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MODELO PARA DETERMINAÇÃO DO CUSTO DO SERVIÇO DE

ESQUADRIAS DE SEGURANÇA PARA PRISÕES JUVENIS NO BRASIL

Camila Isaton (a), Rúbia Bernadete Pereira dos Santos (b), Antônio Edésio Jungles (c), Fernanda
Marchiori (d), Alexandre David Felisberto (e)
(a) Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil, camila.isaton@pucpr.br
(b) Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil,, rubiabpds@gmail.com
(c) Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil,, ajungles@ceped-ufsc.com
(d) Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil,, fernanda.marchiori@ufsc.br
(e) Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil,, alexandre.felisberto@ifsc.edu
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ABSTRACT
Informações do Internacional Centre for Prison Studies revelam que o Brasil ocupa a 4ª colocação entre os países do
mundo com maior população prisional. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil estima
que 7,4% da população carcerária brasileira é composta por jovens menores de 18 anos. Estes jovens, estão distribuídos
em 350 unidades de internação nesse país. Desta forma, a pesquisa delimita-se às prisões juvenis, denominadas de
Unidades de Internação, estas, abrigam jovens entre 12 a 21 anos que cumprem medidas socioeducativas em regime
fechado. A mídia brasileira apresenta através da Lei de Acesso à Informação números alarmantes do déficit de vagas e
superlotação do sistema no Brasil, muitos Estados da Federação deste país caminham a passos lentos para atender as
diretrizes do SINASE (Sistema Nacional de atendimento Socioeducativo). Este regulamenta os padrões mínimos
requeridos nas edificações para esta finalidade. A estimativa paramétrica, metodologia aplicada nessa pesquisa, apresenta
velocidade de resposta para a previsão de custos e pode ser aplicada através de informações na fase inicial dos projetos o
que a torna uma ferramenta eficaz para a Análise de Custos. O objeto desse artigo é definir um modelo de determinação
dos custos do Serviço de Esquadrias de Segurança para prisões juvenis, o serviço analisado é o, de maior representatividade
de custos na curva ABC dessas edificações. O modelo produzido apresentou coeficiente de determinação de 67%, na
validação do modelo apresentou erro de estimativa de 15 % para mais, obtendo resultado eficaz, mostrando-se, portanto,
com poder de explicação dos custos.
Keywords:
Estimativas de Custos Paramétricos, Obras Públicas, Prisões Juvenis.
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1. Introdução
A pesquisa se concentra na estimativa de custos para Unidades de Internação, popularmante conhecidas como Prisões
Juvenis, a primeira nomenclatura aplicada a essas edificações é recomendada pelo SINASE, lei brasileira que regulamenta
o sistema socioeducativo no Brasil.

O resultado do trabalho é uma equação paramétrica de custo que viabilize rápida resposta durante a estimativa de
custos, equação a ser utilizada na previsão orçamentária de novas Unidades de Internação para uso Socioeducativo. As
Unidades mencionadas são destinadas a adolescentes e jovens que aguardam decisão judicial, depois desta decisão através
das audiências, os jovens são encaminhados para as unidades definitivas, ambos são alocados de acordo com o perfil do
crime cometido e a respectiva medida socioeducativa a cumprir (espécie de pena) e o tempo de cumprimento desta. A
partir desse instantes os jovens permanecem nas “Unidades de Internação definitivas” ou abreviadas como UI’s, é possível
e frequente que em um mesmo empreendimento desta natureza, tenhamos as UIP’s e as UI’s. Porém, é importante ater-se

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que as Unidades de Internação Socioeducativas possuem características de reclusão distintas das Casas de Detenção
Provisória (destinadas ao público adulto que está sob custódia do estado, aguardando caracterização do seu perfil de
detento e julgamento) e as penitenciárias (destinada ao público adulto onde são encaminhados para cumprir a pena de
reclusão após o julgamento).

A necessidade de estimar custos para essas tipologias de edifícios dá-se devido à pouca abordagem desse tema a
nível acadêmico no Brasil, apresentando-se desta forma como um tema relevante, todavia, com importância social dentro
da área de segurança pública.

A motivação para a realização da pesquisa também conta com a necessidade de novas Unidades de Internação em
todo o Brasil. O jornal Carta Capital (2014), mediante a Lei de Acesso à Informação publicou que dentre as 148 unidades
de internação que compõem o sistema socioeducativo do estado de São Paulo (um dos estados da federação brasileira),
54% destas unidades encontram-se superlotadas.

O site jurídico JusBrasil (2012), revelou que no Estado de Minas Gerais somente jovens autores de crimes graves
são internados nas 22 unidades do estado, jovens suspeitos de homicídios, roubos a mão armada e estupros contam com a
incapacidade do sistema, que não tem como recebê-los para o cumprimento das medidas socioeducativas, as unidades de
internação do estado de Minas Geais apresentam superlotação na ordem de 48,7%.

Todos os Estados do Brasil convivem com a problemática do aumento da criminalidade e a imperativa criação de
novas vagas para jovens no sistema socioeducativo.

Partindo-se dessa motivação, originou-se a pesquisa, é esclarecido ao leitor a diferença nos aspectos arquitetônicos
da edificação em estudo nesse artigo (destinada para jovens menores de 21 anos) com as cadeias, prisões, centros de
detenção provisória e as penitenciárias, essas últimas edificações, abrigam população masculina e feminina acima de 21
anos de idade.

Observando as áreas totais dos empreendimentos, estes também apresentam diferenças, as penitenciárias
apresentam maior área útil e oferecem grande capacidade de vagas, ao contrário, as Unidades de Internação
Socioeducativas apresentam maior área disponível por jovem internado, porém são edificações que comportam em média
64 jovens e não 2000 presos como nas penitenciárias destinadas para o público adulto.

Essa política de unidades de internação para menores, que oferecem melhor qualidade de vida aos jovens e facilita
a atuação da segurança, inicia em 2006 no Brasil e aumentou a partir dessa data o número de empreendimentos construídos.
Estes, contando com edificações menores, evitando-se as grandes aglomerações de internos no mesmo complexo.

A partir desta motivação, elaborou-se a presente pesquisa, que é parte de um trabalho de mestrado. Onde a partir
de um estudo paramétrico de 39 empreendimentos de uso socioeducativo, pertencentes a um Estado da Federação
Brasileira foi desenvolvido um modelo de custos para o Serviço de Esquadrias de Segurança para Prisões Juvenis.

Tal serviço, eleito para análise, foi escolhido devido a sua representatividade evidenciada na curva ABC de Serviços
para este tipo de edificação, representando 25,15% do custo.

O modelo gerado foi classificado como matemático estatístico, a metodologia utilizada foi a estimativa paramétrica,
o método foi desenvolvido através do uso do software “Statistica na versão Ultimate Academic" e a validação do modelo
é realizada através da estimativa de custo para duas unidades de internação socioeducativas retiradas da amostra.

Espera-se com o presente trabalho, auxiliar a administração pública na velocidade de resposta durante o processo
de análise de custos e geração de estimativa de custos. Também tem-se como objetivo chamar a atenção da comunidade
acadêmica para as edificações de segurança, as quais são atualmente pouco exploradas em pesquisas, mas possuem grande
relevância social, em virtude de sua função no atendimento as demandas e necessidade da sociedade.

1.1 Objetivo
Desenvolvimento de um modelo matemático para estimativa paramétrica de custo do Serviço de Esquadrias de Segurança,
serviço pertencente as edificações para uso de Prisão Juvenil, estas, que abrigam jovens de 12 a 21 anos de idade.

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1.2 Limitações da Pesquisa
As 39 amostras desta pesquisa são de uma única instituição e de um Estado da Federação Brasileira. Os dados brutos são
extraídos de orçamentos detalhados, memoriais descritivos, projetos arquitetônicos e diários de obra sendo esta
documentação a mesma utilizada para contratação de novas Unidades de Internação através de processo licitatório, sob
contratação indireta, como classifica a Lei 8666/93.

Os custos considerados na base de dados são referentes aos valores licitados, os reajustes são definidos em virtude
das mudanças tecnológicas ocorridas durante a execução das unidades e foram incorporados à base de dados brutos, desta
forma, os resultados buscam ser compatíveis com os valores reais dispendidos na execução das obras.

Para efeito de delimitação na consideração de custos, fica claro não ser eixo da pesquisa para efeito de análise e
retroalimentação das bases de dados brutos o aumento de custos nas obras oriundos de reajustes motivados por embargos
de obra, sejam estes, unilaterais e/ou bilaterais, entre a instituição que contrata e a contratante (empresa que executa a
obra).

2. Referencial Teórico

2.1. Estimativa Paramétrica


A estimativa paramétrica é uma modelagem que utiliza parâmetros para prever os custos na construção civil, através de
dados oriundos de projetos anteriores (SONMEZ, 2008; HYUN JI; PARK; SOO LEE, 2010).

O modelo paramétrico é o método mais recomendado para estimativas de custos nas fases iniciais do
empreendimento (HYUN JI; PARK; SOO LEE (2010). No Brasil pesquisas utilizando a modelagem paramétrica ocorrem
deste os anos 80, englobando estudos de estimativas para edifícios residenciais, comerciais, corporativos, redes de
abastecimento de esgoto e demais obras.

A pesquisa conta com uma amostra composta por Unidades de Internação. Para análise deste objeto, elegeu-se a
metodologia de estimativa paramétrica, em virtude de que, esta é uma ferramenta facilitadora que viabiliza o conhecimento
dos custos das edificações por meio de modelos matemáticos.

Sob este contexto, optou-se por focar na estimativa observando as caraterísticas gerais e de fácil detecção
pertencentes a essas edificações, tendo como diretrizes outras pesquisas que aplicaram o método para estimativas de
custos. Identificou-se, conforme Parisotto (2003), que as decisões arquitetônicas envolvem diversos aspectos, como:
estética, funcionalidade, durabilidade, conforto ambiental, técnicas construtivas e forma geométrica. E estas possuem um
fator comum para as decisões: o custo.

Martins, Jungles e Oliveira (2010), contextualizam que é iminente a necessidade dos desenvolvedores dos produtos
a utilização de modelos e ferramentas que forneçam as informações e as opções de controle das variáveis que interferem
no desenvolvimento do produto, prática comum aos outros setores da indústria, que possuem foco no custo do produto em
sua fase inicial.

Parisotto (2004), cita que as estimativas de custos com ênfase em análise das características geométricas pedem
informações menos complexas, ou seja, aquelas acessíveis nas fases iniciais do projeto.

O custo dos espaços projetados, como apresenta Mascaró (1985), depende inclusive das soluções referentes as
formas adotadas para a edificação, como área, altura do pé direito, padrão de acabamento, número de pavimentos, e outros
critérios.

Os autores citados anteriormente através de suas pesquisas foram os facilitadores desse estudo, por meio do qual
foi possível delimitar o que seria analisado, como seria organizado os dados retirados das amostras e como se daria a
análise dos resultados.

2.1.1. Estimativa paramétrica para o serviço de Esquadrias de Segurança de Prisões Juvenis


Mascaró (1985), cita que sob a ótica da análise geométrica o edifício se comporta como um plano, constituído desta forma
por um conjuntos de planos: os planos horizontais que estão em intersecção com os planos verticais, e ambos juntos
formam os espaços projetados.

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Segundo Mascaró (1985), o Serviço de Esquadrias de Segurança, abordado nesse artigo, apresenta a maior
representatividade em custo no plano vertical da edificação, representado nos seguintes elementos: grades de segurança,
visores de monitoramento, portas de segurança, ferrolhos, chapas e outros elementos que constituem as paredes.

Partindo-se dessa reflexão, fomentada por Mascaró (1985), os parâmetros supracitados se tornaram as variáveis
independentes do estudo, onde se buscou reconhecer os padrões e similaridades de comportamento através da estatística
descritiva para na sequência prosseguir com a geração do modelo de custos para o Serviço de Esquadrias de Segurança.

3. Método de Pesquisa
As etapas do desenvolvimento da pesquisa, conforme Figura 01, iniciaram-se com a pergunta de pesquisa, onde o Serviço
de Esquadrias se tornou o protagonista dos custos da edificação. Dessa forma, busca-se pela estimativa paramétrica
produzir um modelo para previsão do montante de recursos necessários para a execução do serviço. De modo que, em um
estudo de viabilidade, onde os projetos ainda não estão detalhados, é possível definer o custo.

Figura 1. Etapas do desenvolvimento da pesquisa. Fonte: Autores (2016).


O método de pesquisa foi desenvolvido com o uso da Regressão Linear Simples, medindo a força entre as variáveis.
Deste modo, uma variável dependente, como o custo da serralheria era comparado a uma variável independente, tal como
a àrea total, perímetro total e etc. Foi verificado por meio desta análise que os modelos de regressão linear simples
explicavam o custo de forma deficitária, apresentando representação inferior a 50% .

Então, foram construídos modelos individuais para a regressão linear múltipla. Nesta fase, foi considerada a
hipótese de que mais de uma variável teria influência nos custos. Assim, foram testados os seguintes parâmetros: áreas
verticais da edificação e perímetros, uma vez que, os serviços de esquadrias estão no plano vertical da edificação.
Verificou-se que a correlação entre a área total horizontal e estes custos se mostravam insuficiente.

A amostragem inicial foi de 44 empreendimentos, sofrendo redução para 39 amostras. A eliminação de 5


empreendimentos ocorreu devido a falta de projetos arquitetônicos e orçamentos.

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A coleta de dados, partindo-se das 39 amostras, foi organizada em uma planilha em Excel, onde nas colunas foram
organizados os parâmetros fisicos da edificação e nas linhas foram dispostos os parâmetros de custos, sendo estes
chamados de cases.

A análise do modelo foi realizada de forma estatística, onde o p do teste F de significação, foi verificado pelas
variáveis isoladas com a análise do teste ANOVA.

A validação do modelo se deu através da retirada de uma edificação da amostra, calculando-se o custo do Serviço
de Esquadrias através da equação paramétrica.

4. Amostragem
As unidades de internação trabalhadas na pesquisa pertencem a 2 tipologias: unidades de internação térreas e unidades de
internação com 2 pavimentos, todas executadas em alvenaria convencional. Ambas as tipologias contam com o
grauteamento por completo de suas paredes externas, sendo estas, as que circunscrevem toda área de segurança da Prisão
Juvenil, medida tomada para a garantia da solidez das paredes e maior segurança do ambiente.

Utilizando-se dos conceitos apresentados por Gil (2002), a pesquisa classificou-se como experimental, tendo como
foco a análise de objetos de estudo, selecionando as variáveis que intervém no mesmo e estudando estas interferências.

A ferramenta da pesquisa é a Estatística Paramétrica, para exequibilidade da pesquisa foi utilizado os softwares
Microsoft Excel e Statistica na versão Ultimate Academic. O último software, segundo Ogliari (2004) é um programa
integrado com capacidade de gerenciar a análise de dados e as bases de dados, caracterizando-se como amplo na seleção
do processo analítico, desde os níveis básicos até os níveis avançados.

A análise da pesquisa, no que se refere a modelagem estatística classifica-se como quantitativa, pois seus resultados
são números quantificáveis em certa escala (BARBETA; REIS; BORNIA, 2010).

5. Coleta de Dados
Os dados das 39 unidades de internação foram elaborados, licitados, contratados e executados a partir do ano de 2006.
Optou-se por esse corte de tempo na coleta devido à padronização dos orçamentos, memoriais descritivos e demais
documentações que possibilitam a retirada dos parâmetros que são os dados da pesquisa.

O ano de 2006 também é marcado pela publicação do SINASE, lei lançada pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República do Brasil em parceria com o Conselho Nacional Socioeducativo (SINASE, 2012).

O SINASE marca tempos de mudança positivas no Brasil, depois de sua publicação, os Estados brasileiros tem
acesso a diretrizes claras para aplicação na área socioeducativa. Ou seja, começam as construções de novas unidades de
internação em toda a Federação, sendo que à partir desta publicação, as unidades tem sido projetadas para possibilitar a
ressocialização e a recuperação dos jovens e não apenas o encarceramento.

A escolha do Serviço de Esquadrias de Segurança se dá devido a sua representatividade 25,15% do total do custo,
conforme demonstra a curva ABC apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 - Curva ABC de Serviços. Fonte: Autores, (2016).


Descrição % Parcial % Acumulada
Esquadrias de Segurança 25,15 25,15 A
Superestrutura 18,31 43,46 A
Cobertura 9,25 52,71 A
Instalações Hidrossanitárias e ETE 7,52 60,23 A
Instalações Hidráulicas 7,27 67,50 A
Instalações Elétricas e de telefonia 5,82 73,31 B
Alvenaria 5,52 78,83 B
Fundações 4,92 83,75 B
Pintura 4,07 87,82 B
Diversos 3,23 91,05 B
Descrição % Parcial % Acumulada

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Impermeabilização, proteção e junta 2,15 93,20 C
Serviços Preliminares 2,13 95,34 C
Revestimentos 1,80 97,13 C
Terraplenagem e Movimento de terra 1,50 98,64 C
Calçadas, Guias e Sarjetas 0,49 99,13 C
Paisagismo 0,48 99,61 C
Limpeza Final da Obra 0,34 99,94 C
Topografia 0,06 100,00 C
TOTAL 100,00 100,00

Partindo-se dessa análise prévia, verifica-se que o mesmo é um eminente direcionador de custos, e prever o custo
do mesmo com agilidade gera informação de relevância para a administração pública, seja para utilização em construções
de edificações novas ou mesmo para uso em reformas de Unidades de Internação antigas, onde as adaptações envolvendo
esquadrias de segurança são requeridas com frequência, ou útil para o reforço da segurança ou mesmo para ampliações
das edificações visando criação de novas vagas.

Apresentando-se o Serviço de Esquadrias como o de maior representatividade na execução da obra, o serviço ganha
notoriedade no que concerne a estimativa de custos, sendo eleito como o foco de estudo desse trabalho.

O serviço de esquadrias de segurança é composto pelos seguintes componentes: elementos em aço galvanizado,
grades de segurança, chapa moeda em janelas e visores, portinholas para monitoramento, portas de segurança, ferrolhos
das portas, chapas que compõem os portões de segurança, corrimãos das escadas, chapas que formam a lixeira, visores de
monitoramento, inserts metálicos, caixilhos, escadas, portões e portinholas, placas de poliéster reforçadas com fibra de
vidro, telas de proteção, ferragens completas e molas, chapas de ferro e cabos em aço galvanizado.

Para a geração do modelo recomendações da NASA (2015) foram observadas, a mesma apresenta que para
estimativas de custos temos dois tipos de incertezas que podem ocorrer, de forma a prejudicar a precisão, uma delas é
relacionada aos problemas existentes no método empregado, resultante da omissão de variáveis de custo, má especificação
de coeficientes e relações matemáticas deficientes, além da falta ou inconsistência de dados históricos utilizados.

Os custos do serviço em estudo foram indexados para a data base comum de Janeiro de 2016.

6. Análise dos Resultados


Hamaker (1995) apud Watson e Kwak (2004) afirmam que a maioria das estimativas são de natureza linear, possuindo
uma única variável independente associada com um custo, cita que são raros os pontos de inflexão e relata que as alterações
nos custos podem ser associados a uma curva de aprendizagem que é calculada separadamente.
Baseado neste conceito, o modelo deste estudo seria representativo matematicamente através do uso da regressão
linear simples. De modo que poderia ser combinado: a área total com os custos do serviço de esquadrias; o perímetro total
versus custos do serviço; ou ainda a regressão entre a densidade de paredes e os custos.

Contudo, modelos individuais foram gerados e observados e se mostraram com baixo poder de explicação,
direcionando para a tentativa de buscar mais de uma variável explicativa, de modo que fosse melhorada a
representatividade do modelo proposto.

A correlação foi gerada com nível de significância na ordem de p < 0,05 medida apresentada através de “r”
(coeficiente de correlação de Pearson). A correlação forneceu informações importantes, que auxiliaram o estimador a
testar os parâmetros que tiveram a melhor relação com a variável dependente em estudo.

Partindo-se da hipótese que mais de uma variável determina o custo das esquadrias de segurança, inicia-se a geração
de uma equação explicativa através do método da regressão linear múltipla, utilizando-se mais de uma variável
independente para a variável dependente custos do serviço de esquadrias de segurança.

Para a amostra de 39 edificações não foi constatada a presença de outliers, o coeficiente critério utilizado foi de
1,5, conforme recomenda a bibliografia da estatística aplicada.

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6.1. Modelo de custo para o serviço de esquadrias de segurança - desenvolvimento
As relações paramétricas podem ser definidas: pelas características ou as propriedades do produto, conforme Valle (2006);
ou pela relação dos custos com os custos, segundo o Departamento de Defesa (2011). Em síntese, a qualidade das relações
paramétricas depende da validade, qualidade, dimensão do banco de dados e objetivo da estimativa.
Nesse estudo a variável dependente fixa foi o custo do serviço de esquadrias de segurança, e as variáveis
independentes propostas foram os parâmetros de áreas e perímetros.

Este estudo também poderia ser realizado relacionando parâmetros de custos de outros serviços. Contudo, para isso
é necessário um banco de dados consistente, uma metodologia bem definida para definição do serviço e o conhecimento
preliminar da correlação matemática entre as variáveis (ou seja, as variáveis devem apresentar relação quando ambas são
observadas no eixo x e y).

Otero (2000) cita que existem três comportamentos quanto ao uso das relações paramétricas para estimativas de
custos de serviços: serviços que apresentam correlação forte entre o direcionador e os custos dos serviços; serviços que
apresentam tendências ambíguas durante a regressão e os serviços que apresentam coeficiente de determinação ajustado
(R²) inferior a 80%.

O modelo gerado, para a amostra de 39 unidades prisionais juvenis, teve o comportamento do coeficiente de
determinação apresentado na Figura 2 e Tabela 2.

CUSTO ESQUADRIAS
R$ 2.600.000,00
R$ 2.400.000,00
R$ 2.200.000,00
R$ 2.000.000,00
Valores Observados

R$ 1.800.000,00
R$ 1.600.000,00
R$ 1.400.000,00
R$ 1.200.000,00
R$ 1.000.000,00
R$ 800.000,00
R$ 600.000,00
R$ 400.000,00
R$ 200.000,00
R$ 0,00
R$ 1.000.000,00

R$ 1.200.000,00

R$ 1.400.000,00

R$ 1.600.000,00

R$ 1.800.000,00

R$ 2.000.000,00
R$ 200.000,00

R$ 400.000,00

R$ 600.000,00

R$ 800.000,00

Valores Preditos 0,95 Conf.Int.

Figura 2 - Resultado da Regressão Linear Múltipla.


Tabela 2 - Resultado da Regressão Linear Múltipla.
Descrição Valor
R 0,83
R2 0,69
R ajustado 0,67
Erro padrão 208.506,19
Valor p (F) 0,00

A correlação matemática relaciona o Custo do Serviço de Esquadrias de Segurança (CESEG) as variáveis de


Perímetro Externo (PE) e Perímetro Interno (PI), que resultaram na Equação 01.

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CESEG= 572.791,80 – 1.374,5 * PE + 3.483,90 * PI (1)

O modelo com o custo total das esquadrias de segurança como variável dependente apresentou o coeficiente de
determinação ajustado na ordem de 0,67, ou seja, o modelo tem poder de explicação de 67%, quando dispõe-se dos
parâmetros de áreas e perímetros na fase de projeto da edificação.

A equação pode ser aplicada em estimativas de custos de edificações com função de prisões juvenis que apresentam
formas geométricas retangulares, sistema construtivo convencional: sistema pilar, viga e laje com paredes em bloco de
concreto, possuindo índice similar de distribuição das esquadrias de segurança na edificação.

6.2. Validação
Para validação do modelo que descreve o custo do serviço de esquadrias de segurança foram selecionados alguns
parâmetros de leitura do projeto arquitetônico, sendo: Perímetro Externo: 150,73 m e Perímetro Interno: 434,82 m. A
edificação selecionada tinha o custo do serviço de esquadrias de segurança orçado em R$ 1.634.850, 91.
Aplicando a Equação 01 produzida na pesquisa tem-se o resultado:

CESEG= 572.791,80 – 1.374,5 * PE + 3.483,90 * PI


CESEG= 572.791,80 – 1.374,5 * 150, 73 + 3.483,90 * 434, 82
CESEG= R$ 1.880.482, 81
Ou seja, a diferença da estimativa paramétrica para o orçamento detalhado é de R$ 245.631,90 o valor apresenta
erro de 15 % para mais. O resultado está dentro do erro recomendado pela estimativa paramétrica. Assim, a equação pode
ser utilizada quando a Administração Pública possui poucas informações e necessita definir o custo do serviço mais
representativo de uma unidade prisional juvenil.

7. Considerações Finais
O modelo gerado para o serviço de esquadrias de segurança apresentou o coeficiente de determinação, durante a regressão
linear múltipla, na ordem de 0,67, ou seja, a equação tem o poder de explicação de 67% dos custos do serviço em análise.
Considera-se o modelo com nível aceitável de confiança, com poder moderado de explicação, em virtude de que o
Departamento de Defesa (2011) recomenda índices com valores superiores à 80% de representatividade.

O erro da estimativa encontra-se dentro do aceitável pela metodologia, recomenda-se para trabalhos futuros objetos
de estudo semelhantes, contudo com uma amostra maior, visando a obtenção de melhores ajustes.

Recomenda-se para estimativas futuras, de edificações de segurança, a fixação de parâmetros físicos das edificações
como direcionadores de custos ou como variável dependente. Bem como, a fixação de outros serviços com significativa
representatividade nos custo para definição de outros parâmetros.

8. Referencias
ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação - Referências
- Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
BARBETTA, P.A; REIS, M. M; BORNIA, A. C. Estatística para cursos de engenharia e informática. 410p. 3ª edição.
Atlas. São Paulo, 2010.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o Art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
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9. Agradecimentos
Agradecemos ao órgão público que disponibilizou as amostras estudadas , viabilizando a realização do trabalho,
Agradecemos o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPQ e a Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC pela disponibilidade do software Statistica utilizado na pesquisa.

Proceedings of the VII Elagec, 16 - 17 November 2016 | Bogotá, Colombia 9

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