica do sarampo


no Brasil – semanas epidemiológicas
1 a 17 de 2022
Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde
(CGPNI/DEIDT/SVS); Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde (CGLAB/Daevs/SVS).*

O sarampo é uma doença viral aguda e extremamente gra- confirmados 9.325 casos da doença. No ano de 2019,
ve, principalmente em crianças menores de 5 anos de ida- após um ano de circulação do vírus do mesmo ge-
de, pessoas desnutridas e imunodeprimidas. A transmissão nótipo, o País perdeu a certificação de “País livre do
do vírus ocorre de forma direta, por meio de secreções vírus do sarampo”, dando início a novos surtos, com
nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respi- a confirmação de 20.901 casos da doença. Em 2020
rar próximo às pessoas sem imunidade contra o sarampo. foram confirmados 8.448 casos e, em 2021, 676* casos
Além disso, o contágio também pode ocorrer pela disper- de sarampo foram confirmados.
são de aerossóis com partículas virais no ar, em ambientes
fechados como escolas, creches, clínicas, entre outros. Entre a SE 1 a SE 17 de 2022, foram notificados 578 casos
suspeitos de sarampo; desses, 19 (3,3%) foram casos con-
firmados, todos por critério laboratorial. Foram descarta-
Situação epidemiológica dos 342 (59,2%) casos, e permanecem em investigação 217
do sarampo no Brasil (37,5%) (Figura 1).

Após os últimos casos da doença no ano de 2015, o Na curva epidêmica (Figura 1), observa-se maior confirma-
Brasil recebeu em 2016 a certificação da eliminação ção de casos nas semanas epidemiológicas 4, 5 e 9, e, a
do vírus. Nos anos de 2016 e 2017, não foram con- partir da SE 12, um expressivo número de casos suspeitos
firmados casos de sarampo no País. Em 2018 foram permanecem pendentes de encerramento.

60

50

40
N.° de casos

30

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Semana epidemiológica da data do início do exantema

Confirmados por laboratório (19) Confirmados por clínico epidemiológico (0) Descartados (342) Em investigação (217)

Secretarias de Saúde das unidades da Federação.


a
Dados atualizados em 17/5/2022 e sujeitos a alterações.

Figura 1 Distribuição dos casos de sarampoa por semana epidemiológica do início do exantema e classificação final, Brasil, semanas
epidemiológicas 1 a 17 de 2022

Os casos de sarampo de 2021 foram reclassificados, portanto, houve a atualização do número de confirmados.
*

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No período avaliado – entre as SE 1 e 17 de 2022 – per- ainda nessa faixa etária, a maior ocorrência se deu no
manecem com casos confirmados de sarampo os esta- sexo masculino, com 6 (60,0%) casos (Tabela 2). Quando
dos: Amapá e São Paulo. O estado do Amapá segue com verificada a incidência por faixas etárias definidas nas es-
maior número de casos confirmados, com 17 (89,5%) tratégias de vacinação realizadas em 2019 e 2020, a maior
casos de sarampo, em 3 municípios, e a maior incidên- incidência é observada no grupo etário de menores de
cia (3,15 casos por 100 mil habitantes) (Tabela 1). 5 anos, com 1,90 caso por 100 mil habitantes (Tabela 2).

Crianças menores de um ano de idade apresentam o Em geral, na distribuição por sexo, o maior número de
maior número de casos confirmados (10), e o coeficiente casos foi registrado entre pessoas do sexo masculino,
de incidência foi de 5,38 casos por 100 mil habitantes, e, com 10 casos (52,6%) (Tabela 2).

Tabela 1 Distribuição dos casos confirmados de sarampoa, coeficiente de incidência e semanas transcorridas do último caso confirmado,
segundo unidade da Federação de residência, Brasil, SE 1 a 17 de 2022

Confirmadosa Semanas transcorridas do


ID UF Total de municípios Incidênciab
N.o % último caso confirmado

1 Amapá 17 89,5 3 3,15 0


2 São Paulo 2 10,5 2 0,02 8
Total 19 100,0 5 0,15

Fonte: Secretarias de Saúde das UF.


a
Dados atualizados em 17/5/2022 e sujeitos a alterações.
b
População dos municípios de residência dos casos por 100 mil habitantes.

Tabela 2 Distribuição dos casos confirmados de sarampoa e coeficiente de incidência dos estados com surto, segundo faixa etária e sexo,
Brasil, SE 1 a 17 de 2022

Coeficiente de Distribuição por sexod


Grupos incidênciab
Faixa etária Número Coeficiente
% de idade (por faixa etária
(em anos) de casosa de incidênciab
(em anos)c das estratégias Feminino % Masculino %
de vacinação)
<1 10 52,6 5,38 2 40,0 6 60,0
<5 1,90
1a4 6 31,6 0,91 1 20,0 4 40,0
5a9 1 5,3 0,12 0 0,0 0 0,0
10 a 14 0 0,0 0,00 5 a 19 0,04 0 0,0 0 0,0
15 a 19 0 0,0 0,00 0 0,0 0 0,0
20 a 29 2 10,5 0,09 2 40,0 0 0,0
30 a 39 0 0,0 0,00 20 a 49 0,03 0 0,0 0 0,0
40 a 49 0 0,0 0,00 0 0,0 0 0,0
50 a 59 0 0,0 0,00 0 0,0 0 0,0
> 50 0,00
> 60 0 0,0 0,00 0 0,0 0 0,0
Total 19 100 0,15 0,15 5 100,0 10 100,0

Fonte: SVS/MS.
a
Dados atualizados em 17/5/2022 e sujeitos a alterações.
b
População dos municípios de residência dos casos por 100 mil habitantes.
c
Estas faixas etárias foram definidas de acordo com as estratégias de vacinação realizadas em 2019 e 2020, para padronização da análise de dados.
d
Quatro casos sem informação de sexo.

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Óbitos do serviço de diagnóstico, a fim de garantir a eficiência


na assistência desde a solicitação dos exames até a
Entre a SE 1 a SE 17 de 2022, não ocorreram óbitos por liberação dos resultados e, assim, manter a capacidade
sarampo, no entanto, no ano de 2021, foram registrados de resposta dos Lacen como esperado.
dois óbitos pela doença, no estado do Amapá, em bebês
menores de um ano de idade. O diagnóstico laboratorial de sarampo adotada pelos
Lacen é o método de ensaio imunoenzimático ELISA.
Já o diagnóstico molecular por RT-PCR é realizado
Vigilância laboratorial para confirmação do diagnóstico e o sequenciamento
para identificação de genótipos e linhagens
Desde a reintrodução do vírus do sarampo no Brasil em circulantes no Laboratório de Referência Nacional de
2018, a rede de Laboratórios de Saúde Pública, adotou Vírus Respiratórios da Fiocruz/RJ. Além do critério
a Vigilância Laboratorial para sarampo como uma laboratorial para confirmação de um novo caso, sendo
das mais fortes estratégias para monitorar e mediar a este critério o ideal e o mais recomendado, os casos
tomada de decisões frente aos surtos. A identificação de podem também ser confirmados com critério de vínculo
um resultado de sorologia IgM reagente para sarampo epidemiológico. Esse critério é utilizado quando não
possibilita contatar diariamente as unidades da for possível realizar a coleta de exames laboratoriais
Federação (UF) para oportunizar as principais estratégias ou em situações epidêmicas que tenham muitos
para bloqueio e controle do agravo. Dentro desse casos em investigação e que excedam a capacidade
contexto, o Ministério da Saúde (MS) em parceria com os laboratorial. Os casos suspeitos que apresentam vínculo
Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) e com a epidemiológico e que também tenham confirmação
Opas/OMS, através do Plano de Ação para Fortalecimento de exame oriundos dos laboratórios privados pelo
da Vigilância Laboratorial de Sarampo e Rubéola, iniciado ensaio imunoenzimático (ELISA) são orientados a serem
em outubro de 2020, apoia e acompanha a qualidade encerrados pelo critério laboratorial.

Nº de exames solorogicos (IgM) positivos e Solicitações por data de coleta e por semana epidemiológica, B rasil, ano 2022, ate 30/04
260 260 Legenda
242 IgM R eagente
240 240

220 220

200 200

180 180
167

160 160
N de Pos it ivos
Nº de E xa mes

140 140

123
120 114 114 120

101
100 95 100

80 80
68 66 66
65
60 55 60
47 49
44 42
40 38 40
26
19 21 19
20 13 13 23 20
10
6 5 21
9 17 17 15
0 12 13 0
2 0 2 2 -1 7
2 0 2 2 -1 6
2 0 2 2 -1 5
2 0 2 2 -1 4
2 0 2 2 -1 3
2 0 2 2 -1 2
2 0 2 2 -1 1
2 0 2 2 -1 0
2 0 2 2 -8

2 0 2 2 -9
2 0 2 2 -6

2 0 2 2 -7
2 0 2 2 -4

2 0 2 2 -5
2 0 2 2 -1

2 0 2 2 -2

2 0 2 2 -3

Fonte: GAL/SVS/MS. Data de Atualização 10/5/2022.

Figura 2 Número de exames sorológicos (IgM) reagente e solicitações por data de coleta e por semanas epidemiológicas, Brasil SE 1 a 17
de 2022

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Ao longo das semanas epidemiológicas (SE) 1 a 17/2022, Os resultados de exames para sorologia IgM solicita-
período representado pela Figura 2, pode-se observar dos entre as SE 1 e 17/2022 são apresentados na
oscilações de 38 (SE 5/2022) a 242 (SE 17/2022) solicitações Figura 3, estratificados por UF de residência do pa-
de exames totais (IgG, IgM e RT-PCR) para o diagnóstico do ciente. Observa-se que as amostras reagentes estão
sarampo. Desse total de solicitações, observa-se maior nú- presentes em 19 UF, destacando que os estados de
mero de amostras IgM reagentes (26 exames IgM reagen- São Paulo (117), Bahia (32) e Amapá (31) apresentaram
tes) para sarampo durante a SE 12/2022 e um menor nú- o maior número de exames IgM reagentes durante
mero na SE 6/2022 (5 exames IgM reagentes). Vale ressaltar esse período. Esta análise de exames nos permite
que o número de exames com sorologia IgM reagentes não monitorar os estados que ainda estão em surto ativo
necessariamente significa casos confirmados e nem total ou ainda aqueles que podem estar iniciando uma
de casos com resultados positivos, pois pode existir mais nova cadeia de transmissão não identificada.
de um exame solicitado para um mesmo paciente.

Fonte: GAL/SVS/MS. Data de Atualização 10/5/2022.

Figura 3 Número de exames sorológicos (IgM) reagentes para sarampo, por UF de residência do paciente, Brasil, SE 1 a 17 de 2022

Conforme os dados referentes as SE 1 a 17/2022 apre- devido à presença de não conformidades (como
sentados na Tabela 3, 396 municípios, o correspon- coleta e transporte inadequado, presença de hemó-
dente a 7,1% do total brasileiro, solicitaram exames lise, quantidade insuficiente de amostra) que impos-
sorológicos (IgM) para o diagnóstico de sarampo e, sibilitam o processamento dessas. Tal observância
desses, foram identificados 109 (27,5%) municípios corrobora a importância dos treinamentos propostos
que tiveram pelo menos um exame IgM positivo dentro do Plano de Ação para Fortalecimento da
(Tabela 3). Foi solicitado um total de 1.413 exames e, Vigilância Laboratorial realizados nos últimos meses,
desses, 211 (14,9%) encontram-se em triagem, 1.120 uma vez que os temas abordados tinham como obje-
(79,26%) foram liberados e 356 amostras, correspon- tivo o aprimoramento da fase pré-analítica. Espera-
dendo a 25%, não foram realizadas (Tabela 4). Dos -se que o percentual de não conformidades reduza
exames liberados, 279 (24,9%) tiveram IgM reagente gradativamente a longo prazo, conforme a replicação
para sarampo. A não realização de exames ocorre das informações ofertadas nos treinamentos.

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Em situação específica de municípios em surto de os critérios descritos na Figura 4 e na identificação


sarampo com grande volume de solicitação de exames, das amostras na ficha de notificação e na etiqueta da
para identificar e monitorar a circulação dos genótipos e amostra deve ser indicado qual critério determinou a
linhagens circulantes do vírus, com objetivo de otimizar solicitação. Para municípios com baixa circulação ou
o uso de insumos e manter a capacidade de resposta casos esporádicos, permanece a regra de coleta de
laboratorial oportuna, orienta-se a coleta de amostras amostras sorológicas (sangue) e para biologia molecular
de orofaringe, nasofaringe (swab) e urina para análise (orofaringe e nasofaringe – swab e urina), e posterior
por RT-PCR, em tempo real, que deve acontecer sempre envio de amostra para diagnóstico molecular, para todos
no primeiro contato com o paciente, considerando-se os casos, como descrito no Guia de Vigilância em Saúde.

Tabela 3 Distribuição por UF dos exames laboratoriais para diagnóstico de sarampo, de acordo com municípios totais, municípios
solicitantes, e resultado IgM positivo por municípios de residência da UF, Brasil, SE 1 a 17 de 2022

Municípios
Total de Percentual Positividade (% de
solicitantes Municípios com
UF municípios de municípios municipios com IgM+ em
(por residência IgM positivo
por UF solicitantes (%) relação aos solicitantes)
do paciente)
Acre 22 3 13,0 1 33,3
Alagoas 102 1 1,0 0 NA
Amazonas 62 4 6,3 1 25,0
Amapá 16 9 52,9 6 66,7
Bahia 417 31 7,4 10 32,3
Ceará 184 33 17,8 5 15,2
Distrito Federal 1 2 3,4 2 100,0
Espírito Santo 78 8 10,1 0 NA
Goiás 246 16 5,2 1 6,2
Maranhão 217 2 0,9 0 NA
Minas Gerais 853 31 3,6 5 16,1
Mato Grosso do Sul 79 6 7,5 1 16,7
Mato Grosso 141 2 1,4 0 NA
Pará 144 41 28,3 12 29,3
Paraíba 223 11 4,9 4 36,4
Pernambuco 185 21 11,3 7 33,3
Piauí 224 5 2,2 2 40,0
Paraná 399 26 6,5 4 15,4
Rio de Janeiro 92 12 12,9 4 33,3
Rio Grande do Norte 167 2 1,2 1 50,0
Rondônia 52 4 7,5 4 100,0
Roraima 15 2 12,5 1 50,0
Rio Grande do Sul 497 17 3,4 1 5,9
Santa Catarina 295 13 4,4 0 NA
Sergipe 75 2 2,6 0 NA
São Paulo 645 90 13,9 36 40,0
Tocantins 139 2 1,4 1 50,0
Total Geral 5.570 396 7,1 109 27,5

Fonte: GAL/SVS/MS. Dados atualizados em 10/5/2022.


NA: não se aplica.

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Tabela 4 Distribuição dos exames sorológicos (IgM) para diagnóstico de sarampo, segundo, o total de exames (solicitados, em triagem, em análise, liberados, positivos, negativos e inconclusivos) e
a oportunidade de diagnóstico (tempo oportuno de liberação de resultado, mediana de liberação dos resultados a partir do recebimento da amostra no laboratório e positividade do diagnóstico),
por UF de residência, Brasil, SE 1 a 17 de 2022

Total de Exames IgM Oportunidade de diagnóstico


UF (por residência
do paciente) a b c d Não e f g MEDIANA (dias) Positividade (%) =
Solicitados Em triagem Em análise Liberados Positivos Negativos Inconclusivos % Exames oportunos
realizados liberação – recebimento positivos/liberadosh
Acre 4 1 0 3 1 2 0 100% 0 33,3
Alagoas 0 0 0 0 1 0 0 0 NA
Amazonas 17 1 3 13 2 1 10 2 100% 1 7,7
Amapá 96 21 5 70 7 32 30 8 90% 2 45,7
Bahia 104 4 0 100 25 34 60 6 98% 1 34,0
Ceará 87 17 3 67 81 7 59 1 88% 2 10,4
Distrito Federal 26 0 4 22 3 6 12 4 91% 1 27,3
Espírito Santo 20 1 1 17 0 17 0 100% 0 0,0
Goiás 21 1 0 20 1 18 1 90% 3 5,0
Maranhão 5 0 0 5 0 3 0 100% 1 0,0
Minas Gerais 70 13 1 56 33 6 43 7 95% 2 10,7
Mato Grosso do Sul 8 2 0 6 3 1 5 0 100% 1,5 16,7
Mato Grosso 2 0 2 0 0 0 0 NA
Pará 160 37 7 116 15 18 91 7 94% 2 15,5
Paraíba 32 2 4 26 14 6 18 2 100% 1 23,1

15
Pernambuco 47 7 0 40 10 9 28 3 70% 3 22,5
Piauí 12 5 3 4 2 2 1 1 100% 1 50,0
Paraná 43 0 3 40 13 5 35 0 80% 3 12,5
Rio de Janeiro 99 13 2 84 82 15 60 9 86% 2 17,9
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Rio Grande do Norte 2 0 0 2 1 1 0 0 100% 3,5 50,0


Rondônia 17 0 4 13 1 7 5 1 100% 0 53,8
Roraima 25 6 4 15 5 4 5 6 100% 2 26,7
Rio Grande do Sul 25 1 1 23 1 1 17 5 100% 1 4,3
Santa Catarina 18 1 2 15 8 0 13 0 73% 2 0,0
Sergipe 1 0 0 1 1 0 1 0 100% 3 0,0
São Paulo 457 71 32 354 48 118 229 7 85% 3 33,3
Tocantins 15 7 0 8 4 3 1 38% 12 50,0
Total Geral 1413 211 81 1120 356 279 765 71 89% 2,0 24,9
Fonte: GAL/SVS/MS. Dados atualizados em 10/5/2022.
a
Total de exames IgM solicitados no período: soma os exames em triagem, em análise e liberados no período, pois os exames solicitados são selecionados com base na data de solicitação e os exames liberados têm como base a data de liberação; e não
foram contabilizados exames descartados e cancelados.
b
Total de exames IgM em triagem: exames cadastrados pelos serviços municipais e que estão em trânsito do município para o Lacen ou que estão em triagem no setor de recebimento de amostras do Lacen; esse número pode variar considerando que
exames em triagem e podem ser cancelados.
c
Total de exames IgM em análise: exames que estão em análise na bancada do Lacen.
d
Total de exames IgM liberados: total de exames com resultados liberados no período.
e
Total de exames IgM positivos: total de exames com resultados reagentes no período.
f
Negativos: total de exames com resultados negativos;
g
Inconclusivos: total de exames inconclusivos;
h
Positividade das amostras: porcentagem de resultados positivos por total de exames liberados.
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NA: não se aplica.


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Sorologia RT-PCR
(ELISA) (Critérios para envio de amostras para Fiocruz)

¡¡ Resultado de sorologia IgM Reagente para sarampo: ¡¡ Enviar amostras dos 3 primeiros casos supeitos
confirmar o caso. que estão diretamente relacionados ao caso índice.
¡¡ Resultado de IgG Reagente para sarampo: caso ¡¡ Enviar amostras dos 3 casos suspeitos que
não tenha histórico de vacinação, coletar S2 e ocorreram em uma nova localidade ou municipio.
avaliar o aumento de títulos de IgG por pareamento ¡¡ A cada dois meses, enviar 3 novas amostras de
das amostras. casos da mesma localidade ou município onde os
casos que iniciaram o surto foram confirmados.

Fonte: CGLAB/DAEVS/SVS.

Figura 4 Estratégias a serem adotadas em municípios com surto ativo para envio de amostras para o diagnóstico de sarampo

Ações desenvolvidas a fim de descentralizar o máximo possível a vacinação


para além das unidades básicas de saúde.
Durante a SE 14/2022, foi realizada uma visita técnica
ao estado do Pará como uma das etapas do Plano Além disso, cada município deve estabelecer estratégias,
Operacional Unificado para interrupção do surto de considerando ampliar as coberturas vacinais, no intuito
sarampo no Brasil. Essa visita ocorreu com a inte- de atingir a meta de pelo menos 95% de cobertura para as
gração das 3 esferas (nacional, estadual e municipal) doses 1 e 2 da vacina tríplice viral, de forma homogênea.
incluindo profissionais da atenção primária, vigilân-
cia epidemiológica, imunização e laboratório. E para diminuir o risco da ocorrência de casos graves e
Na SE 17/2022 ocorreu o primeiro dia “S”, em que os óbitos por sarampo, o MS adotou, em agosto de 2019,
profissionais dos Lacen foram orientados a realizar a estratégia da Dose Zero da vacina tríplice viral para
uma busca ativa laboratorial de possíveis casos crianças de 6 a 11 meses de idade. Ainda, a partir de 23
suspeitos para sarampo. de novembro de 2020, o MS suspendeu essa dose nos
locais que interromperam a circulação do vírus, manten-
do-a nos estados que continuam com a circulação do
Vacinação vírus do sarampo (Ofício Circular Nº 212/2020/SVS/MS).

Considerando a situação epidemiológica provocada pela Em 2022, no período de 4 de abril a 3 de junho, o


pandemia do coronavírus, e o fato de alguns estados ain- Ministério da Saúde realiza a 8ª Campanha de Segui-
da manterem a circulação do vírus do sarampo, o Ministé- mento contra o sarampo, que tem como público-alvo
rio da Saúde (MS) recomenda que as ações de vacinação as crianças de seis meses a menores de cinco anos de
na rotina sejam mantidas. O MS recomenda, ainda, que idade (4 anos, 11 meses e 29 dias), e a Vacinação de
os processos de trabalho das equipes sejam planejados Trabalhadores da Saúde. A ação ocorre de forma con-
de forma a vacinar o maior número de pessoas contra o comitante à campanha de vacinação contra a influenza,
sarampo, conforme orientações do Calendário Nacional de sendo desenvolvida em duas etapas:
Vacinação e, ao mesmo tempo, evitar aglomerações para
diminuir o risco de contágio pela covid-19. Primeira etapa: de 4 a 30 de abril, com a vacinação
seletiva dos trabalhadores da saúde contra o sarampo.
Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Saúde de cada Segunda etapa: de 2 de maio a 3 de junho, será
município e a rede de serviços de Atenção Primária à realizada a campanha de seguimento contra o
Saúde/Estratégia Saúde da Família devem estabelecer sarampo, com a vacinação indiscriminada das crianças
parcerias locais com instituições públicas e privadas, de seis meses a menores de cinco anos.

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Em 30 de abril foi realizado o dia de mobilização nacional Orientações e recomendações


de ambas as etapas e, a partir dessa data, a vacinação do Ministério da Saúde
contra o sarampo passa a ser ofertada para as crianças que
compõem o público–alvo da estratégia. Após a fase aguda do sarampo, ausência de sinais e
sintomas, e coleta das amostras para confirmação
Essas ações são imprescindíveis para auxiliar o País na e/ou descarte do caso, seguir com a administração
interrupção da circulação do vírus do sarampo no território. da vacina tríplice ou tetra viral, conforme disponibili-
dade do imunobiológico, e orientação do Calendário
Nacional de Vacinação, considerando a imunização
Outras informações sobre para as demais doenças (rubéola e caxumba).
estratégias de vacinação O bloqueio vacinal deve ser realizado em até 72 horas,
dada a ocorrência de um ou mais casos suspeitos, a fim
É importante que todas as pessoas de 12 meses de interromper a cadeia de transmissão e, consequente-
até 59 anos de idade estejam vacinadas contra mente eliminar os suscetíveis em menor tempo possível.
o sarampo, de acordo com as indicações do Passadas as 72 horas, tempo oportuno para o bloqueio,
Calendário Nacional de Vacinação. a ação de vacinação pode e deve ser realizada, mas
Nos locais com circulação do vírus do sarampo, passa a ser uma ação de intensificação.
as crianças que receberem a dose zero da vacina O diagnóstico laboratorial é realizado por meio de
tríplice viral entre 6 e 11 meses e 29 dias (dose não sorologia para detecção de anticorpos IgM específicos
válida para fins do Calendário Nacional de Vacinação) e soroconversão, ou aumento de anticorpos IgG
deverão manter o esquema previsto: aos 12 meses em amostras de sangue (soro), e a detecção viral
com a vacina tríplice viral; e aos 15 meses com a por meio de RT-PCR, com a coleta de amostras
vacina tetra viral, ou tríplice viral mais varicela, de secreção nasofaríngea, orofaríngea e urina.
respeitando o intervalo de 30 dias entre as doses. É imprescindível que a coleta de amostras para
Os profissionais de saúde devem avaliar a caderne- realização de sorologias e RT-PCR de casos suspeitos,
ta de vacinação durante todas as oportunidades de seja realizada no primeiro contato com o paciente.
contato com as pessoas de 12 meses a 59 anos de As amostras de sangue (soro) das S1 devem ser
idade, como em consultas, durante o retorno para coletadas entre o 1º ao 30º dia do aparecimento do
exames de rotina, nas visitas domiciliares etc., e exantema, e as S2 devem ser coletadas de 15 a 25 dias
recomendar a vacinação quando necessário. após a data da S1. As amostras de secreção nasofa-
A identificação e o monitoramento de todas as ríngea, orofaríngea e urina para detecção viral devem
pessoas que tiveram contato com caso suspeito ser coletadas até o 7º dia, a partir da data de início
ou confirmado durante todo o período de do exantema.
transmissibilidade (seis dias antes e quatro dias Fortalecer a capacidade dos sistemas de Vigilância
após o início do exantema) são determinantes para Epidemiológica do sarampo, e reforçar as equipes de
a adoção de medidas de controle que devem ser investigação de campo para garantir a investigação
realizadas de forma oportuna. oportuna e adequada dos casos notificados.
Durante as ações de bloqueio vacinal dos Produzir ampla estratégia midiática, nos diversos
contatos, recomenda-se vacinação seletiva, ou meios de comunicação, para informar profissionais de
seja, se houver comprovação vacinal de acordo saúde e a comunidade sobre o sarampo.
com o Calendário Nacional de Vacinação, não são A vacina é a medida preventiva mais eficaz con-
necessárias doses adicionais. tra o sarampo. No entanto, se a pessoa é um caso
As ações de manejo clínico e epidemiológico devem suspeito, é necessário reduzir o risco de espalhar
ser realizadas de forma integrada entre a Atenção à a infecção para outras pessoas. Para isso, é impor-
Saúde, a Imunização e as Vigilâncias Epidemiológica tante orientar que essa pessoa deve evitar a ida
e Laboratorial, oportunamente. ao trabalho ou escola por pelo menos 4 (quatro)
dias, a partir de quando desenvolveu o exantema,
além de evitar o contato com pessoas que são mais
vulneráveis à infecção, como crianças pequenas e
mulheres grávidas, enquanto estiver com a doença.

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Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.º 20 | Maio 2022

Medidas de prevenção de doenças de transmissão 3. Centers for Disease Control and Prevention. Interim
respiratória também são válidas, e os profissionais Infection Prevention and Control Recommendations
devem orientar a população sobre: a limpeza for Measles in Healthcare Settings. [Atlanta]: CDC,
regular de superfícies, isolamento domiciliar para a 2019. [acesso em: 13 abr. 2022]. Disponível em:
pessoa que estiver com suspeita ou em período de https://bit.ly/2XXdy4Q.
transmissão de doença exantemática, medidas de
distanciamento social em locais de atendimento de 4. Centers for Disease Control and Prevention. 2007
pessoas com suspeita de doença exantemática, cobrir Guideline for Isolation Precautions: Preventing
a boca ao tossir ou espirrar, uso de lenços descartáveis Transmission of Infectious Agents in Healthcare
e higiene das mãos com água e sabão, e/ou álcool Settings. [Atlanta]: CDC, 2007. [acesso em: 13 abr.
em gel. Nos ambientes de saúde, ao identificar uma 2022]. Disponível em: https://bit.ly/34YyRVl.
pessoa com suspeita, é necessário o isolamento, além
de outras medidas de biossegurança individuais e 5. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Setor
coletivas, que estão descritas com maior detalhamento de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente.
no Guia de Vigilância em Saúde (2021). Medidas de Precaução para Prevenção de Infecção
A circulação do vírus é considerada interrompida nos Hospitalar versão 1.0. [recurso eletrônico]. 1. ed.
estados, quando transcorridas 12 ou mais semanas Maceió: Ebserh, 2019. [acesso em: 13 abr. 2022].
consecutivas sem apresentar casos novos da mesma Disponível em: https://bit.ly/3reALKR.
cadeia de transmissão.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização
Importante: Não vacinar casos suspeitos de saram- e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral
po, entre as coletas da primeira amostra (S1) e da do Programa Nacional de Imunizações. Informe
segunda amostra (S2), uma vez que a administração Técnico da 8ª Campanha Nacional de Seguimento
da vacina interfere diretamente no resultado labo- e Vacinação de Trabalhadores da Saúde contra o
ratorial e classificação final do caso! Sarampo. Brasília, 2022.

Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento
da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância
em Saúde: volume único [recurso eletrônico].
3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019, p. 112-130.
[acesso em: 13 abr. 2022]. Disponível em: https://bit.
ly/3wXq5mS.

2. Centers for Disease Control and Prevention. Measles


cases and outbreaks. [Atlanta]: CDC, 2021. [acesso
em: 13 abr. 2022]. Disponível em: https://bit.
ly/3cFBLki.

*Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (CGPNI/DEIDT/SVS): Adriana Regina
Farias Pontes Lucena, Aline Ale Beraldo, Cintia Paula Vieira Carrero, Josafá do Nascimento Cavalcante, Maria Izabel Lopes, Nájla Soares Silva, Regina Célia
Mendes dos Santos Silva, Rita de Cássia Ferreira Lins. Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Departamento de Articulação Estratégica de
Vigilância em Saúde (CGLAB/Daevs/SVS): Izabela Rosa Trindade, Leonardo Hermes Dutra, Marielly Reis Resende Sousa, Marliete Carvalho da Costa, Mayara
Jane Miranda da Silva, Rejane Valente Lima Dantas, Ronaldo de Jesus, Thiago Ferreira Guedes.

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