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º 20 | Maio 2022
O sarampo é uma doença viral aguda e extremamente gra- confirmados 9.325 casos da doença. No ano de 2019,
ve, principalmente em crianças menores de 5 anos de ida- após um ano de circulação do vírus do mesmo ge-
de, pessoas desnutridas e imunodeprimidas. A transmissão nótipo, o País perdeu a certificação de “País livre do
do vírus ocorre de forma direta, por meio de secreções vírus do sarampo”, dando início a novos surtos, com
nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respi- a confirmação de 20.901 casos da doença. Em 2020
rar próximo às pessoas sem imunidade contra o sarampo. foram confirmados 8.448 casos e, em 2021, 676* casos
Além disso, o contágio também pode ocorrer pela disper- de sarampo foram confirmados.
são de aerossóis com partículas virais no ar, em ambientes
fechados como escolas, creches, clínicas, entre outros. Entre a SE 1 a SE 17 de 2022, foram notificados 578 casos
suspeitos de sarampo; desses, 19 (3,3%) foram casos con-
firmados, todos por critério laboratorial. Foram descarta-
Situação epidemiológica dos 342 (59,2%) casos, e permanecem em investigação 217
do sarampo no Brasil (37,5%) (Figura 1).
Após os últimos casos da doença no ano de 2015, o Na curva epidêmica (Figura 1), observa-se maior confirma-
Brasil recebeu em 2016 a certificação da eliminação ção de casos nas semanas epidemiológicas 4, 5 e 9, e, a
do vírus. Nos anos de 2016 e 2017, não foram con- partir da SE 12, um expressivo número de casos suspeitos
firmados casos de sarampo no País. Em 2018 foram permanecem pendentes de encerramento.
60
50
40
N.° de casos
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Semana epidemiológica da data do início do exantema
Confirmados por laboratório (19) Confirmados por clínico epidemiológico (0) Descartados (342) Em investigação (217)
Figura 1 Distribuição dos casos de sarampoa por semana epidemiológica do início do exantema e classificação final, Brasil, semanas
epidemiológicas 1 a 17 de 2022
Os casos de sarampo de 2021 foram reclassificados, portanto, houve a atualização do número de confirmados.
*
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No período avaliado – entre as SE 1 e 17 de 2022 – per- ainda nessa faixa etária, a maior ocorrência se deu no
manecem com casos confirmados de sarampo os esta- sexo masculino, com 6 (60,0%) casos (Tabela 2). Quando
dos: Amapá e São Paulo. O estado do Amapá segue com verificada a incidência por faixas etárias definidas nas es-
maior número de casos confirmados, com 17 (89,5%) tratégias de vacinação realizadas em 2019 e 2020, a maior
casos de sarampo, em 3 municípios, e a maior incidên- incidência é observada no grupo etário de menores de
cia (3,15 casos por 100 mil habitantes) (Tabela 1). 5 anos, com 1,90 caso por 100 mil habitantes (Tabela 2).
Crianças menores de um ano de idade apresentam o Em geral, na distribuição por sexo, o maior número de
maior número de casos confirmados (10), e o coeficiente casos foi registrado entre pessoas do sexo masculino,
de incidência foi de 5,38 casos por 100 mil habitantes, e, com 10 casos (52,6%) (Tabela 2).
Tabela 1 Distribuição dos casos confirmados de sarampoa, coeficiente de incidência e semanas transcorridas do último caso confirmado,
segundo unidade da Federação de residência, Brasil, SE 1 a 17 de 2022
Tabela 2 Distribuição dos casos confirmados de sarampoa e coeficiente de incidência dos estados com surto, segundo faixa etária e sexo,
Brasil, SE 1 a 17 de 2022
Fonte: SVS/MS.
a
Dados atualizados em 17/5/2022 e sujeitos a alterações.
b
População dos municípios de residência dos casos por 100 mil habitantes.
c
Estas faixas etárias foram definidas de acordo com as estratégias de vacinação realizadas em 2019 e 2020, para padronização da análise de dados.
d
Quatro casos sem informação de sexo.
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Nº de exames solorogicos (IgM) positivos e Solicitações por data de coleta e por semana epidemiológica, B rasil, ano 2022, ate 30/04
260 260 Legenda
242 IgM R eagente
240 240
220 220
200 200
180 180
167
160 160
N de Pos it ivos
Nº de E xa mes
140 140
123
120 114 114 120
101
100 95 100
80 80
68 66 66
65
60 55 60
47 49
44 42
40 38 40
26
19 21 19
20 13 13 23 20
10
6 5 21
9 17 17 15
0 12 13 0
2 0 2 2 -1 7
2 0 2 2 -1 6
2 0 2 2 -1 5
2 0 2 2 -1 4
2 0 2 2 -1 3
2 0 2 2 -1 2
2 0 2 2 -1 1
2 0 2 2 -1 0
2 0 2 2 -8
2 0 2 2 -9
2 0 2 2 -6
2 0 2 2 -7
2 0 2 2 -4
2 0 2 2 -5
2 0 2 2 -1
2 0 2 2 -2
2 0 2 2 -3
Figura 2 Número de exames sorológicos (IgM) reagente e solicitações por data de coleta e por semanas epidemiológicas, Brasil SE 1 a 17
de 2022
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Ao longo das semanas epidemiológicas (SE) 1 a 17/2022, Os resultados de exames para sorologia IgM solicita-
período representado pela Figura 2, pode-se observar dos entre as SE 1 e 17/2022 são apresentados na
oscilações de 38 (SE 5/2022) a 242 (SE 17/2022) solicitações Figura 3, estratificados por UF de residência do pa-
de exames totais (IgG, IgM e RT-PCR) para o diagnóstico do ciente. Observa-se que as amostras reagentes estão
sarampo. Desse total de solicitações, observa-se maior nú- presentes em 19 UF, destacando que os estados de
mero de amostras IgM reagentes (26 exames IgM reagen- São Paulo (117), Bahia (32) e Amapá (31) apresentaram
tes) para sarampo durante a SE 12/2022 e um menor nú- o maior número de exames IgM reagentes durante
mero na SE 6/2022 (5 exames IgM reagentes). Vale ressaltar esse período. Esta análise de exames nos permite
que o número de exames com sorologia IgM reagentes não monitorar os estados que ainda estão em surto ativo
necessariamente significa casos confirmados e nem total ou ainda aqueles que podem estar iniciando uma
de casos com resultados positivos, pois pode existir mais nova cadeia de transmissão não identificada.
de um exame solicitado para um mesmo paciente.
Figura 3 Número de exames sorológicos (IgM) reagentes para sarampo, por UF de residência do paciente, Brasil, SE 1 a 17 de 2022
Conforme os dados referentes as SE 1 a 17/2022 apre- devido à presença de não conformidades (como
sentados na Tabela 3, 396 municípios, o correspon- coleta e transporte inadequado, presença de hemó-
dente a 7,1% do total brasileiro, solicitaram exames lise, quantidade insuficiente de amostra) que impos-
sorológicos (IgM) para o diagnóstico de sarampo e, sibilitam o processamento dessas. Tal observância
desses, foram identificados 109 (27,5%) municípios corrobora a importância dos treinamentos propostos
que tiveram pelo menos um exame IgM positivo dentro do Plano de Ação para Fortalecimento da
(Tabela 3). Foi solicitado um total de 1.413 exames e, Vigilância Laboratorial realizados nos últimos meses,
desses, 211 (14,9%) encontram-se em triagem, 1.120 uma vez que os temas abordados tinham como obje-
(79,26%) foram liberados e 356 amostras, correspon- tivo o aprimoramento da fase pré-analítica. Espera-
dendo a 25%, não foram realizadas (Tabela 4). Dos -se que o percentual de não conformidades reduza
exames liberados, 279 (24,9%) tiveram IgM reagente gradativamente a longo prazo, conforme a replicação
para sarampo. A não realização de exames ocorre das informações ofertadas nos treinamentos.
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Tabela 3 Distribuição por UF dos exames laboratoriais para diagnóstico de sarampo, de acordo com municípios totais, municípios
solicitantes, e resultado IgM positivo por municípios de residência da UF, Brasil, SE 1 a 17 de 2022
Municípios
Total de Percentual Positividade (% de
solicitantes Municípios com
UF municípios de municípios municipios com IgM+ em
(por residência IgM positivo
por UF solicitantes (%) relação aos solicitantes)
do paciente)
Acre 22 3 13,0 1 33,3
Alagoas 102 1 1,0 0 NA
Amazonas 62 4 6,3 1 25,0
Amapá 16 9 52,9 6 66,7
Bahia 417 31 7,4 10 32,3
Ceará 184 33 17,8 5 15,2
Distrito Federal 1 2 3,4 2 100,0
Espírito Santo 78 8 10,1 0 NA
Goiás 246 16 5,2 1 6,2
Maranhão 217 2 0,9 0 NA
Minas Gerais 853 31 3,6 5 16,1
Mato Grosso do Sul 79 6 7,5 1 16,7
Mato Grosso 141 2 1,4 0 NA
Pará 144 41 28,3 12 29,3
Paraíba 223 11 4,9 4 36,4
Pernambuco 185 21 11,3 7 33,3
Piauí 224 5 2,2 2 40,0
Paraná 399 26 6,5 4 15,4
Rio de Janeiro 92 12 12,9 4 33,3
Rio Grande do Norte 167 2 1,2 1 50,0
Rondônia 52 4 7,5 4 100,0
Roraima 15 2 12,5 1 50,0
Rio Grande do Sul 497 17 3,4 1 5,9
Santa Catarina 295 13 4,4 0 NA
Sergipe 75 2 2,6 0 NA
São Paulo 645 90 13,9 36 40,0
Tocantins 139 2 1,4 1 50,0
Total Geral 5.570 396 7,1 109 27,5
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Tabela 4 Distribuição dos exames sorológicos (IgM) para diagnóstico de sarampo, segundo, o total de exames (solicitados, em triagem, em análise, liberados, positivos, negativos e inconclusivos) e
a oportunidade de diagnóstico (tempo oportuno de liberação de resultado, mediana de liberação dos resultados a partir do recebimento da amostra no laboratório e positividade do diagnóstico),
por UF de residência, Brasil, SE 1 a 17 de 2022
15
Pernambuco 47 7 0 40 10 9 28 3 70% 3 22,5
Piauí 12 5 3 4 2 2 1 1 100% 1 50,0
Paraná 43 0 3 40 13 5 35 0 80% 3 12,5
Rio de Janeiro 99 13 2 84 82 15 60 9 86% 2 17,9
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Sorologia RT-PCR
(ELISA) (Critérios para envio de amostras para Fiocruz)
¡¡ Resultado de sorologia IgM Reagente para sarampo: ¡¡ Enviar amostras dos 3 primeiros casos supeitos
confirmar o caso. que estão diretamente relacionados ao caso índice.
¡¡ Resultado de IgG Reagente para sarampo: caso ¡¡ Enviar amostras dos 3 casos suspeitos que
não tenha histórico de vacinação, coletar S2 e ocorreram em uma nova localidade ou municipio.
avaliar o aumento de títulos de IgG por pareamento ¡¡ A cada dois meses, enviar 3 novas amostras de
das amostras. casos da mesma localidade ou município onde os
casos que iniciaram o surto foram confirmados.
Fonte: CGLAB/DAEVS/SVS.
Figura 4 Estratégias a serem adotadas em municípios com surto ativo para envio de amostras para o diagnóstico de sarampo
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Medidas de prevenção de doenças de transmissão 3. Centers for Disease Control and Prevention. Interim
respiratória também são válidas, e os profissionais Infection Prevention and Control Recommendations
devem orientar a população sobre: a limpeza for Measles in Healthcare Settings. [Atlanta]: CDC,
regular de superfícies, isolamento domiciliar para a 2019. [acesso em: 13 abr. 2022]. Disponível em:
pessoa que estiver com suspeita ou em período de https://bit.ly/2XXdy4Q.
transmissão de doença exantemática, medidas de
distanciamento social em locais de atendimento de 4. Centers for Disease Control and Prevention. 2007
pessoas com suspeita de doença exantemática, cobrir Guideline for Isolation Precautions: Preventing
a boca ao tossir ou espirrar, uso de lenços descartáveis Transmission of Infectious Agents in Healthcare
e higiene das mãos com água e sabão, e/ou álcool Settings. [Atlanta]: CDC, 2007. [acesso em: 13 abr.
em gel. Nos ambientes de saúde, ao identificar uma 2022]. Disponível em: https://bit.ly/34YyRVl.
pessoa com suspeita, é necessário o isolamento, além
de outras medidas de biossegurança individuais e 5. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Setor
coletivas, que estão descritas com maior detalhamento de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente.
no Guia de Vigilância em Saúde (2021). Medidas de Precaução para Prevenção de Infecção
A circulação do vírus é considerada interrompida nos Hospitalar versão 1.0. [recurso eletrônico]. 1. ed.
estados, quando transcorridas 12 ou mais semanas Maceió: Ebserh, 2019. [acesso em: 13 abr. 2022].
consecutivas sem apresentar casos novos da mesma Disponível em: https://bit.ly/3reALKR.
cadeia de transmissão.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização
Importante: Não vacinar casos suspeitos de saram- e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral
po, entre as coletas da primeira amostra (S1) e da do Programa Nacional de Imunizações. Informe
segunda amostra (S2), uma vez que a administração Técnico da 8ª Campanha Nacional de Seguimento
da vacina interfere diretamente no resultado labo- e Vacinação de Trabalhadores da Saúde contra o
ratorial e classificação final do caso! Sarampo. Brasília, 2022.
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento
da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância
em Saúde: volume único [recurso eletrônico].
3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019, p. 112-130.
[acesso em: 13 abr. 2022]. Disponível em: https://bit.
ly/3wXq5mS.
*Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (CGPNI/DEIDT/SVS): Adriana Regina
Farias Pontes Lucena, Aline Ale Beraldo, Cintia Paula Vieira Carrero, Josafá do Nascimento Cavalcante, Maria Izabel Lopes, Nájla Soares Silva, Regina Célia
Mendes dos Santos Silva, Rita de Cássia Ferreira Lins. Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Departamento de Articulação Estratégica de
Vigilância em Saúde (CGLAB/Daevs/SVS): Izabela Rosa Trindade, Leonardo Hermes Dutra, Marielly Reis Resende Sousa, Marliete Carvalho da Costa, Mayara
Jane Miranda da Silva, Rejane Valente Lima Dantas, Ronaldo de Jesus, Thiago Ferreira Guedes.
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