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Livro Eletrônico

Aula 00

Administração Geral e Pública p/ AFT


Professor: Rodrigo Rennó
Administração Geral e Pública p/ AFT
Teoria e exercícios comentados
Prof. Rodrigo Rennó – Aula 00

Aula Demonstrativa: Evolução da Administração

Olá pessoal, tudo bem?


Meu nome é Rodrigo Rennó e tenho o grande prazer de iniciar com
vocês um curso de Administração Geral e Pública para o concurso de
Auditor Fiscal do Trabalho.
Este concurso está para ser lançado e é muito interessante. Ainda
não temos uma definição da banca, mas a expectativa é que seja
novamente o Cespe. Nosso curso será baseado no último edital deste
concurso.
Nosso objetivo é lhe preparar para conseguir uma das vagas
deste concurso!
Professor, e como será o curso?
Iremos dar um enfoque nos temas que têm sido cobrados pelo
Cespe nos últimos certames. Sempre que possível, utilizaremos questões
dos concursos passados deste mesmo cargo.
Assim, este será um curso de teoria e exercícios. Vamos
resolver dezenas de questões do Cespe e ver dicas das famosas
“pegadinhas” deles!
Para você, que tem dificuldade para resolver provas de
Administração, eu digo: está mais do que na hora de você
“desencanar” desta matéria! Depois deste curso, você vai deixar de se
“estressar” quando tiver uma prova de Administração nas mãos!
Além disso, a matéria de Administração tem sido cada vez mais
cobrada, tendo sido incluída em praticamente todos os concursos
importantes da área fiscal e jurídica, como os concursos da Receita
Federal, ICMS-RJ e diversos tribunais.
Irei trabalhar a teoria necessária e comentar centenas de
questões para que vocês cheguem prontos para o que “der e vier”
no dia da prova!
Antes de qualquer coisa, vou dizer um pouquinho sobre mim: sou
carioca e formado em Administração pela PUC do RJ, com Pós-Graduação
em Gestão Administrativa.
Como vocês, já fui concurseiro e disputei diversos concursos da
área de Administração, e sei como é encarar esse desafio. Atualmente,
sou gestor federal no Ministério do Planejamento, tendo sido também
auditor de controle interno na Secretaria de Fazenda do Governo do
Distrito Federal.

Prof. Rodrigo Rennó


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Sou professor de Administração Geral, Administração Pública e


Gestão de Pessoas desde 2007 e já lecionei em muitos cursos
preparatórios para concursos em todo o Brasil, tanto com material escrito
quanto com material em vídeo.
Além disso, sou autor de dois livros na área, publicados pela editora
Elsevier:

Administração Geral para Concursos -


Teoria e mais de 600 questões

==0==

Administração Geral e Pública Cespe/UnB


Mais de 900 questões comentadas

Tenho o hábito de escrever como se estivesse conversando com o


aluno, portanto não estranhem o estilo “leve”, pois acredito que fica mais
fácil de passar o conteúdo, e, principalmente, mais agradável para vocês
dominarem essa matéria.
Sei que muitos de vocês já estão na estrada dos concursos e já
estudaram algumas destes temas. O que proponho é que façamos um
estudo direcionado. Sei que os temas de nossa matéria são muitos,
portanto temos de focar!
Assim, irei abordar os temas que mais caem, e farei isso
contextualizando sempre que possível, ou seja, trazendo casos reais!
Desta forma, vocês não terão de decorar, e sim irão aprender
Administração, ok?
Tenho certeza de que esse material fará a diferença na sua
preparação, e, além disso, estarei presente através do fórum do curso!
Se aparecer uma dúvida qualquer, estarei disponível para
esclarecer de modo direto e individualizado.

UTILIZE O FÓRUM DE DÚVIDAS!


ESTAREI LÁ PARA TE AJUDAR!

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Dividimos os tópicos nas aulas abaixo:


 Aula 0: Evolução da administração pública no Brasil após
1930. Reformas administrativas. A nova gestão pública.
 Aula 1: Gestão de pessoas. Equilíbrio organizacional.
Objetivos, desafios e características da gestão de pessoas.
Funções de administração: direção. Direção. Motivação e
liderança.
 Aula 2: Funções de administração: organização. Organização.
Estrutura organizacional. Tipos de departamentalização:
características, vantagens e desvantagens de cada tipo.
Organização informal. Cultura organizacional.
Descentralização e delegação.
 Aula 3: Gestão da qualidade e modelo de excelência
gerencial. Principais teóricos e suas contribuições para a
gestão da qualidade. Ferramentas de gestão da qualidade.
Modelo da fundação nacional da qualidade. Modelo do
Gespública.
 Aula 4: Gestão de projetos. Elaboração, análise e avaliação
de projetos. Principais características dos modelos de gestão
de projetos. Projetos e suas etapas.
 Aula 5: Funções de administração: controle. Controle.
Características. Tipos, vantagens e desvantagens. Sistema de
medição de desempenho organizacional. Comunicação.
 Aula 6: Evolução da administração. Principais abordagens da
administração (clássica até contingencial).
 Aula 7: Gestão por Competências Objetivos, características e
vantagens. Gestão de desempenho.
 Aula 8: Funções de administração: planejamento. Processo
de planejamento. Planejamento estratégico: visão, missão e
análise SWOT. Planejamento tático. Planejamento
operacional. Análise competitiva e estratégias genéricas.
Redes e alianças. Administração por objetivos. Balanced
Scorecard. Processo decisório.
 Aula 9: Gestão de processos. Conceitos da abordagem por
processos. Técnicas de mapeamento, análise e melhoria de
processos. Noções de estatística aplicada ao controle e à
melhoria de processos. Comportamento profissional; atitudes
no serviço; organização do trabalho; prioridade em serviço
 Aula 10: Legislação administrativa. Administração direta,
indireta, e fundacional. Atos administrativos. Requisição.

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 Aula 11: Ética no serviço público. Código de Ética Profissional


do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto
nº 1.171/1994). Código de Ética dos agentes públicos do MTE
(Portaria/MTE nº 2.973/2010). Conflito de interesses. Lei nº
12.813/2013.

Vamos então para o que interessa, não é mesmo? Hoje


veremos o tópico de Evolução da Administração, que sempre é muito
cobrado.

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Sumário
Evolução da Administração Pública - Reformas Administrativas. .............................. 6
República Velha (1889-1930) .................................................................. 7
Getúlio Vargas e a criação do DASP. .......................................................... 8
Administração para o Desenvolvimento – Governo JK e a administração paralela. ...... 16
A Reforma de 1967 – DL nº200/67. ......................................................... 17
Programa Nacional de Desburocratização ................................................... 23
A Constituição de 88 – o retrocesso burocrático e o Governo Collor/Itamar. ............. 25
Governo Collor................................................................................ 28
A Reforma de 1995. .......................................................................... 30
Resumo ........................................................................................... 48
Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 52
Gabarito .......................................................................................... 59
Bibliografia ...................................................................................... 59

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Evolução da Administração Pública - Reformas Administrativas.

As origens de nossa administração pública nascem, naturalmente,


de nosso processo de colonização. Durante séculos, fomos uma colônia
portuguesa e muitos de nossos hábitos e de nossa cultura organizacional
foi “herdada” dos antigos costumes vindos de Portugal.
A administração no período colonial foi marcada especialmente por
duas dinâmicas1: um viés centralizador e normatizador vindo da
metrópole, com um comando descentralizado, baseado nas estruturas de
poder local e outro viés descentralizador, baseado no poder local.
As principais instituições de poder estavam localizadas em Lisboa e
tinham dificuldade em alcançar todo o território nacional. O governo-
geral, que cuidava de impor a ordem e regular a sociedade brasileira, era
caracterizado por um excesso de regras e procedimentos.
Ao mesmo tempo, o poder local (nas províncias) comandava de
acordo com relações patrimonialistas e personalistas. De acordo com
Abrucio e outros2,
“A mistura de centralismo excessivamente
regulamentador, e geralmente pouco efetivo, com
o patrimonialismo local resume bem o modelo de
administração colonial.”
A dificuldade do Estado português de alcançar boa parte do espaço
gerava, então, uma “liberdade” de ação por parte das elites regionais.
Dentro deste período colonial chama a atenção o período da
administração pombalina (capitaneada pelo Marquês de Pombal, de 1750
a 1777), que buscou dar maior racionalidade e eficiência a administração
do império português.
Entretanto, o cenário só começou a mudar realmente com a vinda
da família real para o Brasil em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte. A
vinda da corte portuguesa, com milhares de pessoas, obrigou a
construção de diversas instituições governamentais em nosso país.
Foi o início de um processo irreversível de estruturação de uma
antiga colônia para fazer parte integrante do império português e,
posteriormente, à independência do Brasil.

1
(Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010)
2
(Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010)

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República Velha (1889-1930)

Durante todo o período colonial até o governo de Getúlio Vargas, a


administração pública era dominada pelo patrimonialismo e pelo
clientelismo. A época conhecida como “República Velha” iniciou-se com
a proclamação da República e terminou com a revolução de 1930.
Neste período, a política do país foi controlada por grupos
oligárquicos, principalmente de Minas Gerais e São Paulo, que se
revezavam no poder através da conhecida política do “Café com Leite”.
Ocorreu um enfraquecimento do Estado Brasileiro nesta época, com
uma perda de capacidade de organização do poder central, que contava
com os melhores quadros3. De acordo com Leal4,
“O sistema estadualista e oligárquico que
prevaleceu na República Velha, ademais, tornou
ainda mais importante o modelo de patronagem
no plano subnacional, pela via do coronelismo,
uma vez que era necessário arrebanhar mais
eleitores para legitimar o processo político –
embora as eleições fossem marcadas pelas
fraudes.”
Desta maneira, o Estado brasileiro era dominado por uma elite que
garantia privilégios indevidos dentro da máquina do governo para seus
amigos e aliados.
A maior parte da população era excluída e não tinha participação na
política do país. Até a revolução de 1930, a oligarquia agrária dominava o
cenário político5.
A maior parte da população vivia no campo e a política era
dominada pelos “coronéis” regionais. O poder central tinha um peso muito
menor do que apresenta hoje, com uma maior autonomia dos estados.
Apesar disso, a maior autonomia dos poderes locais não foi utilizada
para a modernização das estruturas e das práticas administrativas
regionais.
Entretanto, duas experiências de sucesso no plano da administração
pública foram geradas neste período: o desenvolvimento das carreiras
militares (forças armadas) e do corpo diplomático (Itamaraty).

3
(Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010)
4
(Leal, 1996) apud (Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010)
5
(Torres, 2004)

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Estas carreiras já nesta época detinham instituições meritocráticas e


recursos que lhes permitiram ajudar o país em seu desenvolvimento e até
atuar politicamente. De certa forma, foram as nossas duas primeiras
burocracias profissionais.
Vamos ver uma questão sobre este tema?
1 – (CESPE – TJ-AL – TÉCNICO – 2013) A reforma administrativa
resultante da independência do Brasil apresentou o
patrimonialismo como modelo de administração pública, que,
apesar de superado, ainda revela grande importância no governo
do país.

Questão totalmente equivocada! Para “começo de conversa”, não


tivemos nenhuma reforma administrativa no momento da independência
do Brasil. O modelo patrimonialista já existia e era praticado desde o
tempo do Brasil Colônia.
Além desse fato, o modelo patrimonialista não é de “grande
importância” no governo do país. Temos resquícios deste modelo, é certo,
mas estas práticas são condenáveis. O gabarito é mesmo questão errada.

Getúlio Vargas e a criação do DASP.

Com a tomada do governo após o golpe revolucionário de 1930,


outras classes se apoderaram do governo federal, sendo dominantes
alguns setores das forças armadas6. Na esteira deste movimento, o
Estado Novo buscou centralizar o poder no governo federal, tirando poder
e autonomia dos estados.
Na visão de Flávio Resende7:
“até 1930, o Estado brasileiro era um verdadeiro
mercado de troca de votos por cargos públicos;
uma combinação de clientelismo com
patrimonialismo”.
Na época da revolução de 1930, o cenário nacional era de grande
crise econômica, pois o “carro chefe” da economia brasileira no momento

6
(Bresser Pereira, 2001)
7
(Resende, 2004) apud (Paludo, 2010)

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era a cultura do Café e o mercado para o produto tinha despencado após


a crise da Bolsa de Nova York.
Com o “crash” da Bolsa, os mercados consumidores do produto,
particularmente os Estados Unidos e a Europa, entraram em uma grande
recessão. Isto fez com que o preço do café despencasse no mercado
internacional.
Sem as divisas do Café, a economia brasileira não tinha como pagar
as importações de produtos que a sociedade demandava. Os recursos da
venda do café no mercado exterior chegaram a representar mais de
sessenta por cento das divisas que entravam no país.
Alguma resposta teria de ser dada pelo novo governo. Getúlio
Vargas então procurou fechar a economia e buscar alternativas
econômicas, voltando-se então para o mercado interno através de
incentivos à industrialização e da modernização da máquina
estatal.
Com as barreiras aos produtos estrangeiros, os empresários
brasileiros passaram a ter um grande incentivo para investir, pois o
mercado interno passava a ser protegido da concorrência internacional, e
os consumidores não tinham mais acesso aos produtos estrangeiros a
preços competitivos. Isto deu um grande impulso à nascente
industrialização brasileira.
Além disso, com a aceleração da industrialização, começa também a
ocorrer um crescimento da massa urbana de trabalhadores,
introduzindo outros “atores” no processo político.
Com a queda dos preços agrícolas, a economia rural perdeu força e
seus trabalhadores passaram a ver as cidades como um local mais
atraente e com melhores e maiores oportunidades.
Como vimos, Vargas iniciou seu governo retirando poder dos
governos estaduais, centralizando o poder na União. O governo
federal iniciou também uma maior intervenção econômica, saindo de um
papel mais passivo para outro mais ativo na promoção do
desenvolvimento econômico.
Portanto, as saídas para a crise foram o protecionismo e o
intervencionismo econômico. O Estado teve de se estruturar pra
exercer estas funções, principalmente a segunda.
O velho modelo patrimonialista da administração pública não
era mais adequado a uma economia industrial cada vez mais
complexa e competitiva!
Foi nesse contexto que se criou o Conselho Federal do Serviço
Público Civil em 1936, depois transformado em 1938 no

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Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP. De acordo


com Lustosa da Costa8:
“O Dasp foi efetivamente organizado em
1938, com a missão de definir e executar a
política para o pessoal civil, inclusive a admissão
mediante concurso público e a capacitação técnica
do funcionalismo, promover a racionalização de
métodos no serviço público e elaborar o
orçamento da União.”
A criação do DASP deve ser visto, assim, como uma exigência da
entrada do Estado brasileiro em uma nova era de industrialização e de
desenvolvimento capitalista.
O Estado deveria ser mais eficiente e imparcial em seu papel de
incentivar e conduzir o crescimento econômico e na oferta de novos
serviços e direitos aos trabalhadores urbanos, que seriam a base política
do governo Getúlio Vargas.

apesar de boa parte dos autores


considerarem 1938 como o ano
Aviso: em que o DASP foi instituído,
algumas bancas consideram
correto 1936!

Esta foi uma reforma ambiciosa, que tinha como modelo a Burocracia
profissional de Weber. Segundo Lustosa da Costa, foi a primeira
tentativa sistemática de superar o modelo patrimonialista que
tivemos na administração pública brasileira:
“A reforma administrativa do Estado Novo foi,
portanto, o primeiro esforço sistemático de
superação do patrimonialismo. Foi uma ação
deliberada e ambiciosa no sentido da
burocratização do Estado brasileiro, que buscava
introduzir no aparelho administrativo do país a
centralização, a impessoalidade, a hierarquia, o
sistema de mérito, a separação entre o público e o
privado. Visava constituir uma administração
pública mais racional e eficiente, que pudesse

8
(Costa, 2008)

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assumir seu papel na condução do processo de


desenvolvimento...” 9
Desta forma, os principais objetivos do DASP eram: A
racionalização de métodos, processos e procedimentos; a
definição da política de recursos humanos, de compra de materiais
e finanças e a centralização e reorganização da administração
pública federal10.
Com a introdução do modelo burocrático na administração pública
brasileira, promovida pelo DASP, fortaleceu-se o princípio da meritocracia,
em que os servidores passaram a ser selecionados mediante concurso
público e promoção baseada em avaliações de desempenho11.
Dentro deste âmbito, os princípios da Administração Científica, de
Frederick Taylor, foram utilizados para “nortear” a padronização e divisão
do trabalho, bem como a profissionalização dos servidores.
Os princípios da Administração Científica eram os seguintes:

 Planejamento – substituir a improvisação pela ciência.


Planejar o método a ser utilizado;
 Preparo – selecionar e treinar os empregados de acordo com
suas aptidões e treiná-los para que atinjam um melhor
resultado;
 Controle – supervisionar o trabalho para que os resultados
sejam atingidos;
 Execução – distribuir as atividades e responsabilidades, de
maneira à disciplinar a execução das tarefas.
Veja como esse tema já foi cobrado:
2 - (CESPE – TRE-ES / ANAL ADM – 2011) A instituição, em 1936,
do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP)
teve como objetivo principal suprimir o modelo patrimonialista de
gestão.

Perfeito. A criação do DASP por Getúlio Vargas na década de 30


teve, como objetivo primordial, a substituição do modelo patrimonialista
pela administração burocrática no Brasil. O gabarito é questão correta.

9
(Costa, 2008)
10
(Bresser Pereira, 2001)
11
(Paludo, 2010)

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3 - (CESPE- MDS / TECNICO SUPERIOR - 2006) A reforma


administrativa empreendida pelo DASP, na década de 30 do século
passado, foi inovadora por não estar alinhada aos princípios da
administração científica presentes na literatura mundial da época.

A reforma administrativa que foi implantada no Brasil nos anos 30


não foi inovadora, pois o modelo racional-legal (ou Burocrático) já havia
sido implantado nos países desenvolvidos décadas antes.
Ao contrário do que está descrito na questão, a reforma esteve sim
alinhada aos princípios da administração científica. Portanto, a frase está
errada.
Assim sendo, a atuação do DASP ocorreu em três dimensões
diferentes:

 Criação de órgãos formuladores de políticas públicas, como os


conselhos, que seriam responsáveis por formar “consensos” dentro
da sociedade sobre diversos temas;
 Expansão de órgãos da administração direta, como ministérios
e agências de fiscalização (neste governo foram criados diversos
ministérios, como o do Trabalho);
 Expansão das atividades empresariais do Estado, com a
criação de empresas estatais, fundações públicas, sociedades de
economia mista e autarquias (a Companhia Vale do Rio Doce e a
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional foram criadas nesta época!).
Dentro deste cenário, o DASP foi o órgão que formulou e executou
as mudanças na administração pública no período Vargas.
De certo modo, o DASP foi utilizado como instrumento político-
administrativo (pois ocorreu uma grande centralização administrativa e
política), de forma que a administração pública se tornasse capaz de dar
sustentação ao regime ditatorial. De acordo com Torres12:
“Assim, sem considerar a repressão política dura e
autoritária, o governo Vargas tinha ainda dois
pilares importantíssimos de sustentação política: o
controle da administração pública e a nomeação
dos dirigentes das províncias.”
Apesar disso, as mudanças não alcançaram toda a
administração pública13. O movimento reformista de Vargas não
conseguiu disseminar por completo as novas práticas.

12
(Torres, 2004)
13
(Bresser Pereira, 2001)

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Para certas carreiras foram introduzidos os concursos públicos,


promoção por mérito e salários adequados. Certos órgãos conseguiram
uma maior profissionalização.
Ou seja, carreiras consideradas estratégicas para o sucesso deste
novo Estado (como a dos diplomatas) eram valorizadas – tendo um
treinamento mais completo, garantias legais e salários competitivos 14.
Entretanto, outras carreiras de nível mais baixo continuaram sob as
práticas patrimonialistas e clientelistas, com nomeações políticas, salários
defasados e promoções somente por tempo de serviço. Com isso, a
Burocracia convivia com o patrimonialismo!
Foi também introduzida nesta época a noção de planejamento no
orçamento público, ao invés deste instrumento ser somente uma relação
detalhada de despesas e receitas previstas. O Estado se preparava então
para atuar de forma mais ativa no desenvolvimento econômico.
Entretanto, o poder reformador do DASP dependia do apoio de
Getúlio e seus poderes autoritários. Com o final da segunda guerra
mundial, passou a existir uma demanda maior por democracia e
liberalização por parte da sociedade brasileira.
O Brasil tinha “cerrado fileiras” com os aliados (Estados Unidos,
Inglaterra e União Soviética) e os conceitos de liberdade e democracia
passaram a ser cobrados pelos cidadãos.
O próprio regime ditatorial começou a mostrar seu desgaste após
15 anos de existência. Com a saída de Getúlio, voltamos a ter uma
constituição democrática e tivemos a eleição de Dutra para a Presidência
da República.
Naturalmente, o DASP perdeu muito de sua força
modernizadora com a saída de Vargas do poder em 1945. Após
esse momento, o departamento perdeu muitas de suas funções e passou
a fazer um trabalho mais rotineiro.
Com a volta do regime democrático, muitas das práticas
patrimonialistas ganharam força com a barganha política entre o
presidente e o novo congresso. Ao final, o resultado da reforma foi o
seguinte: a reforma não se completou, nem tampouco foi revertida.
Vamos ver como isto já foi cobrado?
4 – (CESPE – TCE-RO – AGENTE – 2013) O Departamento
Administrativo do Serviço Público foi o primeiro órgão da
estrutura administrativa brasileira ao qual se atribuiu a
responsabilidade de diminuir a ineficiência do serviço público e
reorganizar a administração pública.

14
(Torres, 2004)

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Perfeito. O DASP foi o responsável por executar a reforma da


burocrática da década de 30 no Brasil. Seu objetivo era o de modernizar o
setor público, aumentando a sua eficiência. Infelizmente, depois vimos as
deficiências deste modelo na prática. O gabarito é questão certa.

5 – (CESPE – TCU – AUDITOR – 2013) A criação do Departamento


Administrativo do Serviço Público (DASP) em 1936 representou
uma modernização na administração pública brasileira, haja vista
que promoveu a descentralização das atividades administrativas,
com o intuito de se gerar maior eficiência.

O erro desta questão é o seguinte: O DASP era centralizador, não


descentralizador. Devemos lembrar que esta reforma foi feita por um
regime ditatorial (o Estado Novo de Vargas), que buscava centralizar o
poder no governo federal e padronizar as práticas administrativas. Deste
modo, o gabarito é questão errada.

6 – (CESPE – MPU – TÉCNICO – 2013) A reforma administrativa


iniciada pelo Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP) instituiu o Estado moderno no Brasil, com vistas ao
combate ao patrimonialismo e à burocracia estatal.

Nem pensar. A Reforma do período Vargas, que instituiu o DASP


buscou implantar o modelo burocrático no Brasil. Assim, não poderia
estar combatendo a “burocracia estatal” ao mesmo tempo, não é
verdade?
Getúlio Vargas sabia que o Estado brasileiro, ainda baseado em
práticas patrimonialistas, precisava ser reformado para que o país
crescesse e se industrializasse. Entretanto, os problemas do modelo
burocrático só apareceram mais tarde. O gabarito é questão errada.

7 – (CESPE – MPU – TÉCNICO – 2013) As grandes reformas


administrativas do Estado brasileiro, ocorridas após 1930, foram
do tipo patrimonialista, burocrática e gerencial.

Esta questão tem uma “pegadinha” que a torna incorreta. Nós


tivemos reformas burocráticas (como a dos anos 30) e reformas
gerenciais (como a dos anos 90), mas nunca tivemos reformas
patrimonialistas! O modelo patrimonialista foi implantado aqui junto com
a colonização portuguesa.

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Desta maneira, nunca tivemos uma reforma administrativa que


tivesse o objetivo de implementar o modelo patrimonial. Típica questão
que tenta pegar o candidato menos concentrado. O gabarito é mesmo
questão errada.

8 – (CESPE – TRT-10 – TÉCNICO – 2013) O Departamento


Administrativo do Serviço Público (DASP) foi criado com o
objetivo de aprofundar a reforma administrativa destinada a
organizar e racionalizar o serviço público no país.

Perfeito! O DASP foi criado no Governo Getúlio Vargas como um


instrumento de racionalização da máquina estatal brasileira. O Brasil
estava passando por uma fase de transição econômica: deixando de ser
um país rural para ser um país industrializado.
Para poder impulsionar este movimento e, além disso, passar a
fornecer melhores serviços para seus cidadãos, o Estado deveria passar
por uma reforma estruturante. O gabarito é mesmo questão certa.

9 – (CESPE – MI – ANALISTA – 2013) Na área de administração de


recursos humanos, o Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP) inspirou-se no princípio do mérito profissional
para estruturar a burocracia.

Exato. A reforma do DASP, ocorrida nos anos 30, buscou


implementar o modelo burocrático no Brasil. Ao contrário do que muitos
pensam, a teoria da burocracia tem o profissionalismo e a impessoalidade
como seus pilares.
Deste modo, a ideia é a de que os melhores profissionais serão
contratados e promovidos, tendo em vista o melhor funcionamento
possível da instituição. Assim, a instalação do mérito profissional como
um princípio da Administração Pública foi um dos objetivos da reforma do
DASP. O gabarito é questão certa.

10 – (CESPE – MI – ANALISTA – 2013) Fruto da evolução do


estamento burocrático patrimonialista, a moderna burocracia
manteve o caráter aristocrático e estava circunscrita ao Estado.

Esta frase é uma confusão só de conceitos. Para começar, a


moderna burocracia não é “fruto do estamento burocrático
patrimonialista”, pois veio exatamente para buscar encerrar este modelo
de gestão patrimonialista. O caráter aristocrático do patrimonialismo é

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combatido no modelo burocrático, com sua base na racionalidade e na


legalidade.
Além disso, o modelo burocrático de gestão não está restrito ao
setor público. Muitas empresas o utilizam ainda hoje. Deste modo, o
gabarito é mesmo questão errada.

Administração para o Desenvolvimento – Governo JK e a


administração paralela.

O período que se iniciou com a redemocratização em 1946 e


terminou com o golpe militar de 1964 se caracterizou pela preocupação
dos governantes com o desenvolvimento nacional. Nesta fase
ocorreu um grande crescimento econômico, com a instalação de grandes
multinacionais no país e a construção de Brasília, inserida no plano de
metas do governo JK.
Os principais fatores deste período foram: o aumento da
intervenção do Estado e uma descentralização do setor público
através da criação de várias autarquias e sociedades de economia mista
(que teriam mais autonomia e flexibilidade do que a Administração
Direta).
O governo Juscelino Kubitschek ficou marcado pelo que se
chamou de Administração Paralela15. Seu estilo era voltado a evitar ao
máximo os conflitos, portanto quando tinha um problema a resolver ele
preferia criar outra estrutura estatal (normalmente uma autarquia) do
que reformar ou extinguir alguma já existente.
Com isso ele “contornava” a administração direta, evitando
ter de lidar com a ineficiência gerada pelas práticas patrimonialistas e
clientelistas (que continuavam existindo, tendo ocorrido inclusive um
“trem da alegria” em 1946 – a Constituição promulgada neste ano
incorporou como servidores efetivos inúmeros funcionários que haviam
entrado no governo sem concurso público), bem como as disfunções da
Burocracia que já se mostravam presentes, como o excesso de
“papelada” e lentidão16.
Os órgãos existentes não eram adequados aos desafios de seu
governo. Em vez de reformá-los, ele preferiu criar novos órgãos
(paralelos aos existentes) para resolver os problemas.

15
(Martins, 1997)
16
(Junior, 1998)

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Portanto, a administração do plano de metas do governo JK foi


executada desta forma, evitando-se os órgãos convencionais. A
coordenação das ações fazia-se por meio de grupos executivos
escolhidos diretamente pela Presidência da República.
Desta forma, evidenciou-se o papel fundamental das chamadas
“ilhas de excelência” (órgãos que contavam com funcionários mais
capacitados, que eram contratados por mérito e recebiam salários muito
maiores do que os da administração direta) no processo de
desenvolvimento nacional que ocorreu naquela época. De acordo com
Lustosa17:
“Esse período se caracteriza por uma crescente
cisão entre a administração direta, entregue ao
clientelismo e submetida, cada vez mais, aos
ditames de normas rígidas e controles, e a
administração descentralizada (autarquias,
empresas, institutos e grupos especiais ad hoc),
dotados de maior autonomia gerencial e que
podiam recrutar seus quadros sem concursos,
preferencialmente entre os formados em think
thanks especializados, remunerando-os em termos
compatíveis com o mercado. Constituíram-se
assim ilhas de excelência no setor público voltadas
para a administração do desenvolvimento,
enquanto se deteriorava o núcleo central da
administração.”
O modelo burocrático, que nem tinha sido completamente instalado
em toda a administração pública, mostrava-se então inadequado para
uma sociedade cada vez mais complexa e para um país imenso, com
realidades muito diferentes e distâncias continentais.
Desta forma, começou a se formar um consenso de que o modelo
burocrático deveria ser reformado.

A Reforma de 1967 – DL nº200/67.

Neste contexto, a administração pública brasileira se mostrava cada


vez menos adequada aos desafios de um país em desenvolvimento
acelerado. Assim, ficou evidente a necessidade de reformas em seu
modelo.

17
(Costa, 2008)

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Ainda no governo de João Goulart, formou-se a Comissão Amaral


Peixoto, com o objetivo de coordenar estudos para uma reforma do
modelo administrativo no Brasil. O golpe militar de 1964 abortou essa
iniciativa. Todavia, algumas ideias foram aproveitadas na reforma de
1967, através do Decreto-Lei nº200 do mesmo ano18.
Antes de iniciar uma análise mais profunda da reforma em si, temos
de entender o contexto que existia na época. O governo militar assumiu
com uma proposta modernizadora do Estado. A economia estava
desequilibrada e a inflação estava aumentando. Existia uma análise de
que a inflação era causada pelos aumentos salariais acima do aumento da
produtividade e por gastos excessivos do governo19.
Desta forma, uma série de iniciativas modernizadoras foram
implementadas buscando criar um ambiente mais propício ao crescimento
econômico e a uma administração pública mais moderna e eficiente.
O plano econômico que buscava estabilizar a economia foi chamado
de Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG). Dentre outras
medidas, destacamos: a restrição do crédito e dos aumentos salariais,
uma reforma tributária (que reduziu impostos em cascata), a instituição
da correção monetária nos contratos, a criação do Banco Central (para
administrar a emissão de moeda), a criação do Sistema Nacional da
Habitação e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
A reforma de 67 apareceu, portanto, como uma resposta às
dificuldades que a máquina pública tinha com o modelo
burocrático que vinha desde os anos 30. De acordo com Andrews e
Bariani20:
“A reforma de 1967 introduziu na administração
pública procedimentos gerenciais típicos do setor
privado, abriu espaço para a participação do
capital privado em sociedades de economia mista
e esvaziou um dos emblemas do Estado populista,
o Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP).”
Desta forma, os proponentes da reforma se baseavam em uma
noção de que haveria uma defasagem cada vez maior entre as
demandas de um país em desenvolvimento e as capacidades da
máquina pública. A excessiva centralização do governo e a falta de

18
(Junior, 1998)
19
(Resende, 1990)
20
(Andrews & Bariani, 2010)

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planejamento tornavam a administração pública ineficaz, ineficiente e


irresponsável21.
O planejamento passou a ser encarado como uma condição
imprescindível para que a Administração Pública alcançasse uma
maior racionalidade em seus programas e ações. Assim, o
diagnóstico era de que as ações do Estado não eram planejadas.
Dentre os “gargalos” que tinham de ser solucionados para que este
planejamento pudesse ocorrer, podemos incluir: a falta de profissionais
capacitados no governo, um sistema de controle insuficiente e a falta de
supervisão das atividades do governo.
Desta maneira, buscou-se uma maior descentralização das
ações governamentais. Os órgãos centrais teriam de ser liberados da
execução das tarefas para poderem planejar, controlar e coordenar as
ações e programas governamentais.
Esta descentralização foi feita com a transferência de
responsabilidades dos órgãos centrais para a administração indireta. Além
da descentralização, buscou-se flexibilizar para a administração indireta
certos procedimentos burocráticos que existiam na administração direta.
De acordo com o DL200, a descentralização ocorreria em três
planos principais:
“a) dentro dos quadros da Administração Federal,
distinguindo-se claramente o nível de direção do
de execução;

b) da Administração Federal para a das unidades


federadas, quando estejam devidamente
aparelhadas e mediante convênio;
c) da Administração Federal para a órbita privada,
mediante contratos ou concessões.”
Portanto, a descentralização envolveria a transferência de
atribuições “dentro” da própria administração direta (mediante a
delegação de poderes e responsabilidades para os níveis inferiores – nível
operacional), a transferência de atividades para os estados e municípios e
até mesmo da Administração Pública para a iniciativa privada (através de
concessões e contratos).
Dentre algumas mudanças incluídas na reforma, foi permitido que
os órgãos da Administração Indireta contratassem por meio da CLT.
Portanto, não existiria mais a estabilidade no emprego para os
empregados das empresas e órgãos da administração indireta,

21
(Andrews & Bariani, 2010)

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possibilitando assim uma maior flexibilidade na contratação temporária e


na gestão de pessoal.
Outro aspecto importante foi a inclusão da descentralização e do
planejamento como princípios da Administração Pública. De acordo com
o Decreto Lei n° 20022:
“Art. 6º As atividades da Administração Federal
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
I - Planejamento.
II - Coordenação.
III - Descentralização.
IV - Delegação de Competência.
V - Contrôle.”

Além disso, o próprio DASP foi extinto. O Decreto n°200 criou


em seu lugar o Departamento Administrativo do Pessoal Civil (com a
mesma sigla – DASP). Desta forma, a reforma “cortou” muitas das
atribuições do antigo DASP, tornando-o um mero “setor de pessoal”. As
funções de planejamento, por exemplo, passaram a ser desempenhadas
pelo Ministério do Planejamento e Coordenação Geral23.
Portanto, esta reforma foi uma tentativa de se superar a
rigidez do modelo burocrático e é considerada por algumas bancas
como a primeira iniciativa da administração gerencial no Brasil. Foi sem
dúvida uma reforma pioneira, que trazia aspectos ligados à
descentralização administrativa (apesar da forte centralização política
que ocorreu), ao planejamento e à autonomia, buscando mais
agilidade e eficiência da máquina pública.

o aspecto mais cobrado

Aviso: desta reforma em concursos


é a descentralização para a
Administração Indireta!

De acordo com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado -


PDRAE24:

22
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del0200.htm
23
(Andrews & Bariani, 2010)
24
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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“A reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei


200, entretanto, constitui um marco na
tentativa de superação da rigidez
burocrática, podendo ser considerada como
um primeiro momento da administração
gerencial no Brasil. Mediante o referido decreto-
lei, realizou-se a transferência de atividades para
autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista, a fim de obter-se
maior dinamismo operacional por meio da
descentralização funcional. Instituíram-se como
princípios de racionalidade administrativa o
planejamento e o orçamento, o
descongestionamento das chefias executivas
superiores (desconcentração/descentralização), a
tentativa de reunir competência e informação no
processo decisório, a sistematização, a
coordenação e o controle.”

para o PDRAE, a reforma de 67

Aviso: foi a primeira tentativa de


implantar o modelo gerencial
no Brasil!

Desta forma, neste período a administração indireta ganhou


uma grande autonomia, podendo contratar sem concursos públicos,
tendo facilidades em sua gestão que não existiam na administração
direta.
Entretanto, a reforma não alterou os procedimentos básicos
da administração direta, criando cada vez mais um fosso que separou
a administração indireta – mais capacitada, mais ágil e flexível - da
administração direta, que continuava com práticas clientelistas aliadas a
um modelo rígido da burocracia que se somava a baixos salários.
Esta realidade levou a um enfraquecimento do núcleo
estratégico do Estado e a uma constante tensão entre os órgãos
centrais e as empresas e autarquias da administração indireta.
Isto ocorria porque a administração direta pagava menos e oferecia
menos oportunidades aos seus servidores. Logo, acabava gerando uma
situação de conflito com os empregados das autarquias e fundações, que
estavam ligados a estes mesmos órgãos públicos (onde eram mal pagos e
tinham diversas “amarras” em sua gestão).

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Veja como este tema já foi cobrado:


11 - (CESPE – AGU- AGENTE ADM. – 2010) As reformas realizadas
por meio do Decreto-lei n.o 200/1967 não desencadearam
mudanças no âmbito da administração burocrática central, o que
possibilitou a coexistência de núcleos de eficiência e de
competência na administração indireta e formas arcaicas e
ineficientes no plano da administração direta ou central.

A questão está certa. A reforma foi focada principalmente na


administração indireta, pois os militares (a exemplo do governo JK) não
queriam se “indispor” com o corpo burocrático existente, preferindo criar
novas estruturas com outro modelo mais flexível. Isso levou a uma
crescente diferenciação entre a administração direta e a indireta.
O gabarito é frase correta.
Esta autonomia dada à administração indireta levou a uma grande
expansão da intervenção do Estado na economia, com a criação de
diversas empresas públicas, sociedades de economia mista e autarquias.
Infelizmente a reforma não atingiu seus objetivos e levou a
consequências desagradáveis. A maior autonomia dada à administração
indireta tornou mais fácil a continuação de práticas clientelistas e
patrimonialistas.
De acordo com Andrews e Bariani25:
“a diferenciação entre administração direta e
indireta flexibilizou os controles burocráticos, mas,
apesar de buscar a maior eficiência da
administração pública, criou novas oportunidades
para a captura do Estado por interesses privados.”
Em certo momento, os governos militares perderam o controle da
máquina pública. A administração indireta cresceu excessivamente até o
fim da década de 70, com a criação de inúmeras subsidiárias das
empresas públicas e a atuação do Estado em áreas que não deveriam ser
prioritárias. Segundo Bresser26:
“A reforma administrativa embutida no
Decreto-Lei 200 ficou pela metade e
fracassou. A crise política do regime militar, que
se inicia já em meados dos anos 70, agrava ainda
mais a situação da administração pública, na
medida que a burocracia estatal é identificada com

25
(Andrews & Bariani, 2010)
26
(Bresser, 1996) apud (Costa, 2008)

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o sistema autoritário em pleno processo de


degeneração”
As crises do Petróleo, em 1973 e 1979, acabaram inviabilizando a
administração para o desenvolvimento, que já vinha desde os anos 50. O
processo de endividamento público, que “empurrava” os investimentos
públicos na economia passou a ser insustentável. Os juros internacionais
subiram muito nesta época e a liquidez do mercado financeiro
internacional caiu muito. Com isso, tomar dinheiro emprestado ficou
muito difícil.
Desta forma, o Estado, em grave crise fiscal e administrativa, teria
cada vez menos condições de ser o indutor do crescimento nacional.
Vamos ver como isto já foi cobrado?
12 – (CESPE – TCE-RS – OCE – 2013) A reforma administrativa no
Brasil, realizada por meio do Decreto-Lei n.o 200/1967,
representou um avanço em relação à tentativa de romper com a
rigidez burocrática, podendo ser entendida como a primeira
experiência de implantação da administração gerencial no país.

Beleza. Realmente, muitos autores consideram a reforma do DL 200


de 1967 como o primeiro passo para a implementação do modelo
gerencial no país. O Cespe mesmo já considerou esta afirmativa como
correta e diversos momentos. O gabarito é questão certa.

13 – (CESPE – TRT-10 – TÉCNICO – 2013) A reforma


administrativa de 1967 promoveu a centralização progressiva das
decisões no Poder Executivo federal nos moldes da administração
burocrática.

Foi exatamente o contrário que ocorreu. A reforma de 1967,


também conhecida como reforma do DL200, buscou uma descentralização
administrativa. O poder de decisão foi transferido para a Administração
Indireta, como as empresas estatais e as autarquias.
O objetivo foi exatamente o de conferir maior autonomia para estas
entidades e remover alguns dos problemas causados pelo modelo
burocrático em nossa máquina estatal. O gabarito é mesmo questão
errada.

Programa Nacional de Desburocratização

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Sem o crescimento econômico que sustentava a lógica do sistema,


os governos militares iniciaram uma distensão política que acabaria por
levar a uma anistia dos perseguidos políticos e à transição para o primeiro
governo civil.
Este primeiro governo de transição, o primeiro civil desde 64,
ocorreu com a vitória de Tancredo Neves sobre Paulo Maluf na eleição
indireta (através do colégio eleitoral) em 1985.
No plano da administração pública, já em 1979, aconteceram
iniciativas visando rever algumas distorções do modelo burocrático.
Portanto, já no governo militar, existiram novas tentativas de alterar o
modelo burocrático.
Em 1979 foi criado o Programa Nacional de
Desburocratização, que levaria depois à criação do Ministério da
Desburocratização. Sob o comando de Helio Beltrão, o programa visava
à simplificação e racionalização de métodos, em busca de tornar os
órgãos públicos menos rígidos27.
Além disso, Beltrão buscava redirecionar a máquina pública para o
atendimento das demandas dos cidadãos. De acordo com Beltrão28:
“deve-se retirar o usuário da condição colonial de
súdito para investi-lo na de cidadão, destinatário
de toda a atividade do Estado”.
Desta forma, pela primeira vez aparece em um programa
governamental a noção de que se deveriam voltar as atenções do Estado
para o atendimento dos cidadãos29.
Além disso, o enxugamento da máquina pública também foi
proposto. Esta ação foi focada principalmente nas áreas onde havia
superposição e duplicidades30.
Iniciou-se também o processo de privatizações, buscando a
saída do Estado de áreas que claramente não deveria estar presente
(têxteis, por exemplo). Cabe lembrar que este período foi marcado pela
crise da dívida dos países latino americanos.
Desta forma, o Brasil se via cada vez mais incapacitado de induzir o
crescimento econômico. O modelo desenvolvimentista “fazia água”, ou
seja, chegava ao seu limite.

27
(Martins, 1997)
28
(Beltrão) apud (Paludo, 2010)
29
(Paludo, 2010)
30
(Junior, 1998)

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A Constituição de 88 – o retrocesso burocrático e o Governo


Collor/Itamar.

Apesar de eleito, Tancredo não chega a assumir a presidência. Ele


acabou ficando doente na véspera da posse. O país passou então dias
lutando a beira da televisão ao seu lado. Infelizmente, a doença saiu
vitoriosa e Tancredo não chegou a governar.
Desta forma, seu vice, José Sarney, foi empossado em seu lugar. O
primeiro problema que ocorreu foi que o ministério tinha sido escolhido
por Tancredo. Desta forma, Sarney teria de governar com a “equipe”
escolhida por Tancredo.
Assim sendo, ele utilizou a máquina pública para “assentar” várias
correntes que apoiaram a sua coligação na eleição indireta, inchando mais
uma vez a estrutura governamental. O velho “troca troca” político voltava
a mostrar sua cara. Estes fatores não eram tão visíveis nos governos
militares.
Desta forma, a democratização trazia seu custo, pois levou a
um aumento do populismo e a um voluntarismo político – a percepção
da sociedade de que só faltava “vontade” para que a realidade fosse
alterada, que o processo democrático resolveria todos os problemas31.
Apesar da crise econômica e fiscal que o Estado se via naquele
momento, a sociedade ainda via como ideal um Estado
desenvolvimentista, que promoveria o crescimento nacional. Seria um
Estado que seguisse uma política econômica keynesiana (de investimento
pesado na economia, a base de déficits públicos).
Assim sendo, a Constituição acabou seguindo nesta linha, tornando
a revisão de vários de seus dispositivos uma necessidade na década que
se seguiu.
Com a redemocratização, o poder político volta a se
descentralizar, ganhando força os governos estaduais e até as
prefeituras. Esse maior poder levará a grandes mudanças na estrutura
estatal na assembléia constituinte.
A Constituição Federal de 1988 foi concebida em um ambiente de
crise econômica, de retorno à vida política de personagens políticos que
tinham sido perseguidos por muitos anos, e refletiu esse contexto de
forças.
No plano administrativo, a Constituição:

31
(Bresser Pereira, 2001)

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 Levou à centralização administrativa;

 Limitou enormemente a autonomia da administração


indireta, praticamente igualando as condições entre
administração indireta e direta;

 Retomou os ideais burocráticos da reforma de 1930 -


administração pública volta a ser hierárquica e rígida;

 Criou o Regime Jurídico único, incorporando diversos


celetistas como estatutários e engessando a situação
(“status quo” é mantido);

 Criou privilégios descabidos para servidores, como


aposentadorias integrais sem a devida contribuição e
estabilidade para antigos celetistas.

Desta forma, se no plano político a Constituição Federal de 88


foi um avanço, no plano administrativo foi considerada um
retrocesso32, pois a máquina estatal foi engessada e voltou a aplicação
de normas rígidas e inflexíveis para toda a administração direta e indireta.
Além disso, foram concedidos diversos benefícios (alguns
extremamente caros) sem que houvesse a preocupação com a
capacidade real do estado de cumprir com esses gastos.
Uma das razões para esse retrocesso foi a noção (equivocada),
muito comum na época, de que uma das razões da crise do Estado estaria
na excessiva descentralização e na autonomia concedida à administração
indireta através do DL20033.
Vamos ver algumas questões sobre este tema?
14 – (CESPE – TRE – ANALISTA – 2013) A busca do
estabelecimento de estruturas paralelas, como comissões de
estudo e grupos executivos de trabalho, com a participação de
membros da indústria nacional, bem como a criação da Comissão
de Simplificação Burocrática, objetivando reformas globais, meios
para descentralização dos serviços, fixação de responsabilidades e
prestação de contas à autoridade, ocorreu no governo de
a) José Sarney.

32
(Bresser Pereira, 2001)
33
(Bresser Pereira, 2001)

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b) Getúlio Vargas.
c) Juscelino Kubitschek.
d) Castelo Branco.
e) João Figueiredo.

Questão interessante. Estas iniciativas ocorreram no governo de


Juscelino Kubitschek. Lembre-se sempre que este governo é muito
identificado com estas “estruturas paralelas”.
O Governo de Vargas é associado com as reformas burocráticas do
DASP. Já o governo de José Sarney é associado com a Constituição
Federal de 1988 e suas mudanças.
Já o governo de Castelo Branco pode ser relacionado com a reforma
do Decreto-Lei 200 de 1967. Finalmente, O governo de João Figueiredo
foi o último do período militar, e está ao Programa de Desburocratização
de Hélio Beltrão. Deste modo, o gabarito é mesmo a letra C.

15 – (CESPE – MI – ANALISTA – 2013) Após a promulgação da


Constituição Federal de 1988, foi deflagrado um processo de
municipalização da gestão pública e, consequentemente, de
concessão de maiores poderes aos municípios.

Perfeito. A Constituição Federal de 1988 transferiu competências e


recursos para os entes subnacionais, principalmente os municípios. Este
movimento foi decorrente de uma percepção de que a descentralização
pode aprimorar a qualidade das políticas públicas, pois o ente que
executa estas políticas estaria mais próximo dos cidadãos necessitados e
entenderia melhor suas necessidades. O gabarito é mesmo questão certa.

16 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A estruturação da máquina


administrativa no Brasil reflete a forte tradição municipalista do
país, cujo ímpeto descentralizante se manifesta, na Constituição
de 1988, reforçado pela longa duração do período transcorrido
entre 1964 e 1985, marcadamente caracterizado pela associação
entre autoritarismo e centralização.

Esta questão do Cespe reflete corretamente o caráter


descentralizador da Constituição Federal de 1988. A centralização que
ocorreu no período militar (1964-85) levou ao ímpeto descentralizador da
Assembleia Constituinte.

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Assim, a CF/88, de certa forma, foi uma reação aos vinte anos de
centralização política na União. O gabarito é questão correta.

17 - (CESPE - TCE-AC / ACE ADMINISTRAÇÃO - 2006) A


Constituição de 1988 promoveu um avanço significativo na gestão
pública, concedendo mais flexibilidade ao aparelho estatal.

A Constituição de 88 não concedeu mais flexibilidade ao aparelho


estatal, muito pelo contrário. A CF88 engessou a administração
pública ao conceder estabilidade a milhares de celetistas, ao passar a
exigir os mesmo procedimentos burocráticos da administração indireta
que já eram cobrados da administração direta e ao retirar sua autonomia
(principalmente em gestão de pessoas e no processo de compra).
Desta forma, ocorreu um aumento da centralização
administrativa. O gabarito é questão errada.

Governo Collor

Estas mudanças ocorridas com a nova Constituição acabam gerando


um número muito maior de demandas para o Estado brasileiro. A CF/88
gerou despesas para o Estado sem se preocupar com o financiamento
destas.
Esse cenário vai levar a uma hiperinflação no final da década de 80,
quando aconteceu a primeira eleição para presidente da República em
três décadas34.
O vencedor, Collor, concorreu tendo como slogan “acabar com os
marajás” do serviço público. A percepção da sociedade naquela época era
extremamente ruim do papel do Estado e dos servidores públicos.
A reforma de Collor, de viés neoliberal (visando a um estado dito
mínimo), desejava reduzir a presença do Estado na vida social e
econômica da nação. Dentre diversas mudanças econômicas (troca de
moeda, congelamento e bloqueio de dinheiro em contas bancárias),
buscou-se um forte ajuste fiscal35.
Neste processo, foram demitidos, ou postos em disposição, mais de
cem mil servidores (muitos depois conseguiram ser readmitidos
judicialmente). Collor não reajustou os salários dos servidores, levando a
um grande arrocho salarial (a inflação era imensa na época).

34
(Bresser Pereira, 2001)
35
(Costa, 2008)

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O processo de privatização foi acelerado, tendo como objetivo a


diminuição do tamanho do Estado. De acordo com Torres36:

“A rápida passagem de Collor pela presidência


provocou, na administração pública, uma
desagregação e um estrago cultural e psicológico
impressionantes. A administração pública sentiu
profundamente os golpes desferidos pelo governo
Collor, com os servidores descendo aos degraus
mais baixos da auto-estima e valorização social,
depois de serem alvos preferenciais em uma
campanha política altamente destrutiva e
desagregadora”

Após o impeachment de Collor, o sucessor Itamar Franco teve uma


atuação tímida, tendo readmitido alguns servidores e revertido algumas
das ações de Collor.
Vamos ver como isto já foi cobrado?
18 – (CESPE – MI – ADMINISTRADOR – 2013) O modelo de
reforma do Estado brasileiro, posto em prática sob a ótica
neoliberal, mostrou-se eficaz na solução dos problemas
socioeconômicos do país, pois estava orientado para o
desenvolvimento e levou em consideração a necessidade do
Estado e sua construção em novas bases.

Esta frase tem dois problemas. A primeira, mais óbvia, é a de que a


reforma do Estado ocorrida nos anos 90 não resolveu os problemas
socioeconômicos do país.
Além disso, a reforma não foi voltada para o desenvolvimento, pois
o Estado naquela época estava mais focado na estabilização econômica,
no fim da inflação.
Outro ponto que é problemático é que o governo que é mais
identificado com a “ótica neoliberal” é o de Collor, não o de Fernando
Henrique Cardoso.
Entretanto, quando resolvemos provas de concurso temos de tentar
“mapear” as ideologias inseridas nos questionamentos da banca. Este
segundo ponto pode ser considerado correto ou incorreto de acordo com a
opinião política do questionador, infelizmente. Desta forma, o gabarito da
banca é mesmo questão errada.

36
(Torres, 2004)

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19 – (CESPE – TRT-10 – TÉCNICO – 2013) A transição democrática


de 1985 representou um avanço na modernização da
administração pública, na medida em que atribuiu à administração
indireta normas de funcionamento idênticas às que regem a
administração direta.

Este movimento de “igualar” as condições e normas de


funcionamento realmente aconteceu com a nova Constituição federal de
1988, mas não é considerado um “avanço”, mas sim um retrocesso
burocrático. Com esta mudança, estas entidades da Administração
Indireta perderam autonomia e flexibilidade em sua gestão.
Isto acabou acontecendo porque existia uma percepção
generalizada de que o governo federal tinha perdido o controle sobre
estas entidades, que cresceram muito em número no regime militar.
Deste modo, o gabarito é questão errada.

A Reforma de 1995.

Após a introdução do primeiro plano econômico a “domar” a


hiperinflação (o Plano Real), o presidente Itamar Franco conseguiu eleger
seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso. Cardoso, por sua vez,
nomeou para o Ministério da Administração e Reforma do Estado o ex-
ministro da Fazenda de Sarney, Bresser Pereira.
A reforma administrativa não havia sido uma promessa de
campanha de Cardoso, mas ele autorizou Bresser a fazer um diagnóstico
dos problemas da Administração Pública brasileira e a propor reformas à
sociedade. Estas propostas foram apresentadas no Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE)37.
O retrocesso burocrático que ocorreu na Constituição Federal de
1988 estava levando o Estado a perder sua capacidade de governança.
Entretanto, antes do PDRAE não havia ainda uma proposta consistente de
reforma, apenas idéias gerais, como a percepção de que a globalização
diminuía a importância dos Estados e a capacidade de exercer suas
funções.
A ideia de estado mínimo tampouco era vista como a solução
do problema, pois não era aceita como legítima pela população, que

37
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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desejava que o Estado continuasse provendo os antigos serviços públicos


do Estado de Bem-Estar Social, mas com eficiência. De acordo com
Bresser38:
“Não estava interessado em discutir com os
neoliberais o grau de intervenção do Estado na
economia, já que acredito que hoje já se tenha
chegado a um razoável consenso sobre a
inviabilidade do Estado mínimo e da necessidade
da ação reguladora, corretora, e estimuladora do
Estado.”
Bresser Pereira, então, buscou nas experiências internacionais
algumas ideias que pudessem reposicionar o Estado brasileiro e
desenvolver nele a capacidade de enfrentar os novos desafios.
A experiência inglesa de reforma da administração pública foi das
mais relevantes para que ele e sua equipe montassem o PDRAE. O Plano
Diretor tinha como meta implantar a administração gerencial na
administração pública brasileira.
Segundo o PDRAE, o Estado não carecia de governabilidade, mas
sim de governança39:
“O governo brasileiro não carece de
“governabilidade”, ou seja, de poder para
governar, dada sua legitimidade democrática e o
apoio com que conta na sociedade civil. Enfrenta,
entretanto, um problema de governança, na
medida em que sua capacidade de implementar as
política públicas estava limitada pela rigidez e
ineficiência da máquina administrativa”
De acordo com Lustosa, o projeto de reforma do Estado tinha como
pilares40:
 Ajustamento fiscal duradouro;
 Reformas econômicas orientadas para o mercado que,
acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, garantissem
a concorrência interna e criassem condições para o enfrentamento
da competição internacional;
 A reforma da previdência social;

38
(Bresser Pereira, 2001)
39
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)
40
(Costa, 2008)

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 A inovação dos instrumentos de política social, proporcionando


maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os serviços
sociais;
 A reforma do aparelho de Estado, com vistas a aumentar sua
“governança”, ou seja, sua capacidade de implementar de forma
eficiente políticas públicas.
A reforma administrativa em particular era o foco do PDRAE. De
acordo com Bresser41, a reforma tinha os seguintes objetivos:
 A descentralização dos serviços sociais para estados e
municípios;
 A delimitação mais precisa da área de atuação do Estado,
estabelecendo-se uma distinção entre as atividades exclusivas que
envolvem o poder do Estado e devem permanecer no seu âmbito,
as atividades sociais e científicas que não lhe pertencem e devem
ser transferidas para o setor público não-estatal, e a produção de
bens e serviços para o mercado;
 A distinção entre as atividades do núcleo estratégico, que devem
ser efetuadas por políticos e altos funcionários, e as atividades de
serviços, que podem ser objeto de contratações externas;
 A separação entre a formulação de políticas e sua execução;
 Maior autonomia e para as atividades executivas exclusivas
do Estado que adotarão a forma de "agências executivas";
 Maior autonomia ainda para os serviços sociais e científicos
que o Estado presta, que deverão ser transferidos para (na prática,
transformados em) "organizações sociais", isto é, um tipo particular
de organização pública não-estatal, sem fins lucrativos,
contemplada no orçamento do Estado (como no caso de hospitais,
universidades, escolas, centros de pesquisa, museus, etc.);
 Assegurar a responsabilização (accountability) através da
administração por objetivos, da criação de quase-mercados, e
de vários mecanismos de democracia direta ou de controle social,
combinados com o aumento da transparência no serviço
público, reduzindo-se concomitantemente o papel da definição
detalhada de procedimentos e da auditoria ou controle interno – os
controles clássicos da administração pública burocrática – que
devem ter um peso menor.

Desta maneira, o Estado passaria a cumprir um papel na sociedade


mais de regulador e promotor do desenvolvimento econômico do que um

41
(Bresser Pereira, 2001)

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papel de executor. E a gestão passa então a buscar os princípios da


administração gerencial. De acordo com o PDRAE42:
“o paradigma gerencial contemporâneo,
fundamentado nos princípios de confiança e de
descentralização da decisão, exige formas
flexíveis de gestão, horizontalização de
estruturas, descentralização de funções,
incentivo à criatividade. Contrapõe-se à ideologia
do formalismo e do rigor técnico da burocracia
tradicional. À avaliação sistemática, à recompensa
pelo desempenho, e à capacitação permanente,
que já eram características da boa administração
burocrática, acrescentam-se os princípios da
orientação para o cidadão cliente, do controle
por resultados, e da competição
administrada.”

Portanto, após anos de debates nacionais e no Congresso Nacional,


a reforma foi aprovada em 1998. O PDRAE, entre os pontos principais,
definiu os quatro setores do Estado43:
 Núcleo estratégico – Corresponde ao governo, em sentido
lato. É o setor que define as leis e as políticas públicas, e
cobra o seu cumprimento. É portanto o setor onde as decisões
estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e
Judiciário, ao Ministério Público e, no poder executivo, ao Presidente
da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores
diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas
públicas.
 Atividades exclusivas – É o setor em que são prestados
serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em que se
exerce o poder extroverso do Estado - o poder de regulamentar,
fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e
fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social básica, o
serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas
sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo
Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica,
o serviço de emissão de passaportes, etc.
 Serviços não-exclusivos – Corresponde ao setor onde o
Estado atua simultaneamente com outras organizações públicas
não-estatais e privadas. As instituições desse setor não possuem

42
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)
43
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os


serviços envolvem direitos humanos fundamentais, como os da
educação e da saúde, ou porque possuem “economias externas”
relevantes, na medida que produzem ganhos que não podem ser
apropriados por esses serviços através do mercado. As economias
produzidas imediatamente se espalham para o resto da sociedade,
não podendo ser transformadas em lucros. São exemplos deste
setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os
museus.
 Produção de bens e serviços para o mercado –
Corresponde à área de atuação das empresas. É caracterizado pelas
atividades econômicas voltadas para o lucro que ainda
permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor
de infra-estrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao
setor privado para realizar o investimento, seja porque são
atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via
mercado não é possível, tornando-se necessário no caso de
privatização, a regulamentação rígida.

Assim sendo, o tipo de propriedade ideal de cada um dos setores e


o tipo de gestão que deveria ser buscado também foram estabelecidos no
Plano Diretor. De acordo com o PDRAE44:

 Núcleo estratégico – A propriedade deve ser


necessariamente estatal. Sua gestão deve ser um misto de
administração burocrática e gerencial;
 Atividades exclusivas – A propriedade também deve ser
somente estatal. Sua gestão deve ser gerencial;
 Serviços não-exclusivos – Neste caso a propriedade ideal é a
pública não-estatal. O tipo de gestão recomendado também é o
gerencial;
 Produção de bens e serviços para o mercado – A
propriedade privada é a regra. O tipo de gestão também é o
gerencial.

Decorrente desta análise, o Estado procurou reduzir sua


presença na execução direta dos serviços públicos (serviços de
água, energia, telefonia, etc.). Vários destes serviços foram privatizados
ou licitados às empresas privadas. Esse esforço teria de ser acompanhado

44
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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de instituições que fiscalizassem os novos concessionários privados. Isto


levou à criação das agências reguladoras.
O Estado também buscou, através da reforma, deixar de ser o
executor de alguns dos serviços públicos de interesse coletivo (como
serviços de saúde, de educação, cultura etc.) e passar a uma atividade de
fomento da iniciativa privada sem fins lucrativos (público não-estatal).
Este movimento levou à criação das organizações sociais (OSs) e das
organizações das sociedades civis de interesse público (OSCIPs).
Em relação à mudança na gestão, saindo de um controle de
procedimentos e passando gradativamente a uma cobrança de
resultados, foi necessária a criação de duas novas figuras
administrativas: os contratos de gestão e as agências executivas, de
modo a fornecer mais autonomia aos órgãos e às instituições da
administração indireta que se comprometessem com o alcance de
metas.

Controle de processos ou
procedimentos = controle a
priori

Controle de
resultados = controle
a posteriori

Vamos ver algumas questões sobre este tema?


20 – (CESPE – TCU – AUDITOR – 2013) Na reforma gerencial de
1995, a qual visava eliminar os elementos patrimonialistas ainda
existentes, enfatizaram-se a hierarquização e o rígido controle de
procedimentos.

Negativo. A hierarquização e o rígido controle de procedimentos são


características do modelo burocrático, não do modelo gerencial. Este
último buscava maior flexibilidade, maior descentralização e um controle
por resultados. O gabarito é questão errada.

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21 – (CESPE – TJ-AL – TÉCNICO – 2013) A nova gestão pública


reúne características positivas dos modelos patrimonial e
gerencial de administração pública.

O primeiro erro desta questão é o fato de que a “Nova Gestão


Pública” e o modelo gerencial significam a mesma coisa. São sinônimos.
Portanto, a frase não faz sentido, pois a NGP não poderia reunir
características positivas de si mesma.
A segunda afirmativa equivocada é que o modelo patrimonial não
serviu de inspiração ou base para o modelo gerencial. O que poderia ser
dito é que a Nova Gestão Pública reuniu características positivas do
modelo burocrático, como a profissionalização e a valorização do mérito.
O gabarito é questão errada.

22 – (CESPE – TJ-AL – TÉCNICO – 2013) A última reforma


administrativa que se têm notícia no Brasil foi aquela baseada nos
princípios burocráticos estabelecidos pelo presidente Vargas.

Nem pensar! Tivemos diversas reformas administrativas no Brasil. A


última reforma foi a do modelo gerencial de 1995, detalhada no Plano
Diretor para a Reforma do Aparelho do Estado. O gabarito é questão
errada.

23 - (CESPE – TRE-ES / ANAL ADM – 2011) As tentativas de


reformas ocorridas na década de 50 do século passado guiavam-
se estrategicamente pelos princípios autoritários e centralizados,
típicos de uma nação em desenvolvimento.

Esta questão tem uma “pegadinha”. Este período dos anos 50, que
teve, principalmente, os governos de Dutra, Vargas e Juscelino, não é
classificado como um período autoritário.
Existiam eleições livres, liberdade de expressão etc. Portanto, as
reformas não se guiavam por princípios autoritários. O gabarito é questão
errada.

24 - (CESPE – TRE-ES / ANAL ADM – 2011) Em relação às


reformas administrativas empreendidas no Brasil nos anos de
1930 a 1967, julgue o item a seguir.

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Nesse período, a preocupação governamental direcionava-se mais


ao caráter impositivo das medidas que aos processos de
internalização das ações administrativas.

Esta questão está correta. Nestas reformas, o tipo de administração


que se buscava implantar era a administração burocrática, que se guia
pelo formalismo e “legalismo”. Assim, o controle ocorre em torno dos
procedimentos que devem ser seguidos, ou seja, o servidor deve cumprir
as normas, acima de tudo.
Com isso, não existe tanta preocupação com os processos e com os
resultados dentro deste modelo de administração. O que “importa” é que
o funcionário cumpra os regulamentos e leis. Portanto, o gabarito é
questão correta.

25 - (CESPE - TCE-AC / ACE - 2008) A reforma iniciada pelo


Decreto n.º 200/1967 foi uma tentativa de superação da rigidez
burocrática, e pode ser considerada como o começo da
administração gerencial no Brasil.

A questão foi considerada correta, apesar de nem todos os autores


concordarem como válida a afirmação de que a reforma de 67 pode ser
considerada o começo da administração gerencial no Brasil. Em provas do
Cespe, portanto, aceitem como correta esta afirmação do PDRAE.

26 - (CESPE - TCE-AC / ACE ADMINISTRAÇÃO - 2006) No início


dos anos 80 do século passado, com a criação do Ministério da
Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização,
registrou-se uma nova tentativa de reformar o Estado na direção
da administração gerencial.

A criação do Ministério da Desburocratização foi uma tentativa de


reformar o Estado visando dar mais agilidade e flexibilidade à máquina
pública. A centralização administrativa e a lentidão da administração em
tomar decisões e resolver problemas eram vistos como os principais
problemas na administração pública.
Uma das ideias inovadoras foi a noção de que era necessário “tirar o
contribuinte da situação de súdito para colocá-lo na situação de cidadão,
destinatário de toda a atenção do Estado”, ou seja, tratar o cidadão com
respeito.
Desta maneira, o Estado deveria oferecer melhores serviços e
acabar com diversos controles ineficazes. Estes controles somente

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tornavam a vida da população mais difícil sem gerar nenhum ganho


efetivo ao Estado. O gabarito é questão certa.

27 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) De acordo com o Plano Diretor da


Reforma do Aparelho do Estado (1995), os serviços não-
exclusivos constituem um dos setores correspondentes às
atividades-meio, que deveriam ser executadas apenas por
organizações privadas, sem aporte de recursos orçamentários,
exceto pela aquisição de bens e serviços produzidos.

Esta questão trouxe uma “pegadinha” do Cespe. Os serviços não


exclusivos não são atividades-meio (como a função de Recursos
Humanos, por exemplo), mas atividades-fim, ou seja, relativos a setores
como os de Educação e Saúde.
Desta maneira, o gabarito é questão incorreta.

28 - (CESPE – MTE / ADMINISTRAÇÃO – 2008) O Estado


oligárquico, no Brasil, é identificado com a República Velha, e
caracteriza-se pela associação entre as instituições políticas
tradicionais e as entidades da sociedade civil mobilizadas em
torno dos segmentos mais pobres e desprotegidos da população,
por meio de fortes redes de proteção social.

O Estado oligárquico (que existiu na república velha, até 1930) não


se caracterizou por uma rede de proteção social (legislação trabalhista,
seguro-desemprego, renda mínima, saúde gratuita, etc.), nem por uma
preocupação com os mais pobres.
O Estado brasileiro passou a se preocupar mais com uma rede de
proteção social na época de Getúlio Vargas. O gabarito é questão errada.

29 - (CESPE – MPS - ADMINISTRADOR – 2010) O Estado


oligárquico, modelo adotado no século passado, no Brasil, antes
do primeiro governo Vargas, atribuía pouca importância às
políticas sociais, o que fortaleceu o papel de instituições
religiosas, voltadas para o atendimento das populações mais
pobres e desprotegidas.

A questão está correta mesmo. Na época do Estado oligárquico a


ideologia que predominava era a do liberalismo, que recomendava um
Estado chamado mínimo, que se limitava a oferecer segurança (interna e
externa) e justiça.

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Como o Estado não provia serviços básicos à população carente, e


não tinha políticas sociais que trabalhassem a redução das desigualdades,
a população mais desprotegida tinha como alternativas de atendimento a
caridade e as instituições religiosas. Estas ofereciam auxílio e proteção
aos mais pobres naquela época. O gabarito é mesmo questão correta.

30 - (CESPE – TERRACAP / TECNICO RH - 2004) Um governo


empreendedor se fundamenta em alguns princípios essenciais,
tais como: o controle a posteriori dos resultados, elemento que faz
parte da busca da modernização administrativa e que tem sido
buscado desde a criação do DASP, destacando-se, entretanto, de
modo mais efetivo, no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado.

Pessoal, a questão está incorreta porque o controle a posteriori, ou


por resultados, não se iniciou com o DASP (Governo de Getúlio Vargas). O
DASP introduziu a burocracia no Brasil, e como sabemos a burocracia tem
como característica o controle de procedimentos (a priori) e não o
controle de resultados (ou a posteriori). O gabarito é questão errada.

31 - (CESPE – TCE-AC / ACE - 2008) A função orçamentária, como


atividade formal e permanentemente vinculada ao planejamento,
já estava consagrada na gestão pública brasileira quando da
implantação do modelo de administração burocrática.

Foi o DASP, nos anos 30, que introduziu a administração burocrática


no Brasil. Entre outras iniciativas, vinculou a função orçamentária ao
planejamento. Portanto a questão está incorreta, porque essa realidade (a
vinculação do orçamento ao planejamento) não estava “consagrada”
nesta época, e sim foi introduzida nesta época. O gabarito é questão
errada.

32 - (CESPE – MCT / ANALISTA PLENO - 2004) O conceito de


administração para o desenvolvimento consistia no fortalecimento
de estruturas estatais responsáveis pelo planejamento e pela
implementação de projetos desenvolvimentistas nos quais o
Estado atuava como produtor direto de bens e serviços.

A Administração para o Desenvolvimento foi um conjunto de ideias


que se formou nos anos 50, tendo como objetivo o desenvolvimento
econômico e social do Brasil.

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Dentro de seus princípios, existia a ideia de capacitar a


Administração Pública para torná-la indutora da modernização da
sociedade.
O desenvolvimento deveria ser planejado, buscando-se suprir as
lacunas e gargalos que estivessem impedindo o crescimento econômico (a
ideia do plano de metas – crescimento de 50 anos em 5 vinha nesta
ótica).
Este conceito prosperou até a crise do Estado nos anos 80, e levou
à criação de muitas empresas estatais e sociedades de economia mista.
Cabe lembrar que JK não era contra o capital privado ou estrangeiro,
tendo trazido diversos investidores de peso, mas via o Estado como
indutor do planejamento da economia nacional. A questão está correta.

33 - (CESPE – SENADO / CONSULTOR ADM – 2002) A continuidade


do DASP foi assegurada nos governos que se seguiram — Dutra e
JK —, de modo a possibilitar a estruturação dos grupos executivos
incumbidos de implementar o Plano de Metas.

Os grupos executivos foram criados por JK exatamente para evitar


utilizar a estrutura rígida e burocrática que já existia na época, e
tampouco reformar esta estrutura.
O DASP, que introduziu a administração burocrática no Brasil na
década de 30, perdeu muito de sua predominância após a saída de
Getúlio Vargas em 1945.
Apesar do DASP somente ter sido extinto na década de 80, após 45
passou a cumprir tarefas mais rotineiras e perdeu muitas de suas
competências, tendo perdido o apoio de um regime autoritário. Desta
forma o DASP, apesar de existente na época de JK, não foi utilizado para
estruturar os grupos executivos, órgãos que tentavam evitar o modelo
burocrático introduzido pelo DASP. O gabarito é questão errada!

34 - (CESPE – MCT / ANALISTA JR - 2004) O principal mecanismo


de implementação do desenvolvimentismo do período JK foram os
grupos executivos que, embora constituíssem estruturas ad hoc
dotadas de grande flexibilidade, acabaram sendo posteriormente
engolfadas pela burocracia governamental.

Dentro da ótica do planejamento estatal incluída no plano de metas


era necessária uma coordenação das ações e esforços, visando o
cumprimento das metas e objetivos.

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Os grupos executivos eram nomeados diretamente pelo Presidente


da República, contendo executivos de empresas privadas, militares e
profissionais capacitados, que tinham a missão de implementar o plano de
metas em cada setor.
Estes grupos evitavam os canais originais dentro da máquina
pública, pois estes eram lentos, rígidos e dominados por interesses
clientelistas. Eram estruturas Ad-hoc porque eram formados caso a caso,
de acordo com a necessidade no momento e tinham muito mais
flexibilidade e autonomia, não se norteando pelos princípios da
administração burocrática. A questão está correta.

35 - (CESPE – TCU / PLANEJAMENTO – 2008) Os grupos


executivos e o Conselho de Desenvolvimento, criados na Era JK,
constituíam estruturas paralelas à burocracia tradicional e
atuavam na linha de formulação política, paralelamente às
atividades de rotina. O Programa de Metas exigia estruturas
flexíveis, não-burocráticas, e uma capacidade de coordenação dos
esforços de planejamento.

Esta questão está correta. A dúvida dos alunos nesta questão se


concentrou no papel do Conselho de Desenvolvimento, pois os grupos
executivos já foram mencionados nas questões anteriores. Este
instrumento (Conselho de Desenvolvimento) foi utilizado por JK como
uma estratégia para dar mais autonomia aos gestores do plano de metas
de seu governo. De acordo com Ribeiro:
“A estratégia de JK para enfrentar possíveis
embates com a burocracia foi a constituição de
estruturas paralelas para proceder reformas.
Criaram-se os Grupos Executivos e o Conselho de
Desenvolvimento, que atuavam na linha da
formulação política, paralelamente às atividades
de rotina sob a responsabilidade da burocracia
tradicional.”
O Conselho de Desenvolvimento tinha como um de seus objetivos a
coordenação do planejamento e da execução do plano de metas. O
gabarito é mesmo questão correta.

36 - (CESPE – TCE-AC / ACE - 2008) Com a edição do Decreto n.º


200/1967, o concurso público passou a ser o único meio de
contratação de pessoal para o serviço público.

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Esta questão está incorreta, pois o Decreto nº 200 de 1967 não


fechou a porta para a contratação de pessoal sem concurso para o serviço
público, muito pelo contrário! A contratação de pessoal através da
Administração Indireta sem o instituto do concurso público foi
incentivada, ficando os concursos públicos restritos à Administração
Direta. De acordo com Bresser:
“A reforma, teve, entretanto, duas consequências
inesperadas e indesejáveis. De um lado, ao
permitir a contratação de empregados sem
concurso público, facilitou a sobrevivência de
práticas clientelistas ou fisiológicas. De outro lado,
ao não se preocupar com mudanças no âmbito da
administração direta ou central, que foi vista
pejorativamente como ‘burocrática’ ou rígida,
deixou de realizar concursos e de desenvolver
carreiras de altos administradores.”
O gabarito é questão ERRADA.

37 - (CESPE – MPS - ADMINISTRADOR – 2010) A reforma


administrativa materializada pelo Decreto-lei n.º 200/1967 é
associada à primeira experiência de implementação da
administração gerencial no país. Adotada em pleno período
ditatorial, reforçou a centralização funcional e promoveu a criação
das carreiras da administração pública de alto nível.

A questão está incorreta, pois não ocorreu uma centralização


funcional com o Decreto-lei n°200/67. A Descentralização foi um dos
princípios norteadores da reforma. Veja o seu artigo n° 10 abaixo:
“Art. 10. A execução das atividades da
Administração Federal deverá ser amplamente
descentralizada.
§ 1º A descentralização será posta em prática em
três planos principais:
a) dentro dos quadros da Administração Federal,
distinguindo-se claramente o nível de direção do
de execução;
b) da Administração Federal para a das unidades
federadas, quando estejam devidamente
aparelhadas e mediante convênio;
c) da Administração Federal para a órbita privada,
mediante contratos ou concessões.”
Assim sendo, o gabarito é mesmo questão errada.

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38 - (CESPE – MDS / TÉCNICO ADM - 2006) O Decreto-lei n.º


200/1967 instituiu maior flexibilidade administrativa para todos
os órgãos da administração pública, reduzindo a rigidez
burocrática imposta pelas reformas do DASP.

A questão está incorreta, pois o Decreto n°200 só flexibilizou as


formalidades burocráticas para a administração indireta! A administração
direta continuou com os mesmos entraves burocráticos instituídos pelo
DASP. O gabarito é questão errada!

39 - (CESPE – AGU - AGENTE ADM. – 2010) A reforma


administrativa instituída pelo Decreto-lei n.o 200/1967 distinguiu
claramente a administração direta e a administração indireta no
que se refere às áreas de compras e execução orçamentária,
padronizando-as e normatizando-as de acordo com o princípio
fundamental da descentralização.

A reforma efetuada pelo Decreto-lei n°200/67 realmente distinguiu


a administração direta da administração indireta. Entretanto o Decreto em
questão não diferenciou a administração direta e indireta no tocante às
áreas de compras!
O artigo 125, depois revogado em 1986, dizia:
“As licitações para compras, obras e serviços
passam a reger-se, na Administração Direta e nas
autarquias, pelas normas consubstanciadas neste
Título e disposições complementares aprovadas
em decreto.“
Desta forma a questão está incorreta, pois não existia esta distinção
no DL200/67.

40 - (CESPE – TCE-AC / ACE - 2008) A Constituição Federal de


1988 acabou com a rigidez burocrática e possibilitou a adoção de
técnicas modernas da administração gerencial, como a
instauração do regime jurídico único para os servidores públicos
federais.

A constituição de 1988 não acabou com a rigidez burocrática,


muito pelo contrário! Ela foi considerada um retrocesso burocrático, pois
reintroduziu “amarras” formais ao modelo de administração, e forçou a

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adoção pela administração indireta dos mesmos controles burocráticos


que existiam na administração direta.
O próprio regime jurídico único foi uma medida que levou uma
redução da flexibilidade no modelo de administração. A questão está
incorreta.

41 - (CESPE – TRE-MA / ANAL JUD – 2005) Com a Constituição de


1988, ocorreu a descentralização de recursos orçamentários e da
execução dos serviços públicos para estados e municípios.

Uma das características principais da transição democrática e da


nova constituição de 88 foi a reversão da centralização política ocorrida
nos governos militares.
Os governadores eleitos em 82 passaram a ter uma influência
política muito maior do que no regime militar e influenciaram a
constituinte na transferência de recursos orçamentários e de
competências relativas aos serviços públicos para a população. O gabarito
é questão correta.

42 - (CESPE – MCT / ANALISTA PLENO - 2004) Instituído durante


o governo Collor pela Lei n.º 8.112/1990, o Regime Jurídico dos
Servidores Públicos Civis da União choca-se com os ideais
ortodoxos expressos na Constituição de 1988.

Apesar de Collor discordar de muitas idéias e princípios da


Constituição Federal de 1988, o regime jurídico único (RJU) não se
chocava com os ideais da CF88. Pelo contrário, o RJU já estava previsto
em seu artigo n°39:
“Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de
carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações
públicas.”
O gabarito é questão errada.

43 - (CESPE – STM / ANAL JUD – 2004) O foco das ações do


governo Collor concentrou-se no projeto de centralização da
gestão dos serviços públicos.

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O governo Collor não buscou centralizar a gestão dos serviços


públicos. O contexto no início de seu governo era de grave crise fiscal,
hiperinflação e baixa eficiência da máquina estatal na prestação dos
serviços públicos.
Dentre as iniciativas de Collor nesta área podemos citar o contrato
de gestão implantado no Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, que
antecipou muitos aspectos de flexibilização, controle de resultados e
aumento de autonomia que seriam depois tratados no PDRAE. A questão
está incorreta.

44 - (CESPE – AGU - AGENTE ADM. – 2010) Executado ao longo de


toda a década passada, o Plano Diretor de Reforma do Aparelho
do Estado previu não ser possível promover de imediato a
mudança da cultura administrativa e a reforma da dimensão-
gestão do Estado ao mesmo tempo em que se providencia a
mudança do sistema legal.

A questão já começa incorreta na sua primeira oração. O Plano


Diretor não foi executado ao longo de toda sua década, pois só foi
lançado em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso.
Além disso, o PDRAE previa sim ser possível a mudança da cultura
administrativa ao mesmo tempo em que fosse mudado o sistema legal
existente. Veja o trecho abaixo, retirado do PDRAE:
“No esforço de diagnóstico da administração
pública brasileira centraremos nossa atenção, de
um lado, nas condições do mercado de trabalho e
na política de recursos humanos, e, de outro, na
distinção de três dimensões dos problemas: (1) a
dimensão institucional-legal, relacionada aos
obstáculos de ordem legal para o alcance de uma
maior eficiência do aparelho do Estado; (2) a
dimensão cultural, definida pela coexistência de
valores patrimonialistas e principalmente
burocráticos com os novos valores gerenciais e
modernos na administração pública brasileira; e
(3) a dimensão gerencial, associada às práticas
administrativas. As três dimensões estão inter-
relacionadas. Há uma tendência a subordinar a
terceira à primeira, quando se afirma que é
impossível implantar qualquer reforma na área da
gestão enquanto não forem modificadas as
instituições, a partir da Constituição Federal. É
claro que esta visão é falsa. Apesar das
dificuldades, é possível promover já a mudança da

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cultura administrativa e reformar a dimensão-


gestão do Estado, enquanto vai sendo
providenciada a mudança do sistema legal.”
Desta forma a questão está incorreta, de acordo com o gabarito da
banca.

45 - (CESPE – MCT / ANALISTA C&T - 2004) As denominadas


atividades exclusivas de estado, conforme definidas no Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, deveriam ser exercidas
por órgãos da administração direta.

A pegadinha desta questão é que, pelo PDRAE, as atividades


exclusivas do estado podem sim ser exercidas pela administração
indireta. Ou seja, não são exclusivas da administração direta como está
escrito na questão acima. De acordo com o PDRAE:
“Atividades exclusivas – É o setor em que são
prestados serviços que só o Estado pode realizar.
São serviços em que se exerce o poder extroverso
do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar,
fomentar. Como exemplos, temos: a cobrança e
fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência
social básica, o serviço de desemprego, a
fiscalização do cumprimento de normas sanitárias,
o serviço de trânsito, a compra de serviços de
saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o
subsídio à educação básica, o serviço de emissão
de passaportes, etc.“
A questão está desta forma incorreta!

46 - (CESPE – MCT / ANALISTA - 2004) O Plano Diretor da


Reforma do Aparelho do Estado, documento referencial da
proposta de modernização da gestão pública do governo Fernando
Henrique Cardoso, preconizava separação entre o núcleo
estratégico formulador de políticas, que deveria permanecer
estatal, e atividades periféricas, que deveriam ser privatizadas.

A questão tem uma “pegadinha” em seu final. As atividades não


exclusivas não deveriam ser privatizadas, e sim “publicizadas”. A
diferença básica entre privatização e publicização é que a primeira é um
processo de devolução à iniciativa privada de empreendimentos
produtivos com fins lucrativos e que podem ser controlados pelo mercado.

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Este processo foi conduzido com o objetivo de liberar o Estado


destas atividades e ajustar a situação fiscal. Já a publicização é um
processo de transferir para o setor não-governamental sem fins lucrativos
atividades que, apesar de não serem exclusivas do Estado, devem ser
incentivadas pelo Estado como saúde, educação, pesquisa científica,
cultura, etc.
Veja como o PDRAE menciona esta diferença abaixo:

“Para realizar essa função redistribuidora ou


realocadora o Estado coleta impostos e os destina
aos objetivos clássicos de garantia da ordem
interna e da segurança externa, aos objetivos
sociais de maior justiça ou igualdade, e aos
objetivos econômicos de estabilização e
desenvolvimento. Para realizar esses dois últimos
objetivos, que se tornaram centrais neste século,
o Estado tendeu a assumir funções diretas de
execução. As distorções e ineficiências que daí
resultaram deixaram claro, entretanto, que
reformar o Estado significa transferir para o setor
privado as atividades que podem ser controladas
pelo mercado. Daí a generalização dos processos
de privatização de empresas estatais. Neste plano,
entretanto, salientaremos um outro processo tão
importante quanto, e que no entretanto não está
tão claro: a descentralização para o setor
público não-estatal da execução de serviços
que não envolvem o exercício do poder de
Estado, mas devem ser subsidiados pelo
Estado, como é o caso dos serviços de
educação, saúde, cultura e pesquisa
científica. Chamaremos a esse processo de
“publicização”.”
Este processo de publicização faz sentido, pois este setor não
governamental muitas vezes é mais eficiente do que o setor estatal na
execução destes serviços, possibilitando a melhoria do atendimento da
população a custos mais baixos. Portanto, a questão está incorreta.

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Resumo

Memorex

Reforma da década de 1930 - DASP

Órgão centralizador da modernização da Administração Pública


Busca implantar modelo burocrático no Brasil

Industrialização - passagem de país agrário para Industrial.

Crise da Bolsa de 1929 - Mercado do café desaba (maior produto


de exportação).
Causas / Contexto
Busca de alternativas para lidar com a crise econômica.

Busca de um modelo mais eficiente para a máquina pública.

Objetivos da Reforma do DASP

 Centralizar e reorganizar a Administração Pública;


 Definir a política de pessoal;
 Racionalizar métodos e processos em geral.

Reforma da década de 1967 – DL200

Origem

Objetivo: Coordenar grupos de estudo p/ reforma administrativa


Comissão Amaral
Peixoto
Golpe de 64 aborta iniciativa

Princípios

Delegação de
Planejamento Descentralização Coordenação Controle
autoridade

Foi uma tentativa de superar a rigidez burocrática

Reforma foi pioneira - alguns autores consideram como o início


da Administração Gerencial no Brasil
Características
Reforma gerou descentralização administrativa e centralização
política.

Administração Indireta ganha Leva a crescimento

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autonomia e flexibilidade desordenado

Expansão da intervenção
estatal

Consequências Indesejadas

Não se preocupou c/ Administração direta,


Ao permitir contratações sem concurso
levando a enfraquecimento do núcleo
leva a práticas clientelistas
estratégico.

Retrocesso Burocrático – a CF/1988

Redemocratização em 1985

Origem Retrocesso ocorreu por erro de diagnóstico - pensamento que a


descentralização e autonomia da administração indireta foram as
causas da crise do Estado

Leva a um ciclo populista.

Não há noção da gravidade da crise do


Estado.
Democratização
Voluntarismo - ideia de que o processo
democrático resolverá todos os problemas.

Características Modelo de Estado Desenvolvimentista era


visto como ideal.

Reação ao clientelismo

Retrocesso
Afirmação de privilégios corporativistas
Burocrático

Atitude defensiva da burocracia

Resultados

Centralização administrativa e descentralização política - limitou autonomia da


Administração Indireta e transferiu poder para estados e municípios.

Retomou ideais burocráticos - Administração Pública voltou a ser hierárquica e rígida

RJU Concurso agora é obrigatório

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Estabilidade
Criação de privilégios
Aposentadoria integral

Governo Collor

Governo Sarney e a hiperinflação


Origem
Sociedade toma noção da crise no Estado

Objetivo Reduzir a intervenção do Estado na vida social

Reformas econômicas - ajuste fiscal

Ações Corte de pessoal e arrocho salarial

Diminuição do Tamanho do Estado - Neoliberalismo

Reforma do MARE – 1995 – Governo FHC

Percepção de que a globalização diminuía importância do Estado

Origem / Contexto Crise de governança após retrocesso de 1988

Proposta pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

Essência

Foi uma tentativa de implantar a


Não buscava o Estado Mínimo
administração gerencial no Brasil

Ajuste fiscal duradouro

Reformas econômicas pró-mercado


Pilares
Reforma da Previdência Social

Reforma do Aparelho do Estado melhoria da governança

Descentralização dos serviços sociais


Objetivos
Aumento da accountability / transparência

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Descentralização dos serviços sociais

Maior autonomia administrativa

Gestão por resultados


Busca alterar o tipo de controle
Controle a posteriori e não
controle a priori

Setores do Estado de acordo com o PDRAE

Formas de Propriedade Formas de Administração

Núcleo Estratégico Estatal Burocrática e Gerencial

Atividades Exclusivas Estatal Gerencial

Serviços Não Exclusivos Pública não estatal Gerencial

Produção de Bens e
Privada Gerencial
Serviços para o Mercado

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Lista de Questões Trabalhadas na Aula.

1 – (CESPE – TJ-AL – TÉCNICO – 2013) A reforma administrativa


resultante da independência do Brasil apresentou o patrimonialismo como
modelo de administração pública, que, apesar de superado, ainda revela
grande importância no governo do país.

2 - (CESPE – TRE-ES / ANAL ADM – 2011) A instituição, em 1936, do


Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) teve como
objetivo principal suprimir o modelo patrimonialista de gestão.

3 - (CESPE- MDS / TECNICO SUPERIOR - 2006) A reforma administrativa


empreendida pelo DASP, na década de 30 do século passado, foi
inovadora por não estar alinhada aos princípios da administração
científica presentes na literatura mundial da época.

4 – (CESPE – TCE-RO – AGENTE – 2013) O Departamento Administrativo


do Serviço Público foi o primeiro órgão da estrutura administrativa
brasileira ao qual se atribuiu a responsabilidade de diminuir a ineficiência
do serviço público e reorganizar a administração pública.

5 – (CESPE – TCU – AUDITOR – 2013) A criação do Departamento


Administrativo do Serviço Público (DASP) em 1936 representou uma
modernização na administração pública brasileira, haja vista que
promoveu a descentralização das atividades administrativas, com o intuito
de se gerar maior eficiência.

6 – (CESPE – MPU – TÉCNICO – 2013) A reforma administrativa iniciada


pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) instituiu o
Estado moderno no Brasil, com vistas ao combate ao patrimonialismo e à
burocracia estatal.

7 – (CESPE – MPU – TÉCNICO – 2013) As grandes reformas


administrativas do Estado brasileiro, ocorridas após 1930, foram do tipo
patrimonialista, burocrática e gerencial.

8 – (CESPE – TRT-10 – TÉCNICO – 2013) O Departamento Administrativo


do Serviço Público (DASP) foi criado com o objetivo de aprofundar a
reforma administrativa destinada a organizar e racionalizar o serviço
público no país.

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9 – (CESPE – MI – ANALISTA – 2013) Na área de administração de


recursos humanos, o Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP) inspirou-se no princípio do mérito profissional para estruturar a
burocracia.

10 – (CESPE – MI – ANALISTA – 2013) Fruto da evolução do estamento


burocrático patrimonialista, a moderna burocracia manteve o caráter
aristocrático e estava circunscrita ao Estado.

11 - (CESPE – AGU- AGENTE ADM. – 2010) As reformas realizadas por


meio do Decreto-lei n.o 200/1967 não desencadearam mudanças no
âmbito da administração burocrática central, o que possibilitou a
coexistência de núcleos de eficiência e de competência na administração
indireta e formas arcaicas e ineficientes no plano da administração direta
ou central.

12 – (CESPE – TCE-RS – OCE – 2013) A reforma administrativa no Brasil,


realizada por meio do Decreto-Lei n.o 200/1967, representou um avanço
em relação à tentativa de romper com a rigidez burocrática, podendo ser
entendida como a primeira experiência de implantação da administração
gerencial no país.

13 – (CESPE – TRT-10 – TÉCNICO – 2013) A reforma administrativa de


1967 promoveu a centralização progressiva das decisões no Poder
Executivo federal nos moldes da administração burocrática.

14 – (CESPE – TRE – ANALISTA – 2013) A busca do estabelecimento de


estruturas paralelas, como comissões de estudo e grupos executivos de
trabalho, com a participação de membros da indústria nacional, bem
como a criação da Comissão de Simplificação Burocrática, objetivando
reformas globais, meios para descentralização dos serviços, fixação de
responsabilidades e prestação de contas à autoridade, ocorreu no governo
de
a) José Sarney.
b) Getúlio Vargas.
c) Juscelino Kubitschek.
d) Castelo Branco.
e) João Figueiredo.

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15 – (CESPE – MI – ANALISTA – 2013) Após a promulgação da


Constituição Federal de 1988, foi deflagrado um processo de
municipalização da gestão pública e, consequentemente, de concessão de
maiores poderes aos municípios.

16 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A estruturação da máquina


administrativa no Brasil reflete a forte tradição municipalista do país, cujo
ímpeto descentralizante se manifesta, na Constituição de 1988, reforçado
pela longa duração do período transcorrido entre 1964 e 1985,
marcadamente caracterizado pela associação entre autoritarismo e
centralização.

17 - (CESPE - TCE-AC / ACE ADMINISTRAÇÃO - 2006) A Constituição de


1988 promoveu um avanço significativo na gestão pública, concedendo
mais flexibilidade ao aparelho estatal.

18 – (CESPE – MI – ADMINISTRADOR – 2013) O modelo de reforma do


Estado brasileiro, posto em prática sob a ótica neoliberal, mostrou-se
eficaz na solução dos problemas socioeconômicos do país, pois estava
orientado para o desenvolvimento e levou em consideração a necessidade
do Estado e sua construção em novas bases.

19 – (CESPE – TRT-10 – TÉCNICO – 2013) A transição democrática de


1985 representou um avanço na modernização da administração pública,
na medida em que atribuiu à administração indireta normas de
funcionamento idênticas às que regem a administração direta.

20 – (CESPE – TCU – AUDITOR – 2013) Na reforma gerencial de 1995, a


qual visava eliminar os elementos patrimonialistas ainda existentes,
enfatizaram-se a hierarquização e o rígido controle de procedimentos.

21 – (CESPE – TJ-AL – TÉCNICO – 2013) A nova gestão pública reúne


características positivas dos modelos patrimonial e gerencial de
administração pública.

22 – (CESPE – TJ-AL – TÉCNICO – 2013) A última reforma administrativa


que se têm notícia no Brasil foi aquela baseada nos princípios burocráticos
estabelecidos pelo presidente Vargas.

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23 - (CESPE – TRE-ES / ANAL ADM – 2011) As tentativas de reformas


ocorridas na década de 50 do século passado guiavam-se
estrategicamente pelos princípios autoritários e centralizados, típicos de
uma nação em desenvolvimento.

24 - (CESPE – TRE-ES / ANAL ADM – 2011) Em relação às reformas


administrativas empreendidas no Brasil nos anos de 1930 a 1967, julgue
o item a seguir.
Nesse período, a preocupação governamental direcionava-se mais ao
caráter impositivo das medidas que aos processos de internalização das
ações administrativas.

25 - (CESPE - TCE-AC / ACE - 2008) A reforma iniciada pelo Decreto n.º


200/1967 foi uma tentativa de superação da rigidez burocrática, e pode
ser considerada como o começo da administração gerencial no Brasil.

26 - (CESPE - TCE-AC / ACE ADMINISTRAÇÃO - 2006) No início dos anos


80 do século passado, com a criação do Ministério da Desburocratização e
do Programa Nacional de Desburocratização, registrou-se uma nova
tentativa de reformar o Estado na direção da administração gerencial.

27 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) De acordo com o Plano Diretor da


Reforma do Aparelho do Estado (1995), os serviços não-exclusivos
constituem um dos setores correspondentes às atividades-meio, que
deveriam ser executadas apenas por organizações privadas, sem aporte
de recursos orçamentários, exceto pela aquisição de bens e serviços
produzidos.

28 - (CESPE – MTE / ADMINISTRAÇÃO – 2008) O Estado oligárquico, no


Brasil, é identificado com a República Velha, e caracteriza-se pela
associação entre as instituições políticas tradicionais e as entidades da
sociedade civil mobilizadas em torno dos segmentos mais pobres e
desprotegidos da população, por meio de fortes redes de proteção social.

29 - (CESPE – MPS - ADMINISTRADOR – 2010) O Estado oligárquico,


modelo adotado no século passado, no Brasil, antes do primeiro governo
Vargas, atribuía pouca importância às políticas sociais, o que fortaleceu o
papel de instituições religiosas, voltadas para o atendimento das
populações mais pobres e desprotegidas.

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30 - (CESPE – TERRACAP / TECNICO RH - 2004) Um governo


empreendedor se fundamenta em alguns princípios essenciais, tais como:
o controle a posteriori dos resultados, elemento que faz parte da busca da
modernização administrativa e que tem sido buscado desde a criação do
DASP, destacando-se, entretanto, de modo mais efetivo, no Plano Diretor
da Reforma do Aparelho do Estado.

31 - (CESPE – TCE-AC / ACE - 2008) A função orçamentária, como


atividade formal e permanentemente vinculada ao planejamento, já
estava consagrada na gestão pública brasileira quando da implantação do
modelo de administração burocrática.

32 - (CESPE – MCT / ANALISTA PLENO - 2004) O conceito de


administração para o desenvolvimento consistia no fortalecimento de
estruturas estatais responsáveis pelo planejamento e pela implementação
de projetos desenvolvimentistas nos quais o Estado atuava como produtor
direto de bens e serviços.

33 - (CESPE – SENADO / CONSULTOR ADM – 2002) A continuidade do


DASP foi assegurada nos governos que se seguiram — Dutra e JK —, de
modo a possibilitar a estruturação dos grupos executivos incumbidos de
implementar o Plano de Metas.

34 - (CESPE – MCT / ANALISTA JR - 2004) O principal mecanismo de


implementação do desenvolvimentismo do período JK foram os grupos
executivos que, embora constituíssem estruturas ad hoc dotadas de
grande flexibilidade, acabaram sendo posteriormente engolfadas pela
burocracia governamental.

35 - (CESPE – TCU / PLANEJAMENTO – 2008) Os grupos executivos e o


Conselho de Desenvolvimento, criados na Era JK, constituíam estruturas
paralelas à burocracia tradicional e atuavam na linha de formulação
política, paralelamente às atividades de rotina. O Programa de Metas
exigia estruturas flexíveis, não-burocráticas, e uma capacidade de
coordenação dos esforços de planejamento.

36 - (CESPE – TCE-AC / ACE - 2008) Com a edição do Decreto n.º


200/1967, o concurso público passou a ser o único meio de contratação
de pessoal para o serviço público.

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37 - (CESPE – MPS - ADMINISTRADOR – 2010) A reforma administrativa


materializada pelo Decreto-lei n.º 200/1967 é associada à primeira
experiência de implementação da administração gerencial no país.
Adotada em pleno período ditatorial, reforçou a centralização funcional e
promoveu a criação das carreiras da administração pública de alto nível.

38 - (CESPE – MDS / TÉCNICO ADM - 2006) O Decreto-lei n.º 200/1967


instituiu maior flexibilidade administrativa para todos os órgãos da
administração pública, reduzindo a rigidez burocrática imposta pelas
reformas do DASP.

39 - (CESPE – AGU - AGENTE ADM. – 2010) A reforma administrativa


instituída pelo Decreto-lei n.o 200/1967 distinguiu claramente a
administração direta e a administração indireta no que se refere às áreas
de compras e execução orçamentária, padronizando-as e normatizando-
as de acordo com o princípio fundamental da descentralização.

40 - (CESPE – TCE-AC / ACE - 2008) A Constituição Federal de 1988


acabou com a rigidez burocrática e possibilitou a adoção de técnicas
modernas da administração gerencial, como a instauração do regime
jurídico único para os servidores públicos federais.

41 - (CESPE – TRE-MA / ANAL JUD – 2005) Com a Constituição de 1988,


ocorreu a descentralização de recursos orçamentários e da execução dos
serviços públicos para estados e municípios.

42 - (CESPE – MCT / ANALISTA PLENO - 2004) Instituído durante o


governo Collor pela Lei n.º 8.112/1990, o Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União choca-se com os ideais ortodoxos expressos na
Constituição de 1988.

43 - (CESPE – STM / ANAL JUD – 2004) O foco das ações do governo


Collor concentrou-se no projeto de centralização da gestão dos serviços
públicos.

44 - (CESPE – AGU - AGENTE ADM. – 2010) Executado ao longo de toda a


década passada, o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado previu
não ser possível promover de imediato a mudança da cultura
administrativa e a reforma da dimensão-gestão do Estado ao mesmo
tempo em que se providencia a mudança do sistema legal.

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45 - (CESPE – MCT / ANALISTA C&T - 2004) As denominadas atividades


exclusivas de estado, conforme definidas no Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado, deveriam ser exercidas por órgãos da administração
direta.

46 - (CESPE – MCT / ANALISTA - 2004) O Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado, documento referencial da proposta de modernização
da gestão pública do governo Fernando Henrique Cardoso, preconizava
separação entre o núcleo estratégico formulador de políticas, que deveria
permanecer estatal, e atividades periféricas, que deveriam ser
privatizadas.

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Gabarito

1. E 17. E 33. E
2. C 18. E 34. C
3. E 19. E 35. C
4. C 20. E 36. E
5. E 21. E 37. E
6. E 22. E 38. E
7. E 23. E 39. E
8. C 24. C 40. E
9. C 25. C 41. C
10. E 26. C 42. E
11. C 27. E 43. E
12. C 28. E 44. E
13. E 29. C 45. E
14. C 30. E 46. E
15. C 31. E
16. C 32. C

Bibliografia
Abrucio, F., Pedroti, P., & Pó, M. (2010). A formação da burocracia
brasileira: a trajetória e o significado das reformas administrativas.
In: F. Abrucio, M. Loureiro, & R. Pacheco, Burocracia e política no
Brasil (pp. 27-72). Rio de Janeiro: FGV.
Andrews, C. W., & Bariani, E. (2010). Administração Pública no Brasil:
breve história política. São Paulo: Unifesp.
Bresser Pereira, L. C. (2001). Do Estado Patrimonial ao Gerencial. In: W.
e. Pinheiro, Brasil: um século de transformações (pp. 222-259). São
Paulo: Cia das Letras.
Costa, F. L. (Set/Out de 2008). Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de
administração pública; 200 anos de reformas. Revista de
Administração Pública, 42(5), 829-874.

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Junior, O. B. (Abr/Jun de 1998). As reformas administrativas no Brasil:


modelos, sucessos e fracassos. Revista do Serviço Público, Ano
49(2), 5-32.
Martins, L. (1997). Reforma da Administração Pública e cultura política no
Brasil: uma visão geral. Caderno Enap, n° 8.
Paludo, A. V. (2010). Administração pública: teoria e questões (1° ed.).
Rio de Janeiro: Elsevier.
(1995). Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília:
Presidência da República.
Resende, A. L. (1990). Estabilização e Reforma: 1964 - 1967. In: M. d.
Abreu, A Ordem do Progresso: cem anos de política econômica
republicana (pp. 213-232). Rio de Janeiro: Campus.
Torres, M. D. (2004). Estado, democracia e administração pública no
Brasil (1° Ed. ed.). Rio de Janeiro: FGV.

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