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Pixo é arte?

Autora: Pábula Tayná Silva Vieira.

Quando você sai de casa e tem acesso às ruas, costuma olhar os muros das
construções? Você olha para o topo, janelas e fachadas de prédios? Se sim, o que atrai o seu
olhar? A quem você acha que pertence os muros?
“O grafite e a pichação estão para o texto assim como o grito está para a voz”, disse o
poeta curitibano Paulo Leminski. Às vezes para ser ouvido e percebido é preciso gritar, para
chamar a atenção, e o pixo busca isso: ser visto para ser lembrado ainda que por um curto
período de tempo, pois é uma marca efêmera, ou seja, temporária, passageira.
A diferença entre o graffiti e a pixação é: o primeiro é visto como arte e o segundo é
classificado como uma prática de vandalismo, tanto que é considerado, por lei, como crime
ambiental. É justamente nesse princípio de ilegalidade que mora a essência do pixo.
Pode-se entender o pixo como uma escrita da presença. Grande parte tem como
motivação um protesto político anárquico contra o sistema capitalista no qual estamos todos
inseridos, não tem lei, não tem regra. O ódio contra o sistema vigente é o sentimento usado
como impulso para movimento de vida e de criação. Pixação é uma forma de expressão, uma
manifestação urbana original e brasileira, criada e feita por uma parte da população que está à
margem da sociedade, jovens que vivem na periferia e usam a própria cidade como suporte
para marcar sua existência para além da própria passagem no mundo.
As pixações são feitas em locais onde há uma grande movimentação, seja de veículos
ou pessoas, por isso, o foco está em muros, viadutos e fachadas/topos de prédio. Elas são
tidas como uma assinatura, cada pixador possui uma marca/caligrafia única, não são rabiscos
sem sentido, há uma preocupação estética por trás dos desenhos das letras e, entre a própria
comunidade, a comunicação é realizada por meio dos pixos, logo é comum pixações
diferentes dialogarem entre si, em que apenas os próprios pixadores entendem o que foi
escrito ali. O diálogo é feito com e para a comunidade pixadora, não para a sociedade, que é a
primeira a marginalizar as pessoas que fazem parte desse grupo.
Diante desse texto introdutório, você pode estar se perguntando “e o pixo é arte?”,
minha resposta, com base na fala de uma pessoa do próprio movimento (vídeo: PICHAÇÃO é
arte?), é: depende da visão de quem fez o pixo. Afinal, quem disse que todos os pixadores
querem sua expressão reconhecida como arte?
Pixos que dialogam.
Fonte: Autoria própria.

Referências

● TX NOW. PIXO. YouTube, 16 de setembro de 2014. 1 vídeo (61 min). Disponível em: <
PIXO >. Acesso em: 21 de setembro de 2023.
● Cidade Ocupada. PICHAÇÃO é arte?. YouTube, 13 de abril de 2016. 1 vídeo (26 min).
Disponível em: < PICHAÇÃO é arte? – Cidade Ocupada (com Fred Melo Paiva) >.
Acesso em: 21 de setembro de 2023.
● SIMÃO, Renan. Pixação tem que estar na aula de Artes. Medium, 2017. Disponível em:
<https://medium.com/@renancanove/pixação-tem-que-estar-na-aula-de-artes-c1d73272ae1e>.
Acesso em: 21 de setembro de 2023.

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