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p. 67-71 Samir Amin inicia o texto situando-nos nas principais discussões a seguir.
Primeiro, os múltiplos discursos a respeito do Islã Político, desde as velhas
noções de que ele não respeita a separação entre política e religião, visando
fazer um contraponto, pasmem, com o cristianismo, até outras questões como as
alianças das principais forças do Islã Político e o poder imperialista, apesar de
alguns grupos considerarem o Islã, em si, antiimperialista. O principal exemplo
utilizado é o da Irmandade Muçulmana e os mandos e desmandos no Egito e
outros países, como a Arábia Saudita. A defesa aqui é de que o Islã Político se
alinha muito bem com a posição de capitalismo dependente, sendo reacionário
em seu cerne. A esquerda vem tentando se aproximar dele, dizendo que ele
mobiliza bastante as massas, mas é preciso tomar cuidado com isso. Apesar de
ele até poder dissimular uma aliança com a esquerda, ao chegar ao poder seria
muito fácil aniquilá-la violentamente, como ocorreu no Irã com Mujahideen e
Fedayeen Khalq. O mesmo ocorre com o anti-imperialismo do Islã Político que
de muito pouco adianta se o mesmo é aliado de ideias regressivas no campo
social. E, por fim, quando o argumento é combater a islamofobia ocidental, o
autor defende que o próprio Islã Político tem criado campanhas ideológicas
reacionárias equivalentes às terríveis que se espelham nos EUA e Europa.
p. 72-76 Nesta seção do texto, Amin discute sobre a modernidade e como ela se
entrelaça às ideias de secularismo e democracia. Fazendo um rápido apanhado,
é possível compreender que todas essas noções, apesar de vendidas como
homogêneas em todos os países ocidentais que hoje são democracias
(burguesas), na verdade, baseia-se em diferentes concepções e relações entre
estado e religião, como é o caso dos Estados Unidos, onde há a confusão entre
liberdade de culto (mesmo seitas) e laicidade e separação secular entre Estado e
Igreja. Assim, o autor nos leva até os países árabes, nos mostrando como
governos de esquerda e próximos de ideias progressistas tentaram levar a
democracia e produziram importantes avanços, à despeito dos preconceitos
alimentados pelo poder hegemônico e imperialista, e como muitos desses
progressos foram abortados pelos grupos reacionários, majoritariamente
apoiados pela Irmandade e por um Islã Político Wahabi, muito afeito ao
imperialismo, contra o qual a esquerda não soube articular soluções e acabou
por perder espaço.
p. 77-79 Samir Amin decide tratar aqui sobre os países de “linha de frente”, que também
foram os mais atingidos pelos interesses inescrupulosos dos imperialistas, tendo
como grande nome os Estados Unidos. Alguns dos motivos são: a detenção de
recursos por esses países; a viabilidade geográfica para ameaçar rivais como a
Índia, a China e Rússia; as fraquezas momentâneas da região, que a torna
facilmente dominável e, por fim, a presença do aliados incondicional dos EUA:
Israel. Quando começa a descrever o caso do Afeganistão, a questão é simples e
já bem descrita: o despotismo esclarecido dos “comunistas”, ao viabilizar
condições emancipatórias para o povo, foi fortemente atacado e praticamente
dizimado pelas forças reacionárias apoiadas pelos EUA. Nesse sentido, sempre
é mais viável para eles um despotismo obscurantista e facilmente dominável.
p. 86-88 No que diz respeito à Palestina, é descrito como Israel tem servido de campo de
apoio incondicional para as forças imperialistas, que investem diariamente não
só nas políticas para a continuidade dos feitos coloniais e genocidas do Estado
de Israel sobre o povo palestino, como também o forte uso do aparato midiático
para legitimar a narrativa sionista e atrelá-la, como de costume, a acusações de
antissemitismo contra todos, não só palestinos, que são contra o colonialismo
israelense. Os próprios países árabes sobem que a expansão planejada por Israel
não se limita e nunca se limitou aos tratados feitos. Há o interesse sobre o Sinais
egípcio e as Colinas de Golã, na Síria. No fim, o interesse estrangeiro na
formação de um “Projeto do Grande Oriente Médio” está plenamente suportado
em todas as atitudes tomadas por Israel e seus cúmplices.