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Nome: Rafael Fernandes RA:22117427-5

MAPA - PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS - 53/2023

“O sistema elétrico de potência é o responsável em fazer a energia elétrica chegar ao


consumidor, sendo esse sistema formado por geração, transmissão e distribuição,
além de contar com as subestações durante algumas partes do processo, partes
essas que necessitam de algum tipo de modificação nas características da energia.
As subestações são parte importante no sistema, pois visa adequar a energia de
acordo com cada etapa do processo, seja na elevação da tensão para que seja
realizada a transmissão ou na diminuição da tensão para ficar dentro dos padrões de
distribuição. Também são muito importantes na indústria e em grandes empresas,
sendo que, em alguns casos, esses setores instalam subestações em seu próprio
negócio visando uma maior qualidade da energia utilizada, maior segurança e maior
confiabilidade, pois com um sistema próprio não ficam reféns de possíveis variações
indesejadas oriundas do sistema de distribuição.”

As suas tarefas neste M.A.P.A. serão:

Analisar as proteções do sistema elétrico e dimensionar os níveis de curto-circuito de uma


instalação existente.

Você é o engenheiro responsável pela parametrização do relé de uma subestação


com um transformador de 500kVA, relação de transformação de 13,8-0,38/0,22kV e
impedância de 4,5%. A concessionária local lhe encaminhou a nova impedância
equivalente no ponto de entrega e o relé instalado na cabine primária acusou a
função 50 desarmando o disjuntor de média tensão. Lembrando que a cabine
primária conta com TC de proteção de 150:5A e TP com relação de transformação
de : resultando em RTP de 120:1.
√ √
Impedância equivalente da concessionária no ponto de entrega (COPEL)

ETAPA 01

Explique por que a função 50 pode ter sido acusada pelo relé de proteção e o que
pode ter causado o desarme do disjuntor por essa função.

Resposta

O relé é um dispositivo sensor que comanda a abertura do disjuntor quando


surgem, no sistema protegido, condições anormais de funcionamento. Eles
devem analisar e avaliar uma variedade grande de parâmetros (corrente,
tensão, potência, impedância, ângulo de fase) para estabelecer qual ação
corretiva é necessário. Os parâmetros mais adequados para detectar a
ocorrência de faltas são as tensões e as correntes nos terminais dos
equipamentos protegidos. Havendo por exemplo um curto-circuito, a corrente
de curto sensibiliza o relé. Desse modo, ele opera enviando um sinal para a
abertura do disjuntor. Com a abertura, o trecho defeituoso é desconectado do
sistema. O sistema continua a operar, porém, desfalcado do trecho defeituoso.

O relé de sobrecorrente tem como grandeza de atuação a corrente elétrica do


sistema. Isto ocorrerá quando esta atingir um valor igual ou superior a corrente
mínima de atuação. O relé de sobrecorrente avalia as variações de corrente
tendo por base uma corrente denominada de pick-up. Por exemplo, quando a
corrente de um curto-circuito ultrapassa a corrente de ajuste do sensor do relé,
ele atua instantaneamente ou temporizado, conforme a necessidade.
Geralmente os relés de sobrecorrente são compostos por duas unidades:
instantânea e temporizada. Nos esquemas elétricos que representam
equipamentos de proteção, estas recebem os números de função 50 e 51,
respectivamente. No caso, a função 50, atua instantaneamente ou segundo
um tempo previamente definido. Já a função 51, pode atuar com curvas de
tempo dependente ou de tempo definido. As unidades instantâneas trabalham
com dois ajustes: corrente mínima de atuação e tempo de atuação (tempo
previamente definido). Por isso, a corrente de ajuste do instantâneo deve ser
calculada de modo a haver seletividade do relé, sem sobreposição de sua zona
de atuação. No caso de um relé de sobrecorrente temporizado com elemento
instantâneo, incorpora as duas funções, sendo conhecido pelo número 50/51.
Em suma, proteção de sobrecorrente instantânea (função 50) é usada para
detectar correntes de curto-circuito ou sobrecorrentes que excedem um limite
ajustado imediatamente, enquanto a proteção de sobrecorrente de tempo
inverso (função 51) é configurada para detectar correntes de sobrecarga que
persistem por um período específico. Em termos funcionais, dependendo da
corrente de curto-circuito, atuará a unidade 50 ou 51 do relé, isto é, atuará a
unidade temporizada 51 de acordo com curva de tempo se:

1,5Iajuste do relé ≤ Icurto ≤ Iajuste do instantâneo

Atuará a unidade instantânea 50 se:


Icurto > Iajuste do instantâneo

Portanto, a função 50 pode ter sido ativada pois ocorreu uma falha (curto) e a
corrente de curto-circuito atingiu um valor maior do que o valor de corrente
instantâneo ajustado no relé.

ETAPA 02

Calcule o nível de curto-circuito trifásico simétrico na cabine primária para determinar


a corrente que passa pela leitura do relé durante uma falha.

Resposta

Considerando as impedâncias dos transformadores fornecidos, temos o


circuito equivalente de Thevenin.

No curto trifásico, apenas a sequência positiva é considerada:

𝑍1
𝑋𝑡ℎ =
𝑍2

(7,2857 + 𝑗 7,3693) ∗ 𝑗4,5


𝑋𝑡ℎ =
(7,2857 + 𝑗 7,3693) + 𝑗4,5

𝑋𝑡ℎ = 0,76 + 𝑗 3,26 𝛺

Ou

𝑋𝑡ℎ = 3,35𝐿 76,87°𝛺

Obs: utiliza-se somente o Xth em módulo.


Calculando o curto-circuito trifásico:

1
𝐼𝑐𝑐 3∅ =
𝑋𝑡ℎ

1
𝐼𝑐𝑐 3∅ =
3,35

𝐼𝑐𝑐 3∅ = 0,2985 𝑃𝑢

Calculando o valor em Amperes:

𝑆𝑏
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 =
√3 ∗ 𝑉𝑏

100𝑀𝑉𝐴
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 =
√3 ∗ 13,8 𝐾𝑉

𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 4183,69 𝐴

𝐼𝑎 = 𝐼𝑝𝑢 ∗ 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒

𝐼𝑎 = 0,2985 ∗ 4183,69 = 1248,83 𝐴

ETAPA 03

Após um tempo de operação da Subestação, o proprietário decide instalar uma usina


fotovoltaica, mas a concessionária exige proteções de anti ilhamento da GD. O
proprietário não tem o conhecimento sobre o assunto e pede a sua explicação sobre
o que seria o problema de “ilhamento” da usina e porque ela é importante. Quais as
funções do relé seriam necessárias para essa proteção específica?
Resposta

Proteção contra ilhamento, também conhecida como "proteção anti-ilhamento"


ou "proteção anti-ilha", é um conceito importante em sistemas de geração de
energia, como sistemas fotovoltaicos (geradores solares) e sistemas de
geração distribuída. O termo "ilhamento" refere-se a uma situação na qual uma
parte do sistema de geração de energia continua a operar isoladamente da
rede elétrica principal, criando um risco de segurança e operacional.

Para entender melhor, considere um sistema solar fotovoltaico conectado à


rede elétrica. Quando a rede elétrica principal é desligada devido a uma queda
de energia ou manutenção, o sistema solar pode continuar gerando
eletricidade. Se essa eletricidade gerada pelo sistema solar não for
adequadamente controlada ou isolada da rede, pode criar uma “ilha elétrica”.
Isso significa que, mesmo quando a rede está desligada, a energia gerada pelo
sistema solar é alimentada de volta para a rede elétrica local, o que pode ser
perigoso para os trabalhadores que estão realizando reparos na rede e pode
danificar equipamentos.

Portanto, a proteção contra ilhamento envolve a implementação de


dispositivos e sistemas de controle que detectam quando a rede elétrica
principal foi desligada e garantem que o sistema de geração de energia, como
um sistema solar fotovoltaico, seja desligado imediatamente para evitar a
formação de uma ilha elétrica. Isso é importante para a segurança e a
confiabilidade do sistema elétrico como um todo.

A não detecção de ilhamento, falsa detecção ou detecção tardia implica em


diversos problemas relacionados à segurança, contratos comerciais, e
aspectos técnicos como a qualidade de energia e danos a estrutura do SEP.
Alguns dos principais problemas que podem ocorrer são:

• Perda da Coordenação da Proteção: O sistema ilhado possui uma potência


de curto-circuito muito inferior à potência de curto-circuito do sistema em
operação normal e a proteção pode não atuar, por exemplo, durante um curto-
circuito de alta impedância;
• Degradação da Qualidade de Energia: Em operação ilhada a concessionária
não pode atuar no controle da tensão e frequência que os geradores entregam
a carga, sem a referência de tensão e frequência da concessionária, os
geradores distribuídos podem degradar a qualidade de energia;

Risco às Equipes de Manutenção da Rede: Como não há comunicação entre


porção do sistema ilhado e a concessionária, pode ser que as equipes de
manutenção desconheçam que o sistema permanece energizado. Logo, é
essencial que os sistemas anti-ilhamento atuem para evitar situações de risco
à vida.

A função de proteção contra sub/sobre frequência (ANSI 81 ou função 81) é


um dos métodos anti-ilhamento mais utilizados. Em operação normal, a
frequência de operação da GD é determinada pelo SEP principal e variações
de carga e/ou gerações locais não são capazes de alterar significativamente o
valor da frequência devido ao alto momento de inércia do sistema elétrico.
Caso ocorra um ilhamento, no entanto, a variação de potência no sistema
causa uma variação significativa da frequência que é detectada pelo relé ANSI
81. Outro método passivo amplamente utilizado é a detecção de ilhamento por
sub/sobretensão. As variações nos níveis de tensão do sistema, normalmente,
estão associadas a variações consideráveis de potência ativa. Desta forma a
proteção contra sub/sobretensão (ANSI 27/59) é sensibilizada durante
ilhamentos que causem interrupções no fluxo de potência reativa e,
consequentemente, variações nos níveis de tensão do sistema. As funções de
proteção ANSI 81 e ANSI 27/59 podem ser combinadas de modo a diminuir a
zona de não detecção do sistema anti-ilhamento, no entanto os níveis de
tensão podem variar significativamente devido a ocorrência de curto-circuito
no sistema elétrico causando disparos indevidos do relé de sub/sobretensão.
REFERÊNCIAS

MAMEDE FILHO, J. Proteção de Sistemas Elétricos. Rio de Janeiro: LTC,


2013.
RODRIGUES, S,M,A,F. Proteção De Sistemas Elétricos. Maringá - PR:
Unicesumar, 2021.
NASCIMENTO, L, A, F; MARTINS, R, M. Metodologias de proteção contra
ilhamento de geradores distribuídos em redes modernas de distribuição
– Aplicação utilizando rede neural artificial. Brazilian Journal of
Development, 2021,v.7, n.5, pg. 49024-49042.

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