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O texto destaca a importância fundamental da intervenção curricular para preparar os

alunos para serem cidadãos ativos, críticos, solidários e democráticos em uma


sociedade igualmente democrática. Isso implica selecionar conteúdos, recursos e
experiências de ensino que promovam a construção de conhecimentos, habilidades,
atitudes, normas e valores necessários para ser um bom cidadão. A abordagem
curricular deve envolver os alunos em ações que os preparem para viver e participar
em sua comunidade, incentivando-os a tomar decisões, colaborar, debater e criticar
livremente.

No entanto, o texto também critica a abordagem tradicional do currículo, que trata os


alunos como receptores passivos de conhecimento em um sistema semelhante a uma
linha de montagem, onde o único objetivo é obter recompensas externas, como notas,
em vez de entender e aplicar o que está aprendendo. O texto argumenta a favor de
um currículo emancipador que promova a socialização crítica dos indivíduos,
reconstruindo reflexivamente a realidade com base nas teorias, conceitos,
procedimentos e costumes existentes na comunidade.

Além disso, o texto critica a falta de representação das culturas não hegemônicas nos
currículos escolares. Ele menciona várias culturas ausentes, incluindo as culturas das
nações do Estado espanhol, culturas infantis, juvenis e da terceira idade, etnias
minoritárias, o mundo feminino, sexualidades lésbicas e homossexuais, classe
trabalhadora e pessoas pobres, mundo rural e litorâneo, pessoas com deficiência
físicos e/ou psíquicos, e vozes do Terceiro Mundo. Essas culturas são frequentemente
silenciadas, estereotipadas ou deformadas nos currículos, impedindo uma
compreensão verdadeira e inclusiva da diversidade cultural.

AS CULTURAS DAS NAÇÕES DO ESTADO ESPANHOL

O texto aborda a falta de consideração pelas diversas culturas nacionais nas


instituições educacionais na Espanha, especialmente durante a ditadura de Franco.
Durante esse período, houve uma obsessão em reconstruir o conceito de nação
espanhola, resultando no silenciamento e ataque às identidades e direitos das nações
diferentes que compõem o Estado espanhol. Isso levou à repressão das identidades
nacionais, acompanhada pelo uso de preconceitos e estereótipos negativos para
negar e silenciar as identidades galega, basca, catalã, andaluza, entre outras.

Atualmente, ainda existe um sentimento antinacionalista, propagando uma única


concepção de nacionalismo associada à política de direita e manifestações xenófobas.
No entanto, o texto destaca que a defesa da identidade nacional a partir de
perspectivas de esquerda é fundamentada na solidariedade, respeito e valorização
das diferenças. A acessibilidade da própria identidade é vista como uma condição
essencial para valorizar a identidade dos outros. O texto também menciona que o
racismo tem raízes em ideologias de classe, mais do que em ideias de nação,
enfatizando a importância de compreender e respeitar as diversas identidades
culturais.

AS CULTURAS INFANTIS E JUVENIS

O texto destaca a ausência e o ocultamento das culturas infantis e juvenis nas


instituições educacionais. Ele critica a tendência adultocêntrica de ignorar o mundo
idiossincrático das crianças e dos jovens, não liberando seus direitos, interesses e
modos de vida. O sentimentalismo em torno da infância muitas vezes leva à
idealização, silenciando realidades como a infância pobre, as condições de vida no
mundo rural e litorâneo, e as situações de guerra e pobreza em diversos países.

O texto argumenta que as escolas precisam considerar e integrar as formas culturais


das crianças e jovens, como o cinema, o rock, o rap, os quadrinhos, etc., em seu
currículo, pois essas expressões culturais são fundamentais para entender a vida dos
estudantes. No entanto, as instituições educacionais frequentemente favorecem
apenas a cultura das classes e grupos sociais dominantes, ignorando ou
menosprezando as expressões culturais das culturas juvenis.

O texto critica a parcialidade dos currículos escolares, que refletem os interesses e


ideais das classes e grupos sociais dominantes, ignorando as culturas populares e
juvenis. Ele destaca a importância de considerar e valorizar as diferentes formas
culturais, incluindo aquelas produzidas pelos jovens, para que as escolas cumpram
seu papel de ajudar os alunos a compreender e se comprometer com suas realidades
e transformações sociais.

RESPOSTAS CURRICULARES DIANTE DA DIVERSIDADE E DA


MARGINALIZAÇÃO

O texto destaca a necessidade de uma política educacional que não apenas


reconheça, mas também integre as culturas marginalizadas e diversas de forma
contínua e integral no currículo escolar. Ele critica abordagens superficiais e
estereotipadas que tratam a diversidade como algo exótico ou problemático, sem
conexão com a vida cotidiana dos estudantes.
O texto argumenta que o tratamento adequado da diversidade requer uma abordagem
que não seja turística, ou seja, que não banalize ou desconecte as realidades culturais
da vida diária na sala de aula. Ele destaca quatro atitudes relativas em relação à
diversidade:

Trivialização: Estudo superficial dos grupos sociais minoritários, focando em aspectos


culturais superficiais como comida, folclore e vestimenta.

Souvenir: Abordagem quantitativamente insignificante, tratando a diversidade como


uma lembrança exótica ou um dado curioso.

Desconexão: Situações isoladas de diversidade em dias específicos ou disciplinas,


ignorando-as no restante do ano letivo.

Estereotipagem e Tergiversação: Usar imagens estereotipadas e distorcidas de grupos


marginalizados, justificando a marginalização com base em estereótipos ou
deformando a história e as origens dessas comunidades.

O texto enfatiza a necessidade de uma pedagogia crítica e libertadora nas escolas,


onde os educadores devem participar ativamente na criação de modelos educacionais
alternativos. Isso implica questionar as injustiças sociais, como sexismo, racismo e
classismo, e envolver os alunos em análises críticas sobre poder, justiça, desigualdade
e luta. Além disso, o texto destaca a importância de integrar o vocabulário político
democrático na educação, tornando-o relevante para a vida cotidiana dos estudantes.
Em resumo, o texto defende uma reflexão mais profunda sobre os pressupostos,
normas e procedimentos subjacentes ao ensino, para uma abordagem
verdadeiramente inclusiva e integrada da diversidade na educação.

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