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c) Os princípios fundamentais da organização administrativas que,
dependerá em grande medida da consagração constitucional que destes se
fizer no respectivo diploma fundamental, mas têm em comum a adopção dos
princípios da legalidade, da participação dos administrados na preparação e
execução das decisões da Administração Pública, da igualdade dos cidadãos
perante a Administração Pública, da desconcentração e descentralização
administrativa1.
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NETO, António Pitra. Apontamento sobre Matérias de Direito Administrativo, Luanda:
Mayamba Editora, 2011, p. 25-26. Ver também, arts. 198º e 199º da CRA.
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A luz do art. 53º da Lei nº 23/92 de 16 de Setembro Lei de Revisão Constitucional, os órgãos
de soberania da Republica de Angola eram: o Presidente da República, Assembleia Nacional,
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O Estado é a principal entidade pública, com características próprias,
distintas das demais entidades públicas, consideradas, menores, tendo como
órgão superior o Presidente da República enquanto titular do Poder Executivo,
segundo o disposto no art. 108º da CRA, sendo reservadas aos entes menores
do tipo institucional ou associativo a prossecução de fins singulares e que
dependem, em regra, embora de grau diverso o órgão principal do Estado: o
Presidente da República que exerce nos termos da Constituição e da Lei os
poderes de Superintendência e tutela administrativa.
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aos distintos escalões que corresponderõo aos diversos patamares de
autoridade.
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particularmente intensas de tutela administrativa, designadamente a uma
ampla tutela de mérito.
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local e a descentralização e a desconcentração administrativas no quadro de
um Estado unitário e da promoção e consolidação da unidade nacional” (Feijó,
2001, p. 131).
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do estado, por essa razão, diz se que é um sistema tecnicoadmnistrativo
(Bastos, 1992, p. 17).
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Afirmam Feijó e Paca (2005) que o sistema descentralizado é de longe o
que melhor satisfaz os imperativos do Estado de direito democrático. A história
recente indica que o poder da iniciativa local será condição sine qua non para
uma democracia satisfatória e estável.
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Contudo, há exemplos de casos em que o processo de descentralização
não foi desenvolvido com tanto sucesso. Para Wilfahrt (2018), a
descentralização nos países da África Subsaariana não correspondeu às
expectativas inicias de melhorar o desenvolvimento, a eficiência e a
governança. O estudo associado ao desempenho dos governos locais no
Senegal apontou que mesmo com o processo de descentralização, as elites
locais continuaram a definir a tomada de decisão em relação aos demais
cidadãos.
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A palavra “poder” comporta em si uma vasta carga semântica, porém
podemos começar por dizer que significa ter possibilidade de ter o direito de
influência ou força; exercer soberania sobre determinadas ações; dispor de
meios que possibilitem a materiazação de uma acção. E “local” por pressupor
um determinado lugar, espaço determinado ou limitado.
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Segundo o antropólogo Samuel Aço (2012), o poder local definese como
aquele poder político originário ou derivado exercido, nos termos da lei, a nível
das comunidades locais através de órgãos descentralizados, de instituições
organizativas tradicionais e de outras formas de participação democrática das
populações visando a satisfação dos interesses próprios, tendo como principais
elementos as autarquias, as autoridades tradicionais e as outras formas de
participação dos cidadãos.
Para Poulson (2009, p. 39), poder local pode ser definido como “o poder
administrativo e tradicional, originário ou derivado exercido nos termos da lei e
da tradição, ao nível das comunidades locais e das circunscrições
administrativas definidas por lei, mediante entidades autónomas que visam a
prossecução de interesses colectivos específicos”.
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Ainda na concepçao de Feijo (Op. cit, p. 235) face às teorias de poder
local, algumas consequências podem ser retiradas:
A ideia do poder local não é propriamnte nova, pois que ela ja tinha sido
consagrada nas constituições de 1975 e 1992 definindo-se, ainda que de
maneira pouco clara, os seus órgãos e alguns dos seus princípios. Mas a
Constituição de 2010 inovou dedicandolhe um conteúdo mais amplo e definiu
claramente as condições da sua organização e implementação, ao afirmar que
“a organização democrática do Estado ao nível local estrutura-se com base no
princípio da descentralização político-administrativa que compreende formas
organizativas do poder local” e que estas compreendem as autarquias locais,
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as instituições do poder tradicional e outras modalidades específicas de
participação dos cidadãos, nos termos da lei” (Artigo 213º da CRA).
(O art. 120º al. d), igualmente da CRA, compete ao PR, enquanto titular
do Poder executivo: dirigir os serviços e a actividade da administração directa
do Estado, civil e militar, superintender a administração indirecta e exercer a
tutela sobre a administração autónoma, resultando daí o princípio da
descentralização administrativa.
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3 - Organização própria e o direito às competências próprias – mediante
órgãos próprios representativos das respectivas populações, (princípio de
eleições democráticas), dispondo de poder regulamentar.
Tal como enfatiza Aço ((2011, p. 30-32)) no plano histórico, o poder local
é explicado pela necessidade dos habitantes de uma determinada parcela do
território se organizarem em função das relações de vizinhança e dos
interesses comuns e próprios. No plano político, poder local significa a
necessidade de auto-organização de determinados povos para o alcance de
seus objetivos. No plano jurídico, o poder local se baseia nos princípios da
autonomia local e descentralização administrativa.
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Amaral (2012, p. 487488) chama atenção para a expressão poder local
que, na sua perspetiva, não deve ser encarada como sinónimo de autarquias
locais. Prossegue ao aludir que pode haver autarquias locais e não haver poder
local, ou seja, pode o conjunto das autarquias locais não constituir um poder
face ao poder do Estado. Se elas não beneficiarem da descentralização
política, isto é, se não forem livremente os membros dos seus órgãos
representativos. Defende Freitas do Amaral que, só há verdadeiro poder local,
quando as autarquias locais são verdadeiramente autónomas e têm um amplo
grau de autonomia administrativa e financeira, ou seja, quando forem
suficientemente largas as suas atribuições e competências, quando forem
dotadas dos meios humanos e técnicos necessários, bem como os recursos
materiais bastantes, para as prosseguir e exercer e, ainda, quando não forem
exageradamente controladas pela tutela administrativa e financeira do poder
local.
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O segundo, o princípio da descentralização administrativa, define que
não cabe apenas ao Estado central a prossecução dos interesses coletivos da
Nação, admitindo e reconhecendo a existência de entes públicos locais. A
descentralização aqui é um imperativo político e administrativo de governação,
uma vez que um Estado “atolado” de tarefas, que decide do centro para a
periferia administrativa, sem atender às preocupações efetivas dos
administrados de uma parcela do território nacional, dificilmente realizará o
interesse público, prosseguido com eficácia e eficiência.
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