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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
HISTÓRIA DO ORIENTE CONTEMPORÂNEO
PROF. DR. FERNANDO CAUDURO PUREZA

DISCENTE: Fernando Glaybson do Nascimento Santos (20180032311)

FICHAMENTO: AMIN, Samir. O islã político a serviço do imperialismo. In: Somente os


povos fazem sua própria história. São Paulo: Expressão Popular, 2020. [2007], p. 67-91.

p. 67-71 Samir Amin inicia o texto situando-nos nas principais discussões a seguir.
Primeiro, os múltiplos discursos a respeito do Islã Político, desde as velhas
noções de que ele não respeita a separação entre política e religião, visando
fazer um contraponto, pasmem, com o cristianismo, até outras questões como as
alianças das principais forças do Islã Político e o poder imperialista, apesar de
alguns grupos considerarem o Islã, em si, antiimperialista. O principal exemplo
utilizado é o da Irmandade Muçulmana e os mandos e desmandos no Egito e
outros países, como a Arábia Saudita. A defesa aqui é de que o Islã Político se
alinha muito bem com a posição de capitalismo dependente, sendo reacionário
em seu cerne. A esquerda vem tentando se aproximar dele, dizendo que ele
mobiliza bastante as massas, mas é preciso tomar cuidado com isso. Apesar de
ele até poder dissimular uma aliança com a esquerda, ao chegar ao poder seria
muito fácil aniquilá-la violentamente, como ocorreu no Irã com Mujahideen e
Fedayeen Khalq. O mesmo ocorre com o anti-imperialismo do Islã Político que
de muito pouco adianta se o mesmo é aliado de ideias regressivas no campo
social. E, por fim, quando o argumento é combater a islamofobia ocidental, o
autor defende que o próprio Islã Político tem criado campanhas ideológicas
reacionárias equivalentes às terríveis que se espelham nos EUA e Europa.
p. 72-76 Nesta seção do texto, Amin discute sobre a modernidade e como ela se
entrelaça às ideias de secularismo e democracia. Fazendo um rápido apanhado,
é possível compreender que todas essas noções, apesar de vendidas como
homogêneas em todos os países ocidentais que hoje são democracias
(burguesas), na verdade, baseia-se em diferentes concepções e relações entre
estado e religião, como é o caso dos Estados Unidos, onde há a confusão entre
liberdade de culto (mesmo seitas) e laicidade e separação secular entre Estado e
Igreja. Assim, o autor nos leva até os países árabes, nos mostrando como
governos de esquerda e próximos de ideias progressistas tentaram levar a
democracia e produziram importantes avanços, à despeito dos preconceitos
alimentados pelo poder hegemônico e imperialista, e como muitos desses
progressos foram abortados pelos grupos reacionários, majoritariamente
apoiados pela Irmandade e por um Islã Político Wahabi, muito afeito ao
imperialismo, contra o qual a esquerda não soube articular soluções e acabou
por perder espaço.

p. 77-79 Samir Amin decide tratar aqui sobre os países de “linha de frente”, que também
foram os mais atingidos pelos interesses inescrupulosos dos imperialistas, tendo
como grande nome os Estados Unidos. Alguns dos motivos são: a detenção de
recursos por esses países; a viabilidade geográfica para ameaçar rivais como a
Índia, a China e Rússia; as fraquezas momentâneas da região, que a torna
facilmente dominável e, por fim, a presença do aliados incondicional dos EUA:
Israel. Quando começa a descrever o caso do Afeganistão, a questão é simples e
já bem descrita: o despotismo esclarecido dos “comunistas”, ao viabilizar
condições emancipatórias para o povo, foi fortemente atacado e praticamente
dizimado pelas forças reacionárias apoiadas pelos EUA. Nesse sentido, sempre
é mais viável para eles um despotismo obscurantista e facilmente dominável.

p. 79-85 Ao adentrar a questão do Iraque, mais uma vez elementos já trabalhados se


sobressaem e são aprofundados pelo autor: o interesse dos EUA e dos demais
países imperialistas sobre os recursos naturais (petróleo) na região; o combate
às forças de esquerda e as armadilhas para que o poder desse país continue
sempre refém das forças hegemônicas internacionais. Foi esse joguinho que
permeou os capítulos protagonizados por Saddam Hussein, assim como todo o
desenrolar seguinte a isso. Os usos do Islã Político aqui ainda se enquadram
bastante nos exemplos anteriores — a despolitização das massas, o estímulo de
uma ideologia reacionária e complacente aos interesses estrangeiros —, mas
Amin destaca que a luta não parou lá. A resistência não morreu e segue
crescendo, a trancos e barrancos, tentando fazer frente às forças invasoras
estadunidenses, que garantem “sair assim que a ordem for restaurada”, mas
ainda que saiam “oficialmente”, jamais largaria o osso. É apontado também que
um levante progressista vitorioso em um país como esse poderia ser um grande
exemplo para todo o Sul Global frente ao capitalismo.

p. 86-88 No que diz respeito à Palestina, é descrito como Israel tem servido de campo de
apoio incondicional para as forças imperialistas, que investem diariamente não
só nas políticas para a continuidade dos feitos coloniais e genocidas do Estado
de Israel sobre o povo palestino, como também o forte uso do aparato midiático
para legitimar a narrativa sionista e atrelá-la, como de costume, a acusações de
antissemitismo contra todos, não só palestinos, que são contra o colonialismo
israelense. Os próprios países árabes sobem que a expansão planejada por Israel
não se limita e nunca se limitou aos tratados feitos. Há o interesse sobre o Sinais
egípcio e as Colinas de Golã, na Síria. No fim, o interesse estrangeiro na
formação de um “Projeto do Grande Oriente Médio” está plenamente suportado
em todas as atitudes tomadas por Israel e seus cúmplices.

p. 88-91 Com relação ao Irã a discussão se dá mais no concernente às ambições


capitalistas de se equiparar aos “grandes países”. Ao tentar se tornar um paceiro
respeitável, o Irã sofre dos EUA uma forte repressão sob nome de “guerra
preventiva”, tão comum nos outros países também. As proibições e combates no
ques está relacionado à posse de armas nuclear é trazida em pauta. Afinal, por
que os países como o Irã não podem e as nações imperialistas sim? Por que
possuem discernimento em utilizá-las? Mesmo tendo sido essas as nações que
mais promoveram e promovem genocídios na história. Ao finalizar o capítulo,
Amin ainda nos aponta as chaves para uma nação ou região ser bem-sucedida
frente aos grandes imperialistas: a derrota do projeto de establishment de
Washington. Isso vale para o mundo árabe, mas também para todo o Sul Global.

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