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O Hamas lançou esta guerra com objetivo político específico: evitar a paz. Após
assinar tratados de paz com os Emirados Arabes Unidos e o Bahrein, Israel estava
prestes a assinar um acordo de paz histórico com a Arábia Saudita.
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O prospecto de paz e normalização era uma ameaça mortal para o Hamas. Desde
sua fundação, em 1987, essa organização islamista fundamentalista nunca
reconheceu o direito de Israel à existência e comprometeu-se com uma luta
armada inflexível. Nos anos 90, o Hamas fez tudo o que pôde para perturbar o
processo de paz em Oslo e todos os esforços posteriores pela paz.
Um ataque premeditado
O Hamas sabia que seu ataque deixaria os israelenses furiosos, angustiados pela
dor e a raiva, e os terroristas estavam certos de que lsrael retaliaria com força
massiva, infligindo um castigo enorme aos palestinos. O codinome que o Hamas
deu à sua operação é revelador: Al-Aqsa Tufan. A palavra "tufan" significa
inundação. Como a inundação bíblica destinada a limpar o mundo do pecado
mesmo que sob o custo de quase erradicar a humanidade, o ataque do Hamas teve
como objetivo criar devastação em escala biblica.
O Hamas não se importa com o sofrimento que a guerra inflige sobre os civis
palestinos? Ainda que ativistas individuais do Hamas certamente tenham
sentimentos e atitudes diferentes, a visão de mundo da organização não leva em
conta a miséria dos individuos. Os objetivos políticos do Hamas são ditados por
fantasias religiosas.
A vitória do Hamas
As lições da história
Como historiador, eu sei que a maldição da história é ela inspirar uma ânsia por
corrigir o passado. O passado não pode ser salvo. Coloquem foco no futuro.
Deixem feridas antigas se curar em vez de servir de motivo para novas injúrias.
Em 1948, centenas de milhares de palestinos perderam suas casas na Palestina.
Em retaliação, entre o fim da década de 40 e o inicio dos anos 50, centenas de
milhares de judeus foram expulsos do Iraque, do lêmen e de outros paises
muçulmanos. Desde então, consecutivas injúrias têm se acumulado, em um ciclo
vicioso de violência que tem ocasionado apenas mais violência. Nós não somos
obrigados a repetir esse ciclo eternamente. E claro que em meio à atual guerra
terrível nós não podemos esperar impedir o ciclo de uma vez por todas. O que nós
precisamos agora é evitar mais escalada e para isso nós precisamos de alguns
gestos concretos de esperança.
Uma iniciativa proposta pede que o Hamas liberte todas as mulheres, crianças e
bebês que mantém reféns em troca de Israel libertar várias mulheres e
adolescentes palestinos que mantém prisioneiros. Isso seria justiça? Não. A justiça
exige queo Hamas liberte imediatamentee incondicionalmente todos os reféns
que sequestrou. Mas essa iniciativa pode, não obstante, ser um passo na direção
da desescalada.
Se nenhum outro país estiver disposto a aceitar e proteger civis de Gaza, uma vez
que seja permitido acesso da Cruz Vermelha aos reféns israelenses mantidos pelo
Hamas e sejam constatadas suas condições, Israel deveria convidar a Cruz
Vermelhae outros grupos humanitários internacionais para estabelecer abrigos
seguros para civis palestinos deslocados no lado israelense da fronteira. Esses
abrigos acomodariam mulheres, crianças e pacientes de hospitais retirados de
Gaza enquanto o combate ao Hamas durar, e depois da guerra os cidadãos
deslocados retornariam para a Faixa de Gaza.
Dar esse passo atenderia ao dever moral de Israel de proteger as vidas dos civis
palestinos e simultaneamente ajudaria as Forças de Defesa de lsrael em sua
guerra contra os terroristas do Hamas reduzindo o número de civis na zona de
combate.
Há alguma chance dessasiniciativas se concretizarem? Nãosei. Mas eusei que a
guerra é a continuação da políitica por outrosmeios, que o objetivo político do
Hamas é destruir qualquer chance de paz e normalização e que o objetivo de Israel
deveria ser preservar a chance de paz. Nós devemos vencer esta guerra em vez de
ajudar o Hamasaalcançar seu objetivo./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL