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Q QUE � HISTÓRIA .PÚ,BLICA?

Os PÚBLICOS E SEUS PASSADOS


1µ , A-v\-'\ffl �-t1-\..::JV N \ �i yLcyV A 1 1 M A- Q.>r?L l�J-
, Nnt,Q h,,v e� A \h �ru A- p \}'g; V l e-A-- � � 1>4'-1 (fi) :
u.;-1,U\ e- Voe 1 '2..o 11. Jill Liddington

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O que é história pública e o que os historiadores públicos fa .zem? Nos LLltimos
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.1 tempos, tcrn havido uma explosão de represenlações populares do passado.
(·1
Tornou-se quase impossível ligar a televisão e não encontrar a. série de grande ·1
audiênàaA history ofBritain, <le Simon Schama, ou o documentário dramatizado
Band of brothers, de Steven Spielberg l , ou ainda Ligar� rádio e não bisbilhotar um
discurso sobre memória e lembrança. O entusiasmo pela história viva domina a

'i· nação. A série The 1940s house, com uma família contemporânea oferecendo-se
para "reviver" o racionamen,o e a blitzkrieg, foi extremamente popular. Tanto
que a exposição J 940s House, do I mp erial War Museum, na qual '17 Braem.1r
�.
't Gardens, West Wickham' foi reconstruída em toda a sua banalida.de suburbana
-para o deleite de hordas de jove,ns estudantes - foi pronogada por duas vez�s. 2

'' Enquanto isso, a revista BBC History, apresentando History togo e HLstory on d1e
[.,,i net, vende mais de 50 mil cópias por mês.
''
1,1! Sim, "o passado é um país estrangeiro"; eles ainda "fa�m as coisas diferen­
tes lá" (Hartley, 1958). 3 Mas, de forma crescente, seja na história de Schama ou
V1, '
'
ll., em The trench t;xperience\ do imperial War Museum, o passado·,popli!ar é apre-
Ji 1. Radio Times, 5-11 mai.; 29 set.; 5 out. 2001. 'i
l:1 2. R'adio Times, 6-12 ja.n. 2001.
l
3: Ver também Lowentlia.l (1985, p, 185).
4. Quando estive no Imperial War Musr.um, minha roupa enroscou no a.rame farpado e havia desespero
:•,, 'rea1' na voz do 'Capitão Ne\.',•n1an' das trincheiras.
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11,
32 lntrocuçao � Hrstorl� PutllcJ O qu� é h ,rória p11bllca? 33

sent.ido çomo se estivesse logo ali, dobrando-se a esquina. a um mero estalar de estamos perdendo a chance dP pPnsar sobre o que quert?mos dizer por "públiro" e,
dedos. Não{• preçbo passaporte ou lima longa viagem; você sú Lem que usar o com isso, perdendo a oportunidade de apcrfoiço�r nossa própria prática?
çontrole !'emoto da TV, clicar com seu mouse, navegar pelo History Cliannel 5, e O que quero fazer aqui, portanro, é explorar significados P usos amplos
instant/lneamen,te - muitas ve1.es, prazcrosamente - você estará lcí. de "história pública", feitos tanto por profissionais quanto por acadêmirns, ini
O passado, ou ao menos suas formas populares, está a nos rodear. E pas­ cialmente aLravés da comparação com a história oral; em seguida, rastrear como
sado significa negócio. Produtores de rádio vasculham seus contatos cm busca estes diferentes significados se desenvolveram - primeiro nos Estados Unidos,
de histotia�lores cap,1zes de resumir o pesquisa atual cm umas poucas senten depois na Austráli.a P., por fim, na Grã.-Bretanha.� Assim, quero invesligar o que
ças. Até as associa�õcs acadêmicas de elite debatem "Os historiadores e seus entendemos pela palavra-chave "público" (em opo:;ição a, digamos, •o povo", "a
públicos".n O pioneiro Ruskin College, cm Oxford, oferece um Mestndo em His­ sociedade" ou "as massas"), verificando se os teóricos sor.iais e cultura.is podem
tória Pública, enquahto outras instituições dão cursos em história aplicada [c.rp­ nos ajudar; e, enfim, consicier,1r como essa teoria ajuda historiadores públicos
plied histo,·y) ou eswdos de patrimônio [heritag e swdies] com um componente de em nwaçâo - cilando exemplos de boas práticas q"e atravessaram meu caminho.
hisl ória pública. 7

Então: agora somos todos historiadores públicos? Será que todos os que se
\ HISTÓRIA ORAL, HISTÓRIA PÚBLICA
debruçam sobre o passado com a participnção do público (sejam eles visitantes
de museus, telespectadores ou grupos de estudantes) é um "historiador públi­ Fale em "histól'ia oral" e muitas pessoas itnaginarao uma entrevista, um gravador
co"? A "história pública" é um guarda-chuva tão acolhedor a ponto de oferecer e talvez uma transcrição: normalmente uma pessoa mais velha irá "relemb 1·ar" e

r,1 abrigo a todas as formas de história "popular" - seja ela a história oral ou a "his­ essas "memó1ias" serão usadas de várias formas: livretos com as "testemunhas
tória dvs povos", a "história aplicada" ou os "estudos do patrimônio"? A resposta, do ontem", o programa Ard1i-11e Hour da Rádio KHC, ou uma sessão de reminiscên­
1:i
provavelmente, é lUTI generoso "sim": deixai quP mil flores desabrochem. Sem cias numa CMlil. de repouso. Hoje em dia as pessoas "entendem" a prálica da his­
dúvida, cm conferências recentes, ouve-se uma ampla gama de profissionais tória oral. Contudo, como objeto de estudo no Ensino Superior ela se torna um
'1 historiadores orais, educadores de adultos, arquivistas experientes - alegarem, tanto mais desafiadora. Se considerarmos mn curso de pós-graduação bem esta­
-, com um t.lnto de mistificação, que "até ouvir a frase 'historiador público', cu não belec.ido, veremos que ela explora �as questões éticas e epistemológicas colocadas
:!1 tinha percebido que fiz isso a minha vida toda. /\gora eu tenho um rótulo". pela relação entre narrador e pesquisulor. (...) fe] entre memórias, n;rrativas e

Enlret_anto, uhistória pública'' é um conceito escorregadio. E o desafio de identidades".9 Claramente, os esludantes depMJm objetivos mais complexos.
E assim é, a meu ver, com a histórPJ pública - erubora muito menos en­
uma abordagem l\CUmênica é, creio eu, que a expressão seja u�ada em tantos
raizada na Grã-Bretanha do que a história ,J1"<1l. Quando se menciona "história
'i'1 i.cntidos - tanto na Grã-Bretanha quanto inl'ernacionalmente, por profissiona_is
·Y, e ac;idêrnicos - a i:,, ,nto de se tomar desconcertante. E se "história pública" é me­
pública", as pessoas ainda torcem o na, iz devido à falta de familiari<lade. Quando
1,I recebem uma definição dpida, eles e11t.io acenam positivamente (e te contam
ramente um novo nome para aquilo que nós já estávamos fazendo, será que não
com entusiasmo sol.,re o episódio de Spidberg que acabaram de assistir ou sobre
.1 5 Di.,ponívct rm: vnvw.hislorychannel.,om (l!UA), que indui: This tlay in 1 /isc.•1'\I,
' . Rdive lOI.I )'•"'" Cli,k o museu qut! visitarnm). Assim, par..i manter dara em nossas mentes essa dis­
if hm·, e um quadro de Pati·ocinado,·�.• (indu.iri<lo n rede d,; hotfo Holidny lnn).
tinção acadêmico/proí1ssional, podemos considerar a prtfricn da história pública
jÍ I 6. T!tulo da conferencia d� Royal Historical Society (R.HS). abril de 2001 (University of York).

"'··�t,1
7. Simon Dilchfie:d: "ft pays to hdp the publlc to meet the .uicestor,". Times Higl,,,r F..durntion Supp/e­ 8. Hec:r>nht-ço u1na inclinação anetofoní!.; mas espPro �ue 1sto in ide o dcbalu �111 ontrl.iS c,druras.
n,�11t, 20 ahl'C. de 2001.
�- Unive.-sity of Sussex, L,f� Hismry R,•,e,mh: Oro/ Hlstor; and Mass-Obse,vntion (mest1ad oi.

�I
r 34 lntrodJçàO à Hisr,ó,ia Pública

como sendo a ,l presentaçáQ popular do passado para um leque de audiências -


por meio de museus e patrimônios históricos, filme e ficção histórica. Mas, assim
ü que é história públlc.a? 35

espaço público; o periódico Ihe Public Historian [O historiador públicà], também


proveniente de Sant� l3árbara, auxiliado pelo fundo Rockcfelle� e 'patrocinado
pelo novo Natinna/ Council on Public Histoty [Conselho Nadoiial de Histó1;_a Pú-
como no caso da história oral, se no.'> voltarmos pan aquilo que os estudant· e s de 1 •
blica]. reuniu um corpo editorial que induía não somente universidades de elite e
um cuxso <le "história pública'' poderiam aprender, isso também se torna. mais_
o Oral History lnstitute, bibliotecas e museus, mas também c:i US Ôepaxtment o(
11 complexo. Considerando-se wn respeitado curso de pós-graduação, os estudan­
1 t es lidam com "história pública e iden �dade", "lendo museus: gêneros e h istóri.a",
State Office of the Historian, o Wells Fargo Bank e o US Army Centre of Milit;u-y

J a "economia elo patximônio". 10 Mais uma vez, esta.mos 11um terreno bem mais
History. Governo, capitalismo, exército. Nos Est;idos Unidos, 'esta perspcctiv<\

f desaft a<lor do que mn mero clique no History Channel. Assim, o estudo <le his­
corporativista .foi logo alvo de ataque - por parte, por exemplg1 d9,- liistoriador

;
oral Ron Grele, que decfarou furiosamente:

lr
tória pública está ligado a rnmo adquirimos nosso senso de passado - por meio .
ela memória e da paisagem, d. os arquivos e da arqueologia (e por consequência, é A ''história publica" ( ... ) não tem nada de novo. Ela está ocupando campos há
muito ocuparlos por historiadores nào acadêmicos (. ..) [como] ds pr'oj:etos de
claro, do modci como esses passados ;ào apresentados publicamente).
história conmnitária ( ... ). Como o rnovimenlo da história p�blica igngro).1 estes
Fiz estas distinções - que espero que não sejam enfadonhas - porque dis-
1 cussões sobre história pública rapicl'amente se dissolvem em perplexidades do _debates, ele parece ter aceitado uma ideia bem mais limitada,da profissão (...).
i\ Ser um histo1iador parece significar ter um t•mprego, ganh�r a vida, cavar �m re­
tipo "mas o que você quer dizer com ... ?''. Isso porque o «significado" de história fúgio seguro (...). [A história pública] nos promete uma sociedade na 9ual um p,t­
pública parece variar de acordo com u cenário - profissional ou acadêmico. Em blico �mplo participa na conslrnçáo ele sua própria história (... ) . ! Do �ontrárinl.
todo caso, na Grã-Bretanha esses dois mundos são mai.s separados a cada dia. ela irá ( ...), na pior das hipóteses, desviar nossas energia.< para o oportunismo
1
Neste texto, eu escrevo conscientemente para ambos: para profissionais e tam­ pelo statm quo. (Grele, J 98), p. 44-8)
bém para acadêmicos da história pública. De Cato, a "história pública'' rapidamente se tomou um território muito con­
tes lado nos Eslados Unidos. A geração dos raclicais do Vietnã desafiou as reivin­
dkações da velha elite,brahca à posse exclusiva do passado; ela criticou as nos­
ÜR1GENS DA HISTORIA PÚBLICA : ESTADOS UN IDOS
tálgicas aldeias-rnuseu [museum vil/ages) financiadas pelo capital privado (como
História pública é "o novo nome para a hist ória mais velha de todas". Aqui, p orém, o Colonial Williamsburg, de Rockfe.Uer, ou o Greenfield Village, de Henry Ford)
Jti em vez de uma genealogia detalhada, precisamos apenas lembrar a nós mesmos que "distorceram o passado, mistificou a forma como o presente emergiu, e aju­
�i que se pode remontar as origens da história pública a meados da dêcada de 1970
t dou a inibir a ação política no futuro" (Wa!Jace, 1986, p. 146). Ao imrf's do novq

i' 1
e ao desemprego entre os formados - e, em particuJar, à University of California,
Santa Barbara (Davison, 1 991, p. 4). u O historiador fundador dali declarou: "A
movimento da nova histótia pública, esses historiadores olharn111 par_a trás: para
, as iniciativas do New Deal de Franklin Roosevelt, na dé cada de 1:1. 30 .' Roosevelt,
1,
história pública refere-se ao emprego de historiadores e do método histórico fora lembrando zombeteiramente que as Filhas 'da Revolução A mericao.a eram t<\rn­
;, 1 da academia ( ...) . Histori.adores, públicos estão a trabalho sempi-e que, den t.ro de bém descendentes de imigrantes, desafiou as reivindi.caçóes da elite pe.fo passado
,j"1 suas qualificações profissio1}aÍS, são parte do processo público (Kelley apud Da.vi­ buscando dar ao I:stado federativo "uma abordagem da históúa pública que ex­
,.,,:i,;;'I son, 1991).12 A ênfase, aí, recai sobre os profissionais e sua e mpregabilidade no panr-lisse a definição de histórico ( ... ) (e] pudesse competir com o Qapi'tal privado
�·
1,
10. Univer•ity <of York, f-füt�•-y nnd Heritage (mestrado); www,}'Otk,, r_uk/tlepts/hist. como guardião da memória pública". O Estado provou seu poder. Mais de m.iJ

wV
1
• ' 1

l l. Para cutros cursos de história aplicaC.3., ver também Schulz {1999, p. 31). arquítetos de�empregados foram contratados pela Historie Americ�n .Builcling
1 ,.
, 12. Kelley era 1un historiado, do meio ar.obiente e G, Wesley Johnson, um histotíador da África. iuteres­ Suxvey para medir e fotografar edifícios·· - "enraizados em tradições e memórias
s,.do em história local.

1
:1,.1
36 I ntrodu ção � História Pcl>l,ca
0 Que é lmtórlõ p úblicz· , �7

locais", d.esconectadas dos famosos pais fundadores. A Works Progress Admi­


balhar com acadêmicos, incluindo um siskma pelo qual historiado res con t ra­
nis tralion tolócou escritores e histor iadores para trabalhar, descortinani:lo os
tados visitam uma localidade gerenciada p·e lo NPS e escrevem um relatório de
.lezados da luta de pessoas comuns (embora esta história pública populista tenha
avaliação independente. 1c De modo si miÍar, o NCPH - cujos membrns incluem
sobrevivido escassamente à guerra fria) (WaHace, 1 986, p. 1 49-50). A4ueles. hi�
histo1iadoros orais e guias de museus, historiadores de empre s as e do governo
toriadores' radicais, que criticavam a lústória pública feita com capital p rivado ,
- organiza conferência$ conjunta s com a Organization of American J-listorians
também �_rgurnentaram contra a produção de "irnagens d o passado para nosso
(OAH). 17 A revista veterana Rudical Histor/Revi�w, por sua vez, desenvolveu uma
conslLmo,passivo" (Frisch, 1986, p. 12), em lugar cre p rojetos sobre "o que fazer
i;eç.ão de história púhlica com a discussão d1;>s sítios de memoria [lugares de me­
para tornar as memórias ativ a s e vivas" (p. 16-7) - um tema de história p artici -
mória] no Chile de Pinochel e de como ''mudar o público" significa agora que
pativa ao qual retomarei adiante. até o Monticello e s cravista ele George �Vashington "já nào é o que cos tumava
Então, como a história pública se coloca nos Estados Unidos ap ós a virada do
ser". 13 De fato, a histór.ia pública está viva e i ndo muito bem nus Estados Uni­
milênio? Vocacionalmente, da está bem orga· nizada dentr o das urúversidadcs. O
dos. Como um templo amplo, ela abrange um brgo espectro polítjco, que vai dos
Nationa:l Council on Public History (NCPH) lista mais de 50 programas de p ós ­
poderosíssim os monumentos d o capita) privado, mmo o WilliarnsburgH, até os
•graduação, normalmente com curnus básicos f'm História e Po líticas Públicas,
proj e tos <le base, passando por grandes agências federais, como o N PS. Os Esta·
·\ e coH\ optativas como História Oral, Administração de ArqLúvos, Planejamento
dos Unidos podem ser um tanto isolacio1i i s l as, muito pouco críticos em relaç5.o
de Cidad,� s, e História Ambiental. Os estágios para e�tudantes abrangem um le­
ao que exportar Hollywoo<l- como história significa globalmente; podemos achar
que cultural amplo: a Howard University, de Washington, oferece a Association
seu modelo de compra/venda comercial demais. Mas eles oferecem exemplos ins·
for the Study of Afro-American Life and History [Assodaç..1 0 para os Estudos

lr
piradores de historiadores trabalhando pLLblicamentc.
da Vidq e da Histó ria Afro-Ameücanasl, ao pass o gue a Midclle Tennessee State
University, próxima a Nashville, oferece a Country Music Foundation e também
!: Graceland, Memphis. As c olocações (empregos obtidos por graduado s t reinados) HISTÓRIA PÚBLICA EM ESTILO AUSTRALIANO
li
'i
,i incluem os gj. gantcs Na tional Park Servi� (NPS) e o Smlthsonian InstiLution, u
A "hist6ria pública em estilo ausl ra.liano", de inspiração radical e pensamento
1, US Senat,e Historical Of6ce, e tan1bém o Wells Fargo Banl<, o Gene Autq Mu- .
l semn. e o Lower Êast Side Tcnement Museum em Nova York (NCPl:--l, 1996) .J 3 E
revigorante, desenvolveu-se ligeiramente mais tarde do que o m ovimento da
história pública n os Estados Un.idos20 e, em parte, como crítica a eele (embora
recentemente os alunos empreendedores da Univers ity uf Maryland criaram o
compartiihando sua preocup ação com questões empregatícias e vocacionais). Ela
websile do Public History Resource Center. l<
atuou co m ene rgia, por vezes com uma c.rítiça mo.rdaz aos h istoriadores univer-
Alguns académicos americanos permanecem cínicos dianle da história pú-
blica, considerando-a infrutífe ra ou op o rtunista. '5 Mas o inovirnento da história 16.Disponive.l em: www.n.nps.gov/history, e no Dirn.- 1 01· ;,of
NatiM.J.l Pa.rk Serviçc Histmians, ?00. l .
Agradeço a Constmcc Schulz por me apresentar a f1wight Pitcalthl y
iif.., pública oferece excel f'ntes exemplos de colaboração cri a tiva entre acadêmicos e
grata a º"�ght e !.,aura Fell•.r pela disCl.lSSiio tWuhlngtou,
e , historiador-d,efo da NPS. Sou
maia de 2(101 ) .

1 :r
: 1 profissionais. O NPS gerencia tanto paisagens (o Grand Canyon, por exemp lo) , 17. Confira em: www.ncph.org.
quanto edifícios históricos (coino a Casa Branca), e desenvolveu maneiras d e tra- 18. Ent.revisca com Mike W.Uace: Radical Hisrory Revie:v, v 79
, 2001, p. í,B. Disponiv�I em: chnm.gmu.

I\, �r
eduhhrirhr.htm. A RHIÚniciou su� seção ele hísi&ia pública
cm l.987. Ap,radéç<J a Dave !Gnkcla por ístó
13. .l\gradeço a Lam·a f.eiler, historiadora do NPS. Ver também Ritchi� (2001). 19. "Torne-· se. um membro da Colonial WiUiamsburg Foundati
.• on o aj ude- 110s a i:ompart.ill·,•r as lições do
14, Col\fira em: w�s. pi1blichis tnry.org. Concebido profissionalrnenle, o site inclui resenhas e di<:as sabre nosso pa�sado 1..om as jovS'ns mentes �fo- ho j t:!'"1 Jiz o folheto com inc�ntivo
:'k) , s a.os coaLribuidoti:s.
,, vagas de emprego, e oferece esthnulos pao "'se[ ofid,1hnente reconh�cido como um EdHor J\ssodado". 20. Sobre "" acei ta.çlio ii-refletjda do credo pmhssio1ml baseada
num modelo co11,;e11Sllal liberal de socieda­
15. Con:o amavelmente defende Cantdon (1999).
· l .{ de" pelos Escadas Unidos, ver Rickan:'. e Spe;mit. t (1 991, p.
3) e Davison (1991, p . 14).

tj + ;
38 lntrocluçiio.:, \\i�•.c',ria Pul1lica o que & histón� póbtlc�? 39

ilidade empregatíçiaj. "A his­ indagou brilhantemente (embora muitas vezes idiossincratic.arne1�te)' a respeito
sitários, refestelados no langclr de seu tenure [estab
o. f)'.istoria dores autônomo s de como sabemos s obre o passad o. "A resposta simples é", -respohde;1 provocati-
tória enb:ou no merrndo como nunca h avia ocorrid • 1

os", relatou com simpa­


atuam por necessidade, co rno donos de pequenos negóci vamente, "que nós lembramos coisas, lemos ou ouvimos hist61·ias· e crônicas, e
, a Jústoriadora mirim",
tia a Australian Historical St:udies c itando "Phyllis Phame vivemos entre relíquias de tempos passados" (Lowenthal, 198.'{ p. 185). A partir

o extravagante alter ego da rec:ém-


formada Professional Historiaus' Associati on diss o, sugeriu, a memória é par ticularmente complexa: nós chegamos a revisar·
era intrépida , le'va­
(PHA) [Associação de Historiadores Profissionais]. Phyllis nossas p-róprias memórias "para adequá-las ao passado que é lembrado coletiva­
ca, vendendo suas
va uma vida independente exercitando sua formação históri mente e, gradualmente, parar de distinguir entre as duas coisas", procurando em
d &. Spearritt, 1991, p.
habilidades ao público, construindo uma carreira (Ricka.r vez disso ''conectar nosso passado pessoal com a memória coletiva e a história
a Public 1-Jistory Review,
1-2).21 E em 1992, a PHA lançou a fresca e mal humorad pública" (p. 196). Ele condwu: "a função primordial da memória:, então, não é
:t 1,
alinhando a história pública com a história comunitária.22 preservar o passado, mas ad aptá-lo de modo a enrique cer f! mane1àr o presente"
1 :
q1.tanto na
Na Austrália, a história'públic:a engajou-se tanto pol.iticarnente (p. 210). Sinton1aticamente, Lowenthal, que ocupa um rico domínio Jj. terário do
vertida ment. e como
prática, lutando em batalhas c omun itárias - mais cuntro
r\
meio-Atlântico, não é nem um historiador oral, nem um histoüaq9r público - e
l, subindo sem
"historiadores da linha de frente" ern 'Sydney, entrando no tribuna de fato está tão distante quanto possível da história cornunitária. 25
sos interrogatórios pe­
medo no banco das testem unhas, submetendo-se a ardilo De forma mais controversa, a discussã o sobre patrimôni o foi particularmen­
ios industriais da
los conselheiros da cidade, para defender e preservar subúrb te desencadea d a pelas ameaças "socialistas" aos palacetes, em meados da década.
11 E p or fim, é
dasse trabalhadora tradkional - literalmente, na linha de frente. de 1970. As cam panhas Heritage in danger, dos la tifundiári os , explodiram num
história da terra dos
claro, a Austrália teve que repensar sua própria história, a imagina tivo debate intelecli.ul uma década depois. On living in an old councry, de
uadrôes chegaram de
australianos nativos: desc\e.1.788, quando o s primeiros esq Patrick Wright (1985), escrito quando ele retornou à Grã-Bretanh-l- de Thatcher,
re s , até a visão, dos
Plymouth à enseada de Sydney na: qualidade de colonizado
revitalizad o pela
. vida no exter ior, maravilhava-se com a nostalgia nacional pelo
o formar-p ara o­
.Europeus como invasores.1 Embora a ênfase permaneça sobre
4
passadismo ancestral. Sugeriu que poucas tensões eram tão carregadas, quanto
com sua energia
-mercado-de-trabalho, a "história. pública em estilo australiano",
as ·existe ntes enn·e os interesses do capital privado e a preservaçã o de patrimô-
�-

polític a e i ntelectual, é uma inspiraçã o a mais.
nios históricos - e e.le mirou n o National Trust, um dos maiores pro prietário�
de terras da Grã-Bretanha, que, "quando se trata de política e nã o de devaneio

1:
1
GRA-8RETANHA: PATRIMÔNIO E MEMÓRIA histórico-naci onal, simplesmente cochila" (Wright, 1985, p. 53, 55). �inda mais
uírjco e controverso foi o pe s simista The heritage industry: Britain in a clim(lte
Os debates mais ruidosos na Grã-Bretanha acerca do nosso senso sobre o p assado
j' of decline, de Robert Hewison (1987): "conforme o passado começa a se erguer·
não se deram em torno da "histó ria pública", mas do património e da memória
i nacionais. Eles foram liderados por \tm novo ramo de /andscape hist01ians [histo­
s obre o presente e obscw·ecer os caminhos para o futuro, um� palávra pani.cula1·
li sugere a imagem em torno da qual se aglomeram outras ideias �obre o passa­
.' riadores da paisagem], geógrafos históricos e teóricos culturais. 171e p ast is a fo­
do: patrimônio [heritage.]". H.ev,,rfson também atac ou o NationaJ Tru.st, há muito
1, reig11 country (1985), de David Lowe.n thal, um historiado dgeógrafo proustiano,
1 1 temp o "o feudo" dos "condes das amenidades", e desferiu llm ataque valente ao
1
1
11 21. Ver também :Phame (1991 ); Kass e Liston m)91). desvendar a entrelaçada "p olítica. de c!Jentelismo" da "indústria" do patrimônio e
'1 1 22. Ver Aslnon e Harnilton ( 1996-7, p.1 './-3 ). Agradeço a Paul pelas cop ias .
,!· 1,
25. Ainda a.ssi!n. Da11iJ Glassberg (1996 ) estimulou wna me,a.-re,fonda que indufa, r..o,yct\thal e PrLsc:h.
.1 ,, ! 23. Ver Mo,garc (1991, p. 78 cm diante}.
, } 24. Parn apresentaç.ões de museus. ver Ora/Hi,tc1,,. \'. 29, n. 2, 2001, p .. 21-2. Ver 11w Public HiitPrian, v. 19, n. 2, 1997.

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4() tnuoduciio à H,srór,a Púbt,c� O ql!e é h,;tória p0bt, ca? 41

a polit.izaçâo thatcherista do escablishment d a cultura após 1979 (Bewison, 1987, -Bretanha e m meados d a décnda d e l !190. A revista Om/ Hislor)' lançou, e m 1 997,
p. 31, 55, 1 11, 118).� uma nova seç.ão de história pública, focada em ''usos e representações públicas
Sa:htaudo "o patrimônio das pessoas" destes "destruidores de patrimônio", de hislória oral em uma grande va1;edade _de mídias", oferecendo novidades dos
RaphaeL Samuel surgiu como um inesperado defensor. Seu afeLUosamente ecléti­ Estados Unidos e da Austrália e enfatizando qliestões globais, como migração e
co T11e(ltres o( memory (1991) celebrava o "conhecimento não oficial" e a memória novas tecnologias, corno web siws (embora os Leitores perma necessem confusos
poplllar,' corítra Wi-ight, o "reacionário chie", e Hewison, o "àristocrata conspira­ a respeito do que "história pública", de fato, ef�).w Outro dos pioneiros foi, sem
1
dor". Sal.n11el traçou as raízes de "patrimônio" até os desfiles da "Marcha pela His­ dúvida, o Ruskin College do próprio Raplrnel Samuel, urna escola para alunos
tória''. socialis_ta dos anos 1930 e os parques nacionais do governo Attlee (Samuel, adultos, que oferece desde 1996 um Me�t.rado em História Pública em tempo
1 99•1. p. 207, 210, 242, 297). Patrimônio, ele afirmou, teria menos a ver com parcial. Seu programa inclui o estudo de memória popular e história visual - jun­
casas de campo e mais corn humildes casebres provincianos, com a preservaç- ão tamente com um grupo de discussões . ;;obre história públic.a com o objefrvo de
de anti. gas técniças artesanais (como as associações de ferrovias a vapor) e ativi­ "atravessar o abismo entre o estudo acadêmico e o mundo real":Y.i Desde '..W00,
da des plebeias (como os vendedores de barraquinhas "retro-chie"). Ele atacava o Rusldn College também tem organizado congressos bem sucedidos sobre his­
a condescendência dos heritage•baiters, chamando-os de esnobes literá1ios rni­ tória piiblica, baseados em oficinas participativas que atraíram alunos adultos
\ sôginos, e procurava, ainda que brevemente, nos Estados Unidos e na Austrália e family hi.çtorians, curadores de patrimônio e professores universitáiius. Com
inspiração para a história púl>lica (Samuel, 1 994, p . 265, 267, 274, A�envord; certeza, isto foi o que me trowce à bjstó'íia pública.
Man<ller, 19"97, p. 474). Meu trabalho original era como pesquisadora da BBC. Foi só após deixar o
jornalismo para t..rás e me mudar para o Norte, em 1974, que me envolvi pela
t, primeira vez com a Oral History Society - quando Paul T hompson e Raphael
H t sTúRIA PÚBLICA NA GRA-8RETANHA: ÀUTOBlOGRAFlA
Samuel encorajaram JiU Norris e a mim em nossa experi�ncia com o sufrágío
(Liddington, 1977). Desde eutâo, traballiandc> na educação ele adultos por toda
Contudo, em vez da ''história pública", o que emergiu na Grã-Bretanha foi o En­
WcsL Yorkshire, me envolvi com proj l:'tos de história comunitária - escrevendo
gLsh Heritage (um quango'1 com fundos governamentais criado em 1983).7" As
lj, livretos com aprendizes mais velhos, organizando exposições locais, trabalhando
tentativas de introduzir a "hist6ria pública'' vinda da América nunca deram cer­
j
em colaboração com museus e bibliotecas. •·
�½ to. O History Works hop Jou mal, com um antigo interesse na história em fi.lrnes,
1 Então, em 1999, fui convidada pelo Labour Women's Coundl local, com o
por exemplo, "tinha inaugurado uma seção, em 1995, destacando museus, tiri­
qual eu tinha uma vaga ligação, para ajudar a cel�brar seu centenário. E:m 1 950,
rl nhas cômicas e história online - mas a c:hamo\l de Histor.y at large (Históiia como
1 seu meio- centenário foi marcado por uma cerimônia pública. Será que eu idea­
um todo] . ·
j 1

fv"lais pexsuasiva foi a energia poderosa vinda da Austrália, que atingiu a Grã-
lizaria mais uma cerimônia pública? Depois de objetar que "eu não faço diálogo,
l eu não sei fazer cerimônias públicas", em algu m momento sugeri organizar uma

1
·i, ?,6. flmbora esta obr.a seja útil p:1ra as hipocrisias (o fed.am�nto de bililiotecas públicas, por exemplo).
exposição. Após alguns encontros, ficou claro que eu teria que cumprir a maior
ela se torna 1.:.m pouco infl an1a da na medid a em que se apro:dm;i d.o presente. Par:i.l uma dc:serição roais
ponderada'., sob u""' puspectiva difere.nte, ver Mancilet (1997, Epifogue). 29. Agr;,deço a Alistail Thomson, pela conver,a na Oral Hi.srnry Sociely wníe.rence (2001): e tam­
, 1.ia.si 1ion.., gov�.n:m1ew
27. N. T...; A.exprnssáo qmmgo, mu.ito- utilizada no Reino Unido, é um acrónimo pàta 7
''] hfm a Stephen Hnss�y, por seu c-r.,ail honesto (20Cf1f" S� n 1'évista Oral Híswry n;i,, tive�se 11m editor
! 1 tal c;rganisa:tion, aostralfano t,eria esra inovação acoptt:1ddo't
!�1 Ji
28. Ver o c!osslé The de b::r�fpubHt historyiri "/311rop• ('füd'uhlic His1;oriar1, v. 6, n. 4, 1981) e, espeualrn.mte, 30. Ver <•.�1/w.rnskin.ac.uk/prospecl us/hlst- ns.htn ;. Agradtço muito a Mi]da Kean pelas wnversás. Ver
1
j
(
1;
l1eck (1984). Kean et ai. (2000).

• ,1
1 -,

.
1 .
42 lntrooução ii História Públíta O que é história públ,ca? 43

parte das demandas no meu tempo livre - pois um projeto desse tipo não se cativa - a Royal HistoriGtl Society (RHS), que talvez seja amai� t.radicionalis�.a das
coadunava c.om as exigências do Research Asse:;sment Exercise (RJ\T I) das mü­ �ssociações pro6ssionais de historiadores.31 Jordanova deu o tom d,\ discnss�o.
versi.dades. A exposição The vanishing ce11tury foi lançada corn suc.esso na Ha.li­ argumentando que a história pública deveria ser motivo de preocupação de todos
fax Librar-y, no Dia Internacional da Mulher de 2000 e, em segui.da, excursionou os historiadores (e que suas diferentes definições eram apropriadas par.a seus di­
pdas bibliotecas do distrito. Contudo, com os constantes ataques sofridos pelo ferentes contextos). Também participavam Jan Kershawe Laurence Rees, da BBC,
movimento sindical, o processo era muito desafiador: como oferecer à nova gera­ que trabalharam junto,5 no b<>m sucedido Nazis: A wamingfrom history (1997).
ç.ão o acesso a este mundo evanescente, de inten"sa.s identidades locais e reuniões Jord,mova e a Royal Historical So�iety sugerem outro tipo de 1:1rátka, por
laboriosas em saguões mal aquecidos. meio da qual uma elile profissional - intelectuais não apenas' "treinados", ma�
r::oi exatamente neste momento que encontrei um cartaz anunciando o con­ com alto grau dé rigor, dialogando regularmente entre si por .meio de publicações
gresso sobre história pública do Rus1<ln College ("atravessando o abismo entre a e conferências - estaria capacitada (em colaboração com empresas de radiodifu­
torre de marfim e o mundo real"). lsso foi muito oportuno para mim. A "história são, editoras, museus) a al'cançar um público amplo, bem mais amplo que aquele

pública" parecia oferecer wn ç:enário receptivo (da maneira que o "pat1imônio" que lê suas monogratia.s acadernicas encadernadas. Dessa forma, I<ershaw falou
\
não fazia) para os mu.itos prnjetJ1s com os quaís, há muito tempo, eu eslava en­ em alcançar de 30 a 35 milhões de espectadores pelo mundo com sua série Nazis.

volvida. Falei sobre a exposição em Ruskin31 e retornei no ano seguinte parafa1ar


·
1 Seria este o acesso à excelência - a "maioria" lendo, escutando, assistindo, visi­
tando, consumindo "o melhor''? Os críticos desta a�ordagem fafam de uma "hi­
sobre "Posicionando a história pública?". O que está em cena é urna proposta . de
!lerizaçào da história". Mas, se isto é meramente histór ia-como-entretenimento,
história pública inclusiva e democrática, com ênfase não na "compra" do pro­
será que devetiamos lamentar a passividade dos rnilhões de espectadores'?
fissionalismo de uns poucos historiadores, mas sim nas 1111�itas pessoas tendo
acesso às suas próprias histórias, com os hi.storiadores ajudando a ''devolver às
pessoas a sua própria história". PúBLICO E PRIVADO

Deste brevíssimo levantamento sobre lüst6ria pública, fica imediatamente evi­

( HISTORIADORES E SEUS PÚBLICOS dente que nâo há uma resposta única para a questão "o que é histótia pública?",

1p Mais recentemente, os historiadores acadêmicos começaram, enfim, a prestar


uu mesmo "o que fazem os hist01iadores públicos?". De fato, até mesmo a per­
gunta "o que é um historiador?" revela uma grande diferença .entre, poT um lado,
atenção - uma entrada na "fortaleza da lüstória", de fato. Aqui, uma historiado­
a ênfase da Royal Historical Society e de Lu.<lmilla Jordanova cm uma disciplina
ra se destaca particularmente: Ludmilla Jordanova ajudou a colocar a história
acadêmica crítica baseada em networking e; por outro, a ênfase de Raphacl Sa­
pública no mapa. Seu History in practice (2000), que introduz os estudantes aos
muel na democra ti7.ação da história - "todo mundo é um historiador".
:11 T}á
L 1
ma.is novos desenvolvimentos disciplina da história, inclui um importante
A palavra "público", talvez, seja ainda mais perigosa. Se pensarmos rapida­
capitulo de "histói:ia pública'' - que trata de "passados utilizáveis"; gêneros e au­
mente em todos os seus usos corno adjetivo, as complicações ficam evidentes:
�' cliências; política e história pública (Jordanova, 2000, c;ip. 6).
."relações públicas" e publicidade, mas também a "opinião pública", "interesse
·11 A isso se seguiu o congresso Historians and theil· publics, na York University, público", "serviço público", e também o Public Works Administration, de Roose-
i promovido em colaboraçã.o com - e· isto foi o que a tornou particularmente signifi-

\i
1
32. Outros palestrantes foram l'atTick Wright, Mattbew Evan., (chair of resuurce), Coru:tal]Ce Schulz e
31. 'lhe va11ishir1g cemu,y: Living. losin&, ,·,rrie,,ed. di.<playeii - maio de 2000, the First National 'Pub.lic His D.ive Peacock, quf: com Sim on Dítchfielcl, ela Yor� University, uforeceu um H'efitage Strjdies a.� npplied
1

tory Conference, Oxford. hisrory Hlll'CE/PDTL project 1996-9.

j/ 1 1
1 Í
44 nuodução ,1 His1óriJ Publica O <;ue é história pública' , �S

velt. De fato, os porte americanos envnlvem a palavra "público" de significados pi'1hlic.a - com a vefüa esfera p(tblica liberal sendo "substituída pelo mundo pseu­
especiais, que qascf:!m de um ideal de cidadania incorporado em sua Constituição dop1íblico ou falsamente-privado da culttLYa de consumo", um "p(iblico ma�sivo
e em sua Carra <le Direitos.33 de consumidores culturais" (Habermas, 198!), p. 164-8). Hal>ermas d escreve isto
Será que poder.íamos voltar aos teóricos cu/tumis em busca de uma ajuda? de forma conrundente:
Em Ke ywords, Raymond Williams deu mais atenção às "massas" do que ao "plJ· A nova midia cerceia as reações de seus de.,IJnatarios de um modo peculiar(...).
b.lico" (1976, p. 192-7); os historiadores de gênero escreveram longamente sobre Ela o� priva da oport1midadc de fulRr alguma roi.sa e de discordar. A disrnssiio
a "esfera pública" masculina e a "esfera privada" feminina - mas com foco no rdtica de um público l.eitor tende a dar luga.r a "intercámb10:. de gostos e prefe­
rénci;as• �ntr<' consumidores. (1989, 1'· 171)
debate sobre a "separação das esferds", e não na história pública.3{
Assim, voltei-me ao sociólogo frankfurtiano Jürgen Habermas - embora ele Para ele, "a grande massa dos consumiclores cuja receptividacie [à cultura de
mal seja menlionado na literatura sobre história pública. 3
; Seu texto fundamen­ massa] é públka, mas acrftica" (p. 175, grifo meu), é relegada a displays imôveis,
tal nesse âmbito, The structural transformaLion of the public sphere, foi publicado com a "publicidade representativa", aos quais o público só pode reagir pela dcla­

na Alemanha em 1962, mas não esteve disponível em inglês até 1989, donde de­ mação ou pela negação <la aclamação uma democrac-ia cultural plebiscitária, em

corre a leve sensação de distância ern relação a ele. Contudo, foi escrito de modo lugar do discurso crítico ativo que caracteriza a velha esfera púbUca (Calhoun,
\ 1991, p. 11-2, 26-7).
sucinto e bem traduzido - resistindo às provações do tempo. Habermas é um dos
poucos leóricos sociais que discutem os sentidos mutáveis da palavra "púbUco" Escrevendo no contexto d(\ fim-da-ideologia de 40 anos atrás, Habermas

- e, assim, ainda é útil para avaliar o consumo popular (muitas vezes passivo) do per.mancccu aberto a criticas - embora recentemente tenha revisto algumas
q
das suas afirmações mais rígidas e pessimistas sobre "degeneração . Ele agora
passado nos dias de hoje.
reconhece a "agência" da classe trabalhadora, a 11at1.u:eza genderizacla da esfera
llabermas começa pela clássica "esfera pública" da cidade-estado grega, ele
pública e a capacidade de resistência dos públicos m ais pluralistas (Habermas,
cidadãos homens livres - depcnciente, é claro, da "esfera privada" doméstica, na
1991, p. 440 em diante). Não surpreende, então, que Hahermas continue sendo
qual as mu ll1eres reprociuziam e serviam aos homens e os escravos trabalhavam
um escritor-chave para urna anfüse mais sutil •<la democracia participativa, quP,
(H�bermas, 1989, p. 3). Na Grã-Bretanha do século XVHI, os burgueses, i.nfor•
.t
.,/
ele diz, possui o potencial emancipatório para redimir o consumo passivo das
,11 mados pelas páginas dos jorn_ais e encontrando-se convivialmente nos cafés, pu­
"exposições" de massa.�➔ 6
deram form,1r, e de fato formaram, a "opini:\o pública", conduzindo debates cri·
Ele nos ajuda a reavaliar o que "história púbHca" pode significar - em termos
tico11 racionais sobre questões públicas, tanto políticas quanto literárias. Porém,
de como o senso do público a respeito de seus próprios
. passados pode ser consu­
argu'ment·ou Rabermas, a ampliação democrática da "esfera pública" no século
1-1 mido ativamente e debatido criticamente. Ele nos ajuda a pensar se os milhões
XIX para abarcar grupos sociais previamente excluídos (nota.damente homens
de nós, sentados em salas escuras assistindo passivamenl·e à televisão às últi­
da classe tr.1bà.lhadora e mulheres) ni:io levou a um acréscimo no discurso público
mas batalhas a c.avalo de Schama, ou a uma viagem do tipo J love 1978 através
clitico, racional. Na verdade, o desenvolvimento da mídia e da cultur.i de massas
de imagens de arquivo - fazem parte de um público ativo ou simplesmi::ntc um
(especi:i]mente a televisão americana e as indústrias de relações públicas e de
"pscudopúblico" plebiscitário: participantes reais ou apenas consumidores de
,i11 propaganda, que ele observou por volta de 1960) levou à degeneração d:i. esfera
história privatizados.
33. Ver Davi.,on (J 991. p. 6). que .unda é um dos analist.u mais lúcidos da história rúh!ic... Os comentadores t�m evitado fortemente tocar no oposto implicado de his­
J
.t •.
3,1. Ver J,.,ndes (1998).
tória pública: a "história privada". E por quê? Qualquer pessoa que <li! aulas no
35. E,c,eto por Tony Dennert (1 !'J9S) e, muito b,-evemente,.por Jord:ino,11 (2000). De toda fo,·ma, Haber·
JI, ma• ó, hoje em dfa, cultuado entre os historiadores mod,nnos. 36. Ver, por exemplo. Be11habib (1998, p. 82).

},
.i

tl 11

O que é hístória p,iblica? 47


46 l�trod,1ção à Hlstó1ia Pút>IK�

'podem ajudar historiadores públicos praticantes, ilustrando com, e�� mplos de


Ensino Superior na Grã-Bretanha reconhece o que constitui a "história privad.;i";
boas práticas que conheci.
muito do que se escreve na ,:i.tual proÍHeraç;'io
. dos periódicos altamente espccia-
' Devemos, certamente, colocar a audiência no centro do p�k�. O� historia­
lizados, resultado principa'J (m� não ú,11ico) das pressões institucionais cumuJa-
,1
1
d' ores públicos - em oposição aos privados - têm consciência 'âa''.audiência e
'!
' '·· •I
tivas do RAE37 - uma rígida hietnrqui;i, que tem revistas "de referência" no ápke
'provavelmente, desde o início de uma ideia ou projeto, buscam estar atentos a
e a maior parte publicações ocupando uma terra de ninguém muito abaixo. Mais
leitores e audiências ampliados, visand'o aumentar o acesso público 1\0 passado.
notas de rodapé do que leitores: �as não importa. 38 Uma abordagem possível é perceber como uma história pessoa] ou local ilumina
Mas, a meu ver, os académicos não têm qualquer monopólio sobre a "his­ o quadro mais geral (do modo como tentei estruturar minha exposiç�o Voni5hin g
tória privada". Existem outras v. ati.edades. Seguramente, alguns historiadores centu.1,,), com o qual historiadores privados necessitam se preo:cup ilr menos. Mas
_
públicos são apenas "historiadores privados" astutamente disfarça.dos: escrever isso não deve ser uma busca pela audiência a qualque1· cu�to, ma�, a,ntes, uma
uma história encomendada para �a grande empresa privada não estar·ia mais percepção de comunicar-se apropriadamente com "o público"..�xemplos de boas

'
per lo de "relações públicas" do que de "lústória públir::a"?38 E (mais controverti­ práticas induem a revista Oral Hist:ory - a despeito c1e todas as p_res�1es do RAE,
damente) poderia a "história p�ivada" incluir genealogistas e tarnbém historia- ' ela a.inda recebe "uma variedade de abordagens

de pessoas (.'..)
·,
�om
1 '
repertórios
1

dores locais e de família, cujo trabalho não somente começa de uJn inkresse pes- diferentes" - e a BBC History Magazine, que coi11bLna um jórnalis1�10 descarada-
soal, mas emerge exatamente d�í - a história privada de um membro do público, mente populista com, digamos, um debate informado sobre a shie de Sc:hama.1:

11! ainda pouco consciente das necessidades de uma audiência ou de um contexto Os historiadores públicos, muitas vezes, também querem t�jihalhar cola­
borativamente. /lssim, um historiador americano, que trabalhou numa
'
série da
maiores? (Este terreno ainda é contencioso. Quem seriam os historiadores mais .
1' ' BBC/APB sobre a Primeira Guerra Mundial, foi tão longe a ponto de proclamar:
públicos: os financiados publica.mente, os acadêmicos comprometidos publica-
11 ' '
"A história pública é quase sempre coletiva, no sentido de que ela lida'tom i:iues-
mente, ou os entusiasmados praticant.es
,, ' comuns?) 4º 1
1
1 • '

tões grandes demais para que um único estudioso possa dominar, expressar ou
explicar" - em contraste com os historiadores académicos, para quem a "voz au­

HISTORIADORES PÚBLICOS, BOAS PRÁTICAS toral" é o cerne de seu empreendimento (Winter, 1996). Talvez isto ieja um tanto
dogmático, conveniente para uma série sobre guerra mundial no horário nobre -

1
'1
A essa altura, provavelmente temos uma boa. ideia sobre o que poderia ser ensi­ mas muitos rle nós estamos envolvidos em projetos regionais ou locais bem mais
1,1
l nado num CUJ'SO de história ·pública: património, museus, memória. Mas creio
que o nosso entendimento da história pública enquanto prática permanece
modestos. No entanto, consídero muito valioso que "s historiadores, ,sempre que
pos:,ível, trabalhem em parceria com outros profissionais: biblLotecários ou ar­
quivistas de estu<los locais, jornalistas ou web designers. Estes gànham acesso a
1 i�
;·•, "·,1I
vago. A história pública certa1111;. nte é (e deve continuar sendo) wn templo de
tolerânda. Contudo, quero cncerr-ar trat·ando de como estes debates teóricos uma expe1;ência acadêmica crucial: em um tema ou em um P,eríod�. E o ganho
' i •

dos historiadores inclui técnicas de produção melhoradas e alcanCf! ,PÚblico mais


� 1 37, N. T.: Sigla p ara Research Assessment Exerc,ise, sistema púa avaliação da_ excelência acadêmica no
*i 11 amplo. O que eles perdem é o controle sobre a peça autoral, estando presos a pro­
"I ,,1
Gt �
Reino lln ido.
38. Houve t.Jma inle-re.ssante discussão sobrt!.. u RAE n,1 confel'ên<ia da RHSt wm a.lgu.mas peasoa.s 5ugl' ...
pósitos, financiamentos, cronogramas e argumentos c)e outra.s pess.oas. Minha
!f !\1 r;ind .o que o governo paga a.os 1 .c.adémicos p·arn. não se totnunkarcm publkamenle e outras defendendo experiência atual em trabalhar colaborativamente com alguns parceiros muito
1
Í-.f:,
r,.� '•I,I
1• 1
que o RAIJ n3o deve pressionar os hístoriadores.
39. Ver Davison ( 1991. p. 7), também citando Gtele (1981 ).
41. Ver "Magnifüent. But is ithlstory?". BBC History Mngar.i11e, maio de 2001. A revista Labo,,r Nisto,y Re·
VI 40. Ver Rosenzweig e Thelen (1998, p. 187).
µfow t,unbém inauguurn sua seção dé h.istória pública cm 2001, com resenhas sobre museus do trabalLo.

n

,�/
, ..
'ii', lnuoduçao à 1-istona Pubt,ca O que ê tustorb públ1ca·1 4C.

<lifere9tes t em me mostr�tdo a importância de respeita, as habilidades profissio­ cer tamente continuam sendo importantcs.,Se ;;, ccitarmos os argumentos de his­
,
nais de outras pessoas (diferentes das minhas de um modo revigorante) e tam­ toriadores como Jordanova - de que a prática da história é uma disciplina com
bém de manter o foco (paciência e discussões, é cl a ro, mas pode haver um ponto convenções a ca dêmicas da argumentação crítka, evidência e citação -. então os
no qual "p(tblico" se torna ''popularização", que se torna distorção). 4� profissionais que trabalham (em museus, em rarliodifusão, em qtmngos de palri­

Em terceiro lugar, os historiadores públicos provavelmente querem as segu­ mônio) apresentando o passaclo para o público certamente precisam de historia­
d rar que seus trabalhos
'
possam ser consumid os ativa e participativamente. Ha dores. O Na. t ionaJ Park Service, nos Estados Ur,idos, oferece um exemplo de boa
'
bennas .l_en1,bra-nos da cidadania critica, "o público" nao é meramente reduzido a prática colaborativa. Contudo, na Grã-Bi:E\tanba parece que ainda não estamos
consumidor passivo da cultura de massa. Então, qual o lugar de séries populares fazendo a coisa certa. Os historiadore.� estão nótadamente au sentes - Power of
como A history of Britairt? "Quase nenhum", sugere pelo menos um lústoriador place: The fr,iture ofrhe historie environment, pi:ójeto do English Heritage, foi supe­
público: a ssistir à história na televi são não substitui fa:i:er história, sobretudo se vis.ionado por organizações como a assoçiação dos proprietários de tena45 , em
Sc.hama nos mostra pouco de suas fontes ("Alan Titmarsh, ao menos, conta de vez de historiadores.
onde vieram suas plan ta s "). Canais de televisão podem programar f love 1978, Por fim, os historiadores públicos precisam provavelmente conhecer o es­
seguidp por Top ten: 1977, pa ra que, no fim das contas, o telPspectador s aiba i:tm tado, nacion al , regional e, é dat'O, localmenle. As razões são muitas. O Estado
\ nadinha a mais sobre o pass ado recentt:-43 Ou tros acham impraticável rep resar o é um provedor legal <le serviços cultur a is - especialmente bibliútec:as públicas
dique da informação eletrônica da história-como-entretenimento, e veem a tele­ locais. Ele ta mbém é uma fonte de financiamLi rlto direta e i ndireta - at ravés, por
visão como um maravilhoso ponto de partlda. 1'' exemplo, do Heritage Lottery Fund-4" Preencher formulários de editai s consome
f;
Em quarto htg�, os historiadores públicos podem até estar conscientes das tempo e, é claro, há sempre o perigo de que o tom desses editais produza uma
,t questões comerciais, mas provavelmente não querem sin1.plesmente agarrar' tuua uniformidade crescente e uma visào li111itadorn. ' 17 No entanto, o financiamento
ire
1
grande fatia do público leitor ou espectador de um contexto de economia <lo mer­ público ajuda, por exemplo, a equilibrar desigualdades regionais flagrantes, e até
cado moldado por anunci antes t? acionistas. Há muitos exemplos. Um deles é He­ o projeto mais modesto pode ple'itear financiamentos especiai s , talvez em parce­
ritage, revista que tem o simpático subtíLLLlo Britain's Hi�lory Countryside, e: des­ ria com outrns patrocinadores - o que pode significar a diferença entre alcançar
ta ca ca banas de pal h a em St.ratford, com uma escassa alusão à industrializaçao, poucos sem eficácia e alcançar a maioria de fonua satisfatória.48 O Estado tam­
e anúnr.ios dassiúcados para a aquisição de titul.os de nobreza. Sim, é um amp lo bém oferece um quadro político - muita_� vezes diretamente, atravé; do Deparl­
t!

:' ! público .leitor; ma s , se isto não diz respeito ,t consumidores completamente pas · ment of Culture, Media tmd Spm·t (DCMS) - para, digamos, combater a exclusão
1;1 sivos, também dificilmente significa acesso público ou democr acia participativa.
45.Membros díriger>tes do projeto Powr,.r of plaet. i\ ,mira.e,,ceçau � a professor.i lola Young, diretora d,
) Em quinto lugar, creio eu, os historiadores públicos querem manter os mais
altos padrões de rigor cdtico. Às vezes, isto não é exequível - ou, pelo menos,
prQjet.os n� àrea de histórin e cultura negras. O rcl&tóri<,, li11irn cabt::\alhos (omo "Antes de q1.1.:ilquer ..:o isa,
precís.1mos do e-onhedn1Emto", o.s quui.s, pl'ovavelmcntr::, nao foram t!s.cril:os por- historiado1es. Haviá, é:
daro. urn arqueólvgo no grupo; � a arqueologia é geràlmentc (oloca<la em um lu1;«n dHe:a:�nte em relaçâll
:l. é o que dizem seus colaboradores. Mas intPgridade e transparência acadêmicas
ao património inglês. Agr,1deç.<> a Const>nce Schu!z por est.a disêttSsáo.
42. Ver 'E<,tTcvi.lta com Mike Wallace''. ílmiiu,/ Hiswry Re:•icw, v. 79, 2001, p. 67. Di�ponívcl em: du,m. 46. N. T., F,u1do que distribui o dinheiro arrecadarln .:nm a Lo\eri:. Nàdoual. A fawcect Library. funda,la
.1' em )926, retebeu um'lina.ndamento d.e 4,2 milhões de libras rln HLF. e foi r.eaberta como Women', Li­
gmu.edu/thr/;·hr.htm.
1 hrar y em um novo edilicio.
43. Ver ftadit, Times, 21 j·.11. 2001.
44, Ver "·Past is perfelt" ("We're the new rock'n'roll"). G11ardia11, 29 ottt. 2001. "Esqueça o clichê de que a 47.Stephen Hu.9sey: ·'Wbat principies?". Co,úerénda d:a OHS. 'l'a/king wm,mmity hí,· Luri<>, jun, 2001 .
história é o novo rock'n'roU (...): é a boa história que está ganha.ndo popu!arida.de". BBC Jii,tor1 Mt1gmine, 48.Para a t'lossa exposiçi\o 77,e »arlíshi11g cenwry, recebe.ínós 450 libras rle. umà pequen� obra de caridade,

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lJooks ofthe year, winter 20()l. Ver também: www.bbc.eo.uk/history. o que p�r111iLiu que us nossos painé)s tivessem um a.caba111cnto pl'ofissinna.l.
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50 lmrodw;ào à Histór ia Pública O que é h1stóriil pública"? 51

social. 4� Contudo, alguns podem se tornar cínicos face às inconsistências: não bermas". ln; LANDES, J, B. (org.) Feminism: The pnblic and the priva�e·. Oxford/New
apenas porque certos serviços locais tenham sido reduzidos, mas porque outras York: Oxford University Press, 1.9 98. p. 65-99.
instâ.ncins governamentais vêm desencorajcmdo o acesso popuJar. por exem1:1lo, BENNETT, T. The birth of the museum: History, theory & politics, London/New York:
1, Routledge. 1995.
compelindo os acadêmicos '_a escreverem somente para revistas "de referência"
CALHOUN, C. Habei:-m.as and the public sphere. Cambridge: MLT Press, 1991.
(pressão particularmente intensa sobre os historiadores mais j ovens). Os histo­ ' .... .
ÚU.,'TF.LON, P. L. "As a bnsiness: Hired. not boueht''. ln: GARDNER , J.; L,APAGLlA
, P. (org. )
riadores públicos precisam não so'n1ente de um governo gue colabore - o Estado Public history: Essays from the field. [1:lalabar: Krieger·Publishing Côni.pany
, 1999.
que estimula os historiadores a p.eixarem suas torres de marfim para, de vez em p. 385-95.
.
quando, trabalharem em colabo:raçãÔ com suas bibliotecas locais, emissoras de r
OAVISON, G, "Paradigms of public hislory". ln: RlCKARD, J.; SPEARRJTT, (otg,) Packagin
the past? Publk histories. Parkvilic: MeU,ourne lJn!versity Press l 9�1 p -1 .
g
televisão ou lugares de patrimônio - mas também de uma escrita colaborativa.
:;º 1• , . _ ,i l .. 4 5
' PRISCH, M. H. "Toe memory of History". ln: BRNSOl\l, S. P.; BRlllR S.; ROSENZ\\11'.! G, R. (org.)
A história pública, provavelmente, continuará preservando seu amplo escopo Presenting the past: l!ssays on histol'y and the public. Pbilad.elphia: Temple
' ' !� Uni-
de significados e usos - variando de acordo com a cultura nacional e com o con­ versity Press, 1986. p. 5-20. ...
:
texto, se é o da prática ou o da academia. Aqui. guiei-me entre clareza e tolerância, GLASSBERG, D. "Pnblk history & the study of memory". The Public Historiim, v. 18, n. 2,
\ entre precisàu e pluralismo. Tentei P.vitar afirmações dogmáticas (''história pú­ 1996.
GREl-E, R. J. ''Whose public? Whose hisl.ory? What is the goal of a publk histp..'i;n?''. The
blica é x, porque é isso o qu� �u faço").· Em vez disso, para mim a história pública
Public: Historian, v. 3, n. 1 , 1981, p. 44-8.
é menos sobre "quem" ou "d que", e muito mais sobre "como". Nem tanto um
HABBRMAS, J. "Further ReHections of che Public Sphere". ln: C,\LHO.t:N, C. Hltbermas and
substantivo, principalmente um v'e rbo. À história pública tem importância real e the publíc: sphere. C;irubridge: MIT Press , 1991.. p . 421 - 61.
urgente, dada a crescente pdpularidade da.s representações do passado nos dias l'fAilERMAS, .l. The structural transformation of the publk sphere: · À� inq�ry into a
de hoje. Em um contexto d� segmentação acadêmica e profi.ssionalização restrita, caiegory ofbourgeois society (1962 ] . Cambridge: MTT Press, 1989.
HARTLEV, L. P. The go-between 1 1953 ] . Lond. o n: Penguin, 1958,
os historiadores públicos pode.m f�rnecer uma mediaç.ão necessária, inspiradora
Hll\\lJSON , R. The beritage industry: Britain in a climate of decline. Lond6 n: Metbuen,
e revigorante entre o passaao e seus públicos. Os fornecedores do passado para as
1987,
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S0. ,\ Grii- ll,etanha não p recisa desca.mllar para o carninhn mntratual da Phyllis Phamc australiana,
ou comercial, da., firmas de cons·uttoria lüstórka rl.os estados Unidos, nras os hist.ori.,,Jures certa me�_te
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precisam de uma vfsibll.itlade mais elevada e da empregabilidade de que gozam o., arqueólogos, past? Public histories. Parkville: Melbourne University Press, 1991. p. 78-87 . 1 >I
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51 111troduçáo" H,s n� Public,1

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