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Prefácio

por Rodrigo Constantino

Entender melhor sobre a política americana em


geral é sempre algo de fundamental importância.
Afinal, tivemos poucas experiências bem-sucedi-
das de democracias ao longo da história. A Grécia
Antiga foi seu berço, Roma teve uma fase de grande
prosperidade democrática, a Inglaterra foi o maior
exemplo de defesa das liberdades individuais ao
longo de séculos e, finalmente, os Estados Unidos
representam uma espécie de síntese de todas as
experiências anteriores.

Esse livro que a Gazeta do Povo nos traz explica


melhor o funcionamento da dinâmica partidária
no país do Tio Sam. Não quero antecipar o conte-
údo deste belo material que o leitor tem em mãos,
e vou simplesmente destacar um ponto em parti-
cular para comentar: a radicalização do Partido
Democrata nas últimas décadas, que tem produ-
zido como efeito reativo o fenômeno do populis-
mo nacionalista que tem em Donald Trump seu
maior ícone. Essa revolução silenciosa dentro do

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Partidos Americanos
Partido Democrata tem ameaçado a “barganha
cívica” que sustenta a política americana, em
minha opinião.

O termo liberal quer dizer hoje algo bem diferente


do que no passado, principalmente nos Estados
Unidos. Seu conceito foi totalmente obliterado,
dando lugar ao “progressismo”, nada mais do que
uma máscara para o socialismo reformado. O que
estamos acompanhando, nas últimas décadas, é
uma revolução silenciosa que pretende modificar
fundamentalmente os Estados Unidos, antigo
bastião do liberalismo tradicional, e o restante do
mundo por tabela.

Essa tese está no livro Silent Revolution: How the


Left Rose to Political Power and Cultural Dominan-
ce, de Barry Rubin. De forma bem sucinta, a revolu-
ção silenciosa adotou quatro passos: 1) o radica-
lismo toma conta do liberalismo; 2) o novo
“liberalismo” pinta seu único oponente como
sendo reacionário, conservador de direita; 3) o
radicalismo (“liberalismo”) representa tudo aquilo
que há de bom na América e a correção de tudo

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aquilo que é ruim; 4) o novo “liberalismo” detém
o monopólio da verdade e o direito de transformar
fundamentalmente a América.

Esses passos produzem uma gritante contradição:


por um lado, os radicais “liberais” alegam que são
os responsáveis por tudo que fez da América esta
grande nação, mas por outro precisa retratar a
própria América como um lugar repleto de malda-
des para justificar sua transformação radical. Quer
absorver o legado fantástico do liberalismo tradi-
cional e, ao mesmo tempo, posar como único meio
possível para mudar radicalmente tudo aquilo que
há de ruim no país.

Para tal estratégia, faz-se necessário recriar uma


nação desastrosa em que a desigualdade e a injus-
tiça são enormes e crescentes. Também é preci-
so alegar que todos aqueles que se opõem ao
projeto “liberal” o fazem porque são racistas,
homofóbicos, preconceituosos ou insensíveis.
Portanto, aqueles que criticam os “liberais” não
merecem ser levados a sério e podem ser simples-
mente ignorados.

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Ao mesmo tempo, esses transformadores radicais
podem ignorar suas próprias bandeiras em suas
vidas particulares, sendo, por exemplo, parte da
elite dos 1% mais ricos que condenam como respon-
sáveis pelas mazelas todas. E partem para a segre-
gação da sociedade, intensificando os conflitos
racial, religioso, sexual e de classe.

A política identitária da ideologia Woke, que vem


tomando conta do Partido Democrata, ilustra bem
esse fenômeno: há uma disputa para ver quem é
mais vítima do sistema racista, e quanto mais
janelas de “minorias” o indivíduo preencher nessa
interseccionalidade, mais vítima ele é e mais privi-
légios ele merece. O denominador comum é que o
homem branco cristão será sempre o algoz, o inimi-
go a ser abatido.

Foi essa revolução silenciosa que tornou possível


a vitória de alguém como Barack Obama, um radical
de esquerda que, em qualquer outra época, seria
visto justamente como um radical de esquerda.
Hoje, virou um “moderado”, já como resultado
dessa revolução invisível. A mídia toda tratou

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Obama como um ídolo, um popstar acima do bem
e do mal. Ninguém quis conhecer a fundo suas
ideias, sua formação intelectual, seus pensamen-
tos radicais.

O liberalismo deixou de ser uma doutrina refor-


mista e moderada, e passou a simbolizar um impul-
so por mudanças radicais e fundamentais, contra
todo o “sistema”. A ideologia anticapitalista passou
a ser incorporada ao próprio “liberalismo”. Os
pilares mais básicos que fizeram da América o que
ela é foram, pouco a pouco, sendo destruídos.
Obama chegou a confessar que “amava” a Améri-
ca, mas desejava mudá-la “fundamentalmente”.
Ora, quem ama não deseja alterar a essência da
coisa amada!

Se tais propostas esquerdistas fossem apresenta-


das com suas verdadeiras cores radicais, teriam
enfrentado muito mais resistência interna. Mas a
marca registrada da “Terceira Esquerda”, como a
chama o autor, é justamente saber “dourar a pílula”,
embalar o radicalismo com o manto da modera-
ção. Os socialistas compreenderam que a revolu-

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ção direta, armada, marxista-leninista, nunca
daria certo nos Estados Unidos. Era preciso partir
para Gramsci, para a guerra cultural.

O método utilizado foi modificar o pensamento


predominante, uma revolução cultural. A negação
da existência dessa revolução em curso tem sido
parte essencial da estratégia. Quem acusa a farsa
é paranoico, reacionário, direitista. Ridicularizar
e isolar todos os críticos passou a fazer parte da
campanha dos revolucionários.

A maior vítima dessa revolução, argumenta o autor,


não foi o conservadorismo, um bode expiatório
para ser usado quando necessário; mas sim o
próprio liberalismo, que praticamente desapare-
ceu da política americana. Era o liberalismo clássi-
co, tradicional, que representava o maior obstá-
culo ao radicalismo dos “progressistas”.

Muitos inocentes úteis são atraídos ao novo “libera-


lismo” acreditando se tratar ainda dessa doutrina
mais moderada, e acabam reforçando o exército
de socialistas disfarçados. O declínio do liberalis-

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mo real acabou fortalecendo o conservadorismo
como a única alternativa aparente para se comba-
ter os radicais.

Até Bill Clinton, era possível atravessar o corredor


partidário e dialogar com os adversários. Havia
algum consenso sobre denominadores comuns
inegociáveis. Democratas e republicanos diver-
giam quanto aos meios, mas todos consideravam
o legado americano algo louvável, e desejavam
preservá-lo. Não mais! A radicalização democrata
foi tanta que o partido atual seria irreconhecível
para alguém como JFK.

John Fitzgerald “Jack” Kennedy, mais conhecido


apenas por JFK, nasceu no dia 29 de maio de 1917,
em Massachussets. O trigésimo-quinto presiden-
te americano completaria um século de vida hoje
se estivesse vivo. Foi assassinado em 1963 em
Dallas, no auge da Guerra Fria, pelo comunista Lee
Harvey Oswald. E, de fato, o anticomunismo foi
sua marca registrada durante a curta gestão na
Casa Branca.

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JFK foi o primeiro presidente católico dos Estados
Unidos, e tinha obsessão no combate aos comunis-
tas. Só essas duas características já seriam suficien-
tes para colocá-lo, hoje, como um “ultraconser-
vador” pela bizarra ótica da grande imprensa e seu
próprio partido, o que comprova como o Partido
Democrata se radicalizou à esquerda.

“Onde quer que a liberdade esteve em perigo, os


americanos com um profundo sentimento patri-
ótico sempre estiveram dispostos a encarar o
Armageddon e desferir um golpe pela liberdade e
pelo Senhor”.

“O caráter americano tem sido não só religioso,


idealista, e patriótico, mas por causa deles tem sido
essencialmente individual. O direito do indivíduo
contra o Estado sempre foi um dos nossos princí-
pios políticos mais queridos”.

“Devemos buscar o equilíbrio orçamental ao longo


do ciclo de negócios com excedentes durante os
bons tempos mais do que compensando os déficits
que podem ser incorridos durante recessões. Sugiro

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que esta não é uma política fiscal radical. É uma
política conservadora”.

“Munique deveria nos ensinar que temos de perce-


ber que qualquer blefe será pago. Nós não podemos
dizer a ninguém para ficar longe de nosso hemis-
fério, a menos que nossos armamentos e as pesso-
as por trás desses armamentos estejam prepara-
dos para dar suporte ao comando, até mesmo ao
ponto final de ir à guerra”.

“Um mundo que lança fora toda moralidade e


princípio – todo idealismo sem esperança, se quiser
– não é um mundo onde vale a pena se viver”.

“Hoje, as forças sinistras do comunismo estão


trabalhando duro. A maior baluarte contra a propa-
gação do comunismo é a força das democracias,
onde são apreciados os direitos fundamentais da
individualidade. Não pode haver nenhum compro-
misso com o comunismo ou qualquer outro ‘ismo’
que seja contrário aos direitos dos povos amantes
da liberdade. Devemos apoiar os países que lutam
contra o comunismo”.

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“Por isso, é vital que nos preocupemos com a
manutenção da autoridade das pessoas, do indiví-
duo, sobre o estado”.

“Chantagistas trabalhistas estão usando suas


posições sindicais para a prática de extorsão, agita-
ção de massas e suborno; ameaçando com greves,
problemas no trabalho, violência física ou danos
materiais para os empregadores que não conse-
guem dar-lhes pagamentos por baixo do pano,
presentes pessoais, ou outras contribuições que os
membros do sindicato nunca veem”.

“Esta não é uma luta pela supremacia das armas


apenas – é também uma luta pela supremacia entre
duas ideologias conflitantes; liberdade sob Deus
versus uma implacável tirania sem Deus”.

Quem teria proferido tais palavras? George W.


Bush? Ronald Reagan? Margaret Thatcher? Donald
Trump? Nada disso. São partes de discursos de John
Fitzgerald Kennedy, um dos maiores ícones do
Partido Democrata americano.

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Estão todos esses – e muitos outros – trechos de
discursos reunidos no livro JFK, Conservative, de
Ira Stoll. Não são declarações fora de contexto, e
sim parte essencial de quem era Kennedy, o primei-
ro presidente americano católico.

Políticos podem adotar mensagens ambíguas,


dependendo do ambiente, ou uma retórica que não
condiz com a prática. Mas o que o autor mostra no
livro, com grande embasamento e poder persua-
sivo, é que Kennedy era mesmo mais chegado ao
conservadorismo do que ao pensamento “progres-
sista” de esquerda.

Tanto suas falas como suas ações demonstram


alguém anticomunista até o último fio de cabelo,
extremamente religioso e com convicção na impor-
tância da clareza moral, defensor de redução de
impostos e do limite do estado, com um patriotis-
mo inquestionável e disposto a enfrentar com
coragem os inimigos da liberdade. Stoll resume:

“Os cortes de impostos de Kennedy, sua conten-


ção dos gastos domésticos, a sua preparação militar,

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sua política econômica pró-crescimento, sua
ênfase no livre comércio e num dólar forte, e sua
política externa conduzida pela ideia de que a
América tinha uma missão dada por Deus para
defender a liberdade, tudo faz dele, pelos padrões
tanto de seu tempo como de nossa própria época,
um conservador”.

A escolha de figuras importantes com viés mais


conservador para áreas críticas de seu governo é
outra evidência disso. A obsessão em tirar o ditador
Fidel Castro do poder para dar liberdade aos
cubanos, culminando na fracassada invasão da
Baía dos Porcos, idem. Compare-se a isso a postu-
ra de Barack Obama, aproximando-se do regime
cubano, ou as concessões que Joe Biden faz aos
radicais comunistas da base democrata.

O contexto era outro, o da Guerra Fria, não resta


dúvida. Mas não importa: Kennedy era linha dura,
sabia que só a força por trás e a ameaça crível de
seu uso podiam intimidar regimes nefastos, e não
tinha ilusões quanto a tais regimes. Entre Chamber-
lain e Churchill, Kennedy estaria com o último,

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Obama e Biden com o primeiro. A pusilanimidade,
o relativismo moral, o diálogo utópico com quem
quer apenas nos destruir, essas nunca foram as
características de Kennedy.

“Sejamos claros de que nunca vamos virar as costas


para nossos amigos leais em Israel, cuja adesão ao
caminho democrático deve ser admirada por todos
os amigos da liberdade”, disse Kennedy. Obama e
Biden despertam a desconfiança legítima dos
israelenses, cientes cada vez mais de que precisam
se defender sozinhos contra seus inimigos islâmi-
cos, já que o governo americano se afasta gradati-
vamente da necessária objetividade moral na região.

“Eu não acredito que Washington deve fazer para


as pessoas o que elas podem fazer por si mesmas
através do esforço local e privado. Não há mágica
nos dólares de impostos que foram para Washin-
gton e voltaram”, disse JFK. Sua crença na inicia-
tiva privada como locomotiva do progresso era
clara. Já Obama e Biden adotam o discurso de
Thomas Piketty, focando apenas nas desigual-
dades, e reduzem o mérito individual de quem

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teve sucesso na vida, apelando para um coleti-
vismo tosco.

O legado de Kennedy foi disputado por muitos, de


ambos os lados, e a tese de Stoll é que a esquerda
Democrata tentou pintar um presidente que não
existiu, forçando a barra em sua suposta inclina-
ção ao aspecto “social” por meio de mais estado.
Discursos acabaram cortados, ignorando-se passa-
gens marcantes que modificavam totalmente o
sentido atribuído pelos “liberais”. Livros foram
escritos, museus adaptados, tudo para vender um
JFK “progressista”, que não bate com a realidade.

No fundo, Kennedy não ligava muito para os rótulos,


mas também não se importava em ser atacado por
certos “liberais” da esquerda. Ele estava mais
preocupado com o que funcionava e o que era certo.
Acabou sendo assassinado por um marxista que
tinha ficado alguns meses na União Soviética e
tentado ir para Cuba. Kennedy era alvo constante
de críticas dos “pacifistas” e jornalistas de esquer-
da, que não suportavam sua visão clara da Guerra
Fria: “O inimigo é o sistema comunista em si,

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implacável, insaciável, incessante na sua sede para
dominar o mundo”.

A ironia é que foi Nixon, o Republicano, quem


adotou medidas realmente “progressistas”,
aumentando o déficit fiscal, controlando preços,
expandindo a intervenção estatal na economia e
reaproximando os Estados Unidos de regimes
comunistas, como a China, além da retirada das
tropas do Vietnã, à contramão do que Kennedy fez,
uma vez que considerava fundamental evitar que
a região fosse toda tomada pelos soviéticos.

Foi preciso surgir outro Republicano, Ronaldo


Reagan, para resgatar boa parte do legado de
Kennedy, o Democrata. Reagan inclusive chegou
a citar várias vezes JFK em seus discursos, como
quando defendeu a redução dos impostos. Em seu
mais famoso discurso, conclamando Gorbachev a
derrubar o Muro de Berlim, Reagan começa mencio-
nando Kennedy, que também esteve na Alemanha
e disse que todos os defensores do comunismo
deveriam visitar sua capital, para ver o que os sovié-
ticos fizeram na prática.

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Comparar Kennedy a Obama e Biden é constatar o
quão mais radical se tornou a esquerda no país, a
ponto de um senador efetivamente socialista,
Bernie Sanders, disputar com cerca de 30% de apoio
as prévias do Partido Democrata. O líder socialis-
ta Norman M. Thomas disse, num discurso de
1948: “O povo americano nunca vai adotar
conscientemente o socialismo, mas sob o nome de
‘liberalismo’, adotará cada fragmento do progra-
ma socialista até que um dia a América será uma
nação socialista sem saber o que aconteceu”.

Com Obama, sua profecia ficou mais perto de se


concretizar. Com Joe Biden dependente de uma
militância radicalizada que flerta até com o Hamas
contra Israel, não dá mais para negar o perigo.
Kennedy, se concorresse hoje, seria acusado de
“reacionário” ou até mesmo de “fascista” por uma
esquerda cada vez mais radical, desconectada dos
principais valores que fizeram da América a nação
que é. Kennedy respeitava e admirava o legado dos
“pais fundadores”, citando com reverência Thomas
Jefferson. Hoje, democratas derrubam estátuas dos
fundadores “escravocratas”. O Partido Democra-

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ta, pelo bem da América, precisa resgatar seus
princípios e sua moderação. Ou, como reação,
teremos líderes republicanos realmente radicais
no futuro próximo, a ponto de a esquerda morrer
de saudades de Trump.

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Partidos Americanos
Índice
Introdução 20
1. Fundação e Conflitos Iniciais
(1780-1820) 22
2. Era Jacksoniana e Ascensão dos
Partidos de Massa (1820-1860) 27
3. Guerra Civil e Reconstrução
(1861-1877) 32
4. Era Progressista e Mudanças
Sociais (1890-1920) 36
5. Depressão, Guerra e
Movimentos Sociais (1920-1970) 41
6. Era Contemporânea e Desafios
Atuais (1970-Atualidade) 45
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Partidos Americanos
Introdução
O primeiro presidente dos Estados Unidos não era oficial-

mente filiado a nenhum partido político. George Washington

permaneceu no cargo entre 1789 e 1797, um período de tran-

sição e consolidação da independência do país. Foi quando

aconteceu também a construção e a inauguração da capital.

Mas, rapidamente, ainda durante o governo de Washington,

dois grupos distintos iniciariam uma tradição: desde então,

o sistema político americano se mostrou consistentemen-

te bipartidário na prática, ainda que a existência de outras

agremiações seja autorizada e sempre tenha acontecido.

Atualmente existem sete grupos em atividade, ainda que

cinco deles não contem com nenhum governador, nenhum

senador e nunca tenham conseguido eleger um presidente.

Desde meados dos anos 1850, os partidos Republicano e De-

mocrata dividem o poder, não apenas no Executivo como no

controle da maioria do Legislativo, com as consequentes in-

dicações para os principais postos do Judiciário.

Em 5 de novembro de 2024, os eleitores americanos vão às

urnas para a 60ª eleição presidencial quadrienal da histó-

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Partidos Americanos
ria do país. E, mais uma vez, as duas principais agremiações

políticas irão centralizar as atenções.

Elas surgiram depois da fundação do país, se consolidaram

no poder e acumularam conquistas e erros. Suas ideologias

e propostas foram ajustadas ao longo do tempo, assim co-

mo o perfil de eleitorado que elas atraem. Conheça agora

a história do sistema partidário norte-americano, e mais

especificamente a trajetória do Partido Republicano e do

Partido Democrata.

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Partidos Americanos
Em geral, os fundadores na nova nação indepen-
dente não confiavam totalmente no sistema parti-
dário tradicional, e por isso mesmo não previram
a existência de tais agremiações na Constituição
americana. Como aponta o historiador Richard
Hofstadter no livro The Idea of a Party System: The
Rise of Legitimate Opposition in the United States (“A
Ideia de um Sistema Partidário: A Ascenção da
Oposição Legítima nos Estados Unidos”, sem
versão em português), os primeiros líderes do país
“não acreditavam nos partidos como tais, despre-
zavam aqueles que conheciam como modelos
históricos, tinham um grande terror do espírito
partidário e das suas consequências nefastas”.

No entanto, ele prossegue, “quase assim que o seu


governo nacional entrou em funcionamento,

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

27/08/1787
É publicado o primeiro dos chamados Papéis Federalistas,
uma coleção de 85 artigos escritos por Alexander Hamilton,
John Jay e James Madison. Os documentos inspirariam a
criação, dois anos depois, do Partido Federalista, o
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primeiro agrupamento P a rpolítico


t i d o s A m e r i c da
a n o s história americana.
Democrata e Republicano.
acharam necessário estabelecer partidos”. E o
primeiro foi o Partido Federalista, inspirado em
uma coleção de 85 artigos e análises de Alexander
Hamilton, John Jay e James Madison. Eles defen-
diam que a federação deveria se manter fortaleci-
da por um governo central forte, que incentivasse
a industrialização do país.

Logo na virada da década de 1790, este grupo já


contava com a oposição dos chamados não-fede-
ralistas, que em 1792, por iniciativa de Thomas
Jefferson, dariam origem ao Partido Democrata-
-Republicano. Este grupo era defensor da conces-
são de maior poder às províncias e ao incentivo a
um sistema de produção predominantemente
agrário. Enquanto os federalistas eram mais ligados
às províncias do norte do país, os democratas-re-
publicanos se vinculavam com maior força ao sul.

Surgia assim a primeira versão do sistema parti-


dário nacional, sustentado na oposição entre dois
grupos adversários. John Adams, o segundo presi-
dente do país, era federalista, num momento de
grande domínio deste grupo.

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Partidos Americanos
No entanto, seu sucessor foi Jefferson – a ele se
seguiram três integrantes do Partido Democrata-
-Republicano, que ocupou um vácuo deixado pela
perda de prestígio dos federalistas depois que eles
se recusaram a apoiar a Guerra Anglo-Americana
de 1812. Em 1835, o Partido Federalista deixaria de
existir, apenas um ano depois da fundação de seu
sucessor, o Partido Whig.

No fim da década de 1820, os democratas-repu-


blicanos sofreriam uma divisão, que daria origem
ao Partido Democrata. Surgia dessa forma uma
nova bipolaridade política, entre o Partido Whig e
o Partido Democrata.

Em suas origens, os democratas atuavam em defesa


de uma base eleitoral bastante diferente da atual.

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

13/05/1792
Em oposição aos federalistas, Thomas Jefferson funda o
Partido Democrata-Republicano, que defendia o liberalismo,
o republicanismo, as liberdades individuais e o livre
comércio – e não se opunha à escravidão. Em 1801, Jefferson
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se tornaria presidentePartidcomo
os Ame sucessor
ricanos de John Adams, o
único integrante do Partido Federalista a chegar ao posto.
“Demorou terrivelmente para que o autoprocla-
mado ‘partido do povo’ acolhesse o apoio e lutas-
se pelas necessidades dos americanos cuja pele não
era branca e cujo género não era masculino”, relata
Michael Kazin em What It Took to Win: A History of
the Democratic Party (“O que Foi Necessário para
Vencer: uma História do Partido Democrata”, sem
versão em português). “Durante o primeiro século
da sua existência, o Partido Democrata foi de fato
uma organização que solicitava os votos apenas
dos homens brancos e negligenciava ou menos-
prezava todos os outros”.

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Partidos Americanos
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Partidos Americanos
Ao chegar ao poder, em 1829, apenas um ano após
a fundação do Partido Democrata, Andrew Jackson
foi decisivo para consolidar o novo partido, que
seguiu no comando do Poder Executivo até 1841.

Militar com atuação importante para a aquisição


da região da Flórida, herói nacional depois da vitória
contra os ingleses na Batalha de Nova Orleans, de
1815, em meados da década de 1820 Jackson lidera-
ria o rompimento em relação ao Partido Democra-
ta-Republicano depois de contestar a eleição à
presidência de seu colega de agremiação, John
Quincy Adams, em 1824.

Adams fundou então o Partido Nacional Republi-


cano (que não tinha relação com o futuro Partido
Republicano). E Jackson deu origem ao Partido

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

08/01/1828
A partir do rompimento do Partido Democrata-Republicano,
que havia elegido quatro presidentes de forma consecutiva,
surge o Partido Democrata, que, logo em 1829, colocaria
Andrew Jackson no posto mais alto do Poder Executivo.
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Democrata. Sua forma de fazer política, marcada
por grandes gestos públicos e a manutenção de sua
popularidade pessoal amplamente bem estabele-
cida, daria origem aos chamados partidos de massa.

A chamada Era Jacksoniana foi marcada também


pelo crescimento do Partido Whig na oposição, que
defendia práticas menos populistas e com maior
poder para o Congresso, além de investimentos na
modernização do país. Depois de perder diferen-
tes pleitos por margens apertadas, os Whig chega-
ram à década de 1840 em condições de eleger seu
primeiro presidente, William Henry Harrison. Até
o início da década de 1860, os dois grupos segui-
riam alternando o controle do Poder Executivo.

Quanto a Andrew Jackson, que permaneceu dois


mandatos no poder, ele deixou um legado de expul-
são de tribos indígenas do território que compu-
nha naquele momento os Estados Unidos. Resul-
tado de aproximadamente 70 tratados com tribos
diferentes, ele conseguiu que amplas regiões, como
a faixa de terras a leste do Rio Mississipi e ao sul
do Lago Michigan, ficassem vazias dos moradores

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Partidos Americanos
nativos, ao custo de milhares de vidas.

Em 1854, lideranças do norte do país, contrárias à


expansão da escravidão, fundaram o Partido
Republicano, que defendia uma reforma econô-
mica e uma agenda liberal. Em 1856, o Partido Whig
foi desmantelado, com boa parte de suas lideran-
ças migrando para os republicanos.

“Da sua posição primária como oponente da exten-


são da escravatura, o novo partido tornou-se o
campeão da abolição e, no caos provocado pela
Guerra Civil e pelo período de Reconstrução que se
seguiu, foi mantido no poder”, escreve George
Washington Platt em A History of the Republican Party
(“Uma História do Partido Republicano”, sem
tradução em português). “Gradualmente, mas com

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

20/03/1854
É fundado, por lideranças contrárias à escravidão no
país, o Partido Republicano.

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firmeza, tornou-se um partido nacional forte,
resolvendo os muitos problemas controversos que
se seguiram ao grande conflito, restaurando o
crédito público, reduzindo a enorme dívida de
guerra”.

Tinha início assim a terceira dualidade de parti-


dos, que se mantém até hoje, 170 anos depois: de
um lado o Partido Democrata, de outro o Partido
Republicano. Às vésperas da Guerra Civil Ameri-
cana, que teria início em 1861, os democratas atraí-
am majoritariamente produtores rurais, imigran-
tes católicos e pessoas contrárias à centralização
política e da gestão das finanças do país.

Já os republicanos eram a escolha de preferência


de empreendedores, comerciantes, industriais e
negros livres, que viam neste partido a melhor
possibilidade para o fim da escravidão.

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Partidos Americanos
Líder do Partido Whig, Abraham Lincoln havia
representante federal do estado de Illinois, mas,
em 1849, aos 40 anos de idade, decidira retomar a
prática como advogado. Até que, em 1954, o Ato
Kansas-Nebraska, uma ação do senador democra-
ta Stephen Douglas aprovada pelo Congresso,
irritou Lincoln profundamente.

Ele então voltou à política, já como uma das princi-


pais referências do novo Partido Republicado. O
ato criava os territórios de Kansas e Missouri e dava
a eles autonomia de optar por autorizar o sistema
escravista. Dessa forma, facilitava a ampliação da
prática, sem que o Congresso pudesse interferir, e
potencialmente levando a escravidão para além
dos limites estabelecidos por lei duas décadas antes.

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

04/03/1861
Primeiro presidente republicano do país, Abraham Lincoln
assumiria um papel fundamental durante a Guerra Civil
americana, que resultou na manutenção da federação e na
abolição da escravatura. Com poucos períodos de exceção
(dois mandatos não consecutivos de Grover Cleveland e
dois consecutivos de Woodrow Wilson), os republicanos
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permaneceriam no poder
P a r t ientre
d o s A m e1869
r i c a n o se 1933.
A eleição de Lincoln à presidência, em 1860, deixa-
va claro que a nova presidência combateria o
aumento do total de territórios em que a escravi-
dão era autorizada – uma questão crucial num
momento de ampla expansão do país na direção
oeste. Foi o estopim para a Guerra de Secessão, inicia-
da quando os estados do Sul se separaram da União
e formaram os Estados Confederados da América.

O conflito acabaria em 9 de abril de 1865, seis dias


antes de o presidente ser assassinado. A União foi
retomada e a escravidão, finalmente abolida, como
resultado de uma sequência de alterações na Consti-
tuição levadas adiante pelos republicanos.

A partir deste incidente, e até o início da década de


1930, o Partido Republicano permaneceria no poder
a maior parte do tempo, não apenas na presidên-
cia como também com maioria no Congresso. Havia
se posicionado como o partido da União e levaria
adiante a missão de reconstruir o país, destruído
pelo conflito e ainda bastante fragmentado entre
norte e sul.

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Partidos Americanos
As pautas republicanas eram semelhantes às defen-
didas pelo Partido Whig: apoio a bancos nacionais
fortes, investimentos em modernização e melho-
ra da infraestrutura, incentivo à implementação
de instituições de ensino fortes. E se mostraram
eficazes para reorganizar o país, especialmente
depois de 1877, quando finalmente as últimas
tropas federais deixaram os territórios do sul.

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

14/09/1901
O republicano Theodore Roosevelt se torna conhecido por
liderar ações pioneiras de preservação ambiental, com a
criação de 53 reservas naturais e a proteção de mais de
170 mil quilômetros quadrados de florestas nacionais.
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Partidos Americanos
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Partidos Americanos
Na virada do século, os temas considerados priori-
tários pela população americana mudaram na
direção de pautas que podem ser consideradas
progressistas. Elas incluíam a demanda por uma
nova regulamentação para a atuação de grandes
corporações, a necessidade de reformar o siste-
ma bancário, a crítica à corrupção na política
partidária, o voto para mulheres e o combate ao
trabalho infantil e à segregação racial.

Ao longo deste período, uma ala mais radical dos


democratas começou a se aproximar de algumas
dessas agendas, especialmente as sociais e
comportamentais, em alguns casos com o impul-
so de alas socialistas alinhadas com os aconteci-
mentos que levariam à implementação do
comunismo na Rússia. “Os democratas emergi-

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

04/03/1913
Começa o governo de Woodrow Wilson, que colocaria os Estados
Unidos para participar da Primeira Guerra Mundial, o que
mudaria a história do conflito. Ele também trabalharia
pela criação do Banco voltar
Central norte-americano.
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Partidos Americanos
ram como um partido da reforma econômica ao
mesmo tempo que os partidos socialistas e traba-
lhistas assumiam um estatuto influente nas legis-
laturas e nas culturas de outras nações industria-
lizadas do outro lado do Atlântico”, afirma
Michael Kazin.

Em paralelo, neste período histórico, parte dos


democratas sustentava ideias claramente eugenis-
tas – caso de Margaret Sanger, fundadora da
organização pró-aborto Planned Parenthood, em
1916. Ela foi defensora da eugenia negativa, que,
a pretexto de melhorar as características heredi-
tárias humanas através da intervenção social,
propunha a reprodução daqueles que eram consi-
derados inadequados – uma forma de aproximar
o aborto e os métodos contraceptivos da noção de
que os pobres seriam geneticamente inferiores.

Ainda assim, os republicanos se mantiveram na


presidência em boa parte do período, com a exceção
notável do governo do democrata Woodrow
Wilson, iniciado em 1913 e concluído em 1921,

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Partidos Americanos
marcado pela criação do Banco Central america-
no e pela decisão de levar os Estados Unidos a
participar da Primeira Guerra Mundial.

Por outro lado, a década anterior foi marcada pela


presidência do republicano Theodore Roosevelt,
que permaneceu no posto de 1901 a 1909 e que
acabou por implementar ações progressistas,
como o foco na conservação da natureza e decisões
raras na época, como a de receber na Casa Branca
lideranças grevistas para dialogar, em vez de
dispensar a manifestação à base da força.

Roosevelt ambém acelerou a participação do país


em conflitos internacionais: sua atuação para
conter a guerra entre Rússia e Japão, em 1905, o
levou a ganhar o Prêmio Nobel da Paz do ano

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Os principais acontecimentos da história dos
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09/03/1933
O presidente democrata Franklin D. Roosevelt apresenta o
New Deal, um plano de recuperação econômica que levaria
o partido a permanecer no poder até 1953, a um alto
custo para os cofres públicos,
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resultado da ampliação
da máquina estatal. P a r t i d o s A m e r i c a n o s
seguinte – Woodrow Wilson receberia também a
honraria, em 1920.

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Partidos Americanos
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Partidos Americanos
A Grande Depressão, em 1929, lançou o mundo
em geral, e os Estados Unidos em particular,
em um turbilhão econômico profundo, marca-
do por inflação, desemprego e desconfiança no
sistema bancário.

O republicano Herbert Hoover estava na presi-


dência quando do início da crise. Foi sucedido,
em 1933, por Franklin D. Roosevelt, que perma-
neceria no posto até 1945. Foram 4.422 dias no
cargo, muito além dos 2.922 dias dos segundos
colocados, 12 presidentes que governaram por
dois mandatos. Roosevelt ainda foi eleito para
um quarto período, mas morreu 2 meses depois
de assumir o posto mais uma vez.

Ele atuou decisivamente durante a Segunda

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Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

20/01/1961
Assume o governo John F. Kennedy, o primeiro presidente
americano católico – o segundo é o atual, o também
democrata Joe Biden. Kennedy seria assassinado em 1963
e sucedido por Lyndon voltar
B. para Johnson,
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que em 1964 iniciou
a Guerra do Vietnã. P a r t i d o s A m e r i c a n o s
Guerra Mundial. Mas outra ação de seu governo
se mostraria ainda mais marcante para o equilí-
brio da política partidária do país: o New Deal, um
amplo programa de recuperação econômica que
se tornaria extremamente popular e apoiaria a
manutenção do partido no poder até 1953. A um
custo alto, a bem da verdade: foi neste período que
o Estado e a burocracia americanos cresceram e
assumiram poderes demais, com apoio de entida-
des sindicais beneficiadas pelas medidas.

Depois do mandato do republicano Dwight D.


Eisenhower, que se elegeu com base na popula-
ridade alcançada por ter planejado e supervisio-
nou importantes ações militares americanas no
conflito mundial, incluindo o Dia D, a década de
1960 foi marcada por um novo domínio democra-
ta, apoiado nos mandatos de John F. Kennedy e
Lyndon Johnson.

Foi uma época de importantes mudanças sociais,


marcada também pela decisão de Johnson de
levar o país à guerra contra o Vietnã, que culmi-
naria em uma derrota humilhante. Em tempo:

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Partidos Americanos
mesmo Kennedy sendo um democrata, hoje
provavelmente não reconheceria o próprio parti-
do, já que ele era bem mais conservador que a
maioria dos democratas atuais.

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Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

08/08/1974
Como resultado do escândalo Watergate, quando cinco homens
foram presos tentando invadir a sede do Partido Democrata,
o republicano Richard Nixon se torna o primeiro e até
hoje único presidente dos Estados Unidos a renunciar ao
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cargo. Partidos Americanos


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Partidos Americanos
Desde 1969 até hoje, dez presidentes se sentaram
na Casa Branca, sendo seis deles republicanos.
Richard Nixon acabaria marcado por se tornar o
primeiro e único a renunciar ao posto, em 1974,
enquanto Reagan conduziu o país entre 1981 e 1989,
um período marcado pelo fim da Guerra Fria. Por
sua vez, ao assumir em 1992, o democrata Bill
Clinton ficaria conhecido por defender uma Tercei-
ra Via, combinando as pautas culturais e compor-
tamentais progressistas com uma política econô-
mica mais próxima do conservadorismo.

O republicano George W. Bush estava no posto


quando dos atentados de 11 de setembro de 2001,
que levaram às guerras contra o Iraque e o Afega-
nistão. Seria sucedido por Barack Obama, que por
sua vez cedeu o posto a Donald Trump, derrotado

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Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

20/01/1981
Têm início os oito anos de governo do presidente
republicano Ronald Reagan, que se mostraria decisivo para
o surgimento da chamada Nova Ordem Mundial, resultado
do fim da guerra fria voltar
ao final da década de 1980.
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Partidos Americanos
por Joe Biden em sua campanha por reeleição.

Ao longo deste período, os democratas se aproxi-


maram ainda mais do espectro à esquerda da
política, enquanto os republicanos se posicio-
nam à direita. Na comparação com a média da
população, o Partido Democrata conta com
proporções maiores de mulheres, sindicalistas,
eleitores negros e descendentes de indígenas,
defensores de pautas LGBTQIAP+ e de políticas
de incentivo aos transgêneros.

Já o Partido Republicano segue apoiado majorita-


riamente por homens, brancos, donos de peque-
nos empreendimentos, moradores de áreas rurais
e mais propensos a seguir práticas religiosas cristãs.

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

20/01/2001
O republicano George W. Bush chega ao governo, um posto
que já havia sido ocupado por seu pai, George H.W. Bush,
entre 1989 e 1993. É apenas o segundo caso de pai e filho
na presidência – os anteriores foram John Adams e John
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Quincy Adams. Partidos Americanos


“Em meados da década de 1990, a aparência parti-
dária de quase todos os estados do país tinha-se
alterado fundamentalmente desde a Grande
Depressão. Aqueles no extremo sul começaram a
favorecer os indicados presidenciais do Partido
Republicano quase tão rotineiramente como
antes apoiavam os democratas. A maioria dos
estados da Nova Inglaterra desviou-se na direção
oposta e normalmente escolheu também os
democratas para dirigirem as suas legislaturas”,
comenta Kazin.

O resultado é que a população segue consistente-


mente dividida ao meio, com eleições presiden-
ciais e para o Congresso disputadas voto a voto. A
polarização ficou radicalizada, a ponto de segui-
dores de Trump invadirem o Capitólio depois da

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.

20/01/2009
O democrata Barack Obama se torna o primeiro negro a
chegar à presidência. É sucedido pelo republicano Donald
Trump, em 2017, que por sua vez em 2021 cedeu o cargo
ao democrata Joe Biden. Desde o mandato de George H.W.
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Bush, tem havido, deP forma


artidos A consistente,
mericanos uma alternância
entre os partidos nas eleições presidenciais.
divulgação dos resultados das eleições de 2020.

Na medida em que a Rússia segue em guerra, a


China fortalece seu grau de influência global,
especialmente na África e na América do Sul, os
Estados Unidos se veem diante de um desafio: o de
se manter na posição de relevância e liderança
global que assumiu ao longo do século 20, enquan-
to lida com um cenário de grande tensão política
entre seus dois principais partidos.

23 Décadas em 14 Datas
Os principais acontecimentos da história dos
partidos Democrata e Republicano.
Atualidade
De acordo com uma pesquisa publicada pelo Instituto Gallup
no início de 2023, 45% dos americanos se dizem inclinados
a apoiar o Partido Republicano e 44%, os democratas. Outro
levantamento, este do centro de pesquisas Pew publicado
em setembro de 2023, indica que 38% dos americanos são
favoráveis aos republicanos
voltar para eo 61%,
índice desfavoráveis. Quanto

ao Partido Democrata,P a r tos


i d o s percentuais
Americanos são semelhantes:
39% e 60%, respectivamente.
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