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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO E ENSINO - PROGRAD


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII – PAULO AFONSO-BA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

NELCICLEIA PEREIRA CHAVES FREIRE

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA


NA MODALIDADE EJA: O PROEJA NO COLÉGIO ESTADUAL
CARLINA BARBOSA DE DEUS - PAULO AFONSO/BA
Paulo Afonso - BA 2021
NELCICLEIA
PEREIRA
CHAVES
FREIRE

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA


MODALIDADE EJA: O PROEJA NO COLÉGIO ESTADUAL CARLINA BARBOSA DE
DEUS - PAULO AFONSO/BA

Artigo científico apresentado ao Colegiado


de Pedagogia do Departamento de
Educação/Campus VIII da Universidade do
Estado da Bahia, como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciada em
Pedagogia.

Orientadora: Profa. Msc. Eunice Maria da Silva


Paulo Afonso - BA 2021
NELCICLEIA
PEREIRA CHAVES
FREIRE

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA


MODALIDADE EJA: O PROEJA NO COLÉGIO ESTADUAL CARLINA BARBOSA
DE DEUS - PAULO AFONSO/BA

Artigo Científico apresentado como requisito para obtenção do grau de Licenciada em


Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Profa. Msc. Eunice Maria da Silva


Universidade do Estado da Bahia - UNEB
(Orientadora).

______________________________________________________

Profa. Edjane Gomes Soares


Universidade do Estado da Bahia – UNEB
(Parecerista)

_______________________________________________________

Profa. Msc. Eunice Maria da Silva


Universidade do Estado da Bahia – UNEB
(Docente de TCC)

Aprovado ( ) Reprovado ( )
Paulo Afonso - Bahia, 05 de Fevereiro de 2021.

Dedico este trabalho a todos os sujeitos que


participaram dessa pesquisa, em especial aos
estudantes, que compartilharam suas trajetórias
de vida e expectativas formacionais no
PROEJA.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser o meu alicerce e iluminar os meus caminhos, tornando possível cada
conquista.
Aos meus pais, Avani Pereira e Nelson Chaves, pela força e apoio prestados ao longo
da minha vida.
Ao meu filho, Victor Gabriel Chaves Freire, que sempre foi o meu maior incentivo.
Aos meus irmãos, Amanda Chaves, Luana Chaves e Neverton Chaves pelas dedicações
prestadas.
Ao meu marido, Vinicius Freire, por acreditar e apoiar os meus sonhos.
À minha orientadora, Eunice Maria da Silva, expresso a minha gratidão por aceitar
orientar e conduzir essa pesquisa. Os seus conhecimentos sobre a temática, sua
disponibilidade, paciência, dedicação prestadas em todo o processo fez toda a diferença.
Aos meus colegas e professores do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, por
compartilhar momentos e experiências que estarão registrados em minhas memórias, tornando
a graduação ainda mais significativa.
Às minhas amigas, Graziele Marques e Priscila Cristina, por dividiram comigo
momentos de alegrias e tristezas.
A coordenação do Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus, pelo acolhimento,
entrevista e diálogo sobre a oferta do PROEJA.
Aos estudantes que participaram dessa pesquisa, pela contribuição para a construção do
meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Mulheres e homens, somos os únicos que, social e
historicamente, nos tornamos capazes de
aprender. Por isso, somos os únicos em que
aprender é uma aventura criadora, algo, por isso
mesmo, muito mais rico do que meramente repetir
a lição dada. Aprender para nós é construir,
reconstruir, constatar para mudar, [...].
(Paulo Freire)
RESUMO

Este trabalho teve como objetivo central analisar a oferta do Programa Nacional de Integração
da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade da Educação de Jovens,
Adultos e Idosos (PROEJA) no Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus, no Município de
Paulo Afonso – BA, buscando evidenciar as especificidades do seu funcionamento, o perfil
dos estudantes e expectativas formacionais em relação ao mundo do trabalho. Trata-se de uma
pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza descritiva, desenvolvida através de estudo
bibliográfico e investigação de campo, caracterizando-se como estudo de caso, envolvendo 46
participantes, dentre os quais, 01 coordenadora pedagógica e 45 estudantes dos cursos técnicos
em Administração, Recursos Humanos e Serviços Jurídicos disponibilizados pelo Programa.
As informações foram coletadas através da entrevista e do questionário, conforme descrevem
Ludke e André (2018), Gil (2002) e Minayo (1994). Na fundamentação teórica do trabalho,
destacamos os autores Arroyo (2017, 2007), Ciavatta e Ramos (2011), Moura (2010), Paulo
Freire (2011, 2013), Oliveira e Almeida (2009), Ramos (2010), Sant’Anna (2000, 2001),
Santos e Damico (2009), Saviani (2007), Silva (2001), Simões (2010), Soares (2002), entre
outros. Os dados coletados foram organizados e submetidos à técnica da análise de conteúdo,
agrupados nas seguintes categorias: o PROEJA no Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus,
o estudante trabalhador do PROEJA, expectativas formacionais dos estudantes do PROEJA.
Conclui-se, assim, que este estudo aponta para a necessidade de pensar o PROEJA para além
da proposta de preparação de mão de obra para o mercado de trabalhos, considera a realidade
dos jovens, adultos e idosos, em particular, no que se refere ao fator “trabalho” em suas
trajetórias de vida, pois, constitui-se, em grande medida, motivo para não dar continuidade aos
estudos, principalmente, por não conseguirem conciliar “tempos de estudos” e “tempos de
trabalho”.

Palavras-chave: EJA. Educação Profissional. Mundo do trabalho. Integração. PROEJA.

ABSTRACT
The main objective of this work was to analyze the offer of the National Program for the
Integration of Professional Education with Basic Education in the Modality of Youth, Adult
and Elderly Education (PROEJA) at the State College Carlina Barbosa de Deus, in the
Municipality of Paulo Afonso - BA, seeking to highlight the specifics of its functioning, the
profile of students and training expectations in relation to the world of work. It is a qualitative
research, of a descriptive nature, developed through bibliographic study and field research,
characterized as a case study, involving 46 participants, among which, 01 pedagogical
coordinator and 45 students of technical courses in Administration, Human Resources and
Legal Services provided by the Program. The information was collected through the interview
and the questionnaire, as described by Ludke and André (2018), Gil (2002) and Minayo
(1994). In the theoretical basis of the work, we highlight the authors Arroyo (2017, 2007),
Ciavatta and Ramos (2011), Moura (2010), Paulo Freire (2011, 2013), Oliveira e Almeida
(2009), Ramos (2010), Sant ' Anna (2000, 2001), Santos and Damico (2009), Saviani (2007),
Silva (2001), Simões (2010), Soares (2002), among others. The collected data were organized
and submitted to the content analysis technique, grouped into the following categories:
PROEJA at the Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus, the working student of PROEJA,
the training expectations of PROEJA students. It is concluded, therefore, that this study points
to the need to think PROEJA beyond the proposal of preparing manpower for the job market,
considering the reality of young people, adults and the elderly, in particular, with regard to to
the “work” factor in their life trajectories, as it is, to a great extent, a reason for not continuing
their studies, mainly because they are unable to reconcile “study times” and “work times”.

Keywords: EJA. Professional education. World of work. Integration. PROEJA.

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................9
2 METODOLOGIA................................................................................................................10
3 EJA: EDUCAÇÃO PERMANENTE, AO LONGO DA VIDA........................................13
3.1 EDUCAÇÃO E TRABALHO NO CONTEXTO DA EJA................................................14
3.2 O PROEJA COMO PROPOSTA INTEGRADORA ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO
..................................................................................................................................................16
4 O PROEJA NO COLÉGIO CARLINA BARBOSA DE DEUS.......................................19
4.1 O ESTUDANTE TRABALHADOR DO PROEJA............................................................22
4.2 EXPECTATIVAS FORMACIONAIS DOS ESTUDANTES DO PROEJA......................25
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................27
REFERÊNCIAS......................................................................................................................29
APÊNDICES...........................................................................................................................32

1 INTRODUÇÃO

O reconhecimento do direito à educação de pessoas jovens, adultas e idosas está


legalmente declarado desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, sendo que as Leis
complementares asseguraram, também, formulações de propostas educativas em nível da
educação básica e profissional para todos os cidadãos, independente de idade, gênero, etnia,
condição socioeconômica, convicção política e cultural, dentre elas, o Programa Nacional de
Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade da Educação de
Jovens, Adultos e Idosos (PROEJA).
Este estudo, portanto, teve como objeto de estudo a oferta do PROEJA no Colégio
Estadual Carlina Barbosa de Deus, no Município de Paulo Afonso – BA, buscando evidenciar
especificidades, sujeitos, expectativas, tempos e espaços de aprendizagem no contexto da
educação profissional integrada à educação básica, na modalidade da EJA, considerando as
transformações do mundo do trabalho e a perspectiva de qualificação como necessidade de
desenvolvimento permanente.
O percusso teórico-reflexivo que estimulou e possibilitou pistas para a concretização
deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) partiu das problematizações produzidas durante
uma experiência de observação direta em turmas de EJA, exigida pelo componente curricular
Educação de Jovens e Adultos, ofertado no terceiro semestre do curso de Pedagogia da
UNEB/Campus VIII. Nesse contexto, buscávamos uma aproximação com as práticas
pedagógicas, em nível da educação básica, com a especificidade do público em tela, sendo-nos
apresentadas turmas da educação profissional.
Das inquietações iniciais, formulamos as questões desta pesquisa que buscou
conhecer a proposta do PROEJA e como funciona o Programa no Colégio Carlina. Para tanto,
alguns objetivos foram traçados para delinear a investigação, tais como, conhecer a estrutura e
funcionamento do PROEJA, discutir aspectos da sua oferta no Colégio Carlina, caracterizar os
perfis dos estudantes e suas relações com a categoria trabalho.
A fundamentação teórica deste artigo propõe reflexões sobre a EJA: Educação
permanente, ao longo da vida, situando marcos legais que contribuíram para a mudança de
paradigma e definições de diretrizes para a EJA como uma possibilidade de restauração de um
direito negado e reconhecimento da igualdade entre todo e qualquer ser humano. Na
sequência, aborda a Educação e trabalho no contexto da EJA a partir dos olhares de Oliveira
e Almeida (2009), Saviani (2007), Arroyo (2017), entre outros, que apontam a estreita relação
entre a educação e o trabalho no processo formacional dos estudantes da EJA. Por fim, o
PROEJA
10
como proposta integradora entre trabalho e educação que explicita a implementação do
PROEJA como política pública, destacando sua perspectiva educativa integradora.
Portanto, a relevância deste estudo justifica-se pela possibilidade de provocar
reflexões sobre a realidade dos jovens, adultos e idosos, em particular, no que se refere ao
fator “trabalho” em suas trajetórias de vida, pois, constitui-se, em grande medida, motivo para
não dar continuidade aos estudos, principalmente, por não conseguirem conciliar “tempos de
estudos” e “tempos de trabalho”.
Ao trazer à tona o PROEJA, este trabalho destaca a necessidade de uma educação
que supere uma visão alienada voltada para o mercado de trabalho, que seja capaz articular-se
com os interesses daqueles que tiveram trajetórias escolares interrompidas, propiciando a
atualização de conhecimentos por toda a vida, colocando-se como um novo ponto de partida
para a igualdade de oportunidades.

2 METODOLOGIA

O processo da pesquisa científica se delineia na relação entre o sujeito conhecedor e


o objeto a ser conhecido, envolvendo um contexto de interesse. Tal estratégia investigativa
ocorre através de indagações e aprofundamento para a obtenção de respostas significativas
aos problemas, ampliação e descobertas de conhecimentos para as diversas áreas, de modo
que os resultados obtidos estão vinculados à realidade pesquisada. Sendo assim, pode-se
definir a pesquisa como um “[...] processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada
formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados” (GIL, 2002, p. 17).
É oportuno dizer que o interesse em desenvolver um estudo sobre o PROEJA como
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), se deu a partir de uma atividade de observação direta
em sala de aula no Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus, sendo um requisito
formacional do componente curricular Educação de Jovens e Adultos, ofertado no terceiro
semestre do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia
(UNEB/Campus
VIII).
Durante essa experiência, obtivemos a informação que a instituição escolar ofertava
a EJA através dos seguintes programas: Tempo de Aprender II que corresponde ao nível
médio da educação básica e o PROEJA que articula a educação profissional integrada ao
ensino médio. Contudo, para termos, maior conhecimento sobre a oferta da EJA na cidade de
Paulo Afonso – BA, e, especificadamente, se o PROEJA é ofertado em outros espaços, foi
11
realizada uma pesquisa exploratória em algumas escolas com o objetivo de “[...] proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir
hipóteses. [...] estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a
descoberta de intuições” (GIL, 2002, p. 41).
A partir desse mapeamento, constatou-se que somente o Colégio Estadual Carlina
Barbosa de Deus articula a educação profissional concomitante ao ensino médio, através do
PROEJA, em Paulo Afonso – BA. Portanto, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de
caso por pesquisar algo particular, específico e ter como prioridade

[...] retratar a realidade de forma completa e profunda. O pesquisador procura


revelar a multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação
ou problema, focalizando-o como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza
a complexidade natural das situações evidenciando a inter-relação dos seus
componentes (LUDKE e ANDRÉ, 2018, p. 22).

A proposta inicial deste estudo era mais ambiciosa, pois pretendíamos analisar a
oferta da EJA no Colégio Carlina, isto é, a partir dos dizeres de professores e estudantes
seriam realizadas discussões referenciadas acerca dos dois programas desenvolvidos na
modalidade EJA. Entretanto, durante o período de observação direta, percebemos que a
procura dos estudantes pelo PROEJA tinha maior demanda. Ademais, havia forte vinculação
das trajetórias de vida desses alunos com o mundo do trabalho.
Dessa constatação inicial, identificamos, ainda, uma lacuna de produção acadêmica,
em nível de TCC, que tratasse da relação educação e trabalho, sobretudo no que diz respeito à
qualificação profissional de jovens e adultos, sendo relevante, nesse cenário, tomar o PROEJA
como objeto de estudo, buscando observar, registrar, analisar e detalhar aspectos sobre quem
são estes sujeitos, que relações estabelecem com o mundo do trabalho, o que pretendem com a
formação no PROEJA e, principalmente, conhecer a oferta do PROEJA no Colégio Estadual
Carlina Barbosa de Deus. Trata-se, portanto, de uma pesquisa descritiva que “[...] têm como
objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2002, p. 42).
Considerando as limitações do atual contexto pandêmico não foi possível realizar
entrevistas com os estudantes do PROEJA. Desse modo, para a coleta de dados foram
utilizados questionários que, segundo Gil (2002, p. 128), pode ser definido “[...] em dois
grupos: objetivas (que tratam de características concretas dos respondentes) e perceptivas (que
se referem a suas opiniões, valores etc.)”.
12
Para a coordenadora, foi elaborado um questionário com perguntas abertas e enviado
através de endereço eletrônico (e-mail), assim como, realizou-se a entrevista. No caso dos
alunos, foi aplicado um questionário com perguntas de múltiplas escolhas e abertas,
formuladas por meio do programa google docs, ferramenta que possibilitou uma dinâmica
relacional da pesquisadora com o grupo. Essa conexão só foi possível pela compreensão
institucional da relevância de uma pesquisa que focaliza a oferta do PROEJA na cidade. Para
tanto, a coordenação disponibilizou contatos telefônicos de alguns representantes de turmas
e, através deles, foi possível conversar com mais alunos e, assim, iniciaram-se os diálogos,
sendo necessário, também, a inclusão da pesquisadora nos grupos de whatsApp dos
estudantes do PROEJA.
Apesar de alguns relatos sobre possíveis dificuldades de participação dos estudantes
na pesquisa porque “veio a pandemia e desmotivou alguns” ou porque “desde o início da
pandemia foram suspensas as aulas presenciais”, quarenta e cinco formulários foram
respondidos, assim como, houve a participação de 01 coordenadora, dos quais, foram
extraídas as informações que serviram de corpus para o procedimento de análise qualitativa,
valorizando o processo, o olhar atento da realidade e os relatos compartilhados.
Concordamos com Minayo (1994, p. 21-22) ao caracterizar a abordagem qualitativa
como aquela que
[...] se preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode
ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores, e atitudes, o que corresponde a um
espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (1994, p. 21-22).

Por fim, a organização e a análise dos dados coletados se deram a partir das reflexões
atentas e movidas pelos objetivos formulados para esta investigação. Para tanto, utilizamos a
técnica da Análise de Conteúdo que pode ser definida como um conjunto de instrumentos de
cunho metodológico que se aplicam a discursos (conteúdos e contingentes) extremamente
diversificados, sendo muito recomendada em pesquisas qualitativas (BARDIN, 2016). Antes
de iniciarmos a análise propriamente dita foi imprescindível organizar os materiais, ver o que
estava disponível e avaliar o que fazia sentido analisar, tomando a frase como unidade de
registro e critério para a definição das categorias de análise, quais sejam, O PROEJA no
Colégio Carlina Barbosa de Deus, O Estudante Trabalhador do PROEJA e Expectativas
Formacionais dos Estudantes com o PROEJA.
13
É oportuno ressaltar que por razões éticas as identidades dos sujeitos da pesquisa
foram preservadas, sendo assim, a coordenadora escolar foi identificada por CT e os
estudantes por P1, P2, P3...
Ressaltamos, ainda, que os sentidos atribuídos às falas dos participantes da pesquisa
dependem da visão de conhecimento do pesquisador. Nesse paradigma, o conhecimento é
possível apenas por meio dos processos interpretativos que o pesquisador apreende do seu
encontro com os sujeitos em questão.

3 EJA: EDUCAÇÃO PERMANENTE, AO LONGO DA VIDA

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB n. 9.394/96), o


processo de escolarização de jovens, adultos e idosos passa ser ofertado através de um modo
próprio, de caráter permanente, nas etapas do ensino fundamental e médio. Isto é, entre nós, a
Educação de Jovens e Adultos (EJA) é reconhecida como um direito do cidadão, expresso no
artigo 3º e, como dever do Estado, no artigo 4º da LDB n. 9.394/96, sendo concebida como
modalidade da educação básica, na perspectiva da educação ao longo da vida, superando as
ideias de suprimento e compensação.
Além dos artigos mencionados, a LDB de 1996, regulamentou a modalidade da EJA
incorporada às determinações que definem a garantia de acesso e permanência do estudante, a
organização e estrutura do ensino básico. Refere-se à educação vinculada ao mundo do
trabalho, garantia de oportunidades de acesso e permanência do aluno trabalhador na escola,
oferta de ensino noturno, flexibilidade na organização dos cursos, bem como, valorização da
experiência extracurricular.
Na esteira dos movimentos a favor da EJA, a V CONFINTEA 1 mobilizou-se em
torno da temática A aprendizagem de Pessoas Adultas – Uma Chave para o Século XXI,
convocando alguns países a se comprometeram com a promoção de iniciativas no sentido de
implementar práticas educativas com foco nas especificidades do público da EJA. O Brasil foi
signatário dos dois documentos finais da V CONFINTEA, quais sejam, a Declaração de
Hamburgo e a Agenda para o Futuro (UNESCO, 1997). Nesses textos, foram consolidados os
1 Conferências realizadas a cada 12 anos,
sendo agendada pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO). A V Conferência Internacional de
Educação de Adultos (V CONFINTEA) foi
realizada em 1997, em Hamburgo, na
Alemanha. O Brasil sediou a VI
CONFINTEA em Belém do Pará, no ano de
2009.
14
conceitos de educação continuada ao longo da vida e satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem, definindo, no Art. 3º, a educação de adultos como

[...] todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas


consideradas ‘adultas’ pela sociedade desenvolvem suas habilidades,
enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas ou
profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de
sua sociedade (UNESCO, 1997).

Outra contribuição importante da Conferência de Hamburgo foi ampliar o sentido de educação


de adultos para além da ideia de escolarização, aproximando a aprendizagem das pessoas
jovens e adultas com as transformações do mundo do trabalho, apresentando como desafios
da EJA a mundialização, as novas tecnologias, a precariedade do emprego, o aumento do
desemprego e a educação profissional no processo de aprendizagem permanente.
Por sua vez, a VI CONFINTEA tornou-se um marco para a história da Educação de
Jovens e Adultos por ampliar a visão de sociabilidade e direito de ser e viver num mundo
digno. Entre as temáticas discutidas, assumem-se o compromisso e as recomendações para a
EJA, vinculando-a à noção de equidade e qualidade de ensino, sendo de fundamental
importância

[...] incluir a educação básica, a formação profissional, o desenvolvimento de


recursos humanos e o desenvolvimento profissional contínuo. Programas de
formação e capacitação profissional devem ser integrados com os programas
de educação básica e competências básicas (BRASIL, 2012, p. 258).

Os encaminhamentos para o campo da EJA, decorrentes da VI CONFINTEA,


fortaleceram reflexões sobre propostas pedagógicas que considerem as barreiras enfrentadas
para a integração desses sujeitos, os possíveis motivos de exclusão, as questões de gênero e
etnia, a participação e a inclusão dos jovens e adultos em contextos de educação profissional
integrado à educação básica e flexível, sendo esse processo entendido como um dos
elementos da educação permanente e tendo como meta a formação de competências para a
incorporação ao mundo do trabalho.

3.1 EDUCAÇÃO E TRABALHO NO CONTEXTO DA EJA

Na contemporaneidade, é importante compreender que o mercado trabalhista faz


exigências cada vez maiores quanto ao potencial de empregabilidade de homens e mulheres.
A força do trabalho, antes conhecida como mão de obra, hoje, com as novas tecnologias, tem
o sentido de cabeça de obra. Sobre a educação na perspectiva mercadológica, Oliveira e
15
Almeida sinalizam que “o desenvolvimento humano passa a ser visto como mais um número,
sem considerar o contexto social, as interferências culturais e políticas e, ainda pior, sem uma
ação efetiva de emancipação” (2009, p. 158).
Acerca da educação profissional para a classe trabalhadora, especificamente para os
estudantes da EJA, deve-se concebê-la como um campo de conhecimento específico que
atende a um público que carrega consigo culturas, valores e experiências que se vinculam, na
maioria das vezes, com o mundo do trabalho. Saviani (2007) esclarece que “o trabalho e a
educação são atividades especificamente humanas. Isso significa que, rigorosamente falando,
apenas o ser humano trabalha e educa” (p. 152). Sendo assim, alguns desafios se colocam
quando se pretende uma educação que se vincule e atenda aos interesses dos estudantes no
que diz respeito, em particular, à compreensão da diferença entre os termos mercado de
trabalho e mundo do trabalho.
Como já discutido anteriormente, com base em documentos de referência no campo
da EJA, existem muitas demandas e desafios para a institucionalização da educação básica
integrada à profissionalização nessa modalidade de ensino. É imprescindível refletir sobre os
efeitos da globalização nas desigualdades sociais, assim como, as dificuldades de inserção de
jovens e adultos, com pouca escolaridade, no mercado de trabalho ou as condições precárias
das ocupações profissionais que incluem baixíssimos salários. Portanto, a aceitação dessas
circunstâncias, está relacionada, na maioria das vezes, à necessidade de garantir a própria
sobrevivência e a dos seus familiares. Simões (2010) chama a atenção para

a desigualdade econômica que caracteriza nosso país frustra a população,


principalmente seus jovens, que precisam enfrentar a crise e inventar
possibilidades de sucesso profissional: as chances de trabalhos são escassas,
assim a educação profissional entra como uma estratégia de enfrentamento
da realidade no qual vemos estatísticas indicativas de queda no número de
postos de trabalho regidos pelas leis trabalhistas, com o aumento
concomitante do número de trabalhos temporários, sem direito às conquistas
historicamente realizadas pelos trabalhadores. (2010, p. 105).

Assim, essa condição social de desigualdades imposta para a classe de trabalhadores


que englobam jovens, adultos e idosos é algo historicamente construído. A “pouca
escolaridade” mencionada não se refere a falta de interesse desse público para com a
educação, mas, pelo fato da negação desse direito de oportunidades de acesso, permanência e
êxito escolar, que ainda não são garantidas na prática. Ao escrever sobre itinerários de
estudantes jovens e adultos por melhores condições de vida, Arroyo (2017) provoca a
necessidade de refletir sobre as condições objetivas desses sujeitos para conciliar a jornada de
trabalho diária e a jornada de estudos noturna, pois, “vê-los vindo do trabalho para a EJA nos
16
obriga a compreender como se dá essa articulação entre as lutas pelo direito ao trabalho e à
educação, à escola” (ARROYO, 2017, p. 60).
Além de suscitar questões de relações sociais e condições humanas que envolvem
classe, raça, gênero, luta pelo direito à educação, questões de hierarquias fortemente presentes
na EJA, o autor se posiciona afirmando que

quando o ponto de partida é reconhecê-los como trabalhadores, a proposta de


garantir seu direito à educação é obrigada a ter como referência os trabalhos
de que sobrevivem, se trabalham em trabalhos precarizados, se têm
dificuldade de articular tempos de trabalho-sobrevivência e tempos de
escola. Se são os injustiçados da ordem social, econômica e até escolar como
trabalhadores (ARROYO, 2017, p. 57).

Assim, a Educação de Jovens e Adultos, articulada com a qualificação para o mundo


do trabalho deve ser pensada considerando a amplitude desse universo de significados e
relações, que esses sujeitos consigam agregar as suas experiências e desenvolver
competências para lidar com as diversidades vivenciadas, logo, garantir os seus direitos e
ocupar o seu espaço profissional. Espaço de trabalho esse, que pode ser pensado para além do
mercado de trabalho na relação entre patrão/empregado, no que se refere a oferta e a procura
por emprego. Mas, na perspectiva do mundo do trabalho, de criar alternativas de renda e
trabalho para ampliar as possibilidades, o sucesso pessoal e profissional, dando significações
e sentido no tempo e espaço que estão inseridos. Portanto, a EJA deve trazer discussões para
superar essa ideia alienante e fragmentada, para oferecer espaços com compromisso para a
conexão entre educação, certificação e a qualificação, de modo a compreender o mundo do
trabalho.
Acerca dessa compreensão, sobretudo no âmbito das instituições que ofertam a EJA,
deve-se propor a integração dos educandos/trabalhadores, com currículos adequados para uma
educação de qualidade, na perspectiva humanizadora, emancipatória, criadora, vinculada à
qualificação, colocando-se como cidadãos que constroem e reconstroem a sua identidade, as
suas maneiras de ser e viver a sua própria história.

3.2 O PROEJA COMO PROPOSTA INTEGRADORA ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO

Antes de focalizar o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com


a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), é oportuno
destacar que no período da ditadura militar brasileira ocorreram algumas reformulações na
organização da educação, com destaque para o ensino profissional. Isso não quer dizer que
antes não existia esse modelo de ensino. Entretanto, em 1971 houve a sistematização da
17
educação e a implementação da Lei nº 5.692 que promoveu algumas mudanças no ensino
médio. O discurso político evidenciava que esse sistema educativo deveria propor um ensino
profissionalizante e assim, possibilitar a inserção desses estudantes no mercado de trabalho.
Sobre o assunto Moura
(2010) relata que

[...] em vez de se ampliar a duração do 2° grau para incluir os conteúdos da


formação profissional de forma integrada aos conhecimentos das ciências,
das letras e das artes, o que houve foi a redução dos últimos em favor dos
primeiros, os quais assumiram um caráter instrumental e de baixa
complexidade, uma vez que, dentre outros aspectos, não havia a base
científica que permitisse caminhar na direção de conhecimentos mais
complexos inerentes ao mundo do trabalho. [...] a falta de um adequado
financiamento e de formação de professores, decorrente de decisão política
do mesmo governo que implantou autoritariamente a reforma, contribuiu
para que a profissionalização nos sistemas públicos estaduais ocorresse
predominantemente em áreas em que não havia demandas por laboratórios,
equipamentos, enfim, por toda uma infraestrutura específica e especializada
(p. 68).

A organização educacional implementada pelo estado visava a instrumentalização


profissional ligada diretamente ao trabalho, em detrimento da formação geral. Além disso,
essa reforma só ocorreu no sistema público de ensino, enquanto a rede privada não aderiu à
profissionalização no segundo grau, o que nos faz relembrar a dualidade histórica: o ensino
dos pobres é direcionado ao trabalho braçal e o da elite ao trabalho intelectual.
Após o período da ditadura, momento marcado pela necessidade de uma educação de
qualidade que contemplasse o direito de todos, na década de 90, o Brasil começou a pensar na
reestruturação da educação. Ocorreram algumas reformulações na educação profissional
justificadas pelo discurso da importância de preparar os sujeitos para as incertezas do mundo.
Ademais, o Plano Nacional de Educação (PNE) apresentou estratégias para os déficits
educacionais no decorrer de dez anos, assumindo o compromisso para com a educação no
Brasil com o objetivo de possibilitar o acesso e a permanência dos alunos. O último Plano
Nacional foi aprovado em 2014 por meio da Lei n° 13.005, sendo um documento que articula
diretrizes, metas e estratégias a serem cumpridas até o ano de 2023. Entre as vinte metas
lançadas pelo PNE com relação à educação de jovens e adultos, destaca-se a “meta 10:
oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e
adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional”
(BRASIL, 2014).
A meta citada propõe integrar a educação profissional à educação básica na
modalidade EJA, sendo fundamental para as instituições ofertantes o tratamento da categoria
18
“trabalho” como aspecto determinante para os estudantes da EJA, visto que procuram por
emprego antes mesmo de concluírem os estudos, o que nos leva a problematizar a estreita
relação entre educação e o trabalho. Silenciar a dimensão do trabalho no contexto da EJA é
desconsiderar as desigualdades sociais e a realidade desses sujeitos. Por outro lado, articular o
trabalho somente na perspectiva econômica, impossibilita, o reconhecimento pleno como
seres humanos e a sua capacidade crítica e criadora tanto no âmbito educacional como no
mundo do trabalho, que não se limita apenas ao exercício de uma profissão.
Ciavatta e Ramos (2011), chamam a atenção para se pensar “[...] a formação
politécnica e omnilateral dos trabalhadores e teria como propósito fundamental
proporcionarlhes a compreensão das relações sociais de produção e do processo histórico e
contraditório de desenvolvimento das forças produtivas” (p. 31). Portanto, universalizar a
educação integrada de qualidade é perceber, sobretudo os jovens, adultos e idosos como seres
completos e dar embasamento teórico, político e técnico para compreender as relações
históricas.
A retomada da discussão sobre a qualificação profissional trouxe uma reconfiguração
nos currículos na EJA, em 2005, através do decreto n° 5.478 que trata do Programa de
Integração da Educação Profissional ao Nível Médio na Modalidade de Educação de Jovens e
Adultos. Posteriormente, em 2006, a proposta foi aprofundada e ampliada, culminando no
decreto n° 5.840 que criou o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com
a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), tendo como
perspectiva desenvolver as potencialidades, elevar a escolarização, capacitar para o mundo do
trabalho, através de um currículo amplo e integral.
Para Ramos (2010), “o currículo integrado do ensino médio técnico visa à formação
dos trabalhadores como dirigentes, tendo como horizonte a superação da dominação dos
trabalhadores e perspectivas de emancipação” (p. 52). Dessa maneira, o PROEJA propõe
ofertar a educação básica integrada à educação profissional para os estudantes que não
tiveram acesso e/ou não concluíram a educação básica, definindo que para o ensino
fundamental deve-se ter a partir de 15 anos e, para o ensino médio, 18 anos completos. O Art.
4° do decreto n° 5.840 prevê, ainda, que o PROEJA atenda a carga horária mínima de 1.200
horas para a formação geral e 1.200 horas destinadas para a habilitação profissional técnica,
contabilizando duas mil e quatrocentas horas de formação (BRASIL, 2006).
A proposta do PROEJA é integrar os campos de conhecimentos da formação
profissional, do ensino médio e da Educação de jovens e adultos, superando uma visão de
educação profissionalizante compensatória para qualificação de mão de obra subordinada e
19
passiva, a serem colocadas à disposição do mercado de trabalho em troca de dinheiro, na
perspectiva de acúmulo econômico. Outro equívoco é pensar que o PROEJA assegura maiores
condições materiais de vida ou de emprego garantido.
Entretanto, a medida em que é oportunizada uma educação comprometida, refletida
sobre quem são os estudantes que fazem parte desse ensino, ouvi-los, percebe-los como
sujeitos completos em todas as dimensões afetivas, sociais e intelectuais, com uma formação
humana mais completa, possibilitará ampliar tais objetivos. Portanto, a lógica de um currículo
integrado no PROEJA não é a substituição da Educação básica por uma educação
profissional, não se limita a esse aspecto. Contudo, esse pode ser um caminho para novas
possibilidades de pensar e de fazer uma prática pedagógica atenta às necessidades da
atualidade, que seja uma educação emancipatória, criadora e libertadora, como propõe Freire
(2013) pensada a partir da integralidade dos sujeitos que o compõem, com base numa
educação unificada, integrando os universos singulares de vida com o processo educacional
integrado à educação profissional.

4 O PROEJA NO COLÉGIO CARLINA BARBOSA DE DEUS

A Educação Profissional na cidade de Paulo Afonso-BA, em conformidade com o


Plano Municipal de Educação, inclui a oferta de cursos técnicos, com ênfase nas demandas do
mundo do trabalho, para aqueles que buscam ampliar as suas qualificações, aumentar a
escolaridade e “[...] a partir do que propôs Paulo Freire oportunizem ao aluno integrante da
Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Município de Paulo Afonso desfrutar de um ensino
referencial de qualidade [...], adequado, desafiador, propiciador de autossuperação à sua
clientela [...]” (2015, p. 94).
Partindo desse pressuposto, explicitaremos a trajetória de implantação e
funcionamento do PROEJA no Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus a partir de uma
pesquisa de campo desenvolvida no período de 2018 a 2020, sendo que, os dados discutidos
nessa categoria foram coletados com a coordenadora escolar, através da aplicação de
questionário e entrevista.
A oferta do PROEJA no Colégio Carlina teve início no ano de 2012, funcionando em
horário noturno, de modo presencial, garantindo “[...] a habilitação profissional técnica de
nível médio ao mesmo tempo, em que concluem a última etapa da educação básica”
(BRASIL, 2012, p. 3).
Sobre o ensino médio integrado, Ramos (2010, p. 56) afirma que podemos
redirecionar nossos olhares para com o ensino profissional através de uma educação unitária,
20
a partir de uma proposta curricular integrada em todas as suas dimensões, que essa
qualificação consiga proporcionar um sentido existencial para esses sujeitos, por ser

[...] possível e necessário em uma realidade conjunturalmente adversa, em


que os filhos dos trabalhadores precisam obter uma profissão ainda no nível
médio. Mas se o queremos com os germens das mudanças, que o façamos no
sentido de reconhecermos os jovens e adultos trabalhadores como os
verdadeiros sujeitos. Isso implica uma formação científica e ético-política
sólida e que proporcione a apropriação técnica e tecnológica dos processos
produtivos modernos, nas suas configurações e tendências gerais; mas
também nas suas especificidades setoriais a partir das quais se conformam as
diversas profissões as quais poderão ser inseridas nos projetos de vida desses
sujeitos como meio de produção de sua existência [grifo da autora].

Inicialmente, o PROEJA no Carlina oferecia os cursos técnicos em Recursos


Humanos e Comércio. Desde a sua implementação já se constatava que “apesar dos cursos
ofertados, ainda existia uma carência em algumas áreas não contempladas pelas instituições,
tais como:

área industrial, gastronomia, hotelaria, turismo, agronegócio e outros” (2015, p. 93).


Com base nessa afirmação, percebemos que o município compreende a necessidade
de ampliar a oferta dos cursos técnicos na modalidade da EJA, sugerindo, inclusive, áreas de
formação dos novos cursos. Após seis anos de funcionamento no Colégio Carlina, o PROEJA
ampliou o elenco dos cursos técnicos incluindo o curso em administração, com seis turmas em
formação, em 2018.
De acordo com a coordenadora do Colégio Carlina, atualmente, o PROEJA oferece
“três turmas no curso técnico em Recursos Humanos, duas turmas em técnico em Serviços
Jurídicos e cinco turmas no curso técnico em administração 2”(CT). Sobre a definição dos
cursos técnicos implementados, CT esclarece que os critérios se baseiam “na realidade
local”, ou seja, percebe-se a necessidade de qualificação local nas áreas técnicas. Ainda sobre
esse critério, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio, deve-se considerar a sua “articulação com o desenvolvimento
socioeconômicoambiental dos territórios onde os cursos ocorrem, devendo observar os
arranjos socioprodutivos e suas demandas locais, tanto no meio urbano quanto no campo”
(BRASIL, 2012, p. 3).
No Colégio Carlina, o PROEJA conta com a participação de mais de duzentos
estudantes e a sua estrutura está organizada para a duração de dois anos e meio, somando a
2 As falas dos participantes desta pesquisa foram transcritas no modo itálico para se diferenciarem das
citações dos autores de referência.
21
carga horária total de duas mil e quatrocentas horas. O público alcançado são alunos que já
concluíram o ensino fundamental, mas ainda não concluíram o ensino médio e que
demonstrem interesse pelo curso técnico ofertado. Ainda é necessário que tenham idade igual
ou superior a dezoito anos.
Ao longo da entrevista, observamos que CT se refere ao Programa
como“modalidade PROEJA modular”. Ao ser indagada sobre o uso dessa nomenclatura, CT
esclarece que “são dois módulos no ano: um módulo no 1° semestre, com duas unidades e
outro módulo no 2° semestre, com duas unidades. Ao término de cada módulo eles têm
recuperação e conselho de classe. Se aprovados vão para o módulo seguinte”.
Outro dado importante diz respeito ao eixo tecnológico que norteia a proposta
curricular do PROEJA, no caso, é o eixo Gestão de Negócios que

compreende tecnologias associadas a instrumentos, técnicas, estratégias e


mecanismos de gestão. Abrange planejamento, avaliação e gestão de pessoas
e de processos referentes a negócios e serviços presentes em organizações e

instituições públicas ou privadas, de todos os portes e ramos de atuação;


busca da qualidade, produtividade e competitividade; utilização de
tecnologias organizacionais; comercialização de produtos; e estratégias de
marketing, logística e finanças (BRASIL, 2016, p. 79).

O eixo tecnológico subsidia o planejamento dos cursos técnicos integrados ao ensino


médio profissional, sendo que cada curso técnico é norteado por eixos, conforme a área
ofertada. No caso específico dos cursos técnicos em Recursos Humanos, Serviços Jurídicos e
Administração que são ofertados pelo Carlina, o MEC orienta o eixo gestão de negócios, a
partir dele “os professores trabalham conteúdos referentes as disciplinas do núcleo comum e
as disciplinas técnicas, eles podem ter aula prática depende muito da metodologia do
professor, como também tem palestras e visitas técnicas” (CT).
Ao ser questionada sobre a importância da continuidade do PROEJA, CT afirmou
que é “[...] importante atender a demanda de alunos que trabalham e os que não concluíram
o ensino médio, oportunidade no mercado de trabalho”. Diante dessa fala, podemos observar
o direcionamento do PROEJA na perspectiva da preparação para o mercado de trabalho.
Entretanto, vale ressaltar que a formação integrada não se limita a esse fim. Apesar do
trabalho fazer parte da realidade desses estudantes, a educação profissional integrada à
educação básica deve possibilitar e garantir uma educação científica, básica e profissional,
através de uma educação completa, pois, os estudantes do PROEJA poderão enfrentar e lidar
com as incertezas que poderão surgir ao longo de suas vidas.
22
Para Ciavatta e Ramos (2011, p. 36),

[...] na relação entre o ensino médio e a educação profissional prevalece uma


visão dual e fragmentada, [...] a universalização da educação básica para
toda a população se consta da lei, não se concretizou na prática. Prevalece a
separação entre educação geral, [...] e a preparação imediata para o mercado
de trabalho, funcional às exigências produtivas. Na atualidade, a carência de
perspectivas de trabalho e renda para os jovens, principalmente, das classes
populares, torna a educação profissional uma necessidade. [...] reduzida à
funcionalidade ao mercado, [...].

As autoras discutem o ensino médio e a educação profissional no Brasil a partir da


proposta da educação integrada que ainda apresentam desafios, entretanto, não é impossível
de ser implantada. Para que se consolide, na prática, apontam a necessidade de superar a ideia
conservadora das práticas pedagógicas, de modo que garanta uma formação completa.
Para Simões (2010), a educação técnica no ensino médio, dos sujeitos trabalhadores,
por mais que seja uma imposição da realidade, não pode se configurar como uma única
possibilidade, ou seja, não é apenas direcionar para a preparação de uma determinada
profissão, mas possibilitar condições para que ela se constitua a partir da articulação pensada
para a emancipação humana e com o trabalho produtivo, assim como é necessário garantir o
direito à educação e ao trabalho qualificado.
No pensamento freiriano (2013), não existe seres humanos sem mundo, pelo
contrário, são seres no mundo e com o mundo, de modo que a conscientização e o mundo
acontecem ao mesmo tempo, a partir das realidades e das relações sociais. A medida que esses
seres humanos se apropriam dos fatos históricos, são capazes de transformá-los. Assim como,
ao encontrar desafios impostos no decorrer das suas vidas, saberão como conduzir as
situações na busca por soluções.
Portanto, a EJA integrada à Educação Profissional deve considerar uma proposta que
supere o treinamento de mão de obra qualificada, seguindo a demanda da inserção no
mercado de trabalho. Como propõe Freire (2013, p. 104), “[...] na medida em que, servindo à
libertação, se funda na criatividade e estimula a reflexão e a ação verdadeiras dos homens
sobre a realidade, responde à sua vocação, como seres que não podem autenticar-se fora da
busca e da transformação criadora”. Isso é possível através de uma educação
problematizadora comprometida com a libertação, que reforça a mudança.

4.1 O ESTUDANTE TRABALHADOR DO PROEJA

Nesta segunda categoria de análise, o foco são os estudantes do Colégio Carlina,


atualmente matriculados no PROEJA. Para a coleta de informações foi utilizado o
23
questionário com dezessete questões abertas e de múltiplas escolhas, aplicado através do
programa Google docs. Na descrição dos dados analisados, inicialmente, traçamos um perfil
com base na idade, local aonde residem, quantidade de pessoas por residência, renda familiar,
vinculações com o mundo do trabalho, fatores que interferiram na continuidade dos estudos,
motivos para retornarem à escola, a escolha do PROEJA, experiência anterior com formação
em nível técnico, além de questões de gênero e o mundo do trabalho.
Entre os alunos que participaram, 27 são do curso técnico em Recursos Humanos, 13 do
curso técnico em Serviços Jurídicos e 05 no curso técnico em Administração. Trata-se de um
público heterogêneo, com idades entre 19 a 55 anos, compõem um núcleo familiar de 01 a 08
pessoas, com renda mensal de até dois salários mínimos, sendo a maioria residente na área
urbana.
Do número de participantes, 14 declararam ter iniciado o vínculo empregatício antes
dos 15 anos, outros 14 trabalham desde os 16 e 18 anos e os demais começaram a vida de
trabalho remunerado após os 18 anos, sendo que 06 relataram nunca terem trabalhado antes.
Os dados revelam que a maioria dos estudantes tem experiências que se vinculam ao mundo
do trabalho, confirmando resultados de outras pesquisas ao dizerem que “os jovens pobres
com dificuldades econômicas procuram sua inserção no mundo do trabalho, muitas vezes de
forma instável, ainda durante a idade própria da educação básica” (SIMÕES, 2010, p. 99).
Nesta afirmação, identificamos alguns dos fatores que contribuíram para a saída precoce da
escola em suas trajetórias de vida, pois a maioria respondeu sobre dificuldades financeira e a
necessidade de trabalhar para sobreviver, antes de concluir os estudos. Outros motivos
apontados, principalmente, entre as participantes do sexo feminino, foram o casamento,
gravidez, cuidado da casa e dos filhos, além de “depressão3” (P10), “distância” (P13),
“dificuldade em algumas matérias” (P24) e “estava desmotivada” (P19).
Apesar desses sujeitos terem se afastado ou, de certo modo, terem sido excluídos do
processo educacional na idade prevista, percebemos, em suas falas, que compreendem a
importância dos estudos na aquisição de conhecimentos para ampliar suas chances de
condições econômicas, isto é, na busca por melhores oportunidades de emprego. Essa
perspectiva é confirmada quando perguntamos por qual motivo retornaram para a escola,
diante disso, 55,6% responderam que foi para adquirir mais conhecimentos, 35,6% para
conseguir um emprego, 4,4% para progredir no atual emprego e 4,4% assinalaram outras
finalidades.

3 As falas dos sujeitos da pesquisa sofreram correções ortográficas e gramaticais para melhor
compreensão do texto.
24
Arroyo (2017, p. 55) enfatiza que os estudantes da EJA são sujeitos de coletivos que
carregam consigo leituras de mundo, de trabalho, de cidade ou do campo, e que precisamos
“[...] reconhecer como ponto de referência os próprios jovens-adultos como membros de
coletivos sociais, raciais, de gênero, classe... Reconhecê-los sujeitos de direitos”. Quando
perguntamos o motivo pelo qual escolheram dar continuidade aos estudos, optando pelo
PROEJA, as respostas sinalizaram um senso de oportunidade de conclusão da educação
básica articulada com a qualificação profissional, ampliar seus potenciais “para mudar de
profissão e adquirir um curso técnico” (P6), “[...] conseguir melhores oportunidades de
emprego”
(P9), “[...] conseguir algo melhor para minha vida” (P29), bem como, dar “[...] uma vida
melhor para os meus filhos” (P10), além de querer “[...] uma formação acadêmica concluída,
para conseguir um emprego melhor” (P14).
Através das falas destacadas, verificamos que escolheram o PROEJA por acreditarem
na possibilidade de fortalecerem suas qualificações técnicas com vistas ao ganho potencial de
empregabilidade. Embora, esses sejam muitos dos anseios pessoais dos estudantes,
precisamos conceber “a capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar, mas sobretudo
para

transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a, [...]” (FREIRE, 2011, p. 59).
Observamos que dos 45 alunos participantes desta pesquisa, 08 já havia concluído
outros cursos em nível técnico, a exemplo de “Manutenção de micro” (P5), “Técnico em
Segurança do Trabalho” (P19), “Fotografia” (P37), “Telecomunicações, Secretariado,
Massoterapia, Técnico de informática” (P43), entre outros. Contudo, nenhum deles atua
profissionalmente nas áreas de formação. Outro aspecto observado durante a pesquisa, foi que
o público feminino representa 88,9%, sendo uma quantidade expressiva de mulheres em
busca de uma qualificação profissional em nível técnico.
Os dados obtidos evidenciam, também, que os estudantes do sexo masculino
possuem ocupações de trabalho e renda na condição de agricultor, serviços gerais, micro
empresário e auxiliar técnico, sendo que, somente 01 entre eles, está desempregado. Em
contrapartida, as mulheres estudantes, assumem, atualmente, funções remuneradas, tais como,
operadora de caixa, atendente, vendedora, serviços gerais, doméstica, babá, camareira,
manicure e profissional autônoma. Nesse contingente, apenas 01 (uma) é aposentada e 02
25
(duas) conseguiram trabalho remunerado como auxiliares administrativo, após ingressarem no
curso técnico correspondente, na modalidade PROEJA.
Quase 50% dessas mulheres estão desempregadas atualmente, dados que nos
provocam a refletir sobre, pelo menos, três questões: primeiro sobre a necessidade de se
elevar o nível de escolaridade para que o contingente feminino consiga ser inserido no mundo
do trabalho; segundo, a multiplicada jornada de trabalho da mulher no cuidado do lar e dos
filhos constitui-se julgo desigual quando se consideram as escassas vagas de colocação e a
recolocação profissional e, terceiro, as desigualdades de oportunidades entre homens e
mulheres, caracterizada como uma questão de gênero que se perpetua no imaginário coletivo
e nas práticas sociais de negação histórica.
Freire (2011, p. 52) denuncia que qualquer modo de discriminação, seja por questões
de classe social, raça ou gênero, desconsidera a substantividade do indivíduo, sendo assim
“[...] é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos
condicionantes a enfrentar”. Pela fala do autor, fica evidente que alguns desses
“condicionantes” são bastante conhecidos no contexto de uma sociedade de cultura machista,
na qual, mulheres, sobretudo com baixa escolaridade, são tratadas como frágeis e inferiores se
comparadas aos homens, sendo que tal “diferença” é legitimada, também, nos salários pagos
que, geralmente, são menores, embora os turnos do trabalho feminino sejam muito maiores.
Percebemos, desse modo, a emergência das mulheres estudantes do PROEJA pela
qualificação profissional integrada à educação básica.
4.2 EXPECTATIVAS FORMACIONAIS DOS ESTUDANTES DO PROEJA

Ao longo do questionário pudemos perceber as expectativas dos alunos quanto à


educação profissional na EJA. Assim, nessa categoria de análise vamos discutir o que dizem
sobre o ensino no PROEJA do Colégio Carlina, seus interesses de atuação profissional na área
da formação, necessidades de complementação formacional através de curso técnico não
disponibilizado pelo PROEJA e, por último, se recomendariam o PROEJA para outras
pessoas.
Sobre as impressões do ensino no PROEJA, 44,4% consideram ótimo, 37,8%
disseram ser bom, 15,6% consideram regular e 2,2% declaram o ensino ruim. Para
complementar as informações, perguntamos se o PROEJA atende as expectativas formativas e
o porquê. Dos 45 estudantes, 84,5% responderam afirmativamente, justificando, de modo
geral, ser “um curso de grande valia, [...] me proporcionou saberes que vou levar para o
resto da vida” (P3), sendo de mesmo parecer a aluna do curso de Recursos Humanos quando
26
considera a “profissão boa no mercado do trabalho”(P35). Em contraposição, 15,5% dos
estudantes responderam que o Programa não atende às suas expectativas alegando que “o
curso não oferece estágio”(P25) e “não é fácil as portas se abrirem para ganharmos
experiência” (P45), ademais, “não temos todas as disciplinas da grade do curso, e nem
professores para elas. Temos um horário bem reduzido o que prejudica desqualificando o
curso”(P43). Ou seja, além das questões relacionadas ao atendimento da proposta curricular
do PROEJA no Colégio Carlina, são apontadas dificuldades no que se refere às oportunidades
de desenvolverem experiências práticas que assegurem suas inserções no mundo do trabalho
de modo mais qualificado.
Arroyo (2007, p. 11) tece considerações significativas sobre quais conhecimentos do
mundo do trabalho deveriam ser ensinados nos cursos da EJA. Para ele,

a imagem de educando que o currículo tem é de empregável, então o


capacitemos para a empregabilidade, formemos um currículo por
competências para uma suposta sociedade do trabalho. [...] há muitas formas
de capacitar para o trabalho. Uma delas é tornar os educandos e educandas
mais competentes para um mundo cada vez mais competitivo, em função dos
processos de produção seletiva. [...] outra forma que o movimento operário
mundial nos ensinou, o movimento operário mundial não renunciou a formar
um trabalhador(a) competente, a trabalhar com competência no trabalho. [...]
a burguesia nunca quis, que ele entendesse muito bem dos mundos do
trabalho. Os saberes sobre os mundos do trabalho são mais do que as
competências para enfrentar um concurso ou um emprego. [...] ser
competente para entendê-los e para enfrentá-los e não simplesmente para se
integrar e se acomodar.

Na sequência do levantamento de informações, os alunos foram solicitados a expressarem


suas expectativas pessoais em trabalhar na área de formação do PROEJA. Através das
respostas, 4,4% não demonstraram interesse em atuar na área, 2,2% ainda não sabem, 93,4%
responderam positivamente, pois “a área jurídica sempre me atraiu, é algo que quero me
aprofundar futuramente”(P14), “[...] é uma das áreas que mais me identifico” (P20) e “[...]
pretendo ganhar mais um pouco” (P33). Uma das respostas apresentadas para a mesma
questão saltou aos nossos olhos por evidenciar um misto de desejo e preocupação. Ao dizer
das suas expectativas profissionais na área da formação técnica, (P23) afirmou que “se surgir
a oportunidade irei, mas a idade eles podem não aceitar”. A fala dessa aluna de 46 anos,
suscitou reflexões sobre o envelhecer na sociedade ocidental em que predominam os valores
da produtividade, da velocidade, da superficialidade, da aparência física superestimada e do
“culto ao corpo” (SANT´ANNA, 2001; 2000; SILVA, 2001; SOARES, 2004; SANTOS &
DAMICO, 2009).
27
Os pressupostos teóricos sobre o envelhecimento e o ambiente de trabalho,
defendidos por Neri (2002, p. 9), denunciam que

por causa dos estereótipos correntes sobre velhice e envelhecimento, os


trabalhadores mais velhos tendem a ser vistos como obsoletos, improdutivos,
resistentes à mudança e desmotivados. Essas avaliações são apontadas como
justificativas para não investir neles, visto que pouco se acredita no retorno
dos custos do seu treinamento, e enfim para afastá-los do trabalho, para que
seus erros não prejudiquem a organização.

Um dos estudantes do curso técnico de Recursos Humanos que é microempresário,


no ramo de bijuterias, revelou suas expectativas em relação à qualificação profissional do
PROEJA, do seguinte modo: “pretendo usar os conhecimentos de recursos humanos no meu
negócio também”(P34). De acordo com Arroyo (2007), os processos educativos para alunos
trabalhadores demandam propostas curriculares que “capacitem para ter mais opções nessas
formas de trabalho e para se emancipar da instabilidade a que a sociedade os condena.
Conhecimentos e capacidades que os fortaleçam como coletivos que os tornem menos
vulneráveis, nas relações de poder” (p. 10).
Na sequência, ao serem questionados se gostariam de realizar outro curso não
oferecido pelo Programa, 35,5% responderam que não, 2,2% não sabem, contudo, 62,3%
assinalaram que sim, manifestando o interesse pela formação acadêmica, em nível superior,
nas áreas de serviço social, direito, pedagogia, medicina, administração e nutrição, além de
outros cursos técnicos como, mecatrônica, técnico em enfermagem, marketing digital, gestão
comercial, análises clínicas, massoterapeuta, técnico em Análises Clínicas, edificações e
radiologia.
Por fim, indagamos se recomendariam o PROEJA para outras pessoas. De acordo
com 95,6% dos estudantes, o PROEJA é um programa recomendável porque tem “qualidade
muito boa no ensino, com profissionais de excelência” (P2), além disso, “[...] tem muita gente
carente do conhecimento de um curso promissor” (P5). Por sua vez, P14 informou: “não
tenho certeza, achei o ensino bem pobre de conteúdo. Faltando professores das principais
matérias, achei também, meio desorganizado em questão do professor impor a sua
autoridade ao aluno em sala de aula”.
Observamos no dizer de P14 uma noção equivocada de processo de aprendizagem
envolvendo jovens, adultos e idosos, uma vez que, considera desorganizado a não imposição
da autoridade ao aluno da parte do professor. Freire adverte para o risco dos discursos de
autoridade na educação de adultos, argumentando que nesse espaço pedagógico, o princípio
28
da horizontalidade é fundamental, pois, professor e aluno, “[...] se tornam sujeitos do
processo em que crescem juntos e em que os ‘argumentos de autoridade’ já não valem” (2013,
p. 98).
Na conclusão desta categoria de análise, citamos Arroyo (2007, p. 8-9) para dizer
que a educação persiste com “promessas de futuro e, talvez, o discurso deveria ser da garantia
de um mínimo de dignidade no presente. Essa abordagem muda, e muito, o foco do olhar.
[...] o que temos que fazer é evitar discursos do futuro e falar mais no presente”. Nessa
direção, ao responder se recomendaria o PROEJA, P11 afirma categoricamente: “sim, porque
nunca é tarde para voltar a estudar”. Esta resposta confirma a necessidade de intervenções
no aqui e no agora. Então, buscar a EJA apenas para formar competências para um trabalho
que talvez nem exista, pode se tornar um fracasso, portanto, o PROEJA pode propor
currículos que levem em conta mais liberdade e mais referências de superação no presente,
sobretudo sem promessas de futuro.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este TCC procurou conhecer a oferta da educação profissional articulada com a EJA
por meio da implementação do PROEJA no município de Paulo Afonso/BA, no Colégio
Estadual Carlina Barbosa de Deus, identificar os perfis dos estudantes que compõem essa
modalidade e refletir sobre as expectativas formacionais desses sujeitos com o PROEJA,
através da relação entre educação e trabalho. Nessa perspectiva, as maneiras para instigar os
resultados dessa pesquisa, foram aplicados questionários e entrevista com a coordenação da
escola. Para os estudantes foi aplicado o questionário. Assim, desvelamos que apesar do
PROEJA no Carlina atender a demanda da realidade municipal, a escola ainda enfrenta alguns
desafios no sentido de ampliar a visão de integração entre o Ensino Médio, EJA e a Educação
Profissional, sobretudo para que seja garantido o direito à educação ao longo da vida para
além do direcionamento para o mercado de trabalho.
Nesse sentido, esses estudantes têm o perfil sócio econômico marginalizado, que em
algum momento das suas vidas foram excluídos do processo educacional, além de serem
trabalhadores com experiências e saberes construídos durante suas trajetórias de vidas. De
acordo com as respostas recebidas por parte desses estudantes, de forma geral, os resultados
foram positivos, valorizam o âmbito escolar como espaço de saberes sistematizados. Esses
jovens, adultos e idosos, ao escolherem o programa, buscam, em sua maioria, a qualificação
profissional para obter melhores oportunidades no mundo do trabalho. Entretanto, houve
pontos de contradição a serem superados, principalmente no quesito de associar o PROEJA a
29
ideia de empregabilidade e por acreditar que terão condições econômicas estáveis,
significados esses, atribuídos para essa certificação.
Diante dessas constatações, compreende-se que através de uma formação comprometida que
subsidie e tenham referências para as instabilidades que poderão surgir ao de suas vidas, não
somente pela existência de um programa de governo, mas pela necessidade do compromisso
entre todos os atores envolvidos para se concretizar uma política pública de qualidade para a
EJA, tanto no que se refere a oferta para que se alcance as suas metas e, consequentemente
para os estudantes do PROEJA, para refletir sobre a (re)qualificação profissional no mundo
do trabalho.

REFERÊNCIAS

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<https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=F8342BB4536
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pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 03 jan. 2021.

______. Decreto n° 5.840. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da


Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/D5840.htm>. Acesso em:
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CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. Ensino Médio e Educação Profissional no Brasil:


Dualidade e fragmentação. Revista retratos da escola. Brasília, v. 5, n. 8, p. 27-41, jan./jun.
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Acesso em: 10 nov. 2020.

ESTADO DA BAHIA. Prefeitura Municipal de Paulo Afonso publica: Lei Municipal Nº.
1.309 de 22 de junho de 2015 - Aprova o Plano Municipal de Educação – PME do
Município, em consonância com a Lei Federal nº 13.005/2014 que trata do Plano Nacional de
Educação - PNE e dá outras providências. Paulo Afonso, 2015. Disponível em:
<www.pauloafonso.ba.io.org.br> . Acesso em: 10 jan. 2021.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlhas, 2002.

LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2ª


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MINAYO, M. C. de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21ª ed. Petrópolis, RJ:
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MOURA, Dante Henrique. Ensino médio e educação profissional: dualidade histórica e


possibilidades de integração. In: MOOL, Jaqueline. Educação profissional e tecnológica no
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NERI, Anita Liberalesso. Envelhecer Bem no Trabalho: Possibilidades Individuais,
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Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/2222/1437. Acesso em: 21 nov.
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educação profissional e educação básica. In: MOOL, Jaqueline. Educação profissional e
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https://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf. Acesso em: 16 ago. 2020.

SANTOS, F.C. & DAMICO, J.G.S. O mal-estar na velhice como construção social. Revista
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SILVA, A.M. Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestação de um novo arquétipo
da felicidade. Campinas (SP): Autores Associados, 2001.

SOARES, C.L. (Org.). Corpo e História. Campinas (SP): Autores Associados, 2004.

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MOOL, Jaqueline. Educação profissional e tecnológica no Brasil contemporâneo: desafios
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Disponível em: https://docplayer.com.br/3304769-Educacao-de-adultos-emretrospectiva.html.
Acesso em: 17 de Outubro de 2020.
32
33

APÊNDICES

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB


PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PROGRAD
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

Prezado Gestor,

Gostaria de contar com sua participação na pesquisa “Educação Profissional Integrada à


Educação Básica na modalidade EJA: o PROEJA no Colégio Estadual Carlina Barbosa de
34
Deus – Paulo Afonso/BA”, que compõe meu Trabalho Final de Curso de Graduação em
Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, sob a orientação da profa. MSc.
Eunice Maria. Por isso, sua resposta a esse questionário é fundamental. Vale ressaltar que seus
dados não serão identificados na pesquisa.
Desde já, agradeço por sua colaboração!

Nelcicleia Pereira Chaves Freire - 111610160

1. Quando o PROEJA foi implementado nessa instituição?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. Para qual público se destina o PROEJA?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3. Quais são os pré-requisitos para se matricular no PROEJA?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4. Quantos estudantes estão matriculados no PROEJA atualmente?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5. Quais são os cursos técnicos ofertados pelo PROEJA nessa instituição?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
6. Atualmente estão sendo ofertadas quantas turma?
________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
7. Como se deu a escolha pelos cursos técnicos que estão sendo ofertados pela
instituição?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
35
8. Em sua opinião, considera importante que a instituição continue ofertando ao
PROEJA?
Por que?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
9. Há algo que considere relevante mencionar sobre a oferta do PROEJA que não foi
mencionado acima?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB


PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PROGRAD
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

Prezado Estudante,
36
Gostaria de contar com sua participação na pesquisa “Educação Profissional Integrada à
Educação Básica na modalidade EJA: o PROEJA no Colégio Estadual Carlina Barbosa de
Deus – Paulo Afonso/BA”, que compõe meu Trabalho Final de Curso de Graduação em
Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, sob a orientação da profa. MSc.
Eunice Maria. Por isso, sua resposta a esse questionário é fundamental. Vale ressaltar que seus
dados não serão identificados na pesquisa.
Desde já, agradeço por sua colaboração!

Nelcicleia Pereira Chaves Freire - 111610160

• Curso técnico: _____________________________________________________


• Idade: _________________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 1)
Você reside em:
( ) Área urbana ( ) Área rural ( ) Outros
2) Atualmente você mora em:
( ) casa própria ( ) casa de familiares ( ) casa alugada ( ) Outros
3) Quantas pessoas moram com você? Incluindo você.
A) ( ) Moro sozinho
B) ( ) Uma a três pessoas
C) ( ) Quatro a sete pessoas
D) ( ) Mais de oito pessoas
4) Somando a sua renda com as das pessoas que moram com você, qual é,
aproximadamente a renda familiar mensal?
A) ( ) Menos de um salário mínimo
B) ( ) Um salário mínimo
C) ( ) Mais de dois salários mínimos
D) ( ) Não possui nenhuma renda
5) Qual o seu vínculo empregatício?
A) ( ) Assalariado com carteira assinada
B) ( ) Assalariado sem carteira assinada
C) ( ) Autônomo
D) ( ) Aposentado
E) ( ) Desempregado
6) Com quantos anos começou a trabalhar?
A) ( ) Antes dos 15 anos
B) ( ) Entre 16 e 18 anos
C) ( ) Após 18 anos
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D) ( ) Nunca trabalhei
7) O que te motivou a retornar para escola?
A) ( ) Conseguir um emprego
B) ( ) Progredir no atual emprego
C) ( ) Adquirir mais conhecimentos
D) ( ) Outros
8) Como você considera o ensino na instituição?
A) ( ) Ótimo;
B) ( ) Bom;
C) ( ) Regular;
D) ( ) Ruim.
9) Quem é o responsável financeiro da sua casa?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
10) Caso esteja atualmente empregado, qual é a sua profissão?
_______________________________________________________________________
_
________________________________________________________________________

11) Você havia parado de estudar? Por qual motivo?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
12) Por qual motivo você se matriculou no PROEJA?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

13) Já havia realizado outro curso de Educação Profissional? Caso sim, qual?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
14) Pretende trabalhar na área do curso técnico escolhido? Por que?
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________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
15) O curso escolhido atende às suas expectativas? Por que?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
16) Gostaria de fazer outro curso técnico que ainda não seja ofertado pela instituição? Se
sim, qual?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

17) Você recomendaria o PROEJA para outras pessoas? Por que?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

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