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P E R S P E C T I VA S

PA R A A Ç Õ E S
JUNTO AO
CIDADÃO IDOSO
C arta de B ertio g a
Fórum
PERSPECTIVAS
PARA AÇÕES
JUNTO AO
CIDADÃO IDOSO

C a r ta d e B e r t i o g a

Documento elaborado durante o Fórum


realizado em 2013, oportunidade na qual
se comemorou os 50 anos do Programa
Trabalho Social com Idosos.
FÓRUM PERSPECTIVAS
PARA AÇÕES JUNTO AO
CIDADÃO IDOSO

Dentre os temas mais complexos do mundo contemporâneo,


por conta dos seus impactos e desdobramentos socioeco-
nômicos, encontra-se a questão do envelhecimento popu-
lacional. No Brasil, a despeito das avaliações mais recentes,
especialmente em virtude dos desequilíbrios previdenciários,
o que vem ocorrendo é uma mudança de paradigma: os ido-
sos têm confrontado sua invisibilidade social para reivindicar
melhores condições de vida e de participação, interferindo
nas previsões e planificações para o futuro.
O futuro anunciado desde sempre se faz agora. Conscientes
da importância das suas contribuições e, também, das de-
mandas e necessidades de políticas públicas que atendam
as várias gerações de idosos, especialistas, profissionais em
gerontologia e geriatria e militantes das lutas pelos direitos
dos idosos vêm procurando se articular em redes para con-
cretizar um ambiente mais saudável e acolhedor para todos
os velhos, e não somente para aqueles que tenham condi-
ções financeiras, políticas ou sociais de exigir tal tratamento
das autoridades.
Em 1963, o Sesc São Paulo foi pioneiro na perspectiva de
discutir, pensar e implantar programas, além de incentivar a
criação de políticas públicas para a população idosa. Além
disso, de forma propositiva, criou e desenvolveu programas
para outras faixas etárias nas áreas de saúde, educação, lazer
e cultura, como exemplificam o Turismo Social, Curumim, Es-
porte Criança, Esporte para Idosos, Mesa Brasil, Juventudes,
Sesc Gerações, entre outros. Foram experiências inovadoras
no sentido de oferecer alternativas e modelos para minimizar
problemas de interesse social.

2
Ao completar 50 anos do Trabalho Social com Idosos, tem-se
várias razões para comemorar e outras tantas preocupações
ainda embaçando o horizonte. O Fórum “Perspectivas para
Ações junto ao Cidadão Idoso” se insere como um evento
de caráter reflexivo e propositivo para aprofundar questões
importantes que se referem ao acelerado processo de enve-
lhecimento brasileiro. Foram as vozes e expectativas desse
grupo que se pôde auscultar neste encontro e encaminhá-las
de forma organizada com este documento alinhavado por
muitas mãos: profissionais do Sesc, pesquisadores, lideranças
de movimentos de associações de idosos, entre outros.
Neste sentido, a mobilização em fóruns de reflexão e debate
abrem brechas importantes na estrutura de acesso a um en-
velhecimento digno, com condições adequadas e qualifica-
das para o bem viver, direito inalienável de todo ser humano
em qualquer fase da vida.
Os documentos aqui condensados registram os múltiplos ca-
minhos trazidos para discussão, fruto da militância e engaja-
mento de profissionais e cidadãos que agem em defesa da
cidadania plena das pessoas idosas. Estes ideais revigoram,
orientam e estimulam as ações do Sesc São Paulo.

Danilo Santos de Miranda


Diretor Regional do Sesc São Paulo

3
4
Sumário

Apresentação
6
Fórum Perspectivas
para Ações Junto ao
Cidadão Idoso
Objetivos
9 9 Tema Geral
9
Dinâmica
do Fórum Os Eixos O
10 Temáticos Funcionamento
11 em cada Grupo
de Trabalho
11 Relatoria
Geral
Síntese da
Programação
12 12
Estratégias,
Projetos e Ações

Formação Autonomia,
e Educação Direitos e Gerações e Cuidado e
Permanente Cidadania Intergeracionalidade Relações Sociais
15 19 27 31

Resultado
Plenária
Definido na
Final
Miniplenária
50 59

5
Apresentação

O contexto em que vivemos neste 2013 é de um acelerado


envelhecimento populacional no Brasil e na maioria dos países
de todo o mundo. Há 50 anos, o cenário brasileiro era bem
diferente. Compartilhava-se a ideia de uma nação jovem, já
que os velhos não constituíam mais que 4% da população. O
Sesc percebeu que, nos anos 1960, para muitos trabalhado-
res a aposentadoria representava quase que um decreto de
solidão e ociosidade e que, portanto, era preciso fazer algo.
Assim, em setembro de 1963, teve início um processo que
constituiu o programa Trabalho Social com Idosos. A partir
de um começo discreto com atividades recreativas, tais como
festas de aniversário e jogos de salão, o programa cresce e se
diversifica. Cursos, oficinas, encontros regionais e nacionais
congregando milhares de idosos para a discussão de inúme-
ros temas sociais, se sucederam. Uma extensa programação
cultural e artística nas áreas de música, teatro, literatura, es-
portes, entre muitas outras, vem atendendo a um público
idoso cada vez mais exigente e ávido de conhecimento.
Ao longo de cinco décadas, assistimos ao surgimento de
novas propostas de como viver a velhice. O desenvolvimen-
to da ciência e da tecnologia, o maior acesso à informação
em uma sociedade cada vez mais globalizada, a formação
de lideranças de idosos estimulada por gerontólogos, insti-
tuições socioculturais e trabalhadores sociais, foram fatores
decisivos para a construção de uma imagem mais digna do
envelhecimento.
A constatação de todas essas transformações positivas não
deve, todavia, obscurecer a percepção das persistentes desi-
gualdades sociais no Brasil caracterizadas por carências ma-
teriais e preconceitos etários que atingem intensamente os
idosos. O Estatuto do Idoso solidificou um longo processo de
lutas em prol da cidadania e da qualidade de vida na idade
avançada. Trata-se de uma lei abrangente e bem formulada,
mas que nem sempre é respeitada. Por isso, prossegue sen-
do necessária a mobilização de recursos em direção ao de-

6
senvolvimento de políticas públicas que busquem beneficiar
não apenas os idosos do presente, mas também as próximas
gerações. Com essa perspectiva o Sesc, ao comemorar os
50 anos de seu programa pioneiro junto à Terceira Idade,
deixa clara sua firme determinação de caminhar ao lado de
todos que se empenham por melhores condições de existên-
cia àqueles que deram e prosseguem dando sua parcela de
contribuição para a construção do mundo em que vivemos.
Neste documento, apresentamos o consolidado dos tra-
balhos desenvolvidos durante o Fórum “Perspectivas para
Ações junto ao Cidadão Idoso”, realizado nas dependências
do Sesc Bertioga, de 8 a 11 de setembro de 2013.
Durante este evento de caráter reflexivo e propositivo, profis-
sionais e estudiosos da gerontologia, técnicos do Sesc, gesto-
res de grupos, associações e instituições, militantes das lutas
pelos direitos de idosos, e pessoas idosas que atuam nos mo-
vimentos sociais estiveram reunidos para discutir e aprofun-
dar questões importantes que se referem ao envelhecimento
em seu aspecto demográfico, mas também, à cidadania e à
garantia de direitos na velhice brasileira.
Reconhecidos na condição de lideranças na área, em função
da experiência e sensibilidade a essa causa em suas trajetó-
rias pessoal e profissional, eles são signatários e coautores do
documento-síntese deste Fórum.
As discussões foram subsidiadas por documentos e orienta-
das por perguntas ou atividades deflagradoras, em torno de
quatro eixos temáticos:
I - Formação e Educação Permanente;
II- Autonomia, Direitos e Cidadania;
III- Gerações e Intergeracionalidade;
IV- Cuidado e Relações Sociais.
A dinâmica dos trabalhos e os resultados foram aqui regis-
trados de modo a divulgar estratégias para a construção de
perspectivas favoráveis para o envelhecimento brasileiro.

7
8
Fórum Perspectivas
para Ações Junto ao
Cidadão Idoso
Como parte da celebração pelos 50 anos do Programa Tra-
balho Social com Idosos do Sesc, este Fórum significou um
amplo e democrático encontro de diversas lideranças sensí-
veis e experientes, e de fomento ao respeito e à defesa da ci-
dadania plena das pessoas idosas, para a garantia de direitos;
a definição de prioridades na elaboração dos planos de ação
dos Municípios, Estados ou do Governo Federal; a melhoria
do acesso e da qualidade dos serviços ofertados à população
idosa; a partir de ações de responsabilidade dos principais
envolvidos: o Estado e a sociedade brasileira.

Objetivos
• Valorizar as contribuições sociais do cidadão idoso na
contemporaneidade;
• Reconhecer as ações exitosas atuais;
• Propor novas formas de inclusão social das gerações mais
velhas;
• Promover o convívio e a aprendizagem intergeracional;
• Integrar os múltiplos saberes e práticas envolvidas;
• Debater os principais desafios para sensibilizar, mobilizar
e atuar em favor dos direitos e da cidadania plena da
pessoa idosa; e
• Propor ações coordenadas.

Tema Geral
Pensar perspectivas positivas acerca da cidadania na velhice
no Brasil e celebrar os 50 anos de atuação do Sesc junto ao
público idoso, os 25 anos de promulgação da Constituição
Federal de 1988 – a Constituição cidadã – e os 10 anos do
Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003).

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Dinâmica do Fórum
A formação dos grupos de trabalho considerou o número e
a heterogeneidade de participantes, de modo a garantir um
olhar multidisciplinar e uma maior diversidade sociocultural.
A metodologia privilegiou quatro Eixos Temáticos:
• Formação e Educação Permanente
• Autonomia, Direitos e Cidadania
• Gerações e Intergeracionalidade
• Cuidado e Relações Sociais
Cada grupo contou com um mediador participante da Co-
missão Organizadora; um técnico de apoio do Sesc; um re-
dator do Sesc e dois relatores definidos entre os participantes
do Fórum. Visando assegurar a heterogeneidade geográfica
e interdisciplinar foram distribuídos, em quatro momentos
(Figura 1).

Figura 1 – Dinâmica do Fórum


GT 1 GT 2 GT3 GT4
Formação Autonomia, Gerações e Cuidado e
Etapa/Eixo e Educação Direitos e Intergeracio- Relações
Permanente Cidadania nalidade Sociais
Discussão em Discussão em Discussão em Discussão em
Experiências 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos
exitosas
Miniplenária Miniplenária Miniplenária Miniplenária
Discussão em Discussão em Discussão em Discussão em
Elementos 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos
dificultadores
Miniplenária Miniplenária Miniplenária Miniplenária
Discussão em Discussão em Discussão em Discussão em
Estratégias, 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos
Projetos, Ações
Miniplenária Miniplenária Miniplenária Miniplenária

Inclusão cida- Discussão em Discussão em Discussão em Discussão em


dã, Perspecti- 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos 4 subgrupos
vas, Monitora-
Miniplenária Miniplenária Miniplenária Miniplenária
mento
PLENÁRIA
DEFINIÇÃO DO TEXTO-SÍNTESE DO FÓRUM
FINAL

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As proposições e sugestões foram registrados pelas respecti-
vas equipes de relatoria.

Primeiro momento: EXPERIÊNCIAS EXITOSAS – cada gru-


po debateu e apresentou exemplos e sugestões de pontos
positivos e avanços conhecidos passíveis de ser replicados,
evidentemente de forma contextualizada, para favorecer a
cidadania plena na velhice.

Segundo momento: DESAFIOS – ao chegar a esta etapa,


diante das experiências exitosas reconhecidas e deixadas pe-
los participantes do grupo anterior, o grupo seguinte identi-
ficou os elementos dificultadores a serem superados para a
concretização da cidadania plena na velhice.

Terceiro momento: ESTRATÉGIAS, PROJETOS, AÇÕES – a


participação nesta etapa buscou pensar de modo estratégi-
co a atuação coordenada em todas as oportunidades para o
fortalecimento dos avanços e a superação dos desafios para
aquele Eixo.

Quarto momento: PERSPECTIVAS PARA A REALIDADE BRA-


SILEIRA – diante dos desafios anteriormente identificados
pelos participantes, foram vislumbrados prováveis cenários
futuros para a população brasileira, idosa ou não, em se
mantendo o contexto atual, bem como o que precisará ser
feito para a implementação e acompanhamento das estraté-
gias e ações propostas.

Os Eixos Temáticos
Os grupos de trabalho trataram de quatro eixos temáticos
que se interpenetram e se articulam, contemplando a inter-
disciplinaridade, intersetorialidade e intergeracionalidade.

O Funcionamento em cada Grupo de Trabalho


Quatro subgrupos foram formados. Após o momento de de-
bate, cada subgrupo submeteu seu relato à miniplenária para
eventuais ajustes.

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Relatoria Geral
Uma equipe de relatores coordenada pela Comissão Orga-
nizadora do Fórum ficou responsável pela consolidação das
deliberações dos grupos de trabalho e pela preparação dos
textos levados à plenária final.

Síntese da Programação
DOMINGO - DIA 8 DE SETEMBRO DE 2013
Horário Atividade/Local
15h Traslado para Bertioga
17h30 - 18h30 Acolhida e credenciamento
Lanchonete:
18h30 - 19h30 • Cerimônia de Abertura do Fórum
• Apresentação da Dinâmica do Evento
20h - 21h Check-in
21h - 23h Jantar e Apresentação Musical

DIAS 9 E 10 DE SETEMBRO DE 2013


Horário Atividade/Local
7h30 - 8h30 Café da manhã
Distribuição dos participantes nas salas de Grupos de Trabalho
correspondente as cores do Eixo Temático
Sala 1 Sala 2 Sala 3 Sala 4
9h - 12h30
GT Formação GT Autono- GT Gerações GT Cuidado
e Educação mia, Direitos e Intergera- e Relações
Permanente e Cidadania cionalidade Sociais

9h - 9h30 Metodologia e Contextualização


9h30 - 10h30 Discussão em subgrupos a partir de perguntas geradoras
10h30 -11h Relatoria do GT
11h - 12h30 Miniplenária
12h30 - 14h Almoço
14h30 – 15h Metodologia e Contextualização
15h - 16h Discussão em subgrupos a partir de questões geradoras
16h - 16h30 Relatoria do GT
16h30 - 18h Miniplenária
18h - 20h Jantar
19h30 - 21h30 Reunião da Equipe de Relatoria

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QUARTA-FEIRA - DIA 11 DE SETEMBRO DE 2013
Horário Atividade/Local
7h30 - 8h30 Café da manhã
Convenções:
• Conversa com o autor - Revista Sinais Sociais nº 22 - Carlos
Eugênio Soares de Lemos, Lucia Helena França e Myriam
10h - 12h30
Moraes Lins de Barros
• Lançamento do Livro “Conflito e Cooperação entre
Gerações”, de José Carlos Ferrigno
12h30 - 14h Almoço
Convenções:
14h30 - 17h • PLENÁRIA FINAL - Discussão do Texto Final e
Encerramento

QUINTA-FEIRA - DIA 12 DE SETEMBRO DE 2013


Horário Atividade/Local

9h Check-out e retorno a São Paulo

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Estratégias,
Projetos e
Ações para

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I – Formação e Educação Permanente

Ruth Gelehrter da Costa Lopes


Psicóloga - Doutora em Saúde Pública pela USP - Docente
do Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia
e do Curso de Psicologia - PUC-SP - Supervisora na Clínica-
-Escola Atendimento em Grupo a Idosos

A educação é um processo imprescindível para melhoria das condições de


vida dos indivíduos e da sociedade, possível de se materializar em diversas
políticas, programas e ações educativas, articuladas e complementares,
nos diferentes setores e áreas.
Uma vez que a ação educativa pode ser de distintas naturezas e entendida
como um processo de assimilação e transmissão das tradições e valores
culturais, implica a troca de saberes e experiências entre as gerações. A
ideia é que a educação possa ser realizada ao longo da vida, e, em es-
pecial, pelas pessoas idosas. Para isso, devem-se considerar as ações de
inclusão e participação social para ampliação de consciência, organização
social e cidadania. Alguns dos aspectos e elementos que devem ser consi-
derados como complementares a essa reflexão são:
• Alfabetização e educação para adultos;
• Acesso a disciplinas e/ou cursos de graduação;
• Pós-graduação e atualização profissional no campo do
envelhecimento;
• Universidades abertas da terceira idade;
• Participação de pessoas idosas em escolas e programas educativos
com estudantes em diferentes níveis de escolarização;
• Novas formas e alternativas de educação; o lúdico e diferentes
expressões socioeducativas, desportivas e culturais;
• Inclusão digital, acesso a redes sociais e novas tecnologias;
• Programações especiais (artísticas, culturais, informativas etc.) nos
meios de comunicação;
• Formação e qualificação para o cuidador e cuidadores;
• Educação presencial e a distância; dentre outras;
• Sensibilização e habilitação para a participação em órgãos de
defesa de interesse dos idosos.
Após o levantamento das etapas “Experiências exitosas” e “Desafios”,
chegamos às etapas “Estratégias, Projetos, Ações” e “Perspectivas para
realidade brasileira”, as quais relatamos a seguir.

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I - Estratégias / Projetos / Ações
Promover; Implementar; Incentivar; Estimular; Ampliar; Fortalecer:
1. Capacitação a profissionais de diversas áreas do conhecimento sobre
o processo de envelhecimento e longevidade na perspectiva do
desenvolvimento humano para: inserção e qualificação no mundo de
trabalho; empreendedorismo social (ações sociais/negócios sociais);
cooperativismos; ações voluntárias; elaboração de projetos de vida,
visando resgatar talentos; sindicatos, associações, conselhos de
categorias profissionais; interação social em plataformas virtuais.
2. Parcerias entre instituições públicas e privadas para otimizar recursos
(humanos, financeiros, físicos) para investimento na educação
permanente, por meio de debates e fóruns civis contínuos.
3. Iniciativas de educação não formal com oferta de espaços,
equipamentos e serviços adequados ao desenvolvimento social
e cultural, a serem partilhados com outras gerações, utilizando
linguagens artísticas e expressões regionais como facilitadoras do
processo de coeducação entre gerações.
4. Movimentos de articulação entre Conselhos de Idosos (nacional,
estaduais e municipais), universidades, mídia e sociedade civil, com
o objetivo de debater, dar visibilidade e formar recursos humanos
sensíveis às peculiaridades do processo de envelhecimento visando
ressignificar as diferentes velhices.
5. Espaços urbanos educacionais inspirados nos 20 princípios do projeto
Cidade Educadora apoiado pela UNESCO.
6. Resolução por parte do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso
em conjunto com os Conselhos Nacionais de Saúde, Assistência
Social e Educação contendo parâmetros a serem observados para a
formação de Cuidadores (conteúdo mínimo, carga horária teórico-
prática, certificação, fiscalização e políticas de amparo ao cuidador).
7. Resolução por parte do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso
contendo parâmetros a serem observados para uma capacitação
qualificada dos conselheiros sobre o processo de envelhecimento e
longevidade na perspectiva do desenvolvimento humano.
8. Linha de financiamento dentro do Fundo Nacional do Idoso (Lei
12.213/2012) para qualificar conselheiros, lideranças e gestores do
Fundo destinado a esse fim.
9. Criação de Diretrizes Curriculares Nacionais voltadas para o
envelhecimento e a longevidade nos fluxogramas curriculares dos
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cursos de graduação, seguindo exemplos existentes: Educação das
Relações Étnico-raciais, Ensino de História e Cultura Afro-brasileira
e Africana (Resolução CNE/CP N. 01 de 17 de junho de 2004) e
Políticas de Educação Ambiental (Lei Federal n. 9.795, de 27 de
abril de 1999 e Decreto Federal Nº 4.281 de 25 de junho de 2002);
a fim de inserir conteúdos voltados ao processo de envelhecimento,
ao respeito e à valorização da pessoa idosa, como prediz o Art. 22
do Estatuto do Idoso (Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003), que
inclui também os conteúdos desde a educação infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio para preparar estudantes quanto
ao trabalho com idosos e seu próprio processo de envelhecimento.
10. Linhas de pesquisa em agências de fomento focadas no processo de
envelhecimento e longevidade na perspectiva do desenvolvimento
humano em relação à formação e educação permanente, lembrando
o papel da Universidade brasileira neste processo: parceira,
produtora de conhecimento e formadora de recursos humanos.
11. Educação de Jovens e Adultos (EJA) em todos os municípios.
12. Práticas culturais que utilizem linguagens artísticas diversas,
seguidas de debates.
13. Parcerias entre as instituições públicas, privadas e terceiro setor
em nível federal, estadual, municipal que estimulem fóruns de
discussão e integração da pessoa idosa nas diversas classes sociais.
14. Capacitação dos componentes dos Conselhos da Pessoa Idosa
para que possam ter maiores subsídios técnicos para participar e
contribuir na elaboração, implementação e monitoramento das
políticas públicas.
15. Formação de educadores para atender à população idosa em todas
as sequências de estudo.
16. Criação de material didático (livros, DVDs, programas digitais,
aplicativos, games etc.) com temas variados das questões do
envelhecimento humano para todas as faixas etárias durante a
escolarização e educação permanente.
17. Programa Brasil Alfabetizado.
18. Centros de Convivência como espaços de cidadania.
19. Atividades socioeducativas desenvolvidas no Sesc.
20. Divulgar e compartilhar ações voltadas para a pessoa idosa.
21. Difusão ampla e acessível dos direitos dos idosos
22. Criação de Conselhos Intergeracionais.
17
II - Para a Construção de um Cenário Favorável em Curto
Prazo e de Forma Permanente, há que:
Criar; Ampliar; Fortalecer; Compartilhar; Implantar; Divulgar;
Construir; Elaborar; Capacitar; Controlar; Efetivar; Articular; Dotar:
1. Controle social por meio dos conselhos, audiências públicas, canais
institucionais, organização da população capacitada em prol da
causa da pessoa idosa;
2. Cultura de monitoramento e avaliação na área da Educação
Permanente com definição de indicadores qualitativos e quantitativos
com a participação de todos os envolvidos;
3. Estratégias de apoio a pesquisas e criação de instrumentos para um
diálogo entre a produção de conhecimentos e as políticas públicas;
4. Projetos já existentes, seguindo as etapas: mapear as demandas;
contatar os possíveis parceiros; estruturar e alimentar uma rede;
replicar;
5. Conselhos e outros espaços de representação;
6. Meios virtuais, tradicionais (rádio, rádio comunitária, jornal),
articulados com os Conselhos dos Idosos para inserção de temas
pertinentes;
7. Conselhos Municipais em todos os municípios, com nova composição
para representação dos idosos (50%) e com processo de eleição
para compor os membros (não por indicação);
8. Verba para Conselhos de Idosos (espaço físico, infraestrutura,
equipamentos);
9. Conselhos do Idoso trabalhem articuladamente com outros conselhos
para garantir a intersetorialidade, possibilitando que assuntos
relacionados ao idoso e especificidades das diversas velhices sejam
garantidos em todas as esferas;
10. Casas dos Conselhos (otimizar espaços e equipamentos, propiciando
ações multissetoriais);
11. Câmaras setoriais dentro do conselho, para que se amplie o número
de participantes;
12. Conselheiros e sociedade em geral;
13. Artigo 22 do Estatuto, junto ao MEC, por meio de: Carta Manifesto;
criação de um “Observatório”; participação dos Conselhos;
adequação das grades curriculares, com a inclusão desses
conteúdos.

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II – Autonomia, Direitos e Cidadania

Serafim Fortes Paz


Doutor em Educação (Gerontologia) UNICAMP/SP - Profes-
sor Associado II - Universidade Federal Fluminense - Coor-
denador e Pesquisador sobre Envelhecimento do Núcleo de
Pesquisa e Extensão em Políticas Públicas, Espaços Públicos
e Serviço Social

Considerando-se as bases que fundamentam as práticas de respeito


humano e de uma sociedade que seja capaz de se construir livre, jus-
ta e solidária e, também, fortalecida na perspectiva de uma cidadania
emancipatória, pautada no respeito e defesa intransigente dos Direitos
Humanos, dos direitos sociais e dos direitos da pessoa idosa;
Levando-se em conta o marco legal dos Direitos da Pessoa Idosa (Cons-
tituição, legislação setorial específica da seguridade social), e, princi-
palmente, a Lei nº 8.842/94 (PNI e Conselho Nacional do Idoso) e Lei
nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), buscar possíveis caminhos para se
construir uma pessoa idosa cidadã. Para isto, é preciso pensar e propor
ações e atitudes que superem os traços da tradicional cultura política
(patrimonialismo, burocratismo, clientelismo, personalismo, dentre ou-
tros) e os traços tutelares, discriminatórios e preconceituosos que geram
violação dos direitos e violência, associada à pobreza e desigualdades
sociais, que retardam processos de autonomia, de participação social,
protagonismo e conquista da liberdade e dignidade da pessoa idosa.
Considera-se a importante e necessária articulação com outros movi-
mentos sociais identificados por setores das políticas sociais: trabalho,
saúde, educação, moradia, transportes, assistência, etc e dos segui-
mentos sociais por direitos (crianças, adolescentes, mulheres, raça,
etnia, pessoas com deficiência, grupos de orientação sexual diversa:
lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, dentre
outros), pela implantação de políticas públicas e ações de enfrentamen-
to a violação e violência: viabilização da participação social e controle
social democrático; fortalecimento de ações e propostas para que haja
um Estado de fato democrático e mais responsável na efetivação de
direitos para todos.

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Estratégias (projetos e ações)
Os participantes desse Grupo decidiram trabalhar com duas Grandes
Estratégias, estreitamente vinculadas, interdependentes e intrinseca-
mente articuladas. Propuseram uma terceira estratégia deliberada por
aclamação pelos participantes.

Estratégia 01: Educação continuada/permanente em


cidadania participativa.
Esta estratégia estará voltada principalmente para a população ido-
sa, porém faz-se necessário maior envolvimento das demais gerações
e segmentos da sociedade, assim como participação dos profissionais
que atuam com pessoas idosas e de representantes assentados em es-
paços públicos1 (Conselhos, Fóruns, Assembleias etc.), em especial, dos
conselheiros do CNDI, conselhos estaduais e municipais.

1. De que maneira
1.1. Na criação e no desenvolvimento de ações e atividades que con-
templem um processo de participação social, defesa de direitos e
construção de cidadania que sejam capazes de estimular e promo-
ver: discussão, reflexão e avaliação sobre protagonismo, direitos e
políticas públicas.
1.2. Na apropriação de espaços, ações e programas de atenção e
atividades com pessoas idosas para disseminação de direitos,
educação cidadã e conteúdos interdisciplinares da gerontologia.
Destacam-se alguns desses espaços para realização da estratégia/
proposta: Centros de Convivência, Centros-Dia (Hospital-Dia), Uni-
dades Básicas de Saúde (UBS) / Estratégia Saúde da Família (ESF),
Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), Universidades
Abertas da Terceira Idade (UnATIs), Sistema S - Sesc, Sesi, Senac,
Senai etc., em especial com os Sescs pela tradição no desenvolvi-
mento do Programa Social com Idosos, e demais instituições que
trabalham com pessoas idosas, dentre outros;

1 Com base na concepção de Evelina Dagnino (2005), pode-se definir espaços pú-
blicos como lugares – democráticos – de participação da sociedade civil na gestão
participativa da sociedade e das políticas públicas com a participação de sujeitos
sociais e na constituição de representação/representatividade da sociedade civil na
relação com o Estado. DAGNNO, Evelina. Políticas culturais, democracia e o projeto
neoliberal, In Revista Rio de Janeiro, n.15, jan-abr. 2005. Rio de janeiro, UERJ, 2005.

20
1.3. Em parceria com a sociedade civil organizada, tais como: Orga-
nizações Não Governamentais (ONGs), entidades, associações e
instituições como Sesc, dentre outras, e, também, com Órgãos
Públicos, tais como Secretarias responsáveis pelas políticas seto-
riais, em especial, secretarias de ação social, secretaria de saúde,
secretaria de educação, órgãos de justiça e defesa de direitos (Pro-
motoria, Defensoria, Varas de Família, criança e pessoas idosas) e
Universidades, dentre outras;
1.4. Na formação de profissionais e pessoas interessadas na questão do
envelhecimento, nos diversos espaços de formação, em especial,
nos cursos de graduação com a inclusão de disciplinas e atividades
complementares (ACs), que contemplem conteúdos de gerontolo-
gia como tema transversal na educação formal (educação infantil,
ensino fundamental, médio, técnico e superior) e na qualificação
de equipes e gestores de secretarias, programas, ações e projetos
públicos e, também, de entidades e instituições não governamen-
tais voltadas para a pessoa idosa, nas diferentes instâncias fede-
ral, estaduais e municipais do território nacional.

2. Por meio de
2.1. Serviços utilizados pela população idosa nas diferentes regiões,
municípios e localidades do território nacional;
2.2. Conselhos, fóruns e demais espaços públicos de participação social;
2.3. Parcerias com entidades, ONGs, associações e instituições que atu-
am com o envelhecimento e/ou diretamente com pessoas idosas e
demais segmentos da sociedade civil;
2.4. Órgãos públicos e secretarias responsáveis pelas políticas públicas;
2.5. Instituições de formação: escolas e universidades;
2.6. Serviços de atenção e atendimento ao público, em geral.

3. Prazos
3.1. De imediato – Ações e atividades que realizem de forma
permanente e continuada, considerando-se a diversidade presente
nas diferentes realidades regionais e locais e, também, levando-
se em conta as diferentes expressões e condições da(s) velhice(s)
brasileira.

21
Estratégia 02: Proporcionar visibilidade social e política à
questão da pessoa idosa, do envelhecimento, dos direitos e
cidadania.

1. De que maneira
1.1. Na urgente definição de um Plano Nacional de Mobilização para
maior conscientização dos Direitos, em especial, os Direitos da
pessoa cidadã idosa;
1.2. Na mobilização de toda a sociedade pela efetivação de um Dia na-
cional de mobilização para tomada de consciência dos direitos,
em especial, os Direitos da pessoa cidadã idosa a ser realizado
sempre no dia 1 de outubro de cada ano, a partir de 1 de outubro
de 2014;
1.4. No desenvolvimento de campanhas socioeducativas de incentivo
na criação de espaços públicos de participação social e cidadania,
principalmente, articuladas com os fóruns permanentes da pessoa
cidadã idosa e conselhos de direitos da pessoa idosa existentes
nos estados e municípios brasileiros, com vista ao fortalecimento
desses espaços de representação direta do segmento da pessoa
idosa e, em especial, na criação de Conselhos Municipais nos mu-
nicípios que ainda não possuem os referidos Conselhos;
1.5. No desenvolvimento de campanhas socioeducativas sobre os Di-
reitos das pessoas cidadãs idosas e no enfrentamento a todas as
formas de violências, com informações qualificadas para toda a
população e de modo a possibilitar o maior acesso e apropriação
desses conteúdos;
1.6. Na criação de redes de informação e divulgação de temas sobre
os direitos das pessoas cidadãs idosas, de abrangência nacional e
internacional a ser veiculada nos diversos meios de comunicação e
na mídia, de um modo geral;
1.7. Na promoção contínua e permanente de encontros, eventos, em
especial, fóruns como este realizado em Bertioga, que promovam
debates, reflexões e propostas sobre as questões sociais e relativas
ao envelhecimento digno, cidadania e direitos, em especial aos
das pessoas cidadãs idosas.

22
2. Por meio
2.1. Dos meios de comunicação e a mídia em geral;
2.2. Dos serviços de atenção e atendimento voltados para a população
idosa no território nacional;
2.3. Dos conselhos (federal, estaduais e municipais), fóruns e demais
espaços públicos de participação social da pessoa cidadã idosa;
2.4. Da sociedade civil organizada em entidades, associações, ONGs e
instituições parceiras;
2.5. Dos órgãos públicos, em especial Secretarias das Políticas Públicas
Setoriais e Secretarias Especiais voltadas para a população idosa;
2.6. Das instituições educacionais e espaços de formação formal e de
atividades complementares (ACs) como Escolas e Universidades,
esta compreendendo a tríade: ensino, pesquisa e extensão;
2.7. Serviços de atendimento ao público em geral e, em especial, às
pessoas cidadãs idosas.

3. Prazos
3.1. De imediato – na construção de campanhas a partir de 2013.
3.2. De imediato e em curto prazo: no incentivo para definir o 1º de outubro
como Dia nacional de mobilização para tomada de consciência dos
direitos da pessoa idosa, e implantação em 1º de outubro de 2014;

Estratégia 03: Por aclamação e em caráter de recomendação


propõe-se:
1. De que maneira
Continuidade dos debates e reflexões a partir deste “Fórum Sesc Bertio-
ga” em desdobramentos com permanentes encontros, a fim de acompa-
nhar, amadurecer e ampliar as ações e projetos recomendados no referido
Fórum e de realimentar discussões, debates e propostas sobre as ques-
tões relacionadas à pessoa cidadã idosa, sobre direitos e envelhecimento.

2. Por meio da
Organização e reprodução de meios de contatos (lista de e-mails) dos
participantes ou na criação de uma rede virtual.

3. Prazo
De imediato.
23
Cenário Futuros e Perspectivas
O grupo toma como aspecto a realidade projetada para as próximas
décadas em que grande parte da população estará com 60 anos e mais.
Desta forma, considerando as estratégias propostas pelo grupo ante-
rior e considerando-se exitosos os resultados das referidas estratégias
propostas, antevê um cenário futuro na concretização das expectativas
e perspectivas de efetivação de políticas públicas em todos os setores
da política de direitos, em especial na concretização da participação
social e cidadã pelo protagonismo da pessoa cidadã idosa, em plena
parceria e articulação com os demais cidadãos atuantes nos espaços
públicos e com sua representação/representatividade na sociedade civil
organizada compartilhando com o Estado e seus órgãos na definição
de políticas, projetos e ações e com pleno exercício do Controle Social
Democrático por meio do monitoramento dessas políticas e ações.
Dessa forma, a população idosa/cidadã e a sociedade em seu conjunto
terão atingido:
• Níveis de escolaridade e de educação cidadã, em que a maioria terá
completado o Ensino Fundamental; inserida no mundo digital e
maior participação social cidadã nos diferentes espaços públicos de
participação e de gestão da sociedade civil e das políticas públicas,
convivendo em diferentes espaços intergeracionais com ações e
atividades de autonomia e educação cidadã com maior politização e
constituindo-se como sujeitos sociais em expressivas representações
e lideranças renovadas;
• Satisfatoriamente as necessidades básicas de toda a população, com
atenção e atendimento das políticas públicas setoriais (educação,
cultura, saúde, assistência, previdência, justiça, moradia, transporte,
esporte, lazer, mobilidade urbana e social, dentre outras), e na
efetivação das leis que asseguram direitos determinados tanto nas
legislações nacional, estaduais e municipais quanto nos acordos
e diretrizes internacionais, com a participação social e plena da
sociedade civil, em que os acordos firmados constituam garantias dos
direitos humanos e sociais contemplando os diferentes países e as
diferentes regiões brasileiras e diferentes classes sociais;
• Verdadeiro e pleno exercício democrático de controle social, com
maior monitoramento, na execução das deliberações produzidas nos
diferentes e permanentes espaços públicos, de debates, encontros,

24
conferências, assembleias, dentre tantas, e com avaliações constantes
desses produtos e deliberações por meio de importantes indicadores;
• Maior participação nos movimentos sociais (dinâmicos e renovados),
com dimensões nacionais, regionais e locais – comprometida com o
protagonismo dos cidadãos em parceria e articulação com os demais
segmentos de trabalhadores, segmentos sociais e de direitos que
compõe a sociedade civil organizada;
• Uma garantia de aposentadoria pública e com remuneração digna;
• Atendimento e atenção pela saúde pública de qualidade;
• O pleno exercício da autonomia, direitos e cidadania em todas as
idades e de todas as classes sociais;
• O pleno processo de cultura cidadã, em que a Educação está fortemente
comprometida com a formação e transformação de cidadãos com
maior consciência de direitos e deveres, constituindo concretamente a
autonomia, os direitos e a cidadania numa perspectiva emancipatória;
• Experiências e ações que ultrapassam fronteiras e a intervenção
urbana proporcionam visibilidade aos cidadãos para exercício de sua
autonomia, seus direitos e deveres e cidadania em todos os espaços
públicos e sociais;
• Constituindo e desenvolvendo espaços públicos e sociais como
lugares cidadãos acolhedores, de protagonização e representação;
• Constantes e permanentes avaliações sobre os serviços e produtos
disponibilizados a sociedade em geral e, em especial, as pessoas
cidadãs idosas;
• O acesso a diferentes e diversas informações qualitativamente articu-
ladas e em condições de transformá-las em saberes (conhecimento);
• Um nível de desenvolvimento capaz de constituir democraticamente
as representações/representatividades a partir de processos e me-
todologias participativas cidadãs nos diferentes espaços públicos e
sociais;
• O acesso e difusão nas diferentes mídias e meios de comunicação, que
contemplam as pautas relacionadas à garantia de direitos das pessoas
cidadãs idosas em todas as rádios e TVs, inclusive comunitárias, nos
jornais de grande circulação, e demais jornais: regionais, de bairros,
comunitários, nas diversas redes sociais, espaços comunitários,
espaços religiosos, dentre outras;

25
• Visibilidade das condições e direitos dos diferentes segmentos cidadãos,
em especial o segmento da pessoa cidadã idosa, com processos e
concreta mobilização social da população – toda a comunidade –
bem como, com visibilidade ao marcos legal e exercício dos direitos
das pessoas cidadãs idosas, principalmente na Comemoração ao
Dia internacional e nacional da pessoa idosa, em 1º de outubro de
cada ano, em que se desenvolvem as ações e atividades, em todo o
território nacional, na afirmação do Dia nacional de mobilização pelos
direitos da pessoa cidadã idosa;
• O segmento da pessoa cidadã idosa e demais segmentos da sociedade
como a(u)tores, multiplicadores de reflexões críticas e afirmativas, na
defesa, construção e no exercício dos plenos direitos e dos deveres
de pessoas cidadãs.

26
III – Gerações e Intergeracionalidade

José Carlos Ferrigno


Doutor em Psicologia pela USP - Especialista em Programas
Intergeracionais pela Fundación General Universidad
de Granada - Autor de “Coeducação entre Gerações” e
“Conflito e Cooperação entre Gerações”

A preocupação atual sobre a importância da convivência entre gera-


ções vem despertando a atenção para a necessidade e oportunidade
de ações que visem melhorar as relações sociais e aproximar jovens e
velhos para uma relação fraterna e produtiva com vistas à transmissão
e preservação da cultura, memória e história na edificação de uma “so-
ciedade para todas as idades”, nova bandeira das Nações Unidas.
Os valores característicos de nossos dias induzem ao consumismo, in-
dividualismo, competição e discriminação, a diferentes segmentos, em
especial às pessoas idosas, afetando o relacionamento dentro e fora da
família, sobretudo nas grandes cidades.
Como tentativas de respostas a esse quadro social, instituições públicas
e privadas e demais forças sociais vem implementando os chamados
programas intergeracionais, em diferentes áreas com ênfase no traba-
lho, voluntariado e lazer, dentre outras.
Farão parte deste debate algumas questões, tais como: qual é e qual
deve ser a natureza dos programas e ações intergeracionais, onde são
necessários, como planejá-los, implementá-los e avaliá-los.
Alguns aspectos e elementos que devem ser considerados como com-
plementares a essa reflexão são elencados a seguir.

Formação e Educação Permanente


1. Desenvolver ações educativas em espaços formais e informais, como
escolas e instituições culturais, sensibilizando pessoas de todas as
idades para a importância do relacionamento intergeracional;
2. Estimular a presença do idoso no espaço da escola na condição de
transmissor de cultura e na tutoria de alunos em programas de re-
forço escolar;

27
3. Fomentar reflexões acerca do processo de envelhecimento a partir
da educação básica, na perspectiva de tornar positiva a imagem do
idoso, junto às crianças e adolescentes;
4. Estimular a formação de recursos humanos para o planejamento,
execução e avaliação de programas intergeracionais;
5. Fomentar estudos e pesquisas na área da intergeracionalidade em
todo o curso da vida e nas diversas áreas do conhecimento em nível
básico, graduação e pós-graduação;
6. Desenvolver projetos de inclusão digital dos idosos visando à am-
pliação de seu horizonte cultural e também para que possa melhor
administrar seu cotidiano em geral, bem como sua vida financeira
por meio da interação informatizada com bancos e outras institui-
ções similares;
7. Valorizar o trabalhador mais velho, aposentado ou próximo da apo-
sentadoria, elaborando programas em que ele tenha oportunidade
de transmitir seus conhecimentos de vida e experiências profissionais
aos trabalhadores mais jovens.

Autonomia, Direitos e Cidadania


1. Propiciar visibilidade e promover o compartilhamento de experiências
exitosas na área do envelhecimento e da intergeracionalidade;
2. Atentar para o papel da mídia na sociedade brasileira (formação de
leitores críticos e usuários da comunicação) sobre as representações
do envelhecimento e das relações intergeracionais;
3. Desenvolver estratégias de monitoramento e avaliação de progra-
mas, projetos e atividades intergeracionais;
4. Valorizar ações intergeracionais que favoreçam os contextos sociais
e culturais baseado na regionalidade e anseios de cada grupo social;
5. Considerar valores e mudanças socioculturais e os impactos nas re-
lações intergeracionais, com vistas à construção de uma “sociedade
para todas as idades”, conforme apregoa e recomenda a Organiza-
ção das Nações Unidas;
6. Estimular a criação de Conselhos Comunitários Intergeracionais para
que jovens e velhos, lado a lado e de forma solidária, possam desen-
volver ações em benefício de toda a coletividade;

28
7. Estimular programas intergeracionais em defesa do meio ambiente,
que tratem de reciclagem, uso adequado de energia, redução de
gastos, criação de horta comunitária, entre outras ações, transcen-
dendo diferenças e gerando benefícios comuns;
8. Promover a reflexão com os idosos não apenas sobre direitos, mas
também eventuais privilégios geracionais em relação às outras faixas
etárias, buscando a equidade, evitando a discriminação positiva e
construindo a solidariedade intergeracional;
9. Trabalhar com os movimentos sociais as questões do envelhecimento
e da intergeracionalidade. Trabalhar com sindicatos e conselhos de
categorias profissionais a conscientização do valor da intergeracio-
nalidade e das condições de vida dos aposentados;
10. Valorizar o idoso como agente de preservação da memória cultural,
recuperando brinquedos e brincadeiras, atividades folclóricas, medi-
cina tradicional, fitoterapia, para intercâmbio cultural e aproximação
das gerações.

Cuidado e Relações Sociais


1. Incentivar a solidariedade intergeracional dentro da família, a fim
de desenvolver a cultura do cuidado, principalmente dos membros
mais fragilizados, como crianças e idosos. Nesses esquemas de coo-
peração, jovens cuidam de idosos ou idosos cuidam de crianças ou
adolescentes, conforme as necessidades e capacidades de cada um;
2. Intensificar nas áreas especializadas o treinamento dos profissionais
para a orientação e/ou atendimento especializado das famílias em
casos de violação de direitos, a fim de proporcionar um processo de
respeito e superação de conflitos intergeracionais, como os de pais
e filhos e avós e netos;
3. Estimular a criação de programas e projetos com empresas admi-
nistradoras de condomínios residenciais para administrar conflitos e
qualificar o uso dos equipamentos e espaços comuns em benefício
de todas as gerações;
4. Desenvolver ações que envolvam famílias nas intervenções comuni-
tárias, propiciando, no processo de formação dos filhos, a valoriza-
ção da solidariedade;
5. Sensibilizar o cuidador de idoso para a relação intergeracional que se
estabelece (geralmente, esse profissional é mais jovem que seu clien-
te) e para toda a riqueza na troca de conteúdos culturais presente.

29
Perspectivas para as Políticas Intergeracionais
e seu Monitoramento
Se contempladas as ações propostas para o desenvolvimento de re-
lações solidárias e coeducativas, segundo os participantes do Fórum,
teremos os seguintes cenários para os próximos anos:
• No sistema educacional (formal e informal), haverá maior respeito
e compreensão intergeracional em um ambiente de mútuo
entendimento entre crianças, jovens, jovens adultos e adultos idosos;
• As redes sociais se fortalecerão validando as ações socioeducativas
intergeracionais e efetivando as políticas públicas em sua
transversalidade;
• As escolas deverão estar abertas à participação simultânea de todas
as gerações, inclusive nos finais de semana;
• As universidades deverão formar mais profissionais voltados ao
envelhecimento humano, tais como geriatras, gerontólogos e demais
especialistas da área;
• Haverá menos discriminação etária em razão da melhor preparação
corporativa para compreender a experiência dos mais velhos no
mundo do trabalho;
• Na mídia, haverá maior número de programas (telenovelas, jornais,
programas de rádio, desenhos animados, programas de auditório,
histórias em quadrinhos, revistas, blogs etc.) que abordem a
intergeracionalidade e as diferentes velhices;
• As diversas gerações precisarão interagir de maneira mais
compreensiva por conta dos novos arranjos familiares;
• Haverá relações intergeracionais mais frequentes e solidárias nos
ambientes de participação social e em outros espaços compartilhados
(sindicatos, movimentos sociais, conselhos, condomínios, partidos
políticos, clubes, conferências etc.);
• Os serviços públicos terão melhor capacidade de atendimento, não
sendo necessária a prioridade legal no atendimento de idosos,
respeitadas as particularidades individuais.
Quanto ao monitoramento e à fiscalização da sociedade civil, os parti-
cipantes consideram que poderá ser realizado por meio de conselhos,
partidos, sindicatos e associações em geral.

30
IV – Cuidado e Relações Sociais

Karla Cristina Giacomin


Médica geriatra - Doutora em Ciências da Saúde pela
FIOCRUZ - Membro do Núcleo de Estudos em Saúde
Pública e Envelhecimento FIOCRUZ/UFMG e da Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia

Não se pode conceber a vida humana sem cuidados, portanto, os parti-


cipantes serão instados a refletir acerca dos cuidados e relações sociais
necessários a uma vida integrada e ativa. Para chegar bem à velhice,
as políticas devem contemplar todo o ciclo da vida, de forma contínua
e coordenada, pois não basta viver mais, mas é preciso viver bem. Isso
pressupõe assegurar o fornecimento dos meios para que as pessoas
possam envelhecer com dignidade. Para tanto, faz-se necessário cuidar,
e é importante construir relações sociais que favoreçam o afeto, a res-
ponsabilidade e a aprendizagem entre todos os envolvidos.
O ato de cuidar tem sua origem no verbo latino cogitare, que significa
“pensar”, “aplicar a atenção”, “refletir”, “prevenir”, “planejar”. Na
saúde, o cuidado integral à saúde inclui ações de promoção, prevenção,
assistência e reabilitação ao longo de toda a vida. O conhecimento e
monitoramento dos principais determinantes da saúde – ambientais,
econômicos, sociais e educacionais –, assim como o acesso universal
aos serviços de saúde que objetivam promover o envelhecimento ativo,
evitar, postergar e/ou minimizar enfermidades e incapacidades. A busca
pela maior qualidade de vida e pela dignidade diante da morte perpas-
sa todas estas ações.
Na velhice, tomando por base a legislação vigente, o Estado, a família e
a sociedade dividem a responsabilidade desse cuidado, mas os limites,
os papéis e competências de cada um não estão definidos. Na prática,
apenas a família é responsável. Na falta ou incapacidade desta, são o
Estado e a sociedade, porém, ambos não têm assumido de fato essa
responsabilidade, o que reforça uma cultura de negação e discrimina-
ção da velhice em nosso país.
Por meio da cultura, a sociedade se afirma – de forma consciente ou não
– como passiva, reivindicativa ou participativa e se supera no refazer da
solidariedade, no direito à apropriação de sua memória e da importância
de seu papel transformador, em um sentido de sobrevivência, estímulo
e resistência. Por isso, precisamos promover e fortalecer a cultura em

31
favor da velhice digna e da cidadania plena para pessoas de todas as
idades, de cada grupo social, cultural e étnico. Assim, conseguiremos
ampliar nossas perspectivas de igualdade, justiça, liberdade, diálogo,
democracia, respeito e dignidade para todos os brasileiros.

Dinâmica
Em cada um dos momentos, após a apresentação dos presentes e dos
objetivos, os participantes foram divididos em quatro subgrupos e cada
um deles trabalhou a partir de duas perguntas geradoras distintas.
Cada subgrupo apresentou o resultado das discussões em uma mini-
plenária. Neste momento, foram feitos ajustes e reflexões pelo grupo,
que resultaram nas proposições mantidas neste documento. Cada sub-
grupo escolheu livremente seu redator e o grupo completo indicou dois
relatores.

1º Momento: Experiências Exitosas


Contribuições dos Subgrupos
Neste momento, em cada um dos subgrupos, os participantes foram
levados a considerar o que são, onde estão, como atuam, quais habili-
dades estimulam, em que condições acontecem e qual impacto geram
as experiências exitosas de cuidado e relações sociais apontadas.

A - Subgrupo 1
a.1 Qual é o lugar da pessoa idosa na cultura brasileira?
b.1 Como as relações sociais podem ser potencializadoras de
cuidado?
O grupo refletiu sobre o hábito de olhar focado para a pessoa ido-
sa dependente ou com problemas de saúde e indagou-se acerca
da importância de identificar experiências não focadas apenas nos
problemas de saúde. Nesse sentido, os idosos ganham espaço na
área da Educação, entendida em uma perspectiva ampla. É interes-
sante ultrapassar o olhar focado na pessoa idosa dependente, pas-
sando para uma visão desta como preservadora, mantenedora ou
cuidadora da cultura, enquanto identidade cultural, reconhecendo
o papel social do idoso como transmissor de valores culturais bra-
sileiros. Assim, passa-se do cuidado veiculado pelas vias formais,

32
institucionais, para o cuidado protagonizado pela pessoa idosa.
Em ambos os casos existem experiências exitosas que precisam ser
valorizadas e resgatadas.

c.1 Experiências Exitosas Relativas ao Cuidado e às Relações


Sociais:
1. Experiência de formação de acompanhantes de idosos no municí-
pio de São Paulo, conforme as reflexões de Ricardo Ayres2, para os
idosos com grau de dependência menor (trabalho de oito horas por
dia), realizado na Unidade de Referência, na Região Central da Sé,
ligada à Secretaria Municipal de Saúde. Um trabalho de capacitação
para assistência, mas que depois se manteve, estendendo-se para os
bairros da Mooca e Santana para enfrentar seus desafios de saúde
e sociais. Transformou-se em política pública, criando o papel de
cuidador nos casos de deficiências ou incapacidades. Iniciou-se o tra-
balho com 60 idosos, estando cada acompanhante com seis idosos.
Assim, hoje existem acompanhantes/cuidadores.
2. Serviço de Assistência e Internação Domiliciar (SAID) em Campinas
para atendimento de idosos residentes no município (o serviço não é
exclusivo para idosos).
3. Oferta de refeições a domicílio para idosos da Região Central de São
Paulo.
4. Nas regiões Norte e Nordeste existem grupos de idosos que cultivam,
preservam e/ou transmitem valores da cultura regional.
5. Associação Brasileira de Apoio à Terceira Idade (ABRATI) em Can-
gaíba (SP), onde os idosos fazem resgate de seus valores culturais
de origem.
6. No Jardim São Lucas (Zona Sul de São Paulo): em Escolas de Educa-
ção Infantil (EMEIs) colocam-se avós em contato com crianças a par-
tir do relato de experiências de vida desses avós. Isso tem resultado
em maior aceitação dos idosos.
7. No Colégio São Camilo, crianças do ensino fundamental estudaram o
Estatuto do Idoso e criaram uma “cartilha do vovô cidadão”.
8. Experiência positiva das Universidades Abertas da Terceira Idade
(UnATIs).

2 In “O Cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. Revista Saúde


e Sociedade v. 13, nº 3, pa 16-29, set - dez 2004.

33
B - Subgrupo 2
a.2 Quais habilidades e competências são necessárias ao cui-
dado integral?
• Percepção global do processo de envelhecimento: prevenção, promo-
ção, tratamento e reabilitação na saúde; direitos sociais; promoção
da autonomia, valorização da memória;
• Protagonismo da pessoa idosa: cuidado de si, suporte social a outros
idosos e aprendizado mútuo;
• Trabalho intersetorial, interdisciplinar e intergeracional;
• Ações de suporte ao cuidador e à família;
• Atenção às relações sociais construídas ao longo da vida;
• Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;
• Ações integradas do poder público, família e comunidades;

b.2 Como evitar o cuidado que maltrata?


• Integralidade das políticas públicas;
• Destinação de orçamento para as políticas voltadas ao envelhecimento;
• Promoção de ações de experiências exitosas e pesquisas desenvolvidas
na área, visando ao apoio a projetos e incorporação das políticas
públicas;
• Ações de cuidado ao cuidador: informações, atividades, descanso e
suporte social e psicológico;
• Envolvimento do poder público com ações de apoio ao cuidador em
casos de sobrecarga de tarefas;
• Trabalho intergeracional sobre o processo de envelhecimento em seus
aspectos biopsicossociais;
• Ampliação e criação de Centros-Dia (públicos, de entidades
beneficentes e cooperativas);
• Fortalecendo a rede de suporte social à pessoa idosa (formal e
informal);
• Ampla divulgação de material para detecção das diferentes formas
de violência contra a pessoa idosa, por exemplo, de um manual de
prevenção.

34
c.2 Experiências Exitosas Relativas ao Cuidado e às Relações
Sociais:
1. UNESP: Grupo de atividades para cuidadores e familiares de pacien-
tes com Alzheimer; manual para cuidadores e familiares de pacientes
com Alzheimer com apoio profissional; grupo de protagonismo social
(Rio Claro – SP);
2. Pastoral da Pessoa Idosa (Brasil)
3. Pastoral da Saúde (Brasil)
4. Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo: Programa de acompa-
nhante de idosos;
5. Sistema Único de Assistência Social: Núcleos de convivência, visitas
domiciliares a idosos beneficiários de programas de transferência de
renda (Brasil);
6. USP: Envelhecer Sorrindo – cuidados com a saúde bucal (São Paulo);
7. Sesc: Projeto Cidadania Ativa (CE); Semana de Prevenção de Quedas
(CE); Semana de Promoção da Saúde (CE); Projeto Sensibilização e
Cuidado(CE); Oficina de Cidadania (AL); Fábrica da Criatividade/Gru-
po de Voluntários (AL); Projeto Era Uma Vez.

C - Subgrupo 3
a.3 Como somos cuidados?
• Por meio do acolhimento em uma rede humanizada.

b.3 Como situações de cuidados podem fortalecer relações


sociais?
• A própria dinâmica de rede humanizada faz com que as relações
sociais sejam fortalecidas pelo vínculo entre seus integrantes, por
meio de encontros, discussões e socializações.

c.3 Experiências Exitosas Relativas ao Cuidado e às Relações


Sociais:
• O grupo reconheceu na experiência da Associação Brasileira de
Alzheimer (ABRAz) uma experiência exitosa e um movimento de
protagonismo da pessoa idosa, tendo definido como características:

35
Rede de voluntários idosos que atuam como multiplicadores,
Quem
cuidadores.

Na comunidade. Vinculada a associações, instituições


Onde e movimentos de acordo com a necessidade (saúde,
empreendedorismo etc.).

Uma gestão maior organiza a rede e o acolhimento, capacita,


Como instrumentaliza, mobiliza, empodera e promove a autonomia para
o protagonismo desse idoso.

Habilidades De acordo com a área de formação profissional.

Forma multiplicadores; promove autonomia; empodera; fortalece


Impactos
a rede de solidariedade intergeracional e intrageracional.

a.4 Experiências Exitosas Relativas ao Cuidado e às Relações


Sociais:
ÓRGÃO PÚBLICO
NOME LOCAL DESENVOLVIMENTO
EXECUTOR ALVO
Atividades para o
Familiares e cuidado a familiares e
Abraz Brasil ABRAz cuidadores cuidadores de pessoas
de idosos com quadros demen-
ciais
Secretaria de
São José
Casa do Idoso Ação Social
dos Cam- Idosos Atividades para saúde
no Bairro de Esportes e
pos (SP)
Lazer
Cidade de
Casa de Santa
Deus (Rio
Ana e Casa de Voluntários Idosos Convivência
de Janeiro
Geralda
– RJ)
Núcleos de convivência
Sistema Único e visitas domiciliares a
SUAS/CRAS/
de Assistência Brasil Idosos idosos beneficiários de
CREAS
Social programas de transfe-
rência de renda
Atividades em grupo
para cuidadores e
familiares de pacientes
com Alzheimer, manual
Extensão Rio Claro
UNESP Idosos para cuidadores e fami-
Universitária (SP)
liares de pacientes com
Alzheimer com apoio
profissional, grupo de
protagonismo social.

36
Envelhecer Sorrindo:
São Paulo
Saúde Bucal USP Idosos cuidados com a saúde
(SP)
bucal
Contratação de
Secretaria
Belo Idosos com cuidador de idosos para
Maior Municipal da
Horizonte insuficiência acompanhar idosos em
Cuidado Assistência
(MG) familiar suas atividades diárias
Social
(avds)
Capacitação de
profissionais da
Profissionais
assistência e saúde
da
Curso de Belo Secretaria nas questões
Assistência
Qualificação Horizonte Municipal da gerontológicas;
e Saúde;
de Cuidado (MG) Saúde instituição de grupo de
cuidador
apoio aos cuidadores
familiar
familiares com foco no
cuidado
Contratação
Cerca de de cuidador/
2500 idosos acompanhante para
Programa Secretaria em situação acompanhar os idosos
São Paulo
Acompanhan- Municipal da de fragilida- em casa através de
(SP)
te de Idosos Saúde de e vulne- uma equipe especifica.
rabilidade O trabalho se
social desenvolve por meio de
um plano de cuidados

Promoção de ações
para a socialização
do idoso fisicamente
Trabalho independente; relações
Idosos
Social com Brasil Sesc intergeracionais;
autônomos
Idosos gerontologia como
tema transversal;
protagonismo do idoso;
envelhecimento ativo.

Centro de Pessoas
Secretaria Programa de apoio
Atenção e São Luiz idosas
Municipal da domiciliar ao idoso
Apoio ao (MA) fisicamente
Saúde dependente
Idoso (Cais) dependentes
Acompanhamento e
visitação de idosos.
Idosos em
Exemplos: Pastoral
Programas situação de
da Pessoa Idosa;
de Cunho Brasil Voluntários fragilidade e
Pastoral da Saúde;
Religioso vulnerabili-
igrejas evangélicas,
dade social
missionárias, espíritas
ou de matriz africana

37
OLHE – Ob- Capacitação de por-
servatório da teiros, zeladores e
Programa Porteiros,
São Paulo Longevidade comunidade moradora
Condomínio síndicos e
(SP) Humana e dos prédios onde se
Amigo zeladores
Envelheci- concentram as pessoas
mento idosas
Moradia digna para
50 morado-
Rio de idosos por meio do
Retiro dos res artistas
Janeiro Doações desenvolvimento de
Artistas (circo, teatro,
(RJ) atividades de recrea-
cinema, TV)
ção, lazer etc.
Secretaria Monitoramento 24
Programa de
Joinville Municipal da horas de idosos por
Teleassistên- 500 idosos
(SC) Assistência meio de um botão de
cia ao Idoso
Social alarme
Secretaria Programa de extensão
Universidade Estadual de Idosos a com duração de um
Aberta à Brasil Administra- partir de 60 ano; favorece a inte-
Terceira Idade ção; UFMA; anos gração e inclusão dos
Sesc idosos
Idosos com
Universidade
Programa de diagnóstico Prevenção de quedas
Federal de
Atenção ao de osteo- por meio de atividades
São Paulo São Paulo –
Idoso com porose e físicas e educacionais
(SP) Departamen-
Osteoporose - osteopenia para manter o equi-
to de Endo-
Prado (50 idosos líbrio
-crinologia
por grupo)
Diversos,
Pessoas Formação de
Curso de incluindo as
adultas de cuidadores de idosos
Cuidador de Brasil organizações
várias faixas para o mercado de
Idosos do terceiro
etárias trabalho
setor
Secretarias Integração social
Grupos de de Assistên- Idosos inde- dos idosos através
Brasil
Convivência cia Social e pendentes de atividades
Saúde socioeducativas

38
2º Momento: Elementos Dificultadores
Dinâmica
A partir das experiências exitosas apontadas no momento anterior, os
participantes debateram nos subgrupos os elementos dificultadores
para a implementação de ações semelhantes.

Contribuições dos Subgrupos


Neste momento, em cada um dos subgrupos, os participantes foram
levados a considerar o que são, onde estão, como atuam, quais habili-
dades estimulam, em que condições acontecem e qual impacto geram
as experiências exitosas de cuidado e relações sociais apontadas.

A - Subgrupo 1
a.1 De que velhice falamos?
O grupo concluiu que falamos de uma velhice em transição, portanto
de velhices diversas.

b.1 Fazemos o que recomendamos?


Uma velhice regida por normas que nem sempre cumprimos.

c.1 Elementos Dificultadores:


1. Questões relativas à cultura que percebe toda pessoa idosa como
incapaz, a qual é reproduzida e fortalecida por muitos profissionais;
2. Questões relativas às políticas públicas, principalmente quanto à in-
definição sobre “quem é o pai da criança?” Observa-se a compar-
timentalização das politicas públicas onde deveria haver uma trans-
versalidade responsável;
3. O poder do cuidar: pode-se falar em iatrogenia do cuidado quando
se destitui a subjetividade e a autonomia da pessoa idosa ao cuidar;
4. Se há diferentes velhices, são necessários diferentes cuidados para
com a velhice autônoma, a velhice fragilizada e a velhice doente:
a) Velhice autônoma: idosos que ajudam seus filhos nos cuidados
com os netos e com a casa como capital social. Novelas, filmes,
mídia em geral estão mostrando as diversas velhices. O cuidado
principal seria a sociabilidade;

39
b) Velhice fragilizada: estado mais introspectivo, mais vulnerável,
com sentimento de fragilidade (podendo até ser física, mas o
estado é caracterizado pelo sentimento). É uma questão exis-
tencial que não deve ser simplesmente tratada, mas precisa de
cuidados, de acompanhamento e de mais atenção, um cuidado
social que deve ser promovido. Por exemplo, a capacitação de
porteiros e a criação de uma rede de suporte social.
c) Velhice dependente: O cuidado deve se concentrar na habilidade
mantida, e não nas perdas.

B - Subgrupo 2
a.2 Como promover o protagonismo da pessoa idosa?
1. Inseri-la nos processos de participação e escolha das atividades;
2. Garantir que ela tenha acesso à informação;
3. Permitir e estimular que a pessoa idosa tenha voz;
4. Ouvir as demandas que elas apresentam;
5. Valorizar seus conhecimentos.
Dificuldades: Barreiras emocionais; preconceito da sociedade; bai-
xa autoestima das pessoas idosas; questões histórico/culturais do
papel atribuído à mulher na sociedade.

b.2 Como tornar a pessoa idosa corresponsável no cuidado


em saúde?
1. Compreender e fazer com que a pessoa idosa compreenda o proces-
so de cuidado com a saúde vivenciado ao longo de sua vida;
2. Promover sua inserção em grupos de interesse comum para compar-
tilhamento de experiências;
3. Instrumentalizar as pessoas idosas para o cuidado.
Dificuldades: Complexidade do conceito de saúde; ausência de
estímulos e incentivo para que a pessoa idosa se torne uma pessoa
autônoma; falta de clareza no estabelecimento dos critérios do cui-
dado e até onde vai o papel de cada ator responsável pelo cuidado
(idoso, família, Estado e sociedade).

40
C - Subgrupo 3
a.3 Quem cuida da velhice com incapacidade?
Cuidadores familiares e cuidadores profissionais. Quando não há a
possibilidade de cuidado por nenhum destes, recorre-se às instituições
municipais, estaduais ou particulares.
Perfil desejável do cuidador (independente do gênero): que possua ao
menos algumas habilidades de cuidado e que tenha certa educação
para o autocuidado.

b.3 Como implementar políticas de cuidado de longa duração


para pessoas frágeis?
1. Proporcionando-lhes:
• atendimento domiciliar, hospitais, Casas-Dia, Instituições de Longa
Permanência para Idosos (ILPIs);
• equipamentos de gerontotecnologia, como o tele help, um sistema
de alarme a distância para pessoas idosas que vivem sozinhas
acionarem em caso de necessidade. A exemplo do sistema
disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Joinville (SC);
• mais recursos: apoio ao atendimento familiar, incentivo fiscal
de cuidados (produtos de serviços, como fraldas, medicamentos
e materiais de higiene) e orientações para o testamento vital
(documento em que a pessoa registra como deseja ou não ser
tratada em caso de doenças e situações incapacitantes e ou que
ameacem a vida).
2. Viabilizando estudos e pesquisas sobre as questões da fragilidade que
possam servir de suporte para implementação de políticas públicas.

D - Subgrupo 4
a.4 Como assegurar os direitos ao cuidado da pessoa idosa
ativa?
As dificuldades apontadas foram:
1. a fragilidade dos Conselhos Municipais do Idoso para garantir os
direitos;
2. a falta de capacitação das pessoas para participarem dos Conse-
lhos do Idoso;
3. o desconhecimento do Estatuto do Idoso;
41
4. a indefinição das metas e dos objetivos dos fóruns na cidade e a
maior participação da população nos fóruns, inclusive as discus-
sões e direcionamentos dos temas;
5. a falta de uma maior integração entre as gerações, uma vez que
existe forte isolamento e segregação;
6. seletividade das pessoas idosas quanto a suas amizades e vínculos;
7. a falta de estímulo à criação de espaços de maior convivência in-
tergeracional.

b.4 Como preservar relações sociais cuidadosas ao longo do


curso de vida?
1. Estimular o fortalecimento das relações intergeracionais e de geração
ao longo da vida;
2. Fortalecer a solidariedade entre as gerações e entre as amizades
construídas ao longo da vida;
3. Trabalhar o coletivo sobre o individual;
4. Fortalecer e estimular as relações de vizinhança e os laços afetivos
(familiares e de amizades);
5. Estimular o significado e a valorização do “projeto de vida” para a
própria pessoa;
Quem: Fórum/Conselho do Idoso (nacional, estadual e municipal).
Recursos: Leis federais, estaduais e municipais, sociedades
organizadas, ONGs e universidades (formação, capacitação etc.);
Como:
• Sensibilizar todos os cidadãos, autoridades e lideranças sociais
com propostas;
• Trabalhar nas escolas a gerontologia e a educação para o
envelhecimento desde os cursos infantis, inclusive entre os
educadores;
• Utilizar a literatura para demonstrar as diversas faces do envelhecer;
• Aproveitar melhor os espaços religiosos que congregam grande
número de pessoas idosas;
• Reconhecer a velhice marginalizada (homoafetividade, profissionais
do sexo, presidiários, portadores de doenças mentais, moradores
de rua, refugiados e vítimas de violência) e criar espaços de
discussão para temas delicados como a finitude e o suicídio entre
idosos, por exemplo.
42
3º Momento: Estratégias, Projetos e Ações

Dinâmica
A partir das experiências exitosas e dos elementos dificultadores apon-
tados nos momentos precedentes, os participantes foram desafiados
nos subgrupos a propor estratégias, projetos e ações possíveis no cená-
rio atual para modificar essa situação.

Contribuições dos Subgrupos


Neste momento, em cada um dos grupos, os participantes foram le-
vados a considerar o que fazer, quem fará, onde, como, quando e por
que implementar as estratégias, projetos e ações de cuidado e relações
sociais sugeridas.

A - Subgrupo 1
a.1 Como fomentar estratégias de participação social?
b.1 Como estimular a independência da pessoa idosa na ela-
boração de projetos de seu interesse?
O subgrupo debateu as questões acima e optou por lidar diretamente
com os desafios apontados pelo grupo anterior.

1º Desafio: Falamos de uma velhice em transição (velhices


diversas)
c.1 Estratégias 1º Desafio
1. Identificar elementos dificultadores culturais, políticos e aqueles re-
ferentes ao cuidado, reconhecendo o poder do cuidar e os diferentes
cuidados com a:
a) Velhice autônoma: idosos que ajudam seus filhos nos cuidados
com os netos e com a casa como capital social. Novelas, filmes,
mídia em geral estão mostrando as diversas velhices. O cuidado
principal seria a sociabilidade;
b) Velhice fragilizada: estado mais introspectivo, mais vulnerável, com
sentimento de fragilidade (podendo até ser física, mas o estado
é caracterizado pelo sentimento). É uma questão existencial que
não deve ser simplesmente tratada, mas precisa de cuidados,

43
de acompanhamento e de mais atenção, um cuidado social que
deve ser promovido. Por exemplo, a capacitação de porteiros e
a criação de uma rede de suporte social;
c) Velhice dependente: O cuidado deve se concentrar no que é
conservado, e não nas perdas.
2. Romper a invisibilidade do cuidado crônico e da velhice, especial-
mente a marginalizada;
3. Fortalecer a rede de cuidado: cuidar do cuidador e proporcionar-lhe
oportunidades de descanso e autocuidado;
4. Incluir as questões do envelhecimento e da finitude na pauta da
Educação das pessoas de todas as idades;
5. Ao cuidar, olhar para a pessoa e não para a doença dela;
6. Discutir a “escolha” do atendimento domiciliar, muitas vezes ditada
apenas pelo fator econômico;
7. Reconhecer a insuficiência familiar como situação que merece cuidado.

Ações
1.Desenvolvimento de campanhas de esclarecimento sobre as
diferentes velhices para a mídia; veicular programas em todos os
meios de comunicação, utilizando os recursos dos fundos destinados
aos idosos, para promover a compreensão, o respeito e mudanças
de atitude em face das questões culturais acerca da velhice e do
envelhecimento;
2. Efetivação do que estabelece o Art. 22 do Estatuto do Idoso, que
determina a inclusão de conteúdos relacionados à gerontologia
nos currículos mínimos dos diversos núcleos de ensino, por meio
de estratégias que envolvam os conselhos de controle social e o
Ministério Público;
3. Estímulo às pessoas idosas a formularem e acompanharem os
programas para assegurar a continuidade das conquistas (como o
requerimento à RPDI – Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa
– do Centro de São Paulo para introdução do serviço Centro-Dia na
região da Sé);
4. Estímulo à participação das pessoas idosas nos conselhos, fóruns,
conferências e debates, a partir da politização dos segmentos, por
meio de grupos, associações e outros movimentos sociais.

44
2º Desafio: a falta de responsabilização pela política do
cuidado
O grupo reconheceu que essa falta de responsabilização pela política do
cuidado reflete a falta de responsabilização pela Política do Idoso nos
três níveis de gestão.

c.1 Estratégias 2º Desafio


1. Exigir de órgãos do sistema de garantias (Ministério Público, Defen-
soria Pública, Poderes Judiciário e Executivo) a urgente implementa-
ção da política do cuidado, envolvendo os conselhos, fóruns e a so-
ciedade civil (SBGG, ABRAz, ANG, Pastoral da Pessoa Idosa, ONGs);
2. Acompanhar a elaboração das leis orçamentárias e planos plurianu-
ais com a proposta de contemplar políticas do cuidado, envolvendo
os conselhos, fóruns e a sociedade civil (SBGG, ABRAz, ANG, Pasto-
ral da Pessoa Idosa, ONGs);
3. Promover a criação de Centros-Dia em todos os municípios para ga-
rantir a participação social, autonomia e independência da pessoa
idosa, assim como a formação continuada dos familiares e profis-
sionais.

Programas
1. Instituir programas de esclarecimento sobre envelhecimento e cuida-
do nas salas de espera dos ambulatórios públicos com profissionais
da equipe interdisciplinar;
2. Desenvolver programas permanentes de capacitação de cuidadores
de idosos, pelo poder público, com carga horária adequada.

B - Subgrupo 2
a.2 Como assegurar condições dignas de cuidado na família
de quem tem idosos frágeis?
b.2 Como tornar o Estado corresponsável pelo cuidado da
pessoa idosa?

45
c.2 Estratégias 1º Desafio
Em um cenário possível:
Considerando os serviços públicos existentes na rede de saúde e de
assistência social e a partir da articulação das equipes multidisciplinares
de atenção básica da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e da Assis-
tência Social (CRAS), haveria a identificação das condições socioassis-
tenciais e econômicas da família que possui idosos frágeis. Após essa
identificação, a família passaria a ser acompanhada por uma equipe
multiprofissional em atendimento domiciliar (CREAS/Saúde) e capaci-
tada para o cuidado domiciliar do idoso. Como suporte ao cuidado,
a equipe também precisaria acompanhar a saúde física, psicológica e
social do cuidador domiciliar.

Em um cenário ideal:
Paralelamente a isso, a partir de uma avaliação socioeconômica realiza-
da pela equipe do CRAS, para ajudar na manutenção deste cuidado no
âmbito da família, o cuidador domiciliar passaria a receber um benefício
em um valor correspondente a 25% da renda percebida pela pessoa
idosa.

c.2 Estratégias 1º Desafio


1. Garantia de subsídio financeiro às famílias que desejam manter e
assumir o cuidado da pessoa idosa no domicílio, acompanhado da
oferta de capacitação para qualificar o(s) cuidador(es);
2. Acompanhamento multidisciplinar para o cuidador domiciliar e o
monitoramento de como está se dando o cuidado no domicílio;
3.Articulação das políticas de assistência social e saúde nos atendimentos
das ILPIs. As ILPIs não podem continuar sendo uma política exclusiva
da assistência social e urge a atuação conjunta da saúde e de outras
políticas.

46
C - Subgrupo 3
a.3 Como superar a discriminação da pessoa idosa pela socie-
dade e pelo Estado?
b.3 Como promover uma velhice com a qual a sociedade quei-
ra se identificar?

c.3 Estratégias 1º Desafio


1. Conhecer a realidade das ações locais existentes, por meio de um
mapeamento (parceiros, recursos).
O Quê? Um processo de mapeamento da população idosa.
Quem? Governo estadual ou entidades municipais.
Onde? Nos municípios.
Quando? Em um momento inicial, para o planejamento das ações;
depois, para manutenção do processo.
Como? Por meio de um questionário a ser aplicado pelo poder pú-
blico e entidades privadas sobre as ações existentes para a pessoa
idosa.
Por Quê? Para conhecer a realidade das comunidades, mapear os
parceiros, identificar as necessidades e subsidiar e desenvolver as
próximas ações.

c.3 Estratégias 2º Desafio


1. Desenvolver ações de sensibilização e intergeracionais em diversas
linguagens.
O Quê? Oficinas e atividades artísticas, recreativas, físico-esportivas,
intergeracionais.
Para Quê? Valorização do saber e das experiências das gerações,
coeducação.
Quem? Educadores em geral: das escolas, de ONGs, do poder pú-
blico.

47
D - Subgrupo 4
a.4 Como integrar a perspectiva do envelhecimento ao proje-
to de vida dos brasileiros?
b.4 Como otimizar o uso do tempo na velhice em favor da
autorrealização?
c.4 Estratégias 1º Desafio
Mesmo em um processo visando resultados em dez ou vinte anos, é
preciso:
1. Começar imediatamente um trabalho de base nas escolas – edu-
cação com participação da família e de educação não formal para
crianças e jovens.
Quem?
Educadores e demais profissionais que atuam nas diferentes políticas
públicas, serviços, entidades ou organizações de atenção à pessoa
Idosa.
2. Para os idosos novos – reinserção no mercado de trabalho, estudos
variados, participação em trabalhos de grupos comunitários, desper-
tar dons ou talentos.
Onde?
Entidades que realizam trabalho social com idosos (Ex: Sesc SP, Sesc
Palmas etc.).
Nas empresas, o setor de Recursos Humanos deve preparar os fun-
cionários para um futuro de aposentadoria.
Como? Planejamento orçamentário, plano de aposentadoria, pers-
pectivas de futuro, planos de carreira.
Por Quê? Autorrealização, autoconhecimento, convivência, valori-
zação, descoberta de potencialidades.
Onde? ONGs, comunidades, associações de bairros, empresas etc.

48
c.4 Estratégias 2º Desafio
1. Fortalecer as UnATIs – Universidades Abertas da Terceira Idade.
2. Buscar parcerias com empresas/organizações que já desenvolvem
trabalhos intergeracionais, de otimização de tempo e de valorização
pessoal, trabalhos com grupos, oficinas de estímulos e terapia com-
portamental.
Objetivo: Autorrealização, autoconhecimento, convivência, valo-
rização, descoberta de potencialidades, troca de experiências e de
saberes.
Parceiros: Sebrae, Senac, Sesc, ONGs e outros

49
Resultado Definido na Miniplenária
Durante o debate na miniplenária, os participantes concordaram em
agrupar as estratégias propostas por categorias:
1. Estratégias socioeducativas para promover:
a. a participação cidadã da pessoa idosa;
b. o envelhecimento (pertencimento, projeto de vida, preparação
para a aposentadoria), a finitude e o cuidado (autocuidado,
formação do cuidador, rede de cuidado) dignos;
c. ações intergeracionais.

2. Estratégias políticas para assegurar:


a. recursos orçamentários;
b. programas plurianuais;
c. efetivação de políticas de cuidado e de serviços;
d. planejamento de ações georreferenciadas (levantamento dos
recursos locais, estímulo ao controle social e à formação de
parcerias).

3. Estratégias financeiras para garantir:


a. renda para o cuidador;
b. criação, utilização e monitoramentos dos fundos destinados
aos idosos.

4. Estratégias midiáticas para promover a divulgação da di-


versidade da velhice e a valorização da memória, da experiência
e do protagonismo da pessoa idosa.

5. Estratégias intersetoriais para promover a criação, inte-


gração e realização de ações coordenadas entre ONG, UnATI,
conselhos, sistema S e outros movimentos e parceiros sociais.

50
4º Momento: Perspectivas para a inclusão cidadã da pessoa
idosa

Dinâmica
A partir das experiências exitosas, dos elementos dificultadores e das
estratégias identificadas anteriormente, os participantes foram estimu-
lados a construir perspectivas positivas para a inclusão cidadã da pes-
soa idosa e para o envelhecimento populacional brasileiro.

Contribuições dos Subgrupos


Neste momento, em cada um dos grupos, os participantes foram le-
vados a considerar como elementos na construção destes cenários fa-
voráveis: políticas, implementação, monitoramento, conscientização,
sociedade civil, integração.

A - Subgrupo 1
a.1 Quais perspectivas são favoráveis a um cuidado digno?
• Cumprimento dos acordos e tratados internacionais para o cuidado
no envelhecimento;
• Continuidade das lutas pelas políticas sociais em defesa do envelhe-
cimento;
• Reconhecimento do envelhecimento como realidade social;
• Priorização da capacitação e aumento do número de profissionais
para atuar na área do envelhecimento;
• Maior preocupação com acessibilidade, ambiência, sustentabilidade e
humanização nos espaços públicos e privados;
• Aguçamento do olhar e redimensionamento da questão do cuidado
para o autocuidado, o cuidado com o outro, com o coletivo e com o
planeta;
• Monitoramento dos recursos alocados nos fundos destinados aos
idosos;
• Ampliação dos canais de acesso à informação, comunicação e
interação;
• Comunicação efetiva intersetorial.

51
b.1 Quais critérios devem orientar a atuação social?
• Inovações científicas e tecnológicas em favor do cuidado e das
relações sociais;
• Metodologias ativas que promovam o engajamento dos atores sociais;
• Formação de parcerias através de articulação dos atores sociais;
• Priorização da capacitação dos recursos humanos para promoção do
cuidado em todas as esferas de atenção à pessoa idosa.

c.1 Cenários futuros favoráveis


O subgrupo debateu e considerou que em um cenário favorável ao
cuidado digno em nosso país será possível reconhecer:
1. O cumprimento dos acordos e tratados internacionais para o cui-
dado no envelhecimento;
2. O envelhecimento como realidade social;
3. A ampliação dos canais de acesso à informação, comunicação e
interação intersetorial acerca do cuidado e do envelhecimento;
4. Uma maior preocupação com acessibilidade, ambiência, sustenta-
bilidade e humanização nos espaços públicos e privados;
5. A continuidade das lutas pelas políticas sociais em defesa do en-
velhecimento digno;
6. O aguçamento do olhar e redimensionamento da questão do cui-
dado para o autocuidado, o cuidado com o outro, com o coletivo
e com o planeta;
7. A priorização da capacitação e o aumento do número de profissio-
nais para atuar na área do envelhecimento;
8. O monitoramento dos recursos alocados em fundos destinados aos
idosos.
Nesse cenário favorável, os critérios que orientarão a atuação socio-
educativa serão:
1. Utilização de inovações científicas e tecnológicas que favoreçam o
cuidado e as relações sociais;
2. Parcerias e articulação dos diferentes atores sociais, com utilização
de metodologias ativas que promovam o engajamento deles;
3. Priorização da capacitação dos recursos humanos para promoção
do cuidado digno em todas as esferas de atenção à pessoa idosa;
4. Criação de programas de educação previdenciária e de ampliação
de acesso a direitos para a população idosa.
52
B - Subgrupo 2
a.2 Como cuidar das relações sociais afetadas pela necessida-
de de cuidados prolongados?
1. Luta pela efetivação de centros de cuidado, gerada pela demanda di-
ária de cuidados em parceria com instituições de ensino e saúde, en-
tre outras, promovendo o direcionamento aos cuidados especiais com
serviços multidisciplinares (psicologia, fisioterapia, clínica geral etc.).
Para isso, devem ser usadas ferramentas de valorização do cuidador,
o que seria extensivo aos próprios profissionais integrados ao Centro
(capacitações, grupos de apoio, acompanhamento psicológico etc.);
2. Planejamento estratégico para a prevenção de males gerados pela
instabilidade causada nas relações, principalmente familiares, pela
dependência, seja financeira ou emocional;
3. Estímulo ao voluntariado e à dedicação cidadã aproximando a socie-
dade da população fragilizada;
4. Programas e orientação ao planejamento financeiro.

b.2 Como envolver a sociedade civil no monitoramento das


políticas públicas?
1. Ampliar o debate da questão do cuidado do envelhecimento junto
com organizações comunitárias, conselhos e órgãos a fim de tornar
público as questões que envolvem as políticas de cuidado;
2. Ampliar estudos e pesquisas com subsídios aos programas de exten-
são universitária e às políticas públicas relacionadas ao envelheci-
mento, para fomentar o tema;
3. Propor às instituições públicas e privadas que atuem no âmbito do
envelhecimento, promover programas de capacitação e formação
para instrumentalizar os integrantes das organizações comunitárias
(conselhos, grupos de idosos e lideranças locais) a fim de que exer-
çam o monitoramento das políticas pública.

53
c.2 Cenários futuros favoráveis
O subgrupo debateu e considerou que em um cenário favorável será
possível cuidar das relações sociais afetadas pela necessidade de cui-
dados prolongados, por meio de:
1. Efetivação de estruturas de apoio ao cuidado e ao cuidador (Cen-
tros-Dia, centros de convivência, centros de prevenção e enfren-
tamento à violência, entre outros), em parceria com instituições
de ensino, saúde, assistência social e outras, oferecendo cuidados
especiais interdisciplinares, bem como ferramentas de valorização
das ações do cuidado extensivas aos profissionais integrados ao
Centro (capacitações, grupos de apoio, acompanhamento psico-
lógico etc.);
2. Prevenção de males gerados pela instabilidade nas relações, prin-
cipalmente familiares, seja por dependência financeira, física, cog-
nitiva ou emocional dos envolvidos;
3. Estímulo ao voluntariado, à responsabilidade cidadã e à solidarie-
dade, aproximando a sociedade e a população fragilizada.

C - Subgrupo 3
a.3 Como potencializar os diferentes recursos existentes?
Recursos Financeiros:
• Divulgar as informações dos orçamentos (receita e despesa) e os re-
cursos disponíveis das políticas setoriais (montante, origem, utiliza-
ção – TRANSPARÊNCIA);
• Promover uma reforma fiscal que atenda melhor as necessidades da
sociedade como um todo;
• Respeitar o princípio constitucional de revisão da renda da aposen-
tadoria.
Instrumentos Fiscais:
• Articular os princípios e políticas legais entre o Estado e a sociedade
civil (inclusive o Sistema S), bem como os recursos públicos e privados
disponíveis (exemplo: renúncia fiscal);
• Instrumentalizar os conselhos para o monitoramento desses recursos;
• Conhecer e revisar a utilização dos recursos destinados aos sindica-
tos, associações e conselhos profissionais, exigindo a prestação de
contas.

54
b.3 Diante das perspectivas atuais, como promover ações in-
tersetoriais que favoreçam o cuidado?
• Reforma fiscal que atenda melhor as necessidades da sociedade
como um todo;
• Formação de recursos humanos a fim de atender a demanda da po-
pulação idosa (cuidador, apoio ao cuidado familiar).

c.3 Cenários futuros favoráveis


O subgrupo debateu e considerou que em um cenário favorável será
possível obter a potencialização dos diferentes recursos finan-
ceiros existentes para o cuidado, por meio de:
1. Divulgação das informações dos orçamentos (receita e despesa) e
dos recursos públicos disponíveis das políticas setoriais (montan-
te, origem, utilização – TRANSPARÊNCIA);
2. Reforma fiscal que atenda melhor as necessidades da sociedade
como um todo;
3. Articulação de princípios e políticas legais entre o Estado e a so-
ciedade civil (inclusive o Sistema S), bem como os recursos públi-
cos e privados disponíveis (exemplo: renúncia fiscal);
4. Instrumentalização dos conselhos para o monitoramento desses
recursos;
5. Respeito ao princípio constitucional de revisão da renda da apo-
sentadoria;
6. Conhecimento e revisão da utilização dos recursos destinados a
sindicatos, associações e conselhos profissionais, exigindo a devi-
da prestação de contas.

D - Subgrupo 4
a.4 Como instituir redes de cuidado que possam ser monitora-
das por meio da atuação da sociedade?
• Ter equipamentos sociais para todas as fases da velhice, de acordo
com a demanda de cuidado;
• Criar um sistema de garantia de direitos articulado em rede, fortale-
cido e com visibilidade;

55
• Favorecer a intersetorialidade das políticas públicas, principalmente
entre saúde e assistência social, incluindo a criação de pequenos nú-
cleos intersetoriais; planejar as intervenções e o financiamento jun-
tos, integrando territórios e constituindo equipamentos híbridos;
• Construir uma rede interligando o público e privado e com participa-
ção ativa da sociedade;
• Recuperar a Rede Nacional de Proteção e Defesa dos Direitos da Pes-
soa Idosa;
• Oferecer retaguarda às famílias para o cuidado;
• Readequar a política de atenção domiciliar intersetorial, incluindo a
atenção ao idoso social e clinicamente vulnerável, criando rede de
cuidadores domiciliares financiados pela seguridade social;
• Fortalecer os serviços governamentais e organizações não governa-
mentais já instituídos como associações de idosos e conselhos de di-
reitos e setoriais;
• Propiciar novas alternativas de moradia acessíveis, inclusivas e com
subsídio do Estado e cofinanciamento da sociedade.

b.4 Como implementar ações para dar visibilidade à diversi-


dade na velhice e ao protagonismo da pessoa idosa?
• Fortalecer as instâncias políticas já existentes para que a Secretaria
que conduz a Política Nacional do Idoso e demais órgãos públicos
garantam a implementação desta política, com financiamento asse-
gurado;
• Que cada estado/território tenha um cadastro único de pessoas idosas
e com base neste mapeamento se tornem visíveis as vulnerabilidades
e necessidades da população, sendo garantida a sua cobertura inte-
gral;
• Incentivar ações que propiciem a troca de conhecimentos técnicos e
experiências das pessoas idosas de forma compartilhada com a socie-
dade, sem paternalismo, através do seu empoderamento.

c.4 Cenários futuros favoráveis


O subgrupo debateu e considerou que em um cenário favorável haverá:
• Promoção de ações intersetoriais e de redes de cuidado a
serem monitoradas pela sociedade, por meio de:

56
1. Planejamento de modo estratégico dos recursos e estruturas pú-
blicas em favor das questões relativas ao envelhecimento no nível
local (ex.: Bagé, orçamento temático em BH);
2. Sistema de garantia de direitos articulado em rede, fortalecido e
com visibilidade;
3. Intersetorialidade das políticas públicas, principalmente entre
saúde e assistência social, com a criação de pequenos núcleos
intersetoriais, planejando as intervenções e o financiamento em
conjunto, bem como integrando territórios e utilizando equipa-
mentos híbridos;
4. Construção da rede de cuidado integral, com programa de cuida-
dos de curta e longa duração, interligando o público e privado,
com participação ativa da sociedade;
5. Política de atenção domiciliar intersetorial, incluindo a atenção
ao idoso vulnerável social e clinicamente, e estabelecimento de
uma rede de cuidadores domiciliares financiados pela seguridade
social;
6. Instituição de serviços públicos e organizações não governamen-
tais, incluindo conselhos de direitos e setoriais fortalecidos e as-
sociações de idosos articuladas com as redes de defesa de direitos
da pessoa idosa nacional, estadual, do DF e municipal;
7. Novas alternativas de moradia acessíveis, inclusivas e com subsí-
dio do Estado e cofinanciamento da sociedade.

• Efetivação de ações para visibilidade da diversidade na


velhice e para o protagonismo da pessoa idosa, por meio de:
1. Fortalecimento das instâncias políticas já existentes nos três ní-
veis de governo para que garantam a implementação da política
relativa ao envelhecimento e ao cuidado, com financiamento as-
segurado;
2. Mapeamento das pessoas idosas residentes no estado/território,
que será usado em conjunto com instrumentos de gestão para
tornar visíveis as vulnerabilidades e necessidades e garantir a co-
bertura integral de serviços;
3. Ações que propiciem o empoderamento, a troca de conhecimen-
tos técnicos e experiências das pessoas idosas, de forma compar-
tilhada com a sociedade.

57
Plenária
Final

58
A Plenária Final
do Fórum
À Plenária Final coube discutir, modificar, aprovar ou rejeitar as pro-
postas consolidadas nos grupos de trabalho. Este material denominado
texto-síntese foi lido e colocado em regime de votação para aprovação
dos participantes. Em razão da transversalidade dos temas, eles foram
organizados de modo a evitar repetições, como se segue.

A - Estratégias, Programas e Ações


Os participantes do Fórum, reunidos em plenária, aprovaram as seguin-
tes proposições referentes ao Eixo Cuidado e Relações Sociais:
1. Estratégias socioeducativas para promover:
a. a participação cidadã da pessoa idosa;
b. o envelhecimento (pertencimento, projeto de vida, preparação
para a aposentadoria), a finitude e o cuidado (autocuidado, for-
mação do cuidador, rede de cuidado) dignos;
c. ações intergeracionais.
2. Estratégias políticas para assegurar:
a. recursos orçamentários;
b. programas plurianuais;
d. efetivação de políticas de cuidado e de serviços;
e. planejamento de ações georreferenciadas (levantamento dos recur-
sos locais, estímulo ao controle social e à formação de parcerias).
3. Estratégias financeiras para garantir:
a. renda para o cuidador;
b. criação, utilização e monitoramento dos fundos destinados aos
idosos.
4. Estratégias midiáticas para promover a divulgação da diversidade da
velhice e a valorização da memória, da experiência e do protagonis-
mo da pessoa idosa.
5. Estratégias intersetoriais para promover a criação, integração e rea-
lização de ações coordenadas entre ONG, UnATI, conselhos, Sistema
S e outros movimentos e parceiros sociais.

59
B - Perspectivas de Inclusão Cidadã a Pessoa Idosa
Os participantes do Fórum, reunidos em plenária, aprovaram as seguin-
tes proposições referentes ao Eixo Cuidado e Relações Sociais pelas
quais acreditam ser possível vislumbrar:
1. Perspectivas Favoráveis a um Cuidado Digno, em que haverá:
a. Cumprimento dos acordos e tratados internacionais para o cuida-
do no envelhecimento;
b. Reconhecimento do envelhecimento como realidade social;
c. Ampliação dos canais de acesso a informação, comunicação e in-
teração intersetorial acerca do cuidado e do envelhecimento;
d. Maior preocupação com acessibilidade, ambiência, sustentabilida-
de e humanização nos espaços públicos e privados;
e. Continuidade das lutas pelas políticas sociais em defesa do enve-
lhecimento;
f. Aguçamento do olhar e redimensionamento da questão do cuida-
do para o autocuidado, o cuidado com o outro, com o coletivo e
com o planeta;
g. Priorização da capacitação e aumento do número de profissionais
para atuar na área do envelhecimento;
h. Monitoramento dos recursos alocados em fundos destinados aos
idosos.

2. Critérios que Orientarão a Atuação Socioeducativa:


a. Utilização de inovações científicas e tecnológicas que favoreçam o
cuidado e as relações sociais;
b. Parcerias e articulação dos diferentes atores sociais, com utiliza-
ção de metodologias ativas que promovam o engajamento deles;
c. Priorização da capacitação dos recursos humanos para promoção
do cuidado digno em todas as esferas de atenção à pessoa idosa;
d. Criação de programas de educação previdenciária e de ampliação
de acesso a direitos para a população idosa.

60
3. Cuidado com as Relações Sociais Afetadas pela Necessida-
de de Cuidados Prolongados, por meio de:
a. Efetivação de estruturas de apoio ao cuidado e ao cuidador (Cen-
tros-Dia, centros de convivência, centros de prevenção e enfren-
tamento à violência, entre outros), em parceria com instituições
de ensino, saúde, assistência social e outras, oferecendo cuidados
especiais interdisciplinares, bem como ferramentas de valorização
das ações do cuidado extensivas aos profissionais integrados ao
centro (capacitações, grupos de apoio, acompanhamento psico-
lógico etc.);
b. Prevenção de males gerados pela instabilidade nas relações, prin-
cipalmente familiares, seja por dependência financeira, física,
cognitiva ou emocional dos envolvidos;
c. Estímulo ao voluntariado, à responsabilidade cidadã e à solidarie-
dade, aproximando a sociedade e a população fragilizada.

4. Envolvimento da Sociedade Civil no Monitoramento das Po-


líticas Públicas:
a. Promoção do debate da questão do cuidado do envelhecimento
junto com organizações comunitárias, conselhos e órgãos, a fim de
tornar públicas as questões que envolvem as políticas de cuidado;
b. Promoção de estudos e pesquisas para subsidiar estrategicamente
as políticas públicas relacionadas ao envelhecimento, bem como
programas de extensão universitária relacionados ao cuidado;
c. Promoção de programas de capacitação e formação via institui-
ções públicas e privadas que atuam no âmbito de envelhecimento
para instrumentalizar os integrantes das organizações comunitá-
rias (conselhos, grupos de idosos e lideranças locais) a fim de que
exerçam o monitoramento das políticas públicas.

5. Potencialização dos Diferentes Recursos Financeiros e Ins-


trumentos Fiscais Existentes para o Cuidado, por meio de:
a. Divulgação das informações dos orçamentos (receita e despesa) e
os recursos públicos disponíveis das políticas setoriais (montante,
origem, utilização – TRANSPARÊNCIA);
b. Reforma fiscal que atenda melhor as necessidades da sociedade
como um todo;

61
c. Articulação de princípios e políticas legais entre o Estado e a socie-
dade civil (inclusive o Sistema S), bem como os recursos públicos
e privados disponíveis (exemplo: renúncia fiscal);
d. Instrumentalização dos conselhos para o monitoramento desses
recursos;
e. Respeito ao princípio constitucional de revisão da renda da apo-
sentadoria;
f. Conhecimento e revisão da utilização dos recursos destinados a
sindicatos, associações e conselhos profissionais, exigindo a pres-
tação de contas.

6. Promoção de Ações Intersetoriais e de Redes de Cuidado


que Possam ser Monitoradas pela Sociedade, por meio de:
a. Planejamento de modo estratégico dos recursos e estruturas pú-
blicas em favor das questões relativas ao envelhecimento no nível
local (ex.: Bagé, orçamento temático em Belo Horizonte);
b. Sistema de garantia de direitos articulado em rede, fortalecido e
com visibilidade;
c. Intersetorialidade das políticas públicas, principalmente entre
saúde e assistência social, com a criação de pequenos núcleos
intersetoriais, planejando as intervenções e o financiamento jun-
tos, bem como integrando territórios e utilizando equipamentos
híbridos;
d. Construção da rede de cuidado integral, com programa de cuida-
dos de curta e longa duração, interligando o público e o privado,
com participação ativa da sociedade;
e. Política de atenção domiciliar intersetorial, incluindo a atenção
ao idoso social e clinicamente vulnerável e estabelecimento de
uma rede de cuidadores domiciliares financiados pela seguridade
social;
f. Instituição plena de serviços públicos e organizações não governa-
mentais, incluindo conselhos de direitos e setoriais fortalecidos,
associações de idosos articuladas às redes de defesa de direitos
da pessoa idosa nacional, estadual, do Distrito Federal e munici-
pal;
g. Novas alternativas de moradia acessíveis, inclusivas e com subsí-
dio do Estado e cofinanciamento da sociedade.

62
7. Implementação de Ações para Visibilidade da Diversidade
na Velhice e para o Protagonismo da Pessoa Idosa:
a. Fortalecimento das instâncias políticas já existentes nos três ní-
veis de governo para que garantam a implementação da política
relativa ao envelhecimento e ao cuidado, com financiamento as-
segurado;
b. Mapeamento das pessoas idosas residentes no estado/território,
que será usado em conjunto com instrumentos de gestão para
tornar visíveis as vulnerabilidades e necessidades e garantir a co-
bertura integral de serviços;
c. Ações que propiciem o empoderamento, a troca de conhecimentos
técnicos e experiências das pessoas idosas, de forma compartilha-
da com a sociedade.

63
Signatários
do Documento

Comissão Organizadora
José Carlos Ferrigno, Karla Cristina Giacomin, Maria Clotilde Barbosa
Nunes Maia de Carvalho, Marta Ap. Borges Lordello Gonçalves, Ruth
Gelehrter da Costa Lopes, Sandra Carla Sarde Mirabelli, Serafim Fortes
Paz

Facilitadores
José Carlos Ferrigno, Karla Cristina Giacomin, Ruth Gelehrter da Costa
Lopes, Serafim Fortes Paz

Apoio Técnico
Adriese Castro Pereira, Celina Dias Azevedo, Maria Clotilde Barbosa
Nunes Maia de Carvalho, Sandra Regina Feltran

Redatores e Relatores
Adalgisa Zaidan Drumond, Amarilis Maria Muscari Riani Costa,
Alexandre de Oliveira Alcântara, Beltrina da Purificação da Côrte
Pereira, Daizy Valmorbida Stepansky, Ingrid Rochelle Rêgo Nogueira,
Jorge Gilberto Krug, Kátia Maria Pacheco Saraiva, Maria Helena
Guariento, Paula Regina de Oliveira Ribeiro,Wilson José Alves Pedro

Participantes
Abigail Oliveira Vaz, Adalgisa Zaidan Drumond, Adriano Antonio da
Costa, Aldevan Reis Dias, Alexandre de Oliveira Alcântara, Alisson
Santos Martins, Amarilis Maria Muscari Riani Costa, Ana Paula
Ambrósio, Ana Paula Barbosa Gonzaga, Antonio Damião Mendes
de Moraes, Beltrina da Purificação da Côrte Pereira, Camila Onofre
Silva, Cyntia Elaine Bortoto Girio, Claudia Maria da Silva Righetti,
Claudia Soares de Oliveira, Cristina Rodrigues Lima, Daizy Valmorbida
Stepansky, Delia Catullo Goldfarb, Diego Félix Miguel, Diego Ulacco
Moreno, Divina de Fátima dos Santos, Eduardo Danilo Schmit, Eduardo

64
Ramirez Meza, Edusa Cesar Menezes de Araujo Pereira, Elen de Paula
Ferreira, Elisangela Domingues, Evamar Alves Martins Leopoldino,
Fabiana Passoni Martins Kuhn, Fabio Roberto Barbolo Alonso, Fernanda
Terezinha Righi Queiroz de Souza, Francisca Apparecida Martucci,
Francisco Carlos Tramujas da Costa e Silva, Gabriela da Silva Neves,
Glaucia da Silva Destro de Oliveira, Héber Augusto Tscherne, Helena
Cristina da Silva, Hildeana Nogueira Dias Souza, Humberto Peron
Junior, Ingrid Rochelle Rêgo Nogueira, Istênia Márlia Medeiros Alves,
Jacira do Nascimento Serra, Jacy Helena Almeida Silva, Jorge Gilberto
Krug, José Araujo da Silva, José Luiz Riani Costa, José Olympio Garcia
Neto, Josiane Cardoso Campos, Kátia Maria Pacheco Saraiva, Kleiman
Cesar de Santana , Lauro Faria Santos Alves da Silva, Lilian Alicke, Lucio
Eduardo Diaz Dumenez, Mágda Gomes de Morais Andrade, Marcella
Guimarães Assis, Marcelo Macera, Marcia Nazare Ferreira Correa,
Margarida Maria Lima Almeida Tavares, Maria Auxiliadora do Espírito
Santo Pinha, Maria Bernadette de Moraes Medeiros, Maria Cabral
da Silva Sousa, Maria Cavalcante Vicente, Maria Celina Rangel de
Andrade, Maria Cristina Villas Bôas, Maria da Penha Silva Franco, Maria
das Graças Cunha Gomes, Maria de Fátima Teles de Araujo Pinheiro,
Maria Helena Guariento, Maria Hermínia Brandão da Silva, Maria Isabel
Gomes Olivaes, Maria José Leandro Tavares, Maria Lidevina Pontarolo
da Silva, Maria Lúcia Pereira Leal, Maria Luiza Moreira Arantes Frigerio,
Marília Viana Berzins, Marisa Accioly Domingues, Marizete Gonçalves
de Melo, Marly Lautenschlager Cortez Alves, Mauro Lucas, Mayra
Cristiane Tofanetto, Neide Alessandra Perigo Nascimento, Olga Luisa
Leon de Quiroga, Patrícia Guimaraens Ferreira, Paula Ferreira Chacon,
Paula Regina de Oliveira Ribeiro, Paulo Borba Vaccaro, Paulo Murad
Saad, Pedro Antonio Momezo, Pedro Maria da Cunha Moura Ferreira,
Rachiel dos Santos Capillé de Oliveira, Rita de Cássia Pereira da Silva de
Miranda, Roberta Santos Assef, Rodrigo Patay Sotomayor, Rodrigo Silva
Machado, Roseana Luna Quirino, Rosely Reis Lorenzato, Sandra Rabello
de Frias, Sandra Regina Gomes, Selma Castro de Lima, Sônia da Silva
Isolino, Soraya Pereira Idehama, Tânia Cristina Brum Caraciki, Tarcila
Nobrega Barbosa, Tomiko Born, Valéria Souza Pereira de Oliveira,
Verônica Tomsic, Wilson José Alves Pedro, Zally Pinto Vasconcellos de
Queiroz

65
66
Sesc – Serviço Social do Comércio

Presidente do Conselho Nacional Antonio Oliveira Santos

Departamento Nacional
Diretor Geral Maron Emile Abi-Abib
Divisão Administrativa e Financeira João Carlos Gomes Roldão
Divisão de Planejamento e Desenvolvimento Álvaro de Melo Salmito
Divisão de Programas Sociais Nivaldo da Costa Pereira
Gerentes: Educação e Ação Social Maria Alice Lopes de Souza Estudos e
Pesquisas Mauro Lopez Rego Divulgação e Promoção Christiane Caetano
Assessoria Editorial Revista Sinais Sociais: Andrea Reza e
Eduardo R. Gomes

Administração Regional no Estado de São Paulo

Presidente do Conselho Regional


Abram Szajman
Diretor do Departamento Regional
Danilo Santos de Miranda

Superintendentes
Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini
Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de
Planejamento Sérgio José Battistelli

Gerentes
Estudos e Programas da Terceira Idade Cristina Riscalla Madi Adjunta
Lilia Ladislau Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci
Sesc Bertioga Marcos Roberto Laurenti Adjunta Débora Rodrigues Teixeira

Forum: Perspectivas para ações junto ao Cidadão Idoso


Comissão Organizadora Marta Aparecida Borges Lordello Gonçalves,
Sandra Carla Sarde Mirabelli, Maria Clotilde Barbosa Nunes Maia de Carvalho,
Karla Cristina Giacomin, José Carlos Ferrigno, Ruth Gelerther da Costa Lopes
e Serafim Fortes Paz

67
Fórum: perspectivas para ações junto ao cidadão idoso: carta de
Bertioga, 2013 / Realização do Serviço Social do Comércio. –
São Paulo : Sesc São Paulo, 2014 – .
68 p.

ISBN 978-85-7995-129-9

Parte da celebração dos 50 anos do Programa Trabalho Social


com Idosos.

1. Idosos. 2. Envelhecimento. 3. Condições Sociais. 4. Gerontologia.


I. Subtítulo. II. Serviço Social do Comércio. Administração Regional no
Estado de São Paulo. III. Programa Trabalho Social com Idosos.

CDD 305

68
69
Sesc São Paulo
Av. Álvaro Ramos, 991
03331-000 São Paulo - SP
TEL.: +55 11 2607-8000
sescsp.org.br

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