Você está na página 1de 326

CLÍNICA

DE BOVINOS
CLÍNICA
DE BOVINOS

George T. Stilwell
Médico-veterinário, PhD, Diplom ECBHM
Professor Auxiliar
Departamento de Clínica
Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade Técnica de Lisboa

COLABORAÇÃO:

Miguel L. Saraiva Lima


Professor Associado,
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa

1.

EDIÇÃO: PUBLICAÇÕES CltNCIA & VIDA


EDIÇÃO ESPECIAL PARA A BAYER
Copyright© 2013 Publicações Ciência e Vida, Lda.
Praça de Alvalade, N. 0 9 - 4.7
1700-037 Lisboa

Reservados todos os direitos.

É proibida a reprodução de parte ou do todo desta publicação, assim como a transmissão através de qualquer meio, seja mecânico,
eletrónico, fotocópia, gravação' ou outro qualquer, sem o prévio consentimento escrito do autor e da editora.

Design e paginação: Nuno Veiga


Impressão: Publicações Ciência e Vida, Lda.
Tiragem: 900 exemplares

ISBN: 978-972-590-092-5
Depósito Legal: 353507 /13

Impresso em Portugal.
AGRADECIMENTOS

Ao Miguel Saraiva Lima e Fernando Bernardo pela participação nalgumas secções mais
especializadas do texto e na revisão de partes do texto.
A Rita Campos de Carvalho, Fernando Boinas, Ricardo Bexiga e Catarina Stilwell pela revisão
e conselhos preciosos.
Ao Manuel Dargent Figueiredo pela confiança incondicional e à Bayer Portugal pelo patrocínio.
A Maria Stilwell pelo desenho da capa.
Aos seguintes Colegas pela imediata disponibilidade em ajudar e pela cedência das
fotografias que muito valorizam este livro:
Ana Luísa Brás, Ana Margarida Costa, António Giesteira, Armando Serrão, Carlos Pinto, Cátia
Pereira, Deolinda Silva, Helder Cortes, João Cota, João Fagundes da Silva, José A. Ferreira
das Neves, José Mira, Luís Lopes da Costa, Luís Pinho, Maria Braz, Mário Silveira, Miguel
Matos, Miguel Saraiva Lima, Nuno Prates, Phil Scott, Ricardo Romão, Rui Silva, Sandra Branco,
Sara Salgado, Teresa Duarte, Virgílio Almeida e ainda à UNICOL (Açores).

DEDICATÓRIA

Dedico este livro a todos os meus estagiários, passados e futuros (dos quais agora não me
lembro dos nomes). Esta é uma retribuição pois com eles partilhei a espantosa experiência
de ser clínico de campo e com eles muito aprendi.
Aqui ficam os nomes - eles sabem quem são:
Zé, Isaura, Modibo, Raquel, Rosa, Sandra·, Filipe, Gustavo, Pedro R.*, Paulo M.C., Carla M., Rui L.,
Pedro C., Luís G., Elsa, Daniel, Odete, Anabela, Inês M.', Salvador·, Paulo P., Hermano, Luís M.,
Inês C., Rita A., Patrícia, Sofia, Maria B, Maria C., Tânia, Cátia, Marta, Carla R., Inês A., Tiago,
Rui, Uriel.

* Estagiários emprestados pela Dr.ª Rita Campos de Carvalho.


ÍNDICE

PREFACIO..............................._............ _............................................................................................................................................ ................................................... 9

CAPITULO 1
EXAME CLÍNICO DE BOVINOS ................................................................................................................................................................................................. 11

CAPfTUL02
EXAMES COMPLEMENTARES ................................................................................................................................................................................................... 33

CAP(TUL03
AS DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DOS BOVINOS ................................................................................................................................................ 49

• Diarre ia • Dise nte ria • Mele na ......................................................................................................................................................................................... 51


• Abdómen Ag udo • Alteração do Perfil Abdo minal .......................................................................................................................................... 77
• Lesões • Tumefacções Orais............................................................................................................................................................................................. 99
• Dispne ia • Rinorre ia · Tosse .............................................................................................................................................................................................. 109
• Depressão • Ataxia • Paresia • Convulsões.............................................................................................................................................................. 133
• Lesões da Pele .......................................................................................................................................................................................................................... 153
• Lesões Ocula res · Cegueira • Fotofobia .................................................................................................................................................................... 179
• Alteração dos Sons Cardía cos• Pulso Jugular...................................................................................................................................................... 187
• Ane mia • Icterícia ................................................................................................................................................................................................................... 195
• Perd a de Peso • Quebra de Produção Leiteira ..................................................................................................................................................... 209
• Aborto........................................................................................................................................................................................................................................... 2 19
• Morte Súbita ............................................................................................................................................................................................................................. 233
• Clau di cação............................................................................................................................................................................................................................... 243

CAPfTUL04
DOENÇAS E CONDIÇÕES LIGADAS AO PARTO........................................................................................................................................................... 277

CAPfTULOS
ABORDAGEM CLÍNICA À INTOXICAÇÃO POR PLANTAS, FUNGOS E MINERAIS ............................................................................... 297

ANEXO - QUADRO DE DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS........................................................................................................................................ 311

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................................................................................................... 316

fNDICE REMISSIVO.......................................................................................................................................................................................................................... 318


1

PREFÁCIO

A clínica de bovinos encerra características únicas dentro da medicina veterinária. Se por um lado estamos a lidar com
animais de produção, o que limita os recursos colocados ao serviço da obtenção de um diagnóstico ou na resolução do
caso, por outro é-nos pedida a assistência a animais com um valor considerável. Assim, se bem que cada vez mais se de-
fenda uma abordagem do tipo "medicina da produção" ou "saúde da manada" (herd health), ainda não é descabida a acção
clínica do médico-veterinário. Este tanto deve estar preparado a actuar a nível da exploração como do indivíduo que
padece de determinada doença - as duas vertentes complementam-se e não se excluem. Esta dupla função, que desa-
pareceu da actividade com outras espécies, torna o trabalho do veterinário de bovinos num apaixonante misto de médi-
co, epidemiologista e gestor.

Este livro destina-se a apoiar o clínico, e principalmente aqueles com menos experiência, na primeira abordagem às do-
enças que afectam o indivíduo mas que geralmente reflectem problemas que influenciam o rendimento do grupo e,
portanto, do produtor. Do correcto diagnóstico e do conhecimento adequado das particularidades de cada doença, re-
sultará uma melhor acção preventiva, uma mais profícua gestão dos recursos e uma maior salvaguarda do bem-estar do
animal. Mesmo que isso corresponda à eutanásia.

Porque consideramos que um bom clínico de campo é aquele que consegue aliar o conhecimento científica à elevada
capacidade de colher e interpretar sinais clínicos, começamos o livro com uma revisão bastante extensa do Exame Clínico
de Bovinos. Como referimos nesse capítulo, e citando o Prof. Radostits, "erra-se mais por não se ver do que por não se
saber".

Só depois de um completo exame físico será possível tirar bom partido de uma série de exames complementares, que
podemos efectuar ao lado do animal ou enviando material para o laboratório. A escolha judiciosa dos testes é essencial
em termos de custo-benefício, e é a pensar nisso que apresentamos os Exames Complementares mais úteis em clínica de
bovinos.

Nos restantes capítulos segue-se a descrição das doenças e situações clínicas mais frequentes em buiatria. A arrumação
seleccionada para as doenças não é provavelmente a mais científica e não é de certeza a mais ortodoxa. Isto porque o seu
fim não é o de descrever processos patológicos ou servir de referência, mas sim de servir de texto de apoio para consultas
rápidas ... entre uma vacinação e um parto.

De referir ainda que a descrição das diversas doenças se baseia muito na nossa experiência de muitos anos e que por isso
pode variar na relevância dada a uns sinais em detrimento de outros, provavelmente considerados mais marcantes por
outros clínicos. Esse é um dos riscos de se estar a escrever um texto iminentemente prático e pessoal. A leitura deve ser
feita sempre com isso em mente.

É óbvio que as descrições estarão sempre incompletas e por isso a sua leitura deve ser sempre complementada pela
consulta de livros de clínica generalistas ou artigos específicos. Daí a necessidade que sentimos em associar uma lista
bibliográfica que colocámos na parte final do livro.

George Stilwell
'. AV Atrioventricular HVB He1peMrus bovino
'

AGID lmunodifusão em Jgar gel IA l11set111nélçiio artiAcial


CREA Creatinina IBR mnm r" queite Infecciosa Bovina
ADN Acido Desoxirribonucleico ID Intestino dr lgiKfo
AGV Acidas Gordos Voláteis IDH L- lditol DehidrLJgeha;C!
AINE Anti-inílamatório não esteróide IG Intestino 910sso
ALB Albumina IL l11terleuqt11na
ALKP Fosfatase alcalina IPB Bolanopostite infecciosa bovina
ALT Alanina Aminotransferase IPV Vulvov~qlnlte pl 1stular infecciosa
AMYL Amilase IV lndlgest~o vagai
AST AspJ113l<) Transaminase JH Jejunite hernnrr,lgira.
BEN 8.alMiço [neigétlc'O Negativo LBA Lavagem bronco-alveolar
BHB B-hidroxibutirato LCR Líquido celaro,raqu1dld110
BLAD Sovine lcl 1kocy1e adhesion deficiency LDH Lactato dehid,ogenél;e
BRSV Vírus Resp1ra16rlo Sincicial Bovino LIPA Lipase
BSE ~n(cfalopa1Ja esponglíor 111e bovina LPS Upu1x1llssac~1lclm
BUN Nll10t1étllo Ureico Sa1,gurneo ME Meteorismo espumoso
BVD Diarreia Virai Bovina NCP Não cilu1.>állc.o
BVD-MD Diarreia Virai Bovina - Doença das Mucosas NEFA Ácidos Gordos Não Esterificados (tb. Ácidos Gordos Livres)
CE Corpo estranho NMI Neurónio Motor Inferior
CH Carbúnculo Hemático NMS Neurónio Motor SurJerlQt
CHOL Colesterol PCR Reac.r,ão de Polhnerl1,1çJo em Cadeia
CID Coag ulaç~o intravascular disseminada PEM Poliencefalomalácia
co, Dióxido de Carbono PGF2a Pr1) 1mgl,mdln,) F2a
CPK Cre 0tinofosfoquinase (tb. CK) PI Persistentemente lnfectado (BVD)
cs Carbúnculo Sintomático PT Proteínas Totais
DAD Deslocamento de Abomaso à Direita QIB Qu~r.11ocor1Ju11LIVite Infecciosa Bovina
DAE Deslocamento de Abomaso à Esq11errla ARN Acido Ribonucleico
DD Diagnó,11co diferencial RP Retenção placentária
DI Disenteria de Inverno SAA Seroamiloide A
DMB 1)oença Músculo Branco SARA Acidose Ruminai Subaguda
DRB Doença Respiratória Bovina SDH Sorbitol Dehidrogena, e
EDTA Acido etileno-diamino-tetra-acético SNA Sistema Nervoso Autónomo
EEPAB Edema e Enfi sema Pulmonar Agudo Bovino SNC Sistema Nervoso Central
EHEC E.coli emero hernorr.1gl( O SNP Sistema Nervoso Periférico
ELISA Enzym~Llnke<J lmmunosorbent Assay SRV Síndrome do Rúmen Vazio
EM Edema Maligno svc Síndrome da Vaca Caída
EPEC E.coli entc1o·µatogé,1lco SVCP Síndrome da Veia Cava Posterior
ETEC E coli enwromx 111ogflllco TBIL Bilirrubina Total
e.g. exempli groticr (po1exempl()J TCM Teste Californiano de Mastites
FC írequénci.i cardíaca TGI Tracto Gastrointe,tinal
FCM Febre Catarral Mallgn,1 TMR Total Mixed Ration (Dieta Completa)
FEC Fluido extracelular TNF Factor de Necrose Tumoral
FG Rgll,10 Gordo TSA Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos
GGT y Glutamil Transferase UE União [uropcla
GI Gastrointestinal URIC Ácido úrico
GLU Glucose uv Ultravioletas
GMD Ganho Médio Diário VA Volvo abomasal
HD Ho~pedeho Definitivo VCM Volume,Cn, puscula, Médio
HEB Hematúria Enzoótica Bovina VLDL l 1pop101cí11a~de muito baixa densidade
HI Ho, ped~lro Intermediário v. ver doença neste livro
CAPÍTULO 1
EXAME CLÍNICO DE BOVINOS
\_ l t )1 , /( '-: /1 ', l 'i 11 J j ~1t_'I '.) 1 Ir , ~ , l

1. INTRODUÇÃO
O exame físico continua a ser a base mais sólida da medici-
na clínica. Isto acontece apesar de toda a tecnologia (exa-
mes complementares e apoio laboratorial) de que os vete-
rinários dispõem actualmente e do facto da orientação da
medicina veterinária de espécies pecuárias ser cada vez
mais no sentido da resolução de problemas de grupo e da
produção. Aliás, a escolha de provas laboratoriais ou exa-
mes complementares de diagnóstico só será racional e útil
se se seguir a um bom exame físico.
Um exame clínico deve ser sistemático, não podendo ha-
ver zonas do organismo que não são examinadas apenas
porque um problema salta logo à vista e devendo-se evitar
o diagnóstico preconcebido. Radostits afirma que "mais er-
ros são cometidos por não ver do que por não saber''.
O exame clínico é constituído por quatro fases:
História; Exame do meio ambiente; Exame físico do animal;
Exames complementares

2. A HISTÓRIA CLÍNICA
O interrogatório ao proprietário ou tratador deve ser siste-
mático e abordar, de forma rápida mas exaustiva, as várias
vertentes da história do animal, do grupo e da exploração.
Seguem-se alguns exemplos:
• Maneio e instalações (Fig. 1) - tipo de exploração (inten-
siva vs extensiva)? Tipo de estabulação? Composição dos
parques (e.g. idade, produção, origem)? Entrada de novos
animais? Regras de bio-segurança (e.g. quarentena)?
• Nutrição e alimentação - tipo de alimentação? O acesso ao
alimento e água é fácil? Origem da água (canalizada, poços,
ribeiro, furos)? Estado das pastagens? Presença de plantas • Historial do animal doente - qual a idade? Já esteve do-
tóxicas nas pastagens? Aspecto da silagem e outras matérias ente antes? Quando ocorreu o último parto? O parto cor-
(e.g. feno húmido, presença de bolor, palha muito grosseira)? reu bem (e.g. distócia, retenção placentária, metrite)?
• Sanidade - qual o estado de vacinação e desparasitação Produção leiteira antes de adoecer? Quebra de produção
abrupta ou gradual? Se for vitelo, quando é que foi des-
do efectivo? Quais as doenças mais frequentes na explo-
ração (e.g. diarreias, mastites, pneumonias)? Existem re- mamado? Administração do colostro foi a adequada? Foi
gistos - número de animais doentes, tratamentos, resul- sujeito a factores de stress (e.g. transporte)?
tados? Existem antibiogramas de casos anteriores? Nível • Historial da doença/problema - O que é que o dono pen-
de contagens de células somáticas no tanque do leite? sa que está errado com o animal? Ou qual a razão porque
nos chamou? Quando se iniciou o processo? Qual a sua
evolução? Houve mudanças de alimentação ou no ma-
neio? Há mais animais afectados7 Já foi feita algum a me-
dicação ou tratamento? Clima nos dias anteriores?

A EDO 10 M IENT
Antes de abordar o animal ou animais doentes, a inspecção
do ambiente onde este se encontra ou tem vivido nos tem-
pos recentes pode ser crucial à obtenção do diagnóstico.
Esta observação pode ser feita ao mesmo tempo que se fa-
zem as perguntas ao dono/tratador e por isso não precisa
de dem ora r muito, mas também não deve se r feita de for-
ma di straída pois há pormenores que podem ter um sign i-
ficado muito importante (e.g. uma vaca muito agressiva
num parque ou vitelos isolados do resto do grupo).

Entre outras coisas, o veterinário deve verifi car se há alimento


suficiente na manjedoura e se é de qualidade; se a pastagem
parece ter matéria vegetal suficiente e qual o seu grau de de-
atitude dos animais do grupo perante a presença humana
senvolvimento (erva muito jovem pode esta r relacionada
(e.g. através da observação do espaço de fuga); presença de
com carências minerais); se a água é de qualidade e facilmen-
outras espécies animais (e.g. galinhas, pombos, cães. roedores)
te disponível para todos os animais; se a venti lação é adequa-
que poderão funcionar como vectores de doenças (Fig, 3).
da e se o ar é limpo e fresco; se se ouvem muitas tosses nos
parques; se os níveis de higiene da exploração são adequados;
se o bem-estar animal está assegurado; se há condições físicas
4. )( ME i ICO
ou tóxi cas que possam justificar o aparecimento de determi-
nadas afecções; o aspecto das fezes no parque; o tamanho e Exame físi co é definido como o processo d e examinar um

diferença de tamanhos dos animais nos parques (Fig. 2); se animal por meio da visão, olfacto, palpação, percussão e

existem animais demasiado agressivos ou demasiado medro- auscultação.

sos; o grau de formação e interesse dos trabalhadores; qual a

4.1. Exame à distância


Deve-se iniciar o exame físico pela observação do animal
em repou so e relaxado, se possível ainda no seu ambiente
normal e guardando alguma distância. A observação à dis-
tância deve incluir os seguintes aspectos:

• Atitude e co mportamento - al erta, apático, deprimido, ex-


citado, assustado. Para avaliar estes aspectos é essencial co-
nhecer o comportamento natural dos bovinos e, mais espe-
cificamente, da idade, raça e sexo daqueles que estamos a
observar. Há sinais cuja alteração ou ausência devem ser le-
vadas em conta como, por exemplo: seguir com o olhar os
humanos, apontar os pavilhões auricul ares para um huma-
no, outros an imais ou sons estranhos ao ambiente; posi ção
e movimentos simétricos dos pavilhões auriculares; manter-
-se junto ao resto do grupo; ruminar; decúbito esternal nor-
mal; lamber o focinho frequentemente; respiração sincopa-
da e quase imperceptível. Alguns com portamentos podem
estar associados a dor e por vezes só são perceptíveis à dis-
tância - vocalizar; ranger os dentes; pontapear o abdómen;
cifose; respirar de boca aberta; alteração de aprumes; coto-
velos afastados do tórax; decúbito costal; dificuldade em
ocupar as instalações (Fig. 4.).
• Postura - não natural, que pode ser consequência de presen-
ça de dor local ou doença neurológica - por exemplo, cifose
pode indicar dor abdominal ou laminite. Deitar-se de lado
(atenção: é um comportamento natural em vitelos) pode ser
sinal de desconforto, dor abdominal ou podal muito grave
(Fig. 4). Sentar-se"à cão"demonstra dor nos membros poste-
riores ou então má adaptação aos cubículos (Fig. 5).
• Aprumes - relacionados com claudicações - e.g. a posi-
ção com que o animal coloca a pata quando se apoia
pode revelar imediatamente qual a unha afectada. Esten-
dida apoiada nas pinças - dor nos talões; membros poste- • Condição corporal - avaliação através de várias medidas
riores em abdução - dor nas úngulas laterais (Fig 6); mem- como visualização das vértebras, costelas, apófises de diver-
bros anteriores cruzados - dor nas úngulas mediais. sos ossos etc. .. Normalmente é usada uma escala de 1 =
magra a 5= obesa para vacas leiteiras, devendo-se ter a no-
ção do momento do ciclo produtivo em que se encontra.
• Conformação ou perfil abdominal - a observação deve ser
feita primeiro por trás. O lado esquerdo abaulado (perfil de
maça) geralmente associa-se a timpanismo gasoso ou es-
pumoso do rúmen. Pelo contrário, o lado esquerdo dema-
siado linear corresponde a anorexia prolongada com esva-
ziamento do saco dorsal do rúmen. O lado direito ventral
muito evidente pode surgir em casos de gestação avança-
da (principalmente gémeos) ou situações patológicas
como hidroalantoide ou hidroamnios. O perfil papple (de
apple!maça, do lado esquerdo e pear/pêra do lado direito
ocorre geralmente em casos de indigestão vagai em que o
saco dorsal do rúmen acumula gás e o saco ventral acu-
mula grandes quantidades de líquido (Fig. 7).

• Pele - escoriações, peladas, parasitas, cor, brilho e com- • Respiração - a frequência e tipo devem ser avaliadas à
primento do pêlo ... A zona afectada pode indicar o distância porque podem estar alteradas em casos de
tipo de ácaro presente ou sugerir um processo de foto- stress ou cansaço do animal decorrentes da contenção
sensibilidade (i.e. apenas as zonas despigmentadas são (muito particularmente animais em pastagem e pouco
atingidas). habituados à presença humana). A respiração normal de
um bovino adulto em descanso deverá ser imperceptí-
vel. A respiração acelerada, sobressaltante e abdominal
pode ser sinal de dor, doença respiratória ou toxemia

• Movimentos - os bovinos têm normalmente um andar


lento e compassado. Alterações como passadas demasia-
do curtas, agitar a cabeça no andar, chocar ou apoiar-se
nas paredes ou obstáculos (Fig. 8), andar em círculos, não
flectir ou estender completamente alguma articulação,
andar de dorso curvado, apoiar um dos membros dema-
siado para dentro ou fora do eixo, ou não apoiar uma das
patas pode fazer suspeitar de dor ou doença neurológica.

• Comportamento - devemos conhecer bem os compor-


tamentos e vícios frequentes de cada espécie e de cada
idade para detectar alterações. Algumas das alterações
mais frequentes são infecciosas e ligadas a lesões do SNC
(e.g. BSE, poliencefalomalacia, meningites neonatais, IBR,
listeriose e intoxicações). Podem ainda surgir em casos
de doenças metabólicas - hipomagnesiemia, hipocalcé-
mia, cetose nervosa. Outras causas de alterações de com-
portamento podem ser stress, medo e frustração. Para
mais pormenores em relação a esta questão ver secção
sobre exame neurológico.

4.2. Exame próximo


Uma boa contenção é essencial, mesmo em animais apa-
rentemente mansos, para garantir a segurança do examina-
dor, do animal e de outros. A aproximação ao animal nunca
deve ser feita pela sua zona cega (área com cerca de 30°
atrás do animal). Animais presos pela cabeça poderão ter
um campo de visão diminuído e por isso reagir de forma
violenta a aproximações demasiado bruscas. Evitar igual-
mente aproximar-se pelo lado cego de animais com doen-
ça/lesão de um olho. Assobiar ou falar suavemente pode ter
um efeito calmante sobre animais nervosos.

O contacto manual com o animal deve ser feito de maneira


cautelosa e com movimentos lentos. Nesta altura o tempe-
ramento do animal deve ser avaliado de forma a ser mais
fácil prever o seu comportamento durante o resto do exa-
me e, se necessário, tomar as providências que garantam a
segurança. Com paciência e perseverança a maioria dos bo-
vinos comporta-se de modo muito passivo durante o exa-
me físico.

Sugerimos que o exame físico seja feito por regiões e não


por sistemas pois esta opção obriga a circundar várias vezes
o animal. Na nossa opinião o exame físico deve ser iniciado
pela região posterior porque a maior parte dos bovinos está
habituada a ser abordada por trás (e.g. inseminação, palpa- • Proteína - Situações de proteinúria estão geralmente as-
ções rectais, ordenha). sociadas a doenças renais como glomerulonefrite ou
amiloidose renal, que são relativamente raras em bovi-
Algumas das intervenções que a seguir sugerimos não são
nos. Urinas muito alcalinas podem dar uma positividade
necessárias ou possíveis em todos os animais. Para facilida-
ligeira sem corresponder à presença de proteína (falso
de de exposição tomaremos por regra o exame físico de
positivo).
uma vaca leiteira, sendo indicado sempre que existam dife-
renças significativas para diferentes raças ou idades. • Glucose - Na maior parte das vezes a glicosúria em bovi-
nos é de origem iatrogénica (e.g. administrações de solu-
ções de glucose hipertónicas, de corticosteróides ou de
4.2.1. Exame da zona caudal xilazina). Também pode ocorrer em situações que provo-
cam um grande desconforto tais como torções intesti-
Aconselhamos que se comece o exame pela colheita de
nais ou do abomaso, úlceras do abomaso e peritonites.
urina. Uma vaca que esteja relaxada urina facilmente após
Surge ainda em casos de diabetes e insuficiência renal.
estimulação mecânica da zona do períneo logo abaixo da
vulva (Fig. 9). • Sangue ou hemoglobina - hematúria [e.g. cistites, lesões
vesicais, neoplasias (hematuria enzoótica por ingestão do
Nunca se deve tentar colher a urina a uma vaca segurando
feto Pteridium), pielonefrite], ou hemoglobinúria (e.g. Babe-
a cauda ao mesmo tempo, pois isso faz com que a vaca não
sia, Clostridium haemolyticum, Leptospira sp., hipofosfatémia
esteja relaxada. Há vários parâmetros da urina de uma vaca
pós-parto) revela-se por uma urina mais escura, cor de fer-
cuja análise é possível no campo com a ajuda de uma fita
rugem ou mesmo avermelhada. A distinção entre hematú-
indicadora:
ria e hemoglobinúria pode-se fazer no campo recolhendo
• Densidade - normalmente entre 1,015-1,035. Aumento urina num frasco e certificando-se se há coagulação ou
no caso de desidratação e redução em casos de insuficiên- não. As fitas de análise também podem ajudar a distinguir
cia renal. as duas situações, tendo em atenção que em vacas recém-
• pH - A urina de uma vaca saudável é geralmente alcalina -paridas surgem muitos falsos positivos por contaminação
(nos vitelos a consumir leite é ácida). Urinas ácidas em da urina. Urinas escuras podem também ser devidas à pre-
bovinos adultos podem ter como causa uma acidose ru- sença de mioglobina que ocorre, por exemplo, após decú-
minai, deslocamento do abomaso (acidúria paradoxal}, bito prolongado (Síndrome da Vaca Caída) (Fig. 1O).
cetose ou quando as vacas leiteiras estão a consumir die- • Corpos cetónicos - a análise da urina através de fitas, por
tas an iónicas. ser um teste rápido e de fácil execução, é bastante útil na
cauda e sobre as tuberosidades isquiáticas que surgem
quando a vaca foi "saltada" por outra, corrimento purulen -
detecção de cetoses clínicas em vacas apesar da sua sen- to (endom etrite) (Fig . 1Li), sangue vivo (si11al de ovu lação
sibilidad e não ser muito elevada (o acetoacetato que é recente) . ..
detectado pelos testes de urina, não é o mais abundante
- alterações no úbere e tetos - edema (Fig 15), assime -
em vacas com cetose). trias entre quartos, vesículas (Fig. 16), presença de aftas,
• Nitritos e leucócitos - sinal de i11fecção urinária Atenção pústulas (Fig . 17), feridas, dei matite e hiperqueratose da
à contam inação com conteúdo do útero (e.g metrite). ponta do teto (Fig. 18).
Enqu anto esperam os que a vaca urine, podemos observar - aspecto da mucosa vu lva r: cor (sinal de anemia ou icterí-
o perí11eo procurando: cia (Fig. 19); petéquias (septicemias e toxémias); p(1stulas
(vulvovaginite - \13R-IPV) Avaliação do escroto (orquite)
- descargas vaginais/uterinas - lóquias (Fig. 12), corrimen-
to casta 11ho e malchei1oso, pus, saricJu e em casos de la- (Fig. 20). Medir tempo de reflecção ciipilar.

cerações do tracto ge11ital. Presença de vestígios de pla-


centa (Fig. 11 ).
- aspecto das fezes - quantidade, consistê1icia (e.9. visco-
sas, diarreicas, secas), presença de sangue, muco. falsas
membranas ou alimento por digerir como fibra ou g rãos
de cerea is.
- sinais de actividade reprodutiva - muco (Fig. 13), pêlo eri-
çado na zona dorsal da cauda, escoriações na base da
De seg uida deve medir-se a temperatura rectal da vac a
- introdução de termómetro de dimensão adequada no
recto, após lubrificação, e encosto da extrem idade do ins-
trumento à parede lateral ou dorsal do recto. Numa vaca a
temperatura rectal deverá estar entre os 38 e 39 °(, num
vite lo desmamado estará entre os 39 a 39,5 °C e num vitelo
lac tante pode chegar aos 40 °C em certas condições am-
bientais. As variações de temperatura recta l são muito am-
plas havendo muitos factores a influenciá-la (temperatura
ambiental, humidade relativa, exercício, desid ra taçã o, cho-
que, stress e excitação do animal), para além das causas in-
fecciosas.

4.2 .2. Exa me do lado esquerdo

Em se guida, sugerimos o exame físico do lado esq uerdo do


anim al começando de trás para a frente:

4.2.2. 7. Região abdominal


Começa r por palpar os gânglios retrocrurais - a hipertrofia
pode ser indicação de infecção da parede abdominal ou do
mem bro pélvico do mesmo lado. Deve-se examinar visual-
mente e palpar a veia mamária procurando presença de
fl ebites, trombos bacterianos ou hematomas.

De segu ida proceder ao exame do rúm en que inclui várias


fases:
Estado de repleção do rúm en - classificaçã o do cavado
do flanco "'? 1 - muito concavo = vazio até 5 - convexo
= muito cheio (Fig. 21)
Frequência de contracções (2 por minuto ou 3 em 2 mi-
nutos) É possível di sting uir contracções primárias (de
mistura do conteúdo, iniciando-se no retícu lo e conti -
nuando pelo saco dorsal e depois saco ventral do rú-
men), de contracções secundárias (destinadas a conduzir

- em caso de suspeita de infecção da glândula mamaria


podemos palpar os linfonodos retromamários. Uma mão
leva nta o úbere enquanto a outra palpa a zona dorsal do
úbere en tre este e a fa ce interna do membro pélvico.
o gás pa ra o cardia, começando no saco dorsal do rú-
rnen e geralmente culminando no som de eruc taçâo) .
Força das contracções (o deslocamento da mão coloca-
da no cavado do flanco deve ser de 2 cm embora a força zendo o animal respirar para dentro de um saco de plástico
dependa do tipo de alimento consumido), ou obrigando-a a correr um pouco.

Quantidade, consistência (gasoso, sólido, líquido) e es tra- A frequência respiratória num bovin o adulto é 12 a 36, en-
tificação do conteúdo (em cima 7 gás; a meio ""?forrag em quanto que num vitelo é entre 30 a 60.
grosseira; em baixo 7 conteúdo mais líquido). Verificar o carácter da respiração:
• Pesquisa de sons com percussão; percussão + ausculta- - Costa-abdominal - fisiológica. Os sons inspiratóri os são
ção; sucussão +auscultação.Os sons audíveis num rúmen geralmente mai s audíveis do que os expiratórios.
saudável tem uma relação próxima com a dieta, mas ge-
- Toráxica - peritonite, distensão abdominal ou dor/pres-
ralmente são tlmpànicos numa pequena área mais dorsal,
são sobre o diafragma.
maciço na parte lnrermédla e ~ub-madço na zona mais
ventral. QL1ando há sobrecarga alimentar ou tlmpantsmo - Abdominal - pleurisia, enfisema, edema pulmonar e ou-
ouve-se um som maciço ou som Limpânico em toda a tra s causas de obstrução pulmonar.
ârea de auscultação, rr:spectivamente, No caso de deslo- Devido ao facto das lesões de pneumonia ocorrerem sobre-
camenlo de abomaso à esquerda e na Síndrome do Hú- tudo nos lobos ventrais e craniais, estas devem ser as zonas
men Vazio (SBV) a percussão com auscultação dá a ouvir que merecem uma auscultação mais cuidada. Os sons ad-
um som metálico (ping) por baixo das últimas costelas ventícios mais frequ entes são apresentados na Tabela 1.
(Fig. 22). Â sucussão normalmen te revela um som de
splashlng, semelhante ao de latas vazias a chocalh,1rem. Procurar ainda por palpação a presença de enfisema subcu-
tâneo (Fig. 24) que se revela por crepitação e aumento do
!Il A audição dos batimentos cardíacos a nível da fossa para-
espaço entre pele e mu sculatura e que pode surgir em casos
lombar esquerda acontece normalmente quando o con-
de pneumoni as por vírus sincicial (BHSV) ou M. haemolytica.
teúdo do rúmen está muito seco.
Ter em atenção facto res extra-respiratórios que podem aiu-
sar dispneia. Por exemplo: febre; exercício e stress; calor e
4.2.2.2. Região torácica humidade elevadas: doenças metabólicas corno cetose ner-
Fazer a auscultação do pulmão, depois de bem delimitar a
vosa e hlpocalcémla; acidose metabólica; anemia associada
área (Fig. 23). Nem sempre é fácil ouvir os sons pulmonares
a exerdcio-ffsico; doença do músculo branco (caréncla Vit [
em vacas saudáveis e algumas doenças pulmonares po-
e Selénio), entre outros.
dem coexistir com sons aparentemente normais Pode-se Segue-se o exame cardíaco. O apex do coração dos bovinos
tentar aumentar a sua inten sidade tapando as narina s, fa- encontra-se caudal ao cotovelo (articulação humero-radio-
Aumento sons brônquicos Pneumonia severa com hepatização

Estridor IBR, necrobacilose (vitelos)

Crepitação Pneumonia intersticial (com ou sem fluido)

Sibilos Estenose ou exsudado espesso nos bronquíolos.

Silêncio Pneumotórax, massa ou efusão pleural (e em casos de vacas obesas ou enfisema subcutâneo)

Roncos Fluidos nas vias de grande calibre

Atrito pleural Pasteurelose avançada

Extra-respiratórios Sopro cardíaco, rúmen, eructação, fricção pele ou contracção do panícula subcutâneo, gemido de dor ..

-cubital) a nível do 6. 0 espaço inter-costal. A base do coração


está cranial ao cotovelo. Os pontos de auscultação das dife-
rentes válvulas cardíacas estão esquematizados na Fig. 25.
A frequência cardíaca pod vr1ria r por lníluência de @e tores
indicados abaixo, endo que os valores de referência se en-
contram geralmente den tro dos seguintes 1nl'erva los: adul-
to: 40 - 80 batimentos por mi!H.J lo; vitelo: 100 - 140 bpm.
S1tu11ções de Laciuicardia ocorrem em animais com hipocal-
cé1111a, infecções com toxernla (e.g. rnamiles, perlmnites),
anemia ou stress. Algumas situações clínicas em bovinos
em que há bradlçardía são: Jejum, Indigestão vagai, botulis-
mo e hipercalémia.
A auscultação do coração pode revelar um ruído abafado ou ru-
ído de marulho que ocorre numa das patologias cardíacas mais

1
·~
frequentes em bovinos adultos que é a pericardite traumática.
Um ruído abafado pode também ocorrer em vacas muito gor-
das e em situações de efusões pleura is, abcessos ou neoplasias.
Em vitelos com diarreia podem ocorrer arritmias devido a hi-
percalémia. Estas arritmias podem surgir também em animais
adultos devido a desequilíbrios hidro-electrolíticos graves
(e.g. fibrilhação atrial em deslocamento ou volvo abomasal).
Os sopros podem ser auscultados quer do lado esquerdo
quer do lado direito e na sua origem podem estar estenoses
ou insuficiências valvulares (mais frequentemente devido a
endocardites). Cerca de 75% das lesões cardíacas em bovi-
nos (endocardites) afectam a válvula tricúspide. No caso de
endocardites é de esperar hipertermia (> 40<>C). Sopros tam-
bém podem ser audíveis em casos de defeitos congénitos
ou quando a velocidade ou volume de sangue são elevados
ou a viscosidade do mesmo é baixa. Se durante a ausculta-
ção forem detectados sopros deve ser feita uma tentativa
de os localizar, relacionando-os com as válvulas cardíacas.
Na maioria dos casos, os sopros sistólicos estão relacionados pulso jugular verdadeiro - fazer garrote à entrada do peito
com insuficiência das válvulas AV ou estenoses das válvulas e a meio do pescoço; soltar garrote mais baixo; se jugular se
da aórtica ou pulmonar, enquanto que sopros diastólicos mantiver engorgitada teremos um caso de pulso verdadei-
são mais frequentes em caso de insuficiência da válvula aór- ro. O grau de hidratação pode ser avaliado pela prega de
tica ou pulmonar. Sopros relacionados com insuficiências pele a nível da tábua do pescoço (mais eficaz em vitelos e
da tricúspide são mais audíveis no lado direito. pouco fiável em vacas velhas ou bovinos de carne). A prega
de pele deve desaparecer em menos de 2 segundos. O ede-
ma da barbela surge em casos de hipoproteinemia ou pa-
4.2.2.3. Pesquisa de Dor abdominal tologia cardíaca, mas pode ter origem iatrogénica quando
A dor abdominal anterior pode ser causada por retículo- foram administradas soluções irritantes nesta zona (e.g. bo-
-peritonite traumática (à esquerda da linha branca), úlcera do rogluconato de cálcio).
abomaso (à direita da linha branca) ou peritonite por outras A compressão ligeira da faringe ou traqueia desencadeia
causas. Sinais de dor podem ser incitados pressionando a co- tosse em animais com inflamação do tracto respiratório su-
luna dorsal, pressionando o abdómen ventral com o joelho, perior.
o punho ou um pau - o animal pode evidenciar dor através
Na zona do dorso, ao palpar a coluna vertebral pode-se de-
de um gemido ou levantando o membro posterior do mes-
tectar a presença de gás (enfisema sub-cutâneo, provoca-
mo lado (coice). Devemos ter em atenção que sendo os bo-
do, por exemplo, por pneumotorax, após cirurgia abdomi-
vinos animais estóicos muitas vacas podem não reagir a
nal, edema maligno, pneumonia por vírus sincicial ou M.
quaisquer destes estímulos. O limiar de tolerância à dor num
haemolytica). Em animais de campo poderá ainda observar-
bovino é bastante mais elevado do que noutros animais (e.g.
-se nódulos de Hypoderma ao longo do dorso e lombo.
equinos) e manifestam sinais de dor de maneira bastante di-
ferente - ranger os dentes, orelhas caídas, prostração, gemi- O linfonodo pré-escapular pode ser palpado imediatamen-
dos, pontapear o abdómen, olhar o flanco ou deitar-se em te cranial à articulação escapulo-humeral.
decúbito lateral com os membros estendidos ...
4.2.4. Exame do lado direito
4.2.3. Exame da zona cervical
No pescoço devemos observar a veia jugular. O grau de en- 4.2.4.1. Região abdominal
gorgitamento (Fig. 26) ou a presença de pulso jugular deve A auscultação do abdómen direito dos bovinos normal-
ser observado com a cabeça em posição normal e nunca mente não revela sons particulares com excepção de al-
para baixo. Devemos saber distinguir pulso jugular falso de guns raros borborigmos com origem no intestino. Deve
pesquisar-se a presença de sons metálicos (ping) através da mais cuidada da secreção. Deve-se observar o aspecto ma-
auscultação com percussão ou sucussão do intestino gros- croscópico do leite sobre uma superfície escura, que inclui
so (cego e colon) e do abomaso de forma a diagnosticar presença de grumos, sangue, leite aquoso etc ...
deslocamento ou torção do abomaso (ping debaixo das
últimas costelas), dilatação e torção do cego (ping no cava-
do do flanco), pneumoperitoneu ou colón com bastante 4.2.6. Outros exames
gás (ping por baixo das apófises transversas lombares). Nos vitelos jovens (<2 meses) é essencial fazer um exame
minucioso do umbigo. Neste exame procura-se tumefac-
ção, dor à palpação, aumento da temperatura, presença de
4.2.4.2. Região toráxica
pus ou outro corrimento, fibroses, possibilidade de redução
Tórax - A área de auscultação do pulmão direito é idêntica da massa umbilical e presença de anel herniário. Estes sinais
à do lado esquerdo não havendo diferenças importantes. permitem o diagnóstico diferencial entre onfalite, hérnia
A auscultação do coração faz-se no 4.°-5.0 espaço intercos- umbilical, fibrose ou abcesso.
tal, junto à axila, para ouvir a válvula tricúspide (Fig. 25).
O exame das restantes regiões não apresenta diferenças de
4.2.7. Exame por via trans-rectal
metodologia dignas de registo.
Nas vacas de leite este exame é relativamente seguro e de
fácil execução, mas poderá ser perigoso em vacas de carne
4.2.5. Exame do úbere (Fig. 27)
e em novilhas. Deve-se proceder a uma boa lubrificação das
Um exame mais detalhado da glândula mamária pode ser luvas com gel ou mesmo com as fezes do animal. Este exa-
feito nesta altura. Deve-se ter atenção aos seguintes aspec- me é deixado para depois da auscultação do abdómen por-
tos no exame físico do úbere e tetos: assimetria e diferença que a entrada de ar para o recto e cólon pode alterar os sons
de temperatura entre quartos, dor à palpação, consistência à percussão e auscultação do flanco direito.
do tecido mamário, presença de teilites eventualmente
Para um exame trans-rectal completo deverão ser examina-
acompanhadas de fibrose do canal do teto, obstruções por
das as seguintes estruturas;
corpos estranhos, soluções de continuidade, inversão do
esfíncter etc. .. Se este exame fizer suspeitar de infecção in- • Em condições normais - rumen, rim esquerdo, aorta ab-
tra mamária pode-se realizar um Teste Californiano de Mas- dominal, artérias ilíacas, intestino delgado e tracto repro-
tites (TCM) dos diversos quartos, lembrando-se sempre que dutivo (cérvix, cornos uterinos e ovários). Artéria uterina
a colheita de leite implica a remoção do desinfectante (teat- com frémito (a partir dos - 120 dias de gestação).
-dip) que sela o canal do teto. Por esta razão só deverá ser • Em casos de doença poderá ser encontrado:
efectuada a ordenha se houver necessidade de uma análise
- Ceco distendido - quadrante direito.

- Ansas intestinais (delgado e grosso) dilatadas e tensas

- Encarcerações.

- Neoplasias - metástases no mesentério; lipomas (ne-


crose da gordura)

- Rim, ureteres e bexiga aumentados de tamanho. A pal-


pação pode provocar sinais de dor.

- Aderências e/ou enfisema no abdómen caudal.

- Gânglios linfáticos mesentéricos aumentados.

- Alterações do tracto reprodutivo - quistos, aderências,


paredes uterinas espessadas, assimetrias entre cornos
uterinos, piometra ...

- Muito raramente: abomaso distendido, apenas no caso


de volvo abomasal e numa zona bastante anterior (ne-
cessidade de braço comprido); hepatomegalia.
Durante a palpação deveremos estar atentos a sinais de dor
e desconforto que poderão indicar peritonite, metrite puer-
peral, lesões pós-parto do canal pélvico, ou irritação da mu-
cosa rectal .
Durante e após a palpação rectal são observada s as fezes
no que diz respeito à quantidade, consistência, presença de
sangue, muco, falsas membranas, material alimentar não
digerido ou corpos estanhos (e.g. areia e pedras).

4.2.8. Exame da cabeça


Devido ao fa cto da observação da cabeça de um bovino
lhe causar ba stante apreensão devemos deixar o seu exa-
me para o final. O clínico nunca se deve esquecer que a
cabeça de um bovi no constitui a sua arma mais perigosa e
que mais nos pode magoar. Na cabeça as estruturas abaixo
indicadas devem ser examinadas cuidadosamente:

4.2.B.1 . Olho
Conjuntiva - Amarelada (icterícia); Palidez (hemorragias,
úlceras, diarreias sanguinolentas, plasmólise devido à in-
gestão de g randes volumes de água ou desidratação);
congestão e edem a em infecções locais ou sistémicas
como IBR, Febre Cata rral Maligna, Querato-conjuntivite
Infecciosa dos Bovinos, Pasteurelose, ou corpos estra-
nhos; presença de petéquias no caso de clostridiose ou
CID; presença de parasitas (Thefazia sp.) ou corpos estra-
nhos (frequentemente praganas).

Esclera - engorgitação dos vasos em casos de toxemia


ou septicemia; amarela em casos de hemólise; hemorra-
gias benignas em vitelos no pós-parto.
Córnea - opacidade (e.g. corpo estranho, querato-
-conJuntivite infecciosa, septicemia, acidose), úlcera (ge-
ralmente por querato-conjuntivite infecciosa bovina)
(Fig. 28), ruptura.
Diâmetro da pupila - mídriase (e.g. hipocalcémia) ou
miose (e,g. intoxicação por organofosforados).

Visão - quando não há lesões evidentes a cegueira pode


ser difícil de avaliar sendo suspeitada quando há alterações
de comportamento (e.g. choque contra objectos, cabeça
fixa em posição de audição sem reacção à aproximação)
ou ausência de resposta a um gesto de ameaça (aproxima-
ção rápida da mão). No entanto lembrar que a ausência de
reflexo tanto pode significar paralisia como cegue ira.

Estrabi smo - geralmente congénito, mas surge em casos


de leucose.
• Presença e simetria de reflexo pupilar - diagnóstico dife-
rencial entre avitaminose A (reflexo ausente) e Bl (reflexo
presente).

111 Ol hos encovados - sin al que surg e tanto em casos de


caquexia como de desidratação.

• Pálpebras - presença de papiloma s, quisto dermóide, ec-


tropion, feridas .. . Paralisia bi-lateral ou hemiplegia (e.g.
listeriose). Pólipos e carcinomas espino-celular são mai s
frequentes na 3.a pálpebra (Fig. 29), mas podem ocorrer
em qualquer tecido do olho ou na região peri-ocular.

4.2.8.2. Orelhas
As orelhas podem dar informaçã o sobre o estado geral dos
animais. Animais com saúde orientam as orelhas na direc-
ção de estímulos visuais ou auditivos. Em casos de doença
podem estar caídas, deitadas para trá s (BSE) ou assimétricas
(e.g. listeriose ou síndrome vestibular). 4.2.8.3. Focinho e narinas
Temperatura - orelhas frias podem ajudar a avaliar o estado O focinho de um bovino saudável está limpo e húmido (a
de desidratação especialmente em vitelos. língua limpa-o con stantemente). Um focinho sujo é nor-

Otite - principalmente em vitelos - cabeça inclinada para malmente sinal de mal-estar, paralisias (e.g. botulismo ou

um dos lados e orelha caíd a (Fig. 30). Procurar dor e presen - paralisia de nervos cranianos). O focinho seco pode ser sinal

ça de corrimento purulento. de desidratação ou hipocalcémia. Examinar o interior das


fossa s nasai s - erosões e úlceras no caso de IBR (Fig. 32).
Verificar ainda a colocação correcta de brincos já que a apli- Procurar corpos estranhos.
cação sobre as carti lagens do pavilhão auricular por condu-
zir a hematomas e abcessos com dor (Fig. 31 ). Deve-se avaliar o flu xo de ar quanto a velocidade, simetria e
cheiro. Alteração na simetria é sinal de lesão/doença a nível
das fossas nasais (Fig. 33). Avaliar ainda o corrimento que
gosos, mas os molares podem provocar lesões graves no
operador e por isso o exa me deve ser feito com precaução.
Abrir a boca introduzindo a mão logo atrás dos incisivos fa -
zendo pressão sobre o palato. Se necessário observar du-
rante mais tempo ou com maior pormenor as zon as poste-
riores da cavidade bocal deve-se exteriorizar a língua
usa ndo um pano na nossa mão e puxando a língua para o
canto da boca (Fig. 34). Em alternativa usar um abre-bocas
específico para grandes animais.

Podemos aproveitar para determinar a idade através da ob-

normalmente é seroso e em pequena quantidade. Corri- servação da muda dos dentes incisivos (entre 18 meses e
mento sero-mucoso, mucoso ou purulento ocorrem em 4 anos) ou pelo seu desgaste.
graus diferentes de infecções do tracto respiratório (Fig. 23). Mucosa - verificar a cor, humidade e integridade. Procurar
Sangue com espuma bilateral é sinal de hemorragia pul- presença de erosões, úlceras ou aftas (BVD - Doença das
monar que acontece principalmente no caso de Síndroma Mucosas, Febre Aftosa, Estom atite papulosa).
da Veia Cava.
Dentes - por exemplo, a muda dos pré-molares pode ser a
causa de novilhas recém-paridas (2 anos) não comerem ou

4.2.8.4. Seios frontais e nasais não con seg uirem ruminar (presença de ingesta em redor
do animal). Dentes partidos ou infecções das raízes podem
Avaliar o estado dos seios por percussão na área entre base
ser os responsáveis pelo emagrecimento de um animal.
dos cornos e cantos mediais dos olhos - sinais de dor ou
O ranger de dentes é típico de bovinos com dor ou grande
som maciço geralmente associam-se à presença de sinusi-
desconforto,
tes. Vacas descornadas recentemente podem apresentar
um corrimento sanguinolento ou purulento por infecção Abcessos - provocado pelo entupimento dos canais das

do seio frontal. glândulas salivares, feridas, necrobacilose oral em vitelos ou


infecção de um dente em erupção (Fig. 35).

Tumefacções duras e não dolorosas da mandíbula ou maxi-


4.2.8.5. Boca la sugerem actinomicose ou neoplasias. Edema, falsa s
Certos autores dizem que nunca se deve "voltar as costas" a membranas e tecido necrosado nos tecidos moles da boca
um animal que não come sem examinar com cuidado a ca- surgem em casos de actinobacilose (língua-de-pau). Ede-
vidade bocal. Os incisivos dos bovinos não sã o muito peri- ma maligno por Clostrídeos ca usa tumefacção fria na zona
entanto, poderá surgir também em animais com um corpo
estranho na cavidade bocal (e.g. arame) (Fig. 36). Animais a
rodarem a língua fora da boca podem exibir um comporta-
mento estereotipado ou possível falta de fibra na dieta.

4.2.8.6. Linfonodos
A palpação dos linfonodos da zona da cabeça é feita por
baixo (sub-mandibulares) e atrás (retrofaríngeos) de cada
ramo da mandíbula. Empurrar com uma mão a laringe en-
quanto que do lado contrário se procura apanhar o linfono-
do, às vezes apenas sentindo o mesmo a ressaltar entre os
dedos. Comparar os dois lados para melhor identificar hiper-
trofias. Registar tamanho e sinais de dor.

4.2.9. Exame dos membros


Quando existe claudicação é essencial um exame minucio-
so dos membros, e em particular das úngulas já que cerca
de 90% dos casos de claudicação têm origem em lesões/
doenças nas extremidades. Nas vacas leiteiras as úngulas
mais afectadas (>80% dos casos) são as laterais dos mem-
bros posteriores. Nos membros anteriores as lesões surgem
maioritariamente nas úngulas mediais. Devemos lembrar-
-nos que as claudicações podem também ser causadas por
doenças neurológicas ou metabólicas ou incapacidades
mecânicas (adquiridas ou congénitas), não sendo conse-
quência de dor.

Uma correcta investigação quanto às causas de claudica-


ção deve começar pela observação à distância do animal
em estação e a andar - os aprumas e apoios podem indicar
qual o membro e mesmo qual a úngula afectada. No entan-
to, os sinais de dor noutros pontos podem ser pouco evi-
dentes se existir uma dor muito intensa numa úngula e por
isso o exame de um animal côxo deve incluir sempre todos
os membros e regiões.

O afastamento lateral de um ou dois membros geralmente


da mandíbula porque a boca funciona como primeira porta indica lesão na unha lateral dessa pata assim como a exten-
de entrada quando a alimentação é agressiva. são dos membros posteriores para trás significa dor na zona
O hálito deve ser avaliado quando se faz o exame visual da dos talões. Vacas que em estação cruzam os membros ante-
boca. Hálito malcheiroso é detectado em casos de abcessos riores normalmente apresentam lesão e dor nas úngulas
retrofaríngeos, necrobacilose oral ou mesmo em casos de mediais.
pneumonia; o hálito a acetona surge em casos de cetose.
O exame próximo das úngulas deve ser feito com cuidado
O comportamento oral da vaca pode dar indicações quan- e nas melhores condições de contenção possíveis. O uso de
to a alguns estados físicos ou mentais. Por exemplo, uma troncos especiais para o exame e tratamento de patologias
vaca com a boca aberta quando o observador se aproxima das extremidades é o ideal, mas é possível adaptar a estru-
pode indicar o início de uma hipocalcémia ou medo e frus- tura dos estábulos. O exame das úngulas dos membros an-
tração em animais incapacitados para se levantarem. No teriores em animais dóceis é possível apenas fazendo a
de ser difícil identificar a zona de origem da dor deve-se
aparar o casco até ter a dimensão normal e, se ainda for
necessário, usar um alicate de compressão. O olfacto é im-
portante na detecção de abcessos e panarício.
Quando a claudicação tem origem numa outra região que
não na extremidade pode-se provocar a flexão das várias
articulações tentando perceber quais causam dor (Fig. 37).
Este é um exame relativamente fácil em animais jovens e
essencial para detectar precocemente artrites sépticas em
vitelos recém-nascidos. Esta situação não deve ser confun-
dida com disfunções congénitas, como por exemplo con-
tractura dos tendões flexores (Fig. 38). O bloqueio com
anestésicos locais é possível, mas muito menos usado do
que em equídeos.

4.3. O exame neurológico


Por se tratar de uma área muito específica do exame clínico
iremos fazer uma abordagem mais pormenorizada. Este
tipo de exame, por ser mais complexo e demorado, não é
efectuado por rotina sendo limitado aos casos em que se
detectam alterações do comportamento, incoordenação,
paresias, hiperestesias, convulsões ou qualquer outra con-
dição que faça suspeitar de uma doença neurológica.

Uma das primeiras considerações a fazer antes de iniciar o


exame é determinar se se trata efectivamente de uma do-
ença neurológica versus uma doença metabólica (e.g. hipo-
magnesiemia ou hipocalcémia), nutricional (e.g. doença do
músculo branco) ou de origem músculo-esquelética (e.g.
miopatia). Ou seja, a fraca resposta a estímulos pode ocor-
rer não por uma doença ou lesão neurológica, mas por uma
incapacidade de reagir.

Algumas características do animal afectado permitem


avançar com alguns diagnósticos diferenciais e descartar
contenção da cabeça e levantando o membro para cima outros - e.g. meningite em animais jovens, BSE em adultos,
do joelho do operador, mas os posteriores devem ser sem- lesões congénitas típicas de certas raças, cetose nervosa

pre levantados com auxílio de uma corda presa acima do em vacas com alta produção leiteira.

curvilhão. Em animais violentos ou nervosos ou quando se Finalmente devemos fazer uma boa avaliação do ambiente
prevê causar dor durante o exame, a extremidade deve ser de onde provém o animal (e.g. presença de baterias velhas
atada a uma estrutura firme. podem ser causa de problemas por ingestão de metais pe-
sados em vitelos que as lamberam; fungos no azevém po-
No exame da úngula devem ser observadas e palpadas as
dem causar tremores, incoordenação e paresias). Um bom
diferentes zonas e estruturas, nomeadamente a sola, pare-
exame do local onde está o animal (mesmo que já morto)
de lateral e dorsal, espaço interdigital e pele adjacente à
pode dar-nos indicações sobre reacções e comportamen-
coroa (e.g. dermatite). Devem-se procurar fissuras (transver-
tos entretanto alterados ou suprimidos (Fig. 39).
sais e longitudinais), soluções de continuidade (geralmente
espaço interdigital), úlceras da sola (geralmente na zona As perguntas a fazer de seguida são: 1) é um problema do
posterior da sola), zonas de penetração de corpos estra- SNC, sistema nervoso autónomo (SNA) ou periférico (SNP)?
nhos (geralmente na linha branca) ou hemorragias. No caso 2) Se é no SNC: é anterior ao forâmen magno, tem origem
• Existe relação de certos sinais com nervos cranianos (Ta-
bela 2)?
• Posição da cabeça - opistótonos ou cabeça inclinada?
• Olhos - existe nistagmus (para que lado?), resposta a
ameaça, reflexo pupilar à luz, reflexo palpebral.

• Alterações nos movimentos da língua, mastigação, rumi-


nação, deglutição?
• Tipo de postura e andamentos: paresia (fraqueza) ou pa-
ralisia? Hipo ou hipermetria? Andar em círculos?
• Comportamentos anormais - head-pressing, picacismo,
agressividade, isolamento ...
• Qual a tonicidade muscular- hipo or hipértonos?Timpa-
nismo?
• Presença de reflexos do aparelho locomotor: patelar, de
retirada? Aumentados ou diminuídos?

• Reacção a testes de propriocepção.

O exame físico neurológico pode ser complementado por


uma análise do líquido cefalo-raquidiano (LCR) através de
uma punção lombar (entre LS e S1). Notar: quantidade,
pressão (saída de fluido imediatamente após punção?), tur-
vação (Fig. 40). Enviar quanto antes para avaliação de pro-

na medula espinhal ou são nervos periféricos que estão


afectados?

É muito importante ter uma boa noção da anatomia do


SNC e das regiões inervadas por diferentes fibras. Por exem-
plo, a acção e estruturas inervadas pelos nervos cranianos
são essenciais a um bom exame de disfunções na região da
cabeça (Tabela 2).

Para identificar a região ou estrutura lesionada correcta-


mente existem uma série de exames e perguntas que de-
vem ser feitas:

• História: para além da anamnese geral (já apresentada)


deveremos saber quando se deu o início dos sinais, a
evolução (e.g. progressiva, não progressiva, episódica),
dados epidemiológicos (entrada de novos animais), aces-
so a plantas tóxicas em pastagens ...
• Relembrar outros sinais do exame clínico (e.g. frequência
respiratória ou cardíaca, temperatura rectal)
• Parece ser uma doença exclusivamente neurológica ou
uma extensão de uma outra afecção (e.g. otite)?
• Observar estado mental - o animal está alerta ou apáti-
co? Mostra interesse no que o rodeia?
• Reacção a estímulos dolorosos e não dolorosos - existe
hiperestesia, alodinia ou hipoestesia?
1- Olfactlvo Olfacto n.a. Difícil de avaliar em bovinos

11-Ôptico Visão Reflexo de ameaça Choque com objectos, não foge


ou reage a ameaça

Ili - Oculomotor Movimento Reflexo pupilar à luz, movimento Estrabismo ventro-lateral,


do olho horizontal do olho midríase

IV -Troclear Movimento Estender cabeça Estrabismo dorso-lateral


do olho

V-Trigémeo Movimentos Reflexo palpebral. Observar Bilateral = mandíbula descaída.


mastigatórios, movimento da mandíbula. Unilateral = dificuldade de
sensibilidade ruminação, perda de ingesta,
da face acumulação de ingesta na
bochecha

VI - Abducente Movimento Observar movimento do olho ao Estrabismo medial. Incapacidade


lateral do olho toque. de recuar globo ocular ao toque.

VII-Facial Músculos da Sensação na face. Reacção ao Paralisia da face, ptialismo


face. Movimento toque na face. Reflexo de ameaça
da língua

VIII- Vestlbulococlear/auditlvo Audição Observar movimento vertical do Ausência de resposta a estímulo


e equilíbrio olho. Ameaça auditiva em zona auditivo, cabeça inclinada,
cega. nistagmus

IX - Glossofaríngeo Língua e faringe Reflexo de engasgo à palpação da Dificuldade de deglutição.


faringe. Movimentos da língua. Engasgar. Falso trajectos.

X-Vago Faringe, laringe, Reflexo de engasgo, FC, Síndrome vagai, timpanismo,


coração, vísceras contracções ruminais. dispneia, bradicardia

XI- Espinhal/Acessório Músculos Observar facilidade de Cabeça baixa. Pescoço estendido


do pescoço movimentação do pescoço. para baixo.

XII - Hipoglossal Músculo Observar movimentos da llngua Desvio da língua para o lado da
da língua lesão, Não recolhe a língua
exteriorizada.

na. - n~o se aplica

teína, presença de leucócitos e bacteriologia. A punção hiperestesia, epilepsia, convulsões, tremores, opistoto-
cervical é bastante mais arriscada e difícil em bovinos e ofe- nus ... ) ou excessiva modelação/inibição das funções (de-
rece poucas vantagens em relação à punção lombar. pressão, head pressing, colapso, coma ... ).
Lesões ou doenças predominantemente cerebrais normal-
4.3.1. Lesões cerebrais ou dos nervos cranianos mente acompanham-se de depressão, apatia, cegueira,
convulsões ou comportamentos e movimentos estranhos
Se bem que a relação não seja sempre linear, é possível pre-
e compulsivos. Lesões do cerebelo correspondem a altera-
ver a localização aproximada da lesão através dos sinais clí-
ções de movimentos musculares - tremores, balancear, in-
nicos exibidos (Tabelas 2 e 3).
coordenação, hipermetria, opistótonos e ataxia. Lesões do
Lesão generalizada do SNC caracteriza-se por evidentes si- sistema vestibular caracterizam-se por cabeça inclinada, fal-
nais de disfunção cerebral e pode apresentar-se como defi- ta de equilíbrio e de propriocepção, nistagmos e torneio. As
cite de modelação/inibição da actividade neurológica (e.g. principais causas são listeriose, lesões congénitas [hidrocé-
HACIONADOS COM ZONA LESIONADA

Cérebro - cortex Convulsões


Depressão - Sistema Reticular
Cegueira cortical (sem lesão ocular)
Demência - comportamentos estranhos
Opistótonos
Headpressing
Bocejar
Vocalização anormal
Andar em círculos (circling)

Cerebelo Ataxia (c/ ou si paresia)


Tremores
Estação alargada
Hipermetria
Hipertónus muscular
Quedas para trá s
Deficit de propriocepção (inconsciente)
Ausência de reflexo de ameaça, mas sem cegueira

Vestibular (periférico) Cabeça descaída (para o lado da lesão)


Pálpebra semi-cerrada (para o lado da lesão)
Andar em círculo (para o lado da lesão)
Encostar (para o lado da lesão)
Nistagmos (geralmente horizontal)
Ataxia c/ e s/ fraqueza
Alerta, desperta e mantém apetite

Vestibular (central) Cabeça descaída


Pálpebra semi-cerrada
Andar em círculo (para o lado da lesão)
Hemiplegia
Encostar (para o lado da lesão)
Nistagmos (horizontal, vertical, rotatório)
Ataxia c/ fraqueza
Perda de apetite
Depressão e demência

Tálamo e hipotálamo Alteração de comportamento


Desregulação da temperatura. Golpe de calor?
Disfunção endócrina

falo (compressão por acumulação de LCR) ou hipoplasia tores com origem periférica. Grande parte dos deficites dos
cerebral (e.g. BVD)J, lesão do ouvido médio/interno por oti- nervos cranianos têm origem em lesões no tronco cerebral.
te ou abcesso. Certos agentes neurotrópicos atingem esta zona através
O tronco cerebral contém importantes centros neuroacti- das fibras oriundas do SNP (e.g. vírus da raiva e Listeria mo-
vos e núcleos de vários nervos cranianos, para além de ser nocytogenes) e exercem aí o seu efeito patogénico - síndro-
uma zona de processamento de estímulos sensitivos e mo- me vestibular, sinais de torneio, hemiplegia generalizada,
alteração do comportamento. O nistagmos ocorre em ca- As células do neurónio motor superior (NMS), localizadas
sos de lesões no tronco cerebral, mas também no cerebelo no cérebro, estimulam ou inibem as células do neurónio
ou ouvido interno. motor inferior (NMI), mantêm o tónus, iniciam o movimen-
A observação do grau de resposta a estímulos pode ser im- to e mantêm a postura. As células do neurónio motor infe-
portante para identificar a zona do SNC ou o(s) nervo(s) rior (NMI) estão localizadas na medula espinhal e inervam
craniano(s) afectado(s). A falta de resposta ao reflexo de directamente os músculos e órgãos efectores. De uma for-
ameaça (colocar um plástico ou vidro transparente entre a ma resumida temos que:
mão em movimento para ter a certeza de não ser o movi- • das lesões de NMS resultam reflexos normais ou aumen-
mento do ar a provocar a reacção) pode indicar lesão do tados e atrofia muscular progressiva e discreta.
olho, nervo óptico ou n. VII. A ausência de reacção ao teste
• das lesões de NMI resultam reflexos diminuídos ou au-
de fixação (seguir com os olhos um lenço deixado cair à
sentes e atrofia muscular rápida e severa.
frente) pode corresponder a lesões oculares, SNC ou n. li, IV
ou VI. O reflexo palpebral pode estar diminuído em casos de Um segmento espinhal é definido como uma porção de
lesão do n. V ou VII. O reflexo pupilar à luz deve ser avaliado medula que dá origem a um par de nervos espinhais. Em
num ambiente escuro e deve ser prestada a atenção à sime- termos de função a medula espinhal é dividida em cinco
tria do reflexo. Cegueira com presença de reflexo pupilar in- segmentos: Cl-CS, C6-T2, T3-L3, L4-S2, S3-cd5. As células de
dica lesão a nível central, enquanto que cegueira sem refle- neurónio motor inferior (NMI) para os membros torácico e
xo pupilar à luz sugere lesão ocular ou no tronco cerebral. pélvico estão localizadas na intumescência cervical (C6-T2)
Ausência de reflexo corneal é típica de lesão do n. Ili e VI. O e lombo-sagrada (L4-S3), respectivamente. Geralmente as
estrabismo pode ser congénito, mas quando adquirido lesões medulares provocam uma lesão do NMS e da pro-
pode corresponder a lesões de nervos cranianos (Tabela 2). priocepção caudalmente à zona afectada. Lesões localiza-
Não há síndromes ou doenças relacionadas com lesões das na intumescência cervical ou lombo-sagrada afectam
exclusivas do SN Autónomo. No entanto, intoxicações NMI para os membros anteriores ou posteriores, respectiva-
com compostos com actividade neurotransmissora, po- mente.
dem exacerbar ou inibir a actividade do parassimpático Salvo raras excepções as lesões da medula provocam uma
ou do simpático. As situações mais frequentes são as in- mesma sequência de alterações que se inicia com perda
toxicações por compostos de acção parasimpaticomi- de propriocepção, perda de movimento e finalmente de
mética (e.g. organofosforados) que se caracterizam por nocicepção.
hipersalivação, miose, diarreia, tremores, espasmos mus-
culares e convulsões.

4.3.2. Lesões da espinhal-medula (Tabela 4)


As lesões da medula espinhal e/ou coluna vertebral são relati-
vamente raras em bovinos e geralmente relacionam-se com
traumatismos. É importante que a sua localização seja o mais
precisa possível, mas o exame neurológico exaustivo pode ser
difícil em bovinos adultos, tanto pela discreta exibição de dor
como pela corpulência do animal que dificulta uma avaliação
correcta das reacções posturais, reflexos e mesmo tónus e
movimento. Provocar uma reacção de retirada por picada de
agulha no sentido caudal pode dar uma ideia da localização
da lesão quando ocorre transição de hiperestesia para hipoes-
tesia. No entanto, lembrar que pode haver perda de reflexos
sem alterações de nocicepção e por isso deve-se ter cuidado
para não causar excessiva dor ao animal.
Alteração da postura e movimento da cabeça e pescoço
Perda de sensibilidade superficial
Défice da propriocepção consciente
Reflexos aumentados
C1-CS
Ataxia/fraqueza nos quatro membros
Prostração - só levanta cabeça se lesão for caudal a C4
Rigidez de movimentos a virar
Tropeça ou arrasta boleto. Dificuldade em levantar membro interior quando obrigada a andar em círculo

Membros posteriores hiper-reflexivos


Reflexos dos membros anteriores reduzidos_
C6-T2 Tropeça por deficiente propriocepção dos membros anteriores
Perda de sensibilidade superficial
Ataxia/fraqueza - membros anteriores

Reflexos nos membros anteriores normais


Membros posteriores hiper-reflexivos
Deficiente propriocepção dos posteriores
T3-L3 Perda de sensibilidade superficial (a jusante da lesão)
Ataxia/fraqueza - membros posteriores
Posição "cão sentado"
Bexiga distendida de difícil esvaziamento, esfíncter uretral espático.

Reflexos nos membros anteriores normais


Reflexos dos posteriores diminuídos
L4-S2 Deficiente propriocepção dos posteriores
Perda de sensibilidade superficial (caudal à da lesão)
Ataxia/fraqueza - membros posteriores

51-52 Distensão da bexiga. Perda do tónus anal


Incontinência urinária (atonia do músculo detrusor).
53-Cd5 Cauda flácida, falta de sensibilidade no pénis, vulva e períneo.

Deste modo o diagnóstico da localização da lesão espi-


nhal é relativamente fácil se fizermos um exame neuro-
lógico correcto e baseia-se na seguinte combinação de
sinais de NMS, NMI e normalidade para os quatro mem-
(1-(5 NMS Normal ou NMS
bro s:
C6-T2 NMI Normal ou NMS
Zona cranial à lesão --t reflexos normais; Zona da lesão --t
T3-L3 Normais NMS
reflexos NMI; Zona caudal à lesão --t reflexos NMS.
L4-53 Normais NMI
As tabelas 4 e 5 resumem os sinais esperados para as dife-
rentes localizações das lesões medulares. 54-cdS Normais Normais
4.3.3. Lesões dos nervos periféricos e quais as funções do nervo. O exame à distância é essen-
cial para uma correcta apreciação da postura, movimen-
Os nervos periféricos são frequentemente lesionados ou
tos e paresias. O exame de proximidade inclui a avaliação
traumatizados no casos de agressões, partos distócicos,
da presença de dor, redução da amplitude de movimen-
decúbito prolongado em superfícies duras e injecções de
tos e presença e grau de alguns reflexos (e.g. reflexo pate-
produtos irritantes em animais com pequeno volume
lar, reflexo do tricipede, reflexo pedal). Algumas situações
muscular (lesão do ciático em vitelos após injecção na
frequentes em bovinos são lesões do: plexo braquial por
regiã o da coxa) . Para se perceber qual o nervo lesionado
excessiva tracção em partos ou membro anterior preso
é preciso saber bem qual a zona inervada por cada ramo
pela axila em portões, conduz a paralisia quase total do
membro; nervo radial com incapacidade de estender as
articulações do cotovelo, carpo e dígitos e que normal-
mente sucede a decúbito lateral prolongado (Fig. 41);
nervo ciático e nervo obturador após partos difíceis e
conduzindo a adução completa uni ou bilateral (Fig. 42) e
arrastar das pinças quando o animal anda; lesão do nervo
ciático com incapacidade de flectir membro posterior
após injecções em vitelos com produtos oleosos ou irri-
tantes; lesão do nervo peroneal após decúbito prolonga-
do e caracterizado pela incapacidade de estender o bole-
to fazendo com que a face cranial arraste no chão (Figura
43); lesão do nervo tibial que se caracteriza por curvilhão
flectido e descaído e boleto constantemente flectido,
mas a úngula normalmente assenta completamente no
solo (Fig. 44).
1. ANÁLISES SANGUÍNEAS EM BOVINOS
- ASPECTOS PRÁTICOS.
Nesta secção iremos apresentar alguns dos parâmetros ob-
tidos por análise sanguínea, o significado das principais al-
terações e como tirar o melhor partido dos resultados.

Em clínica de bovinos o factor económico tem um enorme


peso e portanto é fundamental: i) fazer uma selecção crite-
riosa dos parâmetros que serão mais úteis para o diagnósti-
co, sem o risco de perder informações preciosas; ii) colher e
enviar o sangue/soro/plasma nas melhores condições para
que a possibilidade de erros seja minimizada.

Começaremos por fornecer um resumo das regras essen-


ciais para melhor aproveitamento deste meio complemen-
tar de diagnóstico.

• Não ler os resultados "longe" do animal - os exames labo-


ratoriais só devem servir para excluir ou confirmar os
diagnósticos diferenciais entretanto avançados. Ou, no
caso do diagnóstico já estar estabelecido, permitem ajui-
zar a gravidade, avaliar o sucesso da terapêutica, prever a
evolução e avançar com um prognóstico.
• Variação devido aos anticoagulantes:
• Valores de referência - os valores no intervalo de refe-
rência são obtidos em circunstâncias (e.g. ambiente, - nas determinações dos valores de electrólitos devem
raça, sexo, idade) provavelmente diferentes daquelas evitar-se compostos contendo sódio ou potássio.
que se tem presente e correspondem a cerca de 95% - o ácido etileno-diamino-tetra-acetico (EDTA), os oxala-
da população testada. Por estas razões a interpretação tos e os citratos evitam a coagulação por serem que-
dos resultados deve ser sempre feita com espírito críti- lantes do cálcio. Porque este elemento é um cofactor
co (Fig. 1). essencial à actividade de algumas enzimas, deve ser
• A sensibilidade e especificidade dos testes variam bas- evitado o EDTA se forem efectuados testes que in-
tante entre parâmetros. cluem reacções químicas.

• Falsos resultados podem resultar de: má colheita, arma- - a heparina provoca alguma hemólise, com elevação
zenagem e envio; uso de anticoagulantes não adequa- dos níveis de potássio.
dos; tempo decorrente desde a recolha; incorrecta iden- - sais de flúor são apenas úteis quando se quer inibir a
tificação e informação; terapêutica entretanto instituída; glicó/ise causada pelos eritrócitos, pois prejudicam
complicações da doença original; ou, erros laboratoriais. muitas outras reacções enzimáticas.
• Variações a nível do laboratório - deve-se ter cuidado - o soro (ausência de anticoagulante) é o ideal para a
na comparação de resultados oriundos de laboratórios maioria dos parâmetros de bioquímica sanguínea.
diferentes e, portanto, deve-se evitar usar laboratórios
- no plasma (sangue com heparina) pode ser obtida
diferentes para o mesmo caso clínico. Os laboratórios
muita informação apenas por observação macroscópi-
devem saber previamente com que espécie se está a
ca após centrifugação (e.g. hemólise intravascular, lipi-
trabalhar.
demia, icterícia).
Como já se referiu, alguns erros podem ser causados por pois a contaminação por tromboplastina dos tecidos é
deficiente técnica de colheita, armazenamento, transporte muito provável. Pela mesma razão o sangue destinado
e processamento. Alguns exemplos mais comuns são: a exames de coagulação deve ser colhido com muito
cuidado para não incluir componentes de tecidos
• hemólise por uso de agulhas de calibre demasiado es-
treito; vácuo na seringa demasiado potente; forçar san- extra-vasculares.
gue para o tubo de colheita através da agulha; tempera- Para uma correcta análise dos resultados convém relembrar
tura ambiental elevada; trepidação ou vibração intensa. a distribuição dos fluidos no organismo (Tabela 1):
A hemólise prejudica os valores do hemograma, altera a
leitura de outros componentes, se for usada a refracção
luminosa, e permite a saída de certos elementos (e.g. po-
tássio) do interior das células.
• stress e excitação do animal (Fig. 2) poderá afectar certos
valores. Volume total de fluido (VTF) 60% do peso vivo (75% em vitelos)

• tempo desde a última refeição afecta alguns parâmetros, Fluido intracelular (FIC) 2/3 VTF; 40% do pv
especialmente em vitelos pré-ruminantes.
Fluido extracelular (FEC) 1/3 VTF; 30% do pv (50% em vitelos)
• temperatura de armazenamento - manter o metabolis-
mo elevado favorece o consumo de certos compostos Volume lntravascular 1/4 FEC; 6-8% do pv

ou aumenta a permeabilidade da membrana celular com Volume Intersticial e GI 3/4 FEC; 22-24% do pv
a consequente passagem para o soro de certos elemen-
tos (e.g. potássio). A refrigeração é aconselhada se as
amostras demorarem mais do que 1 - 2 horas a entrar no
Por vezes a escolha dos parâmetros a avaliar depende da
laboratório (30 minutos no caso da glucose).
história e do quadro clínico, devendo existir um compro-
• o vaso utilizado para a colheita pode influenci ar certos misso entre o custo e a informação considerada indispensá-
valores, como os gases sanguíneos, glucose, fósforo vel. Nestes casos poderá ser preferível o pedido de um pai-
(mais baixo na jugular do que na mamária devido à se- nel de análises. Por exemplo, as situações clínicas indicadas
creção de fosfatos na saliva) e corpos cetónicos. A coc- exigem as seguintes avaliações:
cígea não deve ser usada para o teste de coagulação
• diarreia neo-natal (i.e. decidir composição da fluidotera-
pia) - pH, Na+, c1-, K+, Excesso de Base ou HC0 3-, ureia,
creatinina.
• fraqueza muscular (e.g. vaca caída) - CPK, AST, pH, K+,
Ca 2+, Na+

• excitação e comportamento estranho - Mg 2+, Ca 2+,


~-hidroxibutirato. Na+ e glucose (vitelos).
• obstrução gastro-intestinal (e.g. para prognóstico antes
da cirurgia) - hematócrito, PT, pH, K+, c1-, glucose.
• painel hepático (e.g. fígado gordo) - PT, albumina, trigli-
céridos, SDH, AST, GGT, bilirrubina, ureia.
• dor abdominal - hemograma e leucograma, fibrinogé-
nio, PT e albumina.
• problemas do pós-parto (e.g. DAE, metrites ... ) - Mg 2+,
Ca 2+, P(i)+, ácidos gordos livres (NEFA), ~-hidroxibutirato.
De seguida resumem-se os significados das alterações dos pa-
râmetros sanguíneos mais frequentemente avaliados em clíni-
ca de bovinos. Os valores de referência podem ser consultados
na Tabela 3 e 4, no fim deste capítulo.
Hematocrito (%)

Volume ocupado pelos eritrócitos por 100 mi de sangue (em tubo de hematócrito ou calculado
Significado
= VCM x n. 0 eritrócitos)

Valores elevados Desidratação, choque. Policitemia.

Anemia - hemólise, hemorragias crónicas, anemia não regenerativa. Hiper-hidratação (iatrogénica


Valores diminuídos
ou outra)

Colheita EDTA.

• Porque o intervalo fisiológico é tão amplo, este é um parâmetro um pouco falível para avaliação do estado de desidratação Poderá ser mais útil se comparar-
mos valores consecutivos do mesmo animaL
• O melhor método é num tubo de hematócrito após centrifugação Valor calculado a partir do n ° de eritrócitos é mais falível pois é iníluenciado por inúmeros
factores (e.g. calibração do contador de células).

Eritrócitos

Responsáveis pelo transporte de oxigénio (ligação à hemoglobina). Número de eritrócitos por mi-
Significado
crolitro de sangue.

Valores elevados Policitemia e.g. habitats de montanha. Hipoxia prolongada.

Anemia - hemólise, carências (Fe, Co, Cu), tóxicos, hemorragia crónica (e g. parasitismo, úlceras do
Valores diminuídos abomaso), ecto e endo-parasitas, doenças hepáticas e doenças crónicas, Erro laboratorial (confusão
com plaquetas). Hemólise iatrogénica.

Colheita EDTA.

• Os ruminantes tem eritrócitos pequenos e por isso a avaliações feitos por instrumentos não calibrados para estas espécies podem dar valores inferiores à realidade
• Em caso de hemorragia recente pod erá não haver alteração no n ° de eritrócitos (só evidente após hemodiluição).
• Igualmente importante observar certas características morfológicas dos eritrócitos, como por exemplo:
• Presença de hemoparasitas - Anaplasma spp. Babesía spp, Theílería spp. e Trypanosoma spp.
• Acantócitos - e g doença hepática
• Corpos de Heinz - intoxicações (e.g. cobre), deficiência em fósforo ou selén10
• Reticulócitos - anemia regenerativa Nos bovinos a mobilização de eritrócitos imaturos começa 2-4 dias após perdas importantes e atinge o pico aos 4-7 dias.

Volume Corpuscular Médio (VCM)

Significado Volume médio do eritrócito individual em microns cúbicos= (hemotócrito x 1O)/ n. 0 eritrócitos

Valores elevados Macrocitose e.g. anemia regenerativa (presença de reticulócitos)

Valores diminuídos Microcitose e.g. anemia ferropriva.

Colheita EDTA,

• Geralmente calculado por contadores automáticos


• Uma má centrifugação pode originar valores errados.
• Ligeira anisocitose é fisiológica em bovinos.
Hemoglobina (Hb) Corpuscular Média
Significado Volume de hemoglobina por eritrócito em picogramas = (hemoglobina (g/dl) x 1O)/ n. eritrócitos
0

Valores elevados Hemólise in vivo ou in vitro - toda a Hb detectada é considerada intracelular.

Valores diminuídos Deficiência em ferro. Reticulocitose - células jovens mais pobres em Hb.

Colheita EDTA.

Leucócitos
Significado N.° leucócitos. Significado depende do tipo de leucócito afectado (ver abaixo).

Leucocitose Pode ser patológico ou fisiológico (após libertação de catecolaminas). Geralmente resulta de neutrófilia.

Leucopenia Quase sempre sinal de doença: mobilização para o local de infecção. Significado depende do leucócito.

Colheita EDTA.

• Algumas anomalias sanguíneas podem dar valores errados - fragilidade leucocitária, grande aglomeração de plaquetas (erro por excesso) ou de leucócitos
(erro por defei to).
• Durante uma inflamação purulenta todas as combinações de valores são possíveis (de muito baixo a muito alto) dependendo da relação entre uso e reposição
a partir da medula.
• Valores normais variam c/ idade, condição corporal, stress e excitação

Neutrófilos
Responsáveis por destruição de material estranho a nível dos tecidos, Meia vida curta (6 a 14 horas)
Significado
Em jovens é o leucócito mais abundante

Neutrofilia Inflamações moderadas ou crónicas e.g. pneumonia, peritonite, abcessos, artrite séptica, reticulope-
(valores aumentados) ritonite . .. Também pós-operatório, stress, corticóides, trauma ... Congénito: BLAD.

Neutropenia Infecções graves hiperagudas por GRAM- (mamite, metrite...), viroses, ulcera perfurada, clostridioses,
(valores diminuídos) toxemia, lipidose hepática ...

Colheita EDTA.

• "desvio à esquerda" = mobilização de neutrófilos imaturos (resposta a estímulo antigénico agudo grave).
• Inflamação crónica pode não resultar em neutrofilia porque surge equilíbrio entre uso e repo sição,
• Neutrofilia após neutropenia associada a endotoxemia (e.g. mastite por coliformes) é de bom prognóstico
• Morfologia anormal dos neutrófilos (vacuolização ... ) geralmente é sinal de toxemia
• Neutrofilia não patológica (e g. stress, dor, exercício, excitação, administração de corticóides) resulta da mobilização de neutrófilos marginais, geralmente não
são contabilizados por não serem circulantes Nunca há desvio à esquerda.

Linfócitos
Significado Imunidade celular e humoral. Linfócitos B e T. Meia-vida provavelmente de alguns anos

Linfocitose Leucose subclínica (linfocitose persistente), infecções virais prolongadas ou purulentas crónicas
(valores elevados) (pneumonia, peritonite, abcesso hepático)

Linfopenia
Endotoxemia, mamite por GRAM-, peritonite difusa, IBR, BVD e outras viroses. Corticóides e stress.
(valores diminuídos)

Colheita EDTA.
-
Eosinófilos

Significado Controlar infecções parasitárias. Reacções de hipersensibilidade e alergia. Meia vida de 30 mina 1Ohoras.

Valores elevados= Anafilaxia Alergia ao leite, pneumonias intersticiais atípicas (fog fever), Sarcocistose, larvas migrado-
= eosinofilia ras de parasitas.

Valores diminuídos= Os valores de referência são muito próximos do O e portanto é difícil identificar valores diminuídos.
= eosinopenia Stress e doenças inflamatórias agudas.

Colheita EDTA.

• Animais jóvens apresentam tipicamente valores mais baixos do que adultos.

Monócitos

Significado e função Mobilização para tecidos em resposta a agressão antigénica, dando origem a macrófagos.

Valores elevados=
Inflamação crónica, necrose tecidular, hemólise. Resposta a stress.
= monocitose

Os valores de referência são muito próximos do O e portanto é difícil identificar valores diminuídos.
Valores diminuídos
Endotoxémia e virémia

Colheita EDTA.

Plaquetas

Significado e função Essencial para avaliar capacidade de hemóstase

Valores elevados Inflamações crónicas. Doença das Mucosas.

CID (coagulação intravascular disseminada), endotoxemia, BVD e outras viroses, toxemia. Mais rara-
Valores diminuídos
mente: redução de produção - lesão da medula óssea e sequestração de plaquetas a nível do baço

Colheita Usar EDTA. Certificar proporção certa de anti-coagulante

• Agregação plaquetária pode surgir em casos de toxémia

Glucose

Valores fisiológicos relativamente baixos em ruminantes porque pouca glucose é absorvida pelo
Significado
tracto gastro-intestinal

Stress, abdómen agudo (e .g. volvo abomasal}, hipocalcémia. latrogénica (e.g. corticóides, propileno-
Valores elevados
glicol, xilazina). Diabettes mellitus (raro)

Valores diminuídos Cetose. Má-nutrição, diarreias e outras causas de síndrome de má-absorção em vitelos.

Soro, usar fluoreto de sódio. Eritrócitos consomem 10% da glucose por hora no sangue - separar
Colheita
coágulo rapidamente

• Hiperglicémia em caso de stress e abdómen agudo surge devido a libertação de cortisol e catecolaminas
Fibrinogénio
Proteína produzida no fígado. Proteína reactiva de fase aguda de processos inflamatórios e substrac-
Significado e função
to para formação de fibrina.

Abcessos, mamites agudas, peritonites, pleurites, pneumonias, osteomielites, celulites e todos os


Valores elevados
processos inflamatórios agudos.

Por aumento do consumo (e.g. CID ou doença inflamatória crónica) ou redução de produção: lesões
Valores diminuídos
hepáticas graves.

Colheita Usar heparina ou citrato. Valores baixos podem ocorrer se houver alguma coagulação in vitro.

• Parâmetro especialmente útil em bovinos devido à sua grande capacidade de mobilizar fibrinogénio em caso de doença inílamatória.

Proteínas Totais (PT)


Significado Essencialmente composto por albumina+ globulina

Panhlperproteinemia (aumento de albumina e globulina): perda de fluido IV - diarreia, torção abo-


Valores elevados
masal ou intestinal, acidose rumina i, indigestão vagai, impossibilidade de beber.•

Panhipoproteinemla: hiperhidratação por excesso de fluidos via endovenosa ou oral; perdas agudas
Valores diminuídos
de sangue (com anemia) ou coagulação ,ntravascular disseminada (CID).

Colheita EDTA ou heparina sódica.

• O valor da PT é um melhor indicativo de um estado de desidratação já que um animal desidratado e anémico pode ter um hematócrito normal.
• Valores variam muito com idade (e g, globulinas do colostro), exigências metabólicas, nutrição, hidratação, gestação.

Albumina
Produzida no fígado e principal responsável por manutenção de pressão asmática IV. Meia-vida de
Significado e função
16 horas

Valores elevados Desidratação.

Má nutrição e má-absorção de aminoácidos. Parasitismo. Perdas pelo aparelho Gl (e.g. paratubercu-


Valores diminuídos
lose) ou urinário (e.g. amiloidose). Diminuição de produção em doenças hepáticas crónicas.

Colheita Soro ou plasma. Durante a gestação pode haver diminuição dos valores

• Os sinais clínicos típicos de hipo-albuminemia só surgem com níveis <1 g / dl

Globulina
Significado e função Imunidade humoral e celular (actividade dos linfócitos B e T). Meia-vida de alguns anos.

Valores elevados Estimulação crónica por antigénios.

Valores diminuídos Não tem valor diagnóstico.

Soro. Só se a análise for feita no soro é que a globulina pode ser calculada a partir da diferença entre
Colheita
valores da Proteína Total e da albumina.
-

• O nível de aumento geralmente reílecte a intensidade da agressão antigénica,


• A diferenciação do tipo de globulina pode ajudar o diagnóstico de algumas doenças.
• Durante a gestação os níveis sobem, mas começam a diminuir quando são transferidas para o colostro no pré-parto
• No vitelo aumentam muito após ingestão do colostro (forma de avaliação da qualidade do colostro ingerido).
Rácio Albumina/Globulina
Valor de referência 0,84-0,94

A relação entre as duas principais proteínas plasmáticas é especialmente importante para detectar
Significado e função
alterações num paciente normoproteinemico

Valores elevados Ver hiperalbuminemia

Valores diminuídos Ver hiperglobulinemia ou hipoalbuminemia.

Colheita Soro ou plasma.

BUN (Blood Urea Nitrogen)

Significado e função Fígado transfo rma amoníaco em ureia. Rim excreta facilmente ureia sanguín ea

Doenças renais e deficiente perfusão renal, urolitíase, choque, desidratação, catabolismo proteico
Valores elevados
exagerado.

Valores diminuídos Raro - insuficiência hepática, dietas hipo-proteicas, hipervolemia iatrogenica

Colheita Sem anti-coagulante - soro

• bovinos fazem a excreção de ureia para o rúmen pela saliva sendo utilizada pela ílora microbiana para síntese proteica.
• nos bovinos, para que ocorra azotemia, é necessário a perda de 75% da massa funcional dos rins
• bovinos com dietas deficientes em nitrogénio ou anoréticos podem apresentar BUN normal apesar de serem insuficientes renais

Bilirubina
Bil irrubi na conju gada normalmente associa da a doenças hepáticas, mas pouco fiável em clínica de
Significado e função
bovinos.

Valores elevados Bilirrubina não-conjugada - causas de hemolise (e g. hemoparasitas, hipofosfatémia, toxinas).

Valores diminuídos Não exi ste .

Colheita Soro.

• em bovinos adultos a icterícia pode não ser evidente apesar de hemólise massiva e níveis elevados de bilirubina não-conjugada.

Creatinina
Creatinin a é originada no múscul o e nunca é reuti li za da, A excreçã o é fácil e relativamente constan-
Significado e função
te no animal sa udável.

Valores elevados Insuficiência renal. Distrofia muscular.

Valores diminuídos Raro - in suficiência hepática, dietas hipo-proteicas, hipervolemia iatrogeni ca

Colheita Sem anti-coagulante - soro.

• mais eficiente para diagnóstico de lesões renais do que BUN pois só é excretad a pelo rim
• avaliação dos valores permite perceber significado das variações do BUN,
L-lditol Dehidrogenase (IDH) ou Sorbitol Dehidrogenase (SDH)
Significado e função Enzima exclusivamente presente nas célu la s hepáticas.

Valores elevados Hepatite, lipidose hepática, certas intoxicações, fasciolose, leptospirose e abcesso hepático.

Valores diminuídos Sem significado

Colheita Soro ou plasma (heparina).

• Doenças hepáticas crónicas normalmente não apresentam valores elevados.


• Muito instável - medição em 24 horas ou máximo 72 horas (soro congelado)

Aspartato Transaminase (AST) e Lactato Dehidrogenase (LDH)


Significado e função Enzima presente nas fibra s musculares, hepatócitos e eritrócitos

Valores elevados Lesão ou necrose muscular mas também doenças hepáticas. Também em casos de volvo abomasal.

Valores diminuídos Sem significado

Colheita Soro ou plasma (heparina)

• Hemólise ou muito tempo até separação do soro pode dar valores erradamente elevados
• Semi-vida de 2-3 dias

Creatinofosfoquinase (CPK)
Em tecidos e células que consomem rapidamente ATP, especialmente músculo. Indicador sensível
Significado e função
de lesão muscular.

Valores elevados Miopatias diversas, distrofia muscular, síndrome de vaca caída, Insuficiência renal. Hemólise.

Valores diminuídos Não ocorre.

Colheita Soro ou plasma (heparina).

• Níveis aumentam 6-12 horas após lesão muscular aguda e retornam a níveis normais entre as 24-48. Se agressão persiste mantêm-se níveis elevados
• Estável durante 7 dias a 4 C e 1 mês a -25 C.

pH
Concentração de hidrogeniões no sangue. Pode ser calcu lado a partir da diferença entre catiões
Significado (Na+, K+, Ca2+, Mg2+) e aniões (CI-, HC03-, lactatos, sulfatos e proteínas). Num animal saudável o
valor deve estar entre 7,35 e 7,4 5.

Valores elevados Volvo ou deslocamento de abomaso (alcalose metabólica com hipoclorémia). Taquipneia prolonga-
-alcalémia da (alcalose respiratória).

Acidose metabólica: diarreia neo-natal (perda bicarbonato ou produção e absorção ácido láctico)
Valores diminuídos Acidose ruminai. Hipoxia dos tecidos (ácido láctico). Cetose. Uso de dietas aniónicas. Perda de saliva.
-acidose
Acidose respiratória: insuficiência respiratória com diminuição da ventilação alveolar.

Colheita Soro ou plasma (heparina). Medição imediata em condições anaeróbias ou guardado em gelo.

• Alterações do pH sangufneo tem como causa problemas metabólicas (acidose ou alcalose) ou respiratórios (acidose ou alcalose)
• O pH sangufneo é normal quando o rácio de HCO; para pC0 2 é 20: 1
• Problemas respiratórios afectam a pC0 2, enquanto que problemas metabólicas afectam o HC0 3· sanguíneo.
Excesso de Base (EB) e Bicarbonato (HC0 3-)

Avaliação do equilíbrio ácido-base. Os valores são muito semelhantes e por isso geralmente são
Significado e função
usados como sinónimos.

Valores elevados Alcalose metabólica - ver acima

Valores diminuídos Acidose metabólica - ver acima

Colheita Soro ou plasma (heparina).

• Um EB positivo significa concentração mais alta de base i.e. alcalose metabólica, enquanto que EB negativo significa uma redução da concentração fisiológica
de base i.e. acidose metabólica.
• Produção de lactato pelas células sanguíneas é responsável por redução de valores se sangue não for centrifugado ou analisado de imediato.

Sódio (Na+)

O mais importante catião extracelular e o principal responsável osmótico pela manutenção do vo-
Significado e função
lume de fluido extra-celular.

Perda de água hipotónica (raro) ou intoxicação por sal sem possibilidade de beber água. latrogenico
Valores elevados
- soro salino hipertónico.

Valores diminuídos Diarreia neo-natal, insuficiência renal.

Colheita Soro ou plasma (heparina de lítio).

• A interpretação dos resultados deve ter sempre atenção ao estado hídrico do animal

Potássio (K+)

Principal electrólito intra-celular (150 mEq/L). Papel fundamental na excitabilidade nervosa e con-
Significado e função
tracção muscular.

Valores elevados Acidose metabólica (e.g. diarreia neo-natal) latrogenico (e.g. rehidratantes orais; trimetropim).

Alcalose metabólica (aumento excreção renal). Inapetência prolongada. Diarreia em animais adul-
Valores diminuídos
tos Obstrução gastro-intestinal (e.g. volvo abomasal). Administração isoflupredona. Tetania da erva

Colheita Soro ou plasma. Hemólise causa aumento significativo dos valores por saída do ião das hemácias

• Tanto a hipercalémia como a hipocalémia têm efeito sobre os músculos (esquelético, cardíaco e liso)
• Acidose afecta o transporte activo de potássio para o interior da célula. Vitelos com diarreia podem mostrar hipercalémia apesar de existir um deficite total.

Cloro (Ci-)

Significado e função Principal anião do FEC. Componente importante de várias secreções (suor, gástrica, saliva)

Valores elevados Intoxicação por sal. Formulações rehidratantes erradas.

Obstrução gastro-intestinal (e.g. deslocamento de abomaso ou volvo abomasal) ou síndrome vaga i.


Valores diminuídos
Ptialismo.

Colheita Soro ou plasma (heparina) ,

• Alterações dos níveis de cloro geralmente acompanham os de sódio pois são iões absorvidos em conjunto pelo rim.
• Nível de cloro< 80 mEq/L é sinal de mau prognóstico em casos de obstrução gastro-intestinal
Cálcio (Cal
Significado e função Essencial a inúmeras funçoes incluindo contracção muscular. Composto predominante do osso.

Valores elevados Causas iatrogénicas.

Valores diminuídos Parésta pós-parto da vaca leiteira. Endotoxémia, obstruções gastro-intestinais e Indigestão Vagai.

Colheita Soro.

• Valor circulante é uma pequena fra cção do valor total. No sangue 50% do cálcio total está ionizado, 40% está ligado às proteínas e l 0% forma diversos com-
plexos com aniões.
• O valor de cálcio ionizado ((a++ versus cá lcio total) é um reílexo mais correcto do estatuto fisiológico do cálcio
• Em caso de acidose existe mais cálcio ionizado e em caso de alcalose há mais cálcio ligado às proteínas (metabolicamente não disponível)
• Valores na franja inferior do intervalo de referência podem ser responsáveis por uma hipocalcémia sub-clínica, com importantes sequelas na saúde de vacas leiteiras

Fósforo (P)

Significado e função Apenas o fósforo inorgânico é medido.

Valores elevados Hemólise. Trauma muscular grave. Suplementação excessiva. Volvo abomasal.

Anorexia prolongada. Insuficiência renal e urolitíase. Administração de insulina ou soluções hipertó-


Valores diminuídos
nicas de glucose. Deficiência em Vit. D. Certos tumores.

Colheita Soro.

• Mais de 80% do fósforo está nos ossos e uma pequena parte nos músculos e sangue
• No sangue os fosfatos existem na forma orgãnica e inorgânica.
• Sangue da jugular apresenta concentrações menores do que noutras veias
• Hipofosfatémia grave pode conduzir a hemólise.

Magnésio (Mg)
Envolvido em diversos processos enzimáticos, utilização de ATP, contracção muscular e transmissão
Significado e função
nervosa.

Causas iatrogénicas - excesso de suplemento. Doenças renais crónicas e urolitíase. Destruição teci-
Valores elevados
dular maciça.

Carências alimentares em Mg. Tetania da erva, especialm ente em pa stagens de gramíneas forte-
Valores diminuídos
mente adubada s com potássio. Ptialismo

Colheita Soro ou plasma (heparina)

• Mais de 50% do magnésio encontra-se no osso, músculo e restantes tecidos sendo que apenas l % está no sangue.
• No sangue 55% do Mg total está ionizado (livre, Mg++), 30% está ligado às proteínas e 15% forma diversos complexos com aniões
• Hemólise pode ser responsável por níveis altos

Existem uma série de outros elementos que podem ser medidos em situações muito específicas. A listagem exaustiva destes
não é exequível neste local e por isso apenas serão referidos os casos que se relacionam com alguma das doenças bovinas
incluídas neste livro.

Ver informação referente a oligoelementos no último capítulo do li vro.


2. TESTES AO LADO DO ANIMAL
- COW-SIDE TESTS
Na prática clínica de bovinos a exigência de custos reduzi-
dos e a necessidade de obtenção rápida de resultados,
abrem caminho ao uso de exames complementares ao
lado do animal ou também designados por"cow-side tests''.
Aqui apresentamos de uma forma muito resumida alguns
dos mais utilizados e as suas indicações. Sugerimos a leitura
da bibliografia listada no fim deste livro, para um melhor
conhecimento das diversas técnicas.

2.1. Punção por Agulha Fina do fígado (Fig. 3)


Um método rápido e barato para se avaliar o grau de
esteatose hepática, permitindo avançar com mais certe-
za um prognóstico ou eventualmente justificar o abate
do animal em casos considerados irreversíveis. Após
preparação cirúrgica de uma pequena área a nível do
11.0 espaço intercostal e 10-15 cm abaixo das apófises
transversas das últimas vertebras torácicas do lado direi- (Fig. 4) permite ter uma ideia quanto à gravidade da si-
to do animal, é feita a anestesia local por infiltração e tuação.
introduzida uma agulha (10-12 G, 1") que irá atravessar
músculo, pleura e diafragma até entrar na cavidade ab-
dominal. Através dessa agulha mais grossa será introdu-
1.2. Ruminocentese
zida uma agulha fina e comprida (21 G, 4-5") que puncio- A acidose ruminai surge na forma aguda, normalmente
nará o parênquima hepático. Após aspiração, a agulha é acidental, ou sub-aguda em explorações de leite ou de
retirada e o conteúdo da mesma usado para se efectuar engorda, por erros alimentares. No caso da acidose sub-
um esfregaço por esmagamento. A lâmina pode ser co- -clínica os sinais e os efeitos são muitas vezes mascarados,
rada pelo tradicional método Diff-quick ou por corantes mas estão longe de ser desprezíveis. A avaliação do pH
mais específicos (e.g. Sudão Ili). A observação do grau ruminai numa amostragem de vacas pode ser útil para
de infiltração dos hepatócitos com vacúolos de gordura diagnóstico ou para a monitorização em casos de mudan-
ças na dieta. A colheita de suco ruminai pode ser feita via
oral ou através de ruminocentese, sendo que a primeira
apresenta a desvantagem de ser facilmente contaminada
pela saliva dando resultados de pH acima dos reais. A ru-
minocentese é feita através da introdução de uma agulha
(18G, 4" ou 5") no saco ventral do rúmen através da parede
abdominal esquerda (Fig. 5), depois de preparação cirúrgi-
ca e anestesia local. A colheita deve ser feita num circuito
fechado (sem contacto com o ar) e a análise efectuada
imediatamente pois a evaporação de C0 2 leva ao aumen-
to do pH. Se a medição não puder ser feita no local, deve-
-se evitar o contacto do fluido aspirado com o ar e colocar
as amostras imediatamente em gelo. O uso de papéis in-
dicadores de pH não é aconselhável devido à fraca sensi-
bilidade e elevada subjectividade que não permite leituras
suficientemente precisas.

Para se obter resultados fidedignos a amostragem deve in-


cluir 10 a 12 vacas e efectuada 4 a 8 horas após a oferta de
alimento (e.g. distribuição do TMR). Se 30% dos animais tes-
tados apresentarem valores de pH ~ 5,5, podemos suspei- com mau cheiro e que produz espuma quando agitado no
tar de que existe um problema de acidose ruminai sub- tubo de colheita, é indicativo de peritonite. O líquido pode
-clínica. ser enviado para o laboratório para exame citológico, bio-
químico e microbiológico.

1.3. Abdominocentese
A análise do líquido existente na cavidade abdominal pode 1.4. Teste Californiano de Mastites
ser essencial para o diagnóstico de situações como perito- Este é um teste de campo muito simples e barato que per-
nite, ruptura do tracto gastro-intestinal, ascite etc. .. Devido mite detectar mastites sub-clínicas (elevação da conta-
ao enorme espaço ocupado pelos compartimentos gástri- gem de células somáticas) através da simples observação
cas e à extensão do mesentério dos bovinos, a colheita do da viscosidade da mistura do leite com um reagente apro-
líquido da cavidade peritoneal não é fácil, sendo que ape- priado (surfactante anionico). A viscosidade aumenta de-
nas em dois locais muito específicos será possível fazer uma vido à libertação do conteúdo do núcleo (ADN) dos leucó-
colheita representativa. Os dois locais são: i) crânio-ventral, citos cuja parede é destruída pelo detergente. Ou seja, a
uma mão transversa atrás do apêndice xifóide e à direita da viscosidade é tanto maior quanto maior for o número de
linha média; ii) caudo-lateral, na virilha direita imediatamen- células que se encontram no leite. A proporção de leite e
te anterior ao úbere e cerca de 20 centímetros dorsal à veia reagente deve ser a mesma e a leitura deve ser feita nos 20
mamária. As mesmas razões que dificultam a colheita expli- segundos após mistura. A alteração da viscosidade torna-
cam a necessidade de avaliar o líquido em pontos diferen, -se evidente a partir das 300.000 cél ulas/ml (Fig. 6).
tes, ou seja, a colheita efectuada cranialmente permite
diagnosticar afecções com origem no retículo, omaso, abo-
maso e metade anterior do rúmen, enquanto que a perfu- 1.5. Punção lombar
ração na virilha irá identificar aquelas que têm origem no
A colheita de fluido cérebroespinal pode ser extremamente
útero, intestinos, ceco, bexiga e cirurgias através do flanco.
útil em situações tais como infecções (e.g. meningite neo-
O líq uido recolhido deve ser avaliado .quanto à quantidade natal) e outras doenças neurológicas e ainda em caso de
e aspecto macroscópico- nu m animal normal não deverá intoxicações e carências (e.g. hipomagnesiémia). A colheita
ser possível colher mais do que 3-5 rn l e o fluido deve ser pode ser feita em animais vivos ou recentemente mortos/
transpar nte e límpido. íquido abundante, translucido e abatidos (<6 horas). No caso de bovinos o local de eleição
sem cheiro sugere ascite. Líquido abundante, opaco, com para a punção é entre a última vertebra lombar e o sacro,
ingesta (sinal de úlcera perfurada) ou coágulos de fibrina, podendo ser efectuada com o animal em pé ou em decúbi-
to esternal com os membros posteriores estendidos ao lon- nar é importante para identificação de agentes envolvidos
go de cada lado do abdómen de forma a manter manter a em surtos de Doença Respiratória Bovina e para avaliação
coluna vertebral direita. A contenção do animal é muito im- de sensibilidades a antimicrobianos.
portante para perceber a diferença de resistência à penetra-
A lavagem pode ser efectuada por via nasal através de pas-
ção da agulha e para evitar lesões e hemorragias.
sagem para o pulmão de um tubo fino (2 metros de compri-
Após sedação do animal e preparação da zona (uma boa mentos e diâmetro interno de 4-5 mm) através de um outro
assepsia é crucial) é introduzida uma agulha de punção lom- mais grosso (1 metro de comprimento e diâmetro interno
bar (de calibre adequado ao tamanho do animal - de 16 G 8mm) que foi previamente introduzido apenas até passar a
4" para vaca adulta até 19G 2" para animal jovem). A agulha laringe (assim evita-se contaminação da amostra). Em alter-
deve entrar perpendicularmente à pele e penetrar os diver- nativa pode ser utilizada a via transtraqueal - tricotomia,
sos planos até se deixar de sentir resistência (entrada no es- anestesia e pequeno corte da pele sobre o intervalo palpa-
paço subaracnóide). O líquido deve ser aspirado e colocado do entre dois anéis da traqueia a meio do pescoço; introdu-
num tubo sem anti-coagulante. A avaliação visual do fluido ção de uma agulha grossa e curta (1 OG, Y2') entre os anéis da
pode dar-nos imediatamente algumas indicações (Tabela 2), traqueia (Fig. 7a); uma vez no interior da traqueia dirigir a
o refractómetro pode indicar a quantidade de proteína (12- agulha no sentido do pulmão e fixá-la para que a ponta não
-40 mg/ml, essencialmente albumina) e do laboratório po- lesione a mucosa; introdução através desta primeira agulha
derá ser pedido análise citológica, bacteriológica, ratio albu- de um tubo (e.g. algália de cães) que seja previamente con-
mina/globulina, níveis de glucose, magnésio, cálcio, cloro firmado como tendo o comprimento para atingir o pulmão
etc. .. dependendo do quadro clínico e das suspeitas. do animal em questão. Na nossa prática usamos um cateter
central de infusão para humanos (Fig. 7b), com cerca de 75
cm que é o suficiente para vitelos e garante maior assepsia.
1.6. Lavagem bronco-alveolar O método transtraqueal pode também ser usado em ani-
Apesar de não ser exactamente um cow-side test, pois im- mais mortos ou eutanasiados, sendo uma forma expedita e
plica apoio laboratorial, é um exame complementar de ex- limpa de se obter amostras muito representativas do inte-
trema utilidade para o clínico de campo. O lavado pulmo- rior do pulmão.

Quantidade Poucos ml, sem pressão Normal


Abundante - gotas saem pela agulha Pressão intracraniana, encefalite, meningite

Cor Incolor ou ligeiramente amarelado Normal


Rosado ou avermelhado Erro na colheita. Hemorragia no SNC. Fractura.
Amarelo Icterícia. Hemorragia antiga.
Acinzentado, esverdeado Infecção, presença de pus.

Turvação Transparente Normal


Translucido Presença de células - inflamação (leucócitos)
Opaco Células abundantes (pus) - meningite ou encefalite

Coágulo Ausência Normal


Vermelho Sangue - hemorragia ou má colheita
Esbranquiçado Proteína (fibrinogénio) - Inflamação - meningite

Espuma Após agitação (2-3 min)


- pouca espuma Teor de proteína normal (essencialmente albumina)
- espuma abundante Aumento de proteína
abaixo dos 5,5 g/dl são sugestivos da não absorção
Em ambos os métodos deve ser injectado 25 a 50 ml (de-
de quantidade de lgG suficiente.
pendendo do tamanho do animal) de soro salino tampona-
do e aquecido. De seguida é feita a aspiração (Fig.7c) e o b. grau de hipoproteinemia num animal com perda de
material colhido (por vezes apenas 5-1 O ml) deve ser envia- proteína ou lesão hepática.
do para o laboratório imediatamente. e. concentração de fibrinogénio na suspeita de doença
inflamatória. Técnica: colher sangue para dois tubos de
hematócrito; medir a PT do plasma de um tubo (1 );
1. 7. Refractómetro
aquecer o outro tubo (2) durante 3 min (56-58°(), cen-
Apesar de se fazer uso de um aparelho, este método tam- trifugar e fazer leitura do plasma; a diferença entre 1.ª e
bém pode ser considerado um cow-side test pois permite 2.ª leitura equivale à concentração de fibrinogénio
obter resultados imediatos ao lado do animal. O refractó-
ii) quantidade de proteína no fluido resultante de uma pa-
metro é um aparelho que mede a refracção da luz através
de um líquido translúcido. As principais indicações em ve- racentese ou punção lombar.

terinária são: iii) gravidade específica da urina.

i) medição dos níveis de proteína total (PT) no plasma ou Existem ainda vários outros exames complementares que
soro. Mais frequentemente usado para, por exemplo, podem ser usados na clínica de campo, mas que pela sua
avaliar: complexidade, custo ou falta de aplicabilidade, não serão

a. se houve ingestão de colostro de qualidade num aqui abordados em pormenor.


recém-nascido pois se não houve absorção de imu-
Nota: Análise da urina apresentada no Capitulo 1
noglobulinas apenas será medida a albumina. Níveis
--- ...
'I . : ·- · ., ..:11,1• . ,,-. .- ·- - --
• • • t --- . -
• 1 tal •'loa•H•'U,Ja: t -
ALB 2.4-3,5 g/dl CHOL 68-199 rng/dl LDH 2666-4293 U/L

ALKP 41-116 U/L CI 96-104 rnrnol/L UPA 32-198 U/L

ALT 25-74 U/L C02 19-29 rnrnol/L Mg 2,0-2,8 rng/dl

AMYL 30-38 U/L CREA 0,5-1,1 mg/dl Na 134-144 rnmol/L

AST 58-100 U/L GGT 22-64 U/L PHOS 4,7-9,0 rng/dl

BUN 6-22 rng/dl GLU 44-78 mg/dl TBIL O, 1-0,6 rng/dl

Ca 8,2-1 Omg/dl K 4,0-5,7 rnmol/L TP 5,8-7,5 g/dl

URIC 0.4-1,2 rng/dl

... ,.. :1 ..... - ............... t


• .. .. ' 1r:111r. 1 • • • • :,11, ""
-
Leucócitos 4.000-1 2.000 / µL Plaquetas 100.000-800.000 / µL

Neutrófilos segmentados 600-4.000/ µL ou 15-45% Eritrócitos 5.000.000-10.000.000 / µL

Neutrófilos não segmentados 0-120 / µL ou 0-2% VCM 40-60fl

Linfócitos 2500-7500 rn/ µL ou 45-75% Hemoglobina 8- 15 g/dl

Monócitos 25-840 / µL ou 2-7% Hematócrito 24-46%

Eosinófilos 0-170 / µL ou 2-20% Flbrinogénio 300-775 mg/dL

Basófilos 0-170 / µL ou 0-3%


~

CAPÍTULO 3
AS DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DOS BOVINOS
1

Em Biologia será sempre polémica qualquer divisão ou clas- aquele que aqui apresentamos. A resolução dos problemas
sificação que tente arrumar os organismos ou as estruturas nestas áreas requer a leitura de livros da especialidade que
no interior de fronteiras artificiais. O exercício de catalogar felizmente existem em suficiente número e qualidade.
doenças em medicina encerra a mesma dificuldade. Trad i-
Como não seria possível compreender um quadro clínico
cionalmente estas são agrupadas de acordo com o sistema
sem a explicação, mesmo que resumida, dos processos que
ou órgãos afectados ou então segundo a causa (e.g. origem
lhe estão na base, o texto das doenças principais inclui refe-
bacteriana ou parasitária). Neste texto resolvemos fazer
rências à etiologia, epidemiologia e patogenia. No caso do
uma abordagem ligeiramente diferente. Talvez por defeito
exame pós-morte, restringimo-nos à apresentação das le-
profissional, achámos que uma disposição que realçasse o
sões macroscópicas que podem ser evidenciadas pelo clíni-
diagnóstico clínico facilitaria a consulta pelos veterinários
co aquando da necropsia no campo, mesmo sabendo que
do campo. Assim, as doença s foram arrumadas segundo os
a lesão histopatológica é, muitas vezes, a chave que abre
sinais clínicos principais, recorrendo sempre que possível a
definitivamente a porta para o diagnóstico.
imagens e quadros comparativos de modo a facilitar o
diagnóstico diferencial. As medidas terapêuticas e preventivas é igualmente dada
alguma relevância, sendo de lembrar que retratam uma
Esta ordenação é mais fácil dita do que feita, já que obriga
opinião pessoal baseada em anos de experiência de cam-
à escolha de um sinal clínico prototípico quando sabemos po. A recomendação de alguns protocolos, medicamentos
que muitas afecções apresentam grandes variações no seu
ou dosagens não deve ser vista de uma forma exclusiva,
quadro clínico ou que este vai mudando ao longo da evo-
mas apenas como o reflexo de uma preferência. No entan-
lução da doença. Numa tentativa de colmatar este proble-
to, houve sempre uma preocupação em assentar as suges-
ma, destacámos dois ou três sinais que normalmente se
tões nas regras do uso judicioso de fármacos e princi-
associam (e.g. dispneia-tosse-rinorreia) e ainda listámos, à pal mente de antimicrobianos. Devemos destacar que
direita no início do texto de cada doença principal, os si-
raramente defendemos o uso profiláctico de antimicrobia-
nais secundários mais frequentemente observados. O
nos (administração antes de surgirem sinais clínicos de do-
Quadro de Sinais Clínicos, que se encontra no fim da apre-
ença) e mesmo metafilático (administração a todo um gru-
sentação das doenças, pretende fazer uma súmula deste
po quando uma parte significativa deste apresenta sinais
esforço e facilitar o estabelecimento de diagnósticos dife-
da doença). Assim, no uso de especialidades farmacêuticas
renciais por parte dos estudantes e médicos-veterinários
o enfase é essencialmente dado à terapêutica. Os tratamen-
menos experientes.
tos cirúrgicos são apenas aludidos, pois este não é o espaço
para descrições pormenorizadas de técnicas.
Devemos mencionar que eliminámos da lista dos sinais clí-
nicos realçados o "emagrecimento''. a "redução do apetite" e No final de cada doença, agrupada segundo os sinais clíni-
a "anorexia''. porque é naturalmente assumido que quase cos principais, segue-se geralmente um quadro em que
toda s as doenças os apresentariam no topo da lista e por são apresentadas as doenças mais raras ou aquelas que
isso seria pouco útil em termos de diagnóstico diferencial. podem apresentar os mesmos sinais clínicos só que de
Pelo contrário a manutenção de apetite nalgumas doenças uma forma mais mascarada. Nestes quadros são destaca-
(e.g. paratuberculose) pode ser um sinal clínico de extrema dos os sinais mais usuais dando especial realce ao diagnós-
importância. tico diferencial.

Não foram incluídos neste livro dois grupos de doenças da O último capítulo destina-se a colmatar, mesmo que admiti-
maior importância em clínica de bovinos - as mastites e as damente de forma insuficiente, uma lacuna no apoio biblio-
ginecológicas. Estas são doenças com uma enorme impor- gráfico a casos clínicos de intoxicações por plantas, minerais
tância a nível de manada mas a sua abo rdagem, complexa ou fungos em Portugal. Apresentamos de forma resumida
e multidisciplinar, não cabe num livro de pura clínica como as plantas e as micotoxinas mais usuais, revelando as fontes
mais comuns ou recorrendo a fotografias sempre que possí- trar justificações para os resultados das análises, é fazer
vel, de forma a facilitar uma pesquisa mais profunda. má medicina.

É também a pensar nessa complementação que finaliza-


Não é possível falar de clínica de animais de produção sem
mos o livro com algumas sugestões de bibliografia.
abordar a questão da eutanásia. O abate na exploração é
Sempre que possíve l procurámos seleccionar artigos,
muitas vezes a única forma de oferecer alívio rápido de um
teses ou capítulos de revisão que apresentem as doen-
sofrimento imenso e sem remissão. É obrigação de qual-
ças de forma completa e que sejam de acesso fácil pela
quer médico-veterinário detectar precocemente as situa-
internet.
ções que requerem a eutanásia de forma a reduzir a possi-
Em resumo. o texto sobre as "Doenças mai s Comuns de bilidade de perpetuação de sofrimento e de prejuízos
Bovinos" pretende auxiliar o médico-veterinário no tipo económicos. As nossas descrições das diversas doenças
de processo de diagnóstico que tentamos transmitir aos também se destinam a ajudar a identificar os momentos
nosso s estudantes - começar por co nstruir mentalmen- em que a terapêutica será muito provavelmente infrutífera
te uma lista dos diagnósticos mai s prováveis para um ou demasiado dispendiosa. É também obrigação do
dada situação clíni ca e depois ir descartando as hipóte- médico-veterinário fazer todos os esforços para que o aba-
ses à medida que se recolhem os sinais, até sobrar uma te seja feito legalmente pelos métodos mais humanos pos-
pequena lista de possibilidades. É quase como ir descas- síveis. Neste momento isso é possível, mesmo a nível da
cando um fruto até ficar apenas com o carroço. É então exploração, através do uso de uma arma de projéctil retrá c-
que se deve recorrer aos exames com plementares que til seguido de sangria. O clínico deverá incluir essa arma no
nos permitem destrinçar os pormenores. Inverter esta seu arsenal instrumental e preparar-se de forma a usá-la
sequência, procurando através do exame físico encon- competentemente.
DIARREIA• DISENTERIA• MELENA

A reduzida consistência das fezes geralmente relaciona-se -nos a origem da hemorragias sendo que aquele que é
com doenças do tracto gastro-intestinal e pode resultar de oriundo dos compartimentos gástricas e secções proximais
diversos processos: do intestino delgado é escuro, malcheiroso e muitas vezes
• excesso de secreção de água para o interior do lúmen. oculto. O sangue vivo tem origem nas porções mais distais
A acumulação de toxinas, electrólitos (e.g. cloro e sódio) do intestino. É igualmente de admitir a hipótese de sangue
ou outras substâncias com elevado poder osmótico (e.g. nas fezes ter origem noutro sistema (e.g. respiratório) sendo
ácido láctico, nutrientes) é uma das causas mais frequen- posteriormente deglutido.
tes de diarreias hipersecretoras. O tenesmo e defecação dolorosa normalmente estão asso-

• redução na capacidade de absorção de fluidos, geral- ciados a alguns tipos de diarreia ou disenteria com origem

mente por lesão ou morte dos enterocitos. nas porções distais do tracto intestinal, mas podem surgir
devido a outras causas (e.g. vaginites, peritonites).
• inflamação da parede intestinal
O conteúdo em água das fezes diarreicas é 5 a 1Ovezes su-
• aumento na velocidade do trânsito (aumento do peris- perior ao das fezes num animal saudável. As principais con-
taltismo por irritação).,
sequências da diarreia são desidratação, desequilíbrios elec-
No entanto, o aumento da frequência de defecação e a re- trolíticos e subnutrição. Se a ingestão de água se mantem e
dução na consistência das fezes podem ter causas não pa- não há obstruções o animal normalmente consegue com-
tológicas - por exemplo, consumo de erva jovem com pensar as perdas. Raramente ou nunca se deverá combater
elevado teor de água e diarreia neurogénica por stress. a diarreia com fármacos que impeçam ou reduzam o peris-
Este tipo de diarreia é muito comum em vacas de carne taltismo pois se o organismo pretende eliminar certas subs-
na Primavera quando são levadas à manga. tâncias é preferível substituir os fluidos a tentar preservá-los.

A disenteria caracteriza-se por fezes líquidas, sanguinolen- Na avaliação de doenças com diarreia é importante distin-
tas, por vezes malcheirosas e portadoras de muco e falsas guir as formas agudas das formas crónicas(> 15 dias), pois a
membranas. O tipo de sangue detectado nas fezes indica- abordagem clínica será muito diferente.

DIARREIA NEONATAL DIARREIA• DESIDRATAÇAO • LETARGIA


PROSTRAÇAO • MORTE SÚBITA

ETIOLOGIA vel). Outras são: E.co/i enteropatogenico (EPEC) e E.co/i ente-


rohemorragico (EHEC).
Acção única ou em sinergismo de quatro agentes -
E. coli, rotavírus, coronavírus e Cryptosporidium C. parvum é um protozoário parasita intracelular obrigató-
parvum. rio, ubiquitário e muito resistente no ambiente.

Por causarem uma síndrome semelhante em muitos as-


pectos e não ser fácil no campo destrinçar a verdadeira PATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA
causa, estes quatro agentes serão tratados sob o mes-
mo título. A acção conjunta de dois ou mais agentes ge- Síndrome caracterizada por desidratação,
ralmente associa-se a um quadro clínico mais grave. hipoglicémia e acidose metabólica.

E. co/i enterotoxinogenico (ETEC) é a estirpe bacteriana mais Independentemente da causa a diarreia neo-natal causa:

importante na patogénese da síndrome Diarreia Neo-natal • desidratação - de 5% a 12%. Responsável por hipoperfu-
Bovina (produz uma fímbria K99 e uma toxina termo-está- são e hipoxia dos tecidos, incluindo do SNC.

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


• acidémia - por perda de bicarbonato nas fezes, mas prin-
cipalmente por absorção de ácido láctico (isómero D) SINAIS CLÍNICOS
resultante da fermentação bacteriana intestinal. A desidratação e a acidose são as principais
• hipoglicémia - redução na absorção. causas de morte.
• hipercalémia paradoxal - apesar de haver perda de K+, a Diarreia mais ou menos aquosa correspondendo adi-
acidose reduz a actividade da bomba de sódio e por isso o ferentes graus de desidratação que é estimada por:
transporte do ião para o interior da célula. atitude (nível de depressão); olhos encovados; prega
de pele a manter-se mais de 2 segundos; extremida-
Seguem-se características de cada agente:
des frias e hipotermia rectal; mucosas secas. O grau de
ETEC - adere e mantém-se ligado aos enterocitos do ID acidémia é maior em vitelos com mais de uma sema-
através da fímbria K99. Encontrado no intestino de muitas na e é mais difícil de avaliar, nomeadamente através
espécies, incluindo a humana. Contaminação via oral, com de sinais de letargia (e.g. sonolência e reflexo palpe-
o acesso ao intestino a fazer-se nas primeiras horas de vida bral lento) e taquipneia (tentativa de compensar aci-
e potencialmente facilitado pelo atraso na administração dose). Hipercalémia conduz a bradicardia com arrit-
de colostro. mia. Por vezes há sinais de cólicas. Anúria.
C. parvum infecta mais de 150 espécies de mamíferos, in- ETEC - depressão acentuada, diarreia com muco e mau
cluindo os humanos. É excretado nas fezes na forma infec- cheiro. Morte súbita sem quaisquer sinais de diarreia.
tante (esporulada) facilitando a auto-infecção. Contamina-
Vírus - fezes volumosas esbranquiçadas com muco.
ção por via oral. Estabelece-se Imunidade du radoura após
Depressão e desidratação moderada.
infecção. Fontes de Infecção pa1 a vitelos: vaca (e.g. tetos),
água de bebida e o,Jtros animais. Infecta essencialmente o C. parvum - apresenta diarreia profusa, aquosa e de cor
ID (porção distal do jejuno íleo) e raramente o cólon. A in- amarelada. Sinais podem manter-se durante 3 a 15 dias.
fecção ~ !aciona-se com a densidade anlr'i'k I sendo por isso As infecções mistas geralmente caracterizam-se por
mais frequente em vacarias de leite em regime intensivo. quadros mais graves e evolução mais rápida.
Rotavirus - é o agente mais frequentemente envolvido nos
casos de diarreias neo-natais de ruminantes. Período de in-
cubação de 24 horas. Infecção não complicada é auto-limi-
tante (2 dias). Vírus bastante resistente no ambiente e por rus. Contaminação a partir do ambiente (vírus mediana-
isso de difícil erradicação. mente resistente). Invade epitélio do ID, mas também pode
ter acção a nível do IG. Altera a capacidade de regeneração
Coronavirus - Não está bem esclarecido se se trata de uma
do epitélio atrasando a recuperação.
estirpe diferente da que causa doença respiratória (tropis-
mos diferentes) ou fases diferentes do ciclo do mesmo ví- As diferenças na patogénese estão resumidas na tabela abaixo.

E. co/1 (ETEC) 1- 5 Hipersecreção (toxina com efeito osmótico)

Cryptosporidium 7 - 21 Má-absorção (atrofia das vilosidades)

Coronavirus 7 -15 Má-absorção (atrofia das vilosidades)

Rotavirus 7- 21 Destruição da parede = Má-absorção (provavelmente também hipersecretora - toxina)

Clostridium sp. > 15 Hipersecretora (conteúdo hiperosmótico)

Salmonella Variável > 7 dias Mista, mas mais por má-absorção

Alimentar Variável Hiperosmótica. Alérgica.

DIARREIA, DISENTERIA• MELENA


<5% Levanta-se, ligeiramente deprimido, apatia, urina escassa, redução do apetite. < 5 mEq/L
6-8% Evidentemente deprimido, enoftalmia discreta, mucosas secas, prega de pele (2-3 s). Relutância ale- 5 - 1OmEq/L
vantar-se, mas mantém-se em pé e ainda apresenta reflexo de sucção.
8-12% Prostrado, enoftalm1a evidente, extremidades frias, pouca reacção a estímulos, prega de pele (>4 s). 10-15 mEq/L
>12% Enoftalmia severa. Prega de pele >6 s. Sinais de choque. Coma. Morte provável a partir de 14%. 15-20 mEq/L

LESÕES manutenção (80 ml/kg/24 horas = 50 x 80 = 4.000 ml) e


perdas prováveis (verificar consistência das fezes).
Intestinos cheios de fluido num vitelo com sinais
de desidratação. Fluidos parenterais devem levar em conta os deficits elec-
trolíticos e energéticos devendo por isso incluir um ele-
Não há lesões específicas para cada agente. Linfonodos
mento alcalinizante (e.g. bicarbonato de sódio), fonte de
mesentéricos hipertrofiados e edemaciados. Pode existir li-
energia (glucose) e electrólitos (Na+, Ci-). O nível de K+ deve
geira congestão da mucosa intestinal.
ser corrigido de forma lenta ou por via oral após controlo da
acidose. Vitelos com mais de 7 dias de idade geralmente
DIAGNÓSTICO apresentam acidoses metabólicas mais graves. A necessida-
de de bicarbonato (em mmol) deve ser calculada: peso (kg)
O diagnóstico etiológico no campo faz-se
x deficit de base (mmol/L) x 0,5 (espaço fluido extracelular),
essencialmente pela idade do doente.
sendo que o deficit de base em vitelos com diarreia está
A Tabela da pág. 52 mostra alguns dados que permitem um normalmente entre os 5 e 20 mmol/L. A diluição de 16 g de
DD no campo. A diarreia hipersecretora geralmente apre- bicarbonato de sódio num litro de soro fisiológico corres-
senta mais muco e é mais pastosa. ponde a uma solução com 200 mmol.
A identificação de E.co/i nas fezes tem pouco valor diagnós- Para vitelos com desidratação grave (pré-choque) advo-
tico a não ser que se identifique o antigénio K99 e toxina. gamos o uso de soro Salino Hipertónico (7,2%), com bi-
Existem no mercado testes rápidos para identificação de carbonato de sódio (calcular deficit), por via endovenosa
antigénios específicos nas fezes. No laboratório podem ser (4-5 mi/kg pv), em débito rápido (1 ml/kg/min), sempre
usados testes ELISA, PCR, cultura, observação histopatológi-
ca da parede intestinal ou coprologia para identificação de
oocistos (C. parvum).

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
NÃO administrar parasimpaticolíticos ou outros
fármacos com acção antiperistáltica.
A base do tratamento de diarreia neo-natal é a fluidotera-
pia. Esta pode ser oral ou parenteral dependendo do quadro
clínico e da disponibilidade de material e fluidos próprios.

Grau de desidratação acima de 8% deve ser tratado com


fluidos por via endovenosa. Acesso à veia por vezes difícil
em animais muito desidratados - pendurar de cabeça para
baixo até colocação do cateter. O volume a ministrar deve
levar em conta o grau de desidratação (por exemplo: 50 kg/
pv x 8% desidratação= 50x0,8= 4 litros), as necessidades de

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


INFORMAÇÃO ÚTIL PARA FABRICO
DE FLUIDOS PARA VITELOS:
• Soro Fisiológico isotónico: 9 g NaCI num litro de
água destilada.
• Soro Salino Hipertónico: 75 g NaCI num litro de
água destilada.
• Cloreto potássio isotónico: 11,5 g KCI num litro de
água destilada.
• Bicarbonato isotónico: 13 g NaHC03 num litro de
água destilada.
1 grama de sal (NaCL) contém 17 mEq de sódio e
17 mEq de cloro; 1 grama de bicarbonato de sódio
tem 12 mEq de sódio e 12 mEq de bicarbonato
(HC0 3); 1 grama de Cloreto de potássio contém
13,9 mEq de K e 13,9 mEq de CI.

seguido de fluidos isotónicos orais com KCI. Esta é uma for-


ma rápida, prática e barata de se restabelecer a volémia.
A velocidade de administração dos ftuidos pode inftuenciar deci-
sivamente o resultado -demasiado rápida causa edema pulmo-
nar, mas demasiado lento pode não "chegar"atempo. A velocida-
de máxima (e.g. para casos de emergência) deve ser de 80 mV
kg/h (soluções isotónicas) tendo em atenção de NUNCA ultra-
passar a velocidade de 0,5 mEq/kg/h para a administração de K+.
A fluidoterapia oral deve ser usada após tratamento paren-
teral, quando desidratação <8% ou quando vitelo ainda se
levanta e mantém-se em estação sem auxílio. Fluidos orais
devem incluir glucose, Na+ e c1- (90 a 130 mEq/L) e K+ (1 Oa
30 mEq/L) e um composto alcalinizante. Se este for bicarbo-
nato não misturar com leite de vaca (dificulta coagulação
do leite no abomaso). Em alternativa usar acetato.

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


Não retirar completamente leite da dieta se bem que se viva apresentará mais tarde sinais de insuficiência renal e
possa alterná-lo com uma solução electrolítica. hipoxia cerebral. Estes animais devem ser eutanasiados.
O antimicrobiano parenteral apenas deverá ser usado em A prevenção inclui uma série de medidas e atitudes, nome-
casos de suspeita de bacteriemia ou quando se verifica le- adamente:
são intestinal (e.g. sangue nas fezes) com provável invasão
• a vacinação das vacas gestantes contra ETEC, coronavírus
microbiana. No caso de confirmação de infecção por C. par-
e rotavírus (vulgo "vacina de mãe"), é provavelmente a
vum poderá ser administrado lactato de halofuginona, lem-
brando que este tem uma acção essencialmente preventi-
forma mais eficaz e barata de controlar as diarreias neo-
natais em vitelos. O plano ideal preconiza duas aplica-
va, ou aminosidina oral.
ções nos 2 meses anteparto. ATENÇÃO: esta estratégia só
O tratamento adicional deve incluir AINEs (ou corticóides terá utilidade se o maneio do colostro for correcto.
em caso de choque) e complexo vitamínico destinado à
regeneração do epitélio intestinal. • a administração de lactato de halofuginona diariamente
desde o nascimento e durante 7 dias no caso de doença
O maneio dos vitelos gravemente afectados deve ainda
endémica por C. parvum.
incluir: manutenção da temperatura corporal - boas ca-
mas, cobrir com cobertor e aquecer os fluidos - mudança • regras de biossegurança incluindo a restrição de visitan-
frequente do lado de decúbito, sossego ... A partir do mo- tes ao viteleiro, o uso de pedilúvios, boas condições de
mento que o vitelo consiga beber por si (e.g. reflexo de higiene do material e instalações (incluindo desinfecções
sucção presente) deve ser oferecido leite, se bem que em regulares), análise frequente da água de consumo, qua-
pequenas quantidades e em refeições mais repartidas. rentena de novos animais ...

Os casos de desidratação extrema (> 12%) provavelmente • o uso de leite de qualidade. Atenção: a quantidade de lei-
não justificam o tratamento pois mesmo que o vitelo sobre- te não causa diarreia mesmo que oferecida ad libitum.

DIARREIA VIRAL BOVINA (BVD) DIARREIA• QUEBRA DE PRODUÇÃO


ABORTO• DIÁTESE HEMORRÁGICA

ETIOLOGIA
O vírus da BVD é um Pestivirus (vírus RNA).
Será aqui abordada a doença aguda pelo vírus do BVD em
animais imunocompetentes. A Doença das Mucosas (BVD-
MD), típica de animais persistentemente infectados (PI), é
descrita entre as doenças com lesões orais (v.)

EPIDEMIOLOGIA
Em Portugal são muito raras as infecções pelo
genótipo 2 sendo mais frequentes as variedades
dentro do genótipo 1b.
Os animais PI são a maior fonte de infecção quer nas va-
carias quer nos diversos sistemas de engorda. Animais
imunocompetentes com viremia não excretam grande
quantidade de vírus. Imunidade colostral pode durar mais O impacto económico deste vírus é enorme (e.g. predispo-
de 4 meses. sição a outras doenças, infertilidade ... ), sendo a morte dos

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


animais PI a porção menos importante. A erradicação já foi Infecção por via oral, respiratória, conjuntiva!, v nérea e 1rans-
conseguida em diversos países europeus e está em vias de placentária.Transmissão animal-animal, rn stambém iatrogê-
ser atingida noutros. nica (e.g. agulhas) ou através de outros mamfferos e lnsectos.
A doença sub-aguda tem a duração de 10-15 dias (após incu-
bação de 5-7 dias). Seroconversão ao fim de 15 dias da infec-
PATOGENIA
ção e imunidade provavelmente vitalícia. A mortalidade é
Existem três genótipos descritos - 1a, 1b e 2. reduzida excepto se houver sinergismo com outros agentes
Vlrus corn enorme va, labl!ídade gené tica ue provave/rnt'm· infecciosos, imunodepressão grave ou infecção por estirpes
te Jusr1fic.i a varlf;!clade de tropismo. ! lvisão quanto ao efeito muito virulentas (e.g. BVD-2). É um agente muito importante
patogénico em dois biótipos: não cllopáticos e citopáticos na génese da DRB ao reduzir defesas contra bactérias (M. ha-
(N P e CP}. NCP é o mais comum na na Luff•...za. Murnções fa- emolytica e P. multocida). sendo considerado um dos vírus
vorecem a pass.igem rfe NCP il CP a qualquer momento. mais prejudiciais em termos económicos na engorda.
Vírus com acção fortemente imunossupressora (reduz ac- A infecção aguda dos reprodutores adultos tem efeitos sobre
ção dos neutrófilos e macrófagos; reduz produção TNF; in- espermatogénese, oogénese e desenvolvimento fetal (reabsor-
duz apoptose celular .. .). ção embrionária, teratologia, aborto e produção de animais PI).

LESÕES
SINAIS CLÍNICOS Formas agudas ou subclínicas apresentam apenas
Infecção com várias caras - favorece doenças ligeiros sinais de enterite.
em praticamente todos os sistemas. Lesões da forma hiperaguda e da síndrome hemorrágica
A forma sub-cl ínica (90% dos casos ern anlm 1~ adul· assemelham-se às do BVD-MD - lesões e úlceras na mucosa
(os} caracteriza-se por quebra de produção, ligeira hi- do tracto digestivo, petéquias e hemorragias nas serosas.
p rtermla e fezes mais !fquídas durante lguns dias. Muitas lesões são mascaradas pelos efeitos dos agentes
que actuam em sinergismo. Em vitelos abortados ou que
Tra lcionalmente a in fecção aguda é caracterizada morrem pouco depois do nascimento podem ser observa-
por diarreia prof Lisa, febre, ina petência, depress~o das as malformações já descritas atrás.
e recu peraçJo espon Lânea . No en Lanto. tem sido
descrita urna forma hlperag uda, semelhante a BVD·
MD. com dia rre ia. lesões ora is, ebre, aborco e mor- DIAGNÓSTICO
talidade e111 vitelos e vacas lei tei ras q u não são PI. A leucopenia (<3000/µL) é comum a todas
Estirpes muito virulentas do genótipo 2 causam uma as formas clínicas de BVD. A trombocitopenia
síndrome hemorrágica por trombocitopenia com fe- é própria da síndrome hemorrágica.
bre, disenteria, diátese hemorrágica e morte. Para se retirarem os melhores resultados do investimento
Em bovinos de engorda, em sinergismo com outros feito em análises é essencial perceber bem a etiopatogenia
agentes, causa dispneia e tosse. da doença. Sugerimos leitura dos artigos aconselhados no
final para melhor compreensão das potencialidades dos vá-
Infecções de fêmeas podem levar a infertilidade (e.g.
rios testes e das várias respostas possíveis.
acção sobre oócitos), aborto, nascimento de animais PI
debilitados ou aparentemente normais. Podem ainda A serologia para detecção de anticorpos em vitelos antes
nascer vitelos com malformações diversas - cataratas, de beberem colostro ajuda a confirmar a presença do vírus
hipoplasia cerebelar, hidrocefalia, hipotricose, hipo- na exploração e a ausência de anticorpos em animal vaci-
mielogenese e diversos defeitos músculo-esqueléticos, nado faz suspeitar de PI, mas os resultados têm de ser ana-
entre outros defeitos congénitos. lisados com cuidado. Os anticorpos colostrais podem dis-
farçar a presença de antigénio em animais PI (se análise for
Vitelos jovens com pneumonias e diarreias recorren-
feita após tomada de colostro e antes dos 6 meses).
tes, fraca condição corporal, reduzido GMD e mau
pêlo, são suspeitos de infecção persistente por BVD Testes ELISA e PCR possibilitam a identificação do vírus. lmuno-
(ver Doença-das-Mucosas). histoquímica num pequeno pedaço de pele da orelha detecta
infecção e presença de PI. Em vacarias de leite a pesquisa de Ac
ou Ag no leite do tanque permite poupar tempo e dinheiro na Todo o combate e tentativa de erradicação da BVD têm
clarificação do estatuto da exploração ou na identificação da como base a identificação e eliminação dos animais PI
presença de animais PI no efectivo. Na DRB é possível perceber da manada. A forma de se conseguir isso é complexa e está
o papel do BVD através de serologia pareada (15 dias de inter- fora do âmbito deste livro de clínica.
valo) com aumento (4x) do título de anticorpos. No essencial a prevenção passa por:
O DO da diarreia aguda deve incluir erros alimentares (aci- • vacinação dos efectivos se o vírus já existe na exploração
dose ruminai sub-clínica), parasitismo gastro-intestinal, ou não for possível evitar a sua entrada (e.g. feed-lots). A
plantas tóxicas, IBR e BRSV. As outras causas de síndrome primovacinação deverá ser feita depois dos 4 meses para
hemorrágica podem ser encontradas na pág. 205. não haver perigo de interferência de anticorpos de ori-
gem materna. As regras de maneio do colostro têm de
ser rigorosamente cumpridas.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
• a vacinação com vacinas vivas permite uma resposta rá-
O tratamento será sempre de suporte
pida (importante em feed-lots), mas podem desencadear
ou de combate a infecções secundárias.
a doença aguda ou causar Doença das Mucosas nos ani-
Não é preciso tratamento em animais imunocompetentes mais PI.
porque a evolução é geralmente benigna.
• não existindo o vírus na exploração é essencial garantir as
No caso de síndrome hemorrágica poderá ser tentada a regras básicas de biossegurança como seja proceder à qua-
transfusão sanguínea, antibioterapia e corticóides, mas o rentena e serologia de todos os animais a entrar na explora-
sucesso é muito reduzido. ção. Cuidado com reprodutores machos, sémen e embriões.

ACIDOSE RUMINAL SUB-CLÍNICA (SARA} DIARREIA•CLAUDICAÇÃO


BAIXA GORDURA NO LEITE, TIMPANISMO RECORRENTE

ETIOLOGIA
Diminuição do pH ruminai (5,5 a 5,8) com alteração
da microflora ruminai.
Vários factores concorrem para o estabelecimento de aci-
dose ruminai sub-clínica (sub-acute ruminai acidosis -
SARA), sendo de destacar: ratio concentrado/forragem de-
masiado elevado ou carência de fibra efectiva. Estes factor.es
levam a uma descida do pH por desenvolvimento de bac-
térias produtoras de ácido láctico, diminuição das bactérias
utilizadoras de lactato e redução da produção e ingestão de
saliva essencial ao efectivo tamponamento do pH ruminai.

EPIDEMIOLOGIA
É uma doença de produção que normalmente afecta
vários animais sujeitos ao mesmo regime alimentar. Nas vacas leiteiras o momento de maior incidência de SARA
Em sistemas intensivos é calculado que entre 20 e 50% dos é a fase de transição e os primeiros meses de lactação. A
animais apresentem valores de pH ruminai abaixo do nível introdução de sistemas de Dieta Completa (Total Mixed Ra-
fisiológico. tion ou TMR) permitiu o aumento dos níveis de concentra-

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


do na alimentação. São factores de risco de SARA: erros no amido). As vacas na fase de transição provavelmente são mais
arraçoamento; erros na pesagem e mistura dos componen- susceptíveis pois as suas papilas ruminais ainda não estão
tes, incluindo a trituração excessiva da fibra; a capacidade completamente desenvolvidas e assim a absorção dos AGV é
da vaca separar os componentes do TMR, optando prefe- menor do que a sua produção. Este meio mais ácido causa a
rencialmente pelo concentrado (sorting); e, eventualmente, morte selectiva de populações de microorganismos (protozo-
a má qualidade das matérias-primas alimentares. ários e bactérias celulolíticas) envolvidas na digestão normal
enquanto favorece outras espécies de bactérias (e.g. Strepto-
Em vitelos e novilhos de engorda a fase de maior risco éa
coccus bovis e Lactobacil/us sp.) que produzem ácido láctico. A
do acabamento em que a proporção de cereais (concentra-
elevada concentração de AGV vai favorecer, por pressão os-
do) tem tendência a aumentar. São também momentos de
mótica, a entrada de água para o interior do tracto gastro-in-
risco os dias após entrada no feed-lot especialmente em
testinal. A morte da microflora celulolítica reduz a produção
animais em baixa condição corporal e com fome. Em vitelas
de ácido acético e por isso a produção de triglicéridos. O meio
de recria o momento mais problemático é na adaptação à
mais ácido também favorece a inflamação da parede ruminai
nova alimentação pós-desmame.
(ruminite), penetração de bactérias e a produção de microab-
Nas vacadas de carne é uma doença muito rara excepto cessos. Daqui parece resultar a cascata de alterações que dão
quando as pastagens são pobres e é iniciada a suplemen- origem os abcessos hepáticos (v.) e às laminites (v.).
tação com concentrado ou cubos de luzerna prensada.
Existe uma relação entre SARA e a ocorrência de outras do-
enças do pós-parto como deslocamento do abomaso à
PATOGENIA esquerda (v.) e cetoses (v.).

Doença particularmente importante nos efectivos


leiteiros intensivos e bovinos de engorda na fase LESÕES
de acabamento. Morte pouco provável. Lesões da parede do rúmen
Na SARA é de esperar valores de pH no rúmen entre os 5,5 e (hiperqueratose, por vezes com necrose) e abcessos
os 5,8 como resultado da pouca saliva ingerida e da elevada hepáticos ou peritoneais são as únicas lesões
produção de ácidos gordos voláteis (AGV) resultantes da fer-
evidentes de SARA.
mentação dos carbohidratos facilmente fermentescíveis (e.g.
DIAGNÓSTICO
A medição do pH ruminai (ruminocentese
ou por entubação) deve ser feita em vários animais
SINAIS CLÍNICOS
em fases diferentes do ciclo produtivo.
Sinais subtis e mascarados. Valores de pH abaixo dos 5,8 em mais de 30% de uma
As fezes moles ou diarreicas (intermitentes?) em di- amostragem de 10-12 animais, confirma a presença de
versos animais que continuam a comer, é o primeiro SARA no efectivo.
indício de SARA. Observa-se uma percentagem me-
O quadro clínico (diarreias e claudicação) associado às alte-
nor de animais a ruminar quando deitados e alguns
rações na composição do leite (e.g. gordura mais baixa do
apresentam timpanismo gasoso. Vitelos de engorda que a proteína), são sugestivos de SARA. O DD deverá ser
podem mostrar sinais de meteorismo espumoso (v.) e
feito com meteorismo espumoso crónico, BVD sub-agudo
poliencefalomalacia (v.) As claudicações são geral-
e micotoxinas. Diarreia por erva jovem ou ingestão de cer-
mente mais frequentes em vacas de leite provavel- tas plantas devem ser consideradas em animais que co-
mente por não haver tempo para se desenvolverem mem concentrado, mas também têm acesso a pastagem.
nos animais de engorda. Nas vacas leiteiras haverá
ainda redução no teor butiroso do leite.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Nos casos crónicos, em que se desenvolvem ruminites,
Arraçoamento adequado à produção e fase do ciclo
hiperqueratose ruminai e abcessos, pode haver inape-
produtivo, incluindo quantidade e qualidade
tência, quebra de produção prolongada e perda de
(comprimento) da fibra .
condição corporal. A síndrome da veia cava caudal (v.) e
abcessos hepáticos são sequelas descritas noutro lado. O tratamento cons iste nas mesmas acções da prevenção
descritas a seg uir.
dieta têm de causar SARA incluindo o tipo de cereal, adi-
mensão do grão e o processamento a que foi sujeito. Ter
atenção também ao tipo de silagem, tamanho do corte e
à sua composição.
Como o ruminante deve comer constantemente, o
bom maneio alimentar deve evitar períodos de grande
ingestão seguidos de momentos de baixa ingestão,
que ocorre quando o alimento distribuído é insuficien-
te ou em momentos de stress por calor. No peri-parto
das vacas leiteiras deve ser garantida uma correcta e
atempada transição para dietas de lactação altamente
energéticas.

Novilhos de engorda também devem ter um período de tran-


sição para uma dieta essencialmente composta por cereais.

Em vitelas de leite recém desmamadas é essencial a oferta


de fibra de qualidade (i.e. feno) pois favorece a ingestão
Níveis adequados de fibra efectiva (carbohidratos estrutu- desta em maior quantidade enquanto que o uso de palha
rais provenientes das forragens) estimulam a ruminação, grosseira poderá levar os animais a recorrer quase exclusi-
favorecendo a salivação e por isso o tamponamento do vamente ao concentrado.

conteúdo ruminai. Deve-se conhecer bem as proprieda- A suplementação de bicarbonato de sódio no TMR (100 a 150
des das matérias usadas na alimentação - existem diferen- g/d ia ou 0,8% da MS do TMR) ou então colocado à disposição
ças enormes na capacidade que certos componentes da em pias, é especialmente importante no tempo quente.

PARASITAS GASTRO-INTESTINAIS DIARREIA• EMAGRECIMENTO


QUEBRA DE PRODUÇAO

ETIOLOGIA cas). As contaminações são mais prováveis em tempo de


calor e humidade (primavera).
Diversas espécies de helmintes, sendo muitas vezes
difícil fazer a distinção clínica.
Nematodes do género Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia PATOGENIA
e Nematodirus. Muitas vezes ocorrem infecções mistas. Os-
Todos os parasitas adultos vivem no TGI dos bovinos,
tergia ostertagi é o principal parasita causador de gastroen-
mas o seu ciclo completa-se nas pastagens (ovos e
terite em bovinos. Também Haemonchus placei (v. Capítulo
larvas).
Anemia)
Na maior parte dos nematodes o ciclo de vida no interior
do TGI dos bovinos dura entre 15 e 28 dias.
EPIDEMIOLOGIA
O. ostertagi adulto habita o abomaso e as larvas as glându-
Apesar da ausência de sinais clínicos as para'sitoses las gástricas. Os ovos eclodem nas pastagens e as larvas são
GI podem ser causadoras de perdas económicas ingeridas com a erva. O ciclo completo demora cerca de 21
significativas. dias podendo existir um período de hipobiose (dormência
O grau de infestação das pastagens depende de vários fac- das larvas) quando as condições não são propícias ao de-
tores (e.g. densidade animal e características edafoclimáti- senvolvimento. Trichosstrongylus axei habita igualmente o

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


abomaso e o ciclo de vida é muito semelhante. Toxacara
SINAIS CLÍNICOS vito/orum ocupa o 10 e a infecção dos vitelos ocorre por in-
Nos bovinos adultos o parasitismo gastro- gestão de larvas no leite materno. Oesophagostomum ra-
intestinal caracteriza-se por doença subclínica. diatum infecta IG (ceco e cólon). Cooperia oncophora e Ne-
matodirus helvetianus parasitam o ID.
A intensidade dos sinais depende de inúmeros fac-
tores, nomeadamente da carga parasitária, idade, Com excepção de O. ostertagi todos os outros parasitas GI
prévia exposição, condição corporal e estado do promovem uma resposta imunitária que normalmente li-
sistema imunitário. Quando o equilíbrio hospedei- mita efeitos muito nefastos.
ro-parasita se quebra os sinais comuns são de diar-
reia, por vezes aquosa, perda de condição corporal
LESÕES
e inapetência. Em casos de hipoalbuminémia pode
surgir edema sub-mandibular. Infecções crónicas Lesões de gastro-enterite mais ou menos severa
de novilhos/novilhas em pastagem podem causar - hiperemia, congestão e edema.
redução nos GMD e baixa fertilidade. A infecção por Os parasitas adultos podem ser visualizados (uns mais facil-
O. ostertagi é a que apresenta estes sinais mais evi- mente do que outros) nos órgãos alvo e a necrópsia é uma
dentes, sendo que os outros nematodes causam boa forma de avaliar o grau de parasitismo num efectivo
doença assintomática ou actuam em sinergismo bovino. Pequenos nódulos (1-2 mm) esbranquiçados na
com o primeiro. parede do abomaso são típicos de O. ostertagi.

DIAGNÓSTICO
A coprologia por laboratório especializado permite
distinguir espécie e por isso prever a gravidade
da situação.
Resultados negativos não devem afastar a hipótese de pa-
rasitismo GI já que a libertação de ovos é intermitente (e.g.
fase larvar). Pesquisa de anticorpos anti-Ostertagia no leite
do tanque.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Os desparasitantes habituais têm eficácia contra
os parasitas GI.
Avermectinas e benzimidazóis (e.g. fenbendazol) actuam
sobre formas adultas e larvares. Levami sol é eficaz contra
formas adultas. A resistência dos parasitas aos diferentes
compostos é uma realidade que pode ser ultrapassada al-
ternando os fármacos usados.

Programas de desparasitação associados a uma conve-


niente gestão das pastagens (por exemplo, desparasitação
antes de libertar animais num novo campo) poderá ajudar
a controlar a carga parasitária e reduzir significativamente
os prejuízos. A desparasitação deve incluir todos os ani-
mais do grupo e não só os aparentemente infectados (e.g.
"mais fracos"). Rotação de pastagens e alternância com ou-
tras espécies tem eficácia limitada por haver parasitas com
vários hospedeiros e porque ovos e larvas têm elevada ca-
pacidade de sobreviver se as condições forem adequadas
(e.g. fezes).
PARATUBERCULOSE DIARREIA• EDEMA SUB-MANDIBULAR
CAQUEXIA

ETIOLOGIA
Mycobacteríum avíum sub. paratuberculosís (Map)
Bacilo álcool-ácido-resistente, intracelular facultativo e não
produtor de esporos. Também designada por Doença de
Johnes.

EPIDEMIOLOGIA
Doença particularmente relevante nas espécies
ruminantes de todo o mundo, com infecção cruzada
possível.
Microorganismo resistente no ambiente podendo sobrevi-
ver mais de um ano em condições propícias. Tem sido isola-
do nas fezes de muitas espécies animais (domésticas e sil-
vestres). Map sobrevive à pasteurização do colostro (30 min
a 63°() e foi isolado de sémen congelado.

Doença mais frequente em sistemas intensivos com grande


densidade animal. Apesar da taxa de infecção num efectivo
ser normalmente muito alta os casos clínicos com mortali-
dade não ultrapassam o 1% por ano. A doença subclínica
provavelmente afecta 10-20% do efectivo a cada momento.
O número de explorações infectadas numa região ou país é
de difícil cálculo, mas pode ser elevadíssimo devido às ca-
racterísticas insidiosas da doença.

Prejuízo causado pela doença está camuflado já que a mor-


talidade é relativamente baixa. Quebras de produção, infer-
tilidade, perda de condição corporal e maior susceptibilida-
de a outras doenças, justificam combate e tentativa de
erradicação. Existem dúvidas quanto ao carácter zoonótico e crónica, de que resulta um estado crónico de má-absor-
(Doença de Crohn). ção e passagem de fluidos para o interior do lúmen. Grande
quantidade de macrófagos são mobilizados no intuito de
fagocitar o bacilo, mas este sobrevive e propaga-se no inte-
PATOGENIA rior dos leucócitos. Os anticorpos produzidos não têm qual-
A principal fonte de contágio são as fezes de animais quer papel no controlo da doença.
portadores e ainda o leite. Enquanto alguns animais conseguem debelar a doença,
Contaminação oral de animais jovens (desde o nascimen- muitos funcionam como portadores assintomáticos excre-
to), mas com período de incubação muito extenso. Ani- tores do bacilo, não se sabendo o que desencadeia a doen-
mais com mais de um ano são provavelmente resistentes ça clínica . Para além da idade, outros factores de risco são o
à infecção. parto, factores de stress, doenças imunodepressoras e ex-

Há invasão da mucosa intestinal (IG e porção distal do ID) e posição ao estrume dos adultos.

linfonodos mesentéricos com desenvolvimento de uma Animais podem excretar Map durante cerca de 2 anos an-
enterite granulomatosa, com reacção inflamatória extensa tes de mostrarem sinais clínicos.

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


doença clínica. Outro grande inconveniente da coprocultura é
SINAIS CLÍNICOS a demora - o crescimento do bacilo poder demorar vários me-
Diarreia crónica e caquexia em animais que ses. Pools de fezes (e.g. cinco animais de diferentes idades >2
mantêm o apetite. anos) podem aumentar sensibilidade e reduzir os custos.

Os sinais só são evidentes em animais com mais de 2 Serologia - Sensibilidade normalmente baixa: apenas
anos. Na fase subclínica pode haver baixa produção 30%-50% dos animais portadores são positivos a pesquisa
de leite e infertilidade, mas os sinais são demasiado de anticorpos. Falsos positivos são menos prováveis e resul-
subtis ou inespecíficos para permitir o diagnóstico. tam de reacções cruzadas ou simples contacto prévio com
Map (animais resistentes).
A doença clínica inicia-se com diarreia intermitente,
quebra· de produção e rápida perda da condição cor- A pesquisa de gama-interferon parece oferecer boas perspec-
poral. Surge então diarreia esverdeada, profusa e tivas. A prova de hipersensibilidade intradérmica (vulgo tuber-
aquosa ("em esguicho"), quase sempre contínua. O culinização) é pouco fiável, mas pode dar alguma pista se hou-
conteúdo líquido do intestino é evidente na ausculta- ver uma reacção exacerbada à tuberculina de origem aviária.
ção com sucussão no cavado de flanco direito. Não há Anatomopatologia e histopatologia - a necropsia de ca-
hipertermia. O apetite é normal e geralmente há poli- sos suspeitos, ou por rotina, é muito importante porque
dipsia. A produção de leite é mínima ou cessa com- permite detectar as lesões macroscópicas ou a visualização
pletamente. Surgem edemas, sendo o mais evidente de bacilos álcool-ácido resistentes (coloração Ziehl-Neel-
o sub-mandibular. Esta fase pode perpetuar-se por sen) em esfregaços por aposição dos linfonodos mesentéri-
muitos meses. Se o animal não for entretanto refuga- cos. No DD de casos arrastados apenas será de considerar a
do ou abatido, a fraqueza muscular e falência orgânica amiloidose. A doença no início pode confundir-se com pa-
leva à prostração, coma e morte. rasitoses gastro-intestinais, BVD agudo, doenças inflamató-
rias crónicas, erros alimentares e diversas intoxicações. Per-
da de peso e edemas surgem em carências alimentares
graves e prolongadas.

LESÕES
O aspecto da mucosa intestinal - muito espessada TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
e enrugada como circunvalações cerebrais - é típico Não há tratamento possível e animais com sinais
da doença. clínicos devem ser abatidos quanto antes.
Os locais com lesões mais evidentes são o cólon e o ceco. No caso de explorações infectadas o controlo da doença é
Linfonodos hipertrofiados e edemaciados. Hidroperitoneu, muito difícil, sendo a ideia de erradicação um pouco utópi-
hidrotórax e hidropericárdio. Caquexia. ca. Consegue manter-se níveis de infecção muito baixos

DIAGNÓSTICO
O controlo e erradicação só são possíveis através da
difícil identificação dos portadores assintomáticos (e
excretores)
Existem vários testes laboratoriais usados no diagnóstico da
paratuberculose bovina:
Cultura a partir de fezes (e leite?) - Antes dos dois anos de
idade apenas a cultura de fezes poderá confirmar infecção,
mas a sensibilidade é muito baixa. Na infecção subclínica a es-
pecificidade da coprocultura é alta, mas a capacidade de de-
tectar todos os portadores é bastante baixa (desenvolvimento
de técnicas de PCR poderão melhorar a sensibilidade). Em con-
traste, a cultura do microorganismo é fácil nos animais com

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


através de: separação precoce de vitelos recém-nascidos;
pasteurização (63°(-30 minou 72°(-15 s) colostro e leite
(ou obtenção destes a partir de vacas resistentes); regras
muito apertadas de biossegurança no viteleiro; testes sero-
lógicos (ELISA) sucessivos e frequentes seguido de culturas
de pools de fezes; refugo de adultos positivos; abate ime-
diato de casos clínicos. A contaminação de água de bebida
por fezes deve ser evitada a todo o custo.
A vacinação não elimina o bacilo, mas parece reduzir a ex-
creção e o número de casos clínicos. A sua utilização em
bovinos não é actualmente autorizada em Portugal.
No caso de explorações comprovadamente indemnes é es-
sencial o cumprimento de regras muito apertadas de bios-
segurança. Evitar exposição das vitelas às fezes de animais
adultos (e.g. botas e indumentária próprias para o viteleiro;
nitreiras separadas).
A entrada do microorganismo acontece quase sempre
através da compra de animais e portanto nada melhor do da assim, a ser feita, a importação de animais deve ser pre-
que manter o estatuto de exploração fechada. Devido às cedida da apreciação da incidência da doença na exploração
características da doença a quarentena e serologia são mui- de origem e de serologia de todos os animais pois os resul-
to pouco fiáveis (elevado número de falsos negativos). Ain- tados positivos são significativos.

AMILOIDOSE RENAL DIARREIA• EDEMA SUB-MANDIBULAR• EMANCIAÇAO


PROSTRAÇAo • PROTEINURIA

ETIOLOGIA
Deposição de substância amilóide em diversos
órgãos e principalmente no rim.
As doenças agrupadas sobre a designação de "doenças ami-
loides"têm em comum a deposição extracelular de proteína
com configuração muito específica - beta-pragueamento. A
este material amorfo chama-se "substância amilóide''. As en-
cefalopatias espongiformes são formas de amiloidose.

EPIDEMIOLOGIA
Doença esporádica de animais mais velhos (>4 anos).
Doença menos rara do que se pode pensar (1-2% vacas
adultas abatidas) e que surge em qualquer parte do mun-
do. Afecta essencialmente animais com história de doença
inflamatória crónica, mas muitos casos acabam por não ser
SINAIS CLÍNICOS
Caquexia, edema sub-mandibular e proteinuria,
são os sinais que permitem suspeitar de
amiloidose.
Emagrecimento continuado e quebra de produção de
leite, apesar de se manter o apetite. Edemas tornam-se
mais evidentes, principalmente o sub-mandibular, mas
pode ocorrer anasarca. Diarreia profusa. A palpação do
rim esquerdo mostra aumento do tamanho do órgão e
ligeira dissimulação da lobulação. Segue-se ataxia por
fraqueza muscular, uremia e, por fim, prostração. Morte
ocorre ao fim de poucas semanas após primeiros sinais
devido a insuficiência renal, caquexia, desidratação e
complicações de decúbito. Sinais das doenças crónicas
primárias podem ainda ser evidentes ou não.

diagnosticados. Não parece haver susceptibilidade de gé- sintetizadas pelo fígado em resposta a agressões antigénicas
nero ou raça. continuadas. São estas proteínas que sofrem a alteração de
conformação que as transformam na substância amilóide que
PATOGENIA é insolúvel e resistente a enzimas proteolíticas. As doenças
mais frequentemente associadas à amiloidose bovina são: tu-
A acumulação da substância amilóide exerce berculose, paratuberculose, neoplasias, pneumonias crónicas
compressão que conduz à insuficiência do órgão. com formação de abcessos, abcessos hepáticos e peritoneais.
A amiloidose mais frequente em bovinos é do tipo secundá- O órgão mais comumente afectado é o rim, seguido do fíga-
ria, ou reactiva, e está relacionada com uma resposta inflama- do, baço e músculo. Na amiloidose renal deixa de haver capa-
tória crónica ou presença de neoplasias. As proteínas de fase cidade de reter as proteínas plasmáticas e reabsorver iões.
aguda (principalmente a proteína soro-amilóide ou SAA) são Também há perda de proteína para o lúmen intestinal.
LESÕES Joidose renal. A análise sanguínea mostra valores bai-
xos de cálcio e elevados de fibrinogénio, creatinina e
Órgãos infiltrados estão hipertrofiados.
ureia. Coloração específica (iodo, Vermelho do Congo)
Rins hipertrofiados, de cor clara e ligeiramente brilhante. de material recolhido pós-morte ou de biópsia do rim
Fígado e baço aumentados de volume. Paredes do intesti- ou fígado. DD com paratuberculose, carências alimen-
no e mesentério edemaciados. Hidroperitoneu e hidroperi- tares, pielonefrite, nefroses e outros tipos de glomeru-
cardio. Por vezes ainda são evidentes as lesões da doença lonefrites.
inflamatória crónica - abcessos, mastite crónica etc. ..

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
DIAGNÓSTICO
Aprevenção passa pelo tratamento adequado de
No campo o diagnóstico diferencial com doenças que tendem para a cronicidade.
paratuberculose não é fácil, baseando-se na
Não exi ste tratamento para a amiloidose devendo os ani-
demonstração de proteinuria no caso da amiloidose.
mais afectados ser eutanasiados.
Bovino adulto com proteinuria persistente e hiperglo-
bulinémia deve ser suspeito de estar a fazer uma ami-

OUTRAS CAUSAS DE EDEMA SUB-MANDIBULAR

Causa Sinais Tratamento


1 1
Fome. Hipoalbuminemia porca- Pastagens pobres. Caquexia, desidratação, Alimentação de qualidade (e.g. proteína,
rência proteica ou morte da mi- fraqueza muscular. Rúmen vazio e au sência energia). Transfaunação. Fluidoterapia. Com-
croflora ruminai. de gordura. plexo vitamínico.

Parasitismo grave (e.g. Osterta- Ver respectivas doenças Ver respectivas doenças
gia, Fascfola).

Hepatite e hepatose. Hipoalbu- Dor abdominal (direita, dorso-craneal), icterí- Depende da causa. Prognóstico reservado.
minem la por falta de produção eia, anemia, diarreia, Anorexia. Hepatomega-
lia (ecografia)

Peritonite crónica. Perda de ai- Dor abdominal, cifose, fezes escassas. Ascite. Cirurgia - lavagem peritoneal. Antibiotera-
bumina para a cavidade perito- Líquido à abdominocentese. pia.
neal

Dificuldade de circulação de re- Jugular distendida, timpanismo, dor, disfagia, Tratamento da causa primária: cirurgia, anti-
torno: obstrução à entrada do respiração ruidosa .Tumefacções e sinais rela- bioterapia, AINEs ...
peito (e.g. abcessos, neoplasias cionados com causa primária.
do timo e tiróide, bócio) ...

Insuficiências cardíacas diver- Ver doenças cardíacas Ver doenças cardíacas


sas - endocardite, reticulo-peri-
cardite ...

DIARREIA • DISENTERIA• MELENA


DISENTERIA DE INVERNO DISENTERIA· FEBRE
ANEMIA• DESIDRATAÇAO

ETIOLOGIA PATOGENIA
Certas estirpes de Coronavirus bovino. Imunidade após infecção persiste por um ou dois
Há semelhanças com co ronavírus da diarreia neo-natal (v.)
anos.
e com aquele envolvido na doença respiratória bovina (v,), Doença extremamente contagiosa (contaminação feca l-
mas a imunidade cruzada não foi confirmada. oral). Período de incubação de 2 a 8 dias. Vírus destrói células
das criptas intestinais resultando hemorragias e necrose.

LESÕES
Surge na forma de surtos explosivos.
Lesões de enterocolite - edema, congestão
Doença cosmopolita com características epizoóticas
e hemorragia.
que surge essencialmente nos meses frios em exp lora-
ções intensivas de leite. Afecta quase 100% do efectivo Nalguns casos pode haver congestão da mucosa traqueal.
adulto, principalmente se a manada nunca co ntactou
com o vírus Duração da doença individual não é mais
que 3-4 dias, mas o surto pode afectar a exploração du-
DIAGNÓSTICO
rante mais de uma semana causando fortes prejuízos. A Testes para antigénio de Coronavirus nas diarreias
mortalidade é quase nula. Muito raro em vacadas de neo-natais são igualmente positivos nos casos de
carne. Disenteria de Inverno (DI).
Vírus pode ser introduzido na exploração através de fomites Nenhuma outra doença de bovinos apresenta o quadro clí-
(e.g. botas de visitantes) ou animais comprados. nico e características epidemiológicas da DI. Confirmação
SINAIS CLiNICOS por testes ELISA ou PCR. Aumento da titulação de anticor-
pos entre o início e a fase de convalescença. Nos casos me-
Diarreia com sangue vivo por vezes na forma
nos típicos o diagnóstico diferencial deve incluir coccidiose,
de coágulos.
salmonelose, BVD e intoxicação alimentar (e.g. plantas).
Afecta poucos animais a cada momento, mas percorre
a manada quase toda. A gravidade dos sinais varia
muito, sendo normalmente de maior intensidade nas TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
c,vacas recém-paridas. Enquanto nalgumas vacas ape- Não há tratamento.
nas se detectam fezes mais escuras e fluidas noutras
Qualquer acção terapêutica apenas irá aumentar o prejuízo
as fezes são líquidas e completamente vermelhas com
causado pela doença, sendo apenas aconselhável vigiar os
inúmeros coágulos de sangue. A quebra de produção
animais doentes e fazer fluidoterapia nos casos muito graves.
de leite é dramática (mais de 50%) e abrupta.
Muito difícil de controlar. Regras básicas de segurança, no-
Cerca de 10% dos animais podem fazer hipertermia
meadamente reduzindo entradas de pessoas e animais.
(>40°(). Sinais de desidratação são raros, assim como
Uso de pedilúvios. Subsistem dúvidas sobre se a vacina de
de anemia e doença respiratória (e.g. tosse).
mãe contra coronavírus neonatal, tem algum efeito.

ÚLCERA DO ABOMASO NÃO PERFURADA MELENA • ANEMIA


DOR ABDOMINAL• DEPRESSÃO

ETIOLOGIA cortisol), alimentos ácidos e grosseiros e erros alimentares.


Factores que reduzem a produção de muco protector (e.g.
Diminuição da capacidade de defesa da parede
efeito antiprostaglandinico dos AINEs ou corticosteróides) fa-
contra a acção do conteúdo muito ácido do abomaso.
vorecem a acção cáustica do ácido clorídrico sobre a mucosa.
A etiologia das úlceras inespecíficas é multifactorial. São facto- Em vitelos lactantes ou recentemente desmamados a oferta
res predisponentes o stress, certas hormonas (e.g. este ró ides e de forragens muito grosseiras pode levar à lesão da parede.

DIARREIA• DISENTERIA • MELENA


Causas específicas de úlceras abomasais são: Clostridium
perfringens tipo A e Salmone//a spp. (em vitelos); leu cose bo-
vina e BVD-MD (v.). Helicobacter sp. nunca foi isolado em
bovinos.

EPIDEMIOLOGIA
Nas vacas leiteiras ocorre essencialmente no período
do peri-parto.
Éuma doença esporádica (<1 %), mas que pode surgir na for-
ma epidémica quando certos factores concorrem para isso.
Observámos vários casos num curto espaço de tempo numa
exploração onde se estava a proceder a trabalhos de renova-
ção e ampliação do pavilhão. A associação que muitas vezes
se encontra com outras doenças (e.g. pneumonias), mau ma-
neio e parto, sugere influência do stress/hormonas. Há mais
úlceras em vitelos que mostram medo do tratador. Vitelos
para a produção de "veal meat" apresentam mais úlceras nas
SINAIS CLÍNICOS
explorações onde o bem-estar não está assegurado (e.g. frio,
pouco espaço e camas de pior qualidade). Outros factores Sangue nas fezes pode ser oculto e por isso a sua
correlacionados são poucas refeições com grande quantida- aparente ausência não elimina hipótese de úlcera
de de leite e palha como forragem. Em feed-lots os novilhos não perfurada.
(bullers) permanentemente escorraçados apresentam maior Alguns animais fazem úlceras com sinais mínimos (só
número de úlceras do que os coabitantes. detectadas no matadouro ou na necropsia). As úlceras
hemorrágicas provocam melena (fezes pretas e malchei-
rosas), dor abdominal anterior direita, acumulação de lí-
PATOGENIA
quido no abomaso (som de líquido à sucussão), anemia,
Acesso de hidrogeniões e enzimas gástricos taquicardia, quebra de produção e depressão. Hemorra-
à mucosa desprotegida parece estar na génese gias agudas e extensas podem causar a morte ainda an-
da maioria das úlceras. tes do sangue ser evidente nas fezes. Vitelos com úlceras
Sugerimos a classificação em 4 tipos: múltiplas têm crescimento retardado, mau pêlo, indiges-
tão por vezes com timpanismo abomasal e "chocalhar"
• Tipo 1/Erosões múltiplas - 1Oa 100 pequenas úlceras es-
de líquido no abomaso. Muitas vezes mostram dor à pal-
palhadas pela mucosa. Quase sempre associadas a outras
pação profunda da zona do abomaso. Uma sequela fre-
doenças (e.g. metrites, mastites).
quente das erosões gástricas é uma gastrite crónica.
• Tipo 2/Úlcera hemorrágica - Profundas, causam hemor-
Os sinais clínicos de úlceras perfuradas com peritonite
ragia significativa e estenose do piloro. Geralmente rela-
encontram-se descritos sob o título de "Abdómen agudo''.
cionadas com o parto de vacas leiteiras.
• Tipo 3/Leucose bovina - relacionadas com linfossarcomas.
• Tipo 4/perfuradas - com peritonite localizada ou difusa (v.) los por vezes encontram-se tricobezoares (relacionados
com úlceras?) e matéria vegetal grosseira por digerir.

LESÕES
Podem existir uma única ou múltiplas pequenas DIAGNÓSTICO
úlceras bem visíveis na parede do abomaso. Os sinais clínicos e anamnese (parto ou factor
As úlceras são mais frequentes na zona fundica do aboma-
de stress recente) são muitas vezes suficientes.
so nas vacas e na zona pilórica em vitelos. Pode haver con- A análise sanguínea mostra anemia regenerativa. Para casos
gestão da serosa abomasal e úlceras do duodeno. Em vite- de sangue oculto são necessários exames laboratoriais.
DD com jejunite hemorrágica e outras clostridioses, BVD-
MD, coccidiose, salmonelose e abomasites idiopáticas de
vitelos (e.g. leite de má qualidade). SVCP (v.) pode dar mele-
na por ingestão do sangue com origem pulmonar.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
A maioria não precisa de tratamento excepto
mudança de maneio e dieta: isolamento para
enfermaria, boa cama e feno de qualidade.
Tentar manter a vaca a comer porque a salivação e passa-
gem de conteúdo ruminai para o abomaso tem efeito tam-
pão. Entubar e dar 10-20 litros de solução electrolítica mor-
na a que se pode acrescentar antiácidos (ver abaixo).

Antagonistas dos receptores H2 da histamina - cimetidina


(50 a 100 mg/kg, PO, tid ou ranitidina 10-50 mg/kg, PO, tid)
em vitelos lactantes. Antiácidos como hidróxido de Mg e hi-
dróxido de AI, são úteis em vitelos (encerramento da goteira
esofágica por 1-2 min dando oralmente 100 a 250 ml de
uma solução a 10% de bicarbonato de sódio), mas difíceis
de fazer chegar ao abomaso em vacas adultas. A injecção de
antiácidos directamente no abomaso através da parede ab-
dominal tem alguns riscos, mas pode ser feita de forma se-
gura após laparotomia. Em caso de anemia grave instituir
fluidoterapia e mesmo transfusão sanguínea (5 a 10% volu- prostaglandinicos (e.g. AINEs e corticosteróides) especial-
me sanguíneo, com citrato de sódio). Os antibióticos são mente os inibidores de COXl.
provavelmente desnecessários excepto se houver suspeita Em vitelos na fase pré-ruminante não permitir acesso a pa-
de perfuração ou no caso de clostridiose. Dar Vitamina A. lha grosseira, nem ingestão de grandes quantidades de lei-
A prevenção faz-se reduzindo a exposição aos factores pre- te num só momento. Reduzir stress e aumentar bem-estar
disponentes. Evitar stress no peri-parto (e.g. maternidades animal - temperatura ambiental, camas, homogeneidade
sossegadas; intervenções cuidadas; agrupamento bem no tamanho e idade ... A vacinação contra clostrídeos tem
pensado). Atenção ao uso continuado de fármacos anti- sucesso limitado.

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


JEJUNITE HEMORRÁGICA DISENTERIA• MELENA, ABDÓMEN AGUDO
TOXEMIA, DESIDRATAÇÃO, MORTE SÚBITA

ETIOLOGIA
SINAIS CLiNICOS
Factores etiológicos ainda não completamente
esclarecidos. A JH caracteriza-se por sinais de obstrução
intestinal, melena e toxémia.
O único agente recuperado com consistência das lesões de
Jejunite Hemorrágica (JH) tem sido Clostridium perfringens Os primeiros sinais são: inapetência, depressão e que-
A. É sugerido que as estirpes causadoras de JH sejam pro- bra de produção. Segue-se sinais de toxémia (prostra-
dutoras da toxina ~-2 conjuntamente com as habituais en- ção, taquicardia, vasos da esclera engorgitados), sinais
terotoxina e toxina a. de dor abdominal, atonia ruminai, timpanismo, hipoter-
mia e enoftalmia. A acumulação de líquido no aboma-
so pode conduzir a uma dilatação deste compartimen-
EPIDEMIOLOGIA to gástrico sendo então evidente o "chocalhar" de
líquido após sucussão (ballotment), mas não é audível
Doença esporádica mas emergente, muito
som metálico ("ping''). O perfil abdominal em papp/e
provavelmente relacionada com a intensificação da
assemelha-se ao da indigestão vagai. Numa fase inicial
alimentação de vacas leiteiras
é possível detectar coágulos de sangue nas fezes, mas
É sugerido que actualmente a JH seja responsável por cerca com o evoluir da doença as fezes passam a cor preta e
de 1 a 2% das mortes de vacas leiteiras. São muito raras as apresentam muco, falsas membranas e um cheiro nau-
descrições da doença em vacas de carne. Mortalidade é seabundo. As mucosas vão ficando mais pálidas. A mor-
próxima dos 90% (1 em 8 no caso de tratamento médico e te pode ocorrer ao fim de horas ou de poucos dias.
9 em 13 no caso do tratamento cirúrgico).
Pode ocorrer morte súbita sem quaisquer sinais ex-
cepto recente quebra de produção leiteira.
PATOGENIA
O desenvolvimento bacteriano é favorecido pela
chegada ao intestino de grandes quantidades (e.g. abomaso cheio). Hidra ou pneumoperitoneu (por ve-
de carbohidratos e proteínas por digerir. zes com fibrina). Lesões típicas de toxémia - petéquias nas
A evolução, sinais e lesões são muito típicas de infecções por serosas e mucosas.
Clostridium, tanto em bovinos como noutras espécies. No en-
tanto, o facto de não se ter conseguido reproduzir a doença
DIAGNÓSTICO
através da inoculação das toxinas no ID de vacas, sugere que há
a necessidade de conjugação de uma série de factores. São As fezes mais avermelhadas do que pretas permitem
considerados factores de risco: excesso de carbohidratos facil- distinguir da úlcera de abomaso que apresenta um
mente fermentescíveis ou pouca fibra na dieta; alimento ensila- quadro clínico muito semelhante.
do de fraca qualidade com esporos de Clostridium e/ou as suas As alterações sanguíneas são típicas de uma obstrução do
toxinas; motilidade alterada conduzindo a estase intestinal; imu- TGI alta - aumento do hematócrito (que se pode tornar me-
nodepressão consequente ao parto e à alta produção leiteira. nos evidente com a evolução da anemia), hiponatrémia,
hipoclorémia e hipocalémia. Numa primeira fase há alcalo-
se que é rapidamente substituída por acidose metabólica.
LESÕES Há leucopenia com neutropenia (degenerescência dos
Lúmen do jejuno e íleo completamente cheio neutrófilos).
de coágulos compactos é patognomónico da JH. O DD deve incluir úlcera do abomaso, obstrução, volvo ou
invaginação intestinal, torção do abomaso, BVD-MD, salmo-
nelose e enterotoxémia.

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Prognóstico muito reservado quando não tratada
precocemente
Fluidoterapia é sempre imprescindível e deve incluir a
transfusão de 4-5 litros de sangue.
Ressecção intestinal é aconselhada, mas o diagnóstico precoce
é a chave para garantir o sucesso de uma intervenção cirúrgi-
ca. O tratamento médico pode ser tentado com antibiótico.
O controlo é problemático por não se saber quais os factores
predisponentes ou determinantes. De qualquer maneira de-
verá haver o cuidado na conservação das silagens e outros
alimentos para evitar o desenvolvimento de clostrídeos.
A vacinação contra clostridioses é provavelmente pouco útil.

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


SALMONELOSE DIARREIA• DISENTERIA• FEBRE
PROSTRAÇÃO, MORTE SÚBITA, ABORTO

ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Existem mais de 2.400 serovars de Salmonel/a
enterica. Diarreia com sangue, muco e falsas
membranas.
Bactéria Gram-negativa. Subtipos mais importantes em bo-
vinos são: 5almonella dublin (infecta essencialmente bovi- Pode ocorrer morte súbita na fase septicémica. A doen-
nos) e 5. typhimurium (bovinos, homem e uma série de ou- ça aguda caracteriza-se por diarreia ou disenteria, febre
tros mamíferos). Temos identificado 5. enteritidis em (>40,SoC), depressão, ataxia e letargia, prostração, abdó-
explorações em que aves de capoeira têm acesso aos par- men agudo (e.g. pontapear o abdómen) e sinais de de-
ques dos bovinos. sidratação severa. Fezes malcheirosas. Alguns vitelos
fazem pneumonia, meningite ou artrite. Animais que
sobrevivem à fase aguda mostram sinais de caquexia e
EPIDEMIOLOGIA hiperqueratinização e gangrena das extremidades.
Zoonose de elevada importância. Infecções clínicas em vacas no final da gestação con-
Infecções por salmonela em animais de produção são uma duzem a aborto seguido de metrite (infecção por 5.
potencial ameaça para Saúde Pública, assim como fonte de dublin pode causar aborto sem outros sinais).
bactérias multiresistentes a antibióticos. Serovars de salmo-
nela são relativamente resistente no ambiente. As infecções
são mais prováveis no tempo frio. Os animais jovens (<6 me-
ses) são mais frequentemente afectados, assim como vacas LESÕES
adultas recém-paridas, após cirurgia ou afectadas por doen- Enterite fibrinosa - mucosa coberta por uma
ças metabólicas (e.g. cetose). Há sinergismo com vírus BVD. camada amarelada de fibrina.
As possíveis fontes de Salmonela são: matérias alimentares, As lesões podem variar com estirpe e com o éstado evolutivo
água, estrume, visitantes, outros animais domésticos e sel- da doença. Nos casos hiperagudos apenas são visíveis os sinais
vagens (incluindo roedores, aves de capoeira e pombos), de septicémia fulminante (e.g. CID, petéquias). Casos agudos
para além de bovinos entrados na exploração. mostram serosa intestinal congestionada; mucosa intestinal
congestionada, hemorrágica ou coberta porfibrina; linfonodos
mesentéricos edemaciados e hipertrofiados; úlceras no abo-
PATOGENIA maso e duodeno; hidroperitoneu com fibrina abundante; pe-
Muitos animais adultos funcionam como portadores, téquias nas serosas; hepatomegalia - fígado amarelo e enfarta-
excretando a bactéria de forma intermitente. do; vesícula biliar edemaciada e ulcerada. Lesões pulmonares.
Salmonelas são parasitas intracelulares facultativos capazes Os animais que morrem na fase de convale?!=ença mostram
de escapar ao efeito dos anticorpos mantendo-se e disse- fibrina abundante no intestino e peritoneu, gangrena das
minando-se pelo corpo no interior dos leucócitos. extremidades, pele espessada (e.g. orelhas), artrites e hepa-
tização do pulmão.
A infecção é essencialmente por via oral com invasão a par-
tir da mucosa intestinal. Num animal susceptível há uma
fase curta de septicémia com subsequente infecção dos DIAGNÓSTICO
linfonodos, fígado, baço, vesícula biliar etc. .. Sinais clínicos
podem apenas ser evidentes 3 a 7 dias após entrada da Isolamento do agente é fácil mas não a tipificação.
bactéria. A mortalidade pode atingir mais de 80% dos vite-
Pedir sempre TSA.
los infectados. Os animais aparentemente curados podem Os sinais clínicos e epidemiológicos (doença fulminante
funcionar como portadores. Em vacas adultas a infecção do com elevada morbilidade) são característicos. Leucopenia e
feto e placenta causa frequentemente aborto. neutropenia. Enviar para histopatologia intestino, fígado e

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


vesícula biliar. Em caso de aborto enviar feto (ou abomaso Em humanos há sugestão de não se utilizar antibiótico mas
fetal) e placenta. só a terapia de suporte, no sentido de evitar endotoxemia
quando as bactérias morrem. A validade desta abordagem
DD com Disenteria de Inverno (adultos), Jejunite Hemorra-
não está comprovada em veterinária.
gica e enterotoxemia (adultos) BVD-MD (jovens), coccidio-
se (jovens), intoxicações várias. Em casos isolados diferen- A ocorrência de infecções sub-clínicas dificulta a prevenção
ciar de volvo e intuscepção intestinal. de novas infecções, principalmente em explorações com
uma rotação intensa de animais. Zaragatoas fecais (amos-
tragem) dos animais à chegada, detectando precocemente
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO os portadores. Impedir acesso de outras espécies animais
Atenção ao favorecimento das multirresistências (galináceos, gatos, cães, pombos etc. .. ) aos parques. Aten-
através do abuso e uso indiscriminado de ção às fontes das matérias-primas alimentares e material
antimicrobianos. para as camas (e.g. material de aviculturas). Pastos aduba-
dos com estrume natural devem esperar 4 a 5 semanas an-
Perante um surto fazer imediatamente antibioterapia com
tes de serem cortados ou pastados.
fluorquinolonas, amoxicilina + ác. clavulânico, espectinomi-
cina ou sulfamidas potenciadas. Isolamento dos casos agu- Existem vacinas eficazes quer para o próprio animal vaci-
dos fazendo fluidoterapia (oral ou parenteral) e AINEs. Na nado quer actuando como vacina de mãe reforçando o
convalescença dar vitaminas (complexo B, Vit A e Vit E). Em colostro. Produzir vacinas de manada quando se confir-
vitelos de leite iniciar metafilaxia com antimicrobianos (e.g. ma existir animais adultos portadores que não podem
enrofloxacina) no leite logo após os primeiros casos. ser refugados.

COCCIDIOSE DIARREIA• DISENTERIA


TENESMO • EMAGRECIMENTO

ETIOLOGIA biente é forte e rapidamente contaminado. Parasitas que


sobrevivem nas pastagens durante o Inverno justificam sur-
As diversas coccidias são muito adaptadas à espécie
tos no início da Primavera. Oocistos morrem com calor
e mesmo à porção do intestino que parasitam.
(>30°C) ou exposição ao sol.
Coccidias são protozoários. As principais espécies patogéni-
Mortalidade baixa (1-5%), mas a doença subclínica causa
cas dos bovinos são: Eimeria bovis e E. zuernii, que parasitam
perdas avultadas.
o intestino grosso e são muito patogénicas; E. a/abamensis
e E. e//ipsoides afectam o intestino delgado e são menos pa-
togénicas. Existem várias espécies não patogénicas.
PATOGENIA
O contacto com coccidias é importante porque
EPIDEMIOLOGIA permite criar defesas para futuras infecções. Não há
Afecta essencialmente animais de 3 a 8 meses imunidade cruzada entre espécies de Eimeria.
de idade e raramente adultos. Oocistos esporulam em ambientes húmidos e frescos e a
A imunidade colostral dura 3 semanas. Portadores assinto- forma infectante é ingerida pelo animal. Invade células epi-
máticos são muito frequentes. Factores de risco: sobreden- teliais de diversas zonas do tracto intestinal. O ciclo de vida
sidade, má higiene, mudanças alimentares e factores de inclui duas fases reprodutivas (assexuada e sexuada). Éapós
stress. Erros alimentares (e.g. acidose ruminai) favorecem esta segunda fase, com destruição das células, que se dá a
coccidiose clínica. Por cada parasita ingerido são excreta- hemorragia. O período pré-patente dura 5 a 21 dias (depen-
dos mais de 30.000.000 oocistos o que significa que o am- dente da espécie). Infecções subclínicas podem tomar a

DIARREIA• DISENTERIA• MELENA


SINAIS CLÍNICOS
Diarreia com ou sem sangue de vitelos no
pós-desmame.
É de suspeitar de coccidiose subclínica em grupos de
vitelos desmamados a perder peso sem razão aparen-
te e mostrando fezes moles.

A gravidade dos sinais clínicos depende da espécie de


coccidia, do número de oocistos ingerido (contamina-
ção ambiental) e da presença de factores de risco.

Inapetência, perda de condição corporal e anemia


sub-clínica. As fezes são pastosas (infecção do IG) ou
mesmo líquidas (infecção do ID). A zona perineal, tu-
berosidades isquiáticas e membros posteriores estão
quase permanentemente cobertos de fezes. O tenes-
mo é uma característica típica das infecções do intes-
tino grosso, podendo alguns vitelos fazer prolapso
rectal. Sangue nas fezes é geralmente vermelho vivo
(infecção do intestino grosso), mas pode ser oculto.
Os sinais de anemia podem ser evidentes em animais
fortemente infectados. Contaminações elevadas de
vitelos imunodeprimidos podem conduzir à morte
sem sinais evidentes. Uma pequena percentagem
pode mostrar sinais nervosos (e.g. incoordenação e
convulsões).

forma aguda quando se administra corticosteróides, o que animais saudáveis também os excretam (e.g. espécies não
demonstra o papel de factores de stress na etiopatogenia patogénicas). Também é possível encontrar ausência de
da doença. Não se conhece a patogenia da forma nervosa oocistos em animais doentes porque a excreção é transitó-
(toxina?). Enterite bacteriana muitas vezes complica os ca- ria. No entanto, contagem de >5.000 oocistos/g de fezes é
sos de coccidiose. considerado diagnóstico positivo.

A doença clínica deve ser diferenciada de salmonelose, BVD


(Doença das Mucosas), sendo a evolução da coccidiose
LESÕES
mais benigna. Nos animais mais velhos a doença pode con-
Lesões essencialmente no intestino grosso fundir-se com Disenteria de Inverno, BVD e Salmonelose.
e íleo distal.
Congestão, hemorragia e edema das paredes do ceco, co-
lon e recto. Coágulos de sangue no lúmen intestinal. Po-
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
dem surgir úlceras da mucosa intestinal. Em bovinos geral- Coccidiostaticos - diclazuril, toltrazuril, decoquinate,
mente não se encontram lesões noutros órgãos amprolium, sulfadimidina
A doença é normalmente auto-limitante. Tratamento da
doença clínica aguda deve ser precoce para evitar grande
DIAGNÓSTICO
destruição do epitélio intestinal e deve incluir todos os
Muito importante diagnosticar a espécie no laboratório. animais do grupo. Casos mais graves ou avançados devem
ser tratados também com antibiótico. Fazer fluidoterapia
em caso de desidratação e se necessário transfusão san-

DIARREIA, DISENTERIA, MELENA


guínea. Separar doentes, oferecer feno de qualidade e
água ad libitum.

A prevenção deve ter em atenção duas facetas importan-


tes da doença: i) interesse em permitir o contacto com
coccidia para se estabelecer imunidade; ii) a presença de
factores de risco podem desencadear doença grave. As-
sim, em boas condições de maneio e nutrição poderá ser
útil permitir a infecção (ou seja, não usar coccidiostáticos
por rotina), mas quando se antecipar momentos de maior
risco poderá ser útil o uso destes preventivamente (deco-
quinate no alimento; ou outros produtos em drench).
Boas práticas de higiene e bom maneio são essenciais ao
controlo de surtos (e.g. não colocar alimento no chão
nem permitir conspurcação da água de bebida com fe-
zes). Evitar acidose ruminai (v.) através de fornecimento
de fibra efectiva.

Se surgir em vitelos antes do desmame rever maneio do


colostro e juntar colostro ao leite dos mais velhos.

Oocistos são resistentes à maioria dos desinfectantes ex-


cepto amónio quaternário.

OUTRAS CAUSAS DE DIARREIA OU DISENTERIA

Causa Sinais Tratamento


1 1

Indigestão simples (e.g. transição Grande volume de fezes viscosas ou mesmo Resolução espontânea. Dieta com feno.
alimentar demasiado rápida, in- líquidas. Inapetência parcial. Hipotonia rumi-
Fazer transições graduais. Garantir qualidade
gestão de grandes quantidades de nal e ligeiro timpani smo gasoso. Poucos ou-
das matérias-primas.
silagem, alimentos estragados ... ) tros sinais.

Antibioterapia prolongada em Proliferação intestinal de Proteus, Pseudomonas Probióticos.


vitelos lactantes. e fungos. Perda de peso e diarreia crónica.

Micotoxinas (e.g. aflotoxina e Detecção no leite. Depende do fungo: diar- Mudar matérias-primas. Adsorventes de toxi-
outras) - alimentos mal conser- reia, tenesmo, aborto, infertilidade, sinais nas no alimento. Antifúngicos.
vados. nervosos ...

Leites de substituição de má qua- Vitelos com diarreia crónica e perda de peso Mudança para leite de vaca.
!idade {e.g. proteína vegetal). apesar de manterem apetite.

Alergias e reacções anafilácticas. História mostra exposição recente ao alérgeno. Anti-histamínicos. Remoção da causa.
Fármacos - vacinas, desparasi- Perda de apetite, diarreia profusa, reacções
tantes, próprio leite (v.). cutâneas, depressão, prostração. Morte súbita.

Ingestão de areia, gravilha, pe- Picacismo (e.g, areia das camas) ou incluído Ruminotomia ou abomasotomia. Remoção
dras nas silagens Diarreia crónica com presença da causa. Rever nutrição mineral.
de areia ou pedras nas fezes, emagrecimento
sem causa aparente.

DIARREIA, DISENTERIA• MELENA


Causa Sinais Tratamento
1 1

Excesso de molibdeno 7 carên- Diarreia crónica, magreza, fraqueza, pêlo Suplementação com cobre 10 mg/kg pv.
eia em cobre. acastanhado especialmente em volta dos Mudança de pastagens.
olhos. lncoordenação. An em ia. Cu sang uí-
neo < 50 mg/dl.

Pastagens com erva jovem Pri mavera. Diarreia verde às vezes muito lí- Fornece r fe no ou pa lha.
quida sem outros sina is ou perda de cond i-
ção corpora l.

Peste Bovina (Morbillivirus) Doença exótica. Lesões orais. Elevada morta- Sem tratamento.
!idade. Erradicada do mundo?

Outras doenças com diarreia descritas noutros capítulos - Febre Catarral Maligna, Enterotoxemia, intoxicação por plantas ou
minerais.
ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL

A expressão Abdómen Agudo engloba qualquer processo grupo se deve seguir sempre ao diagnóstico de situações
patológico com origem na cavidade abdominal, de evolu- como meteorismo espumoso, urolitíase ou acidose ruminai
ção aguda ou hiperaguda e apresentando sinais evidentes aguda.
de dor abdominal (ver descrição no Exame Clínico). Na se- Nas doenças com abdómen agudo as lesões rapidamen-
lecção que se segue incluem-se também algumas doenças te se tornam irreversíveis e por isso o diagnóstico etioló-
que se caracterizam por alteração do perfil abdominal, por- gico é crucial. No entanto, tal não se releva habitualmen-
que fazem parte do diagnóstico diferencial apesar dos si- te fácil porque os sinais são inespecíficos e a dor visceral
nais de dor poderem ser mais discretos. As doenças condu- é difusa e indefinida. A laparotomia exploratória é fre-
centes a abdómen agudo têm sede no sistema quentemente uma excelente opção em caso de dúvidas
gastrointestinal, urinário ou reprodutivo, sendo que as situ- devido à escassez de meios complementares de diag-
ações referentes a este último estão descritas no capítulo 4. nóstico e à relativa benignidade desta intervenção em
Certas doenças de outros departamentos podem apresen- bovinos. Todavia, devido à rapidez da evolução, a primei-
tar sinais clínicos muito semelhantes aos encontrados em ra abordagem deve ser no sentido de se estabilizar o pa-
casos de abdómen agudo (e.g. laminite aguda) e devem ser ciente, mesmo que à custa de um mais adequado exame
prontamente distinguidas. clínico.
Quase todas as situações de abdómen agudo afectam ape- O diagnóstico precoce é essencial também porque estas
nas um animal ou um pequeno grupo de animais, o que são algumas das situações que causam maior sofrimento
não quer dizer que a doença não possa existir numa outra em clínica de bovinos, sendo que a eutanásia deve ser con-
fase da evolução ou numa forma mais discreta nos restan- siderada desde cedo, principalmente em animais de baixo
tes membros do efectivo. É a razão porque um exame do valor comercial.

DILATAÇÃO ETORÇÃO DO ABOMASO SOM METÁLICO À DIREITA• ABDÓMEN AGUDO


ABAULAMENTO DO ABDÓMEN DIREITO• DESIDRATAÇÃO

ETIOLOGIA
O deslocamento de abomaso à direita (DAD)
resulta de uma hipomotilidade gástrica,
com grande acumulação de gás, com etiologia
multifactorial ainda mal conhecida.
A torção ou volvo do abomaso (VA) é consequência directa
mas não obrigatória do DAD. A mecãnica da torção é com-
plexa fazendo-se em dois eixos simultaneamente - longitu-
dinal, em que a zona pilqrica avança cranialmente e trans-
versa l, em que o órgão roda sobre si mesmo. O resultado
final pode ser uma torção no sentido lateral (ou costal) ou
medial.

Foi sugerida a relação do DAD com indigestão vagai tipo Ili (v).

ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


EPIDEMIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Ao contrário do deslocamento à esquerda,
o deslocamento de abomaso à direita (DAD) ocorre Som metálico (ping) auscultado debaixo das
de forma esporádica em qualquer momento do ciclo últimas costelas do lado direito é altamente
produtivo da vaca incluindo na fase final da gestação. sugestivo de DAD ou VA.
Não acontece com a mesma frequência da DAE em vacas A extensão da área com "ping" audível e a intensidade
leiteiras. Surge ocasionalmente em vacas de carne, rara- deste permite diferenciar DAD de VA, podendo neste
mente conduzindo a VA. É a forma mais frequente de deslo- último o som chegar ao cavado do flanco. A ausculta-
camento em vitelos pré-ruminantes. A mortalidade de VA ção na zona dorsal sobre as últimas costelas enquanto
sem tratamento é de 100%. se faz sucussão da zona ventral, provoca um som de
"latas vazias a chocalhar". Por palpação rectal só muito
raramente e em casos extremos de VA será possível
PATOGENIA
tocar no abomaso distendido.
Mais de metade dos DAD evoluem para VA. O cavado do flanco direito aparece ligeiramente con-
A atonia leva à acumulação de fluido e gás que pode ser de vexo no DAD e ainda mais no VA.
várias dezenas de litros (30-40 litros) numa vaca adulta.
Há sinais crescentes de desidratação (5%-12%), taqui-
O gás não só distende o órgão como eleva a zona fundica
cardia e dor abdominal (e.g. gemidos, bruxismo, pon-
(a grande curvatura passa a estar dorsal em vez de assente
tapear abdómen, cifose), dependendo do estado de
no abdómen ventral). O fluxo do conteúdo para o ID é mais
evolução. As fezes são primeiro escassas e secas e mais
lento e por isso há desidratação, alcalose metabólica, hipo-
tarde estão cobertas de muco e sangue escuro (sinal
clorémia e hipocalémia. de VA). Finalmente há fraqueza muscular, prostração e
A esta fase DAD, que pode durar vários dias e resolver-se morte em choque.
espontaneamente, pode seguir-se a torção em que as alte-
rações mencionadas se agravam rápida e substancialmen-
te. Pode haver compressão das fibras simpáticas que causa
taquicardia, e a dor e desconforto levam à libertação de ca- zação mais dorsal e o piloro mais ventral. No VA o líquido no
tecolaminas/cortisol justificando a hiperglicemia. A intensi- interior do abomaso é sanguinolento, a serosa está muito
dade destes dois sinais dá uma ideia da gravidade do VA. congestionada e a mucosa encontra-se hemorrágica. Há
Com o aumento da pressão do conteúdo sobre a parede e sinais de engorgitamento venoso e necrose da parede. Na
dependendo do grau de torção, a vascularização do abo- zona onde o abomaso sofreu maior torção pode ser eviden-
maso fica comprometida surgindo isquemia e necrose. A te hemorragia e necrose. O omaso e reticulo também estão
desidratação vai aumentando levando à hipoxia dos teci- deslocados e o rúmen está tenso com acumulação de líqui-
dos, fermentação láctica e acidose metabólica. No caso de do, com cheiro mais ácido, e gás.
VA em vacas a morte ocorre nos primeiros 1-2 dias. Em vite-
los a evolução pode ser de poucas horas ocorrendo a morte
sem sequer serem detectados sinais de doença. DIAGNÓSTICO

Após resolução do VA alguns animais voltam a deixar de Quadro clínico com auscultação de um ping muito
comer após um curto tempo de recuperação. Pensa-se que nítido debaixo das últimas costelas é muitas vezes
isto se deva a lesões que ocorreram no nervo vago e que suficiente para o diagnóstico.
conduzem a uma indigestão. É uma situação irreversível Éessencial diferenciar DAD de VA, sendo a laparotomia justi-
que por vezes é confundida com uma peritonite pós- ficável em caso de dúvida. Os exames complementares são
-operatória, e que justifica a eutanásia. muito úteis para se avançar com um prognóstico, especial-
mente se houver necessidade de intervenção cirúrgica. As
LESÕES alterações sanguíneas são as de uma obstrução GI alta com
stress/desconforto - hemoconcentração, alcalose, hipoclo-
Abomaso com enormes quantidades de gás e líquido. rémia, hipocalémia e leucocitose com inve,rsão do ratio neu-
No DAD a morte não é provável, mas a acontecer a única trófilos/linfócitos. A análise de urina mostra cetonúria e aci-
lesão visível é a grande curvatura do abomaso numa locali- dúria paradoxal na fase inicial da doença (DAD) evoluindo

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


mais tarde para glicosúriil (VA) . O suco ruminai apresenta Vacas corn desidrataç·ão > 12%, frequér1eia cardíaca> 120 bpm,
níveis muito elevados de CI (vómito intemo). hiperglicernia (com glicos(1ria, acidose metabólica e níveis c1e
CI- e I<+ sanguíneo abaixo dos 80 inmol/1_ e 3,3 mmol/L, res-
O DO deve-se ser feito com dilatação e torção c1o cem, ti111-
pectivame11te, têm um prog11óstico tão mau que não deveri\o
pa11isrno do cólon, jejunite hemorrágica, invaginaçao ou
ser submetidiis il cirurgia. Deverão ser eutanasiadas
volvo intestinal e indigestão vagai .
A fluidoterapia no VA é crucial deve11do ser composta por
grandes volumes de fluidos com NaCI + KCI ao qual se adi-
E tUTIC E P EVE ÇÁO
cio11a soluções de c~lcio e magnésio, A via endovenosa ex-
A torção obriga a cirurgia de urgência com reposição clusiva é preferida em casos de desidratação e debilitaçao,
e fixação do abomaso. Éaconselhável a intervenção mas em situações menos graves pocle ser feita por via oral
cirúrgica no caso de DAD em animais com valor após a cirurgia e um primeiro bolus IV de soro sali1m hiper-
elevado. témico (7,2%) . O fluido oral eleve conter, ern 20 litros de
A cirurgia é feita pelo flanco direito com abornasopexia, água, NaCI (140 g), l<CI (25 g) e CaCI) (1 O g). Repetir fluidos
ome ritopexiil ou técnica mista , diariamente até vaca recomeçar a comer.

AGDÓMEN AGUDO. ALTl,:RACÍÍO DO l'clU'll. ABDOMINi\l


Porque é de apli ca ção fácil, rápida e barata sugere-se o uso Deve-se separar vaca do grupo, fornecer alimentação es-
exclusivo da via parenteral para vitelos. sencialmente à base de feno e auscultar à procura de sinais
de volvo a cada 6 horas.
Para casos de simples dilatação e deslocamento, poderá ser
considerado o tratamento conservativo tendo sempre em Em casos de DAD NUNCA tentar a resolução através de ro-
conta que a torção pode ocorrer a qualquer momento. O lamento do animal.
seguinte protocolo, baseado na nossa experiência empíri-
ca, tem resultados satisfatórios: dipirona + bromidato de Em vitelos temos procedido a abomasocentese através da
n-butil-hioscina (80mg/vaca, IV), administração oral de sul- parede abdominal para aliviar a pressão e dor, mas devido
fato de sódio+sulfato de magnésio (125g+ 125g) e injecção ao ri sco de VA aconselhamos a intervenção cirúrgica se o
endovenosa de soluções de cálcio+magnésio. valor económico do animal o justificar.

Estão descritos alguns resultados positivos com o uso de beta- Devido ao facto de não se conhecer bem os factores deter-
necol (0,08mg/kg; SC; trid durante 2 dias), betanecol associado minantes ou predisponentes de DAD, não há forma garan-
a metoclopramina (0,07mg/kg e 0,1 mg/kg; SC; trid durante 2 tida de o prevenir. As intervenções possíveis são as mesmas
dias) e eritromicina (1 Omg/kg; IM; bid), em vitelos com DA do DAE (v.)

OBSTRUÇÃO INTESTINAL ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


DESIDRATAÇÃO, FEZES SANGUINOLENTAS

ETIOLOGIA (e.g. tumor) ou extramural (e.g. volvo ou compressão por


necrose da gordura. A obstrução pode ainda ser con sid era-
Incluímos aqui qualquer factor, morfológico
da total ou parcial e envolver ID ou IG.
ou funcional, que reduza ou impeça o trânsito
intestinal. Por terem sinais e resolução parecidas serão aqui descritas
as seguintes situações:
A causa de obstrução pode ser funcional (e.g. íleo paralítico)
ou mecânica. Dentro deste último podemos distinguir a Dilatação ou torção do ceco; intuscepção intestinal; volvo
obstrução intra-luminal (e.g . bezoar), oclusão intramural intestinal; torção do mesentério; estrangulação (e.g. hérnia
umbilical ou pelo úraco persistente) e compressão extra-
-luminal (e.g. necrose da gordura, massas de fibrina em pe-
ritonite, neoplasias e bursite do omento). Corpos estranhos
- fito e tricobezoares - podem provocar obstrução em ani -
mais jovens.

EPIDEMIOLOGIA
O volvo abomasal (v.) é a forma mais comum de
obstrução em bovinos, seguido da intuscepção
intestinal.
São mais comuns em animais jovens ta lvez porque o in-
testino apresenta maior mobilidade, e o omento e me-
sentério é menos estável e espesso. A compressão extra-
-luminal é mais frequente em animais adultos. Em
obstruções físicas completas não tratadas a mortalidade
é de 100%.
PATOGENIA acidose por hipoxia dos tecidos (choque). Todas estas alte-
rações são mais graves e ocorrem mais rapidamente quan-
Todas as formas de obstrução são acidentes
to mais proximal for a obstrução. Pode haver hipermotilida-
imprevisíveis.
de espasmódica a montante da lesão (tentativa do
A estase do conteúdo cranialmente evita a absorção de organismo resolver a situação) o que pode causar aumento
água e electrólitos e causa mesmo o refluxo para o rúmen. de borborigmos e cólicas. O comprometimento vascular,
A retenção de CI· e W leva a ocorrência de alcalose meta- que ocorre na maioria das situações, conduz a congestão,
bólica que em fases avançadas da doença pode dar lugar a hemorragias e necrose de porções variáveis, a que se suce-

SINAIS CLÍNICOS mesmo convexo. Se houver timpanismo ruminai o perfil


visto por detrás é de tonel.
A evolução e sinais dependem do tipo de
obstrução e da sua localização. A palpação rectal é essencial para um correcto diagnós-
Os sinais comuns a todos os tipos de obstrução são: cóli- tico nos adultos (substituído por palpação profunda do

cas, desidratação, alteração do perfil abdominal direito e abdómen ou ecografia em animais jovens). Em todos os
alteração do aspecto das fezes. casos será possível palpar ansas vazias e ansas cheias de
fluido e gás. A palpação rectal quase sempre provoca dor
Sinais de cólicas: olhar e pontapear o abdómen, decúbi-
com gemidos e tenesmo. Na dilatação/torção do ceco o
to lateral com membros posteriores esticados, deitar e órgão é imediatamente palpado como um víscera tensa
levantar repetidamente, bruxismo e gemidos. Raramen- ocupando todo o hemisfério direito. Na intuscepção e
te há agressividade. Os sinais de dor abdominal são mais
volvo intestinal palpa-se no abdómen ventral direito
óbvios em jovens e em casos de torções/volvas. Nos uma massa pouco móvel. As neoplasias podem ser sen-
adultos os sinais são mais subtis (nada parecidos com os
tidas como múltiplos pequenos nódulos no mesentério
encontrados em cavalos com cólicas) e exigem observa- (em rosário) e ao longo das ansas intestinais. A necrose
ção cuidadosa e prolongada. Sinais de dor mais discretos
da gordura diferencia-se por serem de grande dimensão
NÃO correspondem a situações menos graves.
e muito móveis.
Sinais de desidratação: enoftalmia, hipotermia, extremi-
Em casos avançados surgem sinais de toxémia com ta-
dades frias, mucosas secas e persistência da prega de
quicardia, vasos da esclera engorgitados, taquipneia, fra-
pele (>2 s).
queza muscular, prostração e morte rápida.
O aspecto das fezes vai mudando à medida que a doen-
A abdominocentese apresenta muito fluido com proteí-
ça evolui: primeiro são normais (por vezes mais moles) e
na, células, sangue e, eventualmente, ingesta, mas aten-
escassas, podendo ser necessário palpação rectal para as
ção à elevada possibilidade de enterocentese. A ecogra-
obter; segue-se uma fase de fezes duras e moldadas, tipo
fia é útil em animais jovens permitindo evidenciar ansas
fezes de cavalo; depois surgem cobertas de muco e san-
com gás ou líquido enquanto outras estão vazias. A lapa-
gue digerido (não melena); finalmente passam a ser
roscopia permite diagnóstico imediato, mas a sua utiliza-
constituídas exclusivamente por muco, falsas membra-
ção no campo é pouco provável.
nas e coágulos de sangue escuro (aspecto "doce de mo-
rango"). Pode haver tenesmo. A laparotomia exploradora é altamente aconselhada em
casos de dúvidas e desde que o estado do animal ainda
A auscultação com sucussão do flanco direito revela som
seja estável ou facilmente estabilizado por fluidoterapia.
de marulho (bal/otment) mais ou menos generalizado. A
sucussão causa dor em caso de peritonite (v.). Aausculta- A morte pode ocorrer ao fim de poucas horas ou dias.
ção com percussão ouve-se som metálico (ping) apenas Todos estes sinais e a evolução são geralmente mais pro-
nos casos de dilatação/torção do ceco sendo que é ex- nunciados e rápidos em animais jovens e nas lesões pro-
clusivamente audível no cavado do flanco (ver diferença ximais.
para VA (v.)). Estado de acidose metabólica, desidratação > 12% e fre-
O perfil abdominal está alterado - o abdómen direito quência cardíaca acima dos 120 bpm são sinais de muito
está dilatado, desaparece o cavado do flanco ou está mau prognóstico.

ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


de absorção de endotoxinas, bactérias e, finalmente, ruptu-
ra. Se o animal sobreviver à primeira fase geralmente morre
de peritonite difusa e choque séptico.

LESOES
A detecção de pequenas obstruções em vacas
adultas requer um exame cuidadoso de todo o TGI.
Na torção de ceco este encontra-se cheio de gás e fluido, as
paredes estão congestionadas ou hemorrágicas e os vasos
engorgitados. O vo lvo ou invag inação são facilmente con-
firmados por observação. Na necrose da gordura encon -
tram-se múltiplas massas, por vezes do tamanho de uma
meloa, contidas no mesentério e omento. Ao corte têm o
aspecto de gordura. As neoplasias podem estar localizadas
no mesentério, peritoneu e parede intestinal.

DIAGNÓSTICO
Graus diferentes de desidratação, alcalose
metabólica, hipoclorémia e hipocalémia.
Os sinais clínicos são geralmente suficientes para se estabe-
lecer um diagnóstico e prognóstico quando é feito um exa-
me clínico detalhado. A localização exacta da obstrução é
mais difícil de se estabelecer, mas como quase todas as situ-
ações implicam cirurgia este pormenor pode ser esclareci-
do através da laparotomia.

O diagnóstico da natureza das massas obstrutivas deve


fazer-se por histopatologia.

DD com volvo abomasal, jejunite hemorrágica, salmonelo-


se, BVD-MD, coccidiose e diversas causas de peritonite.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
. .. . . ··t--·
Cirurgia de urgência para a maioria das situações
de obstrução física.
A distinção entre uma obstrução física e funcional é muito
importante pois a primeira implica quase sempre cirurgia
de urgência.

Nas obstruções intestinais é quase sempre necessária a re-


cessão do segmento afectado. No caso de dilatação do ceco
bastará esvaziar o conteúdo e repor o órgão na cavidade ab-
dominal. No caso de torção do ceco é necessário rodar e re-
por o órgão sendo o prognóstico favorável se a intervenção
for precoce. Casos de neoplasia e necrose da gordura não
justificam cirurgia por terem tendência a recidivar. O trata-
mento de peritonite está descrito noutro lado (v.).
trid) ou neostigmina (0,02 mg/kg SC). Meio quilo de ca fé
Intensa fluidoterapia (soro fisiológico + KCI) é essencial em per os estimula motilidade GI em vacas adultas e em vitelos
qualquer situação devendo ser iniciada ainda antes da ci- altas doses de eritromicina (8mg/kg) tem mostrado acção
rurgia. Transfusões sanguíneas podem ser úteis. no esvaziamento do abomaso.

O íleo paralítico normalmente resolve -se quando se elimi- Não há nenhuma atitude que previna completamente a
na a causa primária como, por exemplo, a dor. Se tal não ocorrência de obstruções intestinais. Evitar forragens muito
acontecer administrar, mantendo o animal sob apertada grosseiras em vitelos pode reduzir a incidência de fitobe-
vigilância, substâncias com acção procinética como meto- zoares. O íleo paralítico pode ser evitado com tratamento
clopramida (0,1 mg/kg, se, bid), betanecol (0,07 mg/kg, se, analgésico adequado em peritonites.

PERITONITE ABDÓMEN AGUDO, ANEMIA, DESIDRATAÇÃO


COPRÓSTASE,PROSTRAÇÂO

ETIOLOGIA PATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA


Em bovinos quase todas as peritonites resultam Os bovinos têm uma enorme capacidade
de infecção bacteriana da cavidade peritoneal. de controlar os efeitos das peritonites.
Por apresentarem quadro clínico, evolução e tratamento A resistência dos bovinos a peritonites advém da sua capa-
muito semelhantes agrupamos aqui a maior parte das cidade de circunscrever a infecção abdominal através da
situações que causam peritonite, nomeadamente: mobilização imensa de fibrinogénio e compartimentaliza-
Úlceras de abomaso perfuradas; retículo-peritonite trau- ção do abdómen pelos reservatórios gástricas e omentos.
mática; ruptura de outras porções do TGI; ruptura uteri- Deste facto resulta uma maior prevalência de peritonites
na; onfalites; ruminites; ruptura de abcessos peritoniais. localizadas versus peritonites difusas. As peritonites localiza-
As peritonites iatrogénicas são frequentes nomeada- das geralmente causam aderências e abcessos que só são
mente após: cirurgia; trocaterização do rúmen; abdomi- descobertos em cirurgias ou após abate. Frequentemente
nocentese ou injecções intra-peritoneais; resolução de abomasos deslocados estão aderentes ao peritoneu parie-
distócias e aplicação de produtos efervescentes em úte- tal não tendo sido evidente quaisquer sinais de peritonite
ros com metrite. anterior nesses animais.

Algumas destas doenças (e.g. úlceras) são abordadas de for- Também devido à circunscrição da resposta inflamatória é
ma mais pormenorizada noutro local. possível concentrar o exame na zona do insulto - abdómen

ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


anterior no caso de úlceras do abomaso ou reticulo-perito- muito evidentes tendo bordos arredondados e muita fibrina
nite traumática e abdómen caudal no caso de cirurgia, peri- em redor. O cheiro do conteúdo peritoneal é nauseabundo.
metrite ou ruptura intestinal.
Peritonites crónicas apresentam muita fibrina e peritoneu
O íleo paralítico que ocorre na fase aguda da peritonite pro- espessado.
vavelmente resulta de um reflexo inibitório devido à dor.

Os agentes mais comuns em peritonites são coliformes,


DIAGNÓSTICO
anaeróbios (Fusobacterium necrophorum) e T. (Arcanobacte-
rium) pyogenes. Valor elevado de fibrinogénio é a característica mais
típica de peritonite.
Numa primeira fase ocorre leucopenia com neutropenia a
LESÕES que se segue leucocitose com neutrofilia. Casos mais arras-
Lesões de peritonites localizadas são por vezes difíceis de tados podem revelar neutrofilia com desvio à esquerda. A
encontrar em bovinos adultos e caracterizam-se por ade- desidratação leva a aumento do hematócrito. As proteínas
rências e abcessos. totais estão diminuídas. Normalmente há alcalose metabó-
lica excepto em casos hiperagudos com toxémia.
Acumulação de líquido com grande quantidade de fibrina e
eventualmente sangue e ingesta, é típico de peritonites agudas A abdominocentese é uma importantíssima arma de diag-
por ruptura de vísceras. As úlceras do abomaso rupturadas são nóstico e prognóstico (ver técnica no Cap. 1). Presença de

SINAIS CLÍNICOS Após uma breve fase de fezes mais líquidas segue-seco-
prostase ou passagem de poucas fezes com muco. Há
A dor abdominal mais ou menos localizada
atonia ruminai com timpanismo, mas podem ser ouvi-
é a característica principal das peritonites.
dos borborigmos no lado direito. O som de marulho à
A exibição de dor por peritonite em bovinos deve ser auscultação com sucussão é muito raro.
alvo de um exame cuidado porque a lesão pode ser
Pode haver hipertermia na fase inicial da infecção, mas
muito localizada, os bovinos disfarçam bem sinais de
geralmente a temperatura rectal está dentro do intervalo
dor e a parede abdominal é espessa não permitindo
de referência ou mesmo um pouco abaixo. Há inapetên-
facilmente palpação profunda. Os sinais mais frequen-
cia total ou parcial.
temente exibidos são: respiração exclusivamente torá-
Nas peritonites crónicas há emagrecimento, anemia e
cica, cifose, pontapear ligeiramente o abdómen ou re-
picacismo.
sistência a executar certos movimentos (e.g. descidas
ingremes). Deve-se tentar incitar a dor através de pal- A palpação rectal é valiosa especialmente nas peritonites
pação profunda ou "teste do pau" - o animal geme (co- caudais sendo possível (nalguns casos) sentir o mesenté-
locar estetoscópio sobre a traqueia), pontapeia o ope- rio espessado e crepitação quando o braço avança. Por
rador ou tenta-se afastar dele e mantém-se em cifose vezes são palpadas aderências, mas que podem ser anti-
mesmo depois da pressão aliviada. A compressão so- gas e não relacionadas com a doença actual. Normal-
bre as vertebras dorsais provoca lordose em animais mente não há fezes na ampola rectal e a palpação pro-
sãos mas mais dificilmente em animais com dor abdo- move sinais de dor com tenesmo que se pode manter
minal. mesmo depois de retirado o braço.

A localização da origem da lesão pode ser averiguada Nos casos de peritonite difusa e extensa (geralmente por
através da resposta à palpação - no caso de reticuloperi- ruptura de órgão GI ou útero) pode ocorrer morte em
tonites a dor é maior junto ao apêndice xifóide ou à es- poucas horas ou choque séptico - depressão, prostra-
querda deste; no caso de úlceras perfuradas a resposta é ção, enoftalmia, taquicardia ... que podem inclusive
maior no lado direito (anterior); nas rupturas intestinais, mascarar sinais de dor abdominal.
cirurgias abdominais e após problemas obstétricos a dor As sequelas mais habituais das reticuloperitonites trau-
é maior na pressão do abdómen posterior direito ou na máticas (por penetração de corpo estranho perfurante)
palpação transrectal. são: a indigestão vagai (v.) e reticulopericardites (v.)

ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


muito líquido, t urvo, espuma e níve is elevados el e proteína
e leucóc itos, significa µeritrn 1ite na fc1se aguda A p resença
de ingesta significa haver rurtura d e urna víscera (e.g. úlce-
ra d o abo111aso). Po uco líquido, espesso e co 111 cocígul os de
fibri11 a ocorre nurna f;ise mais t cirdi u. Peritonites cró ni cas
podem 11i1du revelar ri a abdor11ir1oce ntese.

A ultrasonog rafi a é essencialmente l'rtil ern vitel os, revelan-


do acum ulaç5o d e líqu ido e fi bri na .

Detec tores de m etais permitem co nfirmar a pl'ese11ça d e


obj ectos metálicos néls reticulo-peritor1ites tlaumá t icas (v.),

TERAP UTIC E PREVENÇÃO


Nas peritonites difusas é aconselhada a lavagem
peritoneal.
Agressões locali zad as co rn perito nites circunscritas devem
ser tratadas com antimicrohianos de largo espect ro (a rnoxi-
cili11a co rn ác. cla vu lâ nico, cefalosporin as, su lfam id as pote n-
ciad as ou oxitetrc1 c iclina). A ad111i11i straçi\ o de AIN Es, pura
comba ter a cior e fa vorece r o a1ieti te, permite recuperi1ção
ma is rá pid é1 e menor q uel.Jri1 de prod ução.

Nas pel'ito nites d ifuséls a abo rdagem depende da o ri9ern,


iclade do a11i111al e valor ec onómi co, O tratamento conser-
vud o r é idê11tico ao das peritonites loca li zadas, rna s deve
se r acom panhad o ele fl uidoterap ia - g randes qu,rn t idacles
de fl uidos isotóni cos (e.g. NaCI 0,9% ou Lactato de Rin9er).

An imais wiliosos, o u quando se udivir 1he a ir 1suficiência do tra-


l c1111ento a11tibiótico, devem ser suj eitos a laparoto111ic1 co m la-
vagem peritoneal - i11troc1ução ele 1 litro (,mimais jovens) a 5 li-
tros (ad ultos) de ág ua des til ada com iodopovidona seguicla de

118DÓMEN AGUDO, I\Ll rnllÇÃO 00 l'Ei1FIL llllDOMIN/11.


remoção por sifonagem. Repetir o processo as vezes necessá-
rias para remoção de líquido e material infectado. Usar líquido
aquecido, principalmente em casos de debilidade cardiovascu-
lar. No final introduzir 2 a 3 litros de solução a 1% de iodo (1 litro
de soro fisiológico + 100 mi de iodopovidona a 10%}. O valor
da administração de antibiótico intraperitonea l é polémico e
provavelmente os resultados não justificam o custo acrescido.
quando há muito exsudado. O maneio destes animais deve
A cirurgia também pode ser útil para resolução da causa ser cuidadoso e inclui - separação em parque isolado, boas
prim ária - sutura de úlceras ou soluções de con tinuida de camas, alimen to altamente palatável, águ a ad /ibitum e vigi-
num útero pós-parto. A existirem aderências estas devem lância apertad a.
ser preservadas excepto se impedirem o acesso a zonas
A prevenção depende da causa. Ve r úlcera do abomaso (v.)
onde a intervenção é essencial.
e reticul o-pericardites (v.). Colocação de íman em todas as
Antibioterapia parenteral de largo espectro e AINEs de 12 vacas é uma boa prática. Assepsia apertada nas interven-
em 12 horas. A colocação de um dreno é aconselhada ções cirúrgicas e nas injecções intraperiton iais.

ABDÓMEN AGUDO· ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


METEORISMO ESPUMOSO ALTERAÇÃO PERFIL ABDOMINAL ESQUERDO
ABDÓMEN AGUDO

ETIOLOGIA
O gás produzido na fermentação microbiana fica
aprisionado na forma de pequenas bolhas muito
estáveis.
Considerado um tipo de timpanismo primário, em con-
traste com o timpanismo gasoso que é sempre secun-
dário a uma lesão ou doença.

As condições propícias à formação de espuma são: inges-


tão de grandes quantidades de leguminosas ou de dietas
com elevadas percentagens de concentrado (especialmen-
te em farinha). Este tipo de alimentação promove a produ-
ção e acumulação de substâncias que evitam a confluência
do gás produzido e a sua eructação. Um conteúdo à base
de partículas de alimento muito pequenas favorece o apri-
sionamento do gás produzido,

As plantas forrageiras com elevado potencial de causar me-


teorismo espumoso (ME) são luzerna (Medicago sativa) e cer-
tas espécies de trevo (Trifali um repense Trifali um pratense). Por
vezes ocorre ME por ingestão acidental de grandes quantida-
des de outras plantas, como tremoço ou tremocilho.

EPIDEMIOLOGIA
A adaptação do bovino a pastagens potencialmente
causadoras de ME é possível (> 1semana).
1 '

Parece haver predisposição de idade (mais novos), raça e


mesmo de indivíduos, provavelmente relacionada com di-
ferenças na velocidade do trânsito alimentar ou na produ- No ME por leguminosas o início é súbito e a evolução hi-
ção de saliva. A fase do dia em que os animais têm acesso a peraguda, enquanto aquele que ocorre nas engordas é
pastagens com leguminosas também influencia a preva- mais insidioso e arrastado. Isto deve-se à diferença na etio-
lência e gravidade do ME, sendo que os pastos jovens e patogenia: no primeiro há rápida degradação e digestão
com orvalho são os de maior risco. É possível surgir ME em das folhas com libertação imediata dos componentes dos
animais alimentados com feno de leguminosas. cloroplastos, proteínas solúveis, saponinas e pectinas, en-
quanto que no ME típico de feed-lots, é preciso o desen-
volvimento de uma microflora especializada na produção
PATOGENIA
de mucoproteínas, que aumentam a viscosidade do con-
O ME não ocorre por alteração da motilidade ruminai, ao teúdo.
contrário de algumas formas de timpanismo gasoso.
Fisiologicamente as contracções ruminais secundárias con-
Há duas populações especialmente predispostas a fazer ME duzem o gás acumulado até ao cárdia para ser eructado,
- animais alimentados por leguminosas e bovinos de en- mas no caso de haver espuma dois factores impedem a sua
gorda ou leiteiros alimentados com um ratio concentrado/ expulsão: o cárdia não abre em resposta a outro compo-
fibra muito elevado (>70% de concentrado). nente que não gás e a espuma ocupa todo o rúmen não se

ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


O DD deve ser feito com timpanismo secundário (ver exem-
SINAIS CLÍNICOS plos na Tabela da pág. 95) no qual é possível ext rai r g randes

Após entubação ou trocaterização de um quantidades de gás. Casos menos graves devem ser dife-
animal timpanizado, a saída de pouco ou renciados de indigestão vagai, acidose ruminai subclinica e
nenhum gás confirma a presença de espuma. indigestão simples. O DD de casos de morte súbita deve
incluir carbúnculo, acidose ruminai aguda e clostridioses.
O primeiro sinal é o de abaulamento do abdómen,
principalmente evidente no flanco esquerdo mas que
pode estender-se para o lado direito em casos extre- TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
mos. Há sinal de desconforto com o anima l irrequieto,
Administrar pelo trocater ou tubo esofágico
a pontapear o abdómen e gemer. A percussão com
compostos tensioactivos (250 a 500 mi), destinados
auscultação revela um som timpânico ou maciço, mas
a faci litar a coalescência das pequenas bolhas de gás
nunca metálico. Com a continuação da distensão os
e a sua eructação.
sinais de dor e dificuldade respiratória tornam-se mais
evidentes - gemidos a cada expiração, opistótonos, Qualqu er óleo mineral, surfactante ou emulsionante sintéti-
boca aberta com língua estendida, ptialismo e espu- co (por exemplo, um detergente) é útil no combate à for-
ma na boca. Há aumento da frequência respiratória e mação de espuma.
cardíaca, por vezes com sopro sistólico audível. Em casos hiperagudos deve ser efectuada ruminotomia de
O ME hiperag udo é caracterizado por morte súbita de urgência para extracção d espuma. Vo lta r a encher o rú-
vá rios animais a comer pasto rico em leguminosas. No rnen com água, feno de gram íneas, conteúdo ruminai de
ME de animais com alimentação concentrada, os si- um animal são e óleo mineral. Após trocaterização ou rumi-
nais clínicos são mais subtis sendo apenas evidente a notomia deixar cânula ou criar fístula artificial. Alterar ali-
excessiva convexidade do flanco esquerdo e um ema- mentação dos restantes animais da manada ou retirá-los da
grecimento prog ressivo. pastagem.

Em casos sub-agudos reduzir o aporte de concentrado e


favorecer a salivação fornecendo feno de gramíneas, pala-
tável e de alta qualidade.
acumulando num local que promova a evacuação. A espu-
ma vai distendendo o rúmen até eventualmente causar in-
suficiência respiratória e cardíaca.

LESÕES
Congestão e hemorragias nas zonas periféricas do
abdómen permitem distinguir timpanismo que foi
causa de morte daquele que se produziu pós-morte.
O rúmen apresenta paredes tensas e conteúdo homogé-
neo e espumoso. Como na fase terminal da doença aguda
há regurgitação do conteúdo ruminai, pode haver espuma
nas narinas e traqueia.

DIAGNÓSTICO
O quadro clínico e conhecimento da dieta recente é
geralmente suficiente para o diagnóstico.
A capacidade de fazer uma prega de pele na zona do cava-
do do flanco esquerdo, dá uma ideia do grau de timpanis-
mo - se não for possível fazer prega a situação é preocu-
pante e exige intervenção imediata.

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇAO DO PERFIL ABDOMINAL


Existem várias medidas destinadas a prevenir ME. Entre elas • Não dar acesso a pastagens de risco a animais com muita
destacam-se: fome (e.g. fornecer feno antes).

• Correcto maneio das pastagens de leguminosas, nomea- • Nas engordas e explorações leiteiras com dieta intensiva
damente obrigando os animais a comer a planta toda e não reduzir a percentagem de fibra efectiva para níveis
não só as folhas (e.g. cercar áreas pequenas). inferiores a 30-40%.
• Espalhar substâncias tensioactivas sobre pastos ou forragens
• Fazer consociações com gramíneas (50%).
perigosas. A monensina altera o tipo de fermentação redu-
• Introduzir gradualmente (poucas horas por dia) os ani- zindo os riscos de ME em feed-lots, mas o uso não terapêuti-
mais nas pastagens de risco. co destes antimicrobianos é actualmente proibido na UE.

ACIDOSE RUMINAL AGUDA ABDÓMEN AGUDO• TIMPANISMO


DESIDRATAÇÃO• MORTE SÚBITA

ETIOLOGIA
Ingestão de grande quantidade de carbohidratos
facilmente fermentescíveis (e.g. cereais, concentrado).
A fermentação bacteriana rápida do amido dá origem a
uma redução drástica do pH ruminai(< S) por acumulação
de grandes quantidades de ácido láctico.

EPIDEMIOLOGIA
Em bovinos trata-se de uma situação acidental
geralmente associada ao acesso de animais jovens
a sacos de concentrado.
A situação é tão mais grave quanto maior for a quantidade
ingerida. O tipo de alimento também importa sendo que
grão partido (ou farinha) é mais perigoso do que grão intei-
ro e trigo mais perigoso do que milho.
Se o processo superar a capacidade homeostática de con-
trolo da acidose, há morte rápida. No caso dos animais so-
PATOGENIA breviventes pode seguir-se uma alcalose metabólica com-
O ácido láctico é fortemente osmótico, levando à pensadora.
passagem rápida de fluidos para o interior do tracto GI.
As alterações típicas da doença iniciam-se poucas horas LESÕES
após a ingestão do amido. Primeiro há desenvolvimento de
Streptococcus bovis com a já referida produção excessiva de Rúmen tenso cheio de gás e fluido com cheiro
ácido láctico e descida do pH. Daqui resulta a morte de ou-
adocicado.
tras populações de microorganismos, a passagem de mais Muitas vezes ainda se encontra no interior do rúmen os ce-
água para o interior do rúmen e a absorção de ácido dando reais ou ração por digerir. A mucosa do rúmen "descola" fa-
origem a acidémia. cilmente e por baixo nota-se hiperémia e congestão.

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


DIAGNÓSTICO
SINAIS CLÍNICOS
Não são detectados protozoários no fluido
A anamnese é importante para confirmar o ruminai.
acesso do animal a um excesso de concentrado.
O pH ruminai pode não ser útil no diagnóstico, excepto
Em algumas situações hiperagudas o animal é encontra- numa fase precoce, porque os diversos sistemas tampão
do morto com forte timpanismo, ainda ao pé dos sacos vão actuando (e.g. saliva). Hematócrito e proteínas totais
de ração. Os casos agudos caracterizam-se por depres- muito elevados. O pH sanguíneo está baixo (<7,3) e há defi-
são, taquicardia, ataxia, atonia ruminai, timpanismo (per- cit de base.
fil abdominal em tonel), dor abdominal intensa, tenes-
mo, respiração de boca aberta e ptialismo. Aauscultação
com percussão ouve-se som timpãnico ou ligeiramente TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
metálico. Com sucussão ouve-se líquido a chocalhar e o Rápida perfusão de bicarbonato de sódio
animal mostra desconforto. Os olhos estão encovados, endovenoso numa fase inicial do processo.
as extremidades frias e há perda da "prega de pele" no
Continuar com intensa fluidoterapia com soluções isotóni-
flanco. Pode seguir-se diarreia. Finalmente há prostração
cas ligeiramente alcalinizantes (Lactato de Ringer). Bicarbo-
e morte em poucas horas que tanto se pode dever à
nato ou óxido de magnésio oral. Antibiótico oral (e.g. clorte-
desidratação/acidose como ao timpanismo.
traciclina) e, se possível, seguido de transfaunação a partir
Animais que sobrevivem podem ser uma permanente de um animal saudável.
fonte de problemas, como sejam: indigestão crónica
Sendo um acidente a prevenção faz-se dificultando o
com fraco crescimento (hiperqueratose ruminai), clau-
acesso de animais a sacos de ração, farinhas ou grãos de
dicações (laminites) e poliencefalomalacia.
cereais.

INDIGESTÃO VAGAL ALTERAÇÃO PERFIL ABDOMINAL


DIARREIA• BRADICARDIA

ETIOLOGIA PATOGENIA
A indigestão vagai (IV) caracteriza-se por uma A doença resulta de uma acção sobre as fibras no
disfuncionalidade do trânsito gástrico, nervo vago ou sobre os seus receptores na parede
tradicionalmente atribuída a lesões do nervo vago. do reticulo-rúmen.
Existem várias formas de indigestão vagai, tendo sido pro-
EPIDEMIOLOGIA posta a classificação em quatro tipos:

Doença mais comum em vacas leiteiras com história • Tipo 1- incapacidade de eructar gás produzido no rúmen.
de doença inflamatória abdominal anterior. Geralmente resulta de compressão no nervo vago por le-

Vitelos com história de pneumonia por vezes apresen- sões (e.g. abcessos, fibroses, neoplasias) encontradas a ní-

tam timpanismo crónico que poderá ser consequência vel do tórax ou cavidade abdominal.

de lesões do n. vago no seu trajecto mediastínico. A • Tipo li - estenose funcional proximal que compromete a
evolução pode ser aguda ou crónica e a mortalidade é passagem de ingesta através do orifício reticulo-omasal.
rara. Uma das principais causas das lesões nos receptores de

ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


substituída por hipotonia rapidamente (estímulo de re-
ceptores de alta tensão). As alterações na mecânica das
contracções retículo-ruminais fazem com que deixe de
haver estratificação do conteúdo e haja passagem de par-
tículas de maior dimensão para o omaso e abomaso. Isto
explica o conteúdo homogéneo, pastoso ou espumoso
do rúmen durante a IV e a acumulação de material gros-
seiro no omaso e abomaso.

LESÕES
Rúmen cheio de conteúdo com partículas
muito pequenas homogeneamente distribuídas
(não há estratificação).
Dependendo do tipo de IV pode ainda ser evidente a acu-
mulação de material fibroso/seco no abomaso. A lesão
compressiva do n. vago nem sempre é evidente, mas geral-
mente são visíveis sinais de doença inflamatória abdominal
ou torácica com acumulação de fibrina ou abcessos.

SINAIS CLiNICOS
O perfil abdominal em L (papp/e) é típico da IV.
A IV é uma indigestão crónica cuja intensidade dos si-
nais varia muitíssimo. Há inapetência parcial, quebra
de produção, desidratação ligeira, timpanismo mode-
rado crónico e som de chocalhar à sucussão do abdó-
men esquerdo. Os sinais de dor abdominal são mode-
rados ou ausentes. A auscultação do rúmen mostra
tensão do n. vago, na parede do retículo, é a retículo-peri-
redução na frequência das contracções (no início
tonite traumática.
pode haver aumento, >4/min) e estas quando ocor-
• Tipo Ili - estenose funcional distal afectando esfíncter do rem não provocam o som característico porque o
piloro e conduzindo à impactação abomasal. Este fenó- conteúdo não tem material fibroso). A percussão dá
meno pode resultar de uma lesão do ramo ventral do n. origem a som submaciço e mais ou menos homogé-
vago (teoria clássica) ou da acumulação de material gros- neo em toda a área correspondente ao rúmen. As fe-
seiro, pouco digerido e seco no interior do abomaso que zes são escassas, pastosas e com material alimentar
inibe a abertura do piloro. É provavelmente o tipo de in- por digerir (e.g. milho, palha).
digestão que ocorre após correcção cirúrgica de volvo
O facto de haver compressão do n. vago pode justifi-
abomasal.
car a bradicardia que é comum em alguns animais e
• Tipo IV - indigestão indefinida e de patogenia mal por vezes ouve-se sopro cardíaco.
esclarecida, mas geralmente associada à gestação
Na palpação rectal sente-se o saco dorsal do rúmen
avançada.
cheio e ocupando todo o hemisfério esquerdo do ab-
Apesar de haver redução de ingestão alimentar nestes dómen. O saco ventral, igualmente cheio, estende-se
animais, o rúmen-reticulo está repleto porque há uma re- pelo lado direito. O conteúdo é homogéneo à palpa-
dução na passagem de conteúdo para o omaso. Numa ção não se conseguindo distinguir material grosseiro
primeira fase este facto poderá causar hipermotilidade ru- e fibroso.
minai (estímulo de receptores de baixa tensão), mas que é

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


DIAGNÓSTICO
Devido ao refluxo abomasal os níveis de cloro no
rúmen estão aumentados (>40 mmol/L).
A bioquímica sanguínea revela alcalose com uremia, hipo-
cloremia e hipocalémia. Há aumento do hematócrito e por
vezes alterações devidas à doença primária (e.g. leucocito-
se, hiperfibrinogénio ... ). Abdominocentese permite des-
cartar peritonite.

DD com indigestão simples, meteorismo espumoso, causas


que transtornem a eructação [e.g. corpos estranhos não
perfurantes no rúmen (e.g. placenta, plásticos), obstrução
esófagica, megaesófago, fibropapiloma no cardia], DAE, ali-
mentos estragados, peritonite, neoplasias compressivas e
pequenas ulceras não perfuradas com sangue oculto.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO

É essencial a correcção da doença inflamatória


(ou outra) concomitante.

Esvaziar o rúmen com sonda e administração de 20 L de


água morna com electrólitos. Laxantes (sulfato de sódio+
sulfato de magnésio, 125g de cada). Colocação de trocater
permanente ou criação de fístula. Laparotomia e ruminoto-
mia permite confirmar causa primária e fazer lavagem peri-
toneal se houver peritonite. Transfaunação. Antibioterapia
(oxitetraciclina) e anti-inflamatórios.
Na impactação do abomaso poderá ser útil fazer abomaso-
tomia para retirar conteúdo seco e grosseiro e eventuais Prevenir tratando convenientemente as doenças infeccio-
corpos estranhos obstrutivas. Introduzir pela incisão parafi- sas e inflamatórias que podem causar lesão do nervo vago
na e vários litros de água tépida com laxantes. ou da parede do retículo-rúmen.

UROLITÍASE OBSTRUTIVA DOR ABDOMINAL• ANOREXIA• ALTERAÇÕES DA URINA


PROSTRAÇÃO•CHOQUE

ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA
Obstrução do ureter, bexiga ou uretra por cálculos Formação de cálculos é mais frequente em animais
de grandes dimensões. alimentados com uma percentagem elevada de
Outras causas de obstrução, cujos sinais clínicos podem
fosfatos ou em pastagens ricas em oxalatos ou sílica.
assemelhar-se aos da urolitíase, são: compressão pelo útero A produção de cristais e cálculos (e.g. carbonato de cálcio,
sílica ou estruvite) ocorre em ambos os sexos e nas diversas
idades, mas porque o diâmetro da uretra de novilhos cas-
trados é significativamente menor do que a de machos in- habitualmente na flexura sigmóide da uretra. Por vezes
teiros, a obstrução é mais provável naqueles. A obstrução pode ocorrer obstrução a nível do orifício do prepúcio es-
das vias urinárias em fêmeas é muito rara. pecialmente em vitelos com fimose congénita.

Dietas com ratio Ca:P inferior a 1,5:1 favorecem a formação Com a evolução da obstrução desenvolve-se um estado de
de cálculos, assim como o pH alcalino da urina. A carência urémia pós-renal que atinge proporções letais no caso de
em água também é um factor de risco por aumentar a con- ruptura das vias urinárias. A pielonefrite e hidronefrose são
centração da urina. complicações frequentes da urolitíase obstrutiva parcial ou
quando apenas um dos ureteres está obstruído.

PATOGENIA
Obstruções podem ser parciais ou totais, de que LESÕES
depende a gravidade dos sinais. Presença de cálculos pequenos no rim, bexiga
Os cálculos ocorrem pela deposição de minerais em redor
ou uretra não deve ser considerado diagnóstico
de um centro orgânico (mucoproteína). A obstrução ocorre
de urolitíase só por si.
Muitas vezes há lesões de cistite. Na obstrução nota-se grande
acumulação de urina a montante com aumento do diâmetro
SINAIS CLÍNICOS da uretra, excepto se já houve ruptura. No caso de ruptura da
uretra há infiltração dos tecidos e no caso de ruptura da bexi-
Intensidade dossinais vai aumentando ga há fibrina e muito fluido no abdómen com cheiro caracte-
com o acumular de urina culminando rístico (se líquido for aquecido o cheiro é mais evidente).
em choque se houver ru ptura.
Os sinais que despertam primeiro a atenção são os
de depressão, isolamento, sinais de cólicas ligeiras DIAGNÓSTICO
(e.g. gemidos, bruxismo, pontapear, agitar frequen- É de esperar a presença de alguns cálculos
temente a cauda, irrequietude), andar estranho e na urina de vitelos de engorda alimentados
timpanismo moderado. Seguem-se sinais cada vez com concentrado.
mais evidentes de disúria (desconforto a urinar),
Se ainda houver passagem de urina esta revela numerosos
polaquiúria (urinar repetidas vezes) e incontinên-
eritrócitos, células epiteliais e agregação de cristais. A alga-
cia. Animal vocaliza quando tenta urinar. A pouca
liação em machos é muito limitada e normalmente não
urina que sai vem muitas vezes com sangue vivo.
atinge o cálculo, próxima à flexura sigmoide.
Em casos extremos pode haver imediatamente
anúria com sinais de cólicas intensas. A palpação Análise sanguínea revela hipocloremia e urémia (particular-
rectal mostra uretra e bexiga distendida, dor, pre- mente elevada se houver ruptura da bexiga), assim como
sença do cálculo e por vezes um pulsar na uretra níveis elevados de creatinina e potássio.
pélvica. Na extremidade do prepúcio sente-se uma
"areia" aderente aos pêlos ou visualizam-se peque-
nos cálculos.

No caso de ruptura da uretra há tumefacção ventral


ao longo do prepúcio e às vezes até ao tórax. Na obs-
trução do prepúcio há acumulação de urina no inte-
rior deste dando o mesmo aspecto da ruptura uretra!.

Na ruptura da bexiga há primeiro um surpreendente


alívio da dor, seguido de distensão abdominal, sinais
de uremia (e.g. taquicardia, vasos da esclera engorgi-
tados, hipotermia) e morte em poucas horas.

Ecografia mostra bexiga e uretra muito cheia ou fluido


abdominal se já houve ruptura.

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


Abdominocentese é útil em ca so de ruptura da bexiga pois
revela uroperitoneu - muito fluido com creatinina elevada
e eventualmente bactérias e cristais.
No caso de tumefacção ventral e do prepúcio deve-se ten-
tar exteriorizar o pénis para DO da ruptura, com fimose con-
génita ou adquirida.

TERAPÊUTICA E PREVENÇAO
Obstrução completa implica cirurgia
ou abate de urgência.
Pode ser tentada a dissolução dos cálculos que estejam a
causar obstruções intermitentes e parciais através da acidi-
ficação da urina (e.g. cloreto de amónio 2%), mas provavel-
mente não terá grande acção sobre cálculos de grandes
dimensões. Para libertação do cálculo podem ser adminis-
trados relaxantes musculares. NUNCA USAR XILAZINA devi-
do à sua forte acção diurética. Antibióticos combatem in-
fecções secundárias evitando inflamação que pode
estrangular mais as vias urinárias. Em caso de fimose au-
mentar abertura por cirurgia, lavar o prepúcio e fazer anti-
bioterapia.

Os casos de ruptura não são candidatos a tratamento e de-


vem ser eutanasiados.

/\ prevenção fnz-se, na engorda, garanti ndo n/veis ade-


~uados de fósforo e pri ncipalmente do ratlo C:P (-2: 1).
Em situações de ri sco ou quando se notarn ris{ais no
pr púcio dos vite los jun tar cloreto de amónio (45 g/dia/
animal) ou fornecer sal ad /ibitum para aumentar o con-
sumo de água e diluir a urina. Garantir níveis adequados
de Vit. A.

Evitar as pastagens com elevada concentração de sílica ou


plantas com oxalatos, ou usá-las mais para as fêmeas.

Não castrar vitelos a não ser que seja imprescindível.

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


OUTRAS AFECÇÕES COM ABDÓMEN AGUDO
OU ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL

Causa I Sinais I Tratamento

Obstrução esofáglca por corpo estranho. Anamnese - acesso recente a batatas, laranjas, Relaxante muscular seguido
Megaesófago, normalmente de origem maçarocas .. .. Animal irrequieto, agitado, timpa- de tentativa de desobstru-
traumática. nismo rápido e severo, regurgitação regular de ção com sonda. Trocateriza-
enormes quantidades de saliva, dor abdomi- ção ruminai. Esofagostomia.
nal .. . Palpação algures no esófago do corpo es-
tranho.

Timpanismo gasoso idiopático (adultos). Tim pa nismo moderado recorrente. Inapetência Transfaunação. Ruminató-
Alteração da microflora ruminai, parcial. Fezes secas e escassas. rios. Antibioterapia oral. Ru-
fibropapiloma no cárdia, corpos estranhos minotomia.
intraruminais não perfurantes, placenta

Timpanismo gasoso idiopático (vitelos) Ti mpanismo crónico em vitelos <6 meses de Dependente da causa sus-
- ruminai drinkers (putrefacção e idade. Abaulamento do flanco esquerdo, ruído peita: mudar para leite de
fermentação de leite no rúmen); hipertrofia de líquido à sucussão esquerda, saída de gás na vaca; juntar sal ao leite para
do timo; palha grosseira acumulada no ruminocentese dorsal Animal magro apesar de estimula r fecho da goteira
rúmen; mistura de concentrado no leite e rúmen aparentemente cheio. Apetite normal ou esofágica; desmamar mais
outras causas indeterminadas. até voraz. cedo; oferecer feno de fácil
digestão
DD com deslocamento de abomaso à esquerda.

lmpactação ruminai - ingestão de grandes Abaulamento abdómen esquerdo, consistência Laxativos e fluidos por en-
quantidades de erva ou palha grosseira. dura à palpação e som maciço à auscultação tubação oral. Ruminotomia
Oferta de alimento pouco digestível a com percussão. Sinais de dor abdominal. Pode com retirada do conteúdo
animais com fome. ocorrer morte por insuficiência respiratória, Con- ruminai
teúdo desidratado.

Timpanismo abomasal idiopático e Vitelos 1-5 meses Difícil perceber qual é a vísce- Correcção de erros alimen-
abomasite em vitelos - soluções ra distendida - retirar ar do rúmen através de tares.
electrolíticas hipertónicas, tricobezoares ou sonda e reexaminar. Ruído de marulho à direita Fluidos via parenteral ou
palha grosseira no abomaso, falta de acesso quando se agita abdómen. Dor abdominal espe-
oral. Antibioterapia.
a água, carências (vit. E e vlt. A), refeições cialmente na palpação do abdómen ventral di-
volumosas a horários inconstantes. reito. Fezes diarreicas por vezes com sangue. Abomasotomia.
Infecções: 5. typhimurium, Sarcinia sp Depressão, magreza e desidratação.
ou C. perfringens A. Lesões do ramo ventral
Muitas vezes complicado por úlceras. Apresen-
do nervo vago.
tam alcalose com hipoclorémia.

lmpactação do omaso ou abomaso em Sinais de DAD sem ser audível "ping" - distensão Cirurgia com esvaziamento
adultos - dieta à base de forragens muito e dilatação abdominal direita ligeira, inapetência do abomaso Introduzir pa-
grosseiras. Corpos estranhos (e.g. areia). e depressão. Fezes secas e escassas. rafina ou óleo mineral. Mui-
tos fluidos ora is.
DD com indigestão vagai

Enterite hiperaguda idiopática Cólicas intensas em vitelos com cerca de 2-3 Antibioterapia e antiespas-
(não diarreia neo-natal). meses sem sinais de desidratação. Distensão ab- módicos ou AINEs, Fluido-
Causa desconhecida. dominal com som de marulho à sucussão. Fezes terapia.
moles e malcheirosas

ABDÓMEN AGUDO, ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL


Causa I Sinais J Tratamento

Atresia coli (mais comum) e atresia ani , Defe ito co ng énito q ue p od e ir d e urna si mp les Cirurg ia com anasto rn o se
interrupçã o d o ll'.1111en até sepa rac;ão e afasta- d as extremida des em an i-
Hereditário?
1nento de d uas porções cio cólo n No p rim eiro m ais corn alto valor.
dia de vidd o apetite e co111por ta111ento são nor-
mais m as 11iio hêi exp ulsão do 1necó 11io. A p artir
cio 2.0 - :, . 0 d ia há distensão abd o m inal bilate ra l,
sinai s de dor i1 bdo111i11al intensd e prostração. A
desid rataç,io pod e não ser evidente, m as ao fi m
de 24 -48 ho ras o an ima l entra em choq ue e
m or re. Ecografi a. laparotom ia o u lap aroscopia
ajud am a co nfi rm ar d iag nóstico

Cistite (Infecção ascendente muitas vezes Raro em bovinos Disllria, po laqu il'.1ria, he111atl'.11i a A11tibioterapia - ce falos po-
por E. coli) . e i11continência Pil lpaçao t ra 11 srectal da bexiga rinas
- parede espessada e dor

Pielonefrite (Corynebacterium rena/e Sinais d e do r ab d o m inal - c ifose, ranger de idem


e outras bactérias). de11tes, voca lização - espec ialm er1te dur ante a
micção urn rirn co m forte cheiro a i1111or1iaco
faz su speitar d e ir1 fecç ão po r (. rena/e.

Tene sm o. Feb re. Ri111 au m entado e dorido à pa l-


TJ mbém penic ilinil.
pação. Hem Jt l'.1ria, polaq uiúriil, incontinência.

Outras causas (v.) - torçào uteri11a, hidropisia, er1terotoxémia, carbúriculo hemático, tétano, hipocalcérnia. gastro-er1ter ites por plar1tas
tóxicas.

ABDÓMEN AGUDO · ALTERAÇÃO DO PER FIL ABDOMINAL


,\ ~ í)ÓMF .\1 ,\(;l)I)() • /\LTI: fl/1( Á'.) l)f.) f>I. Hf 11. i<1mo11:11 MJ\I.
ABOOMFN AGU()O · /\l l ~HAÇÁO DO l'lRfll ;\lll)OMINAL
LESÕES ORAIS

As lesões da boca são os principais sinais detectados em Lesão ligeiramente saliente e plana. Pseudo-membrana:
várias doenças porque a cavidade oral é frequentemente camada composta de fibrina, leucócitos e bactérias que co-
exposta a traumatismos, funcionando como porta-de- bre uma lesão mais ou menos extensa da mucosa. Geral-
-entrada e primeira localização de importantes infecções, e mente confere mau cheiro ao hálito. Pústula: Lesão bolho-
porque é uma mucosa onde se expressam sinais de várias sa contendo exsudado purulento. Úlcera: Perda profunda
doenças sistémicas. Para além disso a mucosa da cavidade da mucosa atingindo o tecido conjuntivo, consequente a
oral é uma das mais facilmente observadas. necrose de tecido infiamatório. Os bordos são elevados e a
zona central escavada. De difícil cicatrização. Vesícula: Le-
O tipo de lesões orais varia muito e o seu significado é geral-
são elevada, bem circunscrita com líquido no interior e com
mente muito específico. Daí a necessidade de se definirem
menos de 5 mm.
bem os termos normalmente usados na sua descrição.
A localização da lesão também é uma importante informa-
Afta: pequena lesão dolorosa que atinge o tecido conjunti-
ção para o diagnóstico, o que implica um exame metódico
vo e caracterizada por bordos bem delimitados avermelha-
e completo mesmo das zonas do pós-boca.
dos e zona central acinzentada. Geralmente são múltiplas;
Bolha: Lesão elevada com líquido no interior e com mais Os sinais comuns às várias doenças neste grupo são: ptialis-
de 5 mm de diâmetro. Crosta: Acumulação de exsudados e mo, dificuldade da preensão, mastigação ou deglutição, há-
tecidos necrosados ressequidos. Apenas presente nas zo- lito alterado e comportamentos orais anormais. Os animais
nas de transição com pele (e.g. comissura bocal e lábios). ruminantes por vezes deixam cair o bolo ruminai quando
Erosão: Lesão da camada superficial da mucosa (epitélio), este é regurgitado para mastigação, sendo encontrados es-
de origem traumática ou, mais frequentemente, após rup- palhados nos parques. Algumas situações não patológicas
tura de uma vesícula ou bolha. Nódulo: Lesão firme, eleva- (e.g. mudança de dentes) podem expressar temporariamen-
da e arredondada com mais de 5 mm de diâmetro. Placa: te alguns dos mesmos sinais.

ACTINOMICOSE TUMEFACÇÃO ÓSSEA• ABCESSO• GRANULOMAS


PTIALISMO • EMAGRECIMENTO

ETIOLOGIA
Osteite/osteomielite causada pela bactéria Gram
positiva Actinomyces bovis
Bactéria comensal na cavidade bocal dos bovinos

EPIDEMIOLOGIA
Doença infecciosa mas não contagiosa.
Cosmopolita. Doença muito esporádica que pode surgir
na forma aparente de surto quando as condições de
maneio alimentar (alimento grosseiro) favorecem a in-
vasão da bactéria. Afecta mais frequentemente animais
adultos.

LESÕES ORAIS
PATOGENIA
Porta de entrada através de soluções
de continuidade na cavidade bocal.
Lesões ou erupção dos molares permitem penetração da
bactéria nos tecidos peribocais. Migração e infecção do osso
da maxila e/ou mandíbula causando lesão piogranulomato-
sa que acaba por supurar para o exterior. Infecta raramente
parede do rúmen, retículo e esófago (actinomicose ruminai).

LESÕES
A lesão óssea é a única evidente.
Osso rarefeito, abcessos com pus amarelado e extensa fi-
brose em redor das zonas infectadas. Na actinomicose ru-
minai encontram-se lesões granulomatosas com pus na
parede do esófago, goteira esofágica e retículo.

DIAGNÓSTICO
Quadro clínico da doença típica é patognomónico.
SINAIS CLÍNICOS Na fase inicial pode ser confundido com abcessos de outra
origem, infecção da raiz de um molar, actinobacilose, necro-
Lesão típica é indolor, dura e aderente ao osso.
bacilose oral, traumatismo, fractura ou neoplasia óssea. A
As localizações mais frequentes são na maxila abaixo forma digestiva deve ser diferenciada de retículo-peritonite,
do olho e no ramo horizontal ou no vértice da mandí- abcesso peritoneal, papiloma no cárdia e indigestão vagai.
bula. Inicia-se como uma tumefacção discreta que
não afecta apetite ou ruminação. Não causa hiperter-
mia. À medida que aumenta de dimensão torna-se TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
palpável. Ao fim de várias semanas supura um pus cre- Muitas vezes as lesões são detectadas tarde demais
me, com grânulos amarelados e sem cheiro. As lesões para um tratamento efectivo.
crónicas podem manter-se durante anos, fechando e
O tratamento antibiótico (penicilina, estreptomicina ou
supurando regularmente. As lesões antigas são preen-
oxitetraciclina) só será útil numa fase muito precoce.
chidas por tecido de granulação, por vezes exuberan-
te. As raízes dos dentes podem ser afectadas causan-
Curetagem e desbridamento cirúrgico em abcessos
únicos, mas a recuperação do animal é lenta. Lavagem
do dor intensa. Porque a preensão, deglutição e
dos abcessos com solução iodada. Iodeto de potássio
ruminação são afectadas, estes animais são pouco
oral (10 gr/ dia) ou iodeto de sódio (solução 10%;
produtivos e apresentam uma condição corporal mui-
1 ml/10kg) por via IV durante uma semana pode ser
to baixa. Se a maxila está afectada pode haver disp:
tentado em vacas valiosas, mas o sucesso é reduzido.
neia de esforço.
Atenção aos sinais de intoxicação por iodo e à possibi-
A actinomicose ruminai caracteriza-se por disfagia,
lidade de aborto.
timpanismo crónico e, diarreia com matéria alimentar
A prevenção faz-se essencialmente evitando alimentos de-
por digerir.
masiado grosseiros (e.g. palha de milho).

LESÕES ORAIS
ACTINOBACILOSE TUMEFACÇAO SUBMANDIBULAR • PTIALISMO
DISFAGIA • LfNGUA ESPESSADA

ETIOLOGIA
Actinobacillus /ignieresii é uma bactéria Gram
negativa comensal na boca e rúmen.

EPIDEMIOLOGIA
Doença infecciosa e não contagiosa.
Casos esporádicos, excepto se condições ambientais favo-
recerem o desenvolvimento de lesões orais (e.g. ingestão
de material grosseiro). Assistimos a um grande número de
casos em vacarias com camas de "mato" que incluía urze,
silvas etc ...

PATOGENIA
Penetração da bactéria através de lesões na língua
e gengivas.
A grave inflamação granulomatosa que provoca na língua jus-
tifica o nome pelo qual a doença também é conhecida - lín-
gua de pau. Há necrose dos tecido s com formação de pus e DIAGNÓSTICO
falsas membranas. Bactéria que pode infectar feridas cutâneas.
Quadro e história clínica são geralmente suficientes.
Zaragatoa para cultura do agente. DD com necrobacilose e
LESÕES difteria oral, co rpos estranhos espetados na língua (e.g.
Língua inflamada ou atrofiada. Linfonodos arame), traumatismos iatrogénicos (e.g. garrafadas), lesão
com lesões granulomatosas. de dentição.

SINAIS CLÍNICOS
Comportamento inicial semelhante a um caso
de corpo estranho na boca.
Nas primeiras 48 horas a língua está muito inflamada
havendo dificuldade na preensão dos alimentos. Há
ptialismo e, por vezes, perda de ingesta quando ini-
ciam a ruminação. Língua dura (fibrose) e dorida à pal-
pação. Úlceras e falsas membranas na face dorsal e
ventral da língua. Quebra de produção e depressão,
mas normalmente não há febre. Linfonodos subman-
dibulares e parotídeos hipertrofiados.

Na acinobacilose cutânea surgem granulomas na feri-


da infectada.

LESÕES ORAIS
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Tratamento IV com iodetos, sulfamidas
ou oxitetraciclina.
Tratamento igual ao proposto para a actinomicose oferece Não usar material potencialmente traumatizante como ca-
resultados bastante mais satisfatórios. Lavagens da boca mas, nem fibra demasiado grosseira como alimento.
com soluções iodadas.

NECROBACILOSE ORAL - DIFTERIA ÚLCERAS ORAIS• TUMEFACÇÃO DA FACE• PTIALISMO


DISFAGIA • RESPIRAÇÃO RUIDOSA• HÁLITO NAUSEABUNDO

ETIOLOGIA
Infecção pela bactéria anaeróbica Fusobacterium
necrophorum
A bactéria é um habitante natural do tracto digestivo de
ruminantes e saprófita no ambiente.

PATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA
Lesões na boca (estomatite necrótica ou
necrobacilose oral) ou na faringe/laringe (difteria).
Éuma doença relativamente comum em vitelos de vacarias de
leite, com menos de 2 meses (estomatite) ou até aos 12 meses

SINAIS CLÍNICOS
Os sinais na difteria são mais severos.
Na estomatite os vitelos mostram disfagia discreta e
(difteria). A porta de entrada são lesões da mucosa, muito fre-
temporária, muitas vezes imperceptível. O exame mais
quentemente devido à erupção de dentes. Não é contagiosa.
cuidado mostra úlcera nas gengivas ou face lateral da
língua, mais ou menos profunda e cheia de material ne-
crótico malcheiroso. O mais comum é detectar-se os
LESÕES
animais na fase mais avançada com uma tumefacção
pouco dolorosa na gengiva, palpável do exterior. Este Laringite e faringite com falsas membranas no caso
abcesso pode supurar, por vezes para o interior da boca. da difteria.
Nos casos de difteria os vitelos mostram dispneia, febre (400C-
-4 loC), inapetência e depressão, sendo muitas vezes conftm- DIAGNÓSTICO
didos pelos proprietários com casos de pneumonia devido
Observação das lesões, o cheiro e cultura
ao ruído produzido durante a respiração. O hálito é fétido
do microorganismo a partir de zaragatoas.
e a palpação da laringe causa dor. O exame do pós-boca
permite identificar falsas membranas e tecido necrosado. DD com estomatite papulosa, corpo estranho, lesões causa-
das por tubo esofágico, erupção de dentes, abcessos e fractu-

LESÕES ORAIS
ras. No caso da difteria deve-se fazer o DD com actinobacilose,
doença respiratória, reacção anafiláctica, IBR, BRSV e BVD-MD.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
A penicilina é o antibiótico de eleição.
Muitas estomatites curam espontaneamente. Lavagem da
cavidade bocal com anti-sépticos. Lancetar abcesso no
caso de afectar alimentação.

Associar ao antibiótico analgésicos/antipiréticos e terapia


de suporte no caso da difteria. Eventualmente corticotera-
pia se edema da laringe for severo.

A prevenção faz-se por boas condições de higiene, incluin-


do das tetinas, tubos e filtros dos alimentadores automáti-
cos. A administração do colostro por garrafas ou tubo deve
ser feita com cuidado.

ESTOMATITE PAPULOSA BOVINA LESÕES ORAIS • PTIALISMO


EMAGRECIMENTO

ETIOLOGIA
Causada por um parapoxvirus (pPV) da família
poxviridae.
A estirpe normalmente isolada é pPV tipo 1, parente da
pseudovaríola dos tetos das vacas. Podem ocorrer infecções
bacterianas secundárias (e.g. necrobacilose oral).

EPIDEMIOLOGIA
Doença com distribuição mundial,
Por não ter grande impacto sobre crescimento e ter resolu-
ção espontânea, provavelmente é sub-diagnosticada. É
uma zoonose subestimada devido à evolução benigna.

PATOGENIA
grupos, onde apresenta uma morbilidade próxima dos
Por vezes surgem lesões cutâneas dolorosas 100%. Não parece constituir-se imunidade duradoura
em humanos que lidam com bovinos jovens contra o vírus. Parapoxvirus são bastante resistentes no
ou úberes infectados. ambiente e é provável que existam vectores, mas estes
Doença benigna que afecta vitelos até ao ano de vida, não foram ainda identificados. Infecta ruminantes selva-
sendo particularmente comum em lactantes criados em gens.

LESÕES ORAIS
SINAIS CLÍNICOS
Pá pulas e úlceras essencialmente na boca,
mas também no focinho e narinas.
A doença pode passar despercebida em alguns ani-
mais. Inicia-se com período de hipertermia, redução
do apetite e ptialismo. A observação cuidada da
boca revela pequenas pápulas que vão espessando e
crescendo de forma centrífuga (confluência pode
dar aspecto irregular). Os bordos das lesões são sa-
lientes e avermelhados e o centro é acinzentado. Na
boca a localização preferencial são as gengivas, pala-
to e face dorsal da língua. Os animais podem mostrar
disfagia e dor à palpação da mucosa. A recuperação
ocorre no espaço de uma semana, mas podem ser LESÕES
evidenciadas as lesões cicatrizadas durante bastante
São evidentes as lesões descritas (fase aguda)
tempo.
ou as cicatrizes.
Os tetos das vacas aleitantes podem apresentar lesões
semelhantes às descritas para a boca dos vitelos.
DIAGNÓSTICO
Material de biópsia para histopatologia permite
demonstrar as alterações típicas.
O quadro clínico, conjuntamente com a idade do animal é
o suficiente para o diagnóstico. Várias técnicas laboratoriais
confirmam a presença do vírus (PCR, imunofluorescência,
cultura do vírus ... ) ou dos seus efeitos (histopatologia). O
DD deve incluir necrobacilose oral, acesso a produtos irri-
tantes e Doença das Mucosas.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Por vezes é essencial uma terapêutica de suporte em
animais muito jovens que não se conseguem alimentar.
A cura ocorre sem que a doença cause grande inconvenien-
te e por isso raramente é tratada. Lavagens com solução io-
dada. Em casos graves podem ser usados viricidas. Trata-
mento com antibiótico se ocorrerem infecções secundárias.

LESÕES ORAIS
DOENÇA DAS MUCOSAS (BVD-MD) LESÕES ORAIS• FEBRE, DEPRESSÃO, DIARREIA
TENESMO • BLEFAROSPASMO, MORTE SÚBITA

ETIOLOGIA
A Doença da Mucosas (MD - Mucosa! Disease)
é causada por estirpes citopáticas do vírus BVD.
A Doença das Mucosas é exclusiva de animais persistente-
mente infectados (PI) com vírus BVD. Os tipos e genótipos
do vírus são os mesmos dos casos de BVD agudo (ver) .

EPIDEMIOLOGIA
Grande parte dos animais PI não sobrevive
os primeiros tempos de vida ...
. . . mas alguns não mostram sinais que os permita identificar.
Normalmente menos de 1% da população onde circula o vírus
é PI, mas podem surgir surtos de BVD-MD em virtude da infec-
ção prévia de muitas fêmeas com igual tempo de gestação e
não imunizadas. Uma vaca PI dá sempre origem a um feto PI.
pática. Este processo pode ser desencadeado pela vacina-
ção de animais PI com uma vacina viva. Animais que sofrem
PATOGENIA
infecção intra-uterina por estirpes citopáticas não sobrevi-
Fetos infectados entre os 45 e 125 de gestação vem até ao parto. A vacinação das mães pode não evitar a
por genótipos não citopáticos do vírus BVD formação de um feto PI.
permanecem PI. A idade em que surge BVD-MD varia, mas é quase exclusiva
A Doença das Mucosas surge quando a estirpe self sofre de animais jovens (<1 ano). Geralmente tem evolução rápi-
mutação ou há uma superinfecção com uma estirpe cito- da e é sempre fatal. Apesar de serem imunotolerantes ao

SINAIS CLÍNICOS
As lesões nas mucosas de todo o tracto gastro-
intestinal são a marca própria desta doença.
Lesões orais na forma de úlceras mais ou menos pro-
fundas e confluentes. Hipertermia, taquipneia, de-
pressão acentuada, diarreia ou disenteria, tenesmo,
fotofobia e finalmente prostração e letargia. Podem
surgir sinais de doença respiratória. Evolução até à
morte em poucos dias.

Os casos muito raros de cronicidade caracterizam-se


por emaciação, depressão, inapetência, timpanismo e
diarreia intermitente. Ulceração e erosões permanen-
tes da cavidade oral. Pode haver deformação das
unhas e ainda erosões e feridas de difícil cicatrização.

LESÕES ORAIS
confirma-se a entrada de animais, aparentemente saudá-
veis, na altura em que várias vaca s estavam gestantes de 2 a
5 meses.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Não há tratamento para BVD-MD.
Uma vez confirmada a causa da doença deve-se eutanasiar
os animais afectados e estabelecer um programa de vacina-
ção ou despiste de animais PI (ver BVD). No caso de surto de
BVD-MD é aconselhável enviar imediatamente para abate
todos os animais da mesma idade dos afectados.
Evitar entrada de animais sem prévia pesquisa de antigé-
nio BVD, especialmente em manadas não vacinadas. Pro-
grama vacinai em exploraçõe s com grande circulação de
animais ou que contactem outras manadas. Usar vacinas
que confiram protecção fetal. Identificação e eliminação
vírus BVD, os animais PI podem produzir alguns anticorpos de animais PI.
a estirpes heterólogas (e.g. usadas nas vacinas). Este facto
poderá dar origem a uma forma crónica (mais arrastada, até
12 meses) da doença.

LESÕES
As lesões da forma aguda circunscrevem-se ao
tracto digestivo.
Lesões orais circulares em praticamente toda a boca. Lesões
no esófago são mais lineares e longitudinais. No abomaso
- úlceras grandes com bordos elevados ou punctiformes.
Intestino congestionado e edemaciado com fibrina a cobrir
lesões de~ 1O cm sobre as Placas de Peyer. Intestino grosso
congestionado e com lesões em estrias.

DIAGNÓSTICO
Identificação de antigénio ou vírus
em material de necrópsia, sangue
ou pedaço de pele.
Análise sanguínea normalmente mostra leucopenia e trom-
bocitose. Histopatologia, imunohistoquímica, PCR e vários
outros testes podem confirmar a presença de grande quan-
tidade de vírus na parede do intestino ou baço. No caso de
surtos é importante uma boa anamnese pois geralmente

LESÕES ORAIS
OUTRAS DOENÇAS COM LESÕES ORAIS

Doença Características
1

Febre aftosa Vírus. Exótica(?). Febre alta, ptialismo, lesões orais, nos tetos e interdigiditais. Cura em semanas.
Declaração obrigatória.

Estomatite vesiculosa Vírus. Doença exótica. lnsecto vector. Febre, lesões orais e nos tetos. Cura em poucos dias.

Peste Bovina Vírus, Doença exótica. Febre, estomatite erosiva, disenteria, alta mortalidade.

Corpos estranhos e iatrogénico Arames, administração de medicamentos via oral, erupção de dentes, alimento grosseiro, etc

Língua Azul serotipo 8 Febre, mucosa nasal congestionada, corrimento purulento, ulceras nos tetos, ptialismo e língua
edemaciada e cianosada. Não descrita em Portugal.

Ver noutros capítulos - Febre Catarral Maligna e IBR-IPV

LESÕES ORAIS
DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE

As doenças cujo quadro clínico inclui estes três sinais têm • A velocidade de transporte pelo aparelho muco-ciliar,
sede quase exclusivamente no tracto respiratório. No en- crucial para a defesa do pulmão, é 50% mais lenta do que
tanto, algumas doenças respiratórias podem ter a sua ori- noutras espécies do mesmo tamanho.
gem noutros sistemas e certas doenças podem causar um • Os septos interalveolares apresentam uma espessura ele-
destes sinais (dispneia) sem haver qualquer compromisso vada e uma elasticidade reduzida. Esta forte comparti-
do aparelho respiratório. Por outro lado, algumas doenças mentação prejudica a recuperação de processos inflama-
respiratórias podem apenas apresentar um ou dois dos si- tórios.
nais referidos.
• A árvore brônquica é muito estreita e os alvéolos termi-
No exame clínico das doenças com dispneia deve haver o cui- nam em fundo de saco no final dos bronquíolos.
dado de distinguir aquelas que afectam apenas o tracto respi-
• O pulmão de bovinos normalmente apresenta poucos
ratório superior, apenas o inferior ou ambos. Um bom exame
macrófagos alveolares.
com estetoscópio geralmente permite fazer a diferenciação.
• Os bovinos apresentam uma susceptibilidade acrescida a
Igualmente importante é a distinção de corrimento nasal
M. haemolytica.
uni ou bilateral e das características do fluxo de ar pelas na-
rinas (simétrico ou assimétrico). O segundo grupo de razões resulta das condições de explo-
ração a que submetemos os bovinos e que os predispõem
As doenças respiratórias são particularmente frequentes
para a doença respiratória. Estes factores serão apresenta-
e graves nos bovinos por razões fisiológicas e de maneio.
dos com a primeira síndrome descrita nesta secção.
No primeiro grupo incluem-se as seguintes susceptibili-
dades: As doenças que afectam o aparelho respiratório podem
surgir na forma hiperaguda, aguda ou crónica. A persistên-
• A selecção genética produziu bovinos com uma capaci-
cia de sinais como dispneia e tosse, é sugestiva de um mau
dade respiratória muito pequena relativamente às neces-
prognóstico devido à fraca capacidade dos bovinos recu-
sidades metabólicas. Daí resulta o enorme impacto das
perarem a funcionalidade do pulmão afectado. Porque o
pequenas perdas de parênquima pulmonar funcional.
retorno financeiro destes animais é reduzido e a probabili-
• A frequência respiratória é relativamente elevada facili- dade de existir sofrimento é enorme, a eutanásia é muitas
tando o transporte de aerossóis. vezes preferível.

DISPNEIA, RINORREIA, TOSSE


DOENÇA RESPIRATÓRIA BOVINA DISPNEIA, TOSSE
RINORREIA • FEBRE

Esta é uma síndrome com etiologia multifactorial frequentemen-


te envolvendo agentes infecciosos diferentes, mas como apresen-
ta sinais muito similares e requer as mesmas medidas preventivas
e terapêuticas, será tratada como entidade nosológica única.

ETIOLOGIA
Na etiologia são incluídos factores do hospedeiro,
factores do ambiente e agentes infecciosos (vírus
e bactérias).
A Doença Respiratória Bovina (DRB) é causada, em última
análise, por bactérias. As mais frequentemente associadas a
esta doença são: Mannheimia haemolytica, Pasteurella mu/-
tocida, Histophillus somni e Mycoplasma bovis. Todas estas
bactérias podem ser isoladas das fossas nasais de bovinos
saudáveis. Várias razões têm sido avançadas para justificar a
sua relação com casos de DRB - mutações ou introdução
de estirpes patogénicas; acesso ao tracto respiratório infe-
rior; e quebra de resistência do hospedeiro.

Três grupos de factores predisponentes justificam a elevada


frequência com que estas bactérias ubiquitárias causam DRB:
tante referir que o stress tem um caracter cumulativo e
1. Se bem que alguns vírus possam conduzir a pneumonias portanto a sequência de procedimentos que compõem o
só por si, geralmente actuam facilitando o acesso das maneio habitual em certas explorações, provocam imuno-
bactérias ao pulmão. Os mais importantes vírus respirató- depressão severa. Os factores de stress mais habituais em
rios são: herpesvírus bovino ou BHV-1 (ver abaixo), vírus sistemas de engorda são o transporte, as mutilações, o
sincicial bovino ou BRSV (ver abaixo), vírus da parain- agrupamento com estabelecimento de relações de hierar-
fluenza 3 (Pl-3), vírus da Diarreia Virai Bovina ou BVD (v.) e quia, o desmame e as intervenções sanitárias em mangas.
coronavírus ou BCoV (v.). Todos estes vírus podem actuar
Outras causas frequentes de quebra do sistema imunitário,
isoladamente, mas as infecções mistas com bactérias são
conducentes a DRB, são: falha de imunidade de origem ma-
muito mais frequentes, estando amplamente demons-
terna, desidratação, carências alimentares e a história de
trada a acção sinérgica entre todos.
outras doenças (e.g. diarreia neo-natal).
2. Certos factores ambientais representam um papel impor-
tantíssimo no desenvolvimento e evolução da DRB, nome-
adamente as más condições de ventilação, os ambientes EPIDEMIOLOGIA
ricos em amoníaco, sulfitos e outros gases, as grandes osci- A DRB é especialmente frequente e grave em
lações de temperatura e as temperaturas e humidade animais de engorda recentemente desmamados
extremas(< 50% ou >70%). Um dos mais importantes fac- e transportados.
tores de risco é também a sobredensidade, a que corres-
ponde uma elevada excreção e circulação de agentes in- A DRB ocorre em todo o mundo, com algumas pequenas
fecciosos e um stress acrescido para alguns animais. diferenças. É considerada a doença mais importante em vi-
telos/novilhos de feed-lots sendo responsável por mais de
3. Factores de stress causam imunodepressão local e sistémi- 70% das mortes que ocorrem neste sistema. A morbilidade
ca que permitem a acção dos agentes infecciosos. É impor- varia muito com as condições, com as explorações e entre

- DISPNEIA, RINORREIA • TOSSE


diferentes anos, mas pode atingir mais de 50% do efectivo.
A variação tem a ver com a prevalência e acumulação dos SINAIS CLÍNICOS
factores de risco que estão descritos acima. É muito difícil distinguir o agente infeccioso
Tipicamente o pico da doença em feed-lots ocorre duas a três causal através do quadro clínico.
semanas após entrada dos animais, comprovando a necessi- Os sinais comuns, independentemente dos agentes
dade de uma sequência de insultos que culminam na lesão envolvidos, são: anorexia, isolamento, depressão, febre
mais ou menos extensa do pulmão. M. haemolytica e H. somni (>39,7°C), corrimento nasal mucoso ou muco-
são as bactérias mais frequentemente isoladas destes casos -purulento, tosse, taquipneia, orelhas descaídas e cor-
que muitas vezes recebe o nome de Febre dos Transportes. rimento ocular. A ausência de qualquer um destes si-
O segundo grupo mais frequentemente afectado por DRB é nais não permite descartar a possibilidade de DRB. Por
o de vitelas desmamadas na recria de vacarias de leite. Mais exemplo, a tosse é bastante mais rara em pneumonias
uma vez a incidência depende das condições ambientais e por M. haemolytica.
de maneio. Nestes casos as bactérias com maior impacto Casos mais avançados caracterizam-se por dispneia
são P. multocida e M. bovis. intensa, boca permanentemente aberta, posição or-
Várias razões justificam o enorme impacto económico da topneica, exoftalmia, timpanismo e ptialismo. Os ca-
DRB: redução no ganho de peso diário, mortalidade, refugo sos crónicos identificam-se pela fraca resposta ao
ou eutanásia de casos crónicos, tratamento (fármacos e tratamento ou recidivas frequentes, pelo estado ca-
mão de obra) e depreciação da qualidade da carne no ma- quético, pela respiração permanentemente ruidosa,
tadouro. O impacto sobre o bem-estar animal é muito con- pela dor a cada inspiração denunciada por gemidos e
siderável pelo sofrimento e mortes que causa, podendo ranger de dentes, a relutância ao mínimo esforço e
depreciar fortemente a imagem do sector de produção de tosse frequente e dolorosa. Estes animais raramente
carne de bovino aos olhos do público. apresentam corrimento nasal ou febre.

A DRB não ocorre normalmente em animais adultos ou então Após chegada ao feed-lot as pneumonias por M. hae-
tratam-se de recidivas (ver abaixo Pneumonia Supurada Crónica). molytica geralmente são as primeiras a ocorrer e cau-
sam as primeiras mortes, quando comparadas com as
outras bactérias (evolução mais arrastada).
Sinais mais específicos (se bem que não patognomó-
PATOGENIA
nicos) são evolução hiperaguda com morte súbita
A evolução da DRB é muito variável dependendo (Febre dos Transportes, M haemolytica); enfisema sub-
dos agentes presentes e do impacto dos factores cutâneo na região cervical e dorsal, sinais de dor torá-
predisponentes. cica como pescoço estendido, "cotovelos" afastados,
Os agentes físicos, químicos e infecciosos, atrás referidos gemidos à expiração e por vezes ranger de dentes (P.
como predisponentes, concorrem para a pneumonia redu- multocida); cabeça inclinada e outros sinais de otite ou
zindo a acção filtrante das fossas nasais, facilitando a entra- síndrome vestibular, e ainda artrites (M. bovis); paresia,
da de microorganismos através de aerossóis, afectando a incoordenação, prostração, alteração comportamen-
acção dos anticorpos locais (lgA), comprometendo a acção tal e coma (H. somni). Os sinais específicos de alguns
depuradora do aparelho muco-ciliar, tornando o surfactan- vírus serão apresentados mais abaixo.
te pulmonar demasiado espesso e pouco eficiente e pro- À auscultação podem ser ouvidos alterações dos ruídos
movendo a morte dos macrófagos alveolares. respiratórios normais, mas o grau dessas modificações
Numa primeira fase da DRB poderão sobressair os sinais da não está relacionado com a gravidade do caso. Inclusive
infecção do tracto respiratório superior causado por vírus (ver a não demonstração de sons alterados não é sinónimo
abaixo). As bactérias normalmente têm o seu pico de actua- de ausência de DRB. Sons de atrito podem significar que
ção 8 a 1Odias depois da acção dos factores predisponentes. existe pleurisia (P. multocidal), si bilos bem audíveis acon-
tecem na estenose brônquica (M. bovis?) e aumento de
De uma forma um pouco simplista podemos distinguir vá-
fervores tanto ocorre em zonas de hepatização como de
rias formas de DRB:
pneumonia aguda com edema. O silêncio normalmente
• Febre dos Transportes, associa-se ao período após deslo- está associado a efusões pleurais ou grandes abcessos.
cações e normalmente envolve a bactéria M. haemo/ytica.

DISPNEIA, RINORREIA • TOSSE


Os bovinos são particularmente sensíveis ao LPS da pare- merosos nódulos caseosos com 1-10 mm diâmetro) e um
de e à acção da leucotoxina que promove morte dos neu- exsudado mucóide ou mucopurulento que pode resultar de
trófilos e macrófagos alveolares. Há uma destruição rápida infecções secundárias (e.g. Trueperel!a pyogenes).
e extensa do parênquima pulmonar e sinais de toxémia.
As lesões pulmonares de infecções por H. somni são se-
• Pneumonia enzoótica, normalmente associada à bacté- melhantes àquelas encontradas em casos por M. hae-
ria P multocida, apresenta uma evolução mais insidiosa mo!ytica. Normalmente associam-se lesões em outros ór-
com baixa mortalidade, mas elevada probabilidade de gão (coração, SNC e articulações) que estão descritas
conduzir a um processo crónico. noutro lado.

• H. somni produz uma doença respiratória semelhante às Lesões do tracto respiratório superior são normalmente de-
anteriores, mas com alta probabilidade de conduzir a vidas a vírus (e.g. IBR, BRSV), descritas mais abaixo
bacteriemia e a uma série de sequelas noutros órgãos
(encefalite, artrite e miocardite).
DIAGNÓSTICO
• M. bovis, raramente causa pneumonia de forma isolada,
mas é um elemento importante em infecções mistas O diagnóstico da doença é normalmente conseguido
com vírus ou outras bactérias e está associada a compli- através da associação da história e quadro clínico.
cações (artrites, otites). No entanto, o diagnóstico etiológico é muitas vezes essen-
cial à selecção de medidas preventivas e terapêuticas. Exis-
tem várias formas de o conseguir:
LESÕES
• Serologia - a pesquisa de anticorpos aos vírus respirató-
Certas lesões são típicas da bactéria que lhes esteve
rios, e particularmente do aumento (4x) da titulação em
na origem, mas recordar que muitas vezes ocorrem
infecções mistas.
As lesões típicas de pneumonias bacterianas são geralmente
bilaterais e atingem principalmente os lobos craneo-ventrais.

Descrevemos sumariamente as lesões mais características


de cada agente:

P multocida origina uma bronco-pneumonia supurativa


com distribuição lobular - o parênquima tem consistência
firme e um exsudado purulento enche os brônquios e
bronquíolos. Fase aguda: lobos uniformes (primeiro de cor
rosa depois vermelho e finalmente acinzentados). Edema
interlobular mínimo. Restante pulmão congestionado. Fase
crónica: zonas de consolidação, distribuição de nódulos fir-
mes, presença de abcessos e fibrose inter-lobular. Há fre-
quentemente aderências pleurais.

M. haemolytica origina uma bronco-pneumonia fibrinosa


lobar. Há sinais de inflamação centrífuga com propagação
dramática de lóbulo a lóbulo. Consistência muito firme.
Destruição extensa de parênquima. Considerável edema e
fibrose inter-lobular. Conteúdo dos brônquios com coágu-
los de fibrina, mas raramente com pus. As lesões crónicas
são semelhantes às da P mu!tocida.

A pneumonia por Mycop!asma, designada por pneumonia


caseo-necrótica, caracteriza-se por uma evidente bronquiolite
ou bronquite, com inflamação peri-brônquica. A expansão é
do tipo lobar. Os casos crónicos (talvez os mais frequente-
mente encontrados) exibem necrose caseosa multifocal (nu-

- DISPNEIA, RINORREIA, TOSSE


duas colheitas com 15-21 dias de intervalo, permite ava- a longos tratamentos com diversos antibióticos podem
liar o papel de diferentes agentes num caso de DRB. não mostrar crescimento bacteriano; lesões exuberan-
Atenção ao estatuto vacinai dos animais testados. A in- tes por bactérias de saída são frequentes; certos micro-
terpretação dos resultados referentes a anticorpos contra organismos (e.g. Mycoplasma bovis) necessitam de cui-
as bactérias é bastante mais difícil. dados e meios especiais de armazenamento, transporte
e crescimento.
• Lavagem bronco-alveolar - quer seja por via nasal quer
seja por via transtraqueal, este é um dos melhores méto- A ecografia torácica é um meio complementar de diagnós-
dos para obter material com elevada correspondência tico muito útil, especialmente para a obtenção de um prog-
com o que se passa no pulmão. Ver pormenores da técni- nóstico em casos arrastados. Em vitelos as sondas usadas
ca no Cap. 2. para exame ecográfico reprodutivo são suficientes.

• Zaragatoa - apesar das bactérias da DRB serem ubiqui- O DO deve ser feito com IBR, BRSV, pneumonia verminosa,
tárias das fossas nasais e portanto de isolamento fre- pneumonia por aspiração, diferentes causas de pneumonia
quente em animais saudáveis, há diversos estudos que intersticial, descritos no resto desta secção.
mostram uma forte correspondência entre as estirpes
bacterianas identificadas nas zaragatoas profundas
das fossas nasais e aquelas isoladas a partir de lava- TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
gens bronco-alveolares de animais com DRB. Ou seja, Mais vale ventilar do que vacinar.
parece ser um método rápido, barato e eficaz para o
Esta frase encerra a resposta à maior parte das situações de
isolamento das bactérias envolvidas num caso de
DRB, ou seja, o tratamento e mesmo a profilaxia médica de
DRB.
nada serve na ausência de medidas de controlo dos facto-
• Quadro anátomo-patológico - a necrópsia de um ani- res de risco ambientais.
mal recentemente morto ou eutanasiado é uma forma
O tratamento da pneumonia bacteriana deve ser feito
de reconhecer lesões específicas e de recolher material
de forma judiciosa devido ao enorme risco de se cria-
para microbiologia, citologia e exame histológico. Os
rem estirpes multirresistentes. Casos muito ligeiros (ani-
animais ideais para estes exames não devem ser os afec-
mal mantem apetite e temperatura rectal está <39,5°()
tados pelas formas crónicas da DRB, pois provavelmente
devem ser vigiados, mas normalmente não necessitam
irão dar falsas informações. O material colhido deve in-
tratamento. Animais que apresentem temperaturas aci-
cluir várias zonas do pulmão - as com lesões óbvias, nos
ma do indicado, tosse gorda e fácil, depressão ou disp-
limites das lesões evidentes e das zonas aparentemente
neia intensa, devem ser tratados imediatamente com
não afectadas.
um antimicrobiano. Actualmente existem no mercado
Na avaliação dos resultados laboratoriais devem ser to- inúmeras moléculas com acção sobre as principais bac-
mados em conta os seguintes aspectos: nem sempre o térias causadoras de DRB - cefalosporinas, quinolonas,
que cresce no laboratório é o que mata; animais sujeitos macrólidos, oxitetraciclina e outras - que congregam

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


várias qualidades para o tratamen to de DRB: espectro 1) devem ser tratados apenas com antimicrobiano. Àque-
adequado, acção prolongada e elevada concentraçã o les casos em que a insuficiência respiratória é notória
do princípio activo a nível do pulmão e secreções brôn- (Grau li e Ili), deverão ser administrados simultaneamente
quicas. A opção por um ou outro antimicrobiano deve ao antimicrobiano um AINEs ou, em casos extremos, uma
ser feita com base nos princípios de utilização criteriosa dexametasona. Animais com pneumonias do Grau IV com
(ver comentários no início do Capítulo 3), incluindo o insuficiência respiratória extrema e sofrimento, devem ser
cumprimento dos TSA que devem ser feitos regular- eutanasiados.
mente a nível da exploração. Nos países nórdicos a DRB
Outros tratamentos adjuvantes são: broncodilatadores e
é normalmente tratada com penicilina devido à baixa
mucolíticos (e.g. bromexina) e diuréticos em casos de ede-
prevalência de resistências a este antibiótico nas estir-
ma pulmonar. Alguns destes medicamentos são de utilida-
pes de P. multocida e M. haemolytica envolvidas em ca-
de controversa e encarecem bastante o tratamento. Pelo
sos de DRB. Se se confirmar a presença M. bovis os ani-
contrário a fluidoterapia endovenosa (e.g. Lactato de Rin-
mais devem ser tratados com uma quinolona (e.g.
ger) é extremamente útil, mas raramente utilizada.
enrofloxacina).
O tratamento também deve incluir o isolamento do animal
Os animais fortemente afectados devem ser poupados a
num parque com boa ventilação, temperatura amena e
esforços e factores de stress, nomeadamente a contenção
cama confortável. Deixar um vitelo com pneumonia nas
frequente. A acção prolongada de alguns fármacos é útil
condições ambientais que conduziram à doença equivale a
porque permite evitar frequentes entradas nas mangas
condená-lo à morte ou a um processo crónico, indepen-
para os tratamentos.
dentemente da qualidade do antimicrobiano usado.
As recidivas após tratamento com antimicrobianos são rela -
A prevenção da DRB faz-se, como já se disse, actuando so-
tivamente comuns. Estas recaídas podem dever-se a resis- bre (todos) os factores de risco. O produtor poderá ficar
tências ao antimicrobiano ou ao facto dos primeiros sinais frustrado com os resultado s de planos de profilaxia que
terem sid o devidos a uma infecção vírica. Por princípio, se apenas actuem sobre alguns destes elementos. De forma
houver um intervalo de mais de 4 dias entre o último trata-
resumida eis os principais princípios de prevenção:
mento e o recrudescimento de sinais de pneumonia, será
aceitável repetir o mesmo antibiótico. • Garantia de boa qualidade e um bom maneio do colostro.

O tratamento com anti-inflamatórios é aconselhado, mas • Desmame de vitelos de carne alguns dias antes do trans-
porte para feed-lot ou outra exploração.

• Transporte feito em boas condições e por distânci as


cur ta s - conforto, ventilação, densidade, forma de con-
duzir ... Evitar transporte nos dias ou períodos de maior
calor.

Ventilação adequada de forma a controlar gases (e.g.


amoníaco), poeiras, humidade e temperatura. Fenos ou
palhas pouco polvorentos ou aspergi-los com água. A
colocação de ventoinhas, que devem retirar ar dos pavi-
lhões em vez de forçar a entrada, é uma forma de co lma-
tar deficiê11Cias nas construções.

Agrupamento por idades ou tamanhos - evitar a todo o


custo constantes mudanças de animai s entre parqu es ou
lotes.

Densidade - evitar grupos demasiado grandes e red uzir,


o mais possível, a densidade nos parqu es.

Selecção genética - essen cialmente favorecendo a resis-


tência ao stress, elegendo como reprodutores os animais
menos tempe1amentais.

Nutrição à chegada à engorda - evitar excesso de ener- A prevenção através da vacin ação contra os principais
gia e proteína à chegada ao feed-lot. Suplementação agentes infecciosos (essencialmente vírus respiratórios e
com vit.E, selénio e outios minerais. M. haemolytica), tem demonstrado resultados contraditó-
rios, o que valida a ideia de que os factores ambientais
Evitar factores de stress (e.g. apenas suje itar animais a
são de sobeja importância. De qualquer maneira o plano
mutilações em casos de força maior) ou então repartir no
vac inai com maior probabilidade de ser minimamente
tempo os diversos agentes de stress (e.g, descornas al-
eficaz é aque le que garante o maior nível de imunidade
guns dias depois do transporte).
antes dos momentos de maior risco de DRB (transporte,
A prevenção médica através da administração de antimi- agrupamento, desmame), ou seja, fazer primovacinação
crobianos de forma metafilática ou profiláctica é bastante ainda na vacada e reforço à entrada no feed-lot. Em vaca -
usual. A segunda forma (administrar a todos os animais in- rias de leite evitar vacinar dema siado cedo as vitelas des-
dependentemente de ocorrer doença no grupo) deve ser mamadas (só após 4 meses de idade se as mães estão
evitada a todo o custo. A metafilaxia (administração a todo vac inadas contra contra vírus respiratórios), devido ao ri s-
o grupo quando mais de 10% fazem DRB) é aceitável em co de interferência com imunidade de origem materna.
situações em que as co11dições ambientais não sejam facil- As vacina s vivas intra nasais são úteis para protecção im e-
mente controláveis. diata contra certos vírus.

PNEUMONIA SUPURATIVA CRÓNICA TAQUIPNEIA • TOSSE CRÓNICA


EMACIAÇÃO

r1 P'ID MIOLO IA
Sequela de DRB cujo tratamento falhou. Factores que causam imunodepressão levam
Na Pneumonia Supurativa Crónica há formação de um ou
frequentemente ao recrudescimento da pneumonia.
múltiplos abcessos pulmonares, de diversas dimensões, e Os factores mais frequ entemente envolvidos na exacerba-
dos quais se isola frequentemente Trueperel/a (Arcano/Jacte- ção dos sinais de pneumonia são: parto e início de lactação,
rium) pyogenes e Fuso/Jacterium necrophorum. transporte e mudança de ambiente e infecção por BVD.

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


PI-BVD, leva à criação de focos crónicos de pneumonia,
secundariamente infectados por T pyogenes. Esta bactéria
produz uma série de enzimas (e.g. protéases) que causam
necrose dos tecidos e formação de abcessos. Se estes ani-
mais mantiverem um ritmo de crescimento aceitável, che-
gam à idade adulta sendo usados como reprodutores. A
infecção latente mantêm-se toda a vida sendo que a
pneumonia (e bacteriemia) reaparece quando há depres-
são das defesas. A doença pode repetir-se todos os anos
na altura do parto, se o processo for travado repetidamen-
te por antimicrobianos.

LESÕES
Parênquima pulmonar com lesões antigas -
hepatização - e zonas de congestão e edema.
Normalmente é fácil encontrar o(s) abcessos(s) pulmo-
nares contendo um pus branco-esverdeado. Pode ainda
haver aderências pleura is e hipertrofia cardíaca (cor pul-
monale).
Muito frequentemente os animais que fazem Pneumonia
Supurativa Crónica são PI por BVD (v.).

PATOGENIA SINAIS CLÍNICOS


Há supuração de zonas limitadas do pulmão onde Respiração sobressaltante e abdominal
ocorreu hepatização com formação de sequestros. em animal adulto, desencadeada por factores
de stress.
A deficiente detecção de animais com DRB, a ineficácia
parcial do tratamento ou a imunodepressão em animais As vacas afectadas geralmente já apresentavam
condição corporal baixa, pêlo eriçado e baço, fraca
produção e relutância ao esforço. Uma boa anam-
nese revela história de episódios de DRB em vitela.
Na fase aguda há respiração ruidosa e difícil, com
boca aberta, gemido à expiração, cifose, cotovelos
afastados do tórax, corrimento nasal purulento,
mau hálito, quebra de produção, anorexia e ema-
grecimento. Raramente ocorre hipertermia. A aus-
cultação ouve-se crepitação mais audível nos lobos
ventrais e, em alguns casos, zonas de silêncio (ab-
cessos). Algumas vacas fazem episódios de pneu-
monia aguda após cada parto, não sendo de
esperar uma boa lactação mesmo depois de apa-
rentemente curadas.

No decurso de casos prolongados ou recidivas fre-


quentes pode instalar-se um estado de cor pulmo-
nale, caracterizado por dilatação cardíaca direita e
edemas generalizados, causado pela resistência vas-
cular pulmonar.

- - DISPNEIA, RINORREIA, TOSSE


DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Nas zaragatoas e lavagens bronco-alveolares O tratamento completo deve ser feito com penicilina
identificam-se bactérias patogénicas não específicas procaína (25.000 UI/dia) durante mais de um mês.
(e.g. T. pyogenes e bactérias anaeróbias). O sucesso, mesmo após tratamentos prolongados, é bas-
A análise sanguínea geralmente revela leucocitose com tante insatisfatório e por isso apenas é recomendado para
neutrofilia e híper-fibrinogénio. Proteínas totais estão eleva- animais de elevado valor (e.g. vaca no final de gestação),
das devido ao aumento da fracção globulina. quando o leite não é aproveitado para consumo ou com o
A ecografia torácica é um meio complementar de diagnós- objectivo de retirar a cria ou eventualmente conseguir uma
tico muito útil - mesmo em vaca adulta é relativamente recuperação até ao abate. A recuperação parcial que ocorre
fácil encontrar o abcesso revelado por uma imagem hipoe- em alguns tratamentos mais curtos após cada parto, não
coica delimitada por uma linha hiperecoica. deve ter um retorno financeiro que o justifique já que será
sempre de esperar recidivas. O abate na exploração é a me-
A ocorrência súbita de uma pneumonia, somente numa
lhor forma de evitar grande despesa e sofrimento animal.
vaca, deve ser diferenciada de pneumonia por falso trajecto
ou de Síndrome da Veia Cava Posterior (v.). Casos de neopla- A prevenção faz-se pelo tratamento adequado e completo
sia pulmonar poderão apresentar um quadro semelhante, de casos de DRB em animais jovens (ver acima) e pela erra-
mas têm uma evolução mais lenta. dicação de BVD da exploração.

EDEMA E ENFISEMA PULMONAR AGUDO BOVINO DISPNEIA SÚBITA


ESPUMA NA BOCA
(FOG FEVER)

ETIOLOGIA
Resulta da acção tóxica do 3-metil-indol (3-MI) sobre
os pneumocitos.
O composto 3-MI resulta da metabolização do aminoácido
triptofano (isómero L) pelas bactérias do rúmen (e.g. Lacto-
bacillus spp.).

EPIDEMIOLOGIA
O Edema e Enfisema Pulmonar Agudo Bovino
(EEPAB) é típico de animais adultos subitamente
transferidos para pastos viçosos.
Na manada, cuja dieta passa abruptamente de alimento
pobre, seco e fibroso (e.g. palhas) para erva viçosa, afecta
quase exclusivamente os animais adultos. Assim, é um pro-
ra em explorações de leite pequenas cujos proprietários
blema especialmente comum no Outono. Atinge, de for-
cortam o pasto.
ma mais ou menos grave, cerca de 50% dos animais expos-
tos, sendo que a mortalidade é muito elevada naqueles Em animais de feed-lot ocorre na fase final da engorda (aca-
que apresentam insuficiência respiratória evidente. Pode bamento). Também nestes a probabilidade de ocorrer é
ocorrer em animais estabulados aos quais é oferecida maior no Verão e Outono, não sendo tão evidente a razão
grande quantidade de erva fresca - frequente na Primave- para tal.

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


PATOGENIA
O composto 3-MI causa necrose dos pneumocitos
tipo I e lesiona as membranas das células das
paredes dos bronquíolos.
O factor mais importante na patogenia parece ser a com-
posição da população microbiana do rúmen (especialmen-
te Lactobacillus) que, em súbita presença de elevadas con-
centrações de triptofano, produz grandes quantidade de
3-MI. A absorção de 3-MI pela parede do rúmen é rápida e
apesar de ser maioritariamente excretado pelo rim, acaba
por causar lesões extensas no pulmão.

No caso de animais de feed-lot, com improvável acesso a


plantas ricas no aminoácido, pensa-se que a repentina pro-
dução de 3-MI resulta de alterações da microflora, com de-
senvolvimento excessivo de Lactobacil/us spp., que ocorre
na acidose ruminai. A inalação de poeiras tem sido aponta- LESÕES
da como um factor de risco, assim como a lesão do epitélio
Pulmões firmes à palpação e ao corte.
alveolar e parede dos bronquíolos por bactérias e vírus res-
piratórios. Parênquima pulmonar parece encharcado, mas o fluido é
mais viscoso do que num edema pulmonar normal. Brôn-
quios e bronquíolos repletos de espuma. Septos interalveo-
lares bem evidentes. Pleura espessa.
SINAIS CLÍNICOS
Sinais de doença aguda podem ocorrer ao fi m
DIAGNOSTICO
de 24 horas ou até uma semana após consumo
do alimento rico em triptofano. Não existe forma laboratorial de confirmar
Uma das características clínicas mais típicas desta doen-
o diagnóstico.
ça é o facto de não afectar animais jovens(< 6 meses), Os dados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos
mesmo aqueles expostos à súbita mudança de dieta. são geralmente suficientes para se obter um diagnóstico.

Os sinais ocorrem de forma fulminante numa pequena A diferenciação deve ser feita com BRSV e DRB por M. hae-
percentagem dos animais que tiveram acesso ao pasto molytica. O DD com as outras causas de pneumonia inters-
(<20%): há enorme dificuldade respiratória, com os ticial só pode ser feito pelo historial de acesso a pastos fron-
animais a mostrarem uma expressão de aflição e ansie- dosos após um período de alimentação pobre. A evolução
dade. Mucosas cianóticas. Mantêm a boca aberta para hiperaguda deve ser distinguida da intoxicação por plantas
respirar e há espuma e saliva continuamente a escorrer tóxicas, organofosforados ou nitratos.
da boca. Ocorre normalmente timpanismo ruminai e
enfisema subcutâneo na região dorsal. A auscultação
ouve-se facilmente fervores, essencialmente nos lobos TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
ventrais mas também dorsais, e ao longo da traqueia. Anti-inflamatórios com acção muito pouco satisfatória.
Normalmente não há hipertermia ou tosse. Animais
Animais gravemente atingidos geralmente não têm recupe-
submetidos a exercício ou a stress podem morrer asfi-
ração possível. Os casos moderados devem ser retirados das
xiados. Alguns animais fazem uma evolução hiperagu-
pastagens e alimentados com feno de qualidade. A retirada
da sendo encontrados mortos no pasto. Nos casos
dos animais da pastagem pode não evitar o aparecimento
moderados ou ligeiros instala-se ao fim de algumas se-
de novos casos porque a toxina continuará a ser produzida e
manas um estado de enfisema pulmonar crónico (al-
absorvida com base no alimento já consumido.
veolite fibrosante) com dispneia, dilatação cardíaca di-
reita (cor pulmonale) e perda de peso. A prevenção é feita essencialmente por limitar o acesso a
pastagens muito ricas em erva verde e jovem, por parte de
animais previamente alimentados com dietas mais pobres. patológicos cujo elemento fundamental é a lesão, focal ou
Fazer o acesso gradual ao pasto de risco - duas horas no difusa, dos septos interalveolares. Os sinais comuns são:
primeiro dia e depois aumentar uma hora por dia. Oferecer sobrevém de forma aguda ou hiperaguda; sinais de dificul-
quantidades crescentes de erva verde a vacas em estabula- dade respiratória muito pronunciados, com respiração com
ção. Em novilhos na fase da acabamento evitar os factores boca aberta, pescoço estendido, "cotovelos" afastados, es-
que favorecem a acidose ruminai sub-aguda (v.). puma na boca e gemidos. As lesões macroscópicas tam-
bém são normalmente semelhantes: os pulmões são firmes
A administração de antibióticos (e.g. clotetraciclina ou mo-
nesidina) mesmo antes ou logo após o acesso ao alimento
à palpação, ocupam completamente a cavidade torácica e
não colapsam quando esta é aberta; os septos estão con-
de risco reduz a conversão de triptofano em 3-MI. Este es-
tratagema é difícil de aplicar na Europa onde a administra-
gestionados, edemaciados e enfisematosos, podendo exi-
bir grandes bolhas de ar. Dependendo da causa, pode atin-
ção de antibiótico por rotina no alimento é proibida.
gir poucos indivíduos ou uma grande percentagem do
efectivo exposto ao mesmo factor. A mortalidade geral-
OUTRAS PNEUMONIAS INTERSTICIAIS mente é elevada e ocorre ao fim de horas ou poucos dias.
A caracterização das pneumonias intersticiais ainda não Na Tabela seguinte apresentam-se algumas das causas
está isenta de controvérsia pois a patogenia não está bem mais comuns de pneumonias intersticiais e a forma de
esclarecida. Vários factores estão na origem de processos as distinguir.

Vegetais: Brassica (e.g. nabo, couve, Toxinas causam uma alveolite proliferante. Qua- Ingestão recente de alguma das
colza .. .); batata-doce infectada por dro clínico muito semelhante ao EEPAB. plantas referidas. Identificação das
fungos (Fusarium solani) plantas após ruminotomia.

Migração de larvas de Dictyocaulus Reacção de hipersensibilidade aguda com alve- Coprologia . Detecção de larvas no
viviparus olite, bronquite eosinófila e edema e enfisema pulmão. Recuperação rápida após
intersticia l. desparasitação,

Alérgenos - Reacção de hipersensi- Início súbito geralmente associado a entrada de Serologia. Crescimento do fungo a
bilidade a esporos de Microspora fa- fardos de feno ou palha "velha" e limitado aos partir de amostras do feno. Historial
enia spp. presente em fenos e palhas animais expostos. Dispneia com tosse frequente, - feno com cheiro a mofo
velhos. Animal alerta. Diarreia. Fervores na área de todo
o pulmão. Mortalidade reduzida.

Reacção anafiláctica (e.g. fármacos) Evolução hiperaguda . Morte súbita. Caso espo- Análise sanguínea - eosinofilia. Ne-
rádico após administração do medicamento. cropsia - CID, petéquias e edemas
generalizados.

Inalação de gases - dióxido nítrico, Muito raro. Edema maciço. Dificuldade respirató- Análise do ambiente. Medição dos
gases da silagens e outros ria parecida com EEPAB. níveis de gases no ambiente.

Idiopática - após esforços intensos Provavelmente por ruptura alveolar. Enfisema Rever história. Casos isolados e evo-
(e.g. entalada no cubículo), tentativa subcutâneo. lução repentina.
de expulsar corpo estranho do trac-
to respiratório, parto distócico ...

Nota: animais na fase agónica podem fazer ruptura de alveolos levando a enílsema intersticial detectável pós morte,

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


PNEUMONIA INTERSTICIAL VIRAL DISPNEIA • RINORREIA
ENFISEMA SUBCUTÂNEO
(VÍRUS SINCICIAL)

ETIOLOGIA
Vírus Sincicial Bovino (BRSV) é um pneumovirus
da família Paramyxovirus.
Na população bovina surgem diferentes estirpes de BRSV que
apresentam grande semelhança genómica com vírus sinciciais
de outras espécies animais (e.g. humana, ovina, caprina).

EPIDEMIOLOGIA
Actualmente considerado um dos vírus respiratórios
bovinos mais importantes em todo o mundo.
O tipo de animais que é afectado em cada surto pode variar
- em efectivos anteriormente indemnes são afectados to-
dos os animais, mas naqueles onde o vírus circula ou se pro-
cede à vacinação regular, serão os animais mais jovens(< 1
ano) os únicos a apresentar sinais. Assim, a morbilidade
pode ser baixa ou ultrapassar os 80% da população. A mor-
talidade pode atingir os 20% em situações extremas.
Como já referido o vírus BRS pode predispor para a DRB,
A forma como o vírus persiste na população ainda não está sendo que muitas vezes a sua acção primária é mascara-
bem esclarecida sendo sugerido: manutenção de portado- da (doença subclínica). Está confirmada uma acção sinér-
res persistentes assintomáticos; reinfecções (é controverso gica com outros vírus respiratórios e bactérias (Pasteu-
o papel de outras espécies); mutações de vírus pré- rellaceaes).
-existentes. A circulação, excreção e a doença clínica é mais
frequente nos meses frios.
LESÕES
Os anticorpos de origem materna são pouco duradouros e
oferecem baixa protecção contra infecção, mas podem re- As lesões macroscópicas podem ser mascaradas pela
duzir a gravidade da doença. presença de lesões muito mais exuberantes causada
por outros agentes (bactérias).
Bronquite e bronquiolite; congestão, atelectasia e hepatiza-
PATOGENIA
ção lobos ventrais anteriores. Há edema e enfisema interlo-
Acção importante na redução das defesas do tracto bular particularmente evidentes nos lobos dorsais e cau-
respiratório, especialmente através da lesão do dais. A traqueia e brônquios podem estar repletos de uma
aparelho muco-ciliar e eliminação dos macrófagos espuma branca-rosada.
alveolares.
Infecta tanto o tracto respiratório superior como o inferior.
A gravidade da doença depende de: estatuto imunitário da
DIAGNÓSTICO
população; virulência da estirpe; factores de stress; densida- Aumento da titulação de anticorpos para o
de animal; acção de outros vírus. quádruplo ao fim de 15 dias após início da doença, é
Está descrita uma forma bifásica da doença que atinge <5%
fortemente sugestivo da acção do vírus.
dos animais - dias após recuperação da primeira etapa sur- A interpretação da serologia deve ser feita com cuidado vis-
ge uma forma hiperaguda. É sugerido tratar-se de um fenó- to tratar-se de um vírus ubiquitário em muitos efectivos
meno de hipersensibilidade. bovinos e porque várias vacinas no mercado incluem anti-

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


SINAIS CLÍNICOS
Nalguns animais é evidente um enfisema
subcutâneo na região costal e dorsal,
demonstrado por crepitação à palpação.
Nos efectivos seronegativos a entrada do vírus causa,
em diversos animais, aumento de temperatura rectal
2 dias após exposição, com pico febril (>40.°C) ao fim
de 3-4 dias. Há taquipneia, pouca tolerância ao esfor-
ço, tosse e corrimento nasal seroso ou sem-mucoso
(muco-purulento se houver envolvência de bactérias).
As vacas leiteiras apresentam uma rápida quebra de
produção. A auscultação revela zonas com aumento
do murmúrio vesicular enquanto noutras se ouvem
ralos e fervores secos, mas a ausência de sons altera-
dos, apesar da forte dispneia, é uma característica des-
ta pneumonia. A duração dos sinais clínicos não ultra-
passa os 8 dias. Muito raramente pode ocorrer morte
súbita. Nos machos desenvolve-se fibrose testicular
com redução da fertilidade.

A doença bifásica caracteriza-se por um curto período


de doença respiratória, que às vezes passa desperce-
bido ou parece curar sem dificuldade, a que se segue
uma fase com um quadro muito parecido com uma
reacção alérgica - respiração muito difícil, gemidos,
pescoço estendido, espuma na boca ... Esta forma da
doença é normalmente fatal.

Nos efectivos vacinados ou em que o vírus circula (ubi-


quitário) podem surgir casos esporádicos de doença
respiratória por BRSV que são caracterizados por doen-
ça subclínica com ligeira pirexia, dispneia e tosse rara.

génios de BRSV. Igualmente deve ter-se atenção aos anti- por herpesvirus-1 (IBR) normalmente é acompanhada de
corpos colostrais (até 2 meses de idade). conjuntivite. A diferenciação de pneumonia por Pl3 é difícil
através dos sinais clínicos.
A citologia (material de necrópsia ou de lavagem bronco-
-alveolar) permite o diagnóstico definitivo(?) através da iden-
tificação de corpos de inclusão e formação de sincícios (célu-
las gigantes multinucleadas). A identificação do vírus é difícil TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
porque este é extremamente lábil (manter material refrigera- Dexametasona (1 Oa 20 mg) pode salvar animais
do não mais de 24 horas), mas testes por PCR apresentam na fase aguda da reacção de hipersensibilidade.
sensibilidade elevada. O isolamento faz-se nas secreções na-
AINEs são menos eficazes, mas são substitutos possíveis em
sais até ao 6. 0 dia e no pulmão até ao 8. 0 dia da doença.
vacas com >6 meses de gestação ou em situações menos
O diagnóstico diferencial com pneumonias bacterianas faz- graves. Outros tratamentos possíveis são broncodilatadores
-se com base no contraste dos sinais clínicos - na pneumo- (e.g. atropina 0,04 mg/kg bid) e diuréticos se existir edema
nia virai não há sinais de toxemia e os animais até estão pulmonar extenso. Deve ser administrado um antimicrobia-
surpreendentemente alerta e activos. Doença respiratória no apenas quando há suspeita de infecções bacterianas.

DISPNEIA, RINORREIA • TOSSE


A doença moderada normalmente não requer qualquer valo. A vacina viva intranasal desencadeia imunidade rápida
tratamento. e temo-la usado na face de um surto.

A prevenção é feita essencialmente através de vacinação. No caso de efectivos comprovadamente indemnes deve-
Existem vacinas vivas e inactivadas, normalmente associa- rão ser respeitadas regras de biossegurança como, por
das aos outros vírus respiratórios. A protecção só é completa exemplo, limitação na entrada de animais, quarentena e
após administração de duas doses com 4 semanas de inter- evitar contacto com outros ruminantes.

RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA BOVINA DISPNEIA, TOSSE


LESÕES NASAIS• CONJUNTIVITE

ETIOLOGIA
A Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) é causada
por Herpesvirus Bovino tipo1 (BHV-1 ).
Existem várias estirpes de BHV- 1 capazes de causar doença
em bovinos: subtipo 1. 1, 1.2 e 1.3 (também classificado
como BHV-5).

EPIDEMIOLOGIA
Doença de distribuição mundial com enorme
impacto económico também pela acção
predisponente para DRB.
O subtipo 1.1 é a estirpe responsável pela doença respirató-
ria sendo mais prevalente nas engordas e recrias. O subtipo
1.2 tem um especial tropismo para o tracto reprodutivo
causando infecções fetais e genitais tais como vulvaginite
pustular infecciosa (IPV) e balanopostite infecciosa bovina
(IPB). Surge essencialmente nas vacas de leite e vacadas de
carne. A estirpe 1.3 (BHV-5) tem sido associada a encefalo-
patias do recém-nascido (v.).

A infecção ocorre com prevalências muito diversas sendo


endémica em certas zonas ou explorações e apresentando
caracter epizoótico noutras. Em feed-lots pode ter uma pre-
valência de 100%, mas a mortalidade em situações não
complicadas por bactérias é relativamente baixa (<5%). PATOGENIA
O papel de pequenos ruminantes e ruminantes silvestres Um animal infectado é portador para toda a vida
na propagação do vírus é admitido, mas o peso epidemio- - vírus mantido em estado de latência.
lógico não é conhecido. A imunidade de origem materna
O período de incubação é de uma a duas semanas. As
pode durar mais de 6 meses.
diferentes estirpes parecem ter um tropismo para dife-
Alguns países europeus já erradicaram ou estão na última rentes órgãos. A transmissão do BHV- 1. 1 é feita por via
fase da erradicação do BHV- 1. respiratória (aerossóis) sendo necessária a proximidade
entre animais. A transmissão sexual é a mais usual para o de corticosteróides. É essa a razão porque o IBR surge tão
subtipo 1.2. Raramente ocorrem infecções com as duas frequentemente em animais deslocados para feed-lots,
estirpes. conduzindo depois a DRB.

O vírus subtipo 1.1 invade as células do epitélio do tracto


respiratório superior causando redução dramática das defe-
LESÕES
sas locais. Nas infecções agudas de animais não imunizados
os cílios da traqueia são quase todos eliminados. A conjun- Em casos não complicados as lesões limitam-se
tiva é infectada via canal lacrimal. ao tracto respiratório superior.
Uma vez debelada a doença o vírus entra num estado de Notam-se graus diferentes de inflamação e congestão das
latência no gânglio do nervo trigémino e de outros ner- narinas à traqueia. Epitélio normalmente coberto por exsu-
vos. O vírus latente pode recrudescer, causar doença e ser dado catarral ou purulento, sendo evidente por baixo da-
excretado em situações de stress ou após administração quele várias lesões necróticas e petéquias. Os casos muito
graves podem exibir a mucosa da traqueia completamente
necrosada. Lesões pulmonares só são evidentes quando há
infecção secundária de origem bacteriana.
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais típicos do IBRsão: febre (>40°(),
corrimento e lesões nasais, dispneia, tosse e DIAGNÓSTICO
conjuntivite. Zaragatoas das lesões nasais permitem confirmar
Os animais estão deprimidos, levantam-se com difi-
o diagnóstico clínico.
culdade, mantêm cabeça baixa, a face está molhada e O quadro clínico associado a dados epidemiológicos - en-
normalmente há ranger dos dentes. O corrimento na- trada de novos animais, elevada contagiosidade, recente
sal e ocular é muco-purulento. As lesões são só orais utilização de corticóides ou exposição a factores de stress
(diferença para BVD) e evoluem da seguinte forma: hi- - justificam fortes suspeitas. A seroconversão confirma a
peremia, erosões, úlceras e finalmente placas diftéri- envolvência de BHV-1, em manadas não vacinadas ou em
cas. A palpação transcutânea da traqueia causa dor. efectivos vacinados com vacinas deletadas.

A doença respiratória é essencialmente um problema Os animais com infecção latente podem ser seronegativos.
em animais jovens, mas a infecção de animais adultos A única forma de detectar animais com infecção latente é
que nunca contactaram com o vírus ou não estão va- através do tratamento com dexametasona seguido de zara-
cinados pode causar rinotraqueítes muito graves. gatoa nasal, comprovando ou não o recrudescimento virai.
Após entrada do BHV-1 em explorações não vacina-
O DO deve ser feito com traqueíte por BRSV, doença respi-
das temos assistido a grave doença respiratória asso-
ratória por outros vírus respiratórios e fase inicial da Febre
ciada a aborto, retenção placentária e infertilidade. Catarral Maligna. A forma ocular deve ser diferenciada de
Certos sinais podem predominar no quadro clínico: Queratoconjuntivite Infecciosa (v.).
forma Red Nose com hiperemia e lesões nasais exu-
berantes; e forma ocular, com conjuntivite, lacrime-
jamento e fotofobia, mas sem queratite. TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Os sinais clínicos da doença causada pelas outras es- Em zonas ou explorações indemnes o controlo
tirpes estão descritos noutros locais mas são, resumi- da doença faz-se por apertadas medidas
damente: de biossegurança.
Subtipo 1.2. - edema, hiperemia e lesões (erosões e O tratamento destina-se a combater as prováveis infecções
úlceras) na vulva ou glande peniana; aborto; retenção bacterianas secundárias (oxitetraciclina, penicilina ou cefa-
placentária e metrite; endometrite; e infertilidade pro- losporinas durante uma semana). Antipiréticos e analgési-
longada. cos (AINEs) destinam-se a manter os animais a comer. Evitar
o uso de corticóides.
Subtipo 1.3. - ataxia, tremores, convulsões, ptialismo,
cegueira e coma. O programa de controlo e eventual eliminação do BHV-1 de
uma exploração ou país é extremamente complexo, não

DISPNEIA, RINORREIA, TOSSE


sendo este o fórum para a sua apresentação. De qualquer
maneira aqui ficam alguns princípios essenciais:

• Em zonas endémicas a vacinação deve ser exec utada


pelo menos com a periodicidade anual. Podem ser usa-
das vacinas vivas ou inactivadas e por via intramuscular
ou intranasal.

• As vacinas polivalentes (virus respiratórios) são úteis es-


pecialmente no caso de feed-lots.

• No caso de se apontar para o objectivo da erradicação de-


verão ser usadas vacinas marcadas (deletadas) que permi-
tem detectar animais infectados com o vírus selvagem. • Nos momentos de maior risco (e.g. entrada no feed-lot)
• A pesquisa de anticorpos no leite do tanque é uma forma ou quando a imunização preventiva (3 semanas antes de
eficaz e barata de monitorizar a situação de um efectivo exposição) não for possível, a vacinação intranasal é uma
leiteiro. excelente opção.

• As vacinas vivas oferecem imunidade em 3 ou 4 dias e • A vacinação de animais que beberam colostro prove-
com uma duração apreciável, mas não devem ser usadas niente de vacas imunizadas, não se deve fazer demasiado
em vacas gestantes. As vacinas inactivadas oferecem pro- cedo (>4 meses), se bem que a interferência com a im-
tecção menos duradoura. portante imunidade celular não seja completa.

DISPNEIA, RINORREIA, TOSSE


FEBRE CATARRAL MALIGNA RINORREIA • FEBRE
NECROSE NASAL, DIARREIA

ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Herpesvirus ovino tipo 2 (Ov-HV2) é um Rhadinovirus.
Temperatura muito elevada e adenopatia
O vírus não causa qualquer doença em ovinos, mas a maio- generalizada são comunsa todas as formas
ria é portadora. Os caprinos também podem ser portadores de FCM.
do Ov-HV2. Em África um outro herpesvirus (Alcelaphine
O quadro clínico é muito variável e o facto de decidir-
tipo 1), cujo o portador é o gnu, causa Febre Cataral Maligna
mos agrupá-lo junto às doenças respiratórias prende-
(FCM) em ruminantes selvagens e domésticos.
-se com o facto de muito frequentemente as lesões
nasais evidenciarem-se e porque os DD mais habituais
EPIDEMIOLOGIA são com doenças respiratórias.

O contacto com ovinos, directo ou através de A forma hiperaguda causa morte súbita ou então uma
pastagens comuns, é tradicionalmente considerado curta evolução (24 horas) com febre elevada, depres-
imprescindível ... são extrema, prostração e, perto da morte, sinais neu-
rológicos .
. . .no entanto observámos vários casos de bovinos que fize-
ram FCM sem nunca ter estado em contacto com pequenos Os sinais sempre presentes na forma "cabeça e olho" são
ruminantes. A transmissão entre bovinos não acontece e o temperatura rectal >40,SoC, corrimento nasal espesso e
papel dos cervídeos e cabras na circulação do vírus está pou- abundante, hiperémia, erosões, úlceras e necrose nas
co esclarecido. Normalmente atinge apenas um animal numa mucosas nasais e orais, conjuntivite e adenopatia gene-
exploração, mas estão descritos surtos. Afecta animais de ralizada. Como todos os sistemas e órgãos são afectados
qualquer sexo, idade e raça. A letalidade é próxima dos 100%. ocorrem uma série de outros sinais que podem estar
mais ou menos mascarados. Os mais comuns são diar-
Não se conhece a duração do período de incubação, sendo
reia (por vezes com sangue), lesões cutâneas, especial-
admitido que os bovinos possam estar infectados muitos me-
mente evidentes no espaço interdigital, vulva e tetos,
oftalmites, opacidade corneal, fotofobia, blefarospasmo,
tremores, depressão e outros sinais neurológicos. Com a
evolução da doença pode ocorrer descamação do es-
pelho nasal e formação de crostas nas narinas, às quais
adere o corrimento nasal purulento promovendo a obs-
trução e dificuldade respiratória extrema. Nos estádios
terminais da doença os sinais neurológicos destacam-se
pela violência - quedas, convulsões, hiperestesia, vocali-
zações e automutilação (e.g. quebra dos cornos contra
as paredes).
Observámos alguns casos com aparente recuperação
durante uns dias, incluindo a ausência de febre, segui-
do de um recrudescimento dos sinais clínicos que fi-
nalmente conduziram à morte.
A doença crónica caracteriza-se por febre alta continu-
ada, corrimento nasal e ocular, conjuntivite e uveíte,
erosões e ulceras nasais, lesões cutâneas e adenopatia
generalizada. O animal quase invariavelmente morre,
mas o decurso da doença pode ser de várias semanas.

DISPNEIA, RINORREIA • TOSSE


';t·', ill lles, lf: t le1T1ons tr,Hc,1n qu,.1lq uer :;i n;il. O e:st"iltl 1Lo de·: 1ltX-
La lor a:;si11 to1T1,í lico pocle1ic1 ~·;,:plicar FCM 1<'C01Te11tl~ ou c.rn-
tos 011cle o contc1cto con-1ovi11m ni-io '.k' ÍilL l 1~1111ui10 ten,po.

P TO ENI
O vírus causa vasculite e infiltrJç5o linfóide quE'
atin9e praticamente todos os órg!íos e sistern,1s
cio organi smo.
O vírus ,1 fec: L,1 ê1v,·h c1il ,1rLD,<,,"10 d e rod ou t,rc J<1 11 isrnu por le-
s(it.", do t:1 1do1élio. [s 1_;jo cl esui liJ ', v:1ric1'> fnn 11<-1s eh <.loe1 1ça.
/\ fori 11.;1 lii per\J lldcl; a <ieSilJ I 1,1C.li1 "cabcçc1 t' olho" que é il
1·n;,1is 'I ípiG1l' 1rec uen te; e u111a form,1 cró1 1iGJ.

s
Toclos os li11fo11oclos ~'st!í o hipertrofiado s,
ecle1rnci,1tfos E' hr:!n10rr,íqico';.
O mesmo tipo dr,; c1·us(1<"•s, l1<c:111 m rc1CJi il:;, Lil u; r,1s e l,1l s,1s
nwrnb1·,.m ,1s q1.1c• ,;e cvidcn cic1 1T1 r1 ê1 bucél e 11;1rin,1s l~ITI virl,1,
f",tcnd~; rn -sr ,m lon90 do tr,:lll O d iq e:, tivo e res11 i1·;i tório su-
perio1 . l:11tcri\e Glt,1rr;:1I. l:ITI ,illJLHIS CiJSOS SÓIO evidentes os
sinc i:, de CID e de ilemnrri1 cJ ic1s t~1 diversos ó1q!íos (c.(J. he-
:-:i~J d, n1e1 1i1l(W\ '1 1céf,1 lo , ..).

IC
QuJdro clínico é muito Gm1cterístico n él forrfü1
"cabeç,J e olho".
N,is cvnluc,:iJcs do tipo l 1ipcrilcJL1cJ1 ou uónit:él 111ui tc1:i w1c:; r:,
11c-•cess,í ric1 ,1 cletecç,10 do vírlls por l'Cl l 110 s<1 11cJLH~. pc1r,1 :,t~c:on-
riri 11c1 r as :,ll:ipeil'cJS cl í11ic,. s. /\s lesôes hislop,·1tolc'J<JÍG1s elo ll-'Cido
li, 1f<'>ide l·' h,1,0 siio Gll i.lCterÍ',Licc1s, Nos \Ohrevive111es h,í st•ro -
co11vers!ío, c.l - Lec t,1r1i1 por EU';/\, O isol,11-nc~nlo elo vín1s {• difk.il

Na fil,e inici,11 o DD dPvcrá ser feito com l[ll1, pê1steu relose cJr,i-
ve ou 13íl'.íV. N,J fase 1rwis élV,lllC,:ild,1 ,.1 duc11c,.;1cJ:;st:rnl:'1 1m·st' <1
13Vl)-MD, 1.í1 lCJL 1,1Az,11, Fdmc /\ftos,·1, ,ic:c;f10 r le lrni1·1,1s ou c(1us-
tico:; e qu,:1lc 1ue.r cm 1$,.I c.lc rl i,í lr~ e hernurr,ícJiG1 (v I lillJ, )CJ'i).

R P UTI o
Não tentar tratar anirnJis compmvJdarnente afect,1<.ios
por FCM, pois a probabilidade de sobrevivência é
diminuta e o potencial sofrimento é enorme.
N!ín f'x iste vi.1ci11c1CJ 10. /\ (w1ic;;;1r imli·l de preven ir esta dnc11ç;i
é evit;.1r qu;i lq uer tipo de coril,ic lo e01 n ovinos ou :,r,1,·1$ Sicrn·'·
çóC";s. Estil mcrlid c1 l,1<'. c.ilqum se1 1\ido er-n v,ic,iri,Js ele lei lt', 11 11ls
devido ilO ÍiJC\o de-, ser L11m1do(,r1 ç,1111uito c,:s por,)d ic,1n/ío fa;,
Sl'-'llticlo allcral O 1"1'1 ,l lK' Í() de:' ,11·1i1 lliliS c-;;rrl pél Sl,J'.Jt:l"i'I,

C>I Sl'l•!l:IA · ll ll>!(lílHl: li1 , 1'QSSE


SÍNDROME DA VEIA CAVA POSTERIOR DISPNEIA • EPISTAXIS
TOSSE· FEBRE

IOLOGI
Trombos sépticos, com origem em abcessos
IN ctl rcos
hepáticos, causam abcessos pulmonares, aneurisma É importante lembrar que nem sempre
e ruptura de artérias para os alvéolos ou bronquíolos. as hemorragias se evidenciam com epistaxis.
Os agentes mais frequentemente implicados são T pyoge- A forma fulminante da doença (tromboembolismo
nes e F. necrophorum. imenso) é muito rara e caracteriza-se por sinais de
choque tóxico - prostração, mucosas pálidas, pulso
fraco, taquicardia, vasos da esclera engorgitados ou
EPID IOLOGI morte súbita.
Ocorre primordialmente em novilhos de engorda ou A particularidade comum às diferentes formas de
vacas de raças leiteiras criadas em regime intensivo. SVCP é a de uma doença respiratória repentina que

Animais afectados pela Síndrome da Veia Cava Posterior atinge apenas um animal num grupo.

(SVCP) têm um historial de acidose ruminai subclínica, ape- Os sinais das pneumonias associadas à SVCP são
sar desta poder ter ocorrido há muito tempo ou não ter parecidos com os da Pneumonia Supurada Crónica
sido detectada na altura. É uma doença muito esporádica. descrita acima - taquipneia, febre, tosse, corrimen-
to nasal mucoso ou mucopurulento e fervores à
auscultação. Há quebra de produção e emagreci-
P TOG NI mento rápido. Mesmo quando parece haver recu-
O abcesso no hilo do fígado supura para o interior peração total após o tratamento, seguem-se novos
da Veia Cava Posterior. episódios.

As bactérias têm acesso à veia porta após penetração Na forma mais comum da doença associam-se graus
através da parede lesada de um dos compartimentos variáveis de epistaxis aos sinais de pneumonia descri-
gástricos (e.g. devido a ruminite ou ulcera do abomaso) . tos acima. O sangue vivo pode ser imediatamente de-
Um dos locais em que mais frequentemente se desenvol- glutido, estar oculto no corrimento purulento ou es-
ve um abcesso é o hilo do fígado. A partir deste soltam-se correr das duas narinas Juntamente com espuma .
trombos sépticos que se alojam nos órgãos a jusante - Muitas vezes os animais são encontrados mortos com
coração, causando endocardite, e pulmão, dando origem enormes quantidades de sangue à volta da cabeça
à SVCP. devido a uma hemorragia pulmonar maciça. Os ani-
mais afectados por esta forma exibem ainda mucosas
A evolução é muito variável: tromboembolismo maciço,
quando uma grande quantidade de bactérias e endotoxi-
pálidas e por vezes melena devido ao sangue ingeri-
do. Devido à perda de sangue, ou então à endocardite
nas entram subitamente em circulação; pneumonias agu-
(v.) que muitas vezes surge associada à SVCP, é fre-
das recorrentes, em que há acesso repetido de pequenos
quente ouvir-se sopro cardíaco. Podem ainda existir
trombos ao pulmão; pneumonias crónicas, em que um ou
sinais de cor pu/monale
mais trombos conduzem a pneumonia e formação de
aneurismas.

H
ragia, o sangue é evidente nos alvéolos e ao longo do
Identificação do abcesso hepático associado tracto respiratório até às narinas. Em casos mais arrasta-
a abcesso(s) pulmonares. dos surgem edemas (e,g. ascite) e hepatomegalia. Mui-
As lesões hepáticas são mais ou menos extensas e com tas vezes estão associadas lesões de endocardite da
aspecto muito variável . Se a morte ocorreu por hemor- tricúspide.

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Apenas um tratamento muito prolongado com
penicilina procaína (20.000 UI/kg pv bid) poderá
levar à esterilização dos abcessos.
O tratamento da pneumonia é possível com a administra-
ção de antimicrobianos (penicilina), mas as recidivas são
muito prováveis. Se houver epistaxis o prognóstico é muito
reservado e provavelmente o tratamento não é justificável.
Administrar AINEs e diuréticos (e.g furosemida 500 mg IM)
em caso de febre e edema pulmonar evidente. O uso de
ácido acetilsalicílico oral é preconizado por certos autores,
mas não aconselhamos um tratamento prolongado já que
origina úlceras do abomaso e agrava as hemorragias pul-
DIAGNÓSTICO monares.

A suspeita de SVCP é geralmente confirmada O esvaziamento do abcesso hepático, conduzido por ecó-

quando surge epistaxis. grafo ou através de laparotomia, oferece taxas de sucesso


muito variáveis e é pouco útil se já houver abcessos pulmo-
A ecografia abdominal e torácica permite a confirmação da nares ou endocardite.
presença de abcessos.
A prevenção da SVCP é idêntica à referida para abcessos he-
O hemograma revela anemia e leucocitose com neutrofilia. páticos (v.) e baseia-se essencialmente no maneio nutricional
Há hiperfribinogenio nos casos mais arrastados. e alimentar destinado a prevenir acidoses ruminais subclíni-
DD com outras causas de pneumonia tais como DRB, pneu- cas. Como a penetração de microorganismos pode ocorrer
monia por aspiração, pneumonia supurada crónica, neopla- em consequência de úlceras do abomaso, devem igualmen-
sia pulmonar e parasitas pulmonares. te ser instituídas medidas preventivas desta doença (v.).

DISPNEIA, RINORREIA, TOSSE


Pneumonia verminosa - Oictyo- Dificuldade respiratória em vários animais, geralmente jo- Larvas e adultos são sensíveis levami-
caulus viviparus vens e em pastagem Febre, tosse, respiração rápida e abdo- sol, a avermectinas e benzimidazóis
minal em posição ortopneica. Casos agudos geralmente como fenbendazol ou albendazol, in-
Ovos são expelidos na tosse e de-
causam morte no espaço de 8-15 dias. Os casos moderados, cluindo na forma de bolos ruminais.
glutidos. Larvas desenvolvem-se nas
mais comuns, caracterizam-se por surtos de tosse paroxísti-
pastagens e são ingeridas pelos bo- No caso de existirem sinais de pneu-
ca, respiração ruidosa e perda de peso. Mantem-se apetite.
vinos penetrando mucosa intestinal monia devem ser administrado
e migrando em direcção ao pulmão Larvas e vermes adultos provocam reacção inflamatória da igualmente antimicrobianos e, se o
sem causar lesões importantes. In- parede dos brônquios, por vezes com obstrução, a que se edema for evidente, corticóide e
fecções mais comuns na Primavera- segue pneumonia granulomatosa não supurativa, atelec- diurético.
-Verão. tasia alveolar, edema pulmonar e enfisema compensató-
Existe vacina comercial, mas não
rio. São principalmente afectados os lobos caudais. Larvas
Ovos surgem nas fezes cerca de 25 em Portugal.
e parasitas são evidenciados em cortes do pulmão. Infec-
dias após ingestão das larvas infec-
ções bacterianas secundárias complicam os casos. Os ovos Manter prados "limpos" desparasi-
tantes.
podem penetrar o parênquima causando forte reacção tando animais 4 semanas antes do
Parasita pouco comum em Portugal. inflamatória com consolidação lobular. acesso à pastagem.

Trajectos de parasitas - Ascaris Doença respiratória acidental. Surge em bovinos em con- idem
suum e A. fumbricóides. tacto com, ou em pastagens onde estiveram, suínos. Disp-
neia, gemidos na expiração e tosse. Identificação dos para-
sitas no pulmão. Lesões de bronquite e pneumonia.
Identificação de helmintes no pulmão.

Neoplasia pulmonar - primário Emagrecimento e quebra de produção progressiva. Res- Eutanásia. Não há forma de prevenir.
ou como metástase. piração difícil, relutância ao esforço e tosse seca persis-
tente. Outros sinais podem depender da localização das
metástases.

Peripneumonia Contagiosa Bo- Muito contagiosa - vários animais afectados. Hiperter- Não se trata. Erradicada de Portugal.
vina (Mycop/asma mycoides subsp. mia (>40,5°(), dificuldade respiratória extrema, tosse, Serologia regular em certas regiões.
Mycoides). posição ortopneica, dor torácica, cifose, gemidos, "coto- Declaração obrigatória. Abate com-
velos" afastados. pulsivo.

Pleurite, pulmão fortemente hepatizado e com aspecto


marmoreado ao corte.
Tuberculose Mycobacterium bovis. Emagrecimento, baixa produção, dispneia e tosse crónica Não se trata Teste de tuberculiniza-
(forma pulmonar). Noutras formas podem predominar ou- ção. Doença de declaração obriga-
Zoonose
tros sinais. Granulomas e abcessos nos linfonodos e pul- tória Abate compulsivo
mão.

Faringite/laringite/traqueíte Respiração difícil, ruidosa (rouquidão) e por vezes doloro- Depende da causa. Dexametasona
sa. Taquipneia evidente após esforço Palpação da zona quando o edema é extenso e a res-
São apontadas várias causas:
causa dor e provoca tosse. Linfonodos retrofaríngeos hi- piração muito difíci l. AINEs nas res-
• Bactérias (e.g. necrobacilose oral). pertrofiados. As formas bacterianas normalmente apre- tantes situações. Antimicrobianos
• Vírus - BHVl, BHV4, BRSV sentam hálito malcheiroso e falsas membranas. Ausculta- (penicilinas, cefalosporinas ou ma-
ção mostra sons alterados na traqueia e laringe, mas não crólidos).
• Neoplasia - carcinoma (ver Pteri-
no pulmão. A hipertermia é pouco comum.
dium + papilomatose). Traqueotomia ou entubação pode
Na necropsia são evidentes na zona inflamação, falsas salvar a vida em casos de edema
• Alérgenos - poeiras ...
membranas, neoplasias, soluções de continuidade ou ab- grave.
• Síndrome Edema Traqueal - em cessos. As lesões pulmonares surgem apenas como com-
novilhos de engorda, de etiolo- plicações.
gia desconhecida
A Síndrome Edema Traqueal caracteriza-se por edema e con-
gestão extensos da parede dorsal da traqueia distal.

DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE


Linfosarcoma - adenopatia com Todas as formas se caracterizam por adenopatias generali- Não há tratamento para qualquer
compressão da laringe... zadas, emagrecimento progressivo e fraqueza. A hipertro- uma das formas. Leucose - serolo-
fia dos linfonodos da cabeça, pescoço e entrada do peito gia e abate compulsivo.
• Leucose (vírus) - Adultos.
causam dispneia e respiração ruidosa.
• Tímica - <2 anos.
Leucose bovina encontra-se erradicada em Portugal As
• Cutânea - 1-3 anos. formas esporádicas não são seropositivas ao teste da leu-
• Juvenil - < 6 meses. cose.

Sinusite - mais frequentemente Historial de descorna. Ferida da descorna infectada e com Antibioterapia (amoxicilina, penicilina,
como complicação de descornas miíases. Corrimento nasal purulento (por vezes com san- cefalosporinas). Lavagem e desinfec-
de vacas mas também por expan- gue), animal letárgico, cabeça baixa, dor à percussão da ção da ferida de descorna e lavagem
são de infecção nasal fronte. Na fase aguda pode haver hipertermia. dos seios frontais com soro fisiológico
a partir do orifício da descorna.

latrogénico - tracto superior. Le- Casos isolados com tosse, tumefacção, dor à palpação, há- Antimicrobianos de largo espectro
são traumática (sondas esofágicas, lito malcheiroso se houver infecção secundária. Linfono- e AINEs
entubação etc. .. ). dos normais no início e depois hipertrofiados. Observação
de ferida/abcesso no pós-boca

Falsos trajectos - pneumonia por Anamnese Dispneia grave, tosse, corrimento com corpos Antimicrobianos e AINEs.
aspiração, estranhos. Hipertermia. Morte súbita.
Corticóides.
• latrogénico (e.g. garrafadas ou Pulmão congestionados ou hemorrágicos. Presença de
Vit E e Selénio (Doença Músculo
sonda introduzida pela traqueia). ingesta ou fluidos estranhos nas vias respiratórias.
Branco).
• Decúbito lateral com timpanis-
mo.

• Defeitos congénitos.

• Doença Músculo Branco (v.) - dis-


fagia por inaptidão da língua ....

Alérgica - poeiras, fungos, fenos, Tosse paroxística. Ambiente pouco ventilado. Por vezes Corticóides ou outros anti-histamí-
fármacos. associado a diarreia. nicos.

Outras doenças: salmonelose, coronavírus, necrobacilose oral, intoxicações, actinobacilose nasal, actinomicose (maxila}, fractura (maxila),
cor pulmonale e malformações congénitas

DISPNEIA, RINORREIA • TOSSE


_______~---~--------------------------------~--------
, ,,_
DEPRES O• TAXI • P RESIA • CONVULSÕES

Nesta secçã o ca bem essenc ialmente as doença s q ue afec- doenças é d ifícil e caro, sendo portanto essencial a co loca -
tam o si stema ner voso central, mas dec idimos ainda in clu ir ção de hipóteses mais viáve is - plantas t óxicas, carência
d uas doenças metabólicas, hi pocalcém ia e hipomagn es ié- alim entares, envenenam ento etc..
mia, devido à enorm e seme lh ança do quadro clíni co. As
Defini çã o de algumas palavras usadas nesta secção: alodi-
ca usas são variadíssimas e gera lmen te incluem-se em t rês
nia: sensação de dor após estím ulos não nocivos; ataxia:
grandes grupos - infecc io sa s, ca rências e tóx ica s.
fa lta de coord enação na activid ade muscular; convulsão:
Quando da abordagem a casos com uma for te compone n- série de for tes contra cções involuntárias, descoordenadas e
te neurológica é muito importa nte fazer um exa me do g ru - de gra nde amplitude, que podem cond uzir a traumati smos
po pois quase todas as doenças aqui descritas encontram a graves; distonia: uma alteração do eq uilíbrio do sistema
sua fonte no ambiente que lhes é comum. Estes ou t ros ani- nervoso autónomo; head-pressing: empurrar cabeça con -
mais pod erão eventua lmente encontrar- se num a fase ini- tra um objecto, send o um comportamento mu ito habitua l
cial da doença e os sin ais se rem ainda imperceptíveis para em encefalites; hemiplegia: para li sia que afecta apenas um
o tratador pouco experi mentado. Este exame, e con se - lado do corpo, normalmente por les ão ce ntral; hiperstesia:
q uente diagnóstico precoce, são esse nciais pois grande sensibilidade aumentad a a estím ul os do lorosos; hiposte-
pa rte das doenças ca racterizada s por sinais 11ervosos apre - sia: red uçã o na sen sibilidade a estímu los dolorosos; mio-
senta um prognóstico gradua lmente ma is reservado até à clonia: contracç ão rítmica e repet itiva de um g rupo de
irrevers ibilidade. Estas são também algumas das doenças múscu los esquelét icos, mesmo durante o sono; paresia:
co m maior potencial de sofrim ento ani ma l e por isso é es- pa ralisia ligeira ou inco m p leta (e.g animal que se tenta le-
sencial avança r cedo com um diagnóst ico e prog nóstico vantar); paralisia: perda da função motora to tal o u parcial,
de origem nervosa ou mu scular; paraplegia: paralisia dos
Exactamen te porque a cau sa muitas vezes se encontra no
do is membros posteriores; torneio (circling): andar em cír-
ambiente é essencia l fazer um a boa investigação deste, in-
cu los, por desvio ou rotação da cabeça. Sinal de lesão cere-
clu indo das matérias ali mentares. ág ua, pastagellS etc. . . A
bral ou doença vestibul ar unil ateral.
co nfirmação laboratorial da causa de grande parte destas

BOTULISMO DEPRESSAO • ATAX IA • PROSTRAÇ AO


PROTUSÃO DA LÍNG UA• MORTE SÚB ITA

ETIOLOGIA vinos são extremamente sensíveis, sendo os vitelos bastante


ma is res istentes. Doença não contagiosa. Su rtos ocorrem por
A toxina do Clostridium botulinum é uma
expos ição comum. Taxa de morta lidade perto dos 100%.
das substâncias com maior poder letal conhecidas.
A ba ctéria anaeróbica C. botulinum produz 8 neurotoxinas
sendo as toxinas B, C e Das ma is leta is para os bovin os. As P TOGENI
tox inas são altamente estáveis e resistentes. A toxina preformada é ingerida pelo animal
com o alimento.

PIDEMI LOGI Os esporos de C. botulin um sobrevivem em diversos tipos


de solo dura nte anos. A bactéria desenvolve-se q uan do se
A toxina B é a mais frequentemente isolada pro porcionam condições ideais de anaerobiose, pH e pre -
na Europa. sença de proteína em decompos içã o. O ti po de toxina pro-
O botulismo pode surgir em qua lq uer parte do mundo e d uzido depende do tipo de material orgâ nico. Factores de
afec ta diversas espéci es an ima is incl uindo a humana. Os bo- ri sco sã o silagens em mau estado de co nse rvação, cadáve -

DEPRE SSÃO · ATAX IA • PARES IA • CONVULSOES


SINAIS CLÍNICOS
O quadro clínico é o de uma paralisia flácida
ascendente.
Os primeiros sinais podem surgir de 24 horas a vários dias
depois da ingestão e a gravidade depende da dose inge-
rida. Os primeiros sinais são de inapetência, incoordena-
ção e alteração de comportamento (e.g. cifose, parecen-
do ter dor abdominal, e tenesmo). Fasciculação muscular.
Devido à ataxia o animal pode precisar de se apoiar em
estruturas fixas para se manter de pé. Segue-se paralisia
simétrica parcial, normalmente ascendente, e que final-
mente leva à prostração. Nas primeiras horas ou dias o
animal mantém atitude alerta, mas gradualmente deixa
de conseguir erguer a cabeça, deitando-a no chão ou
sobre o flanco. A perda de tonicidade da língua, que fica
pendente se exteriorizada, é um dos sinais típicos da fase
avançada da doença, mas que não ocorre em todos os
casos. Há ainda disfagia, timpanismo, ptose e ptialismo.
res junto às matérias alimentares ou fonte de água, ossos
Sensibilidade e consciência mantêm-se até ao fim. Morte
nas pastagen s (picacismo por animais com carência em fos-
ocorre quase sempre por asfixia devido à paralisia do dia-
foro) ou mesmo água estagnada com muita matéria orgâ-
fragma e músculos intercostais.
nica. A toxina pode manter-se activa durante um ano em
carcaças animais. A síndrome "botulismo visceral" caracteriza-se por in-
digestão, atraso de crescimento, diarreia alternada
Após absorção intestinal, a toxina entra em circulação e
com coprostase, laminite e edemas.
atinge as terminações nervosas bloqueando a libertação
do neurotransmissor acetilcolina, afectando essencialmen-
te os músculos estriadas.
Foi proposta a designação de botulismo visceral para um
síndrome que se associou ao isolamento de toxinas de C.
botulinum nas porções distais do intestino. É sugerido que a
absorção continuada de muito pequenas quantidades da
toxina altere a fisiologia intestinal.

LESÕES
Não são de esperar quaisquer lesões macroscópicas
em casos de botulismo.
Conteúdo seco e timpanismo gastrointestinal, são lesões
típicas de botulismo mas muito inespecíficas. Lesões mus-
culares devido ao decúbito prolongado.

DIAGNÓSTICO
Não há alterações sanguíneas ou bioquímicas A cultura a partir do alimento suspeito é preferível. A anamne-
excepto as relacionadas com o decúbito prolongado. se, os dados epidemiológicos e o quadro clínico são essenciais
Testes laboratoriais são muito pouco sensíveis a detectar a to- ao diagnóstico. Testes laboratoriais servem para afastar outras
xina e a cu ltura microbiológica é quase sempre negativa. hipóteses como: hipocalcémia, hipocalémia, intoxicação por

DEPRESSÃO, ATAXIA • PARES IA• CONVULSÕES


11lE'l<lis pe.sndos (e.g. chumbo) ou químico'.> (inslcclicid,is, qossi-
pol l'lC). Terno:, oi>serviJdo a11 irr 1,.1is érn c:-:tcnsivo corn ÇJr,wes
C?J t011c: i<1s ali rn c-' liíill\~S e sir1,1 is tWJilo ',c1, 1c-'l l 1,mtt• s (/\t<·211<) io:
disti11cw i1 ír.:1quc,z,1ele•11:1rD lisi,1), IJc~ve-sl-~ c:011siderê11· ,111x l,1list,~-
riose, 11;;1:, ni,1slr,e coi 1) e1 1dnto:-:emi,1 -' c:Ho'.,(' 1H 1vos,1. 0

PREV NÇAO
Tratamento de suporte pode salvar animais que
ingeriram pequenas doses e ainda se conseguem
levantar.
Os ,11 1in1;iis <;<"!111 bo tulis1Y10 pouco !,E'vero devem 10,CC-{Jel'
rl uidntPri)I Ji, 1, I i"~ I ISÍêllJI lilÇil CJ li IITlil icJI, i)l)t irn iGol licl l lCJS (co11-
tr,1 ir1í'ecc,:ô<-; S \t'CL.1r1L l{1r"i;1s) e cnm1 Jlc-;:,os vitélr·11ír 1ilos. Ar1i-
111,1 is pros trileios dt'Vlj ri '.,er cut;_111asic1rlos.

l'rt,v-•n<)ín: 1150 p,"m1i tir ,1 in<)estiln d(' ,1li rn e11 to:; en, de-
co r-r1p<)';içiío; reco lhíl de G.1d(1vcc::rcs d,l'i p~st,1cJn1 s; r1 ,i o per-
rT1it ir ilCC;SSO ele ,rn irTliliS (pc11"1 1hm , <JiHOS, C,lC, ',, r'é llil/.ilr·1,1'.,) ílo'.;
or 1cl1.' <~ c, 11c_on I r,1< lo um c:nd,íve r). Tu:-:(iicle,; •;tio l1Sêl(fos m1 l-
loc,1i•, de ,11T11,ver1<1r 11c r110 eln:; ali r11crilos; viq ilfrn ci,1e linip<'!·
9 ur 11,15, zo1l<l'> <if• bo tulis1 110 e11dc'.,lll i(o,
Zil periódic..1 cl,lS ÍOl'llf'S E.' IC'>l2íVdlt'; rim (i(' (HJll,·l; l-'Vilélr llSélr
111il leri ,1I cl,1 r1v io d1111 ,1 parê1 as car 11<1s. Dcve-srõ t.ic-: sirui r ,1li- () lc-•ile <it' illlÍITk1iS COlll SllSJl(·'Íi<I c[<.; L1otuli'.;I no I kl O deve 'l:I
rn c11lo'> ('111 t l,xrn 111i<i,;i</ 10 e ,;1quc,'it,':, que 11uss;ir-i-1 ler esl,1- ,1proveilc1do par,1 cur N II no hui 11c_11 1u. (.):, C:dlkívcres de ,m imai,:
<lo t' r11 crn 1l <"1 c·tu con 1;1r1ir11,.1is r11 m 10, (12,<"J. li 1rdm el e p,111 1,1 n 1or t0:; por hu L1.1 li,;rm1 cl cvcr11 '.;1cr cl c•s lT1ríc1ns e 11i10 <-'r 11c:rr, 1du'>.

FEBRE DO LEI E f'/1 R1\L1.SIA, PROSTli/\ ÇÁO


.<'IUS1~~1(lf1 DE i~ffLEXOS, TIMPt1NJS1V10

ETIOLOGIA
A Febre do Leite é a designação coloquial para a
hipocalcémia clínica do periparto.
h ! lir<0 cio I ei le 11co1 re q11c111do vc1im<'"; de c:;1 lu-'1r1i,1s;io in le-
r·im cs ,1 ', rTl<J/cll. 11 c1 e corr0::,por1c k• a Cl-: r·u, d,': 1 ,1 IJ ÇJ ele cic
fi cit de c:21 lcio (C:i). Nivei'.; l-'n tre <Vi 'i e o:, 7,.'.:i rn <"J/ d l_oco rTe r11
l'l,lS li ipociilc;é:mias sul icli1 1iGt,,

1D M OLO
A idade aumenta os riscos de Febre do Leite em 10%
por cada lactação.
lncidê11Ci,1s supc-:riorc~ ,·1 '.i% d,1s VêlGJS pi.i ri da s ,JC01 1sel hêlni
rev i'.;Jo do,maço,mw11 1·0 pr·é-p,1rto c ir1Lrocluc,:ão de méto-
0

dus ,1pe rl,1dc.is de prc!ve r1çf10. l1êir·;1rT1en\e c1feci-,1 prir·1·1íp21ri1s


e mesmo vacas para a segunda lactação. Vacas altas produ- absorção intestinal e reabsorção óssea e renal em respos-
toras são mais susceptíveis, assim como as obesas. Casos ta a níveis baixos de Ca no sangue. Não é consensual o
clínicos ocorrem essencialmente nas 48 horas após o parto, efeito de níveis elevados de Ca na dieta pré-parto na inci-
mas casos raros surgem desde uma semana antes até uma dência de hipocalcémia nem dos níveis baixos na sua
semana após parto. Cerca de 1% morrem mesmo após tra- prevenção. Em contraste, níveis baixos de Mg e CI e eleva-
tamento. Estão descritos casos de hipocalcémia no pico de dos em P, Na e K na dieta pré-parto, aumentam o risco de
lactação em altas produtoras. Febre do Leite. O risco de Febre do Leite aumenta com o
número de dias que uma vaca no pré-parto está exposta
Muito raro em raças de carne, mas possível em vacas mais
a uma dieta de lactação.
velhas.
Muitas vacas leiteiras fazem hipocalcémias sub-clínicas que
influenciam decisivamente a produção, saúde e reprodu-
PATOGENIA ção futura. A estase gastro-intestinal, com hipomotilidade
As "perdas" de cálcio no leite após o parto podem ruminai, agrava a condição reduzindo a quantidade de Ca
atingir os 50 g por dia. que chega ao intestino e é absorvida.
A Febre do Leite resulta de uma incapacidade do organis- Na Febre do Leite ocorre frequentemente também hipo-
mo responder convenientemente a um enorme e repenti- magnesiémia, hipofosfatémia e hiperglicémia.
no requisito de cálcio.

O cálcio circulante existe sob duas formas - ligado às pro- LESÕES


teínas e livre (ionizado). Apenas este segundo é biologi-
Não há lesões específicas de hipocalcemia.
camente activo (e.g. para contracção muscular). A calcito-
nina promove a fixação de Ca no osso em resposta a Normalmente encontram-se lesões músculo-esqueléticas
níveis sanguíneos elevados e a paratormona promove resultantes do decúbito e tentativas de se levantar.

DIAGNÓSTICO
SINAIS CLÍNICOS Paresia progressiva em vaca com três ou mais
Paralisia progressiva que acaba invariavelmente lactações após parto eutócico, é suficiente para
em morte se não tratada. diagnóstico da Febre do Leite.
Fase inicial, com discreta tetania, hipertermia e hi- Diagnóstico terapêutico baseado no resultado do cálcio
perexcitabilidade, passa muitas vezes despercebi- endovenoso - melhoria evidente dos sinais clínicos. No
da . Segue-se uma fase de taquicardia, hipotermia e caso da hipocalcemia subclínica o diagnóstico é mais difícil
fraqueza muscular, primeiro com relutância em se e baseia-se na avaliação do valor de calcemia. DO com pa-
levantar e depois com incapacidade total. O decú- ralisia do n. ciático/obturador ou fractura óssea após parto
bito é primeiro esternal e depois costal. Há ausên- difícil, hipofosfatémia, hipomagnesiemia, síndrome de fíga-
cia de reflexo pupilar e anal. Atonia ruminai e au- do gordo, endotoxémia (e.g. mastite) e botulismo. A ausên-
sência de defecação e micção. Timpanismo vai cia de reflexos (pupilar ou anal) é muitas vezes usado no
agravando (pode ser a causa de morte). Depressão campo para distinguir a Febre do Leite destas doenças.
e letargia progressiva seguida de coma e morte ao
fim de algumas horas, geralmente por insuficiência TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
respiratória.
Produtos à base de cálcio são irritantes para os
A hipocalcémia sub-clínica, que predispõe para uma
tecidos sendo sempre preferível a administração
série de outras doenças como metrites, deslocamento
endovenosa.
de abomaso e cetose, caracteriza-se por baixa produ-
ção, inapetência, hipotonia ruminai, fezes escassas, O tratamento de Febre do Leite deve ser feito através da

taquicardia, letargia e fraqueza muscular. É um proble- perfusão endovenosa lenta (50 mL/min) de compostos
ma de grupo e associa-se a um aumento na incidência de cálcio (e.g. borogluconato). Normalmente é suficiente

de metrites na exploração. a administração de 500 mL de uma solução -24% (equi-


valente a cerca de 1mi/kg pv), podendo esta dose ser re-

DEPRESSÃO, ATAXIA • PARESIA, CONVULSÕES


petida passadas algumas horas baseando-se nos sinais lhosa. Cálcio oral (e.g. na fo rma de propionato ou clo reto)
clínicos. Manter vigilância do sistema cardiovascular e logo após o parto, repetida 2 ou 3 vezes. Administração de
suspender perfusão em casos de arritmias ou bradicardia Vit.D 3 antes do parto aume11ta absorção de Ca, mostrando
prolongada. Administração concomitante de vit.0 3, po- eficácia máxima se ministrada 1-4 dias antes do parto, o que
derá preve11ir l'ecidivas. Não dar soro glucosado pois irá pode significar 11ecessidade de 1epetições. Dietas anió11icas
exacerbar a hiperglicemia aumentando a diurese e a per- (1 icas em cloretos e sulfatos, mas muito pouco palatáveis)
da de cálcio na urina. causam acidemia, aumentando a mobilização de Ca e a
Os sinais de recuperação durante perfusão do cálcio são: proporção circulante de Ca i011izado, Gara11tir, na dieta do
tremores do panícula muscular subcutâneo, bradicardia, período de seca, níveis elevados de Mg e relativamente bai-
sudação, eructação, micção, aumento progressiva de res- xos de Ca, K e P.
posta a estímulos e retorno dos reflexos. As complicações da Febre do Leite (ver Capítulo) são fre-
Existem várias formas de p1evenir a Febre do Leite. A admi- quentes e graves devendo ser prevenidas através de um
nistração endovenosa de cálcio imediatamente após o par- conecto maneio da vaca parida - maternidades individuais
to é talvez a mais eficaz, mas também a mais cara e traba- com cama seca e espessa .

LISTERIOSE (MENINGOE CEFAL TE) HEMIPLEGIA, ASSIMETRIA FACIAL


ATAXIA, ANDAR EM CÍRCULO

E IOLOGIA EPID IOLOGIA


Causada pela bactéria Gram-positiva Listeria Bactéria sobrevive anos em material orgânico
monocytogenes. com pH neutro.
Nos animais (e homens) é conside1ada uma infecção de mi- As espécies do género Listeria são ubiquitárias, encontrando-
gem alimentar, sendo que nos bovinos a pri11eipal fonte são -se em silagem mal co11servada, solo, estrume e fazem par-
as silagens mal-conservadas. te da flora do tracto gastro-intestinal de diversos mamíferos.

DEPRESSAO • ATAXIA • PARESIA • CONVULSÕES

- ,----------------------------------------------------~,,.
/\pe1,<1Ssol )l'l·:vive e1·1·1pH> 'i,Ge por isso ,•i s silc19cr1 s dr.e boé1
qll"1li<.la<le :;;jo se9 uril:;, Foi j,í isol,1ci;1de fe7,~',, 11rin;:,, lci 1·c e
ccmirn e111 0:, vr1 qi11:1i::.
()'; GJSos d e li ·-;reriose s~o quê1Se sem pre c:;pori,cl ic:,.1s, mi.l:;
pucle sui-cJi r ri;-1 i'cmT1,J de ,,uri o:, q11 ; 1 11 c:lo hf.1 c:-: 1.ios ir;~ío n 111"1-
le1 i,il loítt:-jT11~11le c;on 1,11-r1i1·1,.1clo. LE· l<1lidilde muilo 111 ,a po-
dendo chcq ar ,:10:; 100%.
i.'.l1rn·1ose, com l r,rnsrni•;•;,10 po:;sível ;, 11,.ivr-2!, do le.i re e can 1c
m,11cozi nlwcJa.

ATOGE IA
A principal doen ça é urn,1 encdali tc, rn ;;1s cd usa
também aborto, rnas tite e irí te (v.) .
O mea111i :;111u cln cl ()(''r1 çõ, 11iÍo e:; 121hei, 1e:;d,11 ec icl u - il lxw-
1éri,1i1wndc Ct'llllê1:; do c.pil(; lio i1 1le:~ lil k1I ou e11 1r<1 <1lr,ivé:, ci"
:;ol uçiic:; de• cc 1111i11 1.1 icl ,-iclr: , r_c,11J1 111 1iw1 OI I inc1 ldc/10. Alé r11y1-
r,1 i.lpt:n,.1s oe co111 provu1 1u ,ice·;-;r.1 "º Sl~r 1-11r,-1vr;::, ele r,,11·110·,
do triqt5rnco. U período de i1 1cub,iç;ío é ele 2 d h S'·r11i1 11<1:,.

IN CL NI S
A síndrome vestibular é responsável pelo andar
em circulo (circllng disease) característico da
listeriose.
A doença inicia-se por inapetência, quebra de produ-
ção e sinais de desconforto (e.g. ranger de dentes).
Não costuma haver hiper rmia. Há ptlallsmo, d1sfagia,
lmpanlsmo ligeiro e nlstagmos (hollzontal ou verti·
cal). Quase sempr há sinais e I são do sistema vesti·
bular (ce11 trall qt.1e 1~va o animal a anda, em círculo e,
consequ ntem nte, a cair sempre para o mesmo laclo,
A hemiplegia racial !nervos cranianos V, VII e outros)
nota-se pela h1poalgesla facia l, orelha descaida, pálp
bra sem icerrada e procusâo da li ngua pela com 1ssura
labial lncompl · ramenre fechada. P0de haver aumen·
to das contracções rurnínais se o nervo v.190 estiver Ci-lu·;,1 i1 1llê1m,içiio <l \Jl.lüi:l do tm 11co ccrc hrc1I r-; p1·od 11ção de
fectado. A do nça Onalmente volul para parallsla microc1 hcessm, éil P.( til 1Hlo diver'.;or, nr~1vos c.r<11,en1 10~
bilateral. Em casos não cr.:1tados segue-se pros ração,
Provrivel1n e111e é 11ecc:;:;t1riê1 i111 u11c,depwss~10 p,mi c1L1c
coma e mo, te ao fim de 1-2 semanas.
ocu1-r,1 drJe11 Çé:l cl í11ic;J.
Cornplk:ações comuns são: acldose ruminai (po, per
da de saliva) lesões rnusculosquelêtlcas por quedas
ou decúbito prolong do. A infecção genital provoca LES E
abortos na fase 1nal da gesração ou septicem a de vl- Niío se enco ntrc,rn lcsôes rn ,K ros có pícas
~elos rec m-nascidos. A ptevelânica d casos d m s- de menín goe ncefo lite de listeríose.
tlte por/.. monoc:ywgenes Lem aumen ado.
Mi cro,1bc:1-2S:;o!, 110 1101 1(.(.l ce 1'l:hr,1I.

O(PRESSAO , AT/\X IA • PIIRESIA • CO NVU LSÕES


G IC R P UTICA P VE
Não há teste laboratorial em vida que confirme Não dar aos animais as porções de silagens
infecção por Listeria. onde é evidente que o pH não desceu abaixo
lsolarne11Lo da bactéria a partir do tro11co cerebrill nern
dos 5,5 (e.g. presença de fungos).
sempre é fácil. Envio de t1011co cerebral para histopatolog i,1. Tratam ento com oxitetracicli11a o u penicilina durante pelo
Gerillrnen te não se cc m seg ue isolar il bactéria r1 parti r do menos urna semana. Dose inicial mu ito alta (e,g. 250,000 UI/kg
ILR, mas um 11úmero eleva do de monóc itos (60%) e li11fóci- de peni cili11él). Fluid oterapia endove11osa e ora l com bi car-
tos (> 30%), para alérn de elevad a prote ína, são bastante bo11 ato. AIN Es. Combater quera tite co rn co lírios. A recupe-
específicos. ração de anirnilis que já não se levantam é pouco provável.

O DO deve faze r-s e co rn llSE, b otu lisrno, d oe nçil vest i- A prevenção pilssa pelil produção de boas silagens co m
bu lar por otite ou ilbcesso, poli e 1icefa lornal;iciil e in- descida ráp ida d o pl-l. Evitar contaminação do rn ate,·ial da
t ox icaçõe s vária s (e.g. ac ido cia11í d ri co e organo fosfo- silag ern co rn terra. Desca rtar silag ens m al co11servadas.
rado s). Destru ição ele cadáveres.

TETA D ER ATAX IA, INCOORDENAÇÃO · TETANIA


CONVULSÕES· MORTE SÚBITA

o
Da conjugação de uma série de factores etiológicos IDEMI LOGI
resulta a hipomagnesiémia clínica ou Tetania Mais frequente em vacas adultas em pastagens
da Erva. com erva jovem e de crescimento rápido
Hipomagnesiernia pode resultar de carência illirne11tar, au- (Primavera).
mento das perda s o u factores metabólicos que reduze m a Pastagens ele erva (e.g. gramíneas) fortemen te adubadas
dispon ibilidade de Mg Os si 11ais ocorre111 co m níveis sa 11- com azoto OLI potássio favorecem o desenvolvimento da
guíneos < 1rng/dl. Tetania da E1va. l_egumi11osas são menos problernáticas por
serem ricas em Ca e Mg.

A inc idência depende muito da presença dos factores


predispo1ientes, mas não é urna doença muito frequente
em Portuga l. Nas cond ições propíc ias afecta vário s an i-
mai s na manada , Ap esar do tratamento ser fácil, a morta-
lidade pode se r elevada porque a evolu ção é demasiado
ráp ida.

OGENI
Rácio Na:K muito baixo (< 3:1) no rúmen reduz
capacidade de absorver Mg.
O Mg é um elemento fU11dame,1 tal na 11euro-tra11Srnissão e
co11tracção muscular. Não ex iste mecan ismo hormcmal res-
pon sáve l pela regula ção dos níveis d e M g.

DEPRES SÃO · ATAXl/1 • PARESl/1 • CONVULSÕES


Animais alimentados com erva jovem rica em K favorecem
SINAIS CLÍNICOS o ambiente ruminai que reduz a absorção de Mg. Se a este
Excitação, tetania e convulsões são os sinais factor se associar as baixas concentrações de Mg nalgumas
mais característicos da doença. ervas e as perdas elevadas, estão preenchidas as condições
para ocorrer Tetania da Erva.
Primeiros sinais são: isolamento, alteração do com-
portamento (e.g. hiperexcitabilidade) e tremores O mecanismo de reabsorção óssea de Mg é menos efi-

musculares. Os sinais intermédios são de aparente ciente em animais adultos e as perdas no leite podem ser

cegueira e agressividade (e.g. atropela quem seco- elevadas em altas produtoras no pico de lactação. Hipo-

locar à frente). Cauda e cabeça constantemente magnesiémia geralmente associa-se a hipocalcémia em

erguida, olhar esgazeado e espuma na boca. Ata- vacas recém-paridas e pode confundir o quadro clínico da

xia, incoordenação e dificuldade em levantar-se. Febre do Leite (v.). Factores de stress parecem desencade-
Vocaliza frequentemente. Se não for tratado o ani- ar e exacerbar os sinais de hipomagnesiémia, talvez por
mal acaba por cair e ficar em decúbito lateral, em acção da epinefrina.
opistótonos, dorso arqueado, nistagmos e tetania
(qualquer factor de stress desencadeia espasmos
LESÕES
musculares). Taquipneia, taquicardia e hipertermia
geralmente sucedem-se aos períodos de contrac- Não há lesões características de Tetania da Erva.
ções musculares.

Muitas vezes os animais são encontrados mortos nas DIAGNÓSTICO


pastagens com vestígios de convulsões (e.g. sinais de
Níveis de Mg <1 mg/dl no LCR servem para
pedalar no solo) e boca cheia de espuma.
diagnóstico em vida.
Após a morte apenas os baixos níveis de Mg no humor vítreo
do olho permitem confirmar a ocorrência de Tetania da Erva.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Administração IV de compostos comerciais de
cálcio+magnésio constitui tratamento eficaz.
A resposta à administração de Mg pode demorar 30 minu-
tos (tempo de penetração do Mg no SNC). A taxa de suces-
so decresce com o evoluir da situação. Pode ser necessário
sedar o animal (e.g. xilazina).

Evitar pastagens de risco para vacas em alta produção (e.g.


lactação) ou suplementar dieta com magnésio (3g/kg MS).
Blocos de sais minerais com Mg colocados nas pastagens
têm ainda a vantagem de suplementar sódio que pode es-
tar na origem da reduzida absorção ruminai de Mg. Quando
surgirem os primeiros casos deve-se tratar o grupo todo
imediatamente com Mg no alimento ou em drench (80 g)
de óxido de magnésio por animal.

DEPRESSÃO• ATAXIA • PARES IA• CONVULSÕES


INTOXIC ÇÃO POR CIDO CI iDRI O /\TA XIA , D ISl'NEIA , CIANOSE
PHOSTfli\ÇÁO, M011TE SlJBITA

ETIOLOG
SI AIS C ICOS
Pl antas cianogénicas contêm ácido cianídrico (HCN).
Sinc1 is pode m 5er· lêVid t'rit e, irm:cl ic1t11m,,' nte ,11,ós (ou
O HCN r1iJS pl,mtil s PS LêÍ li gad o a gli rns ídeos qu e, qu ,rn clo
rnesr110 durêi1, 1·c-:) êl ir1 ge, t2io dils plantas cia r109ér1i cas.
hi dro li sildos, libert ilm a tox in il Sorghwn spp.. Exister·n rr1ai s
de cem pl antas cianogé11icils sendo o sorgo a de lllilior re- Sinais agudos cJe intoxicaç;i o inc luem dispneia, ptia lis-
levâ ncia ri a produção bovi1 1a e111 Port ugal e aqu ela que rno, ,w 1xia, iricoordenvção, heod pressinq, quecl,1s
aqu i servirá de modelo. qLr,mdo se obr'ig;i a rnovirnentos bruscos, nistagrnos e
opistó to11os. As r11uc'os,1s eslfío cianótic.is, rwis o s,111-
g ue colhido das VE-; i,i s é verrne lho vivo. Sf'~J llt'-Se de
PD IA n íbit o estem,;11 com o anima l a não consecw ir rn é11 1ter
Ruminantes são mais susce ptíveis do que a cabeç~ levi11rtêlda. A morte pocl e ocorrer· em 1muc.1s
monogástricos porqu e a microflora e pH ruminai hor""ilS ou o processo reverter' po r· e: lim inci çó o cfa toxiri a.
fa vorecem a hidrolisação dos glicosídeos. Pod e oco rre r 1T1CJ rte s (1bit a.

O po tencia l tc'ixico do so rqo varia com dive rsos fa ctores A intox ic;iç-;io crc'Jn iv i pode n,10 mostra r si11c1 is ou êlpe-
sendo maior apc'1s períodos de: str ess (e.g. seca, gran izo); 1111s licJeirêi irn:oorde11ação, ~lopecicJs e IJ/l ix;i prod u()o.
nils pla ntas joven s coni rlU rne msos rebentos; após traLa-
nH01Ho com herbicidas; nos solos fert ilizados co m nitril -
tos. São ai nda filct ores de , isco é1 o fertJ de gra11de quan-
tidade de sorg o verde a an ima is com fo nie (i11gesUio
réi pida dé~ gr,mdes qu r1 11tidad cs). O sorqo seco é nie110s P TOGENIA
pe rigo so po is o HCN é rnuito vo lát il. Bactérias do rúmen hidroli sa m rapid amente os
glicosíd eos cianogénicos libertando HCN que é
muito facilmente absorvido ao longo do tracto
dig estivo.
A intoxicJção dCJL1dc1 só se déí quando são Jbsorvidils qra11 -
dcs quantidades num cu rlo espd<,:o de tempo ()-4 rn g/
kq/h). O HCN ligil-se à hemoglobina evitil ndo a li bertaçi'.\o
do oxicJénio. H;í hipoxiil dos Lecidos e co 11sc0que11te aurne11-
to da freq uérici;i respirilt cí ri,1. Os si11ais neurol(Jgi cos rPsul -
lill ll da él 11oxia cl' rebra l.

Atenção: O sorgo Li11 rib érn pode s0r ío11te importante de


11ilrél tos (v.), sendo o qu adro clín ico ueralrr1entc urna cem -
junção do efeito cbs d u,1s toxi11c1s

LESÕE
Sangue vermelho vivo (metahemoglobina)
que não coagula facilmente nos casos agudos.
Nos c,1sos corn evolução prolonqadél o sémgue pélsso a ser
escu ro c r11 rcsultaclo da élnc,xé111i a, Mú scu los de cor escu -
0

ra. Pel éqL ri as e h0mor1J giJs r1é1S serosas e rn ucosa s. No rl·J-


111en podem ser detecta déls él Splantas font<:' dc0 I-I CN ilimJJ

DE Pl1ES SAO · Ar/\X I/\ · l'A11ES I/\ · CO NVU LSÕES


V
Cortar sorgo só quando tiver mais de 75 cm
de altura e deixar seca r durante 24 horas.
G,mr1fada ele 'i u de 11iLrito de sódio -1- 'I S (J Liossulfato de
sód io em ;zoo n1 L dr:-' ,íqua. ílepc:'lir co 11íor111P si11ais e pos, í-
wl ahsmç[10 dec milis Lo:<in,1. Azul ele rnetilc·r10 IV devido /1
possibilidad e ele ir1Lox icél<,;,io ,1ssocic.1cfa rnr-r1 rntratus. lic,r rni ·
ric,Lomia cor·11 rc"ti1·21d,1de 11k1téric1 ve(JetJI em G1sos nq udos
e nos ,mimais 1T1,1 is v,i li osus.
N5o dc'i:«11· éHl imais corn fome em terre11os com '.,or90 tõspe-
ci c1 lme11 tc c1pós períodos de St:'Cil ou com pl,111 tilS Jover 1s.
Juntc1r ,10 $orqo verd e pc1lhil ou fl'no de azevé1 11, /\rençãn iJ
co1 1tarninc1 çi'lo de past,1ge11s com outras plantc1s ricas ern
glirns ídeos ci,, 110gé11 icos.

por digerir. Co11Let'1do do rúmer1 c:orn clw iro il arnêr1doé1


é1íl 1drga.

DI GNÕ TI O
A história de ingestão de plantas cianogénicas
associada ao quadro clínico hiperagudo.
l::11vio irned iil to e em véic uo do c:or1tPt'1do do r(1mer1ou Sé11 1-
gue pilrél iden tificação de glicosíd eos ciJnoqén icos ou HCN.
A metahemoglobi rk1que se ronnil na intoxiG1ção por nitril-
tos é muito inst{1vel e isso deve ser levado em conta 110
dia,111óstico diferenridl.
DD corn botulisrno, li steriose, hipornac111es if'm ia, i11 toxica -
ção aguda por ni tra tos (por vezes associada) ou por outras
pla11tcJs. Choque ,rnilfilé'i ctico e carbúriculo l1 emiÍt ico.

OEl'Hl:SSÀO, A'rl\XIA, PI\RESII\, CONVlJLSÔES


1 TOXICAÇ P RORG NOFO FORA OS TETANIAS, CONVULSÕES, DIARREIA
MIOSE, SUDAÇÃO, MORTE SÚBITA
(E CARBAMATOS)

Produtos insecticidas ou herbicidas usados


na pecuária e agricultura.
Existem no mercado uma enorme variedade de organofos-
forados, sendo que aqueles aconselhados para a aplicação
em animais são normalmente os menos tóxicos.

Intoxicação por ingestão, ou através da pele, pode


ser acidental ou por sobredosagem nos tratamentos.
A absorção pode ser por ingestão, inalação, percutânea ou
conjuntiva!. Uma das formas mais comuns de intoxicação é

51!\lJ'.\ ! Cl.-Í N !( ú S
A miose e bradicardia são dois dos sinais mais
característicos da intoxicação por qualquer
organofosforado.
Sinais podem começar minutos até horas após expo-
por herbicidas usados nas pastagens, pomares, bordas dos
sição. Gravidade dos sinais depende muito do produ-
campos etc. . . Alguns herbicidas disfarçam cheiro e paladar
to e dose ingerida, mas os sinais são quase sempre de
de plantas tóxicas de forma que animais não as evitam
uma síndroma parassimpaticomimética e sobre-esti-
como habitual.
mulação neuro-muscular. lncoordenação, tremores,
fasciculação, hipersialia, diarreia, incontinência uriná- Os animais mais jovens, desidratados ou submetidos a
ria, sudação, prostração e convulsões. Há dispneia e stress, parecem ser mais susceptíveis.
sons pulmonares anormais muito audíveis devido ao
aumento de secreções, estenose brônquica e edema
OGF.NPA
pulmonar. Todos estes sinais podem surgir de forma
intermitente. Pode seguir-se paresia. A morte ocorre Acção principal - inactivação da colinesterase.
por insuficiência respiratória. A colinesterase hidrolisa a acetilcolina nas sinapses nervo-
Atenção - nas intoxicações com pequenas doses po- sas. A inactivação da colinesterase significa uma acção
dem destacar-se os efeitos das toxinas sobre os recep- continuada da acetilcolina nas sinapses que usam este
tores nicotínicos pré-ganglionares das fibras do siste- neurotransmissor - junções neuro-musculares e sistema
ma simpático, o que pode conduzir a taquicardia e parassimpático, entre outros.
midríase. Alguns tóxicos podem ter acção teratogénica.
Atenção - está descrita polineuropatia tardia induzi-
da por organofosforados. Cerca de 1 a 2 semanas após
intoxicação há fraqueza muscular dos membros pos-
teriores, timpanismo, diarreia e finalmente paralisia. Não há lesões características de intoxicação pelos
organofosforados mais comuns.

DEPRESSÃO• ATAXIA • PARESIA • CONVULSÕES


DIAGf'JÚSllCO HH AP ÉllllU\ ,. PRE VENÇÂO
Perante um caso o diagnóstico só pode ser clínico Atropina em doses altas e repetidas é o antidoto
porque não há tempo para esperar por resultados tradicional - 0,25-0,3 mg/kg peso vivo. Repetir
laboratoriais. de acordo com a persistência dos sinais.
Diagnóstico terapêutico - efeito benéfico da atropina . Mui- O uso de pralidoxima (reverte a ligação dos organofosfora -
tos org anofosforados ingeridos são facilmente identificá- dos com a aceti lco li nesterase) é por vezes aconse lh ado,
veis no conteúdo do rúm en, mas não nos tecidos an imais. mas provavelmente desnecessário na maior parte dos ca-
Fazer uma anamnese detalhada no sentido de identificar sos. Carvão activado per os se a intoxicação for oral ou lava-
fonte de intoxicação ou mesmo do princípi o activo. É van- gem do pêlo se for percutânea. A atropina não eli mina tre-
tajoso sugerir ao laboratório o grupo do organofosforado mores e tetania. Atenção à sobredos agem de atropina.
usado para reduzir custos na análise. Níveis de colinesterase
Evitar pastagens próximas de locais tratados com herbici-
no sa ngue e tecidos mantêm-se muito baixos mesmo após
das. Ter atenção às conce ntrações de produtos insecticidas
recuperação.
e não usa r nos animais aqueles destinados às instalações
DD com Edema e Enfisema Intersticial Agudo, reacção ana- (excipiente oleoso que favorece absorção).
filácti ca, poliencefalomalacia, meningoencefalite por Hae-
O efeito de muitos destes compostos sobre a fauna selva-
mophi/us, plantas tóxicas e hipomagnesiémia.
gem (insectos e peixes) é dramático e por isso devem ser
usados com extremo cu idado ambiental.

MENINGITE NFOI\IATAL INCOORDENAÇÃO, FEBRE· HIPERESTESIA


OPISTÓTONOS ·CONVULSÕES, MORTE SÚBITA

ETIOL.OGIA de colostro. É obviamente mais comum nas exp lorações


em que as diarreias neonatais de origem bacteriana sejam
A meningite neonatal é geralmente uma
frequentes. Contaminação bacteriana da água de bebida é
das sequelas de septicemia.
outra fonte importante de agentes de meningite. As me-
As doenças primárias mais comumente relacionadas com ningites bacterianas após o desmame são muito raras (ex-
meningite são onfalites e diarreias, sendo a bactéria E.coli cepto nas doenças especificas - e.g. Listeria ou Histophi/us).
(colibacilose septicém ica) uma das mais frequentemente
envol vidas. Provavelmente factores predi sponentes, como
a falha de transmissão de imunidade de orig em materna PATOGEN !/.\
pelo colostro, fac ili tam o desenvolvimento da infecção do
Raramente há inflamação das meninges sem
SNC.
inflamação do encéfalo= meningoencefalite.
Para meningites específicas consultar a respectiva doença.
A meningite neonatal é precedida de bacteriemia que, em
si tuações de imunodepressão, favorece a passagem de mi-
t croorganismos através da barreira hematoencefalica. lnter-
leucinas e outros mediadores da inflamação promovem a
Meningite em bovinos ocorre essencialmente diapedese e passagem de proteína e neutrófilos para o es-
em animais jovens. paço subaracnóide. Inflamação e edema prom ovem a com -
Morbilidade geralmente baixa mas a letalidade é muito ele- pressão das estruturas do SNC (incluindo espinhal medula)
vada, mesmo com tratamento. Prevalência maior em loca is e fibras nervosas. A ac umulaçã o de LCR aumenta a pressão
com pobres condições de higiene e/ou deficiente maneio intracraneana.

DEPRESSÃO, ATAXIA, PARES IA, CONVULSÕES


LESÕES
SI I CLf IC S
Meninges hiperémicas e espessadas.
Os sinais resultam da irritação e compressão
L(R ern maior qu,rnlidiidl:', twvu e co111 fibri11c1 . EncéfJIO rnrn
de nervos e encéfalo.
zonas cor1gesliv21s e coberto de fihr i11c1. Lcsiíes dc1\ dcwr1ças
Na fase d0 b,JCte riemia poclerá apenas existir· de1)res- 1iri1nárias incluimJo abcessos hepáticos e pc 1itor1eais.
0

sao, letargia e hipe1tE'r"ll1iç1. A evolução é 1101·rnalrne11te


1·,ípida, dese11cadei111do-se os secJuir1Les si1, ê1is - feixe,
DIAGNÓSTICO
r'trnger de de11tes, flexão dorsal perrna11e11te do pesco-
ço, opistólo11os, 11istagrnos, i1icoorde11aç!io, queclas ,~ Sinais neurológicos pronunciados em animais
convulsões (e.g. 111ovime11to de pedé1la1 ), Há hiperes- com menos de uma semana e história de outra
tesia e alocliniil - animal reage viole11t,1me11te à 111ê1is doença infecciosa.
ligei1'õ1 palpação ou rnamrsearnenlo, evit,mdo a todo o l_eucocitose. L.CR com 11iveis elevados de proteí11i1, leucócitos e
custo a flexao ou extensão ace11tuacla dJ ecibeça. Vo- bactérias. Poucas outras domças p1ovoca111 este quacJro clí11ico
caliznçao alta e continuada, Pode haver cegL.reir·a corn em ar1irnais tão Jovens. MC11ir1cJoer1cefolites virais (e.g. estirpe de
edema do disco óptico, mas nao é fácil de comprovar. o vírus IGR), quistos de ncospora e rrnlforrnaçôes concJé11ilJs
Segue-se coma e morte ern poucas horas ou di,is. apreser1ta111 sinais neurolócJicos logo desdP o nascimento.
Podem ser evide11tes (ou JiÍ 11ao) as doe11ças primárias
ou outras sequelas da septicemia corno seja opacida- Tl:RAP~UTIC E PREVE Ç ~ O
de ocular (uveite), poliartrites, ir1fl,1rn,1çao do umbigo
e diarreia,
Antibiótico que atravesse bem barreira
hematoencefálica e tenha actividade contra E.coli.
Não sendo exequível a cultu ra atempada para identificação
do age11te, é c1e supor a infecção por E.coli. Grande parte dos
ar1tibióticos acJbarn por ter bo,1 penetração do SNC quar1do
exisle inflamJção. C~eral111e11te optamos pm e111oíloxaci11c1,
florfe11icol, cefalospori11as J:1 geração (e.cJ. Cefliofur) ou
sulfJdoxina-1-trirnHropirn. Dexarnetasor1a, rn1 ern altemativc1
AINh, redu;, o ederrn e inflamação c1liviando rnuito a dor. Po-
derá ser riecess(Jria fluidoterc1pi,1 e alimentação pilre11Leral.

A prevenção inicia- se rnrn urn bom n 1aneio do colostro -


qualid,ide, quantidade e rnorner110 de admi11istrac)io. Ligadu-
ra ou desinfecção do urnfiicJCJ ir11ediatarner1te após 11ascirncn-
to. MJtemidades e vitel,,iros corn boa hicJie11e. Limpeza c 0

desinfecção frequenle cfas instala(/ies e rnall:'ric1I do vitelc iro. 0

DEl'l{[SSÃO, i\l/\XI/\, 1'11111.;5 11\, CONVlll.$Ôt ~


POUENCEFALOMALAO.A ATAXIA ·CEGUEIRA· PROSTRAÇAO
CONVULSÕES· MORTE SÚBITA

ETIOLOGIA
SINAIS Cl.ÍNICOS
Diversas causas podem levar à polioencefalomalacia
(PEM) ou necrose cortical. A cegueira (não há reflexo de ameaça) com
manutenção do reflexo pupilar é um sinal
A PEM está tradicionalmente ligada à carência de tiami-
característico de PEM.
na ou vit.8 1 - por eliminação da flora ruminai produtora
de tiamina (e.g. acidose ruminai em vitelos exclusiva- Depois de uma fase em que pode haver hiperexitabi-
mente alimentados à base de concentrado) ou por in- lidade e mesmo sinais de agressividade, ocorre de-
gestão de plantas produtoras de tiaminases (e.g. fetos pressão, ataxia, head-pressing, bruxismo, nistagmos e
como o Pteridium aqui/inum) ou desenvolvimento rumi- estrabismo dorsal. Mais tarde há quedas frequentes,
nai de bactérias produtoras da enzima. Actualmente su- decúbito costal com opistótonos e convulsões fre-
gere-se quea etiologia inclui outras causas não relacio- quentes. A tetania dos membros anteriores é bastante
nadas com níveis baixos de tiamina, como o excesso de característica. Os sinais são normalmente bilaterais.
produção de sulfitos pela flora ruminai após ingestão de Sem tratamento precoce a morte ocorre no prazo de
grande quantidade de sulfatos. 48 horas.

A doença subaguda caracteriza-se por cegueira


com reflexo pupilar, fraqueza muscular, isolamento
1:iP!DEMiül.úG!A
e letargia.
Surtos em casos de exposição a factores
predisponentes - sulfatos ou redução
da disponibilidade de tia mina.
Casos de PEM podem aumentar no tempo quente quando
a água contem níveis marginais de sulfato.
semana). A produção de sulfitos é mais fácil em ruminantes
Ocorre em todo o mundo e é particularmente comum já que resultam da redução dos sulfatos por certas bacté-
em vitelos de engorda com boa condição corporal, mas rias. Sulfitos causam necrose neural provavelmente por in-
a mortalidade é maior em vitelos entre 6 e 9 meses de terferência com a respiração celular.
idade.

I.ESÕES
!Pi\"íto(i [; l\i i i\
Córtex cerebral com aspecto edemaciado
Polioencefalomalácia caracteriza-se por necrose e amarelado.
do córtex cerebral.
Pode ocorrer herniação do cerebelo através do foramen
Poli o(ci nzenta)e ncefa lo( cérebro) ma lac ia (amolecimento) magnum.
tem várias causas (e.g. intoxicação por chumbo e hiperna-
tremia), sendo que aqui iremos apenas referir os efeitos da
carência em tia mina e do excesso de sulfitos,

A tiamina é essencial ao metabolismo dos carbohidratos e Níveis de tia mina muito variáveis e provavelmente
a sua carência tem efeitos particularmente graves sobre os sem significado diagnóstico.
neurónios causando edema neural. O tecido cerebral com-
LCR com pressão aumentada, mas sem alterações citológi-
primido contra a caixa craniana sofre necrose.
cas. A medição de valores de sulfitos no interior do rúmen é
Aumento de sulfitos resulta da ingestão em excesso de sul- pouco prático sendo preferível tentar calcular a quantidade
fatos na alimentação/água com alteração da flora ruminai de sulfatos consumidos através de análise da água e ali-
(adaptação a níveis elevados de sulfatos no espaço de uma mento.

DEPRESSÃO• ATAXIA • PARESIA • CONVULSÕES


A prevenção passa por evitar pastagens com plantas pro-
dutoras de tiaminases, controlar os níveis de sulfatos na
Tratamento com tiamina IV (15-20 mg/kg, bid) água e alimentos e combater as acidose s ruminais (v.) em
durante 3 dias apenas tem taxa elevada de sucesso animai s de engorda. Os níveis de sulfatos na água de bebi-
nos casos iniciais da verdadeira carência. da não devem ultrapassar os 600-1.000 ppm para que a in-
O edema cerebral pode ser reduzido através de diuréticos gestão total não atinja o limite seguro de 4 000 ppm.
(e.g. furosem ida, 1mg/kg) e corticóides (e.g. dexametasona, Atenção a suplementos à base de sulfatos (e.g. acidificantes
1-2 mg/kg). Em casos de convulsõe s sedar com barbitúri - da urina para combater a urolitíase).
cos, diazepam ou xilazina.
A suplementação de tiamina em vitelos de engorda, com
Não há tratamento específico para intoxicação por sulfitos, alimentação essencialmente à base de cereais, pode evitar
mas aconselhamos fazer o tratamento com tiamina. PEM subclínica que reduz GMD.

SÍNDROME VESTIBULAR PERIF ÉH l(O ROTAÇÃO DA CABEÇA• ATAXIA


NISTAGMOS • ASSIMETRIA FACIAL

ETIO LOGIA Outra s ca usas são: lesões co mpressivas tai s como empiema
da bulia timpânica, neoplasias, quistos ou abcessos; intoxi-
A otite média/interna é a principal responsável
cações e li steriose (S. vestibular central).
pela ocorrência de Doença Vestibular em bovinos
jovens. As otites externas em vitelos têm como etiologia princi-
pal abcessos do pavilhão auricular, após aplicação defei-
Os agentes frequentemente isolados de otites médias em
tuosa das marcas auri cu lares, que pod em co nduzir a otite
bovinos são também os principais responsáveis por DRB
média.
(Histophi/us somni, Pasteurel/a multocida, Mannheimia hae-
molytica, Mycoplasma bovis), o que faz su speitar de infecção
ascendente através da trompa de Eustáquio. Outras bacté- r.:f'! i)ff\lH :.•U'Jfii.t\
rias: Actinomyces spp., Streptococcus spp., C. pseudotuberculo-
sis e Escherichia coli.
Doença essencialmente de vitelos/novilhos.
Surtos em vitelos de feed-lot (6-9 meses) surgem por se-
quela de doença respiratória. Assistimos a casos de surtos
de síndrome vestibular devido a lesões compressivas sem
identificação da causa nem história de DRB.

t'f;,\Tf.!(i E!\l i.t\


Lesão vestibular unilateral causa aumento do tónus
flexor ipsilateral e extensor contralateral forçando
o animal para o lado da lesão.
O sistema vestibular periférico encontra-se no ouvido inter-
no e inclui porção do nervo craniano VII. O componente
central enco ntra-se no tronco cerebral e cerebelo. No seu
conjunto é responsáve l pelo equilíbrio, coordenação e
con sciência da posição e movimentos do corpo, enquanto
control a a orientação da ca beça e olhos. As lesões provo-
cam descontrolo, mas não afectam a força muscular.

DEPRESSÃO, ATAXIA • PARESIA • CONVULSÕES


Há rotação da cabeça (não desvio da cabeça)
para o lado da lesão.
l'1·i1T1eims sinais Séio de clep ressl10 e li ç1eir, l1i per1errni,1.
Segue-~e ;Jrilxi;1. ,,11d;c,r ern círn1lo par,1o lc1do da lc~s.~o
(h ipeíl(Jnia conm1l at, :ral) curn 11,~cessicia ck, de se Pi'l·
0

c:os ta1 i1;; pé11·ed,:;s pêiic'l 11ão c;1ir. f\1cl 1': hc1 1.• e1· p t, 1Si· ~-
orellv, deso1 ída (11. ucrniano VII), nisrc1grnos (esr,un~,-
neu e posic:ioni;1IJ t-, es tr.i hismo. l·'alpaç§l'l profu,;d;1 cio
t_'lll\' ÍÔO Oll1Sêl dor.
Otite bilJter::; I 1,·a r3) c:onfunclE· os sinr1 is. rnê1Sge17:1lrnen-
te os sin:~ i, ele um cios lados s~;br,~;.iiem.
Síricl1 ~11ne ves1fü ulc11 c:um le:;f.1n ,enm 1I -w 1·:, i11 , 1 is d~
lis ter iose.

L SÕES
Identificação da lesão ou abcesso a nível do ouvido
interno, ouvido médio ou bula timpânica.
Devido :1 peq L1 c,'1 1a cl irnc11s,ío d,is les(>e'., {, ,ico11St'll 1<1do <>
c·'11vio d;1 c;il Jl:'Çíl p<Jrd e:-:m11e pc, tnl c'Jq ico c-";pcc iil li1é.1< ln.

DI GNÓSTICO
Os sinais clínicos são bastante característicos
principalmente se há história de DRB.
DD corn n tit e r:'>: lem,1 ,:: m qll t-' 11/i p1c:sr:' 11 çêl de c:m r·ini f' ll-
10 111uil,1s Vt' zes cur111 1i.-H1 l..i1c i1cJ, ,1h,111ar dêi C1ÜJ L'C,:é1 e dm

li pé1 lp,1çiio; ,il icesso ccrd.mi l (desvio c.líl c:alieçc.1 111,1s 11ão
rotíl t,:fio) .

T R P UTICA E REV ÇÃO


Tratamento prolongado com antibiótico.
[rn vitelos ciC' feed-lo t prt'coni z2rn10s (') trat,1rne11to com pc -
nicili níl ou cefti ofur. Ern vitelos de leite (1 -6 se111 Jnc1s de
vidi1), e1 11 que ,1 iníecç:,i o µ <.i r Mywplwmn é provável,
acoriselhi1 se fluo rquinolonc1 s

N,1 o ti te exterr1c1 deve f<1 ze r-se e li1 11 1>eZc1e adrii in is1r,1ç5o de


a11 1ib iótico 110 ir 1te rior do ouvid o (e.cJ. b isn<1qas i1 1tr,1-
· 111il1nári<1s ::i
b,.1se de cefqu inrn n ,1 o u ce fópCc'rilzot i;1 ), Abces-
sos do pziv ilhão ,H 11icu lc11" dev<-:rn ser dre 11cK1os Cê lcwJ dos
fr<:'q 11c:: 11 Lem e nte.

A prev e1·1ç5o <l<1s Olites 111 0cfü1s cê in l<-: rrt,) s i11ici,1-s e co111 lrc1 -
tél111c 11tu ,1dcqu ,1d cJ <e comp lr:-' lo d,1 Drrn e c1 prever1<;ão ele
infecção de vil<-: los Jowns por Mycop!os111(1/1ovis (v.). A ilpli-
caç:ão de I r1arcas auricul,ires cl ev<·' fazer-se seq unclo a, re
<Jras el e b oas p r;íric;1s k.~J. entre~ ,i s duas c,1rti laqens auricu-
1,H<:>S p ri11c ipa is), ueve1 1do ser él(IU t.'léls rHi rJdas ao 111í11i1 110
si1 l<li de it 1fecç5o .

OUTRAS CAUSAS DE SI IS NEUROLÓGICOS

Causa J Sinais J Tratamento


Encefalite trombo- '>eque li1 rilri1 d<1 d"l'lll;c r,,.,pi1 ,ll\!1 i,1 (wr Dl l 13). Pu1 V<'Z<''> s1 11 to i\1 1tibiótico lo(Jo :1"õ prinwi 10:, sim is.
-embólica (TEME) li1 llÍ lilriO ,l a1Je-'ll,l'., Ul'rl [lcl l< /li(', (,, ·1,1l11ltll llC vi lc;IOS > CJ l l llº SC',. 1Jsc1 111os llorru ,it:ol. T,111 11.J <"•11 1 pl-:1iicili -
por H. somni. l'el) 1e (>~l"C), dcpre'.;5~"· ,ll,1xic, p,1resi.i, l rc-:mores, ni1t,1 q111os na ou ox itc lraci cliniJ. l)r't-~vc-.: 11<;ilo (l l r'a
e c:u 11vu lsôl''.,, lz11·,-,be'.,ni frcqu r• 11 tc si11 i1 i, rlc i1rtri1,,, e 1·nioc;1rclite' vé' '., ele: l1,1l i1 111C".11lo ,1Ck:q 11,1<lo llil fíl\C
(Glll '.i,1 de• 1110,lc s<il1ilc1), les(>t', "u il c1 1es co 111 c.1c(Jll<êÍ l'cl . el e lllH 'IIIIICJ lli,1 (VL'I 1) 1113) MHil ril,d il
21pfr; 111 ÍfT1(~il OS Ccl\( l'.1 , Vc1 Cinc1ç.~i( >.

Abcesso cerebral O, si , 1<1i, dc·pl,1Hlem eLJ lm:,1liz,1<,:,io. C,e':1<.1 i11 Hc11 lé'. c1fec1,1 ,111i11 1élis i\11 1i1J iotcrn1 >i,1prolo1 1lJi1cla (celalospo -
e outras massas jove11s, mas creitos prn.k:11 1 11 1;111ter-st·' Mé ad ulto. í'odcn 1 rir1<1 s rn I pe11icilin,1).
compressivas ilSSOCi~r-s,- Oll I)~ () il 11 l(: llil'l(Ji l('. i\ l l -,'5SOS l llllllip/01 ~ ~( l diíícei·;
de efü<Jnoslici1 r. Os sin,1is 11 1c1i, lrcquc.•r11 ·'S s~o: elc-•pr,-·s,~o, d"'svio
dil c;1 l ic.\il (11,-10 rn t,1<;,i o'). hcnil p,,,11inu. ce9 uei 1<1 (u 11i rnr hilc1 te-
1,·il). ,111Clc·11 fH:'lllO ,1 direito r'rldSP"de11 1<,1i1 1-1,,r, 1iplc9 i,1ou p,11c1li-
1i,1. ';in,1is IJClr len I ir vi1ric1 11 clo cm 11 C'1< ,:;ci1
11c1 1to de,1 ,ilice:;1,,.

Neosporose (v.) l11 fcl (,-tio i11l17H llL'rinr.1 c:0 111fn1111c1cl~ío ( lc 1 ( jl lÍ '., Lu .:; nu (~NC, (;i11c1i'.i N~o h(> trc1 1,1111s: 111,, pilr,1 ,1 11eei:,1 J()IOS<-'
evic.il-•11ll'I <"lese/e " 11,1sc in 1e11to: ,11,i:-:i,1, clC'i,-'il'o•, 1"op1 ion·'PI ivn c;, cll11iG-1. IJin1i1 ld(;;íc1 dtlS VclC:rl S po1 l(1 d (Jlêl S.
p10',ll de,io, l 1ipe1<-·>:le11siÍo Clll l1i 1ic, ll c.':-::io elo s 111c-'111I ,rri:,. Mort<·.

Cetose Nervosa (v.) lJ111J p,:qu ena percP 11liKJerr 1dos c:.1;,oc, d<·' CPlo:;e clír1iCJ l11co- '.,oro <) lllCOSêldO :.:o% IV, de>:i11'1Wl,1SO-
order1,1c;~o. trc:: 11101<-:s, lll'Scuc;o cste11diclo e ri~Jido. Vdc, 111ordl' r1d l' prupile11nql icu l 01,1I ()', O 1111. bicl)
e ll)d5lk],1 lllôtcri,11 dJ S i1 1Sli1l<1çiícs P Ili (' " ' )() C'.,l !C IIIIC. Nio '1(1
pro1tr,1çiio. Cctor ll II i,1.

Encefalopatia Doc.'rH;il cl í1 11ec1 cx1i11 1;1? i\niniais c1dultos. i\tc1xi<1 , hiper cstesi<J, I\J,-l('i 11~1 l iill,m 1cnto. De,l;1rnçi\o "l,ri-
espongiforme (BSE) 1xos lrc<;ii1.J, Allê' r, 1,~tio de-: ,on 11Jor l ,1 11H '1110. n1uvi111c:·11t~,,,_ post,,1 1n 9,llór i,1, Colh,:i lél cio t10 11<:o cere l.> 1,11
- amiloidose e rc , n1>t·1c1 111<êl 1l,J (e eJ . é1CJ1,o.s1ivid;1e /e'). Urell1,1, C
·',,(JL1i i-1s, Morte
transmissível por prião.

OQPI\E:,51\0 · 1\T1\Xlr\ · PA 11E$11\ · C0~!\/1,11.S/)b


Causa Sinais Tratamento
1 1

Intoxicação Acesso a material com chumbo (e.g. baterias) . Forma hiperagu- Sucesso do tratamento apenas se
por chumbo da - incoordenação, quedas, convulsões, cegueira (sem lesão muito precoce. Usar quelantes como
ocular) e hiperestesia. Morte em pouco tempo. Forma sub- o edetato dissódico de cálcio (6,5%)
-aguda - sinais menos severos e evolução mais lenta - ceguei- 1mi/kg, bid_Evitar acesso de animais a
ra, ataxia, fasciculação, head-pressing, bruxismo, tremores, cóli- materiais com chumbo.
cas, vocalizações. Níveis Pb no sangue >0,35 ppm.

Intoxicação Sobredosagem nas rações (> 3% concentrado) , 1ncoordena- Ruminotomia Acido acético (5%) oral.
por ureia. ção, tremores, cólicas, timpanismo, dispneia. Mortalidade ele- Mudar alimentação. Feno de boa qua-
vada em intoxicações graves. !idade.

Tétano Bovinos pouco susceptíveis. Feridas como porta de entrada. Sucesso mínimo e apenas se no início.
(C. tetani) Ataxia, paresia - estação com quatro membros afastados e Soro hiperimune se disponível, Seda-
cauda levantada. Expressão "assustada" - pescoço estendido, ção, trocaterização do rúmen, penicili-
olhos muito abertos, narinas dilatadas .. Timpanismo. Segue- na e AINEs .
-se paralisia de diversos músculos (e.g. mandíbula), prostração
Existe vacina, mas economicamente
com opistótonos e morte em poucos dias.
pouco interessante.

Tremor do azevém Mais frequente quando animais pastam a planta jovem. Afecta Retirar animais da pastagem e afere-
Micotoxina % variável dos animais expostos. lncoordenação, arrastar pinça cer feno de boa qualidade, Atenção
do endófito ao andar, tremores, balancear da cabeça, quedas, dificuldade aos factores de risco para acidentes -
Neotyphodium em andar. Sinais são mais evidentes após estímulos que cau- valas, ribeiros, obstáculos . . . Resseme-
(Acremonium) lolii) sem apreensão/stress e que obrigue a movimentos rápidos ar pastagens usando sementes in-
que infecta o azevém. (e.g fuga) Geralmente a morte só ocorre por acidente (e.g. demnes.
quedas em valas)

Bebedeira do campo Ocorre geralmente em animais a comer restolho do arroz ou idem


- micotoxina do pastar nas bordas dos arrozais. Mais frequente no fim do Verão
C/aviceps paspali e Outono. Sinais parecidos com anterior - incoordenação,
que infecta ervas quedas, dificuldade em levantar. Estímulos visuais e auditivos
Paspa/um spp. aumentam grau de resposta.

Meningoencefalite Ainda não é certo se se trata de uma estirpe do BHV-1 ou um Vacinação das mães contra herpesvi-
(Herpesvirus) tipo diferente (BHV-5). Causa ataxia, prostração, coma e morte rus (IBR-IPV).
em vitelos recém-nascidos.

Raiva (Rhabdovirus) Não ocorre em Portuga l. Descritas duas formas - para lítica (pa- Sem tratamento. Abate e declaração
resias e incoordenação) e furiosa (vocalização, hiperestesia e obrigatória. Zoonose - cuidado com
agressividade). Morte em ambos os tipos em poucos dias manuseamento de animais suspeitos,

Pseudo-raiva Doença de suínos. Muito esporádica em bovinos. Febre, altera- Sem tratamento. Eutanásia. Evitar con-
(Herpesvirus) ção de comportamento, prurido intenso (com auto-mutilações), tacto com porcos ou dejectos destes.
incoordenação, prostração e morte em poucos dias. Vacinar suínos.

Outras causas de sinais nervosos: Febre Catarral Maligna (v.), hepatite, trauma, hipoglicémia, doença congénita (e.g. BVD) ou genética (e.g hi-
pomielogenese ou paresia espática), parasitas (e.g cenurose, equinococose), intoxicações por plantas (v.) e iatrogénico (e.g. hipernatremia).

DEPRESSÃO• ATAXIA • PARES IA• CONVULSÕES


DEPRl:SSÀO, ATAX IA • PAílESIA • CO NVULSÕES
LESÕES DA PELE E PÊLO

A pele é o maior órgão do corpo e respon sável por uma como o número de an imais afectado s, a estação do ano
série de funções como protecção, regulação térmica, sen- e a pigmentação dos animais ou mesmo das zonas mais
sibilid ade, secretória . .. As lesões da pele e pêlo abrem afectad as.
caminho à penetração de agentes infecciosos, químicos,
Convém definir bem alguns termos que facilitam a
físicos e radiação, com potencial nocivo para o resto do
descrição das lesões: alopecia: perda parcial ou tota l
organismo.
de pêlos; eritema: vermelhidão da pele, que desapa-
Eng lobámos nesta secção qualquer alteração do aspecto rec e à pressão; ferida: lesão localizada, com ou sem
ou conformação da pele e pêlo, incluindo tumefacções, perda de substância, provoca da por traumatismo ex-
peladas e neoplasias. Devido à grande especificidade e terno ou cirurgia. Também designada "solução de con-
ao forte impacto que causam, demos um especial desta- tinuidade"; mácula: mancha cutânea plana devida a
que, no final, às doenças que afectam a pele do úbere e eritem a ou a anomalia da pigmentação da pele; pápu-
tetos. la: pequena lesão cutân ea, bem circunscrita e firme,
qu e não deixa cica triz. Lesão típica de urticária; pús-
As doenças cutâneas podem ter sinais muito parecidos,
tula: saliência epidérmica circunscrita que contém
dificultando o diagnóstico clínico no campo, mas em
um líquid o purulento; vesícula: elevação bolhosa da
compensação a raspagem e a biópsia são muito fáceis de
pele(< 5 mm de diâmetro), repleta de líquido prove -
se fazer.
niente de um processo inflamatório; úlcera: perda de
Na apreciação das diversas doenças da pele deve ter-se tecido, caracterizada por bordos arredondados e bem
em atenção a forma, a localização, o núm ero, o contor- delimitado s, fraca tendência para cicatrizar e com
no, a cor, a consistência e o conteúdo das lesões, assim evolução crónica.

BESNOITIOSE ALOPECIA, ESPESSAMENTO E EDEMA CUTÂNEO


DISPNEIA, FEBRE

ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA
Besnoitia besnoiti é um protozoário pertencente A disseminação da doença é maior nos meses
à família Toxoplasmatidae, juntamente quentes do ano.
com os géneros Toxoplasma e Neospora. Surge de forma endémica em zonas de clima tropical ou
8. besnoititem como hospedeiro intermediário os bovinos e sub-tropical e de forma acidental nalguns países do centro
alguns ruminantes selvagens, mas desconhece-se qual seja e norte da Europa. Em Portugal foi identificada no Alentejo
o hospedeiro definitivo. e Ribatejo. A morbilidade pode ser alta em certa s regiõ es e

LESÕES DA PELE E PÊLO


LfNICOS
Presença de pequenos quistos na esclera é sinal
muito característico.
/1 Í:J5(~ acJudc1 c,ir~eterizz,- se por ,rn ,.1s;-11·cF1. p ir(;;:<i êl
í>'i l "C clu r;.m1·c~ cerc;i de 5 di as). lermgia. c:u m m,~1-11e>
1·1,1Sê1I '= d ispm-;ia. 1·\1 cJP. 1-r1 sr1r obs(~rvc1cJ as pl,1cas edr;;
1n Atc1si1S1folcm.1s,1s. põ,1t ic1.il,1r1 ne 111:e d:-1s 1;;>: trrc•r 11 idi'lc.h~s
sP. 11Cl o eril,1 c1 acomp;mh êic:lc1s dr: cli111d ic,1ç:J o. VacAs
9c-,S tai"ltcs pocl em éibort,-11·. A pe le rnostra ZCH1:-1s de
t> quirr1osc-,:,, 1,cl emci s ,,. ?J lnp,~c ia. i\l ão l1c1 p r" 11riclrJ sic111i i1 -
c~1tivo.
1~ f;:1sP. cró11i v 1 ciesc rwü lve-sfc co m 0spessa1T1e1·1to
ccr r,~11 eo e for11·1,,c;~o cJ e grc111dc-, nc'.1rn c~1·u cl1: qcrisi-os 11 ,1
1.Jc-; lr: , lP.Cic.io sc1h c: u1.i1,<~o ,·. esclt:1·:,1. A 1ic rd i1el e ('icJ Stici·
el ide e-.:. l°ll-;.>:i bi lid ;c,cje d,1 fl<'.'lc·, l,Jl/nrece o é.1p,,11·eci1 n e111ü
de íer id as. p1·i11ci palrn e11te soti1 e ,-1 , ar1icul <1ç0es, qc1e
111,1b tc-1rcl c-; ur 1211·1·1 i:' Spr~ssas crostz1õ. l,r<1 s z.0 11,,1s de~
les0e.s iJCJcJ P. 11·1 ili1 1CI~ soíre1 u1,1 p1 ocesso d,· l1iperqc.1(-: ·
1·anniz:_1ç!.1 0 e f1 eq1.1,: n1 e1n1-:: nte 5;_10 ;1lvo de i11lc~cçCJes
s1-;;C1J11diric1s e m iiases. 1\s les oe s dé1S n:11 i11c1 s r:li ficu ln rn
a l'espir:1ç;10 e :;s dn uliere pc,ldNn iin pecJir que as crieis
s,: ,Jli1TH, r,l<''r·n c:0 11ve11ie11t em,; 1te. Os q ui:,10, sc.ilxn 11
jc11·1ri wli~ ,~ cl,·1 P.SdP.íi, pcx Jc-;r·r, n9 lrn nerilr-Sl: rom éi r, clo-
SP. m,1i s evic.ic-;;nlrc:.s. /\lgcms ,milílais são portc1dores assi11 trn 11;íticos, 1w 1s disse-
1-r1i11,1dorc-: s do p,ll",1Sita .
Nos machos dc ,,,:: 1wolve:,m -se urq1.1ites qcJe c1111d c1z.,:: rn
0

c1 i11fe rtrl1cl adc~ , Jl l rl ié;S 1110 a e5terilr dêil"k:.


ÕES
As lesões praticamente limitadas às identificadas em
r11cmc1cfas ( 1U-20%) pêirticulc1rr11e11te ein a11im,1is recc''rn-in-
vida na pele e mucosas.
trodu zido:; ou i111portc1Clos. Mor1c1lid ,H.k é hai>:a exc:epto s1= Ar1 im,1 is mortos 11 a fr.1sc-, ,lcJ udw pode1T1 11ão 1-r1os tr,.11· (_Jr,m-
ocmrerc rn iníecçóes secu11cJcíriJs irnpm t,111lf's rn1 sem Jrii·
0
des aller,içóes. Observa1'n se pc0téquias e-: jl(-'que11os focos
111,1is estive1e111 muito clehilitJdos. Nur1·nalme11Lf' il doe11ça l1e111orréÍ<Jicos, os lirlfuriudos est.So <·'ck•1,1c1ci,ic:lns e he111or-
restril'l(_Je-se a ,rni111c1is c1 dultos, e não purece haver rxedis- r,íc3icos. l-l;í cu11(_Jestão e e<.krnc1 1w tr,icto respirató1 io N,1
pDsiç,Jo (_J1°11éticél o u cl<0 lJt'I 1ero. dCJerr ç,1 n c'micc1 li;í esplcS'>,H11e11to cu1;'111 P. CJ e-' quisto<, pri11 -
cipaln1c011Lc0 11 ~ derme e tecidu sc1LJrnL.'lr1en, 111Js til111b0rn
no escroLn, Lr-'s tículos, laringe e trélqu eiJ . As fcridJs e cros-
P TO tas são <1bu11cfar1tes nas zonas de maior movirne11têJ, i\J n
A doença evolui em duc1s fases distintas - urna curta touro, as al tera c,:cilcs r1euóti c:,1s e Cllll(Jestivas ncom--'rn
fase c1guda e uma vitalícia(?) fase crónicc1. tdr1ü1c~rn ,10 nível do t c0s1·íu.rlo.

13. /Jes1Juili pode' se1· trc111s1,1itido por insectos he1T1c1tóf,KJCJS


e11tre IJovi1100 e c1 tr,rn srnissão ,,lt1<1vés dc0 illJl.rlhds c0stii ic11.1c1l- 01 Ó
llll'lllt' dernrn 1s1ra da. Após ir 1fec.ç~o (período de i11cub,1c)io
dl' 6 ,1 10 dias) secJllc'-Sl--' u1n,1 cun,1 f,JS(-' ck pc1r:.1sité1-r1ia se
A biópsia cutânea é a melhor forma de se confirmar
cJuida d,i fase cró11icJ. Na fase ac1u1IJ o p,m1si L,1 i11vadc ma-
besnoitiose.
crófél(JOS, filmiblJstos e c01ulas e11dotc0li,1is ec1u s,mdo vascu- A fosc~ ,.igudo e~ de difícil cor1f-im1r1ç,ío podendo ser confun-
lite, e n,1 f,ise crc'mica forma m-se-' gr,rnc1es quistos 11;1 derrne. didc1 com vims es (D0e11ç;1 d,is Mc1rnsc1s o u Feri1·e C,it,mal

IJ!S () l;.S D1\ l'l: LE [ i' ÊLÜ


Mê1li si 11éi) rn 1c.l oc-,n(,:is b.-1,IPrit1 11c1 , (P;;1st <:L.irelo:;e). O q L1,·1dro
cli11icu d,1 Íêi'>r c:rón icz.1 ?> l.>,;ist,ml(~ típico 1x incipallr 1en l l: <;<:>
fc'm: 1n irll:' lllilkn c.io:, u; l"llli5Lc.i:, 1v 11-:.:; c:l ,-; 1<1 . l) mv<1', •,c: ru lóg iG1:,
icl e111ili cé.11n <1 111i1_n1·pos e l"C}i el e a11105tr,Y, ele pe lr: C01 11'i1 -
lllê11T1r1 1Jrese11ç3 do pi.iru'.,iL,,1. O d ia9nó. tico cli l"ere1ici;.1I deve
i1ic;l ll ir dm'1 1cJ1Sd,1pde co1nn :;;,in 1-1, i'lerrn,~ LOlití<1:;e, clerrn ;,-
tof-il ose, piol ho e fo tn,;;ensibilid,1dE;.

p e; o

A:i 11 1c11 1·,içi'10 de qL1 Jlid,Kle P o enic:; ;intirn i<:rol:>i,1110:; e~


c-;' mo li cr11·c;; 1·1,J:; i"c0:i 1cl a".

LESÕES DA PELE E PCLO


N,i s 1.011c1s e11dé1nic-1s o co11trolo f21z-se 1mr l"lin1i11c1ç,10 quc1re 11 tc n,1 c1curnpirnl1rHLJ el e se1oloCJi,1 é ,Ku nsell1i1cL1
0

de a11ir11ais inft:ct21cJus (incluindo porL,1dore;; 21ssi11tomcÍ- eni a11i n1c1is pmvt•11ie11t f•s de ~íé' as r.lt• e1·1dc rnis1·110, A v,1-
0

tico s cles pist,1dos na serolucJi a). Adicion ;1lme1·1te clevc-s0 cinac;:ío tem sido e;-:peiirTH''i'ltada e reduz a cir,1vidade cJc1
te11t211 0limi1·1ilr os venores ari-avés de i1·1sect icidils ou 1-c- doe1·1ç,1, rn as at·é ,HJor,1 não íoi cor1secJuid il a protecç/io
pc0lentes otJ reduzir il e;.:posiçf\o do susceptível. /1 t·o til 1.

SARNA i\LO Pf'(I;\ 1rH, F(, UU\ li


rnosrn :;. 1-·r. u111 Do

ETIOLOGI
A sarna corióptica é a mais frequente em bovinos.
Os ;ícaros el e sami.l 1·11ilis co11n111s en1 hovi11os são: C/1oriop-
1e1 l.)(wis (s. corió11ticil), Sn rcoples srn/;iei /)()vis (s. sarcc'Jpti c,1)
e P.mrc.iplcs ovis (s. 1JS01c'1ptiCi1). l) ocJ e ,1irKJ c1 su1cJir Oel))Oc./ex
/)()vis e111 vitelos.

EPIDEMIOLOGI
O uso generalizado de avermectinas reduziu
substancialmente a incidência de sarna nos bovinos
em Portugal.
Distribuição llíUIKlial. Todil S as SJrr1c1S SJO lll êliS corrnrn s e
lllais facilmente transmissíveis no lnve1T10. A sarr1 a coriópti-
ca l-" cornurn quase todo o c1110 11os efectivos leiteiros c-•m
rcqimc intensivo. E:m bovi1·1os e1T1p,1stage1n é muito r&J 1·10
tempo qu e11tlc',

OIAG ÓSTICO
PATOGENI Os sinais e localização das lesões são bastante
típicos de cada variedade de sarna.
Apenas a sarna sarcóptica apresenta características
zoonóticas. CJ diaqnóstirn definit ivo deve Slºr fcilo e111 l,illClratc'irio corn
id en tiricaçJO da espécie de ,ÍCi.1ro. A r,ispagern de pele 1121s
/Is VJriecli:1cl r,. s de ,íc11·us sãCJ acJcipl c1cl ,1s :1
0
qtJe p;ira-
zo11as lrrnítrofl's das lc-•sôr,. s eleve ser· profunda. f)[J bc: sr1oi-
0

sila rn. Se lw i-n que/' ovis i11fectt=_• ovinos e hovir1os ,1 tra11 :;-
Liose, dern1atofilose, tricofitíilse, fotossl'nsi bilizil\ão, im peti-
111issibilic.li1cle e11tre ,1 , du,1s espécies 11:io é ÍiÍcil. Ani m ais
cJl'l, alerg ia e urticari ,1.
pode111 21dqui1 ir imunidade, 111,1s fur1cior1a111 como portado-
res. A locJliLc1r,cÍo 1H1 corpo ci o cJ 11i11·1,1I preferer1Cialr1H" 11te
;ifec1·c1dc1 é b,1sl;i11le específi ca da v21ri ecladc d t: s,m1a. Áca-
0

TER PEUTIC E REVI: ÇAO


ros siiu rl'liltiVilllll'llte pclucu rc sistc-; 11tcs fCJl';i do hospc' deirc'J
0

(Snrcoptes: 3 dias; Psorop tes: 1ll-15 dias). Snrcopl es c1Li11cJ P. as Tratar todos os animais da exploração mesmo
con1acJi1s mil is profL111das do estr21to córneo e: é rcsporis~vel os que não apresentam sinais.
pc lc1 forrna 111ais aciu cfa e1T1 hovirms; /\oropll's c° Corioples
0
TrJ ta rn en to i11JecL,ível ou pour-rn1 com suhstâ11Cii1s c'li:i fainí-
vivem 11as c21rnadas mai s superficiJis da epidc•rr11c 0
li;i elas aver11H" cti nas ou r11m:i decti11a. Não usar produtos
SI AIS CL( ICOS
O prurido intenso típico da sarna resu lta
de reacções de hipersensibilidade.
Sarna corióptica - A fo1111c1 rnais ben iCJna. Quase
sempre limitaclc1 à base ela caucl,1 e região perir,eal.
Su1·cie primeiro como peque11os nódulos exsucJativos
que ,Kilbam por formilr u111,1 croslêl espessei. Pel e fiec1
espessaclci e perde elasticidade

Sarna sarcóptica - .;i tinge p1imei10 a zona do pesco-


ço, bill"bel il e viri lhas. Prurido muito i11te1 1so. Evoluç,;o
lesões eriteniatosas, fo1111a çao de placas, pápul cis e
descarnaç,10. Seque-se urna fa se ele exsucl,içao com
formação ele crostas e eventualme11te Crlceras. Se não
fo r tratada pode invad ir o corpo todo e ca usar emacia
ç,10. quebra ele produção e mesmo a 11101 te.

Sarna psoróptica · i11icia-se 1101rnalm e11te ll <J zona


clorsr1 I cio pescoço, ÇJéll'lote e base cl,1 c,i uda, pocle11clo
estender-se ao resto cln corpo rapidamente. Sin;-1is e
evolu,Jio muito parec idos com a sarnc1 sa rcóptic;1,

Ouanclo aos ,111i111<1is se coçc1rn corn vio lência conua


superfícies tr,1u111ati1-<J r1tes pocJ e111 surg ir· fericl,is e in -
fecções sec u11cl firii1,.

pour-011 rc•111 pele 9rc:1Vlclllen tt' danifi cada. L-l,111hos ou ílpli GJ-
c,:iio loc;-11 de rmidutos ii base de pirt: Lroidc s, él111itr,11 ou or-
0

CJíl110fosforndos, Oper;idmes devem us,ir luv;is devido :1


eontr1q ioskiadP de algumils Sill llilS e [1 toxicidaele do, pro-
dutos. A prPve11c, ão pc1ssa rwla'> reuras ele biossec1urc11 ic,:c1
hn hitL1c1i s (e.cJ . qu cJre11te 11 a) m1 ,ipli c,,c)io de ec lopcirusitici-
cJa s c1n ·10DOS os a11i111 iJ is que eritrélll1 ri u cxp lmação.

TRICOFITÍASE ALOl'ECI/\ CIR(ULl\11, Cl10ST/\S

E IOLOGI EP DE IOLOGIA
A grande maioria dos casos é causada pelo fungo Alguma s variedades de Trycophitum são zoonóticas.
Trichophyton verrucosum. Cosrnopolitél. Mil is comum em an imais es tabul,idos e em
Outréls varied éldes são: T 111e11to9wp/Jyt es e T megninii. São il11i111 ais j ove ns. Surtos séio co muns em vitelos após clesrn,1-
microo1ga11ismos ubiquiti.Írios. rne e Lrocíl de i11stalilções, provawlrne11te devido a ir·nun o-

LESÚ[ S ()/\ PELE É f'l: 1.0


1(05
Peladas circulares, ligeiramente elevadas,
acinzentadas e com limites bem definidos.
A ca beça e pescoço são mais afectados, m as pode sur-
gir em qua lq uer zona do co rpo. As peladas tê m cresci-
m ento ce ntrífugo e ge ralmente não ult rapas sam os 5
cm de diâmetro. Pod e haver conflu ência de pelada s
dando aspecto mais irreg ular às lesões. Ani m ais mui to
afec tados apresenta m atraso de cresci mento. Não há
pruri do.

depressão. Vitelos afec ta dos por outras doenças (e.g. DRB,


BVD) são muito mais afectados. Papel im portante de porta-
dores as sintomáticos.

PATOGE IA
Propagação muito fácil - entre animais e a partir das
instalações.
Fungo afecta tecidos queratinizados (epiderme e pêlo).
Forma-se uma crosta co mposta por epid erme danificad a,
exsudad o e micélios. Fungo não sobrevive nas zonas pela-
das e com crosta, avan ça ndo de forma ce ntrífuga pela pele
sã. Doença auto-limitante.

DIAGNÓSTICO
níveis elevados de espo ros no ambiente. Lavagens com
Lesões de crescimento centrífugo sem causar enilcon azol, micor1azol o u iodo, com escovagem enérgi ca
prurido são muito típicas. das zonas limítrofes da pel ada. Aspersão deve se r repetida 3
Raspag em da pele na s zon as limítrofes das lesões revela mi- a 5 dias. Iodeto de sódio 10% (1 g/14 kg peso vivo) ou grise-
céli os e es poros. Cultura. DD com papil o matose, sarn as, ofulvin a no alimento, em casos graves e exce pcio nais. A er-
piolho e paraqueratose. radicação tem de incluir lavagens (hipoclo rito de sódio 5%
ou fungi cidas) de toda s as in stalações e materi al que possa
contactar co m .animais, para al ém do tratamento de todos
ERAP U IC E P EVE ÇÃO os anim ais.
Esporos mantêm-se viáveis no ambiente até quatro A preve nção inclui regra s de biossegura nça e lavagem de
anos. animais antes de entrada. Vacinação começa a mostrar efi -
Normalm ente não se trata pois ocorre cura espontân ea, cácia, mas não existe aind a vacina com ercializada . Suple-
mas es ta estratégia perpetua a doença pois permite manter mentação da dieta com vit. A.

LESÕES DA PE LE E PÊLO
FIBROPAPILOMAS CUTÂNEOS (BPV 1; BPV2 } NEOPLAS IA CUTÀNEA, ALOPEC IA
LESÃO IRR EG ULAR E SALIENTE

TIOLO 1
BPV 1 e BPV2 causam fibropapilomas.
Ví1 us da fa mília Papillon 1aviridae.Tradi ciona lme11te descrevem -
se seis estirpes de papilomavírus bovino (BPV 1,) que originam
lesões geralmente benig nas (i 11vest igações recentes têm iden-
tifiG1dos 11 tipos). Também relacionados co111 tumores rnalig-
11os da bexiga em bovinos (BPV7) e sarcóides em equ inos
(BPV 1). BPV,1origi11a ca 1ci1 1omas na mucosa do tracto digestivo
supe1ior. Lesões por BPV1 e BPV" surgem no úbere (v.).

TOGf IA E EPIDEMIOLOGI
Tumores por BPV 1 e BPV7 podem ser enco ntrados na pele
de todo o co rp o.

Cosmopol ita. Abrasões, picadas e soluções de continuidade


fu 11cio na m corno porta d e entrada. Vírus invade queratócitos.
TrallSmissão por contacto e fomites. Afecta es se11ei;i lm ente
an i111ais Jove11s (< 1 ano) Fac tores im unossupres sores au 1n en-
ta111 a pro babiliciade e gravidade elas lesões. O vírus não causa
reacção imunitá ria du rante m uito tem po (resg uilrdado?), mas
finalm ente estabel ece-se imunidade que parece ser vitalícia.

01 GNOSTICO
Identificação do vírus por PCR.
As lesões são muito típicas se11do o laboratório necessá rio
ape 11as pa ra even t ual identificaçã o cio t ipo de BPV. Histopa -

NIC
Fibropapilomas são mais comuns na cabeça,
pescoço e escápulas.
Lesões em rel evo, pedu nculadas ou não, secas, com
aspecto de couve-flor de cor acinzentada. Podem te r
poucos centímetros ou atingir grandes dimensões ou
ainda confluir. Normalmente 11âo in co moda o anim al
excepto aqueles que cresc em nas pálpebras, comi ssu -
ra boca l ou focinho. Infecções secundárias podem
causa r dor, mau chei ro e necrose dos tecidos. Podem
ainda su rgir fibropapilomas no pénis. prepúcio e zona tologia mostra alterações típicas. DD com tricofi tíase, q ue
urogenital de vacas. gera lmente rião apresenta lesõe s em relevo acentu ado e
tem bordos bem definidos.

LESÓ[S DA PELE E PELO


TER PSUTICA E PREVENÇ O
Normalmente há regressão espontânea, que
depende do estabelecimento de imunidade.
O reduzido im pac to económ ico des1·as lesÔlºS leva a que
norrnalrne11te 11ao SP instit ua tratame11to, ílemoção cirúrgi-
CJ (ten noca utério ou criocirurgia) ou queimadur,1 co111 pas-
ta cá ust ica (da descarna) eíll turnores i11dividua is i1ico1110 -
dativos. A hernoterapi a (retirar 20 1n l de sa nyuf:' do próprio
anima l e inJectar por via i11 trarnuscular) teni 111ostrado resu l-
tados e, npíri cos e é barata. A vacinação tern mos trad o re-
su ltilclos desanimadores, n·1as devido à variedade de tipos é
preferível usar vaci11a de manada.

O rcfuy o (vazio sa11itário7) e desi11fecção dos estábul os é a


única rr 1ar1eira de erradiec1r o vírus da exploração. O pape l
de insec tos ainda não está bem estabelecido, mas poderá
explicar il ree 11trada do vírus.

PEDICULOSE ALOPl:CIA IHlffCjlJl.1\11, fJf1Uf11DO


DI SCAMAÇAO , ANEMIA

ETIOLOGI PATOGE I E EPIDE IOLOGIA


Existem espécies de piolhos mastigadores Todas as espécies completam o ciclo no hospedeiro
e sugadores. (-3 semanas).
Espécies rnastigadorc1s: Oamalinia (Ruvicola) bovis; Espécies lnsectos pouco resislcntcs 110 a111bie11 1:e (<2 sei 11a11a s). Cori t,í-
sugadoras: l·/aematupmus eurysternus, Linoqnat/ws vitul! e qio por con 1c1cto. Ovos e léndecis ,K.lere111.es aos pélos enquun·
Sule11opo1 es rnpillatus.

Infestações podem apenas causar ligeiro prurido.


b pécies rmistig odo ras s~10 1T,zii:; evide11tr~s rio pesco-
ço, cv11-rorr~ e ornb r-cis. A espécies sus~ildtHõSJu11ttm ,-se
fréXJLH:•n1:c,_·mer11t· 11,1 h.1 se da cz1uc,i,1, cabeç,J e li1·1ha cer-
vicill, r:m vacas lr; iteirds ti~rnos erico1,11ç1do i.W tênticos
cachos r.Je piolhos n;:i zona ve11rrc1I dil vulv0

Prow1vr~l1nr: 11k rnuil ,1'.; ir·d'r::staçcJes ,~o assi111-rJmii1icas.


lntestaçôr~ rn ais ~Jraves c.ausé1m prurid t:) i1 ·11·r;11 sn, pr:: rr.1 ,:1
de péln. ::1u1-i-1e11tc1 dr~ activir.bde P. l)é1da ele pe,o ou
queb1i,1 r1n prod uçtio de, leire. 1'01 vezes condu1-em a
anemia. f\ ide hi;Mêr da rios irnport,;1nt,::~ rJ.1 pele qu;,n-
du "rnirm1i :, se coçnrn violenlêlrn(:'ntr~ contrn nbJeclos.

LÊSÔr:S DI\ l'l'I E H'F:1.0


to que adultos movimentam-se livremente. São mais activos TERAPEUTICA E PREVENÇJ\0
nas épocas do ano com pouco calor. Sugadores alimentam-se
Ectoparasiticidas sistémicos controlam totalmente
do sangue sugado dos capilares superficiais e mastigadores espécies sugadoras e razoavelmente bem as
alimentam-se de células descamadas, secreções e pêlo. Am-
espécies mastigadoras.
bos causam irritação e reacção de hipersensibilidade.
Avermectinas e outras substâncias pour-on eliminam par-
cialmente os dois tipos de piolho. Lavagens ou banhos com
DIAGNÓSTICO organofosforados, amitraz ou piretoides. A melhor altura
para tratar é antes de agrupamento (entrada na engorda)
Visualização (lupa) dos adultos, lêndeas ou ovos. ou antes do tempo frio (Outono). A prevenção faz-se por
Raspagem ou corte de pêlo e envio para laboratório permi- quarentena, tratamento com avermectinas ou banhos de
te identificar a espécie. todos os animais introduzidos.

ALOPECIA IDIOPÁTICA DOS VITELOS ALOPECIA EXTENSA E IRREGULAR


EMAGRECIMENTO· DEPRESSÃO

ETIOLOGIA Há morte dos folículos pilosos por contacto prolongado


com fezes diarreicas, camas conspurcadas com urina e fe-
Provavelmente existem muitas causas
zes ou leite artificial mal misturado.
para um quadro clínico semelhante.
Alopecia metabólica, febril ou tóxica resulta da fragilidade
Algumas das causas determinantes ou predisponentes
do pêlo após um período de má nutrição ou pela acção de
são: alergia a componentes de leite de substituição, acido-
metabolitos pouco conhecidos.
se ruminai ou intestinal, contacto com substâncias ácidas
(fezes diarreicas, leite), eflúvio telogeno (consequente a Leite com proteínas vegetais pode provocar processos de
episódios de stress ou febre alta), genética (Bald Calf Dise- hipersensibilidade com perda de pelo ou carência nutricio-
ase) e displasia folicular. São ainda propostas algumas into- nal (e.g. aminoácidos).
xicações por plantas e minerais. Não se inclui aqui falta de Bald Calf Disease ocorre em vitelos de raça Holstein-Frísia
pêlo congénita. portadores de um gene autossómico recessivo.

EPIDEMIOLOGIA
Geralmente afecta poucos animais na população
com excepção dos casos de intoxicação.
Ocorre normalmente em animais jovens, mas pode surgir
em animais adolescentes ou adultos mantidos em camas
muito conspurcadas.

PATOGENIA
Depende da causa, que muitas vezes não é
facilmente identificada.
Nos casos consequentes a acidose ruminai/intestinal não é
claro se a alopecia resulta de carência de algum elemento
ou da absorção de alguma toxina.

LESÕES DA PELE E PÊLO


SI LÍ o
Não se sabe se a fraca condição corporal
da maior parte dos animais é devida à causa
primária ou secundária à perda de pêlo.
Alopec ias por con t<Jcro corn leite d,0 rna qualidadt:
ou rnill 1nistt.11c1clo nmstrnrn pel ,id éi s nas i'.( ,nas c<.ini
qul: ,1q ut le corit ~r.r;,1 (fo,:inho. reqi,J O oub-1,1c11Hiihu-
lar e bilrbel ;1J. f)elJda s ele co nt,1n o corn e,1(nc1s sujz1s
ou fezes clia rreici15 qeralrnente lirn it,1111 se iis zonas
vemril is e membros poste1'iores. Percl,:i de pêlo no
G1so d e dl(1v io é 9e ne1·i1 liz;:1da. nws p1 incip,ilrne1 íl'e
na ca beça, orelhas, pe:,c;oc;o. l'icll'KO e do rso. An irn ,.1i s
llald Ca lf si'io 1·,omv 1is ,-10 n;1,cirne 11to t' c:o rne ça n·1 ,.1
rnost ril 1' sina is poi volt;, dos 1-,2 nwses - l' 111c1greci-
rnento mesmo 111:-11 1tendo apetite, pele espessada e
enruc~acla e sem pêlo. espec ialrnenre m, pescoço e
CJiirr ote É sem pre f,Hill .

DIAGNÔSTIC
Diagnóstico da causa é importante para desenvolver
estratégias de prevenção.
Ées ser 1Cial e:<c11r1c clínico cuídr1do i11clui r1d o a11arnnese por-
1·nn1ori2,1da. fl iópsia cu tânea perm ite dia<Jnósti co difere1 1-
cial de il kJu11 lil'.> ca usas. DD: piolho, sarna, tri cofi tíase, fotos -
se11sibilidad(0 (º rlor011Cas co r1qér1iti1S.

TERAPÊUTICA E REVE Ç O
Protecção de sol intenso é importante em casos de
peles não pigmentadas.
l.i1 va c1c111 de pc0li1 dc1 s com m lução iocfada prornuw cresci
rncn to de novo pêlo. l_clVil\_ Jern com i'ir1u c1 e sab5o de i1 11i-
111,1is co11spurcados por fezes cli,irreicas Purina.

A c1d111i 11isliação ora l de composlos de zinco e vi t. F favore -


ce ,1 rr:'c uperc1c,jo na lc1u 11 s casos (e.g. Ba ld Ccl lf Dise,1se).

Boas priÍLi c,is de hi'.) iene incluindo mudJs de ca ma, uliliza çiÍo
de leites ,11Li liciéliS de boa qualidade (proté'Íllél J11i111r1 I), rlilui-
çiio e mistura ildequada de leites de substituiçi\o, triltJ111en lo
com an tipiréticos eni cc1sos de doer1 çil s c:0111hipertcnnia.

LE SÕES DJ\ PE LE~ r ~LO


FOTOSSENSIBILIDADE 1\LOPECIA, El11TEMI\, 1Jlfüf11Dü, Fl'J111)1\S CUTÃNE1\S
[M1\GfffCIMENTO, ICTl:111CIA

TIOL GI
Associada a insuficiência hepática ou por ingestão
de agentes fotodinâmicos.
A fotosse11Sibilidade primária resulta da acção de aqe11tes
fotodiri~linicos de rn igem química (e.g. fármacos como oxi-
tetracicliria) ou vegetal (e.g. toxi11as das plantas Lonlcma
spp.). A fotosserisibilização secundária resulta de insuficié11-
cia hepática causada por toxinas (e.g. plantas, algas ou fun-
gos) levando à obstrução biliar e retenção da filoeritrimi.
Uma das toxinas mais comu11S é a esrioridesminJ do furigo
Pithomyccs chartorum.
Está descrita um tipo de porfiria congénita com fotossensi-
bilização causada por um gene 1ecessivo.

PIO O A
No Açores é frequente a fotossensibilização por
existir condições óptimas para desenvolvimento
de Pithomyces chartarum.
A condição é rnais fre querite 11as recJiões com coridições de
Lernperalur,1 e humidade 21dequad as ,10 dese1ivolvimc11to
cio fu11go 11as past,1ge11s (esse11 cial111ente de azevém). O fim
do Verão e início de Outubro é a illtlll'a de maior risco 110s
Açores. No e11tanto é possível surgir em ar1irnais estabula-· N,1 fotoss e11Sibilização primári21 os c1ger1tes fotodir1 à1nicos

dos e mesmo naqueles a comer feno. Animai s corn pela- são absorvidos e coricer1t1ê1dos 11a pele.

gem não pigrne11tada ou com pouco acesso a sombra são N<1 formc1 rn11(Jé11itc1 tfa doe11çc1 há desde cedo a <1curnul,1-,
mais afoctados. c;ão de porfil·ia 110s teciclos, i11Cluindo pele, mas os sin,iis
podem sei- só evide11tes após vá1 ios meses.
l_esões freque11tes em zonas onde a pastaciern co11tém in-
festantes ricas em compostos fotossensibilizadores.

L
Limitadas a edema, necrose ou gangrena das zonas
de pele não pigmentadas.
A filoeritrina resulta da degradação da clorofila no
rúmen e é normalmente metabolizada e eliminada Podem ,e r evide11tes ou não as lesôes hepáticas.
pelo fígado.
A esporidesrnina causa hepatite e oclusão dos ca11alículos bi-
N TICO
liares. Ern casos de insuficiência hepática/biliar a filoeritrir1c111ão
é eli111ir1ada, entra em ci1culação e ,icumula-se debaixo da pele Ern animais malhados a distribuição das lesões
favorecendo a absorção de raios ultravioleta nas 2'011as pouco
é patognomónica.
pigmentadas. Há lesão, com necrose e gangrena, dos tecidos A detccção cfa toxi11a é pouco pi ovável. E111i111as hepá t icos
da epiderme e derme. O zinco actua como quelante da espo- elevados. DD com t ricofitíase, sam,1, hiperse11sibilicü1de/re-
ridesrni11a reduzi rido a absorçéio e acção nociva. 2icção a11,J fil ,íctica.
AI L! ICOS
Mesmo antes das lesões serem evidentes
os animais mostram sinais de desconforto (e.g.
irrequietos) .
Os primeiros sinais são Falta de apetite e quebra de
produção. Segue-se eritema e edema ou anasarca
das zonas de pele sem pigmentação e intenso pruri -
do. Há lacrimejamento, blefarospasmo e fotofobia,
Pode haver hipertermia. Animais procuram a sombra
e chegam a mergulhar as zonas afectadas em água.
Segue-se a Formação de vesículas. exsudação. desca-
mação, necrose e gangrena da pele. Quando grandes
extensões de pele são afectadas os animais mostram
sina is de desidratação. Nos animais com pelagem es-
cura os sinais restringem -se ao focinho e zonas de
transição para mucosas. Os tetos podem ter apenas a
face lateral afectada.

Na Fotossensibilidade secundária pode haver sinais de


insuficiência hepática (icterícia, prostração e sinais
neurológicos). Na Forma congénita, para além das le-
sões de pele, há coloração acastanhada dos dentes,
ossos e urina. Há ainda sinais de anemia

TERAP!UTIC E PREVE ÇÃO


Evitar a acumulação de matéria vegetal em
decomposição na base das plantas das pastagens.
Retirar os animais da exposição solar e das pa stagen s
onde se inicio u o problema. Dar si lagem e palha. Hidrata-
ção, cremes cicat rizantes e anti-inflamatório s. Óxido de
zinco oral. Complexo vitam inico (Vit A, Vit 8 12 ). Tratam ento
da insufi ciência hepática .

Como preve nção é aco nselhado o maneio adequado das


pastagen s evitando o desenvolvimento do fun go Pi-
thomyces chartarum nas zo nas baixas e húmid as junto ao
solo e reduzindo as in festações com planta s tóxi cas. Em
locais e momentos de ri sco elevado, admini strar zinco na
d ieta, ou aplica r bolo intra-ruminai de libertação lenta de
zinco (protecção 5-6 semanas), para redu zir a absorção da
toxi na.

LESÕES DA PELE E PÊLO


CARBÚNCULO SINTOMÁTICO/ TUMEFACÇÃO CU fÃNEA FRIA· FEílRE
ENFISEMA • CLAUDICAÇÀO • MORTE SlJl31TA
/ EDEMA MALIGNO

Apesar de serem consid e radas doenças distintas, a tcmpc1atu ra e hu m id,ide propícias. [sta é a ex plicaç!io para
possível etiologia mista e o quadro clínico semelhante sur tos repc rilirios e de h,w c r zonas de doe 11ça e11dé111ic1.
preconiza uma abordagem co njunta. Aíect,1 an ima is d e qu alc1uer icfa de e p rin cip,1lrne 11 Le aqu eles
ein boa co ndiç!io cor pora l. Ell'va cl a m o rta lid ade.

ETIOLOGIA
P TOGE IA
Causadas por diferentes espécies de Clostrideos.
rradicionalmente associa-se o Ca rb únculo Sin to m ático (CS)
A solução de continuidade que funciona como porta
a infecções por C. c/Jauvoei e o Edema Ma ligno (EM) a infec-
de entrada nem sempre é evidente.
ção por C. seplicum, C. 11ovyi, C. sordellii e C. chouvcx'i, mas Doenças i11fecciosas, rnas não co ntag iosas. Surtos dewrn-
mu ito freq ueri te rn eri te são isolacléls todas as espé ci es em se a coriclições ambic'11t c1is propícia s.
ambas as d oe11ças.To dos estes clostrídeos produze rn qu ari -
Os esporos penetram através de fer idas cu tâneas ou el as
t icfac les elevadas de exot ox in as.
mucosas d o tracto digc'sti vo ou gen ita l (e.g. lacerações d e
parto) . A via iatrogérii ca através d e agu lhas é ta 111bé111 fre-
quente. No CS é c1fectJdo essenc ialm ente tec ido muscu lar.
EPIDEMIOLOGI
Li geiros traumas, com fo rrnilc) io de her11atomas ou cdemc1s,
Os esporos das diversas espécies de Clostrideos parecem f,ivoreccr a ac tivaçiio dos esporos (íl m b iente an,1-
sobrevivem no ambiente durante anos. eróbico?). A tox ina ca usa necrose rjp id a e extensa. Tox in;is
A activação dos esporos pod e ocorrer por alterações am - e tro111boplast ina libertada dos tecidm necrosados ca usam
bi enta is (e.g. revolver solo ria s pasta<Jens) ou condições de CID e choque. A parLirdíls lesões prir1 12iric1s libertam-se bac-
térias que se pod em insta lar 11outras :w11a s.

LESÕES
As alterações de decomposição pós-morte
são muito rápidas nas clostridioses.
No CS a evoluçiio pode ser tão rápidd que não se desenvol-
vem y rílndes lesóes. Mú sculo escu 10 (neg ro) com che iro
ri'ln cido e b1 ilho metálico ao corte. A presença ele gás não é
Frequente. No EM há ncc1ose na zo 11c1 infectada e ed ema e
enfi serna rios tecidos circu11da11tc 0
s. Pod e haver acumulação
de fl uido sanguinolento ern d ive r·sas cavidades. Há sinais d e
CID.

01 GNÓSTICO
A cultura de Clostrideos só tem valor diagnóstico
se a colheita for feita imediatamente após a morte.
Técnica s el e imu11ofl uorescência em material elas lesôes po-
dem identificar ariticorpos. O dia<Jnóstico d iferenci al deve-
se faze r esseri c ial111ente e11tre as du,i s doenças se11do que o
EM ge ral111 e11te é mais be11ig no, é fac il mente associado a
uma fe ri d,1 e não afecta exclu siva m en te mú sc ulos. [1n caso

l.[SÓf:S DA PELE E l'tLO


Em ambas as doenças pode ocorrer morte
antes de qualquer sinal evidente.
A evoluçf10 do CS é normt1lmente hiperaguda e Jfec:ta
v/irios ,inimais em pastagem. A clau dicr1çf10 interisa ciE-;
um membro é geralmente o primeiro , ir1 ,1 I evidellte.
O EM é mais facilmente assoc iado a ulll,J ferida pois a
lesão ocorre primeiro em redor desta (a tenção às feri -
das escondidas da boca e vag ina). Casos de EM siio
frequentes na zona mandibular·, membros e vulva.

Pod e have r febre ou não, A(s) turnefa cção (êJes) são 110
início qu entes e dolorosas, rna5 rapidarner1te to111arn -
oe frias e idolores. A crepitação é pou co frequente, A
µ unção Sil i um líqu ido sa nquinolento escu ro sem
che iro ca ra cteríst ico (d iferença com fleimào por F ne-
crop/J orum) e algum ÇJás.

d e m orte súbitJ o DD deve Íil zer-se com Ca rbúnculo Hemá-


tico, hemorrag ia interr,ci, re li\rn pilCJO ou choque eléctri co.

EA
Tratamento imediato e intensivo com penicilina .
Dos es elevudas de peni cilir1 ,1 ,1 cad a 6 horas, Obtemos tam -
bém resu ltados bastar 1te bons co m milcró li dos. lr1jecção de
doses sup lemer1ta res de an tibiótico nas lesões. AINES e flu i.,
d oterapia. He111oção cirúrgica dos tecidos necrosad os e
ga ngrenados, Estabular c1nima is e oferece r al irne r1to de
qualid ade e pa latável.
A vaciria ção co ntra clostridioses deve fazer pil rte do pro-
g rama sanitário de qualquer exploração, mas especialmen-
te 11as zori c1s ele cl ostri dioses endé111 ic.1s. Asseps ia e evitar
agulhas usil da s para inJecçêJes,

LESÕES DA PELE E PÉLO


r

OUTRAS LESÕES ETUMEFACÇÕES CUTÂNEAS

Doença I Etiologia I Sinais clínicos I Tratamento

Miíases Larvas de diversas espécies de Visual ização de larvas no interior Remoção das larvas, lavagem e
moscas incluindo Musca domesti- de feridas profunda s. Larvas remo- desinfecção das feridas. Preven -
ca, Phormia sp e Sarcophaga sp_ vem tecidos necrosados. ção com insecticid as e/ou repe-
lentes.

Abcessos Causas mais frequentes: traumatis- Tumefacções mais ou menos rígi- Aplicação de rubefacientes até
mos (e.g. marradas), iat rogénicas das e de dimensões muito variá- notar conteúdo liquido e parede
(injecções) ou umbilicais. Frequen- veis. Confirmação fácil através de pouco espessa. Lancetar e lavar
temente isolado bactéria Truepe- punção - pus bran co amarelado com solução iodada. Se necessá-
rella (Arcanobacterium) pyogenes (o pus espesso pode ter que ser rio manter um dreno durante vá-
associada a F. necrophorum. aspirado). Pode haver dor à palpa- ri os dias. Geralmente não exige
ção (DD entre abcesso e hérnia tratamento antibiótico.
umbilical).

Bócio Hipotiroidismo - Carência em iodo. Tumefacção no pescoço ou entra- Suplementar di eta com iodo.
da do peito, não dolorosa e não
quente Por vezes alopecias, letar-
gia e aborto

Hérnia e Marradas, quedas, pancadas ... Normalmente na parede do ab- Hérnias traumáticas t êm indica-
hematoma dómen e de grande dimensão. ção cirúrgica, sendo difícil a sutura
Idade (lassidão muscular). Con-
traumático. Saco escrotal aumentado. Conte- do anel em animais adultos.
génito.
údo pode incluir víscera s, sangue,
Hérnias Hematomas e seromas podem ser
exsudado e fibrina formando lo-
inguinais. tratadas com água fria (primeira
cas. Nem sempre fácil se ntir anel
fase), anti-inflamatórios e diuréti-
herniário. DD com abcesso por
cos. Só casos graves devem ser
punção ou ecografia
drenados e lavados,

Hérnia Congénito ou adquirido (após on- Tumefacção de dimensão va riá - A maioria não necessita interven-
umbilical fal ite com abcesso) vel sobre o umbigo. Normal- ção. As maiores (> 1O cm) devem
mente facilment e reduzida sen- ser operadas.
tindo -se perfeitam ente o anel
herniário Não apresenta dor
nem ca lor à palpação, Raramen-
te associa-se a abcesso umbili -
cal ou forma aderên c ias.

Seborreia Ambiente húmid o e anaeróbico Desde eritema a ferida profunda Lavagem com so lução iodada
flexural entre úbere e face interna do que se pode prolongar desde a Aplicação de pomadas emolien-
membro. Mais frequente em novi- face mais dorsal da virilha até terço tes e cicatrizantes (e.g. oxido de
lhas com edema mamário exten- inferior da coxa. Infecção por bac- zinco). Antibiótico loca l e sistémi-
so no periparto. Crescimento de térias anaeróbicas causam mau- co. Com bater edema mamário.
bactérias anaeróbicas, cheiro característico.

Dermatite Mesmo tipo de etiologia do ante- Crosta e material pútrido na linha Eliminação difícil Lavagem agres-
média do rior, mas entre quartos mamárias média entre os quartos anteriores siva com desinfectante, retirando
úbere anteriores em vacas adultas com ou imediatamente anterior ao crostas e tecido necrótico. Poma-
úberes muito grandes. úbere (zona do umbigo), Cheiro das desinfectantes e cicatriza ntes.
nauseabundo.

LESÕES DA PELE E PÊLO


Doença I Etiologia I Sinais clínicos J Tratamento

Alergia ao leite Reacção alérgica à caseína do pró- Placas ou pápulas em qualquer Normalmente não é necessária
prio leite, reabsorvido por vacas região do corpo. Edema palpebral. qualquer intervenção. Ordenha.
com atraso na ordenha ou recen- Depressão e mesmo prostração. Anti-histamínicos em casos graves.
temente secas.

Dermatose Reacção de hipersensibilidade. Pele espessada e edemaciada. Pla- Anti-histamínicos. Remoção da cau-
eosinófilica Vacinas, fármacos, picadas de in- cas ou pápulas. Depressão e que- sa, se identificada.
sectos ou idiopática. bra de produção momentânea.
DD por Biopsia cutânea.

Hipodermatose Hypoderma bovis (larva). Menos Nódulos característicos (cerca de Uso de produtos da família das
(berres ou provável H. lineatum . 3-5 cm diâmetro com ligeira de- avermectinas (injectável ou pour-
berros) pressão superior (orifício de respi- on) tem reduzido muito a incidên-
ração) que se mantêm 4-6 sema- cia. Lavagens com cumafos, tri-
nas. Ao espremer é possível retirar clorfão e outros insecticidas.
a larva (esmagamento pode cau-
sar choque anafiláctico). Animais
fortemente infectados perdem con-
dição corporal. Na fase de migra-
ções pode ocorrer sinais neuroló-
gicos (raro).

Dermatofilose Dermatophilus congo/ensis - bac- Animais constantemente sujeitos Remoção das crostas, lavagem e
téria Gram positiva. a ambiente quente e húmido desinfecção das lesões. Antibióti-
(chuva ou aspersores) e a lesões co sistémico (penicilina).
cutâneas (picadas, traumas). Mais
Manter animais secos. Controlar
no dorso, garupa e ubere. Pústu-
fontes de lesões cutâneas e insec-
las, escaras e crostas de dimensão
tos. Suplementar dieta com Zn
variável . Sem prurido mas com
dor à manipulação. Por vezes fe-
bre. É uma zoonose.

Paraqueratose Carência em zinco (nutricional ou Vitelos lactantes ou recém-des- Suplementação com zinco. Com-
idiopática/genética) mamados. Atraso de crescimen- plexo vitamínico.
to. Alopecias com paraqueratose
nas orelhas, focinho e extremida-
des. Lesões bilaterais e quase si-
métricas.

Acromotriquia Carência em cobre ou excesso de Pêlos pretos acastanhados ou Avaliar níveis de Cu e Mo na dieta e
molibdeno ou zinco (quelantes descorados, especialmente em solos. Suplementação com cobre.
do Cu) volta dos olhos. Pêlo sem brilho.
Baixa condição corporal.

lctiose Genética. Vitelos nascem vivos, mas não se Refugar reprodutor portador. Eu-
congenita chegam a levantar. Sinais de dor. tanásia imediata do vitelo.
Pele rígida e espessura acentuada,
raiada por gretas avermelhadas
com padrão simétrico,

Hipotricose Genética Surge com várias variantes (e.g. Sem tratamento. Animais nascem
congenita total. parcial, cauda de ratazana) . sem pêlo e podem sobreviver se
Pode surgir associado a hipotiroi- resguardados do sol, calor e frio.
dismo.

LESÕES DA PELE E PÊLO


r

LESÕES DA P( LE ( PÊLO
l.í:SÚí:S Di\ 1'1:1. E F. f' ~LO
LL' SÓl;S Ili\ l'í:I.[ I' PÍ: LO
LESÕES CUTÂNEAS DOS TETOS E ÚBERE

IMPETIGO ERITEMA • VESICULAS


PLJ STUL/\S (Ü!3Effü

TIOLO A
Normalmente isolado Staphylococcus aureus.
Derrna lite in fecciosa limitadél à pele d o úbere de vacas
leiteiras.

P TOG NI
Favorece o desenvolvimento de mastites.
í: ntrad a cfa bactériJ por pequ enas élbrasões (e.g . pele greta-
dr1 élpcís ed ema mar112irio). Co ntágio entre animais é fácil .
S5o frequentes recidiva s 11 a rn esma vaca mesmo após trata -
me11tos prolong ad os. Possibilidade de existirem portadores
assintomáticos. fJode cél usar lesões sem elhantes nas mãos
dos ordenh adores.

01 G ó I O
Baseia -se no quadro clínico, confirmado por
isolamento de S. ourcus (zaragatoa).
O DD iric lui sa ma sarcc'Jpti ccJ e psoróptica e foliculite.

VEN O
Lavagem e aplicação de pomadas
com antimicrobianos. ·
Tratamento com antibi ótico pi1re11tera l (e.g. beta-1,ictami-
cos) em casos rnais graves.

A. C IC
Não causa prurido, mas o desconforto
é às vezes notório.
Inicia-se com pequenas ve sículas (<0.S crn), evolu indo
para p(1stulas corn zona el e erit rna periférica e final- Tem -dip e reg ras de higiene na ordenha. A pe le humana
mente forrn <irn-se crost,1s. Mai s 11<1 base dos tetos e é veículo de S. aureus e por isso o uso de luvas é reco-
porçi'lo poste rim do ubere. Pode evoluir para furL:111eu- me11dado espec ic1lme11te qu ando o rd enh ar vacas com

los ou abcess os. pe le do l'. rbe re gretada. Refu go d e an irna is co m infecção


rec orre11te.

i.E SÔtS D A l'[I_E E l'tl.O


HIPERQUERATOSE E PROLAPSO DO ESFÍNCTER l' Sl'[ SSAM l: NTO OU Hlf'l' RTllOclA
r~A [.Xi'l'U: MIDAIX, l)üHTCl

ETIOLOGIA rerri-se durante muito tt'mpo. Vacas rnais velhas fazem pro -
l21pso do esfíricter por flacidez 1T1uscular (possivelmente
Causas e efeitos comuns justificam abordagem
c1gr2iv21do por situações de hipocilcérnia).
conjunta.
A grande maioria dest,is lesões é ci,lusada por fwiciona-
rnento c.leficier1te da m(1quir1a de ordenha (e.g. excesso de EPIDEMIOLOGIA
vácuo). Outras cc1usas - substâricic1s irrita11tes na orrler1ha Surge essencialmente em vacarias onde a revisão da
ou riéls carnas; queimaduras ~ielo frio; iritr'odução repeti da máquina de ordenha não é feita regularmente.
de so11clas iritri1111c11 r1,írias. As causas t0rn em comum repeti-
Norrnalme11te afecta de forma mais grave as vacas mc1i s
velhas, mas em caso de mau furicicmarnen to da orde11h a
atinge todos os ,mimai s que vão 21 ordenha. Unidades dP
ordenha retiracfas de forrn a rnuito tc1rcli,1 é igualrnente urn
factor de risco. ílaramerite ,1ti1ic1e só um a11irnal pois a cau-
sa é 11om1almente comum ao gr·upo.

PATOGENI
Traumatismo (físico ou químico) provoca reacção do
organismo aumentando a espessura da camada
queratinizada.
Nos qu,irtos cujos tetos apresen1·a111 IPsóc s isolarn- se 0

rnc1is frequenter1wr1te age11tes de mastites provavel-

SINAIS CLf IC S
Na hiperqueratose simples nã o há dor,
mas a ordenha é incompleta e demorada.
A lesao ele hiperquPri-llose c:orneç11 c(irno um eritr r11a 0

e edema do tecido em vol t21 do br I r, 1c:o c1n teto. A le-


s,10 dL.11T1er 1t<J de diâmetro e ,1 pelf; tumil-Sf; rmii s es-
pessa, not,111do-,e pequEc;nas estr·ius ou (Jret,is rJmclo-
lhe um aspeelo de: flor desabroch,idci. Se ,i eciuscJ
persiste toc,1a a re9ião c; ircur1cJ z111tP. do hurn c:o cio teto
fi ç 1espess11da, cirernda e saliente.

Cls c,isos de pmlapso elo esfí11C: te r asse111elh,1r11-se aos


u1sos rnciis c.1r,wes P. cró11i c:os cje hiperque ratosc:, só
que sr,1 rc1er11 r·e1,ier1t iné111ier1te. É P.vider1te urn nódulo
ou cili11dro de: rrnrcosa salierite 11,:1 pcmt,1 dc; um ou,
111,1is frequentemente, de todos os tetos.

O "bl iJc:k-sp ot" car·ac teriza se pel,1 extrerniciiick cio teto


rugosa, escuré1 e·, dolorosc1, A WI C:d r1,10 ,Keitêl bc: rn ,is
te tinas e, escoicei ~ quando se lavil os telm.

LL SÔ I: $ ll1\ !' Ele t l'lL()


m e nte de vido à 01ci e 11h a incomp le La, /1 cfüiculdac1e d e T A tUTICA REVEN O
d es i11fecçao e à dor cau sad a nas te ntativas el e se abrir o
A identificação e eliminação da causa primária
ca11a l. As lesóes de h ip erqu eratose po d em infec tar da11 -
são prioritárias.
d o or igem ao "black-s po t", de o nd e é 11ormalme11te iso -
lad o S. aureus. Após eli m inação da ca usa o s casos d e hi perquerato se ma is
ligeiros ,eg ri dem esrontaneam e11te. Os casos mais avança-
dos pod em nunca recupert1 r co mpleta111ente. Nos ca sos de
D G T CO "blac k-spot " a resposta ao tra ta m ento é red uzid a e o refugo
Biópsia da lesão e exam e histopatológico permite é aco nselhado,
confirmar o diagnóstico. No caso de prolilpso e.l o esfín cter rece 11te poderá ser tentada
O exa m e cuidadoso do ti po d e tec id o e a hi stória da va ca il reversão, se11do essencial m anter LHl lil so11da durante e en -
ge ralm en te permite m d istingu ir a orige m da les 210 - o pr o- tre as o rd enhas até se o bter cicatrização. Se necess ário não
lapso d o esfíncter é uma situação aguda er1qu,rnto a hiper- ordenhar duril11te dois ou três d iils. No caso de prolapsos mais
queratose é arrastada. Deve -se fazer o di ag nó stico diferen - antigos, com tra uma e necrose de tecidos, é preferível fazer a
c ial entre as d uas co nd ições e ainda da papilomato se ablação rente ao teto. Estes an i111ais serão sempre m ais predis-
bovina (v.). postos a fazer rnastites e a perderem leite entre as ordenhas.

PAPILOMATOSE BOVINA - BPV 5 E BPV6 NEOPLAS I/\S , ESP ES SAMENTO


NÓDULOS

E A
BPV 5 e BPV 6 podem coexistir no mesmo animal. Contágio vaca a vaca através do proce sso
Os dois tipos de vírus estão mu ito ada ptad os ~1 pele do úlie-
de ord enha é muito fácil.
re e pa rti cu larme nte à dos tetos. BPV:; ori g i11a fi b ro papilo - Não são zoo11oses. Tetos gretados o u feri dos sã o ma is sus-
m as e BPVc, causa ve rdad eiros papil o rn as. ce ptíveis 21 infecção pelo vírus.

LE SÓES DA l'[LE E PE LO
O aspecto das lesões geralmente permite
identificar o tipo de BPV.
O tipo 5 dil ori (1ern a li:sôes pouco sobress,r idéJS fJõHe·
cer,J o pequer ios hagus ele arroz irKr'u5T7J(fos sob a
pele No, rna lrr1er1te 1150 ,cup,11T1 a c::,lr-ern ici;;,d e cio
1·ero (~ pm isso pe rturbarn pouco a sa ícfa cio leite. O
11(11rn,10 cJp tu írior e.s v~ri;i rnuitu, m;:is che9,,rl\ ;1cubri r
prcJlitdr ,1en1e t0do o te10. ü tií)o 6 Cél usa lesóes ir"rt?~Ju -
lil re~. alonqad,is (- 1 c. 111). bem sotm:~s.:i idas e pur ve-
;es curn projec:çcies Filifor·nws. f'od<c air1dc1 c1p;1 rece r
cu rno u111 papilom a L111i co de f)<i r·ede·; ber111\:\JL1i ar<:'S e
p1:du11cu l,~c'lo. furnLm,s pc0 qu,,nos P rnr'rlli í)los podc-'rn
oCllpar <1 ext re111 icl,1cle cio teto obstruindn ,:1 saída ele
leite,
As rm1stites 1.1or <'KJP.nte s ,irnb ic~ri t;J is s:io frl~quentes
devido é1 difiCLrlclêide c1 e clr~, ir1fec ç,10 cio teto, porqLrE-;
pode hJvP.r re11 tcJç,10 ele desobsHui r o buraco do lelo
curn sor1 cla~ ou porque ;i~ fer idcis, c:orn clcn· 11él orcle-
r héi, s.'io ('.Orrn 11 1s.

c\mbos os pilpilornas ,-: rxo11trilrT1-se r,orrna lin enre ern


rniliS duque um teto e podem ,·egredir dur·,irire o pe-
riodQ de Sf'.Cil e reap,irccer 11i1 lac t,1ç,10 seg uir 1te.

DI GNÓ IC
Técnicas laboratoriais (e.g. PCR) permitem distinguir
o tipo de víru s.
() DD cl<:'Vl:' sc0 r íei\CJ rnm pse udovilríolii .,. l1ipc0 rqu er,1lose
(qua11do ern vollél do hL1rc1co cio leto)

UT e EP EVE eo
Ordenha dos animais afectados sempre no fim.
C1u 1·eri1-aç,io de tun 1ores ir 1dividuc1 is.Est1Jric1ulam e1 1to w rn fio cio ele 11ovos ,mi rnc1is, incluimlo mJvil héls. Autov0ci 11as. l"leg ras
ou ,111121 de borr,1cha 110s tu111ores nidiores pedu11Culados. Apli- ,1pcrtêidcJs de higier1e na orde11hil (e.g. lt'il l-dip, uso de luvos).
cc1<;âo de desi11fect,111tes viric idas após il orde1111a. f:xarne cuicl,1- Evitar ;irr-,mc;ir tumores, especialrnente nc1 po11ta dos tetos.

l.ESÔES 1)/1 PE LC E PÊLO

--·"'"'------------------~-~--------------------··
OUTRAS LESÕES DO ÚBERE ETETOS

Doença Etiologia e características Tratamento e prevenção


1 1

Mamilitis Lcsôes ul cc1 os,1s relativa111e11le CJr,1mJes, ve1·11wlhas e Cre111es a11ti-sé1)lirns e e111uli c11 tes. Acli cio11i1r gliceri-
(Herpesvirus-2) cluloros,1 s. Cros lcl s 111a11lé111-se sc~m,111;1s, M,1is 110s te- 11a ao tcat-clip. Cuicl,1dos cxt1 ,1 11c1 orcJ enlw par,1 cem-
tm, 111as LarnlJé111 no 1füere. CcmLagioso, Prn tadores. trolar dor e l'Vitar 111a slites Po111acJ ,1s víricidils
Em 111,111,1d,1s ir1rectadas c1 111orbilicJacle <" baixa e lirni -
tilcia il primípil rils log o apc'is o parlo ldC11 li fi Gi rll OS
su rtos e111 vacada de cilrne, inclusive ern vitela s.

Pseudovaríola Eri tema, vesículi1S e uostas de bordos elev,Hlos, Le- idem


(Parapoxvirus) sôes colll perfil elll rerrad urd muito típico Dur n1ode-
rada Lesões C111 icas ou lllúltiplas (< 10) Elevada lllor-
bilidade mas ,1u to-l irnita11te(7)

Varíola Act ualrn e11 te muito r,1rcl. Idem. Declaraç~o obrigatóri a.


(Orthipoxvirus)

Outr as: q ueimarj urns por fri o (e.q. CJelo rias ca rn as ); ()retas ,ipos ed ern ,1 seve10, iiu to-111utilaçào (110vilha s 110 pós-pa 1to co m ecl erna ma-
111á rio exter1so), hiperser1 sibi lidiicle ,1 desi r1fectantes, tr aurn,1ti,rno1 v~ rios. l ai 11cla: lesôes cm cloe,1çil s virais como 1811, Feb re Catar ral
Ma li 911a, 1-'ebre N tosa (ve r Ciicla doeriça).

LESÓl:5 DA PELE E PELO


LE5ÔE5 DA PELEE PELO
LESÃO OCULAR• CEGUEIRA• FOTOFOBIA

Elegemos para esta secção as doenças com lesões bem O olho ocupa uma cavidade óssea designada de órbita. A
evidentes do olho e conjuntiva, mas também alguma s porção anterior do olho é constituído pela córnea e esclera,
que apresentam cegueira sem dano ocul ar aparente. Mui- segue-se a íris, corpo ciliar e coróide (ao conjunto chama-se
tas outras doenças descritas noutras secçõe s apresentam úvea) e o cristalino. A túnica mais interna é constituída pela
lesões oculares, cegueira ou simplesmente corrimento retina. O humor aquoso preenche as câmaras anterior e
ocular - Doença Respiratória Bovina, Rinotraqueite Infec- posterior do olho. O humor vítreo é uma substância gelati-
ciosa Bovina ou Febre Catarral Maligna - mas nestes casos nosa que se encontra entre o cristalino e a retina.
são sinais secundários num quadro clínico com muito
maior expressão noutros órgãos. A comunicação do olho No exame do olho é essencial avaliar os reflexos, tanto pu-

com as fossas nasais através dos duetos lacrimais faz com pilares (midríase = dilatação da pupila e miose = contrac-
ção da pupila) como palpebral. A ausência de reflexos pode
que agentes actuando sobre o tracto respiratório acabem
ser devido a paralisia muscular ou a cegueira, periférica ou
por causar doença oftalmológica, principalmente conjun-
central.
tivite. Por exemplo, temos isolado frequentemente Pasteu-
rella multocida de zaragatoas feitas a vitelos com querato- Os bovinos leiteiros ou de engorda com cegueira unilateral
conjuntivites. conseguem sobreviver e produzir sem grandes inconve-
As doenças oculares podem resultar de problemas estrutu- nientes, mas o mesmo não acontece com vacas de carne
rais, afectando o olho ou os tecidos adjacentes (e.g. conjun - em extensivo. Animais cegos devem ser abordados com
tiva) ou funcionais, tanto por lesão do olho como do SNC. A cuidado pois podem tornar-se mais agressivos ou coloca-
distinção entre estas duas formas é essencial, mas nem rem os operadores em risco por terem dificuldade em loca-
sempre fácil de se conseguir. lizar a presença humana.

QUERATO-CONJUNTIVITE INFECCIOSA CONJUNTIVITE, QUERATITE


BLEFAROSPASMO, CEGUEIRA
BOVINA(QIB)

ETIOLOGIA PATOGENIA
Responsabilidade primária continua a ser atribuída Adesão ao epitélio impede que bactéria seja lavada
à bactéria gram-negativa Moraxel/a bovis. pelas lágrimas.
Moraxella bovoculi e Neisseria (Branhamella) catarrhalis Após aderirem ao epitélio da córnea desencadeia-se o me-
tem sido associadas a casos de querato-conjuntivite in- canismo de citotoxicidade. Este processo é mediado pela
fecciosa dos bovinos (QIB). M. bovis pode ser isolada de citolisina (exotóxina), uma proteína hemolítica com capaci-
animais saudáveis (portadores). Das várias estirpes de M. dade de formar poros, com actividade leucotóxica, com-
bovis existentes apenas as estirpes hemolítica s, com pi//us prometendo a capaci dade do animal para combater a in-
ou fímbria s, são capazes de causar doença. Nem sempre fecção e capaz de promover a digestão dos tecidos que
existe imunidade cruzada entre estirpes. Mutações po- conduz às úlceras da córnea. A endotoxina da M. bovis esti-
dem resultar em que fenotipos não-hemolíticos mudem mula ainda os macrófagos, células endoteliais e linfócitos a
para hemolíticos. libertar uma série de citoquina s (TNF, IL-1, IL-6) induzindo a

LESÃO OCULAR• CEGUEIRA• FOTOFOBIA


/\ tra11Srniss5o pode ocor,·er por contilclo d irec to, ,11rc1vés ele
vectores, ilt'ross(iis e fo111ites, /\, rnosc:,is (Mu srn c1ulumnolis)
pro m ovem irritaç~o 111eci r1ica loGil e s~io irn portar1tl:'s w c-
tores 111ecá11icn s. Outros fc1 n orcs precl ispo11c11tc s - poeit'ils,
0

J111011í,ico e corpus estr,111110S.

Após infecção o animal fica protegido contra mesma


estirpe durante um período superior a um ano.
Após JS bilc:téric1s aderirem ao epitélio c:l,1 cóme a cl c~s er1 c 1-
deia-se o rrn°Gmis1110 de citotoxic:idade q ue é mediado pela
citolisir1J, que icJualmente compromete a cap,ici dade do
,mimai para combater a i11fecç5o através drc· Jctivicfade leu-
rntóxi G1. /\ lise das células epiteliais da có rn ea pe1·mi tc à
bactéria destruir estruturas rnais profuricfa s incluindo o cola-
génio su pe rficial do estro ina. A atracç!íu de células inflJ111c1-
adesão cie neutrófilos e momícitos ao e11dotélio vascular tórias e a ildesão de neutrófilos e tn o11ócitos ao c1 iclotélio
corn activação e ,füacç5o cie células inf!Jmató rias. vJscular contri bui c1i nda rn ,ii'> para a destl'uição do estro rn a.
lqA, lactofe rri r1a, liso1i rn a e trai 1sferri11a são os mecanismos As irm111oqlobuli11as locc1is (lgA), presei1tes 11as secreçóes
de defesíl do 01110 rn ais impmt antes r1c1 0113. lacrimais após cJsos aguclos da doe11ça, esta belece m u111a
protecçiio ccmt ra re-infecçôes.

PtD IOLOGI r=le rn er1 tos im unodepressures como fac tmes de stress, su b-
nutrição ou outros agentes infecciosos (vírus - 13VD, 113R;
QIB ocorre normalmente em surtos.
bactéric1s - Neisse1ia colorrlwlis, Moroxel/o hovoculi) podem
Surtos surqem esse1icialme11te no Verão e início do Outo110. A au111e11tar a susceptibiliclade à 0113.
sazm1alidade pode estar associada ao aumento da exposição il
racfüiç::\o ultr,1-violeta que pod e sensi biliznr, irritar e até mesmo
lesicmar ,1 cómea, ab1·ir1do a porta à invasão bacteriana. Raças LESÕES
tropical111e11te acfaptadas são mais resistentes (e.CJ. Gos indicus). Complicações da QIB são endoftalmite,
Escleras não picJme11tacias poderão ser mais suscep tíveis. panoftalmite, queratocone, hipópion e iridociclite.
As lesôes variam com a virulê1icia da esti1 pe e podem ir de
simples C1lcerc1 da córnea c1té ruptLJrêl do CJlobo ocular. Na
SI AIS CLINI S 1·uptu1·a da cómeJ a solução de ccrnli11uidade geralrne11te é
A gravidad e e evolu ção está muito depende nte tapada com t1,·cido da íris que c1parece com o um anel ver-
da estirpe e do estatuto imunitário do anim al. melho a sobressair da superfíci1c· da có rn ea,

1-ase i11icial - corrimento ocula,· seroso, ble/-aro5pasrno c:


fotofo hiéi. /\lgun , animais ap t'ese11ta111 hipertermia, Se- DI GN ST1CO
(J Ue111-sc' qraus c. resceri tes de ccmge st,10 da conjuntiva
,~ opa c:id,ide da comea, Por íim h,í ulce raç,10 d,J cómea.
Quadro clínico típico em diversos animais num curto
Na FJsr" de-, resoluçfH.J surqe uma 11eovdscul,ll·i;,c1ç/10 ein
espaço de tempo é diagnóstico seguro.
voltii da (d e.era e que-: Jll'>tifiG1 o termo "pirik,·c-;ye" LJ1rn No diacir1óstico difcrericiill co11sid erJr: iritt bovir1r1, IBR,
0

c:iciJt riz puric:tiforrrw [)Od e m,rntP. r-sP. clu1d11te rm1i1·0 ~ebre C1tarr,1I Mali g r1a, 13VD-M D, cor po est r,rnho (111Jis
ternprJ. Ca~oó rnnis c1rc1ves podem re óu lt1J 1' em ruptura frequenlernr: nle pr,1 g c111r1s), traumatismo, carcir10111a es-
e.li, c:ómec1 e prol apso do huino,· ,iquoso. 111/ec:ç(ies se- pi110-celuli1r e porasitJs (T/1elazio S/>p) . Di1cJ(J', epidcrnio-
cu r1cJc~ri ;is ,;;10 res pons,iveis por cem i111entn purul en to. lócJicos e 11111 horn exame do ol ho c1 eralrne11te rwr rn it c; r11
/\ 018 cc1u s,1 dor i11tensa que se pod e ,1l ast1a1 ,1 toci ;J ~ faze i· o diagnóstico, que urnJ zar,1cJc1to,1 fund,1 cio s,Ko
c,11:ieç:;1. Todos estes si11ai s poc1ern Seº !' u11i ou bil,1re,-,1is. c011j untivJI po d c: rá cm1firma1· e ai11 da se1v ir pc1ri1 eíectuar
o TSA.
TE p·uncA E PREVENÇ o
O tratamento da dor com AINES é um componente
essencial na abordabem à QIB.
O suct'SSo é tc111 to 111,iior qua11clo mai s cedo for efect u,1do
(c111tes de destru ição extens iva de tecidos). A éidm inistraçi\o
vi21 sub-conjunt iva! de ~-lact,1111icos (1 -2 mi) é 11orrrnlrrn-,11-
Le eficaz. Evitar uso de tetra cic:liri as por esta vi;1 por ser i1ri-
ta11te para os te cidos. Diversos ,rnti ni icrobia11os s,10 efica-
zes por via parenteral Sé'ndo prefe rível t 111 iridivíduos c1c-'
clirícil crn1te11ç.':io ou quando um g1 ,1ncie 11úrnc1u de ani-
111ai s é aftctado. Cisos simples poclern wr tratados com
pornilda ou colírio. A preve11ç5o faL-se êi lravés do con trolo
de moscas ou uso de auto-vilc inas. As Vilcinas comerciilis
n.'\o mos tram urna 9rande eficácia 11i1 prcve11ç;'io da doen·-
Çi1, mas red uze m a qravidi1de d,1s lesões.

O proçJ 11óstic:o é bom em casos Lr,1tadm precocernt11te. Ca-


sos 11 i\o tl'i1 t,1dos podem ccmduzir ~ ce(_J lleira pe1 m,me11Lc 0

CARCI OMA ESPI O-CELULAR OCULAR COIHWvll:NTO OCULAR · CON JlJNTIV ITC
lll.EFMl<>SP/\SíVlO · NFOPLASIA

ETIOLOGIA co 11l1 1cc idos. /\ loec11i2'.aç5o pri méÍr ia do c,m: ir1 onir1 orn l,ir
lé11nht'rn é v,HiiÍwl se11Llo mai $ freque11Le 11 0 bord o livre
A conjugação genética-ambiental parece aumentar
dil 1r1 e111h1·anc1 11icti ti11,tec•. Sc 11 do urn tumor 111i1liCJ110 a
a susceptibilidade.
rnetas tiz,ic;iiu é u111,1 pos, i!Jili dade, se he111 que 1150 mu i-
A predisposição genétieci em a111bie 11Les propícios - e;, pm i- to freque11Le.
ção consta11tt• i1 luz solar/r,1ios LJV - parece justific<1r ,111 1,1ior
prewM•11eia e111 certils explorélçôes. O pr1pel de vírus ni1 fase
i11ici,1I da doença deve ta111 hé111 ser con sider,1do j/1 que te111
sido iso lado ADN c1f' vírus da papilornatose bovinil (v.) em
carc i110111as ocu lares.

PATOG Nt
Geralmente os carcinomas espinocelulares
das pálpebras são precedidos por epiteliomas
ou papilomas.
l-'avo1ece11clo a teoria do pape l de vírus observa -se fre-
quen terne11te que ,1 lesão inicii1 1 (placa) evolui par,1 um
papi lornêl e depois, eve 11tual111e11te, par;1 um carc ino111a .
Todav ia, 30% a 50% da s lesões primór iéls reciridern sem
cheqíl r à fase cie ca1cino1 na . O c,irci11 0 111 a não reciride,
111 ,1s a rap id ez de cresci111 ento depende ele factores eles-

1.I SÃO OCUL/\í{ · C[GlJE II{/\ · FOTOfOlll/\


IN as CL ICO
A lesão pri mária é frequentemente uma placa
hiperplástica e hiperqueratinizada.
O ,ispec:to do tumor çlO exame clíriico vc11·i,1 com o seu
est,ido de evolução. A f21se cif:-' plaGJ r101 malmente esc;1-
p,1 ao ex,.1 rne clínico. A Í'êlse de papilorna e;1rcicteriZc1-se
por uma les,~o bem circu r1 sui1,1. Os C:dt Cinrnrn s de pe-
queria dimensão podern sur'gir·como urnc1 simples er"O-
sao de bordos 111,J I de limitados ou riód ulo na rllJrqeni
cicJS pi'i lpelir as que. ,10 cresce r. tom,, o ,i spec:to de urn,,
verrugêl de cor rosada. l\lorrn;ilrnente há conJu ritivite
corn blefé11ospc1smo e corri mento ornl,.ir. A par tir clest,1
filse o tumo r· pode invadir cJs tecidos ri rcundar1tes - ou-
tras pálpebrcJ S, r11(1sculos. li9ame11tos, 91,indulils anexas
e mesmo o globo ocul,1 1- c.i té ocupar éJrc1nde p,irte ou
mesmo ,) totalide1de clil c'Jr'bita. Estas massas turnorai s
1rnritc1s vezes sofré•m riecrose e silo ,ilvo ele infecções
secu11dri1ia, apr·eseritamJo 111,ILJ cheiro, pu s e 111iíi-1ses.
vido a 11coplasia). Mu ito r,i rJmente ati nlJe anirm1i s con 1
menos de 3 a11os. Os an imais corn piÍ lpe bras e wn as peri ·
-orbitárias niio piqrnent<1das parecem ser mais susceptíveis.

10 10 GA
O carcinoma espinocelular é a neoplasia mais
l SÕE
comum das pálpebras (incluindo membrana No caso de metastização é certa a reprovação
nictitante) dos bovinos no matadouro.
lesta e~ urr1c1 neop las i,1 de cJi stribLriç:ão mumli al ,encJo 111ais As sc quelas do ec1rc:i11011 1ci orn lar dos bovinos são provocadas
0

frequente ern ani mais de Gl me (extensivo) expostos a 10 11- por metástasc s que já for,1 111 identificadas c1 ,-1ível ci os li11 fo 110-
0

ÇJOS períocl os de luz solilr. É uma das neoplas ias ma is rre- dos regioriai s, pulrnôes. coração, pleura, r·íCJ,ido, 1·i11s e cérebro.
quentcs nos Açore s (-20% das rejeições no m,1t21douro ele-

DIAGNÓ ICO
Apenas o exame histopatológico permite
a confirmação definitiva
Se bern que o qu,id ro clínico e i1 evoluç~io dil s lc sc'ie s sej,ir11
0

rnuito típicos o diagnóstico dire renc ial deve incluir: 1 rc1 L11 rra-
ti smo, corpos ecstrc1 nhos (r.iraq,mas), querJto-cu 11J u111i vitc
infecciosa bovir1<1; qu isto dc rr nóicle e ectropior1 .

T A F
No campo a ablação precoce da terceira pálpebra é
o método mais aconselhado.
Porque -,50% d;is lesões primiÍriils podc rc rn regredir espo11-
0 0

ta r1earner1te, é útil proceclcr à bióps iil de pcquenils 111a ss;1s


e cor1fim1c1ç tí o r1r1 sua 11aturez<1 11 co plásica antes da rt:! 1110-
~:ã o cfa 3.ª pálpebro ou Ol.ltros tecidos.

LESÃO OCULI\H · CEC.Ul'l11A · f' OTOFO llll\


O tratamento de carcinomas oculares de pequena dimensão A injecção de extracto do tumor tem mostrado alguns re-
pode ser feito por radioterapia, hipertermia por radiofrequên- sultados assim como a injecção intratumoral de BCG.
cia, imunoterapia e cirurgia. O método cirúrgico é o mais exe- Em termos de prevenção é aconselhada a não utilização de
quível em condições de campo se apenas estiver afectada a animais com carcinoma como reprodutores e a oferta de
3.ª pálpebra. Na extirpação cirúrgica é essencial cortar longe sombra para animais em extensivo. O uso de touros com
das margens visíveis da neoplasia devido à probabilidade de região periocular pigmentada pode reduzir incidência em
elevada malignidade do carcinoma espinocelular. manadas muito afectadas.
No caso de lesões de grandes dimensões(> 5 cm) a exérese Em casos de lesões extensas poderá ser preferível o abate
cirúrgica é a única hipótese de salvar o animal, mas o recru- na exploração devido à elevada probabilidade da carcaça
descimento da massa tu moral é frequente. ser reprovada.

OUTRAS CAUSAS DE LESÕES OCULARES/CEGUEIRA

Doença Sinais e tratamento


1
Quisto dermóide Neoformações não dolorosas e com aspecto de tecido íntegro que se inserem no o lh o anterior ou pálpebras.
Podem interferir com visão e causar traumatismo (queratite). Podem conter todo o tipo de tecido - sebáceo,
folicu lar, cartilagíneo ou ósseo. Devem ser retiradas cirurgicamente.

Corpos estranhos Conjuntivite e queratite são frequentes em casos de traumatismos. A pragana é um dos corpos estranhos
e traumatismos mais frequentemente encontrados nos o lhos de bovinos. Obrigam a um bom exame do saco conjuntiva!
seg uido de lavagem e aplicação de antimicrobianos e anti -inflamatórios tópicos.

Exoftalmia/ Lesão congén ita ou adquirida (e.g. leucose) que pode ser uni ou bilateral. Têm tendência a agravar com idade
estrabismo conduzindo a cegueira total. Casos unilaterais podem justificar enucleação do globo ocular.

Microftalmia Malformação congén ita que pode ser uni ou bilateral e acompanhada ou não de outros defeitos Animais
com lesão unilateral podem chegar à idade adulta

Septicemia e Situações clínica s que normalmente se acompanham de uveíte com evidente opacidade da córnea.
acidose ruminai

Thelazia rodhesi Geralmente assintomático, mas em casos de imunodepressão causa conjuntivite severa, queratite e mesmo
ulceração. Visualização do parasita (1-1,5 cm). Tratamento com avermectinas.

BVD(v.) Cataratas congénitas com displasia da retina. Pesquisa de antigénio BVD Sem tratamento.

lrite Bovina Geralmente ocorre em animais com acesso a silagem contaminada com Listeria monocytogenes. Uveíte com
opacidade severa. Lacrimejamento, blefarospasmo e fotofobia. Não há ulceração Penicilina e corticóides
(subconjuntiva l ou sistémicos).

Avitaminose A Cegueira com ausência de reflexo pupilar Mais provável em vitelos de engorda alimentados com cereais.
Suplementação da dieta com vitamina A como prevenção.

Poliencefalomalacia Descrita entre as doenças com sinais neurológicos. Ocorre cegueira repentina. Exame oftalmológico normal
- carência vit. B1 com reflexo pupilar. Em casos subagudos a cegueira pode ser o único sinal evidente. Tratamento precoce
(tiamina) com vitamina Bl

Intoxicação Descrita entre as doenças com sinais neurológicos. Para além de acentuados sinais nervosos há cegueira com
por chumbo perda de reflexo palpebral (teste de ameaça).

Outras causas de doenças com lesões oculares - IBR, Febre Catarral Maligna, Micoplasmose, Histophilus somni, Clamidiose, Besnoitiose,
Teileriose, leucose bovina e intoxicações.

LESÃO OCULAR· CEGUEIRA• FOTOFOBIA


U:$1\ () OCU L1\íl • CEG lJl:l lü\ • !'O ror-oat,i
LFSI\O OCL ll. 1\11 • Cl GLJL, 1í<1\ · l·CHO l' OB II\
LESÃO O( lJI /11{ · C:EG Ul'li1/1 • F01\ll'(JB IA
ALTERAÇÃO DOS SONS CARDÍACOS• PULSO JUGULAR

Os sons cardíacos resultam do embate ou passagem do da acumulação de exsudado no pericárdio. O som nem
sangue por estruturas do coração/grandes vasos, e particu- sempre coincide com o batimento cardíaco.
larmente da turbulência criada quando as válvulas cardía-
Também o silêncio (sons cardíacos abafados) deve ser in-
cas se fecham. Os sons cardíacos são avaliados quanto à
vestigado. As causas podem ser de origem cardíaca (e.g.
frequência, ritmo, intensidade e presença de sons adventí-
material purulento no saco pericárdico) ou extra-cardíaca
cios. Os locais de auscultação estão descritos no Cap. 1.
(caverna, sufusão ou abcesso na pleura; edema e enfisema
Os sons adventícios mais frequentemente detectados no subcutâneo) ou não patológicas (e.g. obesidade).
exame físico no campo são:
Alterações de ritmo, frequência e intensidade do batimento
• Sopro - ouve-se como que o som da passagem de ar cardíaco podem dar-se por causas cardíacas, mas mais co-
por um fole após um ou os dois batimentos cardíacos mumente tem outras origens - desequilíbrio electrolítico
normais. Quase sempre resulta de lesões cardíacas (insu- (Ca++, K+ ... ), toxemia, stress, medo, anemia e intoxicações
ficiência valvular), mas pode ser ouvido em situações não várias. Igualmente, os restantes sinais clínicos de insuficiên-
patológicas (anemia, gestação, decúbito lateral). cia cardíaca podem surgir em doenças várias sendo mais à
• Som de atrito - som de raspar que resulta da fricção dos frente apresentado um quadro com os principais DD.
dois folhetos do pericárdio em casos de processos infla-
A ecografia é um meio complementar de diagnóstico com
matórios sem grande acumulação de líquido.
imenso interesse no diagnóstico e prognóstico das doen-
• Som de marulho ou gorgolejo - parece som de líquido ças mais comuns, sendo que as sondas normalmente usa-
a chocalhar no interior de um espaço fechado e resulta das no campo servem apenas para animais jovens.

ENDOCARDITE BACTERIANA SOPRO CARDÍACO• TAQUICARDIA• FEBRE


PULSO JUGULAR· MORTE SÚBITA

ETIOLOGIA PATOGENIA
As endocardites dos bovinos são quase sempre A válvula mais frequentemente afectada é a
sequelas de processos infecciosos crónicos. tricúspide, seguida da mitral e pulmonar.
As endocardites em bovinos são maioritariamente de ori- Não é claro se a endocardite se inicia por adesão directa das
gem bacteriana, mas podem, ocasionalmente, ocorrer devi- bactérias ao endotélio normal, se através de pequenas des-
do a parasitas. Os agentes bacterianos mais frequentemente continuidades da superfície das válvulas ou se por difusão
isolados são Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes, Strepto- hematógena através dos capilares da base. Se bem que possa
coccus spp, Staphylococcus spp, Clostridium chauvoei, Pseudo- surgir sem lesões prévias, qualquer erosão da superfície do
monas spp. e Mycoplasma spp .. Na origem destas infecções endotélio valvular pode torná-lo mais susceptível à infecção,
cardíacas estão doenças crónicas causadoras de bacterie- uma vez que o processo de regeneração e cicatrização (depo-
mias persistentes ou recorrentes tais como abcessos, pato- sição de plaquetas e fibrina) favorece a colonização e desen-
logias podais, ruminite, peritonite, reticuloperitonite trau- volvimento dos microorganismos. As lesões do endotélio
mática, metrite, mamite, pneumomia e tromboflebites. ocorrem ao longo das linhas de encerramento das válvulas,

ALTERAÇÃO DOS SONS CARDÍACOS• PULSO JUGULAR


A insuficiência cardíaca não é evidente no início
da doença na maioria dos casos diagnosticados.
Os pr im eiros sinais referid os são fe b re s recorrente s
(>40 C), an orexia, pe rda de pe so, quebras re p etida s
m as tem porá rias da prod uçà o d e lei te e cla udica-
ções intermitente s. O sinal clíni co mai s característi-
co (50-80%) é a au scu ltação de um sopro cardíaco,
mas a sua ausência não permite descartar a hipóte-
se de end ocard ite. Taquicardi a persi stente (> 100
bpm), com ou sem sopro, associada a febre recor-
ren te, é provavelmente o q uad ro clíni co mai s con-
sistente. O sopro é mais evid en te no local de auscul -
taçà o da vál vu la afectad a (ver cap. 1). Em casos mai s
avançad o s podem ser enco ntrados sinais de insufi -
ciência card íaca, como pulso e ingorg itamento da
ju g ular, arri tmi as, d ispneia e ede ma da barbela e
associadas a fl uxo sanguíneo tu rbulento. A reacção inflamató- su b-m and ibular. Efusões art icu lares co m clau dica-
ria que se segue leva à deposição de m ais fibrina e fo rma ção ção são também fr equentes. Os sons cardíacos po -
de trom bos, o que cont ribui para o aspecto irregular (vege- dem estar au m entado s em inte nsidade o u apresen -
tante) que tomam os bordos das vá lvulas. Numa fase poste- tar tonal idade forte e se ca (pounding heart) . A dor
rior há retracção cicatric ial agravando a insufi ciência valvular. torác ica é ev idente e t rad uz-se em gemi do s. range r
A en docardite deve ser vista com o uma fonte permanente de d entes, cotove los afastados da parede co stal , ci -
de trombos sépticos que se podem instalar e ca usar abces- fo se e rel utânc ia ao m ov imento. A doença cró nica
sos em diversos órg ãos e tecid os - pulmão, articulações, que deu orig em à infecçã o valvular poderá ainda ser
rim, miocárdio etc. .. evid ente o u não. Podem aind a ser observ ad os os
sinai s do trombo- embolismo séptico - enfartes e
infecç ões (n efrite, m etri te, linfade nite periférica ,
PIDE 10 O IA pne umonia, teno ssi novite, artrite e miocardite) . A

A endocardite é a patolog ia valvular mais frequente evol ução é var iável pode ndo a doenç a pe rsisti r du-

em bovinos adultos. rante semanas ou mese s ou ser causa de morte sú-


bita pou co temp o após os p rimeiros sinais.
Se bem que a endocardite seja cons iderada uma doença de
anim ais adultos (média >4 anos), pode também surgir em
animais íovens como co nseq uência de infecções umbili-
cais, abces sos hepáticos e infecçõe s peritone ais. Um estudo res, irregu lares e atrofiadas). As m assa s podem obstrui r o
refere a incidência de 5,2 endoca rdit es por 10.000 animais orifíc io valvular ou pelo contrári o impedir o seu fechamento
abatidos 11 0 matadouro. devido à atrofi a. Podem en con trar-se lesões resul ta ntes de
embolização noutros órgãos, com o o rim ou encéfa lo. Nor-
malmente há co ngestão e enfarte do fíg ad o e ascite, que
LE poderá ser confirmada at ravés de abdom inocentese.
As endocardites valvulares podem distinguir-se
de acordo com a sua morfologia em endocardites
ulcero-vegetantes, necrosantes ou tuberculosas. 1 G Ó T CO

As lesões encontradas no coração durante a necropsia são


Hemocultura positiva na fase de hipertermia é um
normalmente designada s ve getantes (grandes massas irre-
reforço importante para o diagnóstico clínico ...
gulares de fibrina cin za -ama relada aderentes às va lvas e as- ... no entanto são de esperar res ultados fa lsos negativos em
pecto proliferativo) ou verrucosa (pequenas mass as nod ula- cerca de 50% dos ani ma is testados. Deve-se interromper a

ALTERAÇÃO DOS SONS CARDIACOS • PULSO JUGULAR


no DO, sendo a endocardite uma doença pouco provável
em animais jovens. Os diagnósticos diferenciais a ter em
conta são peri ca rdite, cor pulmonale e linfossarcoma cardía-
co, em animais adultos, e defeitos congénitos e Doença do
Músculo Branco em animais jovens.

T R PÊUTI P V N
O diagnóstico precoce é essencial a um tratamento
com sucesso.
A cura de uma situação de endocardite bacteriana requer
uma terapêutica antimicrobiana, idealmente com bacterici -
da e por via IV, co m a duração mínima de 4 semanas. O an-
tibiótico de eleição deve ter concentrações plasmáticas
elevadas e, no cas o de hemocultura positiva, deve ser esco-
lhido de acordo com o TSA. As escolhas que favorecemos
são pen icilina, amoxicilina, ampicilina e ceftiofur, se se qui-
ser manter o aproveitamento do leite. O uso de ácido-ace-
antibioterapia 24 a 48h antes da colheita. São aconselhadas ti lsalicílico (oral) está descrito. O prognóstico a longo prazo,
três colheitas consecutivas no espaço de 1 hora. Análise mesmo de animais em que o tratamento teve sucesso, não
sanguínea - anemia, leucocitose com neutrofilia, hiperfibri- é completamente favorável, pois as cicatrizes que se for-
nogenémia e hiperglobulinémia. En zimas hepáticos eleva- mam nas vá lvulas muitas vezes levam à distorção, regurgi-
dos. Exame ecográfico (sonda linear co nvexa de 3,5 MHz) tação valvular severa e à morte do animal.
permite visualizar irregularidades, espessamento das vá lvu - A prevenção baseia-se no tratamento atempado e comple-
las e refluxo san guíneo. A idade é um factor a ter em conta to de doenças co m potencial de cronicidade.

ALTERAÇAO DOS SONS CARDIACOS • PULSO JUGULAR


RETÍCULO-PERICARDITE TRAUMÁTICA SONS CARD ÍACOS AB/\1:ADOS. SOM DE MARULHO
WEM/\ LlAl1GELA E SUG-MANDIBULAH
PULSO JLJGULAl1 • DOR

,o OGIA A11imais Jovens rc1rame11te são afectados por rericulope-


rica rd i tes tra u 111iÍt icas provavel me11te porque são I n,1 is
Infecção torácica e do pericárdio como sequela da
selectivos e foram merios expostos.
ingestão e migração a partir do retículo de corpos
estranhos (CE) perfurantes.
O compo rtamento alirne11tar pouco selectivo cios hovinos TOGENI
leva 2i frequerite i11c1estJo de corpos estr,rnhos, A doeriç.a Apenas uma pequena percentagem dos CE
ocorre após a iricJestão de arames, pregos e outros objectos atravessam o diafragma causando pericardite.
perfu1-a11tes, normalmente rnetálicr.Js. /\ dimensão e11tre 7 e
1O crn cio Ct é irnportallte pois os mais curtm ou rna i.s com-
Após ingé'stão o G: pocle1-cí dernma1-alguns dias até atingir a
porção mais ve11tral do 1-etículo. Com as coritracçôes deste
pridos oferecem pouco risco ele perfuração.
compartimento pode ocorrer penetração (geralmente 110
Os age11tes e1wolviclos n,1 i11fecç5o sulJsequenle à pass,igem sé'nticlo cranial) dando origell'l a urna 1eticulo-peritonite. O
do Ct. através cJJ parede cio 1etículo são muito vari ,íveis. sé'nticio e a extensão da migração subsequente vai ditar o
tipo de doe11ça: a) c1penas reticulite com frn mação de abces-

P MO
Prevalência muito variável e dependente
de condições e maneio das explorações. li I O
A origem dos corpos esLranhos é: pedaços dos aram es usa- A relutância a mover-se é um dos pri meiros
dos para amarrar fardos; c11-a rn es e p regos usados 11a repa1a- sinais detectados em bovi nos com retículo-
ção ele instalações e caídos por acic1e11te nas pastacJens ou peri cardite.
rnanjedou1·as; ara111es dos p11eus colocados sob1·e os plásti- A primei r,1 tase da cloé'11ça caracteri z;i-se por ocorrê11-
cos das silaCJens; arames apanhados pelas máquinas aquan- cia s(1bita ele licJei1a hipertermia (39,5-40°(), ano1exia,
do do corte dé' plantas foriageiras; agullias, é'tc .... A inci- ,1tonié1 ruminai, relutâ11eia ao movimento (especial-
dência da doença tem dimim1ído devido à introdução de mente d escid as) e sin ais de do1 (e.g. posição de cifme,
medidas preventivas. gemidos e bruxisrno). Normalrne11te há coprostase. A
palp,içâo ve1ltl'al esquerda p rofunda ou o "teste do
pau"exacerba estes si11 éiis. Ao colocai· pressao sobre as
ve rtebras dors,iis o anim al evita e11tra1· ern lmdose e se
obrigado a movime11ta r-se 1ecus c1 fcizer descidas ou
curvas ,ipertaclas. Todos estes sinais podem ser inter-
rnite11tPS e varia r na intensidade ao longo ciP dias. Se-
guem-se sin,1is típicos de dificuldade de ci1culaç.'lo de
retorno, como ecl e111c1 da barbela, edema subma11Cii-
bul ,11, pulso JllllUli11 e ascite. Os sons à auscultaç,10 car--
c1í,1 cc1 variam com ,1 fase da cloe11ça pocle11do ouvi1-se
taquic,irclia, ,m itrnias, 1uído ele fricçao (os dois folhe Los
i11fla111,1dos roçam urn 110 outro), som de rnarulho (lí-
quido agitado pelos batirne11tos ca1·díacos num espa-
ço com alcJurn gá s) e sons cardí2icos abafados. Podem
sei- ouvidos fervores na zrn1,1 vent ral do pulmão es-
querdo. A res p iraçJo é supe1·ficial, sobressaltante, ,1b-
domi1d e acoi11p,111hi1da de gemidos 11,1 expi1c1ção,

ALTERAÇÃO DOS SONS CARD IACOS, l'ULSO JU(;ULAH


so 11é1 pa1ede; h) peri tonite li111i tadr1 à zor1él cirumda11te é1U
rd irnlo (v. Ind igestão vc1rJa l); e) íorn 1r1ç<'io de abu~ssos peri -
to11ec1 is ou hepá ticos (v.); e) pleurisia e p11eu111onia; d) peri-
ci1rd il e. Evoluçües rnenos com uns são: perito11ites difusas (v.
Abdónw11 A<Judo) rn 1rupllll'a de um gr,1nde vaso con 11,-1or-
te súbita. Assist imos urna vaca com élbcesso 110 lx1ço e pni-
lCJ11ite difusa por rni<J1·ação do CT no se:~ 11 ticlo latr::rJI.

Aqui iremos Jµe11as tratar das silu ,1çôes cor 1duce ntc"'s a pe-
ricrnclilt' trau1T1ática. Esta evoluçiio ci 1·11 ais írequc11te cm vc1-
cas gestc111tes ou pouco tempo élpós o péli to.

LES
Muitas vezes já não é possível encontrar o CE
no pericárdio ou no tecido inflamatório e cheio
de fibrina que assinala a sua migração.
Há ade rências, fibrina e abcessos ao lcJ11go do trujecto fistu-
losos e11tre retículo e cavida cle toráciCcl. S,ico peric{mlico
c: hcJio ele líquido scro-s,rncJui11ole11to 01 1fihrir10 -purulc11to,
com aspt>cto <le ovos-mexidos. Encontrámos casos c:orn
ma is ele S litros de pus espesso no in te rior do pericárdio.
Aderéncias nv1 is Oll lllenos exten sas en ti e os foll1etos. FkJil-
do congt'Stionildo (fírJcido c<1rd ít1co).

01 ÓSTICO
Dor abdominal ventral esquerd a associada a edema
da barbela e sub-mandibular, são altamente
sugestivos de pericardite traumática.
O uso de d< teno re s cJe metais<' C1til, rnr1 s urn resLrltc1do ne-
0

<Jiltivo perante uni quéld ro típico 11,io deve elirn i1 1ilr a hipó-
tese de peri ca rdite tra u1 nc'1 tica l'stes ap,1 relh os podem ser
úteis llél loca lizr1çiio mais prec isa do CE.

A crngraf·ia toriKic.a é muito útil pois perinitcJ co11finrnr ,1 pre-


St'llÇil (e o lipo) do líq uido no periGirdio, n 1éJS exigt-, :,or1das DD cor11 c11docircJ it0, linfossarconi~ com e11volvirner1to do
que normalmente 1·1{]0 são usadas 110 Célr11f XJ (,.,3 MHz). O liX pc:' 1·icfrniio e 11eopl,1sias cmJíc1 cas.
torácico pode iJJlldar c1 loc,1li;:ar o rn elé1L A prc ri ca rdiocenl.c~Stc',
ccJ11 dL1!'. id ,1por ecoqrafia, possibili t,1reco lher líquirlo (rico crn
fib rina , leucóc itos, proteínil e bactéri,1s) e efectL@TSA. T
Nr1 liiparotornii1 <Jxploradora identificzim-se clcl<õr<" 11cias do A introcluçao de imans a todas as novilhas
retí culo ao cl ia frag111 a. A é1bdo111i11oce11 1ese cr,11 1ial revela lí- é a melhor forma de prevenção e altamente
quido ahun<fa nte corn elevados nívei s de pro teí11a, leucóci- aconselhável em explorações de risco.
tm, íil >rin a e bactérias.
Evitar movimer1tar ou deslocar a11ima is afectr1dos. An ti liio
A11c'1li se sanguínea revel a o quadro típico de p1ocesso i1 1flr1- terap ia prolcJ11gada ( 15 diJ s de pc11icili11i1 l,) poder,\ ter su-
rnatór io arri,lstado com leucocitosP, neu trorilia (desvio à es - cesso se CE for entretanto clecJ rarl ,Jdo. A colocação de íman
qucrcfa), prot< ír1as totais élLHn entadas e hipe rfibrino<Je11io
0
t·l':rapêuti co ape11as terá sucPs so 110 caso do CE metálico
(> 1000 mg/dl ). qL1e c1 i11d a está pa1cialmellté' rio i11te1ior cio reti c: ulo. A rurni-

/\lJlR1\(ÀO DOS SOl'iS rn 1mf1\COS · l'Ul.SO ILJGUU\ ll


T

notomia também apenas se rá út il nestes casos. A to racoto -


m ia com lavagem e co locaçã o de dreno no pericá rd io j21foi
tentada, mas p rovave lmente não é justificável.

A prevenção começa co m os cuidados na utilização de ara-


mes, pregos e o utros objec tos perfurantes na exp lo ra ção -
recolher todo o material metáli co co mo arames, não usa r
pneus sobre as sil agens, aju star o corte de forrag ens um
pouco mais alto ... Al g umas m isturadoras de dieta comp leta
em vacarias de leite têm im ans ju nto à saída do ali m ento.

DEFEITO CARDÍACO CONGÉNITO SOPHO C/\HD ÍACO , f'U l',O JU Ci UL /\11


ED EMAS · AlRA'>O DE Cl! ESCIMENTO

IOL
1( S
Existem diversas malformações congénitas cuja
diferenciação é difícil de fazer por exame clínico. Pequen as malformações card íacas podem
torn ar-se evi de ntes apenas após exercício ou
A ma lfo rmação co nsid erad a m ais com u m em bovinos é
como surp resa de necrops ia.
o d efeito no septo interve n t ricu lar (DSV) q ue se rá d escr i-
ta em m ais porm enor. Tam bé m sã o re lati vam ente fre- O principal sin,11é um sopro cardíaco pansistólico, audí-
q uen tes as lesões cong éni tas das válvu las pu lmonar o u vel em ambos os lados do toráx rnas c.orn intr-'nsidade
tr icúspi de. máxima no lado direito. O frém ito pré-cord ial é t,nn-
bém muitas vezes pa lpável, A intensidad e do sopro n/io
Origem essen cialm ente ge néti ca ou acidental durante a
co rreoponde nece ssariam ente à d imensao do defeito.
embriogénese. A DSV pa rece se r hereditária em bovinos
Ourros sinais freque ntes siio intolerância ao c xercício,
0

Li mousine e Hereford. Estão descritas carências nut ri cio na is


dispneia, arraso ele crescimento e cianose. Si riai s meno s
dura nte a gestação (e.g. DSV e lesões oculare s associad as a
com uns sao inqurg itam ento e pulso das ve ias Jugu lare s
li ipovita m inose A materna em Charoleses).
e aumento d o tempo de repl eção capilar. Em raça s lei-
teiras ern reg im e d e estabulaçao permanente os casos
pouco graves podem perrna11ecer assintormiticos ilté
OGENIA
ao prim eiro pano, No Ci:l,o de reve rsão do :,hunl (o s,m·
A evolução clínica depende muito da dimensão gue passa a movimentél r-::,e da direita pa ra c1 eoqur'rda)
do defeito. há sindiS de cianose e morte em pourn te m po,
No DSV há co muni caçao d irec: t a entre ventrícul o s pro vo - Aumento da trep idaçao pod e leva r a lesões da.s v/1l vu-
cando, numa p rim eira fa se, um a sobrecarga cJ e vo lum e lél , - endoGirdite.
no átrio e ve nt rícu lo d ireit os. Com a evolu ção o se ntid o
do fl uxo sanguín eo pode alt erar-se passando o san g ue
venoso do ven trícu lo dire ito para o esq uerdo (sobreca r-
g a d o ven t rículo esq uerd o é m uito ma is pe rig o so d o que
ICO
do direito).
Sopro com ausência de febre, dor e toxémia permite
diferenciar das outras patologias cardíacas mais
s frequentes.
Lesões dos septos e outras malformações devem ser Mal fo rrnaçóes cong énitas são ma is frequentes em ,m i -
identificadas por patologistas experientes. m ais jovens quand o co mparada s co m as restant es pato·

ALTER AÇÃO DOS SONS CARDÍACOS , PULSO JU C,ULAH


lorJiiJs cardíil Gis. /\ 11!J li ses s;iricJuí11 ec1 s scin c1l te rc1~ôes de
vulto (DD co rn e11doecmiíte) ou ap enas eritroc itose. Ani -
11 1,1i s coin a traso de cresc imc11to e into le rância ao exer-
cício deve m ser il uscul tacl o s com cuid odo. Dia9 nó,t ico
d di 11i1ivo pod t~ ser um setJuid o c1 tré1V<\s d e t~co <: ardio-
<J raíia o u ECG.

TER PlUT1CA E PREVE ÇÁO


Não existe tratamento ou qualquer forma
de prevenir DSV em bovinos.
/\11ir11il is co m DSV pouco g raves d evem ser poupad o s a
stress e esforço se se pretC"nder man tê -l os ,, té envio p.i rd
il l >il te.

Persistência do ductus arteriosus Norrna ln 1< r1 ll' c·nu•rr,1 11,1s prime ir,1s l1u1J s p<ís-11<1sci1 nl'11\o Persistf r1ci,1 ca usa sopru continua-
0

do e 1,1uito,1ucJívd

Tetralogia de Fallot lt1c:011 1p111ível c"11 1vidcl ex lrc1 -utcrina. l'o~síw l Cill JS J de niortc irK•xplictive l ,1p(>s pa rt o l~cil.

Coração ectópico Cera Ir nerllt' 11,1 elirt•c ( 5" ,111lP1io r (c,:,vical). Pode St·1cor ,1p,11·ívPI <:<J1 11 vida

Defeito septo interauricular '. ie for (111ico ddeilo pocJL· scr ,1:,:,i11to111 {1lico.

Dextraposição da aorta l 01 11pres,iio do e•;c'>l, 1cio rn1, 1di sfu ~Ji,1e r0qu1·cJitaçiio rJo leitc•.

At.Tl'H1\C,ÂO DO S \ ONS C: i\fa'lf1\C()S · l'U I. SO JUGU l./\1 1


• ICTE CI

Apesar de "anernia" não pod er se r co nsiderad a pro priamen- sensíve is a an emias agudas, rn o rrendo q uando o hemató-
te um sin al clínico,já que se refere a um a redução do m'.1me- crito desce rapidamente abaixo dos 18%.
10 de eritrócitos ou a um défi ce el e hem oglobina, este é o
A transfusã o sanguínea é uma terapêuti ca bc1rata e eficiente
term o muitas vezes usado par·a se referir a mucosas pálidas.
em muitos casos de anemia, en ce rrando poucos riscos, par-
A verd adeira a11emia pode surgir por perda de sangue total
t icu larm en te quando é a prim eira a se r efectuada num
(e.g. hemorrag ias), reduçã o no n(rm ero de eritróci tos (e.g.
dado animal. O anticoagula nte de eleição é o citrato de só-
hemóli se o u eritropoese insuficiente) ou défice em hemo-
dio (35 mi de so lução a 20% por litro de sa 11gue). Ern alter-
g lobina (e.g. carência em ferro ou cobalto). A co r das muco-
nativa usa r heparina (5.000 UI por litro de sa ng ue). Nào ul-
sas é a form a mais habitual de avaliar o g rau de anemia, mas
trapassa r a ve locidade de 1O mL/ kg/h.
a palidez pode surgir tam bém em casos de desidratação,
medo, stress, temperatura s ambi entais baixas e outros fac- A icte rícia, q ue se caracteriza clini ca mente pela co loração
tores q ue afectem a circulaçã o periféri ca. A distinção entre am arelada da esclera, mucosas e pele, resulta da acumula-
verd adeira e falsa anemia é normalmente feita após hemo- ção de bilirrubina nos tecidos e é muito rnais evidente
g rama, se bem que outros sinai s, co mo a hemoglobinúria, quando a bilirrubi11a é conjugada. Por es ta razã o é mais pro-
po ssam deixar pistas. nun ciada em casos de doença hepáti ca ou co lestase (rara
em bovin os) do que por hemólise (co mum ern bovi11os).
Vári as doe nças, não incluída s nesta secção, apresentam Nestes últimos casos teremo s um estad o de an emia, um
anemia inte nsa, mas o utros sinais normalmente sobressa- aumento de urobilinogêni o, au sência de uro bilirrubina e,
em. O quadro final apresenta as ca usas mais frequentes. quase sempre, hemoglobinúria,

Os bovinos são relativamente resistentes a anemias cróni- De lembrar que doenças concomitantes podem disfarçar a
cas, suportando, se não forem ob ri gados a esforço excessi- verdadeira cor das mucosas - septi cemia, intoxicações ou mes-
vo, he m atócritos perto dos 12%. Em co ntrast e, são muito mo parto recente com congestão ou hematomas na vulva.

A OSE ANEMIA· FEBRE• FRAQUEZA MUSCULAR


MORTE APÓS ESFORÇO

ETIOL GIA
Doença hemolítica causada por Anaplasma margina/e.
A. margina/e infecta apenas ruminantes e especialmente
bovin os. A espécie A. cenlrale não é patogé11ica ou apenas
ca usa doeri ça subclínica, ma s pode co nfundir o diagnósti-
co. São bactérias Gram-negativa s iritracelulares do mesmo
g rupo das Ricketsias (Ord em Rickettsiales).

PIO MIOLOGI
Endémica nas manadas das zonas quentes do sul do país.
Parece haver predisposição de raça, sendo as raças autócto11es
geralmente mais resistentes. A doen ça clínica é mais grave

AN EMIA· IC1 ER ÍCIA


T
1

quanto mais velho for o animal, sendo que vitelos com menos
de 6 meses raramente fazem anaplasmose. Anticorpos mater- SINAIS CLÍNICOS
nais conferem resistência até pelo menos aos 3 meses. A doença é particularmente grave em animais
Não se conhece bem o papel dos ruminantes selvagens na com mais de 2 anos de idade.
propagação do agente. A evolução pode ser muito rápida em animais adultos.
Doença não contagiosa. As carraças (lxodidae) são os vec- Sinais mais evidentes são febre (40°-41 °C), mucosas mui-
tores mais importantes na transmissão do agente, mas não to pálidas, anorexia, depressão, taquicardia, atonia rumi-
são imprescindíveis. Formas infectantes podem manter-se nai e pouca resistência ao esforço.Tipicamente os animais
nestes artrópodes durante muitos meses. As carraças em a fazer doença clínica ou em convalescença ficam para
animais com doença clínica são portadoras de uma grande trás na manada e chegam a deitar-se se forem obrigados
carga parasitária, mas na fase crónica a probabilidade de a correr ou submetidos a stress. O andar é também carac-
infecção dos vectores é menor. terístico - arrastam no solo as pinças dos membros pos-
teriores. As vacas gestantes geralmente abortam.
A transmissão por insectos picadores (e.g mosca-dos-está-
bulos, mosquitos e moscardos) e a via iatrogénica (e.g. agu- Estão descritos casos de morte súbita de animais imu-
lhas, alicates de brincos e instrumentos de cirurgia) podem nitariamente "ingénuos"fortemente infectados.
ser importantes em certas zonas e períodos do ano. Nestes Na fase de convalescença a produção leiteira é baixa e
casos a sobrevivência do agente fora do hospedeiro é mui- o animal evita esforços isolando-se mais do grupo. Mu-
to curta. A transmissão transplacentária está descrita. cosas pálidas e ictéricas mantêm-se durante semanas.

PATOGEN IA
DIAGNÓSTICO
A fonte de infecção é sempre o sangue de um
animal previamente infectado. Durante a doença clínica há observação fácil
de A. margina/e em numerosos eritrócitos
Após entrada do agente há um período de incubação as-
em esfregaços de sangue (com EDTA).
sintomático com duração muito variável (até várias sema-
nas) seguido da fase de doença clínica que normalmente Em termos clínicos é de suspeitar de anaplasmose aquando
dura menos de 10 dias. Durante este período os eritrócitos de uma anemia febril que afecta apenas animais adultos. O
infectados são fagocitados e destruídos pelo sistema reticu- hemograma mostra anemia regenerativa (macrocítica) du-
lo-endotelial (extra-vascular) e por isso não há hemoglobi- rante a convalescença.
némia ou hemoglobinúria. A mortalidade pode atingir os Observação de algumas formas infectantes nos esfregaços
50% nos animais adultos e para os sobreviventes o período deve fazer suspeitar de animais portadores, mas a aparente
de convalescença é muito prolongado. Os animais que so- ausência daquelas não permite afastar a hipótese de infec-
brevivem são sempre portadores, apenas voltando a de- ção. A serologia é útil, mas existem reacções cruzadas com
monstrar a doença em casos de forte imunodepressão. outras espécies e outros parasitas sanguíneos. Testes mole-
Surtos no Inverno estão provavelmente ligados à quebra de culares (e g. PCR) mostram elevada sensibilidade.
imunidade, com recrudescimento da infecção em portado- O DO deve incluir Babesiose (em que há hemoglobinúria),
res, associada à transmissão iatrogénica (e.g. intervenções leptospirose, intoxicação por plantas, intoxicação por cobre
sanitárias). e outras doenças apresentadas no Quadro no final desta
secção. A morte súbita de diversos animais deve ser dife-
renciada de carbúnculo hemático e clostridioses.

Cor pálida ou amarelada das mucosas, serosas e


tecido conjuntivo. T R l/TI PRE'JENÇ,~"J
O baço está aumentado de tamanho, congestionado e Tratamento com antibiótico apenas eficaz
mais friável (parênquima com aspecto de doce de moran- nas primeiras fases da doença.
go). Hepatomegalia e conteúdo da vesícula biliar mais es- Tradicionalmente o tratamento é feito através da adminis-
cura e viscosa. tração prolongada (> 1Odias) de oxitetraciclina. Há demons-

ANEMIA• ICTERfCIA
tração de eficácia da enrofloxacina (7,5 mg/ kg, 3 dias). lmi- Nas zonas endémicas, ou durante períodos de stress (e.g.
docarb (3 mg/kg) é usado essencialmente quando se tem carências alimentares no Inverno), devem-se trocar de agu-
infecções mistas com 8abesia sp .. Duas injecções de 5mg/ lhas entre animais e desinfectar todos os instrumentos que
kg de imidocarb com 15 dias de intervalo e oxitetraciclina IV contactem com sangue (e.g. alicates de brincos, arganéis
na dose de 11 a 22 mg/kg durante 10-12 dias, eliminaram etc ... ). Cuidado com introdução de animais provenientes
as formas infectantes em portadores. de zonas endémicas em manadas sem o parasita - o esfre-
gaço pode não servir de despiste de portadores sendo
Em casos agudos poderá ser necessário proceder a transfu-
aconselhável a serologia ou testes moleculares.
são sanguínea se bem que os bovinos são bastante resis-
tentes a anemias crónicas desde que não sejam obrigados Controlar infestações por caraças (e.g. ectoparasiticidas ou
a esforços físicos excessivos. banhos regulares) e aplicar repelentes de insectos no tem-
po quente.
Em vacadas de carne poderá não ser aconselhável o ajunta-
mento para tratamento por duas razões: quando se decide A vacina contra A margina/e controla a doença clínica,
pelo tratamento este já não é eficaz pois já se está a estabe- mas não evita a infecção e por isso a persistência na mana-
lecer um estado crónico na maioria dos animais; há um da de animais portadores. A vacina deve ser reforçada to-
grande risco dos animais com doença clínica ou em recu - dos os anos mesmo antes da época de maior prevalência
peração morrerem devido ao esforço e stress. de carraças.

BABESIOSE ANEMIA, FEBRE• FRAQUEZA MUSCULAR


MORTE APÓS ESFORÇO

ETIOLOGIA PATOGENIA
Doença causada essencialmente por espécies Os parasitas do género Babesia infectam os glóbulos
protozoárias Babesia divergens e 8. bovis. vermelhos provocando hemólise intravascular.
As espécies 8. major e 8. bigemina são pouco patogénicas O parasita mantem-se nas carraça s durante os diferentes es-
em bovinos. São hemoparasitas pertencentes à Ordem Pi - tágios do seu desenvolvimento podendo ser transmitido à
roplasmoridae. descendência pela fêmea infectada (infecção transovárica).
Após inoculação há um período assintomático de incuba-
ção com a duração de cerca de uma semana.
EPIDEMIOLOGIA
Após infecção desenvolve-se imunidade que pode prote-
Ciclo de vida do parasita passa obrigatoriamente
ger o animal da doença clínica, mas provavelmente não de
por carraças. novas infecções (portadores). A imunidade de origem ma-
No sangue do bovino só se dá a reprodução assexuada do terna dura cerca de 3 meses. A nível de manada geralmente
parasita. Os hospedeiros artrópodes são lxodes ricinus e estabelece-se um estado de equilíbrio entre hospedeiro e
Rhipichepha/us sp. para 8. divergens e 8. bovis, respectiva- parasita com ocorrência de poucos casos clínicos, principal-
mente. Os machos das carraças normalmente são mais mente se os animais são infectados desde cedo (6-9 meses
importantes na epidemiologia da doença devido à mobili- de idade). Os casos mais graves surgem em animais adultos
dade e tempo de vida. Doença em animais jovens é menos recém-introduzidos. Não parece haver imunidade cruzada
grave do que nos adultos. Raças de 8os indicus são bastan- entre espécies de parasitas nem infecção transplacentária.
te resistentes. A mortalidade não é normalmente elevada, mas o período
Infecções por 8. divergens têm carácter zoonótico. de convalescença é muito prolongado.

ANEMIA• ICTERICIA
ES ES
Toda a carcaça está pálida e/ou amarelada.
Hepatomegalia, esplenom egalia, rins vermelh o-escuro s e
Doença também conhecida por"ferrujão"
l; exiga cheia de urin él rnu ito esc ura. Pode111 ser evide11tes
devido à cor vermelha escura da urina
(hemoglobinúria).
si11aio de CID.
O primeiro sinal clínico é depressão e hi perte rmi a
(>40°(). Segu em-se sinais de típ icos de hemólise co mo
Ó I O
mucosas pá lida s e icté ri cas. a11o rexia, fra qu eza mu scu -
Observação ao microscópio das formas parasitárias lar e pouca resi stência ao esfo rço. Nesta altura há alte-
intra-eritrocitárias, sendo que a distinção da espécie 1·aç ao d;i cor el a uri na, mas este si11a l pode 11ao ser evi-
deve ser feita por especialistas. dente em infecções mode1adas. Pode ocorrei aborto
Hernatócrito baixo, hemoglo hinem ia, hemog lobinúria e b i- e dia rreia. Casos ma is graves acabam em prostração,
lirru b inemia. Hem og ram a na fil se de rnnvalesce11ça revela decúbito late ra l, co m a e 11101re. Doença dura 2 a 3 se -
,rnemia rege nerat iva com presença de reticulócitos. manas. O longo períod o d e rec uperação caracteriza-
se por anemi a, magreza, ba ixa p rod ução e letargia.
A id entificaçã o de porta dores muitas vezes d epe nde de
Touros podem fi car in férte is d ur ante meses.
testes como ELI SA ou PCR porqu e os purasitas pod em não
ser evide11tes no es f1 egaço. Casos atlpicos com si11 ais neurológicos ou de insufici-
ê11cia re spiratória siio relativamente co mu ns e res ul -
O DD cieve i1icluir anapl as mose (sem hemoglobir1uri u) e
tam de fe11óm e11 os ele CID,
Teileriose, lembrando q ue mui tas vezes há infecções 111i stas.
Outras doe11ça s são leptospiros e, cl ostridiose e outras do -
en ças hemolíticas (ve r Tabe la na pág ina 206).

Anima is oriundos ele zo nas endé111icas devem ser rastrea-


T p T C: o do s an tes de agrupados co m animais que nunca co ntacta-
A transfusão sanguínea é essencial em animais ram com o parasita, desde q ue exist;im na zo11a carra ças, já
com crise hemolítica. que a babesiose não é contag iosa.

A esterilização sanguín ea d eve ser i11iciada precoce m e11te


com base em dipropi onato d e imidocarb (1 a 2 mg/kg pv)
ou tetraciclir1as. Outras substâncias com actividad e são ace -
turato de dirn inaze no, derivado s be11zamidír1i cos (Berenil" )
e a associação azitro111icina+atova quona, mas têm sido gra-
dual111ente retiradas d o mercad o europeu.

Na convalescença pod erão ser úteis compostos à base de


fer ro, cobalto e cianocobalamina.

O controlo fa z-se essencialmente pelo controlo d as carra-


ças (e.çJ . averrn ectin as e banhos com organofosforados),
rnas e111 zonas end émicas a infecção de animai s Jovens
pode ser útil ao estabelece r protec ção vitalícia.

A vacina viv;i oferece µ ro tecção efectiva e é a111pla me11te


utilizada nas zonas subtropica is e tro pi ec1is. A vaci11 ação de
animais joven s e i111portados é essencia l e rnantern a estabi -
lidade endé111ica d a doença.

O procedimento designad o premunição - infecção p ro po -


sitada de animai s j ovens co m sangue de ani111ai s porta do-
res - é um risco sa nitári o e ape nas eleve ser lev;ido a cabo
em condições bem co ntrol ad as. A administração co11 co mi-
tante de oxitetraci clin a é aco riselh;icla.

AN EM IA · ICTERÍCIA
THEILERIOSE /\ Ní: MI/\, l' LT(Q lJI/\S
FrBlff · /\ IJENOfVH'.C. /\ 11 /\

ETIOL GIA i11 fecç5o haliitlla l e elewicl a preval €>11ci,i cios ar trópode<,
hos pedeiros es tabe lece-se um a situaç{io de es tahi lid,ide
Duas espécies são particularmente patogénicas
end émica co m poucos ecisos cli11i c:os.
para bovinos - Theileria annulata e T. parva.
São hemoparasitas i11tracelul ares obri gatório s perLe1icer1-
tes à ü rd ern Piroplasrnorida e. l11 fecção po r 7: /Hl1vo orn rre ATO
exc lus ivame nte no co 11tir1e11te afri ca110 (Eas t Coas l Fe ver) Numa primeira fase o parasita infecta várias linhas
e não serf1 ;iqui descri ta . Têrn sido dctec t ada s forn 1as de de leucócitos seguindo-se a infecção eritrocitária.
T buffeli em Portug él l
T cmnulatn infecta essencialmen te monóci tos e rnacrófagos
enquanto que T po1va irifec:til linfócitos. Na fase aguda há irnu-
nossupressão a que se segue anern icJ. Nos vectores irivertebrc1-
dos dá-se a reprodução sexuada e assexur1cia er1qua11to que
Transmissão de T. annulata por carraças do género
no sr1ngue ci os bovinos apenas ocorre reproduçi\o assexuacb.
Hyalomma.
Não há transmissão transovarica el e Theileri a nas ca rraças.
A prevalêric ia deste r:li1rasita no sul de Portu ~1al é rne11or do
As infecçôes su h-clín icas são as ma is freq ue11tes a que se
que a dos anteriores agentes. Muitr1 s vezes surgem em in-
seg ue uma infecção crónica vitalícia. No e11ta11to a mortali-
fecçôes m istas com Ana plasrna e/ou Babesia. l: rn áreas de
dade pode ser elevadil, particularm ente em an imais jovens,
aq uando ela i11fec(êlO de efectivos previi1me11te indemnes.

l 5 «i
Tecidos pálidos e amarelados e linfonodos
aumentados de tamanho.
Podem se r evider1tes lesões noutros c'Jrçiãos (c•.cJ p11eu1110-
11ias), petéquias e hemorragia s. Normalme r1 te h/i hepato
mega lia e esp lenomegalia.

Os sinais da doença aguda são consequ ência


das difere ntes fas es da do ença -
linfop rolife rativa seguida de anemia.
A doença aq uda i11icia-se por febré' e ,1der1opati21s rn111
linfo11oclos bem palp,iveis SequP-SP 111 ucosas pcilidas
taqu icardiél, disprieia e pouca res istén,:ia ,10 esforço.
Poci<c sur~J i1liiarreia. (élsos muito graves carc1c teriza 111 -
se por hemorri1gir1 s, petéquia s, prostrrlÇiÍO, choque e
mo1te. Os sinJis sao mais pvidé'ntes l'm a1iimais jo-
vens, raçcis importadas ou a11 irn é1i s recém-introduzi-
dos. A i1 1fecçào crónica caus,1 emacirec i111erit o e l1,1ix,i
p1oclução.

/\~lí:Mli\ • ICTrnlcl/\
DIAGNÔ '. Y!(O TfRAPÊ:tJ'P( f.1 1. Pf1.f\11.:NÇÃO
Observação em esfregaço de sangue de esquizontes Buparvaquona é eficaz no controlo da doença
nos glóbulos brancos e/ou piroplasmas nos eritrócitos. clínica, mas não na eliminação do parasita.
Observação ao MO deve ser feito por pessoas com experiência, Halofuginona e oxitetraciclina têm sido experimentadas,
principalmente na procura de portadores. Testes moleculares mas com sucesso muito reduzido.
(e.g. PCR) são preferíveis nessas situações. O quadro clínico de
A prevenção em zona endémica é bastante difícil e prova-
anemia com adenomegalia principalmente em animais jovens
velmente com pouco retorno económico. A movimentação
e em zona endémica de carraças, é sugestivo de teileriose.
de animais para e de zonas endémicas deve ser feita com os
A doença clínica deve ser diferenciada das outra s parasito- habituais cuidados de biossegurança, A vacina apenas será
ses sanguíneas. Adenomegalia generalizada no caso de aconselhada para animais valiosos importados para zona
leucose. A doença crónica, apenas com perda de peso ge- endémica
neralizada, assemelha-se a carências alimentares, parasitas
gastro-intestinais e fasciolose.

FÍGADO GORD ANOREXIA, ANEMIA


ICTERÍCIA, PROSTRAÇÃO

~-r !OLOGl.f.\ reduzem o apetite - Febre do Leite, DAE, metrites, claudi-


cações, stress etc .. Por outro lado certas doenças são mais
O Fígado Gordo (FG) resulta da acumulação
prováveis em animais com FG - metrites, mastites, DAE.
de triglicéridos nos hepatócitos, em consequência
endometrites ...
de intensa e prolongada mobilização de gordura
de reserva. A incidência da doença varia muito entre explorações e
mesmo ao longo do ano. As vezes surge na forma de sur-
Em situações de Balanço Energético Negativo (BEN), fre -
tos (morbilidade acima dos 50% de vacas a parir) quando
quente em vacas leiteiras no periparto, o organismo mobi-
se altera algum pormen or na alimentação ou nutrição. A
liza a gordura na forma de ácidos gordos não esterificados
mortalidade é normalmente baixa excepto em casos mui-
(NEFA) para obter energia. A mobilização maciça pode ul-
to graves.
trapassar a capacidade do fígado para oxidar estes compos-
tos que acabam por serre-esterificados e armazenados nos O FG é uma doença com forte impacto económico tam-
hepatócitos. bém porque está associada a infertilidade prolongada.

PI IOLCGt Pt\TOGE:NiA
Nas vacas leiteiras surge desde 2-3 semanas antes O factor mais importante no FG é a dimensão
até 2-3 semanas após o parto. Em vacas de carne e duração de um estado de deficit energético.
ocorre na fase final da gestação se houver carência
alimentar importante (Toxémia de Gestação). Com o desencadear da lactação as exigências em glucose
são enormes e daí a necessidade de mobilização de gordu-
A doença é mais g rave em vacas com condição corporal
ra. Numa situação de equilíbrio em que a vaca não reduz
>4 alimentadas com excesso de carbohidratos facilmente
muito a ingestão de alimento e este contem níveis adequa-
fermentescíve is na s semanas antes do parto, mas não é
dos de energia, a deposição de gordura no fígado é ligeira
limitada a estas. Na verdade é admitido que todas as vacas
(1-5% do peso do fígado é gordura). A medida que a quan-
altas produtoras fazem um certo grau de FG no periparto.
tidade de gordura acumulada aumenta podemos ter um
Os factores de risco, para além da obesidade e erros ali- FG moderado (5 - 10%) ou FG grave (> 10%, > 100 mg/g). Ge-
mentares, são a ocorrência de doenças ou situações que ralmente este último estado é irreversível.

ANEMIA• ICTERÍCIA
Os triq lict'I idos hepcÍ Licus s;:io e>:por téldlJS do fíg,1do 11a for-
nv1 ele lipo proteínas (VIDL), 1w 1s os bovinos são rcli1tivi,1-
mente inefkaze'> 11cs1e processo,
A gravidade do quadro clínico depende
lJnia séri e de hom1011a•; pilrece1n fi'lci litéH o estcü w leciinen- da quantidade de gordu ra ac umu lada.
to de u111 estc1 do de ~íqado C,orJo, 11orn (:-:adi11'11e1W-' o cor ti-
Tipicamente~ DS primeiros sinêlis s~o 111c11 tr; i1Jesperili-
sol e os estro(Jér 1ios.
c:os e s1.11gt-:1ri ri o pós-pc1rto de~ 'lôGJS gord,1s - p(?Tr.i,:1
A ,-1cu11·1ul,1ç,10 ele <Jmclur-a tHn co rno cõfe ilo ,1 1·c-• cl uçã o cfa (.lc: c1 pc,·ti i- e. 1eluL,1nc:i,1 ein 111e;.:e 1·-se. 11H1 <:()s,1: p;'rlir.1 êis
c,1pacid,1de 1l'letc1b(JliG1 ci o f·í\JcKlo, ir icluind u ;;i Sll,J 1LH1ção co rri lc1 ivo:, ç1mn relus. re7e5 rn,ii, seo1s '" ·'gél 1t lurosa s"
destox if"icaclora e o seu pJpe l r1 c1 1·espostil i1iflamc1tória r:' Se se est,1bel<"cer L1111 equilíbrio e o 13E l'I For co r1 t rola-
imu 11itiÍ ri,,1. Isto sigriifiGJ qlle anirnais afectilclos po r 1C estão cio. os si11ci is n110 se c.1 9 rciv,1m, Ern c;.1so con rrci rio S(co ue-
g ercJ lrne11te im unod eprirn idos. se pros trê!Ç:'il.\ d o!' i-lbclo rninal, mu.:osas n1 uito pi'1lic.i:ls
~1u a111a1-elc1cfos. depress,i o seve1\, e ri11alme1 1te rnorte.
Estri desci it;-1 um ci form;.1 neurolcíg icci (é11cefal o p<11iê1J
LESÕES c,)m depressão extre1rn1, recusil err1 leva11 t,1 r-sc, voca-
O Fígado Gordo moderado ou grave é facilmente lin 1çcit•s, 11isragmos e c:o,n,,.
identificado na necrópsia . A respos t,1 " tr.:m1rne11tos de ou t-ras doe11Çc1\ mesmo
O fí~Jcido cõstá aurne11t,1 do, alarilnj ado o u arrn re lado, rnuito ,,s mais ,irn ples. é reclu zid ~. Tarnhérn e1 rt:C uper,.1 ç 10
f-ri éÍve l e cor'1·1 bOl'cJos arrello11d i1clos. Todos os tecidos ;ipre- após cirurqins é :1fec:tacfa (t:.q. maim susce pt ihilidilde; :1
semilrn -se il1 1é111ico s ou ictéricos. i11fecc;ócs e auaso 110 processo ci C:" ci<:c1 tri zcJ çiÍo).
1\J,1s vcicas ele ca rne em Am dt: gestaç~io (ToxE•m iêl de
9e,u1ç~io) ,1 doe11c;éi é ger:ilme1 1l'e 111.-ii s ('Jrilve porque
OIAG ÔSTICO
o a11im,JI ni-io co11sequc tr,1w11 a clepleç~o e::in er1e1 giil,
A Punção por /\g ulli,1 Fina (ver Capítulo 2) <::· o método n,ab f\s vaGJS est:"1n primeiro irrequic t-z1s. ê.1t,ixic:c1s. cie1 nem ,,
prótico e fiiivel de JVcJlirn o c11au de Fícpdo C.ordo 110 ca rn po. r,,1ngem os dentes. O q ur1c.Jrn agrava-se corn prOStíd-
ll ioqu ími ca Si11 1quí11eJ reve la altos va lores de corpos ce tó11i - ç,10, disp neit1, fpz,~ :irnareladcis e vbr:oscis. m ucosas
rns, bilirn1bina, NEl'A, ureiil (º tri~J licéridos e baixm valmes p,í lid as e 1T1il iS ou me nos a111i-1 relé1di1S. Sccg ue-oe cu r,1;1
de il lbu111 i11 11. As e11 zirnas heµát iGJS podc-,rn (: ,Uir illll'nl'r1ta- e 11 Klíte l-' m p<.J11 cos clii.ls.
di1S, 1nas os val(m:, c: 01'1·elac io 11ani-se n1uiLo pouco corri ,l
wavid;ide cJci si tuilç,10. No lwrnoc; rama cJetcct,1 -se & 1e111i,1e
leucoperi ia (r1~· utr<.1pc..,11 i;;i e li nforwn i,1). A ecogra fi a abdom1-
n,1 l perni ir e detectar hep,Jtonie<Jil lia e un i softwilre d ser das i1nc1 gc ns. Duriln te cin.ir9 iils 110 pós pano (f'JJ. abom,1,o-
dese11volvido irá peorr nili1 é1V,1li;,r o g rdu de li pidose J pilrtir pexié1) deve-se p,1lpc1 r o fíq,1do pilril iJVi-l liar u t,1in;inho e
perfil dos borcl~is.

1)1) com ou trél s doençds que G1usc1rn icltJríci..i 9r,1v(-' corno,


po1 t'>:emplo, obstru,ã(.J cJ1s vi,1, 1.Jil iilrcs pl!í pil r,1sitils, neo
plas ias ou processos i11rlê1111 ;, tó1io s vi1.inl1 os. l: sL,1s doe11ç,1s
siio n1L 1ilo rilrc1s e111 IJovi110s.

TE p
Combater o BEN através de alimento palatável
e energético. Nas vacas de carne suplementar
urgentemente a alimentação com feno de elevada
qu alidade e concentrado.
O lrél l i11T1ento é scrne lh,mtc ~o util izc.1do p,lrél casos lfo ce-
to sc, 1n os él r1:-'s posta é rnuiLa s V(ºL'es riie11m eviclc,•11te e
riÍpid,1, ob rilJ J11c1o ,1 repeti çôes élll lor1qo de vários c-Jici s. A

1\N[i\1li1 · 1( íEllÍ( I/\


de nw L,Jbol izaçi'lo pocl e l-:star co 1r1prnmctido num FC. O
uso de in suli na C" éidVOl)ildo, n1i1S reCl-:r1 Les i11ve'.>l icJiJÇ<ll~S
mostr,rn1 qu e e:-: iste l.11-r1,1 c lev,1cli1 rc-~s istém: i,1 ,1 i11suli11d
CIT1 VilCi)S C(Jll l 1
:G.
l_orJo íl!JÓS rJ prir 11 1:'iru cc1,o 11u111,1v,ic,1ci;J cl l" carn e (.i E.,ve-se
,e11<11·ar e fnrnec<:'r "uri lc nw11to em_
0
'rqé ti co il 1ocl:1s ,is vac, 1•;
11u Leru'iru lrirm slre de qest,-1çf10,
0

fluid n ter,1 pi,1 t' <:sse11c: i,1 I, r11.-15 ,10 co1 1tr"éÍrio do tr,it,11 11<:'I 1to
d;i c(;'lo se 11;io se <Ú,'V, li1ni t,1r ti dc'>'. lrose (i1d ici <>11,H 1,1ui- /\ preve 11ç;io 0 semel liclnte íl descri ta pi1ra ,1 cctose (v.) e
tos f11 lido:, iso tc'i1licus), A de:«1rneti1so1li1 ou i1 prcdni so lo- co nsiste 110 esse1 1cii:i l ern l"llil>:irnizm d i1 1gesl~ü de ,1limr,'11tn
11i1 tl'rn mostrado efeitos po sitivo,, m:.is devi do ,H, es 1·,1do ele qualkfade por p;-irtt' ,fo VilCil recc_;rn -p,1ri,1i1, especial1ne 11-
d(-' irn unodep ressão devem s,~r ,1eo 111p,rnlicJdas de triltrl le se t'Sté1 estiver· n1ui lo qordi1. N,1s Vi1Cildils dP cJr11e é es-
rn ento ,rn t irn icro hi,1 1w, l: rn CdSOS me nos qraves o ll iltil se1 ici 11 I rn o11 itor iza r i1 co11dição co rpor,11 cios J11 i1 11c1is ~1es-
111e11to cD111 propil 1' 110ul ico l e sul'icie11te l11i1S <1l: v<:' se rre- LJ11tt', qu,111c.io c1s I Ji-1 Slil~J(:' 1·1s stio 111t1is polxes e intrudu1ir
corrJidu qur-; est e compo sto é um ;ílcool e (!li<' o 1irocesso suplffrl(~11LO no (Jl'llllO dl' 9L~S líl ÇiÍ() dVcll1Çc1CJil.

M !EM l,1 · ICTl:HÍ(l1\


-
TOXIC ÇÃO OR FETO INTOXICAÇÃO CRÕNICA: HEM!\Tl.JnlA , A~IEfvl l!\, [fvlACRECIM[NTO
INTOXICAÇÃO AGUDA: DIÁTESE I-IUvlOlrnÁC,l(A. ANEMIA. r:EllllE
(PTERIDIUM AQUILI UM) UISrnTU{I!\ • C!\() LJEXI!\, MOlffl.: SUllllA

TIOLOGI
A ingestão de feto Pteridium aquilinum é a causa
determinante das duas variantes: Hematúria
Enzoótica Bovina (HEB) e Intoxicação Aguda.
O feto P aqui/inum t' ri co 11u111 <Jlicosídeo (ptéJqu ilósido) que
actu;i sobre il medula óssea c possui efeitos u ircinoq E'nicos,
0

Um vírus d,1 pafJilo1mitose bovin21 (8PV-2) tem sido aponta-


cJo rnm o r·anor ;idjuvarile paro i1 forma ç.!io ele tu111ores da
bexicJ,1 ern bovirms que ingerem as toxinas c;rncerígen,1s.
P<1stos pol>res e caréncias rn i11erc1 is poder!io íavorecer J in-
ciestão de ali111e11tos pouco hc1bituais à dieta dos bovinos,
inclu ind o o fe lo. 1° sucicrido qc1e o altor teor de íósí'cJ10 rios
fetos prom ova ,l iri(Jestiio po1 c1 11i111ais carericiados.

tos naturili s es t!io frc1cos, poi s corresponde a umc1 ingestão


Doen ça cos mopolita, essencialmente das zonas de grcmclC:'s quar1tidades durante poucas semanas, de fetos
montanhosas com algum a humidade e som bra. jove11S e rebentos ri co s em compostos Lóxicos.

A i11toxicaç!io por Pteridium tern distribuiç!io mundial. E1n Da ir1gf'stão continuada du feto pode ilind21 rc sult;ir: carci-
Portll t]ill a HEB Lem especii1 I relevfl ncia nos Açores (sistem a nomils ao lun~Jo do sisterr1,1 gastroin Les rina l, provavel mente
ele pastoreio e cl i1 11J ópti1wi par;1 o feto). A intoxicaçiio agudc1 devido :1 c1cção conju rrta de factores cilrcinoCJén icos e do
é menos frequc r1te, mas t,1111hc'111 causJ t:l evc1clos prejuízos vírus da p,1pilorn ,1Lose bovi11,1 Lipo 4 (LlPV-4); e polie11c:eí,1lo-
cl c,'vido J elt0 vad,1 ta,<a de le:ta lid,1de. A iritoxicaç5o suhclínica, 111al,ícia poi s il plél11l,1possui aind ;:i u11w st..,ril-: de ti,-ll'r'1ir1,1ses.
cujél i11cidê11Cia se desconhece, prnvc1veln1er1te ,JCa rreta per-
das por atrasos de cresci1 11er1 to e héiixa produç!io de leite.

Hemorragia é o sinal comum às várias variantes


T GENI da intoxicaçao.
O pH alca lino da urin a favorece a activação A l·IEG c:c1rcic t0riza-se por hex iCJcl rer>leta ele uri11a co 111 san-
dos compostos oncogénicos. que, i11clui1 1do c:o,íCJu los, e tumores de diversos t,m1a11hos
A glirnsíden plé1quilósido actua a 11ível do ADN c 1L1s;J11do C
:'S[Jcllii,Hlos pel,1 mu,.osa. A ínnn,1 aguda apresenta as le-
lt scies e rnutiições qcre estão 11a micJc111 do l"ÍE' ilo c:,1rcir10 -
0 sôes típiG1' de cl i;ítese l1e111orréÍqic,1, r1or11eada1nentc, lie·
cJt~11ico. Esta e oulr,1s Loxi11 as actu,1111 iqu alm cnlc sobre a rnorrc1cJir1, cutil11e,1s e cm diwr,as mucosas, pa1c1 11lé111 dos
medulc1 ósse,1 de que' resulta ,1 tromboc:itop er1iil e leucope- si11ais de i11f0cçôes secur1d21riils. Na associação com BPV4
niil geraliT1C::'nte c1ssociadas à intoxicaç5o rl(Jlldrl. As lesões su ,gc-,111 11eoplasiiJs de superfície i, r<º<Jul,1 r e, 11vii rios pontos
epi teliais e il imuflos~upressão abrem cün1i11ho ,1infecçCJes dn Lra ro Cl 110111<:'ilclamen te nc1 far inCJe, esófa~JO e c2mlic1.
senrnc lári21s.

Enqui111to qu e a 1·11~. Ll, re su lt,rntl" dos tumores ve sic,1is, su1·cJ E:' ÓSTI O
em ,111i111élis éldu ltos (i11Cubação pode ,1tir1(Jir os dois Jflos)
ilpós i1 1qest210 cont i1H1Jda de lJaixc1s doses da toxi11ci e pro-
A presença de fetos nas pastagens usadas
viÍvel acç210 de p;ipilomavírus, a forma aguda aprese, 1t,1
por animais magros deve sugerir intoxicação.
maior preva lE'>1x i,1 e111 cmirnai s Jove11S. lé stci (Jlti111 ,1 vMiante A HEG eleve ser diferenciadil de outras doc11çJs qu0 lewm1 ~
1101·111,1lrnente sc1rge após corte do foto ou qc1ar1do os pilS- cm avermclh21d21da uri11u, co1110 1.ior e:<er11plo, h,Jbt siose, lep-
0
A HEB tem uma evolução crónica enquanto
que a intoxicação aguda pode causar morte
rapidam ente.
;~ µmneira fase da Hl:8 ca rc1creríza-sc por er nilg rec i-
rn ento ser,do ,ih,;n 1,ilLrrí ,1 êl 1)en,1, ev idenci,1cfa por
ar1áli$,'; da uriri él (1c,.9.;i trc1 v0s de ti ras ck Lrrin a ,, u ohser-
v:iÇi.io 111 icrosc<'ipica). Com o evolu ir da doençJ c1 t:c;lo-
rc1çao verrnelh;i dil urina 1orr1il-se evilkr ne (herniJnj-
riê1). 111,1s pode c) c;o rr·er de forni a intf'rrni1:E: r11ic, 1,1,1 Fase
c1van ç,1dc1 ou term inal d,1 doe,1<;"11;1 llf-;n1r1 tl·1rii1 ,~ c;o11tí-
11u,1 e apresenta coágu los de sanque. Sur9ern sinç1 i$
de-, ,m erni,1 grc1ve. i11(1 petéric i0 e irrniiçao. Podem srrr-
gir c:cJern,i s vzírios devido ;, hipc,1pruteirH~r11i a,

f\ ir ltoxic ação ,,g ucfa dpr e~enta o quadro c;lí11ico de


urn,1 sír,drorm; he rn urr á9i(,1 - diéite,e he:rno rrcig ica .
co r'n Sd r1 grcHner11 0 de: lesoe:; ou pic·ad,is de insecto s.
cl idr reia sangu inole11tci, fc~b r<;:, c1 11er11i<1, 0 1qucxi,1 e
prostraç,io. Pode ocorrer nione s,:rbit3. Os que sobre-
vivem ,1 primeira fase geralmerlle f:Jzeni i11fecç óe.s
sec;u 11dárias hacreriancJs, como p, 1eumonia.

Podern .'linda surgir siriai s 11 eurológ icos - pros traçáo,


dlilxié! . ( ('CJuei rê1, (.) pi st(Jto,10~. co r1vulsõe s - relacio11 a-
do corn ,lCÇ~ü da s ti,11ni r1ilses. No cas o de c,, rcinorn;is
d o tracro C,1sur~1e tirn p(111 isrno cró11ico, prialis r1 10, di,-
rcHJia e dor, dcperid endo da loca lizil Ç~ü da r1 eopl,1 ~i,1.

tospirose e outras (w r péÍgina 206). A observaçáo da urina c1trc1 -


V<j s <le MO perrn itirá díferc11ciar de causas de hernoglobinúri,1.

O ( li agnóstico diferenciill pilra casos ele-' irller< iG1çao aguda


eleve i11C:luir ll-'p1ospirusc', ca rhú11culo hemático, er1terotox<~-
mia, sepl icérniils e outras<a usas de diátese (ver piÍ<Jinil 20'i).

As ,111cíli~es de Sil r1 que norrn,1lr1K'rlle' revt•IJ1T1 illH-:rnia, trrnn-


A rm:'ve ri çfio p,1ss ,1 11elil eli111in ,1ç.ãu dos foto s c.J;-1s p,1sta-
hocitopc r1ia e p:ml eL rcopcr iia.
gcm usil d,1s pelos arlimai s ou rercar élS zomi s mais prop í-
Ciil s ao cre)cime r1to da p l,rnt,1. A aplicação de herbi cidas
T P UT C lo de ,1cç;io sist0rn ica ten, algum efeito, m,1s poderá afec:t,.1r
11s pl 2rntas forr,-1\)eiras. Combat<,:r ,1 forTl<ê - não se ndo o
Niio existe tratam ento para qualquer uma
feto um illiniento muito p,1latável parél os bovinos, uma
das forma s de intoxicação por P. aquilinum .
t1lirner1lilÇílO de quJl idade, suplem erltildJ adequàdilrnt'r1 -
O t ré1tiJr'l'Hc. 111 0 corn Jntir11icrobi,111os de l21rc10 <-'spe<Lro des ti- le com r-,1ir1 ern is e vil J111ir1,1s, ir·á rn oriter ur,1 ,1 boa cCJ11cJi -
r1il -S<-' a COJ'r)bilter infecçf,es secund,1ri,1s. A til:<,, cJ,, suces so c;ão corpora l e a,sin1 evitar,, imJcstãn desta e outras pia r1-
é rnínirna. t,1s t<',xica).

1\N~ivlrl\. 1C:Tf:rifc11\
Coagulação lntravascular l:mlo t<;>:én1i<1 L' '.:(•pli cérni,1 - ETEC, Si1l11 1rn 1ell c1, Clos lr idiu1,1, n 1,isti l e por u Mor I l'H~s.
Disseminada (CID)

Deficiência em factores
de coagulação

Congénita Tromlxipilti ,1 13ovi11c1 1~ DOé' f"I Ç,.I rk vo n Wi lldir,11 icl (r,1ç<1 Sir 111 l"ll'n t:;1I)

Vírus Sí11d1T11ne l1e1TlOITéÍ(Jic1d!Jl)$ inle<:ç,iu flOI VÍl'US <i;r llVI) tipo 2

Reacção imunitária Pi1 11Ci lopé11i,1ll('ü rJ iiléll - v.ici1lil(Jio clil 1,1~,: conl ríl vir LI'> IWD (?).

Golpe de calor lc:-: pc,1i,:,io J ,illds lt'mpe ,,111.rras ;11 11!Jie1 1l<1is e luz solr1r. Ct:•r;1 ln1eri l<" ;111i1T1ais jove11s un p0 rques sern
10li'l tm1. Moll 1,11 ir 111;,lii1li1 f"llenlc os ,111i1TH,11s crn·,·1c'i gu,1 Í l'l,J.

Ehrlichiose c,í11drorne lié-.'1T1cmi\ cJica febr il (do<::11çd r':-/1tic;:1),

Insuficiência renal.
SAS OE ANEMIA COM ESE

Parasitismos GI l',lril:.i l,JS lw 1,1,1 lc'Jf,1uos (3 CITl) do ,1l) cm1êl:;o. 1 ) <:::>parcl :, iléHllêS h c.1bil ll<1 ÍS co1
Tno íl5 i1Vl:rTn0c t1 -
- Haemonchus placei G<J:;tritc hernorri,gic;1, ,11 1en1iil, dq) rc:;s/10, lc- r1a:i e bcn2i1T1idnzói~
têl1CJ iil, fril(]lWZil lilU',Clllill, f"Jt:ITlil cl1• pl'SO, di,1 1-
I t~ irl e-:cur d. Mc)nt~ e111 i nfe..'.ila c.;c')~s r"llr lCiÇJ ',,

Carraças (lxodidiae) e em M,1is 1rn,vf1vcl rlCJ 1,-•mpn <111c1·1t1c. Ohse rvc1ç;io /\v1cr1n eLl' in,1 1 e h,rnlH.11 r. 01,1 01q;111olo:;lo·
menor grau piolhos picadores. c:Jc• 1Jr,1111lc qu;111tid,1clc r:lc 1°ctop,11-,1s itils <-";pe- rr1 elo~.
cial n11•11Le 11c1 mr1i1 d;11 virillw:, pc:rí11<:o, 1Ji"i"-
lhas ,_, ,·1IJl;r,~ Muco1il, pi li diJs, fraquez;i 111u~-
cul11r, lc!rnaurec:i 111<õ11 to co11li11 u,1rlo.

Leptospirose aguda Ge1,il 111r:111 e vitelo,. Ane111ia, ictlc!rícic1, Í,ébfe, A, 1libiót i( o-<)Xi tt:tracicli11a, pen icilin,1 1-cstrep -
(ver mais pormenores peréq ui;1s, 11l-'nioglobi11ú1ia, mor te r,ipicl a. Vi1- tornici11i1, certiofur, ,ir,10:.:icicl i,w. Tra 1111i 1s~o
em Doenças com Aborto). c;,1s pocl r-•rn 1, 10Sllil1 S,lll<Jll<,' no k ite. Abrn to, $r111(Jtrínect

Hemoglobinúria bacilar '.;<1m 11illidi1c;lc e lir11it,1ç,'í,1 g .O<J rMic;J, Muito


0
A11til.>iote1c1pi,1 rn 111 p<é11icili11il, Fl uic.loo (tr,111s-
C/ostridium haemolyticum lillél t-'r11 f)ur t11 rJ,1I Si11;1is d<2 to:,:ém i,1, l<cl ir,,•, r11 s!'10 1,1 111~11 í11f>i1) e ter,1piil e.Ir-' choqu<-' pc1ril
ili 1l'111iJ, ictcrír: iê1 , l1 e1·,·1og lobimjriil Morte or'1- to;;é111i;1qrnvc.
bilil. Los;.io l1 <'; p;ílicíl (11 ecrme). ílc-:lil cirn10, lo
cu, 11 i, ,l,•st,1(iío por Fi11c ir.1l,1 hepiltic;1(7),

Hemoglobinúria pós-parto Vi1Ci1S leitccirns iip(is u 11,1rto, A1w1, 1ic1 e helll o- T1 <1 nc; ru ~ôt-''.i sa r1 Du í11 e<1~. ~,olutc)s de c.<11cio 1

Hipofosfatémia (< 1,5 mg/dL) q lé',bi11(1ri,1 i11tem,1. P1 0:,ll ,1ção - vac,1 c;ilíd,1. ma1Jnc'!sio. Co111po11u:; de ln sloro IV. Suplc.-
Morte st'1bit~ ec.pecial rne nte pc-•r,mte stress ou lYIPC1 Laç~o com I' ora l pré -parlo. Mc1nu tençfü1
esícm,:o c1c.lcqu,1(Ja do r,Jtio C:íl:I'

Intoxicação por água fria Vitelm seclc-•111 05 - inqesttio de 91J111Je:, qu,11 1- Trc1ns lusües 011 '.; ',H. Ter ,i9uc1 se 111pre cl ispo-
plasmólise por hipo- 1idades rle ;í911c1 11u1 11 só 1,1ornen 1,,. l-lc:1T1ot'Jlo- 11 íve l c'sr><:'< i,1 l11 1e; 111 e e:111 ltn1po q11 c•11tc e: hc'1
osmolaridade sanguínea hi1 H'11 i<1, a11e1T li 0 e 111 0 1te . niido

Intoxicação por cobre .fléJt 1clo diilrrci,1, pro str,1ç5o, dor illX lrnT1inill r riJ 11 síu :;tio ó0 11g 11í11 ea ,. ot1trm fluid oº El)T/1
- iatrogénica (e.g. erros ou 111ort e s1Jl1i1 a 1=ezes ,1mis-c0 sw rdt'i1d,1 s. t;;í lcirn - 7(1 1l'I CJ!k\J 1)V i -3 dias. Ta:<i1 Sele.• SIIC(''.;-
na suplementaçào; ingestão Crc', niu1 - ,11 w 111iél, i<lei ícia, l ll-:11109lohiriúrin, ' n10(,:Jo d,1 l1mtr dr;: Cu. Ali1·,w 111 0
'.,() hi1 i:<i1,, l\(·_ 0

de pedilúvios), águas prosLrr1c))o, Níveis ~;1 11 ~.Jl JÍ!H-~o;; de Cu: >I S C! ,Í (JUa d<': qu<l li d,1 de.
e pastagens poluídas ... rnmol/ 1.; lígilrio: >~llO m9/ksJ.

Glomerulonefrite aguda Mui lo rar;11T1cnlc :,ur(J<:' conio dur::nc,-a pri11 1á-


ric1. l-l<:·11 1i1 lúri;.1, qlicosúri,i e proteir1 úrii.1. íJol' ;,
pa lpcç5o rei 1dl. Frilqu<ºLcl <-: c~n 1a91c•cirnc11to
Edc:111as e outro'.. si, 1c1is de l 1ipoprole1nf•l'fliil.

Pielonefrite Contagiosa l)ii'iri,1, hc1T1<1t1'1ri,1 i,11ern 1itN1H·'. 1-dir,0 , e1nnq1e- l\' 11ici li1 1c1, ,11 l'H;:,ir ili,1,1, c·1--i',1lmpor i11J. 1-11 1idc>
dos Bovinos Corynabacterium r: ir11(' r1to, i1 1,·0 11 li11c~ r1Ci<1, l<" 11 c::,n-1u. /\brló1 ,1e11 l(·'fcl lJi,1.
rena/e .J \Jt 1C'lo. lli111 clolurom,i p,i lpc,:iio.

Intoxicação por plantas 1,11:ilo lwr,1olítico ou 11 11li-u.>c1CJ til ,ll'll f:. \.ler Ci-
píLulo l1 lar1ti1'.,Tó:o. ici1';

Hemorragias agudas l:vo li.1c,·,1u 111uit,·1 r,íp id,,i. /11 1,11 n,1(,'><;, Mucos,1 •; Ti;n,11 ne,111 0 rl.i c,nJ •;,J pl'imiiri,1 (c:.r 1. cin119i;1) t~
(e.g. partos distócicos com p(1lid.i ·,, liipotc~1 111ii1, lr,1C.1u, •1.i, coliip><!, p1C1,- l 1,rn,;fC1 :;,10 '.;,1119uí1w,1. ';';H ,1pe1 1êls clq,oi:, rlc:
ruptura uterina, prolapso tr,1ção, c.huquc liipov<Jl(•11 1ico ,, 1, 1ort1é. crn 1trol,Hl,1 ,1 he:1 norr,1,Ji,1. Co1 1v,1k",cC:m;,1 -
uterino com ruptura das r, 1ro. cobLil to, vi t,1111i11c113 ,,.
0

artérias uterinas, aneurisma e


ruptura de artérias
mesentéricas ou aorta . .. )

Outras situações -Joe ri(.1$i 11íl;:i 11v1tóriaj cr(l! 11 c0s, G llJ ~~ç1:, ele cJ 1/1u:se hen·1orr-ág icr.1 (ver Qundro ). ( il o2 i a du ~f)cJrn(;iso (v.). Sínd rom1: dr.i
Vek:1C..~ivri ~\.ist,; rirn (vJ.

i\NE/vllA • ICTl:Hi(li\
/ •.NlêMI/\ · lCTcR IC!I\
PERDA DE PESO• QUEBRA DE PRODUÇÃO LEITEIRA

A inclusão de uma secção separada sobre doenças que nais clínicos - as mastites subclínicas. A não inclusão des-
causam perda de peso e quebra de produção leiteira pode te grupo de doenças da glândula mamária neste livro
parecer disparatada já que a grande maioria das situações deve-se ao facto de se tratar um assunto extremamente
clínicas descritas no resto do livro também apresenta estes comp lexo e que merece uma abordagem aprofundada,
sinais. Mesmo as variantes que designamos por subclínicas essencia lmente no sentido da medicina de produção e
acabam por demonstrar estes sinais, ou, se calhar, nem te- prevenção. Porque existem muitos manuais de elevada
riam lugar num manual de clínica. Ou seja, o emagrecimen- qualidade sobre esta temática e por a distinção de dife-
to e a redução da produção de leite parecem ser sinais de- rentes causas de mastites subclínicas com base no exame
masiado inespecíficos. clínico não ser normalmente possível, optámos por não
A justificação para esta opção parte da constatação de aprofundar o assunto. No entanto, este deverá ser uma
que a perda de condição corporal e da produção leiteira das primeiras suspeitas quando uma vaca leiteira mostra
são sem dúvida os principais (únicos?) sinais evidencia- uma quebra significativa de produção sem qualquer ou-
dos no exame clínico da maior parte dos animais afecta- tro sina l clínico.
dos por estas doenças. É verdade que nalgumas circuns- Para uma conveniente apreciação da perda de peso é
tâncias outros sinais acabam por se sobrepor (e.g. sinais essencial sabe r classificar a condição corporal, de forma
neurológicos na cetose nervosa) ou a evo lução e com- a poder comparar duas avaliações. A classificação mais
plicação da situação acaba por mascarar os primeiros frequentemente usada inclui cinco escalas (1 a 5) que
sinais, mas geralmente estes são casos espo rádicos e por sua vez podem ser divididas em quartos de pontos.
episód icos. Por exemplo, uma vaca no pré-parto deverá ter uma CC
Finalmente umas palavras sobre uma das causas mais fre- de 3,5 ou 3,75 podendo descer para 3-3,25 no pico de
quentes de quebra de produção de leite sem outros si- lactação.

DESLOCAMENTO DO ABOMASO À ESQUERDA QUEBRA DE PRODUÇÃO


"PING" A ESQUERDA

ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA
O abomaso passa por baixo do rúmen ficando Doença (quase) exclusiva de vacas leiteiras
entalado entre este e a parede costal esquerda. em regime de alimentação intensiva.
Não se conhecem os factores determinantes do Desloca- Ocorre menos frequentemente em vitelos jovens e mui-
mento do Abomaso à Esquerda (DAE), mas a conjugação to raramente em vacas de carne ou novilhos(as) . Em va-
de uma série de factores predisponentes tornam de certe- ca s de leite cerca de 90% dos DAE surge no primeiro mês
za o incidente mais provável. Muitos destes factores, apre- pós-parto, sendo o restante repartido por todo o ciclo
sentados na Patogenia, são interdependentes e ligam-se produtivo, inclu indo todo o período gestac ional. A rela -
frequentemente ao parto de vacas leiteiras, A elevada ção da prevalência com o número de partos varia muito
Condição Corporal e factores genéticos, como um grande entre estudos, o que faz pensar que provavelmente está
perímetro abdominal, podem favorecer a ocorrência de mais ligada a diferenças de maneio nas várias fases. A in-
DAE. cidên cia de DAE também varia muitíssimo entre explora-

PERDA DE PESO• QUEBRA DE PRODUÇAO LEITEIRA


(/ws, o qll c co11íi1T11 ê1 ;i es Lreira re l:1çtír, u; m u rn ,11wi,>
c1 lin1 en1c1r e 1H1 l ri cirni;1 I. T,111 1I Jén 1e:-:isle1r 1d iferP 11c,:r.1 •; cor1-
';o;:i11t(-' a c~Stil~:5o do ;111 0, r·11 ,1s, 111;.1is 111·11 ,1 vez, pricl l'·rJo O ping à auscultação com percussão na zona
c-·,;t ,ir ré• lacirn 1ad,1 , com l.iiíc-•rr: ri ç,1s de-' rn,111r,,io ,.1 li1rwr1tar dorsal da 9." à 12.ª costela esquerda, é quase
(e.q. alwrtt 1r;.i de" 11ovos si los, Lr,1ns ic,:üe '.: alirn eri t-,ir<:$, ca - patognomónico.
r~·11ei;:is nut ritivas .. . ).
Os primei ros si1,ais (a i1 1da ,1nre:. dl" ser poss1vei cle 1ec-
I'.:, na ;:ictL 1,1licJi1de, i1 dncnç,1 respo1 1•,,ívt•I péêlo rr 1,1i(Ji' 111'wnero rc.H o píng) são q ur::br;, de procluç,10 de ld1e. depr es:-
de ci rllrqii.1Sern v,1 c,1ri21 s dc leit e-:.
0
s;§o. ::111 01·e.: i;,, pa ,.ci~I. li ge ir,:1 des icl1·a ra ção. fr.,1q1.1c::z;:;
rn1,:;cu lar e rezes rn,11s secas. O pirig p;,ss;; t:·1·1r.,10 a ser
PATOGENIA éluclível. pode1 1do \'clria1 de i11t0nsiclc1de c:n 1ri; a11irnc1is
," mesrnQ clf' 111·,1 11 101T11~nro p,1r,, o 01,1re; n(J mes1ne,
O abomaso vai subindo ao longo da parede 2,ri invil. O ph;g é,:, esp,;>rndc, qt1~r1r.lr.1 Sr"? pen:ussion,1
abdominal esquerda, como um balão que vai lHTi Ói"Qâo de p1711 ~cies 1 : tr1s21s e 11 1 ql 1(-:' (; ,-, :í sre Qd~; ~ 1~n
acumulando gás. cli 1ecic, cnnt::1cr,, com l1 q11 ido. mas Já der,,x1Z:1mos vá-
Nos casos t íricos de• D/\[ prini/1 rio, qucc ,ic:01-rcm 110 i1 1íciu rios casos cl~ a,sociaçáo de D/1E cu111 imp,J,.:1,1ç5CJ at,o-
d;i l,ict,1çfío, i1 pJl<, gc~ne; (:': sa íd d cio vitelo e líq uidos fet,1is E' 1,,<",sê1I (v. lncl i9,2st3o vr.19211) en; q11e n,'i,) sf.· 011vi;:i e-,
rcdllç:zio du i.1peli Le (r(1rn(-'r1 1·11c1is vc11 io) proporc irn kmdo ping. ~1·1"1 c;;iso.s c:01-r, gnnrl,:: acumulação ele g;'is i'I zor1a
l"lli.liS (: SllclÇO rio c1bckirn eri (·' Íílc:ilildll(IO il ITIOVÍI Tlé' llli1Çil() "1nreric, 1 d,1 foss,,·, l1)r,·,b:::,1 esqur-·rclé1 r-,o cl1?1·,!r ,:::;1c1 r lige·i-
do s c'ircfi us; l1i1 xKak.é1 11i,1, C: d ll Sil ,1 tclll i<1 que coi 1cluz ;1 acu- 1,1n-1t::11(e CO ! iVE'1;.~1.

ni ul,1c,-i"10 de 9i1Ses no rúrneri e c1 1:Joni<Jso; Lr,111siç2ío ,1lin1e11-


Lê.l r r[1picfo conduziri do ;i i11dicw stõc-•s, e:<ccs'..iVd prodt 1c)io de
N;v qu,ir1clo cfü-: ta ·; :,JO muito ricJs é'rr, c:arbohi d ra1-os f,K il-
rr1en1·c-' f'(-'rnw 1-11 esc ívi:•is e 11 ,í mc~1-1m inqes1·iio de fibra eff'•cti- LESOES
Vi1, e il Lll"llil 1~:cJ 11 çf.10 rkl 21bsorçtí o du; AC,V íl 11ível do r(1- O abomaso está entre rúm en e parede costal,
r11er1. com o omento e a zona pilórica so b ten são
O DAI: sec uridiirio ocorre q 11 i1 1Hfo 1.11, 1,1 ou Lr,1 d oença 1m e de movim entação difícil.
pc'ls· pil rLo red uz a i11(J c:,t,io de· ,1 lirr1c·nlo, r,wor(-'Ce ,1 ;1to - /\ mo r Lc-• por D/\ 1: ,~ i irn 1co prov(1vc: I, rnc1 s c-"; I e-• l)Ut.lé) S(·' r L.lffk1
11ic1 C': u i,1 c1s cu ridiçóc• s id c,J is pill'il i1 clc slocac) ío do c'Jr- "111-rire;;:1 11,1 l°l(ccrn psi:1. Por vezc•s li ci ,1rle1·~· 11 c: ias erlll'c o
()~º- /\s doen ç,i s m,ii s frequcn tenw 1 1tc il '., SO Ciad as ;.i D/\1: iJ hon1c1'.;o e i.l parede co:,t:,J I (d evido i1 pequ eriJ', úlcnas
sfio Feb re d o l_<-' ite, c:c to se, fírJ,ido cJordo, ITl(~l riles e cl,rn- perfmod,_1 :, 7), o q ll(º poder~1 Ler li 111ilc1clo o sucesso de 1m 1a
d icaçües. Olla lq ucr d oc11ç: a c: om lo>:(·'11 1i.i Íilvorece e, cinmJia.
ilpi1rl'·cinienLo ele L,A l: porque toxi1lé1s c;-11,15,11 11 hiponioti-
lid,Hfo rjií st ri c 1. As si111 co11 10 o DA [ po c.lc-; •;11rcJi1· rnr·m-i
', 1·q 1.wlc1 (l[' d ()(:'IIÇd ', dei pc')•, -p,J rlo, l,1111 1)('.'rn po cJ,:, ÍLlll -
ci <) l léJ r eo rn o f. 1c tor p ré;cfr; po1 1e11 tf' p,Hil 011Lri;ls p;,1 to lo -
q i<1 c,, 11mncc'<1 d ·11·ne r'lle: (Y l O'iP, i1 lc er;,i elo ,itio111,J'.,O, fíq,1do
riorr.lo cc: i1 1fenilidndr: .

A qrc1 11 c:lc 1r 1,J ic1ri ,1 cio'; c:;1:;o'.; de UAI: ecJ1·;1c:Leri z;J -•;e pelo
p(Viicior 1,111w 11Lo cio ;i hom,1:, 0 11ê1 pente il cw;dl do ;i bdó-
nwn e,qu erclo, clebc1 i>:o cl ,Vi (II Li11·1,1s cos Le l,1:,. No c•11L,111 -
lo, c0 sl i1u cJ ,,,c rit,1s v,ir i;rnte'., 11 ,1 locnli7aç~in e.l o r1l)()m ,1·;0,
c: 01110 scj c1,1 11,1ss,1sie1 11 do éllJOITl ,:JS() Céll1tl.-il 111<-; n1e éW n.:1-
11w11 e ,,1 r11 ,111u1 1::- 11ç;iu cio <1 l")01lléJS o 11,1 zo 11 n c1:111i zil ;10
1e ticu ln.

/\ evoluçzio dos G1sos 11iio Lr,11<1do~ é v;i ri ável e n5n pr~,visí-


ve l: reso lução Pspo1 1tf.11w,1, p,1 ssc.1 gc111 íl U/\D ou pcrmanéri -
cia por 1011\JOS pedodo s co 111 01)/\ [. M11ito rc1rc1 111c11l(0 ocorre
morte t'l1l Cil'>OS11,10 COITipli ec1dry ;,

PE"IIDA DE PESO • QUEBRA OE PRODUÇÃO LEITEIRA


Assi1·1·1, passil ,1 h,wer contilcto ele co m líquido r;' um pi119
semell1,111lt' ilO do DAl= e~ ouvido rm flcmco esquerdo. A dilf-,rE-; 11·
ci;1ç~o /Jz-sc por: a) p,1l paç!ío do Sc1 C:o dorsill do 1·L'.1111e11 rn l,1p
sc1do; b) e11tubi1Ç~10 erKiu,111\0 se ê1usnr lLa o rl,111co c•squcr·clo,
podendo-se ouvir· pcrfeit211W:'1·1te o borbullk11· c.111,111do st' so1 ir71
pelo tubo 110 cc1,o ele SVF1; e) ,1 hcfo 1nir 10c <:;11L<::_,c~ 11c1 1.:cJr 1t1w 11 1Jc1I
ilO pir 1cJ com 111ed içfü i do pi Ido líquido c.olliido - s,' urn1wu
rLm 1i11ocen tese o pH S(~l'é) :>5, IYl,)SSl ' Se' per fur'éll o ,il)OITklSO o
pi I seri1<1 A lc1 pi11osrnpi,1 uu l;1piimtorni,1c~xplcx,1clora pe1n 1i
Lel'l l () di,)CJllÓS tirn defi nitivo C:'ITI CilSOSc,k cl (rviclil.

E APEUTICA P V N ÃO
Deve ser efectuada uma das diversas técnicas
DIAGNÓSTICO de correcção cirúrgica.
Na maior parte dos casos o quadro clínico deis
é suficiente para o diagnóstico. cliVf-;ISilS tc'.·cni GIS C el,1:; '.,l l,1 S V,11"1 1:,J ÇJCl'IS l: rn ,·li Lerno ti Vil po -
AlterJç(ics sJ11c1uí1·1ec1s i1icl1Je111 ,1lcc1lose I nel'abólica, hipc.iclo- clc" r,í ser Lc11li1cl a ,1 Cé·' CJ,l pm h,11·1,Js rnr o 1'lllnrn e11 to
re mia, hipocolt'111ii-1, l 1i1 ll)(Jlic;érnia e rl Hl3 elev;1cl o. A ar 1;ílise de do ,111i111,1I, Cor11 e~lê;', c1ois 1110'loc1os stío f1 cqu e11Les c1s reci-
uri11r1 1·ewl21 celont'rri,1 e urnil JcicJCrri,J paradoxal, p1·ov21vc;l- divi1~ l~ l;XiS1 l-' êl pmsihilich lê' c1 e lrol',ll'ITIOS lllTI IJAI: por lll 11
1

1
rne11te por'C ILH". o rim excrc: til 1-1 ern tmca de 1( que prc-;c:is,1
• IJAD ou u111 VA. A presen ç, d,; ,1clé,rr; 1'K iils 1iuc1 c0 111 c1iíi c: ull ,J1
de: presc:rvar, e ,1irid,1 porque os co rpos cetc'111icm s~o ficidos. o 1·r; posic.icJ11c1111e11 Lo c1o c'ir ~,10.

O DD deve ser f,,ito cor n Sí11d rmne do l1C1 rn c 11 V21~io (SrW) que
0 () t1·,,1tê11·r'w 1·1to m0clico co111 l,1,:,,1tivos (e.cJ. sulL,ido de: sc'idio e
ocorre er11 anirnilis que 11~0 cor nem há 1T1uil'll tempo e c-'ITI cJUe'
,1 carnc1da el e ,1lirne11lo qrossc i1·0 dei;-:ou cil: e:-:istir 110 1C1 mc1·1.
0
Após reposição do órgão é aconselhável fazer fluidoterapia princípios essenciais: 1) manter rúmen cheio, através de
com 250 mi de solução de cálcio a 24%, 250 mi de glucose maximização da ingestão de alimentos altamente palatá-
a 30% e propilenoglicol oral (250 mi bid). veis e ricos em fibra efectiva, 2) garantir a motilidade do
tracto GI, principalmente combatendo a hipocalcémia sub-
A prevenção passa essencialmente por um bom maneio
clínica.
alimentar e nutricional desde 2 semanas pré-parto até 2
meses pós-parto. Não cabe aqui fazer a referência de todas Igualmente essencial será a prevenção ou tratamento pre-
as medidas preconizáveis, mas estas deverão cumprir dois coce de qualquer doença do pós-parto.

CETOSE QUEBRA DE PRODUÇÃO


HÁLITO A ACETONA, EMAGRECIMENTO

ETIOLOGIA pensado quando os mecanismos homeostáticos estão a


funcionar bem.
Produção de corpos cetónicos é consequência
de uma prolongada mobilização da gordura A prevalência de cetose varia muito entre explorações lei-
de reserva em resposta a um balanço energético teiras, sendo que valores de cetose clínica acima dos 2%
negativo (BEN). aconselham a uma revisão do maneio e nutrição.
Na cetose existem em circulação três corpos cetónicos dife-
rentes: acetoacetato, acetona e ~-hidroxibutirato. Diferen- PATOGENIA
tes níveis de corpos cetónicos sanguíneos podem causar
As reservas adiposas (triglicéridos) são mobilizadas
doença clínica ou subclínica (ver Diagnóstico).
na forma de ácidos gordos não esterificados
(NEFA).
EPIDEMIOLOGIA A fonte principal de energia nos bovinos é o ácido propió-
A cetose primária é uma doença típica dos primeiros nico absorvido a partir do rúmen. Este composto é metabo-
meses de lactação de vacas altas produtoras. lizado no fígado em glucose. Em momentos de falta de
ácido propiónico o fígado pode obter glucose a partir do
A cetose secundária ocorre quando algum factor (e.g. clau-
glicogénio. Como a quantidade de glicogénio é limitado,
dicação, toxemia, DAE) reduz o apetite e a ingestão de ali-
em casos de BEN prolongado é necessário produzir energia
mento enquanto ainda se mantêm elevadas necessidades a partir de outros substratos - aminoácidos e glicerol, pro-
de energia (lactação).
veniente da gordura armazenada. A hidrólise dos triglicéri-
Nas vacas de carne a cetose é rara e surge mais frequente- dos (lipolise) dá-se nos adipócitos libertando NEFA que são
mente durante a gestação quando as pastagens são muito usados como fonte de energia pelos tecidos ou capturados
pobres. Está ainda descrita a cetose alimentar que surge em pelo fígado. Neste órgão entram no ciclo destinado à pro-
animais alimentados com silagens com alto teor de ácido dução de energia (dando origem a corpos cetónicos) ou
butírico, que é metabolizado na parede do rúmen em são re-esterificados formando triglicerídeos que se acumu-
~-h id roxi buti rato. lam nos hepatócitos dando origem a Fígado Gordo (v.). Os
Factores que predispõem para a ocorrência de cetose in- mecanismos responsáveis por uma ou outra via são dema-
cluem: tipo de dieta, erros alimentares no período de tran- siado complexos para serem aqui aprofundados.
sição, obesidade, factores ambientais (e.g. stress do calor), Duas hormonas devem ainda ser referidas: a insulina que
comportamento alimentar (e.g. poucas e grandes refeições) estimula a lipogénese e inibe a lipólise e o glucagon, que
e genética. Igualmente qualquer factor ou doença que re- estimula a neoglucogenese. Ambas tentam travar o ciclo
duza a ingestão irá promover o BEN. Obviamente que a alta que conduz à cetose. Vacas obesas ou com Fígado Gordo
produção leiteira é um factor de risco, mas facilmente com- parecem ser resistentes à insulina, além de terem maiores

- PERDA DE PESO, QUEBRA DE PRODUÇÃO LEITEIRA


-
A perda parcial de apetite e a rápida redução
da condição corporal são os principais sinais
clínicos.
Em paralelo com estes sinais há uma forte reduçao na
produçao de leite. Outro s sin ais que oco rrem na forma
clínica sao: apetite caprichoso (preferem palha e fenos
a concent rado ou silag em), perda de gord ura subcu-
tânea, hipomotilidade ruminai, "mau pêlo" e sinais de
desidrataçao ligeira. O hálito a acetona é frequente-
mente detectado.

A cetose nervosa apresenta um quadro muito típico - L ÕES


vaca apresenta pescoço permanentemente levantado
e esticado, exibe comportamentos estranhos como se- Não é causa de morte e não há lesões típicas
de cetose.
jam morder barras, manjedouras ou estrume, mostra
incoordenaçao e deita-se e levanta-se frequentemente.
G
Actualmente existem aparelhos validados para
adipócitos e maior sensibilida de aos mecan ismos de mobi- bovinos que detectam BHB sanguíneo e que
lização de gordu ra . permitem o diagnóstico de cetoses subclínicas
A cetose nervosa su rge por incapacidade dos neurónios se (1,4 - 2,5 mmol/L) ou clínicas (>2,5 mmol/L).
adaptarem à hipoglicem ia e à presença dos corpos cetónicos. Os co rpos cetónicos podem ai11d a ser detectados na urina
e leite de forma I ápida, mas porque a se11sibilidade é menor
se rá menos prováve l detectarem cetoses subcl ínicas. Bio-
quím ica sa 11gu ír1ea revela hipog licé rni a e níveis elevados de
13HB e Ní:FA.
O DD da cetose de lactação pós-parto deve ser fe ito com DA[,
mastites subclínicas, indigestão simples e hipocalcémias subclí-
nicas. A cetose nervosa deve ser diferenciada de listeriose, bo-
tulismo, PEM, BSE e outras doenças com sinais neurológicos.

UTIC
O objectivo principal da terapêutica deverá ser
quebrar o ciclo em que o aumento de corpos
cetónicos reduz
o apetite que por sua vez agrava o BEN.
A administração IV de peq uenas quantidades (250 m i) de so-
luções hipertónicas de dextrose (30-50%) várias vezes no pri-
meiro dia. A perfu são deve ser lenta para evitar a excreção re-
nal da g lucose, o que ocorre em caso de hiperglicem ia.
Con ti nua r com propilenoglicol (250 mi, oral, bid) durante 2 a 5
dias. A injecção de corticosteróides é controve rsa, mas a nossa
experi ência tem mostrado exce le11tes resu ltados mesmo sem
o uso de soluções de dextrose. Um co mposto à base de cia-
nocoba lamina (vitamina Bl 2) e butaphosphan (Catosal ''') re-
duzill i.1 inc:idênc:i;1 <1e cetoses sL1bclí11icas 11,,l cJ 1ms (-::;ludos d(-: pós-p,irlo í'cm 1ecr-•11do ,1linie11lo palatc:ível e CJi1r,111tir ,1 e1H::>rcJi,1
cc1r11po. A i1l';uli11,1 na doseº de-: :mo ,1 JOO UI lr-,111 sido test, 1da 11ec:e$siÍria /1cies ce11te p rodu çr10 de lc-: it e Mc-,cJid,1s e>:tr,iorc:l i·
0

com sucesso, 1T1as 11,J p1"Mic1 clínicJ rilri.HY1cri1·e é us~dJ. n/iri:is incluem a suplc-:rnn1t,1ç:íc1rJ1 clielc1 pc'Js-parlo com 11iil-
U lr,1 t211·11t'11to de cetose ô , uhc: lí11i c.,1s 6 de-• iriteressc r-; co11c'J- ciriiJ (rc-:du1 lipolise-, 7), coli11:.1e 1·ncticmi11il (rxrnT1ove111 t1·c1nsft' -
1·11ic,J duvidoso. O t1, 1l,1111c-,n 10 de-: c;etose ,1ssociadc1 ,.1 ííeji,1cJo 1ê1-icic.1 de U-iqlicc\idos do fícpdo) e/ou propil enocJlicol.
rJrnTlo é ilprese-:r1t,.1do r1ou tro l,ido. Se11do que ;.1 ,1dre 11ali11él é um poter1l<'· esti1·11L1l,111 t e dc1
A preve11ção diis cetuses bc1sei,i-sc 1·k1 llll,1 coril1c1 q uc1lqu c-• r
0
lipolisc: é ;icur1selhc1clo e-•vilélr qualqller tipo d e st1ess 11,1c,
Íé1ctur qu e COl)c.illZil íl 131::N, IIOll'l(\id ,11T1e11te-', ,JlliJVé'S do trc1\cl- v,JC,IS pMLurir-,nles, oferc~n °•n do cmidiçôes de·' sos'>ecJo e
1·11e1·1to i1T1ccfüito ele doc•r1çc1s que reduzam o ,1pelite, evitar 21 crniforto rio pJn.o 1c• i11lcêcJ1,1c,iio l1c1m101·1iosc1 110s parque
ohesidad iê• d1c' VJGJS 11a ,ilturil do p,irto, mc1:-:ir·nizilr a inc1est80 ele l,JCtaç~w (espc-•ci,1lmer1te i1T1portante c1-r1 p1·i1·nípc1ras).
0

ABCESSOS HEPÁTICOS - ABCESSOS PERITONEAIS MAGREZ/1 , llAIXA Pl"!OOUC,ÃO l_l; IIT ll1A
DO!s /l,13DOMl1\li\l.

IOL GI
Os abcessos peritoneais resultam da enorme
capacidade dos bovinos em circunscrever
e delimitar infecções abdominais.
Os ilCJC-: 11tes rn ,.1 is fre: que-·rrl·r-•rne11te envolvidos 110s obcessos
perilurieais s,10 F ncYmp/Jorum (biótipo A) e T (A rumo/Jnc-
/mwn) /Jyo<7ene1, qlle ,JClL1i1111 em si11 erqismo . Clul1,1s hac-
tc"ri,is (G,.1Ctcwic/e11p, Sto;J/iylowccus e'' S11e;,1orncrns) e fur1-
CJOS té m siclo isol,idos de ,ÜJCcssos e111 vitelos ele c11e101·da.

PIDEMIOLOGIA
A importância económica dos abcessos deve-se
às possíveis sequelas - ruptura, pneumonias
ou compressão GI -.- e reprovação do fígado
ou carcaça no matadouro.
ESÕES
Ahu•s so'., l1c: pt11ic:us e pc.•rilrn1e,1is st\n relc1Liv,1111e11le íre-
Muitos abcessos são surpresa de abate no
qut•11tes ('i -- '15%) c rr1vi Leios ,.11 1lr-•s cio desnrnnw e-' 11ovill1os
matadouro ou em necrópsias de animais mortos por
ele (:'ll(J(m.1ê1 <é' l"i"liliS r,11-CJS err1 ViKilS ,lllultas, A i1Ki<l;'l1Ci,1 V,1-
outras causas.
l'iil mllito c0 11lrc exploréi çfü•s pois ,1 GIL.isa c,st(.1 i1·1tirnmnr-•r1 te
li9 ,ic.Ja ,1 er1m ,1li1T1Cêl'llcm:s, d e hicJic 11r-• e rn,mcio.
0 l.l,nil ,M111 da obscrv,.1,)íc.1 ele• L1111 ou 1rn'1lliplns ,1bcessos, são
r11uit,1~ V(-:Zt-;S 1cm1bém ev idNill-'S ;;1dr-,rr~nci,1 s cio fígado ou
in test ino ,Jo ,fü1fT,1(Jm,1. ,it_irn11é1so, p2.1recle cost21I etc. ..

A porta de entrada dos microorganismos pode ser


umbilical, através da parede do rúmen inflamado DIA NÓSTICO
ou de soluções de continuidade da pele ou mucosas Muito difícil através do quadro clínico.
ga stro-intesti na is. H,í liÇJcira lcL1cocitose e hiped1·ibir1oge11io (> 750 1·ncJ/dL) . Os
NiJ piÍgiriil 215 l-'IICOll\1c1-se o re5lllr10 das pri1Kipi1is C,Jll',dS
0
11íveis das enzi111ds he p,íticos podem esLc1r licieirc1mente elc-
0

e-:; sequelas, pcJI" tipo de ar1i111iil c1fecl,1do. v,1dos, 111 é] s têrn pouco sicJriif'ic~do di,1g11ósl·ico.

- l'l:ll lj1\ lllc1' 1:.SO . Qi)Elll'U1 IJF 1'1101jlJ Ç,\C, LF. ITE II,,\
/\ ec0cJ r,1fi,1, i1 li.1parnLo i ,1icJ rn I a l;.1 p,uoscnpic1 siio 1>reciO'>lJS
LÍ tC CC>niple1fl E'l1t,ires, l"tlc1S l ll-'111 sem pr1:-: (' rcíc il 1-,11.t'I'
t'X,llºtl lê> él

Poucos ou nenhuns sinais clínicos, um a vez i11 specçi\c.1 iriLec.J r,11 ti;, c,ivid c1d,, ,11 i, lol"llinal.
bem estabelecidos os abcessos.
fJf-'IO mc~nos nê1S r>rime1ras fases do desenv(Jlvirnemu cJcJ R
êJIJC<::S,ü h,í hipertermi,,. é1rtOrexi<1, ligeirél ci0r .il)clorni11a l.
Por ser dispendioso e de sucesso duvidoso, é1penas
rnf-'nor ~Ja 11hci ck' PP.SO P perda de produçt:10 leiteira. 1nc:1s
deverá ser tentado em animais de elevado valor com
n,1 maio,· p,Ht,': elas vezes cstc;,s sinciis p,1 SsMn clcspercdii-
risco de sequ elas (e.g. Síndrome ela Veia Cava Posterior).
r.los. A capa(;id;,de de r('Serva do f'iq,.1clo fci2 com q,Jt-: não
seJam evidentes qu;iisquer sinais de insuticiê11cit1 hep,íri- O Lr,lta 111e1110 co11siste em dr(ºílil~_w, 11 JtrJvés de li-i pil roto-
c:a, mesmo quat'l<lu existem v/\rios Elbcessos hep;iticos. 1nia, '>E'LJt 1ida de esteri lização por ,1 ntibiot erapia mu ito p10-
Vitelos co111 nbcessos na veia ou a, téri,i 111nhiliç1I i'l pre- lonqada (> 1 mes) m m pe1 1icili ni1 li
se11tarn pouco apetitE->, 111aç1ros e,; c,lep1 irniclos. fJode havei /\ preve11ção f,1z-se pelo rnrrecto n1cmeio alimenta r (ver prc~-
)inai s d(:-: dor ii pa lpaç:;10 élbdomi1 1JI profund,1d ireita, vc0nção de ,1eidose su bcl ín ica), desi 11 1"ecção do umbic_Jo, ddmi-
Os sir,a is cfos cloenços "po rra-de-en!Têlcfa" podcrn ;Jin- 11istrélçâo co rrecta do colostro c 110a Jssc~psi,1 íkl S ci 1urg iJs.
0

d;;, se, evide11tes (e.g. onfo lites) ou n;io. Os sinais pró- A VJC111c1çiio conu·;i F neuophon mi Lem 111ootrc1rlo interess(:-;
pri os das ,;cqu.,,1,1, ~p1·esf-c 11tadé1, c1cirna es-r~o clescr it o~ c,'111 fcr'cl-lnts rn 1dt' i1 preval t•ncia dc ,111cessm é muito elevada.
0

c rxn i.l S I f:'.;r1ec\iv;1s cloen,·ns. O uso por mtin,1 de ,mlir11icrobi,1 11os 11n ali11wr1to tcêrn al{d urn
efc ito preven t ivo l:-'1"11 íeed-l ob, 1nr1s n!io (_; per rn iticJo rk1 l JE.
0

Vt ic1 1111 ti iiliG1I (<.Jt 1f.ilofkhilc-",). l·l<11ilf 11c 'i 1te ,1 rréi iJs Si;pticé11 1iJ, 111eni1 1CJite, poli,1rtrile, pi1eui ,1 oi1i,1.
Vitelos
, i111hilic,1i'.; (rn 1hilo,1i 1·, 1ites).
0

Novilhos de engorda l\n vid IH'f 11t1lc',qe11 c1 cl fH'>:., tt 1tT1 ir 1il e'.i (!' prlt71qucrt1·
(feed-/ot) [U S(: llll11Íllui,

111111 1i11ilé", (,H. icloses i urr1ii 1c1is), relirn lo-p<:t ilrn1 i- '.; íi1di orrH' du Veiil CM1 f"'os terirn (v.), w•i ilu1fi LP'.,,
Vacas leiteiras l<·'S Lrc1 ui MiliCclS, l"t l<.;( •f ;1s do ílbom,iso Jic•r fI ir,1d,1s <1dei011ci,1s ~· ol sti uc;ôes ir 1tc•51i11,1i,.
ci1uiL.J ias.
FASCIOLOSE MAGREZA· EDEMA SUBMANDIBULAR
ANEMIA

Fascio/a hepatica é um tremátodo de forma foliácea


que parasita os canais biliares de várias espécies
de mamíferos.
F. hepatica tem como hospedeiros definitivos (HD) habituais
os ovinos e bovinos e como hospedeiro intermediário (HI) o
molusco gastrópode Lymnaea truncatula. As dimensões do
parasita são aproximadamente de 3,5 cm de comprimento
e 1 cm de largura. É hermafrodita.

~TOG!HIA
O ciclo extra-mamífero é de 3 meses e o intra-mamífero
dura 2,5 meses. metacercárias que deixam o HI no fim da Primavera início do
Após expulsão dos ovos nas fezes pelo HD dá-se a eclosão do Verão; ciclo de Inverno, em que parasita que entrou no HI no
miracídio ciliado que procura e penetra no HI. Algum tempo Outono suspende o desenvolvimento durante Inverno e sur-
depois há saída de cercárias do molusco e enquistamento na ge no ambiente no início da Primavera. Partilha de pastagens
vegetação sob a forma de metacercárias, sendo estas ingeri- com ovinos é um factor de risco.
das pelo HD. As metacercárias podem sobreviver um ano num
ambiente propício - zonas húmidas sem temperaturas extre-
mas. No interior do HD migra para o fígado e matura nos cana-
A lesão mais evidente na necrópsia é a distensão dos
lículos e vesícula biliar (-1,5 meses após infecção), a partir dos
condutas biliares com paredes fibrosadas e mesmo
quais liberta os ovos. As migrações podem causar insuficiência
calcificadas.
hepática (rara em bovinos) e a fase adulta, hematófaga, causa
espoliação caracterizada por anemia e hipoproteinemia. Formas imaturas e adultas podem ser retiradas dos trajectos,
dos canalículos e vesícula biliar. O lúmen dos trajectos está
Bovinos podem criar alguma resistência a infecções repeti-
por vezes preenchido por um exsudado amarelo-esverdea-
das. Pode haver migrações acidentais para outros órgãos.
do. Com a evolução da doença ocorre fibrose/esclerose do
As migrações são um factor de risco para infecções hepáti-
parênquima hepático. Em alguns casos observam-se quistos
cas por clostrídeos.
fibrosos no parênquima hepático e calcificação distrófica
dos duetos biliares. O lobo ventral é o mais afectado.

Para além disso podem surgir lesões associadas à infecção


Doença clínica mais provável na Primavera ou Outono. por Clostrideos (v.) como necrose hepática, petéquias e he-
A fasciolose (por diferentes espécies) tem distribuição quase moglobinúria, e lesões no peritoneu e outros órgãos (ab-
cosmopolita sendo enzoótica em zonas ribeirinhas ou pan- cessos) devido a migrações acidentais
tanosas com presença de espécies vegetais tais como agrião,
junco, ou festuca, onde os hospedeiros intermediários vivem.
Em Portugal a espécie F. hepatica distribui-se por pratica-
Dados epidemiológicos e sinais clínicos são
mente todo o território. É considerada uma antropozoonose.
essenciais ao diagnóstico presuntivo.
Condições de desenvolvimento óptimas na Primavera-Verão
(15-25°C). As condições desfavoráveis dão-se com tempera- A detecção de ovos por coprologia apresenta baixa sensibi-
turas muito altas (>30°C) ou muito baixas (<10°C). Dois ciclos lidade e só identifica a fase adulta . Anticorpos no sangue ou
influenciam altura de infecção do bovino: ciclo de Verão, por leite ou antigénio nas fezes ou sangue.
tS Clf I 05
O edema sub-mandibular devido
a hipoproteinemia é o sinal clássico,
mas nem sempre presente.
Os sinais de fasciolose aguda (fase das migrações) nao
são muito com un s em bovinos devido à resistê ncia e
pequeno n(1mero de pa ras itas habitua lmente ingeri-
dos. A fase crón ica caracteriza -se por emagrecim ento
progressivo, anemia, edemas (sub-mandibular é parti-
cularmente evidente), coprostase e depois diarreia e
"mau pêlo". Alguns animais podem mostrar dor abdo-
mina l (cifose) e icteríc ia. Os sinais de choque tóxico (e
morte súbita) podem surgir devido a infecções secun-
dárias por Clostrideos.

An áli ses sa nguíneas mostram anemia, eosinofilia, hipoalbu-


minémia, hiperglobulin émia e elevação dos nívei s sanguí-
neos de enzimas hepáticos,

A fase crónica da doença deve ser diferenciada de paratubercu-


lose, amiloidose, outras parasitoses, carências minerais e fome.
Estas últimas três condições podem estar associadas à fasciolo-
se. A reacção à prova da tuberculina i1 1tradérmica parece ser
reduzida em casos de infecção concomitan te corn F. hepatica.

TERAPtUTIC E PREVENÇ O
Princípios activos variam no espectro de formas
que atingem.
Para um convenien te tratamento convém percebe, qual o es-
pectro do produ to a usar (adullicida, larvicida ou ambos) e
quais as formas que estarão presen tes no momento de admi-
11istraç5o. As resistências aos diferentes produ tos são possíveis
e por isso il rotação pode ser él conselhada. Norma lmente são
propostos dois tratJrnentos anuais·· Dezembro/Ja neiro e Ma r-
ço/Mêi io - mas pode have1·vari ações relacionadas mm exposi-
ção, clima, es tabulJçao, ali rner1t,1ção etc,, Aos animais forte-
mente i11festados eleve ser feito um trata 1ne11to de suporte,
ali111e11tJção de qualic1i1de e desparasitr1çào de nematodes.
A prevenção e,l;i fc1sciolose passa pelc1 administração de fascio-
licidas, retirilda dos a11i1mis de zonas onde o 1-11 seja Jbundan-
te, qt.rnentena de animais import;idos, aplicação sensa til de
r11 oluscicidas, alimentação com fpno e eventu ais dreriagens,
A erradiCiJç;'io seriÍ possível co111 um prog rama mu ito i11tensi-
vo e apertacla s regras de liiossPg ura nça. A vilcinaç!ío comer-
cial ai11da 11ão existe, mas as perspeCliVél Ssão promissoras.

1 PERDA DE PESO, QUEBRA DE PRODUÇÀO LEITE IR,\

l,,___________ _ __.,
l'rod11,:.So rn:ii~ b.·1i,:c1
Mastites subclínícas pc)(le I c<1ve1lie")eiri1 11111Hd,1c\·,1n -· '.,i 11,1i·, de drn ~ 1, c1 lp,1çiu lc> ecor 101T1i011 rH;~ri t e it 1tPr'e~:>tll'l le
qllc11 to ,1(1::c1,1clu, l)o~ ilivn ,10TCM 1• CC, >'1011.000 por mi lítH:ir.

1:Li olocJi~ dc!::co11 hf2c id<1 111:i:; p1CJV,JVL:liw:11le cl cv ido :1c1 c- Corren.:m :ili1, 1cn 1·,ir. l: vit,11 1:ie/-
Paraqueratose r,: ,io cl1c µl·I ócido :;ol:i 1f; d 11111, 0<1. 11<'c.lLl(êl o cl c-2 ,1IJ:,1wçtin let:, de luzern.i.
ou hiperqueratose ruminai . de/\(;\/ iv1LI CO'.;( l e J)cllJ il d'; rl 11 11Íl 11) ÍS t-.::i 1H; :,~(1 S (-' (,:'.')C ll l'(.l),
r.le:,li1Ci11Hlc1-'.,<:' (,iciln 1e11 1e (1 ,1,1i, 11 C> , ilC:o rilirsJI).

Corpos estranhos não A11< J1 exi,1 r c1rcial. rna:; mlli t,1s W'7es 11;io (IC!tcc:t,ivd , ll ,li:,a ílummotorma.
perfurantes no reticulo-rumen proclll(~n lci1,2í1 ,1 l' percl~ qr,1clt 1,11 ele pc,o. Tirnp,111is1-r10
prejudicando progres são rc.corrent( \
do conteúdo

V1Jcr1i:. v1;•lh11~ cn 1 Ptl', trJ9c 111. Fd ltd d{: inci:;ivu\ 0 L1 1T1e~\n1 0 /\ 1li n 1'1 i:; r11db ve ll ,os cleven 1 ::c~r
Problemas dentários mul t11e~. Mr.li:i rc1rz1rnc1 t!T· ('111 ~in im;Jis rTir1i'; novos po r p 10- abatidos. l:, t 1c1o;jo de d l·:ill l,S
blc1,1,1s de c· 1u1"J(\o Ol l ll·~i'le:; n,1', 1,1íze1. [Xll lic"io:;,

Outras causc1s: lntoxlcaçõe~ crónicas, par11sltas GI, carê11 las rn ollgo lrmentos e vltilmlnílS (e.g, fielé nlo e vlt E).
ABORTO

O aborto é o único sinal clínico de muitas das doenças que súbita, pode não haver hipótese de vo ltar atrá s e colher
apresentamos de seguida. O aborto é confirmado aquando mais informação. Esta abordagem deve incluir a avaliação
da expulsão do feto e/ou m embranas fetais, mas o clínico do ambi ente (e.g. pastag em), o exame clínico da vaca e o
deverá ter em conta as situações em que tal não acontece exame cuidadoso da pla centae feto. A aná li se sorológica
(e.g. fetos mumificados) ou em que o feto não é descober- da vaca é também extremamen te útil - os títulos de anti-
to. Esta última possibilidade é relativa mente frequente em corpos devem ser comparados entre vacas abortadas e não
vacas em pastoreio, mas também possível em vacarias de abortadas e entre o momento do aborto e 15 dias depois.
leite (e.g. feto arrastado por rodos mecânicos). Uma terceira
Após uma boa recolha de informações pod emos ser mais
hipótese é a de morte com reabsorção embrionária, que
racionai s na co lheita de material e no pedid o de exames la-
não sendo propriamente consi derado aborto é aqui incluí-
boratoriais. Amostras para histopatologia devem ser coloca-
do por ter ca usas comuns. Igualmente importante será fa-
das em formol a 10% e para cultura bacteriana ou isolamento
zer a distinção entre aborto (60 a 260 dias de gestação) e
vi rai devem ser refrigeradas no interior de recipientes estéreis.
parto precoce com nado-morto (> 260 dias de gestação).
O conteúdo estomacal do feto é o material ideal para bacte-
Muitas das causas de aborto não são diagnosticadas facil- riologia. Incluir ainda fígado e pulmões fetais. Deve ser reco-
mente ou porque o factor etiológico entretanto foi elimina - lhido um cotilédon e representativo das lesões e enviado em
do ou porque o feto e m embranas estão em avançado es- fresco ou efectuar esfregaços por aposição. O sangue e flui-
tado de autólise/putre facção ou porque simplesm ente não dos encontrados nas cavidades fetais são de grande impor-
se encontram os produtos do aborto. Aliás, diversos estu- tância no diagnóstico de BVD, neosporose e leptos pirose.
dos indica m que men os de 40% dos casos de aborto ob-
Enquanto que em vacaria s de leite será relativamente fácil sa-
têm um diagnóstico etiológico definitivo.
ber o tempo de gestação do feto, isto poderá não acontecer
A abordagem a um problema de aborto deve ser cuidadosa em vacadas de carne. Como esta informação pode ser crucial
e metódica, Algumas das questões que devem ser elucida- para o diagnóstico, pode ser aplicada a seguinte fórmula:
das antes do exame do an imal são:
Tempo de gestação (dias)= 2,5 x (comprimento do feto*+ 21)
• O aborto é esporádico, endémico ou epizoótico? Por exem-
Como já se referiu, a morte embrion ária pode con duzir à
plo, uma incidência anual de aborto de 1-2% das gestações
reabsorção e retorno à cíclicidade sem outros sinais A mor-
pode ser considerada normal, mas quando ultrapassa esses
te embrionária ocorre quando há uma falha no reconheci-
valores deve ser alvo de aturad a investigação.
mento materno da gestação ou o ambi ente uterino é ad-
Ir.ti Qual a idade das fêmeas abortadas? Qual o tempo de verso à sobrevivência e implantaç ão do embrião. Se a morte
gestação? embrionária for precoce, o intervalo entre cios não é afecta-
do, mas se for tardia (após implantação) o intervalo entre
• Quais as regras de bi osseg urança implem entadas (e.g.
cios sofre alteração, entre os 25 e 40 dias.
houve entrada de novos anim ais)? Há acesso de outros
anim ais (e.g. cães ou roedores) ao alimento e água de be- O feto mumificado surge quando há morte fetal entre 4 e 5
bida? Que vacinações são incluídas no plano sanitário? meses com a persistência do corpo lúteo, sendo rea bsorvidos
os fluidos fetais. Quando ocorre contam inação bacteriana ocor-
1 Que outras doenças e sinais se encontram no restante
re maceração. No primeiro caso não há qualquer sinal sistémico
efectivo (e.g. vitelos)?
de doença enquanto que no segundo costuma haver anorexia,
rts Quais os índices de fertilidade no passado e no momento? perda de peso e quebra de produção da vaca. É aconselhado
• Qual a dieta e se exi ste possibilidade de intoxicações? reconfirm ar o DG a partir dos 6 meses especialmente em zonas
de aborto endémico (e.g. neosporose), promovendo a abertu-
Houve causas de stress rece ntes (e.g. trovoada ou fogue-
ra cervical e expulsão com a administração de PGF2a seguida
tes)? Foram administrados fármacos o u vacinas?
da extracção manual do feto da vag ina ao fim de 48 horas.
Também a forma de abordar os casos individuais deve
cumprir requisitos de rigor pois, como nos casos de morte 'O comprim ento do feto é med ido da cabeça até ao ânus em centímetros

ABORTO
ABORTO· NADO MORTO
ORQUITE

ETfOLOGIA
Bruce/la abortus e, em menor grau, B. melitensis.
Cocobacilo gram negativo, intracelular facultativo. A per-
sistência infecciosa deste agente deve-se à capacidade cie
sob reviver e multiplicar-se dentro das células fagocitárias
(macrófagos e neutrófilos) e 110 tecido li11fóide, impedin-
do, por diversos mecanismos, a fusão dos lisossornas com
o fagossoma . É 110 interior dos leucócitos que a bactéria
acaba por penetrai no C1tero, glândula mamária, articula-
ções etc.

EPIDE IOLOGIA
Doença erradicada em muitos países e
relativamente controlada em Portugal.
O número de bovinos seropositivos têm vindo a diminuir
em todo o país, sendo a situação mais problemática nalgu- PATOGENIA
mas ilhas dos Açores .
Praticamente todos os animais infectados actuam
Importantíssima zoonose, provocando uma doença cróni- como portadores para toda a vida.
ca extremamente debilitante em humanos. Infecção 11atural ocorre essencialme11te por incJestão de B.
Durante muito tempo foi considerada corno a causa mais aborlUs, sendo menos freque11te por via conjuntiva! ou so-
importante de aborto bovino. Devido às características zo- luções ele continuidade. Os materiais infectantes são os
onóticas, enorme impacto económico e evolução insidiosa
da doença, merece o primeiro lugar nesta lista de doenças
causadoras de aborto.
SI IS CL( ICOS
Nem todas as infecções resultam em abo1tos, e menos de
20% das vacas infectadas abortam mais do que uma vez, O aborto no último te rço da gestação pode ser
Em zonas endémicas os abortos são mais frequentes em o único sina l cl ínico de brucel ose.
novilhas, mas após er1trada do organismo em zonas ou ex- Ocasionalme11te há mumificação ou rm1ceraçâo do
plorações indemnes os abortos podem ocmrer de forma feto. As vacas abortadas apresentam retenção placen-
explosivêi. tária e metrite. As vacas que 11ão abortam dão origem
O organismo é pouco resistente à dessecação, luz solar e a vitelos débeis ou normais (portadores vitalícios da
calor, sendo que os pastos se mantêm como fonte de infec- infecçào latente). Em algumas vacas segue-se um pe-
ção por 100 dias no Inverno e menos de 30 dias no tempo ríodo ele infertilidade prolongado. Apesar da bactéria
quente, se manter acantonada na glândula mamária, normal-
mente não há sinais ele mastites.
Não está bem esclarecido o papel representado por outros
animais na disseminação da bactéria, senclo possível que Nos machos, a brucelose caracteriza-se por orquite, epidi-
ruminantes selvagens e cavalos sirvam como vectores. Os dimite e inflamação dos órgãos reprodutivos acessórios.
pequenos ruminantes são fonte importante de 13. me/itensis, Animais infectaclos com B. abortus podem ainda fazer
sendo que a situação sanitária dos efectivos ovinos e capri- artrites, sinovites e higromas.
nos está menos controlada.
produtos dos abortos e o corrimento uterino subsequente. parte dos programas sanitários coordenados pelos ser-
A bactéria pode estar presente nos fluidos uterinos desde viços oficiais. Estes não serão aqui abordados em maior
duas semanas antes do parto ou aborto até três semanas pormenor.
depois. A bactéria é igualmente excretada no leite (elevado
Todo o material suspeito deve ser manuseado com cuidado
risco zoonótico) sendo a glândula mamária o local mais im-
devido ao facto de se tratar de uma zoonose.
portante de manutenção da infecção nas fêmeas não ges-
tantes. A transmissão venérea não parece ser importante. DD essencialmente com leptospirose.

Vacas infectadas excretam o agente no leite durante toda a


vida e nas lóquias de partos normais seguintes. TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
O período de incubação é muito variável e depende da Não se devem tratar animais suspeitos de brucelose.
imunidade da vaca e do tempo de gestação em que se en-
A brucelose é uma doença de declaração obrigatória
contra. Durante a bacteriemia há invasão do útero gravídico
e as regras sanitárias nacionais impõem o abate
e multiplicação nos trofoblastos corioalantóicos, provocan-
imediato de qualquer animal clinicamente suspeito
do forte reacção inflamatória e necrose. Com a lesão da pla-
de ser portador e/ou que seja seropositivo.
centa há acesso ao feto.
Os portadores latentes e alguns animais não gestantes ex-
postos ao agente, são por vezes seronegativos (imunotole-
LESÕES rantes) sendo esta uma das principais razões do insucesso
de programas de erradicação. Por outro lado a reacção cru-
Placentite, anasarca fetal e pulmões fetais cobertos
de fibrina. zada com outras bactérias é relativamente frequente e leva
ao abate de animais falsos positivos.
Zonas intercotiledonares apresentam-se secas e espessa-
Uma vez confirmada a infecção numa exploração, todos os
das, podendo estar coberta por um exsudado amarelado. A
animais devem ser testados e os seropositivos refugados.
necrose dos cotilédones é mais grave em infecções por 8.
Todo o material resultante de aborto deve ser eliminado e o
melitensis. Pode ser evidente hepatomegália e esplenome-
leite de vacas seropositivas ou suspeitas deve ser pasteuri-
gália no feto. São evidentes artrites, com fibrina num líqui-
zado antes de oferecido a vitelos (ou para consumo huma-
do sinovial abundante. O parênquima testicular está friável,
no). Estábulos e outras instalações devem ser lavados e de-
necrosado e purulento. Abcessos testiculares.
sinfectados (bactéria é sensível aos desinfectantes normais
ao calor e à luz solar).
DIAGNÓSW:O A vacinação é uma opção nos países ou zonas com sero-
O isolamento da bactéria a partir dos tecidos fetais prevalências elevadas, mas requer a aprovação de um pla-
ou fluidos uterinos permite um diagnóstico no de vacinação pelos serviços oficiais. As vacinas RB51 e
definitivo. Rl 9 são as mais frequentemente usadas para controlo da
infecção por 8. abortus, mas não garantem 100% de pro-
Observação das bactérias (coloração Ziehl-Nielsen) em
tecção. A vacinação de cabras e ovelhas faz-se com a vaci-
esfregaços por aposição dos cotilédones. Análises imu-
na Revl.
nohistoquímicas, PCR, serologia, teste Rosa Bengala,
teste de fixação do complemento, teste de aglutinação A principal forma de prevenção é a interdição de entrada
lenta, ELISA indirecto, ELISA de competição, teste de de animais não rastreados ou oriundos de explorações não
ensaio de polarização fluorescente e o teste do anel do certificadas como indemnes. Na dúvida, os animais devem
leite (milk ring test), são todos meios de diagnóstico la- ser mantidos em quarentena até recepção dos resultados
boratorial. A identificação de animais infectados faz da serologia .
LEPTOSPIROSE ABORTO E INFERTILIDADE (CRÓNICA)
SÍNDROME HEMOLÍTICA (AGUDA)

ETIOl GI tante altas em certas zonas. O impacto económico resulta


dos abortos, inferti li dade, quebras de produção leiteira e
Doença causada por diferentes serovars da bactéria
alguma mortalid ade (essencialmente vitelos).
Leptospira.
A infecção por outros serovars conduz a surtos explosivos
Tradicionalmente o género Leptospira incluía duas espé -
de abortos e uma mortalidade muito mais elevada entre
cies sendo que apenas uma (L. interrogans) compreend ia os
animais jovens.
serovars patogénicos. A classificação actual é mais comple-
xa (e ainda controversa) passan do a incluir mais de 15 espé- As Fontes de infecção são os pastos e águ as contaminados
cies (patog én icas e saprófita s) e cerca de 200 serovars dife- com urina ou corr imentos genita is de animais infectados/
rentes. A classificação baseada nos serovars ainda faz portadores. O sémen de touros infectados também pode
sentido em termos clínicos e será mantida neste texto. Em transmitir a doença. Recém-nascidos infectados podem ex-
bovinos têm especial interesse os serovars hardjo, pomona, cretar o agente durante meses na urina. Ratazanas, outros
grippotyph osa e icterohaemorragiae. roedores e herbívoros selvagens são Frequen tem ente a fon-
te de novas infecções nas explorações de bovino s.
Leptospiras são espiroquetas Gram-negativas, aeróbicas
obrigatórias e móveis.
TOGE 1
IDEMIOLOGIA Os bovinos são considerados hospedeiros de
manutenção (i.e naturais) do serovar hardjo.
A leptospirose é considerada a zoonose com maior
distribuição mundial. A infecção em bovinos apresenta duas formas distintas, con-
forme o serovar envolvido. Sendo que os bovinos são hos-
L. in terrogans serova r hardjo (S. hardjo) é uma das ca usas
pedeiros adaptados ao serovar hardjo, a prevalência e facili-
mais importantes de aborto bovino no mundo e uma das
dade de propa gação entre bovi1, os é normalmente elevada,
variantes mai s frequentemente id en tificada em doentes
mas a gravidade da doença é baixa. Ou seja, a infecção é
humanos. Este serova r circul a na população bovina com
endémica e pressupõe um certo equilíbrio entre hospedeiro
facilidade sendo que as seroprevalências podem ser bas-
e bactéria. Em contraste a doença por serova rs dos quais os
bovinos são hospedeiros acidentais (pomona, grippotypho-
sa, canicol a, icterohaemorragiae e outras) é mais grave, se
bem que de tran sm issão mais difícil e a prevalência mais bai-
xa. As fontes das bactérias deste segundo grupo são outras
espécies de mamíferos, domésticos ou silvestres.

A porta de entrada do agente é através de mucosas, solu-


ções de continui dade da pele, conjuntiva ou mesmo atra-
vés da pele molh ada. O período de incubação da doença é
de 4 a 8 dias durante o qual há bacteriemia. A evolução da
doença depende do serovar, como já foi referido. A doença
aguda afecta essencialmente animais jovens, nos quais
uma séri e de toxinas (e.g. lipopolissacaridos e hemolisinas)
causa m lesões no endotélio de pequenos vasos e cond u-
zindo a isquemias localizadas em diversos órgãos. Ocorrem
hemorragias e há hemólise intravascu lar. Os animais que
sobrevivem mantêm-se como portadores assintomáticos,
excreta1,do a bactéria na urina e contaminan do o ambiente
por mais de 3 meses.
nar e petéquias e hemorragias nas serosas e mucosas. Há
S1!\lt1,IS U.Íi\llCúS necrose e autólise da placenta.
Infecção epidémica por L. hardjo pode causar
redução repentina da produção de leite por
duas semanas, sem mais sinais.
O teste de referência para distinguir serovars é a
Por vezes há alteração do aspecto do leite que fica
microaglutinação (MAT) sendo que títulos> 100
espessado, amarelado e com ou sem vestígios de san-
são considerados positivos.
gue, sendo os quatro quartos afectados igualmente.
A infecção crónica por L. hardjo causa ainda aborto/ Outros testes possíveis: ELISA, teste de hemoaglutinação
nado morto esporádico e infertilidade prolongada, indirecta, imunoflurescência e PCR Lembrar sempre a pos-
dependendo a gravidade da adaptação da população sibilidade do laboratório não estar preparado para procurar
ao serovar. Vitelos de vacas infectadas podem nascer os serovars mais comuns na região. Os títulos após infec-
vivos, mas morrem pouco depois devido a debilida- ções com serovars acidentais são geralmente altos(> 1.000),
de. Há quase sempre retenção placentária. Baixa ferti- mas quando se trata de um serovar endémico pode haver
lidade em touros infectados. pouca alteração nos níveis de anticorpos. Dois factores que
confundem a leitura dos resultados são: a possibilidade de
As infecções acidentais pelos restantes serovars cau-
reacções cruzadas entre serovars e a influência de vacina-
sam um quadro mais dramático, como seja surtos de
ções prévias, pois, apesar dos níveis de anticorpos após va-
abortos na segunda metade de gestação, mastites e
cinação serem geralmente baixos (<400) e pouco duradou-
infertilidade nos adultos e um síndrome hemolítica
ros (<4 meses), podem dificultar a interpretação se se
nos animais jovens, caracterizado por septicemia, fe-
fizerem várias vacinações muito próximas
bre elevada (>40°C), depressão, anemia, icterícia e he-
moglobinúria. São ainda evidentes sinais de edema A confirmação do papel de L. hardjo em situações de infer-
pulmonar e hemorragias e petéquias das mucosas. tilidade na exploração não é fácil já que pode não haver
Mais raramente ocorrem sinais neurológicos (menin- uma relação directa com a seropositividade. Deve-se testar
gites). A mortalidade na doença aguda é muito eleva- uma amostragem de 1Oanimais do efectivo com diferentes
da em animais jovens. idades.

A cultura microbiológica não garante resultados imediatos


(crescimento dura >2 meses) e a observação microscópica
do agente etiológico na urina, sangue, corrimento uterino
A doença crónica é a mais frequente em adultos e carac- ou LCR do animal vivo ou no rim e pulmão do feto abortado
teriza-se por lesões a nível da place11ta, glândula mamária e é difícil (material deve chegar rapidamente ao laboratório
tracto reprodutivo, conduzindo a aborto, infertilidade pro- pois a bactéria resiste pouco no exterior do animal). Teste

longada e baixa produção de leite. Uma vaca abortada con- de imunofluorescência ou PCR destes materiais garante

tinua a excretar Leptospira nas lóquias durante mais de maior sensibilidade.

uma semana. Um bovino portador pode excretar o serovar O hemograma dos casos agudos mostra hematócrito baixo
hardjo durante toda a vida . e tanto pode haver leucocitose como leucopenia depen-

A fonte de infecção de humanos é essencialmente a urina dendo da fase da doença.

de animais doentes ou portadores. DD do aborto deve ser feito com brucelose, intoxicações,
Febre Q e Neosporose. Para DD da doença aguda ver pági-
na 206.

Na doença aguda a icterícia é o sinal mais


TE A UT A EVEN O
consistente.
Estreptomicina é tradicionalmente o antibiótico
Os fetos abortados podem mostrar hepatite, nefrite e um
de eleição para o tratamento de leptospirose.
grau de autólise elevado. Animais jovens mortos após do-
ença aguda demonstram icterícia generalizada, bexiga Outros antibióticos eficazes são oxitetraciclina, doxiciclina e
cheia de urina vermelho-escura, edema e enfisema pulmo- amoxicilina.
O tratamento com antibiótico permite eliminar a infec-
ção e excreção urinária de L. hardjo, mas não evita a
reinfecção . O tratamento de todo o efectivo (e.g. 25
mg/kg pv I.M. de estreptomicina durante 5 dias), mu-
dança de pastagem, vacinação durante 5 anos e serolo-
gia de todas as vacas que abortam, é o programa acon-
selhado para a erradicação do serovar hardjo de um
efectivo de bovinos.

Nos casos agudos apenas uma intervenção muito precoce


com antibiótico permite salvar o animal já que a hemólise e
nefrite evoluem muito rapidamente. Transfusões sanguíne-
as em vitelos com anemia são aconselhadas, mas o prog-
nóstico continua a ser reservado.

O controlo da doença faz-se através de medidas de bios-


segurança, mas em situações em que o isolamento de
outros animais domésticos ou silvestres é impossível, ava-
cinação é recomendada. A vacina deve compreender os
serovars da zona (ou pelo menos os mais habituais no
país) e deve ser efectuada apenas em animais com mais
de 4 meses (é a duração da imunidade de origem mater-
na). O programa deve incluir uma dupla vacinação inicial
seguida de reforço anual, ou semestral em zonas de risco.
A vacina é bastante eficaz contra os serovars que têm os
bovinos como hospedeiros acidentais, mas os resultados
são algo decepcionantes para o controlo do serovar hard-
jo (não evita migração para o tracto genital e feto, nem a
persistência da infecção renal e excreção urinária). Múlti-
plas vacinações podem conduzir a um perigoso estado de
hipersensibilidade.

As regras de biossegurança incluem a redução dos con-


tactos entre os bovinos e outros animais ou a sua urina -
ratazanas, cães, herbívoros selvagens - a eliminação de
águas estagnadas onde se acumulem urinas e a mudança
frequente de pastagens. A quarentena é uma medida es-
sencial para os serovars acidentais, mas provavelmente
ineficaz para hardJo porque os portadores são assintomá-
ticos. A serologia de animais introduzidos pode identificar
portadores.

ABORTO
-
EOSPOROSE ABOlffü , FETO MUMIFIC ADO
SIN AIS NEUnOLÓGICOS

ETIO OGI
ISC INIC
O protozoário intracelular N. caninum.
O aborto ocorre tipicamente entre os 5 e 6
N. rnninum 11enerice ,10 fil o Ap ico rnpl C:'xa e família Sar-
meses de gestação.
cocyst i<l 21e. O ciclo de vid é1 do parasiti'l i1·ic lui do is hospedei-
ros (ciclo hetero.xe1 10). O hospedeiro defin itivo é o c:ío e o As VêlCas ir1fectada s (e abortada s) não apresen tar ri
bovino urn dos pos sívei<, hospe< leiros ir 1te rmecl i,írios. out ros sinais de infecção excepto menor proclução
de lei te. O íe to inf-ectaclo l ransplé1centariarner 1te
pode morre r e se r expu lso im ecl iali1rnente, ,ofre r
OE OLOGIA um p rocesso de mumificação o u maceração ou
A transmissão vertical é a forma mais habitual nascer de termo, com ou sem sinc1i s de doença. A
de infecção. rnurnificaç,10 é u111 resu ltado muito rnais habitual na
r1eosporose em cornpara ç10 com outras ca u,as de
Parc1s ilil prilticarne11te cosmopolita. l:s Lucfos ern Portugal
,ibono. A reabsorção em br ion ár ia de que resultam
d ernon strarilrn que mai s de 30% dos fetos iJbortados conti -
interv,Jlos llliliores e irregu lares e ntre c ios é rnerios
nham qu istos de N. rnninwn . A serop 1eva lc1icia é 11orrnal-
co mum. r1 arame r1te as vacas fazem abortos rep eri-
mcr1tc muito alta (até aos 80%). O aborto pode surgir de
clos e quariclo o fJzem são cada vez mais tarde nd
for111c1 epizoótica quando o parasita é introduzi do numa
cJesta ção.
manada a11teriorrne11 te ir 1dernne. A neosporose e~ co11s ide-
rad,1er1 dérn ica se r1 kl is de 5% dc1 s w1cas ,llior t,irern por essil Vit elos nasci do, infectados podem ser rnêl i\ dr''LJeis

ra usil ao lo ngo d os ,mos. com cresc imento lento, apresentar sin torm1toloq ia
nervosa ou serem completamente saudávt> is. O, si-
Os ooc istos são excretado s aper1as rias fezes dos cães. Estc1s
nais neuroló9icos surciern até aos 2 rnesccs de id,ide -
conta rnir1a111 o alirner1to ou ,íÇJLkl sendo ingc"ridas pel o
ílt,1x ia, ir1Coorder1,1ç,10 ou prostl'/JÇào (h ipc: rfll:'xéio r:Ju
hospe deiro i11ter111ecJicíri o. O feto é i11rc ctado iltravés d a
0

hiperex t er1s i10 dos membro s). Pode ,i incJ a l1dvt'r hidro-
1i l,ice 11ta. A tr,J11smiss:ío va c,1 il vaca, atrélvés cio sémen ou
cefa li a, exoftalmia ou assimetria ocu l,H. A mortalidd~le
dl::· e1nbriôes 11,io ocorre e c1través do leite ape r1c1s foi c.le-
é muito elevnda.
r11o r1 strada t'xper ime 11tc1lrnente. No o rç1a1 1i s1110 hospedeiro
intern1eckírio o parasita for rna qui stos qL tt' o proteJarn das As vitelas con9 er1itc1rne11te infcctadas ilpre:'sentcHn J
maior risco ele abrn tc1rern ria prirneiril 9t•s taç00 e o ri çi i-
narern vitelos t,mü.>érn co ngenitarnente infectildos

defesas irrnmit,írias. Os qui stos siio er1conlrados prirKip,1l-


rne r1te no tec ido ne1-voso e rn(r sc ul os esq uc lJticos (da vaca
e Í'ecto) e li1111b{,111 11c1 pl,icp 11 ta. A for1 r1,1 do cju se i11fectJr
ainda 11,io es té'1 bern c;;tahe lecid,1, rl kJS prov,wc lmcnle
ocorre quernJo i1 1ciert> os quistos ern rn,,teriil l inr(~Ctildo
(e.g . p lacen lil o u proclutos de clbor tos). A prolxü iilkfade de
tr,rn srn iss,1o cor 1[Jé r1i lé1 r1flo p,irece ser i11 flu e11ciclda pel,1
raçil ou h is tó ria de abor tos prévios, ma s p,irece ser mais
frequen te ern vacas jovens. É rnais p rov(1vPI l1 2wer tra11s111is-
são ,.1 p,irtir ele vacas i1 Jfec:t,1 d as sero1 JOSitivé1s do que inft>c-
tc1d ,1, n1 as se ro11e9,1Livas, d ,md o a ic.le i,1 que há recrucle sci-
rn ento da i11fecção durante a gestação

i\ íl()f ff(J
OtAGt,óSTICO
Necessária a identificação histopatológica do parasita
na placenta e tecidos fetais - cérebro, fígado, coração.
A seropositividade da vaca apenas garante contacto prévio
com parasita, mas não significa que este seja responsável
pelo aborto/infertilidade. A detecção de anticorpos no feto
ou recém-nascido (antes da tomada de colostro) indica infec-
ção congénita, mas o facto de não se detectarem anticorpos
não indica necessariamente que não houve infecção fetal.

O parasita pode ser identificado através da observação dos


quistos, PCR ou imunohistoquímica. ELISA indirecto permi-
te usar como amostras o soro e o leite. A identificação de
anticorpos no leite do tanque é uma primeira forma de
confirmar a presença do parasita num efectivo leiteiro.

TER pf:unc E PREVE ÇÃO


Actualmente não existe forma eficaz e segura de
eliminar o parasita dos hospedeiros intermediários.
Não existe evidência de que a neosporose seja uma zoono-
A prevenção de efectivos indemnes depende de regras de
se Ocasionalmente infecta ovinos e caprinos.
biossegurança, ou seja, de evitar a entrada do parasita. Isto
é conseguido através do controlo do acesso de cães (ou das
AT GEN suas fezes) à fonte do alimento ou água consumida pelos
A transmissão do parasita através da placenta ocorre bovinos, assim como o controlo serológico apertado de bo-
muito facilmente. vinos introduzidos na exploração. Cães jovens excretam
mais oocistos e por isso deve-se controlar particularmente
O aborto pode ocorrer por lesão da placenta (vasculite, in-
o acesso de cadelas gestantes e suas ninhadas. Os oocistos
flamação e necrose corioalantoide), multiplicação explosiva são relativamente resistentes no ambiente sendo pouco
do parasita no feto ou estimulação da produção de prosta-
eficazes as medidas de desinfecção (e.g. ambiente e água
glandinas pela mãe que conduz a luteolise O resultado da
de bebida).
infecção depende do momento da gestação em que o feto
é infectado - se ocorrer antes de se estabelecer um sistema Deve ser evitado o acesso de carnívoros aos produtos de
imunitário eficiente (<100 dias) geralmente há aborto, mas aborto, cadáveres de nados-mortos e placentas. Todo este
se for após os 150 dias o vitelo pode nascer vivo, sendo por- material deverá ser retirado, enterrado ou queimado ime-
tador ou não do parasita. As consequências fetais são tanto diatamente.
mais severas quanto mais precocemente na gestação ocor- Em situações de doença endémica o objectivo é reduzir a
rer a infecção. infecção congénita através de eliminação dos animais sero-
positivos, dos animais que abortam e da descendência das
vacas infectadas. No entanto, antes de se implementarem
LEs6ES
estas medidas deve ser avaliada a seroprevalência na mana-
Encefalite focal com necrose e inflamação não da pois o refugo de grande número de animais pode ser
supurativa. inexequível. Se houver interesse em obter descendência de
O feto pode ainda demonstrar sinais de hepatite, miosite e vacas seropositivas é aconselhada a transferência embrio-

endocardite. Nos vitelos congenitamente infectados, rara- nária para novilhas seronegativas.

mente se encontra o parasita, mesmo nos animais que apre- Existe uma vacina comercial (ainda não disponível em Portu-
sentam sinais clínicos. Não há lesões nos animais adultos. gal), mas a eficácia ainda não foi completamente estabelecida.
LÍNGUA AZUL ABORTO• LESÕES ORAIS

ETIOLOGIA
Orbivírus, pertencente à família Reoviridae,
transmitido por diversas espécies do insecto
hematófago do género Culicoides.
Existem vários serótipos do vírus da Língua Azul (LA). Na Europa
estão identificados os serótipos 1, 2, 4, 8, 9, e 16, sendo o serótipo
8 o de maior patogenicidade para os bovinos. Em Portugal as
principais espécies vector são Culicoides imicola e C. obso/etus.

EPIDEMIOLOGIA
Em Portugal só se confirmou até agora infecções
pelo serotipo 1 e 4.
Doença particularmente grave para ovinos, caracterizada
por lesões orais que justificam o nome. A área geográfica de
infecção parece estar a aumentar atingindo zonas anterior-
mente consideradas indemnes, provavelmente devido à
expansão do insecto vector. A partir de 2006 o serotipo 8
(nunca antes isolado na UE) surgiu em vários países do nor- SINAIS CLÍNICOS
te da Europa (acima do limite admitido para o vector e vírus
A maior parte das infecções não causa qualquer
que era 40°N). Esta variante mostrou ser muito patogénica
sinal clínico em bovinos.
para bovinos e cabras, em oposição ao que acontece com
os restantes serotipos. Os efeitos reprodutivos são os únicos descritos para
infecções com os serotipos mais habituais (1 e 4) -
Nas zonas consideradas endémicas podem ocorrer surtos
morte embrionária (infecção <100 dias de gestação)
de abortos por LA, se for introduzido um serotipo diferente
ou aborto, mumificação, nascimento de nados-mortos,
do habitual. vitelos fracos ou com malformações cerebrais (infec-
O vírus é bastante resistente no ambiente especialmente ção entre 100-150 dias de gestação). Infecções depois
em presença de proteína. Os animais silvestres têm um pa- dos 150 dias não produzem lesões nos fetos.
pel importante na epidemiologia. Os sinais clínicos descritos nos surtos recentes de LA-
-serotipo 8 são febre, erosões e crostas à volta das nari-
nas, erosões da mucosa oral, ptialismo, conjuntivite,
PATOGENIA edema pulmonar e claudicação com hiperémia do bor-

Animais em virémia são a fonte de infecção do coronal das unhas e necrose muscular. Surgem ain-
da hiperemia e lesões dos tetos, aborto e infertilidade.
para os Culicoides.
Estes sinais, condizentes com uma resposta de hiper-
A LA é uma doença não-contagiosa emergente. Após pi-
sensibilidade, também foram descritos em animais
cada do insecto infectado a virémia mantêm-se aproxima-
persistentemente infectados com um serotipo e rein-
damente 50 dias nos bovinos. A transmissão transplacen-
fectados com um serotipo diferente. No Norte de Por-
tária, através de IA e via oral (leite) tem sido demonstrada
tugal há diversas descrições de casos clínicos pareci-
no serotipo 8.
dos com a infecção por BTV 8, mas dos quais não foi
O vírus causa lesões dos endotélios de que resultam vascu- possível identificar esta estirpe.
lite, edema, isquemia e necrose dos epitélios. O aborto e

ABORTO
teratogénese surge por lesão dos endotélios fetais na fase
de organogénese.

Quadros graves da doença parecem estar rela cionados com


a prévia exposição ao vírus (reacção de hipersensibilidade).

Animais infectados, incluindo fetos infectados após 150


dias de gestação, podem funcionar como portadores assin-
tomáticos.

L sões
Malformações, petéquias e hemorragias nos fetos
abortados.
Na forma oral da doença são encontradas petéquias e he-
morragias na cavidade oral (língua, sub-lingual, palato), esó-
fago, rúmen, bexiga e baço. Erosões e ulceras na cavidade
oral, lábios e focinho. Pode haver edema subcutâneo no
pescoço, cabeça e tronco.
Oferta de feno de qualidade e água em abundância . Em
animais incapazes de se alimentar deverá ser forçada ali-
DIAG ÓSTJCO mentação por entubação ou fluidoterapia endovenosa. Tra-
Serologia permite identificar o serotipo. tamento com AINEs e antibióticos para controlo da dor e

O diagnóstico pode ser realizado através de isolamento infecções secund árias.

virai, detecção do antigénio virai ou dos seus ácidos nu- A prevenção baseia-se na reduçã o de exposição ao insecto
cleicos (por PCR) em animais virémicos ou ainda por sero- vector - armadilhas e insecticidas nos estábulos; recolher
logia (testes de fixação do complemento, análises ELISA e animais nos períodos do dia de maior actividade do Culicoi-
imunodifusão em ágar-gel - AGID). As amostras fetais para des (lusco-fusco); evitar o uso de agu lhas em diversos ani-
virologia in cluem pulmão, baço, material do SNC e fluido mais especialmente nas épocas do ano de maior risco; uso
torácico. de banhos insecticidas, de repelentes de insectos ou ecto-

O DD da doença reprodutiva deve ser feito com Febre parasiticidas.

Q, herpesviru s bovino (IBR), intoxicação com nitratos, Desinfecção de estábulos e camiões com iodóforos ou
plantas tóxicas e micotoxinas. Para o DD da forma clíni- compos tos fenólicos. Desinsectização dos meios de
ca do serotipo 8 aconselha- se a leitura da secçã o "Le- transporte, principalmente aqueles que se deslocam
sões orais" (v.) para zonas indemnes. Manter em quarentena, em locais
protegidos dos vectores, os animais provenientes de zo-
nas endémicas.
UTI
A vacinação dos bovinos não é normalmente efectuada
Não há tratamento específico para as vacas (apesar de oferecer protecção durante 6 meses), mas a imu-
abortadas. nização do efectivo ovino com vacinas serotipo especificas
O tratamento dos animais que apresentam sinais clínicos permite reduzir a circu lação de vírus e o número de Culicoi-
descritos para infecções com serotipo 8 incluem lavagem e des infectados. Não existe imunidade cruzada entre os vá-
desinfecção (soluções iodadas) das lesões orais e nasais. rios serotipos da doença

ABORTO
FEBRE Q AllORTO • LESÕES ORAIS

ETIOL GI
Família Coxiellacea dentro da ordem das
Legionellales do grupo das Proteobacterias.
Coxie//a /Jumetii, única espécie identificada dentro do gé11e-
ro, é uin cocobiicilo de pPque11a dimensão (ü,2-0,LJ ~1111 por
0/1-1 ~1111), parasi ta intracPlular obrigiitório, rnas que curise-
gu e sobreviver no ambiente e rião precisa de ve ctores p ara
se t1ansrnitir entre ilni111ais.

A capacidade de sobreviver no iirnbientP resulta do facto


d o agente Coxie//a burnetii poder existi !' sob duas formas
corn propriedades rno1 fologicas, rnetabólicas e antigér1icc1s
difere11tes:

- Srnall Cell V,iriilnt (SCV) é a forma i11fecciosa, com a estru-


tura dos LPS cornplela. Não apreser1ta actividade rnetabó-
lic:a, é aquela que se transmite entre orga11ismos (resiste
110 ambiente como urn quc1si-encJoesporo) e provavel-
mente é a respo11séÍvel pelas i11fecções latentes.

- Large Cell Varia11t (LCV) é avirulenta, rnetabolicamente


activil e obri g aLoriilmente intracelular, A infecção late11te é a rorrna mais habituill da doe11çil en1
ariimais. Maritérn-se especialmente rio Crtc~ro cJrávido e
glâ11dula mamária. Assim, as priricipais fo m es de 11v 1terii1I
EPIDEMIOLOGIA infeccioso s<'io os co1Tirner1tos ginecológicos e plélcenL,1
A Febre Q é uma zoonose re-emergente. após parto e aborto e ainda fezes, mu co vJgi11al, urir1c1 e lei-
te. Já foi isolada ern sémC'n de touros sE'ropositivos.
A distribuição é m w1dial, ser1do urna das sete b actérias
consideracfas para uso em ciuerra biológica e biote1 ro- O período de excreção 110 leite pode rnritinuar por mais de

rismo, com reconhecido papel 110 d cs e rivulvimento de urn ano após infecção. Vitelos que se contc1rnini1111 pelo leite
iilgurnas doenç as crc'micils hu1nirncls (i .e. e11 d ocardites) elas vacas infectadcJs rmd t'l'11 excretar a hilllêria r1Js re;.,es e

É uma doença humana de declaração obrig atória , urina .

PATOGE IA
Inalação é a principal via de contágio. SI IS L ICOS
C. /Ju m etii i11fecta células do sistema reticuloe11dot elial A manifestação clínica mais frequente em
(1nJcrófago s, rno11ócitos ... ), células do endotélio e eri-
bovinos é o aborto no último terço de gestação.
trócitos. Após P11trada no lws p edeiro a for111cJ infectan- A infecç,10 l.1ovi11a p ê1rece ,er rpl;1tivc1111entP rw-
te induz a fagocitose pelos macrófagos pulmonares. A que11te, mcJs ,1 maiu1 parte elas vezes é c1ssi11to111c1-
fo n na SVC, urna vez no interior do fagócito, trarisforrna- ti c-,1 . Metrites, que podem persistir prn· meses, e
-se 11a va1·iante LCV que é a C111ica capaz de se multipli- prieurnonias são sequelas possíveis em vacds êihor-
car e de resistir ao ambiente ad verso dos lisossomils, tadas ern co11sequê11Ciêl de infec\·ão por CoxiC'lla.
Durante processo de rmrltiplicJção consegue i11ibir a Mastites sub-clínic,1s e clí11icas tém sido associ,icfas
apoptose celular, induzindo-a, finalmente, quando o ci- a IPite i11fectado por esta b,icté1·ia .
clo terrni11a .
L SÕES TERAPÊUTICA E REVENÇAO
Não há lesões macroscópicas evidentes nos fetos Tetraciclinas, enrofloxacina e sulfas-trimetropim
abortados. apresentam alguma eficácia no tratamento da Febre
Q animal.
As lesões ela place nta são típ icas, mas não espPcífi cas, ele
Coxielo se: espessamento da placenta, p lacen ti te necrótica A vac inação não é cons iderad a efi caz na elimi naçã o dil
e supurati va, prese nça de placas esbranqui çad as na su pe,- bactériil e111 anima is portJdores, inas pode red uzir signifi -
rície das membranas fetais e exsudado acastanh ado 11CJ es- cat ivam er1te a exc reçã o do ag e11te e 21 génese de 11ovos
pa ço intercot iledo nar. infectados.

O cont rolo da d oe nça faz-se po r se paraçã o de ru m inan -


DIAGNÓSTICO tes e111 pa rto; a dest ruição d e m ater ial da s ca ma s das
ma ternidad es e das place n tas; o m ane io ad eq ua do dos
O teste serológico de referência é a fixação de cllo rume s e m aterial das cama s. A eli m ina ção do age 11te
complemento. do ambien t e não é fiícil - o s es po ros são res istente ao
A identificaç ão do agente po r PCíl faz-se a partir ci o leite, ca lor, aos raios UV e dissecação. Desinfec t antes co mo
zaragatoa s vag inais, p lacenta e ó rgãos de fetos abor tados. hi poc lo rito d e sód io, fen ó is, fo rn1alina a 5% e a111ó nio-
A fiabi lidade do tes te perde-se quando nã o é execu tado no -q uatemário são po uco efi cazes. F. m con tl aste, o álcoo l
mesm o d ia da co lhe ita. No caso de partos/a bortos o diag - a 70% e o clo ro fó rm io de st roem a bac tE'ri il ao fi 1n ci e 30
nóstico por m icros copia é l)Oss ível através de es fregaços m inutos.
por aposi ção, dos cot ilédor1 es.
CLAMIDIOSE ABORTO• INFERTILIDADE
PNEUMONIA

ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Bactérias intracelulares da fam ília Chlamydiaceae
- Chlamydophila abortus e C. pecorum. A forma epizoótica apresenta-se com abortos
no último terço da gestação e nado-mortos.
C. abortus é resp on sáve l pe lo Abo rto Enzoóti co dos
Ovinos. Vitelos nascidos de vacas infectadas são fracos e geral-
mente não sobrevivem muito tempo.
A infecção subclínica ou com sinais clínicos muito subtis é
PATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA
provavelmente muito prevalente e causadora de impor-
Bactéria ubiquitária com seroprevalências na ordem tantes perdas devido a quebra de produção, crescimento
dos 100%, sem sinais aparentes. retardado, reabsorções embrionárias e infertilidade.
Transmissão fecal-oral. Efeito sobre o animal provavelmente Outras doenças esporadicamente associadas a Chla-
resulta mais da reacção imunitária do que da acção do mi- mydophila sp. são pneumonia, encefalites, enterites, artri-
croorganismo. Factores de stress e outros pouco conheci- tes, queratoconjuntivites, mastites e endometrites. Causa
dos podem despoletar doença clínica. Infecção prévia não epididimites, vesiculites e baixa fertilidade em touros.
protege contra efeito da bactéria sobre a fertilidade. Touros
infectados excretam grande número de bactérias. Potencial
zoonótico.
LESÕES O controlo faz-se por melhoria das condições de higiene,
redução da densidade animal, evitar situações de stress e
Fetos com ascite e fígado aumentado de cor garantir alimentação de qualidade. A vacinação reduz a in-
amarelo-avermelhado. cidência de abortos e outras doenças, mas provavelmente
Cotilédones hemorrágicos e necróticos. Espaço intercotile- tem pouca eficácia no controlo da infertilidade ou na elimi-
donar espessado. nação do agente.

DIAGNÓSTICO
Utilização de PCR permite despistar infecções
subclínicas.
Testes ELISA são bastante específicos mas têm uma baixa
sensibilidade (reacções cruzadas com outras espécies). Devi-
da à alta prevalência na população bovina a seropositivida-
de tem pouco significado. A fixação de complemento não é
útil na infecção bovina. Detecção de microorganismos na
placenta.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Oxitetraciclinas, macrólidos ou fluorquinolonas podem re-
duzir a expressão clínica mas é pouco provável que elimi-
nem a infecção.
OUTRAS CAUSAS DE ABORTO BOVINO

Etiopatogenia Sinais e lesões Diagnóstico


1 1

Stress devido a transporte, História de exposição a factores de stress. Sem lesões ou sinais História pregressa.
intervenções sanitárias, clínicos evidentes. Geralmente gestações acima dos 6 meses.
trovoada, foguetes, cães,
fome ...
Salmonelose, pode ser único Aborto surge por destruição das vilosidades placentárias. Abor- Ver Salmonelose.
sinal de infecção por 5. dublin to a partir dos 4 meses e por vezes acompanhado de sinais sis-
témicos (febre). Superfície corioalantóide da placenta com ex-
sudado fibrinoso, acinzentada ou avermelhada Carúnculas
aderentes aos cotilédones. Fetos autolisados.

llsteria monocytogenes e L. Os abortos resultam de placentite aguda e septicémia fetal. Fe- Ver Listeriose. Agente ob-
ianovii tos muito autolisados. Focos múltiplos de necrose amarelados servado no abomaso ou
ou acinzentados no fígado e cotilédones. fígado, placenta e corri-
mentas vaginais.

Tritrichomomas Pode conduzir a aborto nos primeiros 5 meses de gestação mas Detecção do agente (mi-
mais frequentemente causa morte embrionária. Pode seguir-se croscopia ou PCR) no es-
foetus. Transmissão venérea.
piometra, corrimento vulvar intermitente e infertilidade. Edema tomago do feto ou corri-
da placenta mento uterino.

Campylobacter fetus subespécie Morte embrionária ou aborto até 4.0 mês. Em caso de endemis- Isolamento de Campylo-
venerealis. mo as novilhas ou animais recentemente introduzidos são mais bacter de amostras de pia-
afectados. Segue-se infertilidade. Machos (>4 anos) podem ser centa, pulmões ou conte-
Infecção por monta ou IA com
portadores crónicos sem sinais. Placentite intercotiledonar fibri- údo abomasal do feto
sémen infectado.
nosa com áreas necrosadas. Cotilédones amarelo-acastanhados.
Exsudado fibrinoso na cavidade pleural e peritoneal dos fetos.

BVD - qualquer um dos Infecções precoces causam morte embrionária e tardias dão Identificação do antigénio
genótipos e biótipos podem origem a aborto ou nascimento de vitelos debilitados e com em qualquer tecido fetal.
causar aborto. uma série de lesões congénitas (ver Doenças com Diarreia). São Serologia da mãe mas ten-
frequentes malformações congénitas. do em atenção que a in-
fecção pode ter ocorrido
meses antes do aborto.

IBR - Herpesvirus bovino 1 Geralmente vaca apresenta sinais de doença respiratória (ver Isolamento do vírus na
Doença com Dispneia, Tosse e Rinorreia). Pode causar morte placenta. Serologia da
embrionária, infertilidade e abortos(> 5 meses). Fetos em esta- vaca no aborto e 15 dias
do avançado de autólise. Placas necróticas no fígado e rim fetal. mais tarde (aumento 4x
Hemorragia e edema peri-rena l. Retenção placentária. titulação). Atenção a anti-
corpos vacinais.

latrogénico - administração Fetos sem sinais. Diagnóstico através de história pregressa com- Confirmação laboratorial
inadvertida de fármacos pleta. impossível.
e.g. corticóides ou prostaglan-
dinas.
Intoxicação por nitratos História de acesso a plantas ricas em nitrato (e.g. sorgo) ou águas Ver Doenças com Morte
poluídas. Mucosas e sangue escuros (metahemoglobina) Súbita. Níveis de nitratos
no sangue e fluido ocular.

Micotoxinas (e.g. Aspergillus Micotoxinas causam aborto (4-8 meses) ou reabsorções em- Observação de hifas nos
fumigatus) brionárias. Placas amareladas ou esbranquiçadas (hifas) nos co- cotilédones, fluido esta-
tilédones e pele dos fetos Fetos pouco autolisados. macal do feto Lesões ca-
racterísticas no feto.

Outras causas menos comuns: Mycoplasma bovis, Ureaplasma diversum, bactérias oportunistas (T. pyogenes), Sarcocystis sp., Toxoplas-
ma gondii, doenças hiperagudas com toxemia (e.g. mastites por coliformes) ou doenças crónicas, toxinas ou estrogénios vegetais, mal-
formações congénitas e mumificação fetal idiopática.

- ABORTO
MORTE SÚBITA

Na verdade há poucos casos em clínica de bovinos em que a) Na impossibilidade de efectuar um exame clínico, a his-
a morte seja tão rápida que não haja tempo para ser exibi- tória tem uma importância acrescida.
do qualquer sinal clínico evidente, nem que seja os de ago-
b) Poderemos não ter uma segunda oportunidade para re-
nia. As excepções mais comuns são: relâmpagos, choque colher elementos necessários ao diagnóstico (e.g. houve
eléctrico, fortes traumas sobre o SNC e, eventualmente, recolha ou putrefacção dos cadáveres).
septicemia fulminante. Assim, o que entendemos aqui por
Doenças com Morte Súbita são aquelas em que uma evo- c) Muitas vezes estamos perante casos que seguem para

lução hiperaguda limita a possibilidade de serem detecta- processos litigiosos, e nos quais são chamados a intervir

das no animal vivo porque o período de exibição de sinais é companhias de seguros, outros peritos, etc. .. , que espe-

muito curto e porque os animais nunca estão sobre cons- ram respostas detalhadas.

tante vigilância. d) A evolução é rápida e por isso as lesões são geralmente

De qualquer forma devemos distinguir a "morte súbita" das discretas (e.g. ponta dos tetos chamuscados em vacas

situações em que o animal é"encontrado morto". Nestes úl- atingidas por relâmpago) ou muito semelhantes entre
diferentes doenças. Os pormenores podem ter uma im-
timos casos pode até ter decorrido muito tempo desde o
portância extrema.
desencadear da doença, mas o facto de os animais estarem
em regime extensivo ou em parques com muito outros ou e) Certas particularidades do ambiente podem ter surgido
serem simplesmente desprezados pelo tratador, evitou a recentemente (e.g. exposição dos tubérculos do embu-
detecção atempada dos sinais. de após enxurradas) ou vir a alterar-se rapidamente (e.g.

É necessário igualmente chamar a atenção para o critério tempestade).

de selecção das doenças aqui apresentadas. Mais uma vez, É igualmente importante recolher toda a informação dispo-
são raras as circunstâncias em que todos os animais fazem nível para se poderem estabelecer rapidamente as medidas
uma evolução semelhante, sendo que as diferentes suscep- destinadas a salvaguardar a saúde e vida de eventuais coa-
tibilidades ou desiguais graus de exposição determinam bitantes. Mais vale informação a mais do que a menos. Des-
respostas diferentes. Assim, podemos ter animais com car- te modo é muito importante proceder à necropsia de mais
búnculo que morrem com "erva na boca" enquanto outros do que um animal para verificar quais as lesões e sinais mais
resistem vários dias. A decisão de seleccionar para este ca- consistentes e nunca basear a decisão final numa lesão de-
pítulo estas doenças tem a ver com a grande probabilidade tectada em apenas uma vítima. É igualmente crucial avaliar
do clínico se deparar, numa primeira abordagem, com ca- os sobreviventes já que estes podem mostrar sinais da do-
sos de morte súbita independentemente de se seguirem ença na sua forma subaguda.
casos mais arrastados com outros sinais.
Finalmente uma palavra sobre o material a colher - a não
A abordagem clínica a uma situação de morte súbita deve ser que haja fortes indícios de uma doença que se pode
ser metódica, reflectida e suportada por registos de qualida- comprovar facilmente pelas lesões macroscópicas, deve-se
de (gravação de relatos, fotografias, calendário exacto dos colher um pouco de tudo. Este material deve ser conserva-
acontecimentos). É uma daquelas alturas em que o médico- do em frio ou formol para mais tarde se decidir o que tem
-veterinário tem de calçar os sapatos de detective. Isto é valor e segue para o laboratório, e o que pode ser deitado
importante por várias razões, nomeadamente porque: fora .
CARBÚNCULO HEMÃTICO MORTE SÚBITA• HEMORRAGIAS
FEBRE•PROSTRAÇÃO

ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Bacillus anthracis-bactéria esporulada Gram-positiva.
Morte súbita de vários animais (grandes
Os esporos da bactéria do carbúnculo hemático (CH), do-
e pequenos ruminantes) na mesma pastagem
ença também designada por anthrax ou antraz, sobrevivem
é o quadro mais comum.
nos solos durante muitos anos (supostamente mais de 200
anos). Os baixos teores de C0 2 no ambiente levam a bacté- Na forma hiperaguda a morte ocorre em 1-2 horas.
ria a esporular quando no exterior de um animal. Nas formas agudas há uma primeira e curta fase de
febre (>41 °C), agitação e depois depressão, vocaliza-
ção, congestão e hemorragias nas várias mucosas, ta-
EPIDEMIOLOGIA quicardia e, finalmente, prostração. A morte ocorre
Surtos de CH ocorrem quando se revolve o solo num ou dois dias, no meio de convulsões. Está descri-
e as condições ambientais para o desenvolvimento ta uma forma subaguda, mais prolongada, com for-
dos esporos são propícias. mação de edemas, diarreia e dispneia.

A bactéria pode infectar quase todas as espécies de mamí- Em humanos está descrita uma forma cutânea que
feros, incluindo o homem. Os ruminantes são mais suscep- nunca foi identificada em bovinos.
tíveis. É uma das armas de potencial bioterrorismo.
Actualmente a incidência é relativamente baixa nos países
desenvolvidos, mas por vezes são descritos casos em zonas
onde não se registava CH há mais de 30 anos. A vacinação, Os esporos são extremamente resistentes a valores extremos
a eliminação do uso de farinhas de sangue, carne e osso na de pH, calor e frio, e ainda à dissecação e a desinfectantes.
alimentação de ruminantes, assim como a recolha de todos
os cadáveres, poderão ser essenciais na redução da incidên-
PATOGENIA
cia da doença, mas provavelmente nunca eliminarão total-
mente o risco. A infecção ocorre por inalação ou ingestão
dos esporos.
A transmissão através de picadas de insectos é possível.
Após invasão do organismo a bactéria é fagocitada e trans-
portada para os linfonodos onde inicia a multiplicação.
Quando libertada no sangue produz uma toxina com efeitos
sistémicos e caracterizada por hemorragias, anoxia dos teci-
dos, edemas e insuficiência renal. O período de incubação
varia muito com a susceptibilidade do animal (1 a 15 dias).
Nas zonas epidémicas a evolução é rápida com vários ani-
mais a morrerem sem quaisquer sinais prévios de doença
enquanto que nas áreas de CH endémico (tropicais ou sub-
-tropicais) a doença é mais demorada.

LESÕES
Em caso de suspeita de CH a necropsia NÃO deve ser efectu-
ada e o cadáver deve ser rapidamente incinerado. Rigor mor-
tis incompleto e saída de sangue escuro através das abertu-

~ MORTESÚBITA
ras naturais. Com cuidados de biossegurança colher sangue fERAP UT:CA EPRE EHÇ O
de um grande vaso - o sangue é escuro (quase preto) e não
A bactéria é muito sensível à generalidade
coagula facilmente. Deve -se enviar este material para identi-
dos antimicrobianos.
ficação do agente, referindo sempre a suspeita de CH.
O tratamento tem de ser muito precoce pois a toxina não é
Num caso por nós diagnosticado em vacas adultas com
afectada pelos antimicrobianos, podendo matar o animal
morte súbita havia hidropericardio e hemotórax, equimo-
mesmo após a eliminação da bactéria . O facto de um ani-
ses, edemas e enfisemas subcutâneos Autólise rápida. Rigor
mal morrer enquanto está a ser tratado não significa que a
mortis presente, Poucas petéquias em algumas serosas Es-
bactéria seja resistente a esse antibiótico.
tes casos são semelhantes àquele descrito na Suécia (2009)
em 5 animais com morte súbita, que apresentavam cor e A penicilina é o antibiótico de eleição, mas qualquer outro
coagulação sanguínea normais. de largo espectro pode ser usado (quinolonas, tetraciclinas,
cefalosporinas etc. .. ). No começo de um surto deve-se tra-
tar todos os animais do grupo que possam ter tido acesso à
DIAG ÓSTICO fonte de esporos (e.g. campo lavrado recentemente) .
Morte súbita de vários animais, rigor mortis Infelizmente nenhuma região pode afirmar estar livre de CH
incompleto e sangue muito escuro, são fortes e é impossível prever a sua ocorrência. A vacinação é muito
indícios de carbúnculo hemático. eficaz e deve ser incluída no plano sanitário nas zonas en-
A cultura ou identificação por PCR permite confirmar o démicas ou logo após o primeiro caso suspeito da doença.
diagnóstico. Esfregaço de sangue do cadáver permite con- O controlo da doença faz-se pela remoção e incineração de
firmar suspeitas em pouco tempo depois de coloração es- todos os cadáveres e evitar durante um mês as pastagens
pecífica da lâmina. onde tenha ocorrido infecção.

ENTEROTOXEMIA MORTE SÚBITA· PROSTRAÇÃO


HEMORRAGIAS

ETIOLOGIA
Acção directa das diversas toxinas da bactéria
Clostridium perfringens.
Bactéria anaeróbica Gram-positiva. Estão identificados 5 tipos
(A-E) produtores de diversos tipos de toxinas (a, [) 1, [) 2 E, 1). Éum
componente normal da Aora intestinal de bovinos. A enteroto-
xémia dos bovinos parece ser causada essencialmente pelo
tipo A e nos vitelos também pelos tipos B e C. Nem todas as
estirpes causam enterotoxémia, sendo aquelas que produzem
a toxina a e [) 2 as mais frequentemente associadas a surtos.

EPUJ:EMiOLOGt,lt
É uma doença não contagiosa que pode surgir na
forma epidémica se as condições forem propícias.
A enterotoxemia é mais frequente em animais jovens cria-
dos em condições intensivas (e.g. vea0, mas também afecta
vacas leiteiras e, mais raramente, animais em pastos com ambientais provavelmente seleccionam uma determinada
vegetação luxuriante. A doença tem como factor predispo- população após mutação ou que o íleo paralítico atinge
nente a alimentação muito rica em nutrientes (energia e segmentos específicos do 10.
proteína) que atinge o intestino sem ter sofrido adequada
Em vacarias de leite a doença é mais ou menos esporá-
degradação bacteriana. Este meio demasiado rico favorece
dica, mas em engordas intensivas a morbilidade pode
a multiplicação de certas estirpes de Clostridium e grande
ser muito alta. Temos assistido a surtos em vacarias de
produção de toxinas virulentas. A carência em fibra e facto-
leite provavelmente relacionados com factores de stress,
res de stress podem igualmente estar envolvidos, ao reduzir
intensidade do regime alimentar (altas produtoras) ou
a motilidade intestinal.
ingestão de águas estagnadas. A letalidade ronda os
Silagens mal conservadas, fenos com fungos e contamina- 100%.
ção de forragens com terra, podem ser fonte importante de
esporos de Clostrideos.
LESÕES
A lesão mais consistente é uma ileo-jejunite
PATOGENIA
hemorrágico-necrótica, com acumulação de muito
A toxina a é responsável pela hemólise e toxémia fluido hemorrágico no lúmen intestinal.
que conduzem à morte súbita enquanto a toxina ~2
A putrefacção gasosa do cadáver é muito rápida, sendo
causa enterite hemorrágica.
o animal muito frequentemente já encontrado comple-
Nas zonas do intestino afectadas são isolados mais clones tamente enfisematoso, como um tonel com os quatro
de C. perfringens tipo A produtores destas toxinas do que membros esticados. O corte da pele e tecido subcutâneo
nas zonas não lesionadas. Isto faz pensar que as condições liberta um líquido com espuma mal-cheiroso. A abertura
do peritoneu tem de ser feita com cuidado pois as vísce-
ras estão muito tensas com acumulação de gás e líqui-
do. A serosa intestinal mostra hemorragias contínuas ou
SINAIS CLÍNICOS focais. A mucosa intestinal está hemorrágica ou já ne-
A morte súbita ou muito rápida de um animal crosada. A extensão de 10 afectado é muito variável e as
com excelente condição corporal e dieta muito lesões podem ser intermitentes (diferentes ansas). Os
rica em energia. casos mais fulminantes nem sempre são os que apre-
sentam lesões mais evidentes (por exemplo, apenas
As formas mais arrastadas da doença caracterizam-se
congestão). Normalmente existem petéquias noutras
por diarreia profusa, sinais de toxemia (taquicardia,
serosas e mucosas.
vasos da esclera engorgitados, depressão), atonia ru-
minai e timpanismo. Está descrita ainda uma síndro-
me hemolítica, por acção da toxina a, com anemia,
DIAGNÓSTICO
hemoglobinúria, colapso e morte rápida. A evolução
típica é: animais aparentemente saudáveis começam A colheita de material deve ser o mais próximo
a cambalear, deitam-se, as mucosas empalidecem, da morte (< 3 horas), para evitar falsos positivos.
entram em dispneia e morrem em agonia em pouco A invasão por clostrideos da carcaça dá-se rapidamente
minutos. independentemente da causa da morte. O envio para o
A enterotoxemia pelos tipos B e C (apenas em vitelos laboratório de porções de 10 com e sem lesões é útil sen-
muito jovens) pode ter uma evolução hiperaguda do que nas primeiras deverá haver uma muito maior
com morte súbita ou mais arrastada com diarreia he- concentração de C. perfringens. As amostras devem ser
morrágica e sinais de abdómen agudo. refrigeradas imediatamente. A tipificação ainda é difícil
(no futuro testes por PCR irão revolucionar o diagnósti-
Úlceras de abomaso em vitelos em regime intensivo,
co), mas pode ser útil para o estabelecimento de medi-
têm sido relacionadas com infecções por C. perfringens
das de prevenção.
A. Tem sido proposta a envolvência de C. difficile na
patogénese de algumas enterites de vitelos, mas o as- DO: carbúnculo hemático, intoxicação por plantas e ni-
sunto ainda não está bem esclarecido. tratos,jejunite hemorrágica, hemorragias internas, relâm-
pagos.

-~ MORTESÚBITA
-
TeRA tUTICA RE ÇÃO Apl~5,;11" cl(c' l"ll:' ITI l'CJCI,;:; ê1,; V,JC11·1c1S 110 ITIC':l"GJ clu i1 T11.1niz:.1rem
rn 11 l r,1 C perlri119 c:1 1,c; t:ipo A, e ~q ul~lc.1·; q ue u l,,z(~111 11 ,,10 i1·1-
/.\ v,JCi r1;i(iío contra C. pen'ringens A, 1:1 ( é ç1conse llv1cfa
clu Íl'C
él"íl ,1 to:o:i il,J [\ , iJ IYi:;sa e:-:pc-: riê1ICiêl I(:'ITI Cl(~ITIOI 151'1','iCIÇJ
l~rn exploraçcil~s inte nsiv,:1s coni dieta rnui t C:l ric,:d
bon s r'c::sul t,·1c!u,; l"il"Jc:u11 t mio cle..s un-,Js e·: 111c-:,; n H1 11 :i n::cic rçi o
c-·rn ener9ia.
cio 11 (m1 enJ clt• G1su:; c~:;por;'.1dicus 11 z.1:; e:-:1ilo1 ac;i1es el e leit e~·.
O 11 at<1 men t:u ~· rnuit·as vez.e:; in(1lil poi s a f;;;volu çilo da tcm~-
/\ pr,~vccne):10 incl ui 21 i11 c.la ,:IS l.1m:, pri1ticc1:; de ,;1li1·1H:: 1 t.c1c-;-,io 1
:
mi,1 (;, 1·;;1p iclíss im 21. A ,c~r te11t,;,1çln ('lc-;:ve i11 c:l c.1i r ,,H1Lil:1ic'1 1'iço, i11-
11 ut'riÇa o, 11omead,.1m<,·1·11 e o lrnnf;;Ci1·!'1c,'11 to ele íiiJr,,1e~ c1d 1111i-
lc: 1·1;::;1 f·luiclo 1i::r,.1pi,J (~ llll::SITI Ç) l l'ill i;;Í l,ISCJE;S •;,i 1'1UllÍl"ll::iJS.
naçf.1e'J de· ITJCl.01'<:: S el e-: s1:1·c:::i , clu r, 11t C:: 21,,1li111e1·1i-wc;,10.
1\1 ,i p1c, ve1·1çzjo ele mwos GN)S Dqu r111clo cil,, u1T1sc1no e1·1·1vi-
tc" leircx; (· ,Km1s,:lhi:1cl,J ,1 utilizêiçtio de ar1t·ibiót ico m, leit e.
,1g 1,é1m.1,i li me1rt<.1(c.çJ. amp ic: ilin,l ).

MORTESÚ BITA
INTOXICAÇÃO POR NITRATOS MORTE SÚBITA• DISPNEIA
PROSTRAÇÃO• ABORTO

ETIOLOGIA
Concentrações elevadas de nitratos nas forragens,
na água ou na combinação das duas.
Os nitratos em si são relativamente inócuos para bovinos,
mas a flora ruminai transforma-os em nitritos que por sua
vez são usados como fonte de azoto, tendo como resultado
final a amónia. Quando a quantidade de nitratos ingerida
super a capacidade microbiana de utilizar os nitritos, estes
passam a ser absorvidos.

EPIDEMIOLOGIA
As plantas acumulam nitratos especialmente
quando em solos fortemente adubados e em
momentos de stress (e.g. seca).
Intoxicação graves são mais prováveis em animais de pasto
com acesso a plantas especialmente acumuladoras de ni-
tratos (e.g. sorgo) ou a água fortemente contaminada por
fertilizantes ou outras fontes de nitratos. Plantas jovens eo causam ainda vasodilatação prejudicando a perfusão san-
caule são particularmente ricas em nitratos. guínea dos tecidos. Os níveis de metahemoglobina compa-
Doença afecta primeiro os animais com baixa condição tíveis com a vida são <9g/dl.
corporal, os doentes (e.g. doença respiratória) e as vacas Grande quantidade de nitratos podem ainda ser irritantes
gestantes. Animais habituados a níveis elevados de nitra- para a mucosa gástrica.
tos na dieta são mais resistentes pois a sua microflora
está adaptada.
LESÕES
Em caso de suspeita de intoxicação subaguda ou cróni-
ca o cálculo dos níveis ingeridos a dado momento deve Nenhuma lesão evidente ou apenas coloração
incluir as concentrações na água e nas forragens, in- acastanhada ou cianosada dos tecidos.
cluindo silagens. Os valores podem oscilar muito entre
silos e mesmo dentro do mesmo silo, porque depen-
dem dos níveis de nitratos nas plantas que lhes deram
DIAGNÓSTICO
origem (podem variar muito entre zonas do mesmo Níveis elevados de metahemoglobina ou nitritos no
campo). sangue.
Os níveis máximos de nitratos aconselhados para bovinos A reconversão rápida de metahemoglobina em hemoglo-
são apresentados mais abaixo. bina e a eliminação de nitritos fazem com esta análise ape-
nas seja útil se o material for colhido em vida ou logo após
a morte. Sangue deve ser colhido em assepsia e refrigerado
PATOGENIA imediatamente (reduzir consumo de N por bactérias). Co-
Os nitritos ligam-se à hemoglobina dando origem a lheita de humor aquoso ocular é indicado no cadáver por-
meta hemoglobina. que acumula nitritos.

A metahemoglobina contém Fe 3+ em vez de Fe 2+ tornando DD com relâmpago, Tetania da Erva, intoxicação por ácido
o grupo heme incapaz de se ligar ao oxigénio. Os nitritos cianídrico e outros compostos de origem vegetal.

- - MORTESÚBITA
SINAIS CLÍNICOS
Mucosas cianosadas e dispneia. Sangue vermelho acastanhado.
Intoxicações graves caracterizam-se por vários animais mortos na pastagem sem terem mostrado qualquer sinal da
doença.

O- 3.000 - sem doença Geralmente considerado seguro para todos os bovinos em boas condições.

3.000 - 5.000 - doença Considerado aceitável para bovinos não gestantes_Pode reduzir performance reprodutiva
subaguda levando a morte embrionária. Em vacas leiteiras não deve ultrapassar 2.500 ppm.

5.000- 10.000 - doença aguda Risco para qualquer bovino. Sinais são: taquipneia, relutância ao esforço, ataxia, diarreia,
ou crónica dependendo da dor abdominal, tenesmo, respiração de boca aberta e ptialismo. Em populações adapta-
susceptibilidade. das pode haver apenas abortos médios e tardios ou nascimento de crias débeis e redução
do crescimento e produção leiteira.

>10.000. Doença hiperaguda. Tóxico para qualquer bovino. Causa anoxia (mucosas acastanhadas) e morte súbita.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO bebida ou quando surgem abortos e infertilidade sem ou-


tra causa aparente. A fermentação que ocorre nas silagens
Nos casos agudos deve ser administrado com
reduz a quantidade de nitratos e por isso ensilar pode ser
urgência por via endovenosa azul-de-metileno
uma opção para plantas onde se prevê níveis elevados.
a 2%. Repetir, se necessário, ao fim de 2 horas.
Não libertar animais com fome, debilitados ou doentes
Para casos subagudos ou crónicos basta retirar a fonte de em pastagens com erva jovem, recentemente fertilizadas
nitratos para haver rápida recuperação. ou sujeitas a seca. Permitir um tempo de adaptação (e.g.
A prevenção inclui: evitar colher forragens em momentos misturar erva com altos e baixos níveis de nitratos), antes
de forte seca ou logo após adubações; cortar forragens ao de oferecer exclusivamente forragens muito ricas em ni-
fim da tarde porque fotossíntese reduz níveis de nitratos tratos. Cuidado com acesso às pastagens de manhã cedo
nas plantas, e deixar secar ao ar durante várias horas; ava- ou em dias frios com nevoeiro (menor fotossíntese =
liar regularmente concentrações de nitratos na água de maior concentração de nitratos).

MORTE SÚBITA
OUTRAS CAUSAS DE MORTE SÚBITA

Situação Clínica Etiopatogenese Sinais e Lesões


1 1

Ruptura de grandes vasos - Causas mais comuns: Sangue e coágulos no interior da cavidade
hemorragia interna peritoneal e em redor de grandes vasos.
• Carência em cobre que conduz a fragilida-
de do endotélio. Mucosas brancas.

• Aneurisma da a. mesentérica por rolhões Taquicardia.


de parasitas.

• Aneurisma de vaso de grande dimensão-


na SVCP (v.).

• Aneurisma da aorta ou a. mesentérica por


compressão prolongada do abdómen por
cilhas.

• Distócias e partos mal conduzidos

Carências em minerais e • Cardiomiopatias por carência em Se e Lesões típicas de Doença do Musculo


vitaminas Vit.E Branco (v.).

Septicémia/toxémia fulminante • Ruptura GI com peritonite - úlceras, obs- Presença de ingesta na cavidade peritoneal e
truções, intuscepções. por vezes de fibrina.

• Infecções várias · Clostridium spp, E. coli, Líquido sero-sanguinolento num ou vários


Streptococcus, Salmonella spp. quartos mamários. Congestão e vesícu las na
pele dos tetos e úbere.
• Mastites hiperagudas no pós-parto (coli-
formes, Clostridios, 5. aureus)

Doença do rim polposo Clostridium perfringens tipo D. Apenas jovens, Evolução rápida com sinais nervosos (con-
mas muito mais frequente em cordeiros e vulsões). Necropsia imediata - rim mole
cabritos. Atinge vitelos em muito boa condi- (marca de gota de água). Petéquias, conges-
ção corporal. tão e hemorragias em diversos órgãos.

Electricidade estática Bovinos muito sensíveis. Ordenhas sem liga- Morte na ordenha. Hemorragias pulmonares.
ção à terra. Epistaxis.

Relãmpagos História de tempestade. Proximidade de ár- Pele chamuscada. Hemorragias pelas abertu·
vores, postes, piso de cimento ou solo en· ras naturais. Fracturas ósseas. Apenas animais
charcado que ocupavam o mesmo espaço

latrogénico • Choque anafiláctico em consequência de Edemas, hemorragias e sinais de CID.


administração de fármacos.
Hemorragia ou edema pulmonar.
• Falso trajecto na administração de produ-
tos por via oral.

Outras toxinas (miscelâneas) • Cianobacterias (algas) na água. Sinais neurológicos, insuficiência hepática.

• Veneno de cobra

Doenças descritas noutro lado: carbúnculo sintomático, jejunite hemorrágica, meteorismo espumoso, acidose ruminai aguda, ETEC.
intoxicações por plantas e minerais. Traumas diversos (e g lutas de touros).

- - MORTE SUBITA
MOIHF SÚBITA
MORTE SÚBITA
CLAUDICAÇÃO

CLAUDICAÇÃO POR DOENÇAS PODAIS


As claudicações devido a doenças podais são essencial-
mente um problema de vacas leiteiras mantidas em regime
intensivo, e portanto as descrições nesta secção usarão es-
tes animais como modelo. Nos outros sistemas de produ-
ção e escalões etários a ocorrência é esporádica ou mesmo
acidental.

Para um adequado reconhecimento das diferentes doen-


ças, da etiopatogenese e da melhor forma de prevenir os
factores de risco, é essencial relembrar a anatomia da extre-
midade podal. Aconselhamos vivamente a leitura da biblio-
grafia especializada, mas deixaremos aqui a definição sucin-
ta de alguns termos de forma a facilitar a compreensão do
texto que se segue.

A estrutura córnea que protege os dígitos nos ungulados


chama-se úngula. Nos bovinos existem duas úngulas prin-
cipais e duas úngulas acessórias. Exteriormente cada úngu-
la principal é constituída pela parede (plantar ou dorsal,
abaxial ou externa e axial ou interna), sola (palmar ou ven-
tral) e talão ou bolbo (caudal). Na sola é importante reco-
nhecer a linha branca, que é a zona de ligação da parede biomecânicos relacionados com o andamento no qual in-
com a sola, e a pinça, que é a extremidade anterior. As zonas flui de forma importante a presença do úbere de grande
da sola onde se faz o apoio num animal saudável estão re- dimensão. Nos membros anteriores as lesões ocorrem mais
presentadas na figura ao lado. nas úngulas mediais. Também está bem estabelecido que a
grande maioria das lesões das úngulas surgem nas primei-
A úngula envolve e liga-se intimamente ao córion, que é o
ras 1O semanas após o parto.
tecido de crescimento da substância córnea. O crescimento
da úngula faz-se ao longo da parede dorsal, abaxial e axial a A classificação do grau de claudicação de todo o efectivo é
partir da coroa ou banda coronária (transição da pele para a extremamente importante para um conveniente controlo
úngula) e ventral mente, dando origem à sola. O crescimen- da situação e correcta identificação dos factores de risco.
to da úngula é de cerca de 5 mm por mês. Uma incidência de claudicação acima dos 10% não é acei-
tável nas vacarias de leite. A classificação mais frequente-
As estruturas envoltas pela úngula são: a terceira falange, a
mente usada considera 5 graus de claudicação e estão dis-
almofada plantar (zona do talão), o osso sesamóide, a bursa
poníveis quadros explicativos das características de cada
e o tendão flexor profundo, que se insere no bordo caudal
categoria.
da 3.ª falange. É importante ter a noção da forma como a 3.ª
falange está suspensa no interior do estojo córneo - supor- Também o registo das localizações exactas das lesões en-
tada por uma teia de tecido conectivo, ligamentos e ten- contradas durante a aparagem curativa ou funcional é de
dões, fazendo um ângulo de 30. 0 -45. 0 com o solo. A articu- grande utilidade para se identificar os factores de risco e se
lação interfalangica distal está ao nível da transição da pele poder tomar as medidas de prevenção adequadas.
para o tecido córneo. Igualmente importante para a abordagem competente aos
Nas vacas leiteiras as doenças e lesões podais surgem es- problemas clínicos das extremidades podais, é ter a noção
sencialmente nos membros posteriores e, nestes, principal- dos factores de risco envolvidos. Segue-se a listagem resu-
mente nas úngulas laterais. Este facto resulta de factores mida dos mais importantes:
Piso - muitas lesões ter iam uma resolução espontânea,
sem afectar significativamente a saúde e bem-estar dos
animais, se estes estivesse m em piso que reduzisse o im-
pacto de cada apoio (e.g. pastagem). Vários factores rela-
cionados com o cimen to contribuem para as patologias
mais habituais - dureza (impacto exagerado sobre estru -
turas intern as); excesso de aspereza (acelera desgaste) ou
deficiente aderência (escorregadio); pl-l elevado (alca lini-
dade promove erosão).

• Camas e cubículos - pouco conforto reduz o tempo de


descanso favorecendo maior esforço sobre extremida-
des; dificuldade em deitar e levantar conduz a lesões, dor
e alteração nas forças de apoio.

• Alimentação - excesso de proteína e de hidratos de car-


bono facilmente fermentescíveis na dieta conduzem a
alterações da microvascularização do córion provavel -

CLAUDICAÇAO
mente devido a acidose ruminai subclínica; presença de considerada um dos factores de risco mais importante e
micotoxinas; carências em enxofre, zinco e biatina po- também o mais fácil de solucionar. Idealmente esta inter-
dem reduzir a qualidade da substância córnea. venção deveria ser feita duas vezes ao ano em vacas lei-
teiras. Na impossibilidade de cumprir este calendário, a
• Parto - nesta fase do ciclo da vaca o crescimento córneo
aparagem funcional deve ser efectuada uma vez ao ano
reduz-se substancialmente enquanto o desgaste tem
antes da secagem da vaca.
tendência a aumentar; por outro lado uma série de hor-
monas de actividade ligada ao parto (e.g. relaxina) pro- As doenças e afecções podais são normalmente divididas
move a lassidão do sistema suspensor da 3.ª falange. entre as que afectam a pele e as que afectam a úngula (es-
tojo córneo) propriamente dita. É frequente várias lesões
• Maneio - qualquer factor que conduza a um excesso de
coexistirem no mesmo animal e na mesma úngula.
tempo em pé, favorece o agravamento de lesões. Por exem-
plo, muito tempo no parque de espera para ser ordenhada. O diagnóstico de afecções das extremidades faz-se pela ob-
servação do animal em estação e em andamento, já que
• Comportamento - comportamentos agonistas na tenta-
quase sempre as doenças podais são acompanhadas de
tiva de se estabelecer e manter hierarquia são importan-
dor crónica primária e secundária e mesmo de um estado
tes, especialmente quando não existe suficiente espaço
de hiperalgesia central. As claudicações são consideradas
para a fuga e o piso é muito abrasivo ou escorregadio.
como a maior ameaça ao bem-estar animal em vacarias de
• Falta de aparagem correctiva (corte do excesso de tecido leite, não só pelo sofrimento individual que causam, mas
córneo repondo o equilíbrio na distribuição do peso) - é pelo elevado número de animais que afectam.

LAMINITE

ETIOPATOGENIA
Apesar da etiopatogenia da laminite não estar ainda com-
pletamente esclarecida é consensual apontar as alterações
vasculares a nível da junção derme-epiderme como estan-
do na origem das lesões.

Tradicionalmente relaciona-se a acidose ruminai sub-clínica


(v.) com as laminite pelas duas seguintes vias:

• A redução do pH ruminai leva à morte de bactérias Gram


negativas e a absorção das suas endotoxinas (LPS da pa-
rede bacteriana).

• A ruminite conduz à produção de mediadores da respos-


ta inflamatória com acção vasoactiva, como a histamina.

Outros factores actualmente sob investigação são:


É admitido que estas (ou outras?) toxinas exerçam acção
- circulação de grande quantidade de FactordeCrescimen- sobre a microvascularização do córion desencadeando va-
to Epidérmico (EGF) com acção sobre o córion e a viabili- sodilatação com subsequente congestão, edema e hemor-
dade dos queratocitos. ragias focais. Seguem-se a abertura de shunts arterioveno-
- acção das enzimas Metaloproteinases de Matriz (MMP) so- sos conduzindo a zonas de isquemia, redução da produção
bre a membrana basal do córion e sobre o sistema sus- de substância córnea, produção de queratina de má quali-
pensor da 3.ª falange. dade e perda da integridade estrutural da úngula. Em con-

CLAUDICAÇÃO
SINAIS CLÍNICOS
A laminite subclínica pode não apresentar sinais mui-
to evidentes, principalmente se o piso não for muito
agressivo. De qualquer forma há evidência científica
de que existe algum grau de dor, a que pode corres-
ponder relutância ao movimento, maior tempo deita-
da, procura de piso mais macio e baixa produção de
leite. Os casos mais agudos apresentam cifose e mu-
dança constante de apoio. A observação da sola reve-
la um tecido córneo amarelado (edema) com estrias
ou focos avermelhados de hemorragias. A pressão
com "pinça de cascos" elicita uma reacção dolorosa. As
sequelas das laminites subclínicas serão descritas em
pormenor mais abaixo.
sequência de todo este processo as estruturas internas per-
As lesões mais características de laminite crónica
dem a sua aderência ao estojo córneo e "caem" no interior
são sobrecrescimento com deformações da úngula
deste, comprimindo o tecido subjacente (sola) provocando
mais ou menos evidentes. O sobrecrescimento pode
hemorragias. Devido ao pequeno espaço existente entre
dar-se no sentido craneal (unha em sapato turco) ou
duas estruturas não deformáveis (osso e estojo córneo) o
lateral (pé de pato). As estrias transversais podem
edema e congestão originam dor.
ser múltiplas e cada uma corresponde a um episó-
Muito do impacto negativo da laminite subclínica correspon- dio de laminite.
de às lesões que lhe são consequentes, nomeadamente as
Na laminite aguda o animal está em cifose, recusa-se a
úlceras, a dupla sola e a doença da linha branca, que serão
mover ou mesmo a levantar-se, geme e range os den-
descritas mais abaixo. O tempo entre a ocorrência das pri-
meiras alterações vasculares e o aparecimento de lesões visí- tes. É possível palpar os vasos engorgitados (com pul-
so) a nível do boleto.
veis e claudicação grave, pode ser de mais de seis semanas.

A laminite crónica ocorre por alterações de crescimento do


estojo córneo, por prolongamento de um processo subclí-
nico de laminite ou pela repetição ao longo da vida de no-
vos episódios de laminite. As alterações das relações entre
as várias estruturas, o crescimento e desgaste "desordena-
do" por causa da isquemia e a pior qualidade da substância
córnea, acabam por deformar a úngula. A característica típi-
ca das laminite crónicas (linhas transversais) será descrita
abaixo.

A laminite aguda é acidental (e.g. animal que ingere grande


quantidade de concentrado num só momento) e muito
rara em bovinos.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
O tratamento da laminite subclínica normalmente não é
efectuado até serem diagnosticadas as sequelas mais im-
portantes, cuja abordagem é descrita com cada lesão. Se a
lesão primária for detectável podem ser usados AINEs, diu-
réticos, e banhos de água fria. O animal deve ser colocado
em local com piso menos duro (e.g. parque de palha ou
pastagem). Na aparagem de uma sola com laminite deverá

~ CLAUDICAÇÃO
ser deixado tecido suficiente para proteger os tecidos sub-
jacentes inflamados e hiperálgicos. O mesmo cuidado deve
ser levado em conta em relação à colocação de tacos, que
podem aumentar a pressão sobre tecidos edemaciados.
Sendo a etiologia multifactorial e ainda mal esclarecida não
é fácil aconselhar uma estratégia que seja eficaz em todos
os casos. De qualquer maneira a prevenção a nível de ma-
nada inclui: dieta rica em fibra efectiva e adequada propor-
ção de carbohidratos facilmente fermentescíveis (ver profi-
laxia da acidose ruminai subclínica); camas confortáveis;
piso pouco duro (e.g. tapetes) em zonas onde animal se
mantenha de pé muito tempo; zona de exercício em areia.
As vacas no pós-parto deverão ter acesso a parques de pa-
lha, areia ou outro material que reduza o impacto sobre as
estruturas das extremidades podais.
A prevenção de laminite aguda faz-se evitando o acesso a
grande quantidade de concentrado sem oferta concomi-
tante de fibra de qualidade.

ÚLCERA DA SOLA

ETIOPATOGENIA
Lesão típica, mas não exclusiva, de vacas leiteiras em está-
bulos com piso de cimento. Os principais factores predispo-
nentes são: laminite subclínica, deficiente corte funcional,
hormonas (e.g. relaxina), dupla sola e provavelmente a ac-
ção de metaloproteinases de matriz.
Estes factores conduzem a um relaxamento do sistema sus-
pensor da 3.ª falange com a consequente descida e perda da
inclinação normal da 3.• falange que passa a embater repetida-
mente no córion da sola. O maior impacto faz-se pelo proces-
so ventro-caudal do osso e que corresponde à localização típi-
ca da úlcera. Nessa área ocorre hemorragia e necrose e deixa
de haver produção de tecido córneo. A lesão vai progredindo
até atingir a superfície da sola expondo o córion. Factores que
aumentem a força do impacto (piso de cimento, sola demasia-
do espessa ou dupla sola) ou afectem os elementos amortece-
dores, agravam e aceleram a evolução. Os elementos de pro-
tecção são a almofada plantar (afectada na sua composição
pela dieta) e a resistência do estojo córneo, que pode ser dimi- No ponto de agressão há uma tentativa de cicatrização
nuída pela humidade e acidez do estrume, desgaste excessivo com acumulação de tecido de granulação que pode pro-
em cimentos abrasivos ou aparagem correctiva excessiva. lapsar agravando a dor ao embater no solo. Esta lesão é

CLAUDICAÇÃO
para promover a cicatrização e preenchimento da úlcera
com tecido queratinizado. Em casos mais graves poderá ser
benéfico deixar a úng ul a não afectada um pouco mais es-
pessa (ou colocar um ta co) para suportar mais peso duran-
te a recuperação. Nas situações não complicadas é compl e-
tamente CONTRAINDICADA a oclusão da lesão com penso

São afectadas essencialmente as úngulas laterais dos


membros posteriores o que demonstra haver uma re-
lação próxima com a distribuição do peso nos apoios.
A posiçào típica do animal em estação é a abdução do
membro (ou membros) posterior de forma a transferir
o peso para a úngula medial.

A lesão enco11tra-se tipicamente na zona caudal e


axial da sola. No início a úlcera pode nem ser visível
também uma po rta de entrada para bactérias qu e podem sendo apenas diagnosticada pela reacção à pressão
conduzir a osteo mielite, artrite interfalangica séptica e ab- na zona. Com o evoluir da situação surge um foco de
cesso podal (ver abaixo). hemorragia que vai aumentando de tamanho até
ocorrer a abertura com exposição do tecido vivo. Esta
lesão sa11gra muito facilmente especialmente se já es-
R T ME TOE EVENÇ
tiver coberta de tecido de granulação. Os sinais de in-
Na maioria dos casos a desbridagem da zona da lesão e a fecção serão descritos mais abaixo,
aparagem e reposição das bases do apoio são o sufici ente
ou ligaduras, pois, uma vez desbridada a lesão, é muito A prevenção faz-se actuando sobre os factores de risco, no-
pouco provável a infecção ascendente. O tecido de cicatri- meadamente: combater laminite (nutrição), garantir higie-
zação prolapsado apenas deve ser excisado se não for pos- ne dos parques, reduzir a aspereza do cimento, permitir
sível evitar o contacto com o solo e por isso a manutenção acesso de vacas recém-paridas a parques de palha e asse-
de um foco importante de dor. gurar o conforto nos cubículos e camas.
Estudos por nós efectuados mostram uma mais rápida re- É igualmente imprescindível efectuar o corte funcional das
cuperação do apetite e produção se for administrado um úngulas uma ou duas vezes por ano, não esperando pelos
AINE após desbridagem de úlceras da sola. primeiros sinais de claudicação para levar a vaca ao tronco.

DOENÇA DA LINHA BRANCA

ETIOPATOGENIA
A linha branca é a zona de encontro da parede com a sola e
é constituída por um número de túbulos por mm 3 (envol-
tos em queratina) muito inferior ao do material que com-
põe a parede. Esta é, portanto, já de si uma zona de menor
resistência, que pode ser exacerbada em condições de per-
manente humidade ou de laminite. A cedência dos tecidos
da linha branca permite a penetração de corpos estranhos
(e.g. areia) que não só promovem ainda maior separação
das conexões fibrosas como funciona como porta de entra-
da para microorganismos. Durante o apoio em pisos de ci-
mento os corpos estranhos vão sendo forçados dorsal men-
te podendo causar abcessos e trajectos fistulosos que
terminam junto à coroa. Estes abcessos, se não drenados
convenientemente, acabam por infectar as estruturas da
úngula (3.ª falange, articulação interfalangica distal, bursa e
osso sesamóide e, finalmente, a bainha do tendão flexor
profundo).

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Qualquer vestígio de separação e abertura da linha branca
deve ser investigado e a zona desbridada. A zona da parede
abaxial adjacente ao local de afastamento tem de ser reba-
tida para evitar a formação de fendas onde se instalem cor-
pos estranhos. Qualquer trajecto fistuloso deve ser aberto
mesmo que isto signifique a remoção de uma parte subs-
tancial da parede. Éaconselhável a aplicação de um taco na
úngula saudável. A prevenção é a mesma referida para a laminite e ainda o
A abordagem a casos complicados com abcessos e artrites corte funcional regular das úngulas, para corrigir os apoios
é feita no final desta secção. e detectar corpos estranhos ou infecção.

CLAUDICAÇÃO
A doença da linha branca afec ta essencialmente a
zona abaxial cauda l da úngula latera l e por tanto os
animais numa primeira fase têm a tendência para se
apoiar mais sobre as pinças e úngula medial. Se Já há
infecção profunda ou abcesso, o talão está tumefacto
e avermelh ado e o anima l reage à palpação da parede
lateral da úngula ou do ta lão. O grau de claudicação
depende muito da extensão e profundidade da infec-
ção. O diagnóstico definitivo só é possível após exam e
da úngula com cor te das camadas mais superficiais da
sola - ao longo da linha branca é visível uma área es-
cura sendo por vezes evidentes os corpos estranhos
(e.g. areia). Desbridando a zona é possível atingir o ab-
cesso que liberta um líquido castanho sanguinol ento,
mal cheiroso e por vezes, com gás. Se a fístula já abriu
na zona da banda coronária será possível ver uma se-
paração do tec ido córneo da pele e a saída de pus.

ÚLCERA ABCESSO D PI Ç

10 ATO<i NIA
As causas ain da não estão bem esc larecidas, ma s diversos
estudos indicam um aumento da prevalência desta lesão
nas explorações intensivas, Provavelmente existem d iferen-
tes origens que cu lmi nam em lesões idênticas. Alguns es tu-
dos sugerem uma relação com laminite subclínica através
de lesão das artérias da região da pinça levando a conges-
tão e hemorragia na linh a b ranca dessa Z011a e ainda a um
aumento da inclinação da 3.ª fa lange que pod erá leva r a
um aumento de p ressão sobre o córion da pi11 ça, se me-
lha11te ao descrito para as úlce ras da sola. Como já referid o
a úlcera furiciona como uma porta de acesso para m icroo r-
ganismos que dão origem ao abcesso. Esta acumu lação de
pus irá forma r uma ba rreira ent re córion e sola, prejud ica 11-
do o crescimento da C1ngula e provoca ndo dor in te nsa.

Ou tras li nhas d e estud o têm identifi cad o como factor d e


risco destas lesões o adelgaçame11to excessi vo da sola na
zona da pinça. Provavelm ente esta menor espessu ra resulta significar que técni cos res pon sáveis pela aparagem co rrec-
de um corte excess ivo da zona an terior da sola associado a tiva não estão devidam ente prepa rados ou 11ão conseg uem
piso demasiad o abra sivos ou inclir1ados, Este fa cto pod erá adaptar a sua técni ca às co ndições (muito variáveis) em que
-
cos
Ê uma situação muito dolorosa levando a uma rápida
perda de condição corporal e produção leiteira. Sen-
do que a dor é na extremidacle anterior da úr1gula, o
animal apoia preferencialmente os talões, levantando
mais cedo o membro quando se desloca ou
colocando-o sempre ~1 frente quar1do em estação. Al-
guns animais estão sempre com a pata no ar, agitando-
-a frequentemente.

A compressão exercida com dedo sobre a pinça causa


dor intensa . Após o corte da sola superficial é visível a
Lrlcera, hemorragia ou tecido necrótico sobre a linha
branca . O córion é observável logo abaixo e pode já
haver' crescimento de tecido de granulaçao. Se já se
formou um abcesso a aparagem da sola mostra uma
caverna, mais ou menos extensa de onde purga pus
com muito mau cheiro.

as vacas leiteiras vivem. Ou seja, se o cimento é muito abra -


sivo a sola nunca deve ser iiparada até ao limite.

TR TA EP o
Desbridar a zona tendo em atenção que a sol21 na zo11a ela pinça
é pouco espessa (<5 mm) e a 3.ª falange está muito superficia l.
No caso de cavernas ele grande dimensão deve ser retirado
todo o tecido necrótico e a sola que já não se enc011tra aclere11-
te ao córiüll. De seguida eleve ser aplicada uma pomada gorda
com antibiótico e a ú11guli1 protegicla com um penso imperme-
ável. Aplica i' um taco na L1ngula c011tralateral porque o córion
fica largame11te exposto. Reavaliar a situação a cacla três dias.
Lesões pequenas não elevem ser cobertas jil que cicatrizam me-
lhOI' se expostas ao ar. Deverá ser ildministrado antibiótico (pe-
r1icilina) em infecções extensas com exposição da 3.ª falange.

Em casos extremos com destruição ele tecido e osteomieli-


te poderá ser efectuada a amputação ela extremidade da
(111gula, seguida ele penso compressivo, antibiótico tópico e
pilren t eral e AINE. Mudar o penso ele 2 em 2 dias procede11-
cJo à lavagem e desinfecção até cicatrização completa .
As medidas preventivas são idênticas ~s sugeridas piira a lami-
11ite e úlcera ela sola. A aparagem elas unhas eleve ser feita por
térnicos compete11tes, sendo que as situações graves devem
ser sempre refe1enciadas a um médico-veterinário. Colocar ta-
petes nas zo11as ele maior abrasão ou 011de as vacas se rna11te-
nham mais tempo em estação_Evitar pisos muito inclinados.

CLAUDICACAO

. - - -------=-- - --
FALSA SOLA OU DUPLA SOLA

ETIOPATOGENIA
Durante o crescimento da úngula a quantidade e quali-
dade da queratina produzida podem sofrer alterações.
Também é possível que efusões e edemas levem à sepa-
ração física de camadas adjacentes de tecido córneo.
Estas falhas de adesão podem ser infiltradas por fluidos
e corpos estranhos promovendo ainda mais a desunião.
Na origem destas deficientes produções de tecido epi-
dérmico estão geralmente problemas nutricionais como
sejam transições bruscas de dieta com indigestão, aci-
doses ruminais, ingestão de micotoxinas ou carências
em oligoelementos.

Outra causa de dupla sola é o under-running que surge


como sequela da erosão do talão - há penetração de cor-
pos estranhos através de brechas no talão que provocam a
separação de duas camadas da sola.

Estas duas situações têm uma etiologia diferente, mas um


aspecto clínico semelhante.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
SINAIS CLÍNICOS
Os casos simples são resolvidos com corte da camada ex-
A falsa sola pode passar despercebida até ao corte
terna e limpeza e aparagem da segunda camada. Se esta
funcional das úngulas. No entanto, se houver uma
última for muito fina é aconselhável colocar um taco na ou-
apreciação cuidadosa do grau de claudicação das va-
tra úngula e fazer pedilúvio de sulfato de cobre a 5%-10%.
cas da exploração será possível detectar ligeiras altera-
Um maneio nutricional e alimentar adequado, com transi- ções no andar dos animais afectados por dupla sola já
ções alimentares graduais, níveis correctos de fibra efectiva que esta causa desconforto e alguma dor. Após o cor-
e minerais, evitar utilização de matérias-primas deterioradas te da camada exterior da sola é encontrada uma nova
e combate à acidose ruminai, são as medidas de profilaxia superfície escura e coberta de sujidade. Por vezes está
aconselhadas. A prevenção do under-runnig será apresenta- associada a uma úlcera da sola.
da mais abaixo na "Erosão do Talão''.
FISSURAS TRANSVERSAIS

ETIOPATOGENIA
As fissuras transversais ou horizontais estão relacionadas
com períodos de stress metabólico, toxémia ou doença
febril. Estas doenças causam um distúrbio na produção
de tecido córneo de qualidade que se revela por estas fi-
nas linhas horizontais ao longo de toda a parede. As fissu-
ras podem ser múltiplas dependendo da repetição dos
episódios. É possível identificar aproximadamente a altu-
ra em que se deu a agressão medindo a distância entre a
coroa e a fissura (lembrar: crescimento da úngula de bo-
vino= 5 mm por mês).

SINAIS CLÍNICOS
As fissuras são bem visíveis ao longo da parede e, por-
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
que derivam de causas sistémicas, estão presentes em
todas as úngulas. As fissuras muitas estreitas podem As fissuras simples não requerem tratamento. As fissuras
não ser evidentes a não ser que se limpe bem a úngu- complicadas devem ser raspadas e desbridadas libertando
la da sujidade aderente. As fissuras infectadas ou em material infectado e necrosado e evitando a prisão de cor-
que ocorra penetração de corpos estranhos podem pos estranhos. Aplicar spray de oxitetraciclina ou outro de-
causar claudicação grave. Atenção ao exame das ex- sinfectante. Se houver prolapso de córion através da fissura
tremidades podais, porque ao levantar o membro na poderá ser necessária a remoção cirúrgica sob anestesia re-
forma habitual as lesões na parede plantar podem gional. Se for removida grande quantidade de tecido cór-
passar despercebidas. neo poderá ser necessário preencher a falha com a resina
usada na aplicação dos tacos de madeira.

FISSURAS LONGITUDINAIS

ETIOPATOGENIA extensão e localização das fissuras variam bastante desde


pequenas brechas junto à coroa até aberturas que atingem
As fissuras verticais ou longitudinais têm uma etiologia
a pinça.
múltipla e ainda pouco esclarecida. Factores como trauma-
, 1 tismos, o peso do animal, o tipo de piso e a desidratação do
tecido córneo (tempo quente e seco; stress do calor) favo-
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
recem o aparecimento deste tipo de lesão. Por vezes
associam-se às fissuras horizontais provavelmente porque Tratamento semelhante ao das fissuras horizontais - reba-
estas permitem uma flexura exagerada da parede dorsal. A ter a parede, cortar úngulas demasiado compridas e fazer a

CLAUDICAÇÃO
SIN IS fNICO.
Lesã o ge ralm ente m ais do lo ro sa e comp li cad a de
resol ver do q ue a an ter ior. Surge m ais nos m em-
b ros anteriores, talvez devido aos traumatismos
qu e são m ais frequent es. O grau d e claud icação
varia bastante com a extensão e p rofundidade d as
fissur as e ainda com a poss ib ilidade d e have r algu-
ma p o rção do córion p ro lapsa do. No rma lm en te as
fi ssu ras são bem visíveis e a pal pação profunda
co m pin ça provoca do r intensa se houve r infe c-
çã o. Como no cas o das fissuras horizontais a ins-
pec ção da úngula tem de se r c uidad osa po rq ue na
posiç ão nor mal de exame da s ú11gul as. esta s le-
sões ficam esco nd idas.

curetagem de tecidos prolapsados. A supl ementação ali-


mentar com biatina e zin co favorece a saúde do tecido có r-
neo. Evitar condições ambientais que cond uzam à desidra-
tação das úngulas e ao traum atismo desta s (e.g. buracos,
pedras, degraus).

ú PARAFUSO (CORKSCREW CLAW)

ETIOPATOG
Na origem desta condição es tá a rotação da 3.ª falange (e
restantes est ruturas) no interio r do estojo córneo. Isto pode
surgir por alte rações na rel ação entre as dua s falanges dis-
tais e na articul ação entre estas. A unha latera l dos mem-
bros posteriores é rnai s freq uentemente afec tada o que
sugere influência de factores biomecânicos. Há ainda a su-
gestão de uma predisposição ge nética hereditária Com a
rotação dese nvolvem-se novas relações entre as estruturas
com um cresc imento defeitu oso e deformação exterior de
toda a úngula. A situação muitas vezes compl ica-se com
úlceras, abcessos, exostoses e anqu ilose. Normalmente
esta condi ção só se torna evid ente em animais com mais
de 3 ano s.

- - CLAUDICAÇ ÃO
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
SINAIS CLÍNICOS
A correcção completa e permanente é praticamente im-
O grau de rotação varia muito. A parede lateral da úngula
possível. Os animais afectados devem ser alvo de corte cor-
vai rodar no sentido ventral podendo, nos casos extre-
rectivo regular de forma a ir repondo e corrigindo as super-
mos, passar a ser a superfície de apoio. De forma análoga,
fícies de apoio e assim evitar a deformação exagerada das
a sola aparece como parede axial. Em certos casos forma-
úngulas. A prevenção faz-se pela aparagem correctiva re-
-se uma concavidade na zona axial onde se pode acumu-
gular e pelo não aproveitamento dos descendentes dos
lar estrume favorecendo maceração do tecido córneo, animais afectados.
formação de úlceras e abcessos interdigitais. O animal
mostra um andar desajeitado, desequilibrado e descon- Eliminar da reprodução animais com situações graves.
fortável, apesar de não mostrar sinais de dor evidente.

EROSÃO DO BOLBO

ETIOPATOGENIA
A exposição (quase) permanente das úngulas de vacas leiteiras
a um ambiente húmido e com pH ácido (estrume) promove a
maceração e degradação do tecido do bolbo ou talão. Este é o
ambiente típico de estábulos com sistema de limpeza defi-
ciente ou parques mal drenados. Assim, esta é uma condição
que pode ter uma enorme prevalência numa exploração e ser
praticamente desconhecida noutra. Surge principalmente em
vacas de leite, mas também em novilhos de engorda.
Para al ém da acção química e física, é sugerido o papel de
bactérias anaeróbicas como Oichelobacter nodosus.

SINAIS CLÍNICOS
A não ser em casos complicados ou associados a úlce-
ras da sola ou doença da linha branca, a claudicação
não costuma ser muito evidente. O aspecto do talão é
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
o de tecido macerado ou necrosado com fendas mais
ou menos profundas onde se acumula estrume. Com A aparagem funcional da úngula retirando o material ne-
a perda de tecido do talão há uma sobrecarga exerci- crótico e desbridando as fendas, é normalmente suficiente.
da sobre a sola imediatamente anterior, o que estimu- Aplicar spray de antibiótico ou desinfectante. Para a preven-
la o crescimento de tecido córneo. Como resultado o ção é essencial evitar a humidade constante e o permanen-
talão dessa úngula fica mais alto provocando um de- te contacto das extremidades com estrume. Proporcionar
sequilíbrio no apoio e um andar bambaleante. Este é às vacas um parque de exercício com piso de areia é uma
também um factor predisponente para úlcera da sola, forma de prevenir eficazmente estas e outras lesões das ún-
que normalmente surge associada à erosão do talão. gulas. Usar regularmente pedilúvios para reforçar a resistên-
cia dos tecidos e prevenir infecções.

CLAUDICAÇÃO
PANARÍCIO INTERDIGITAL

ETIOPATOGENIA
Infecção, com inflamação e necrose mais ou menos exten-
sa, do tecido cutâneo e subcutâneo por Fusobacterium ne-
crophorum e, provavelmente, Bacteroides melaninogenicus.
A porta de entrada da infecção é quase sempre uma pe-
quena solução de continuidade. A área mais frequente-
mente atingida é o espaço interdigital porque é mais facil-
mente traumatizado e oferece as melhores condições de
anaerobiose.

A profundidade da infecção é muito variável podendo nos


casos mais graves atingir toda a extremidade até ao boleto
(ver abaixo Abcesso Podal). É uma das fontes mais frequen-
tes de trombos sépticos que conduzem a endocardites.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Iniciar o tratamento aos primeiros sinais para evitar infec-
ções profundas com propagação à articulação interfalangi-
ca distal.

SINAIS CLÍNICOS
Esta é a única doença das extremidades podais que exige o
Conforme a extensão da infecção os sinais podem ir
tratamento antibiótico parenteral e tópico (spray ou poma-
de ligeira claudicação (infecções crónicas e superfi-
da). São aconselhados beta-lactâmicos como a penicilina,
ciais) até claudicação muito grave - o animal pratica-
amoxicilina ou cefalosporinas, duas vezes ao dia. São tam-
mente não assenta a pata e agita-a no ar como que a
bém eficazes sulfamidas, oxitetraciclina e macrólidos. Em
tentar libertar um corpo-estranho entalado entre as
infecções profundas e extensas é aconselhada a administra-
unhas. O animal tem relutância em levantar-se ou an-
ção endovenosa abaixo do garrote do antibiótico (e.g. oxi-
dar e há um rápido decréscimo na produção leiteira.
tetraciclina). Devido à dor intensa e febre, deve ser adminis-
Pode haver hipertermia. A pele acima dos talões (bila-
trado um analgésico e antipirético para garantir o bem-estar
teral) está edemaciada, quente, vermelha e muito sen-
e a ingestão de alimento durante a recuperação. Lavar e de-
sível ao toque. A passagem do dedo pelo espaço in-
sinfectar o espaço interdigital, mas NUNCA aplicar penso ou
terdigital causa dor e revela abundante tecido escuro
ligadura.
e muito malcheiroso. A observação do espaço interdi-
gital mostra uma ferida e tecido inflamado e necrosa- Esta doença é evitada através da remoção de corpos estra-
do. Deve ser procurada a presença de corpos- nhos traumatizantes dos parques. Evitar caminhos pedre-
-estranhos (e.g. pregos, arames ou pedras). Numa fase gosos. Deve-se evitar o uso de material demasiado grossei-
de resolução o espaço interdigital pode estar comple- ro ou traumatizante nas camas (e.g. mato com silvas ou
tamente preenchido por tecido de granulação que urze). Pedilúvios e corte regular das úngulas de forma a
sangra facilmente (é uma causa predisponente para a manter o espaço interdigital aberto e arejado. A vacinação
formação de tiloma). contra F necrophorum pode ser utilizada em efectivos onde
as lesões sejam frequentes.
DERM TITE DIGITAL E I TERDIGITAL

ETIOPATOGE IA
A Derm atite Digital também é chamada Doen ça de Mor-
tellaro ou Strawberry Disease. A designação de "micose''.
que por vezes surge em Portugal, é comp leta mente errada
dando ideia de fungos terem um pape l na doe11ça. Se bem
que os agentes primários ai11da não tenham sido completa -
mente identificados, sugere-se o e11volvimento de uma sé-
rie de espiroq uetas (Trepo nemas7) e bactérias anaeróbicas
(e.g. Oichelobacle1 nodosus). Como factores predisponentes
conta-se o excesso de humidade e a fraca higiene nos par-
ques. É uma doença contagiosa. A imun idade estabelece -
-se no efectivo ao fim de algum tempo, poden do surgir na
form a de surtos quando há introdução de novos animais,
Em ce rto s mome11tos a prevalê11 cia pode ultrapassar os
90% cios anima is adultos.

Há quem considere a dermatite interd igital uma dermatite


com localização diferente, mas há invest igadores que suge-
rem uma o utra etiologia.

TRATAMENTO E PREVE Ç O
Lavagem e remoção de tecid o necrosado o u crostas segui-
do de aplicação local de a11tibiótico. Casos i11dividuais po-
dem ser tratados com um spray comerc ial (e.g. oxitetracicli -

SI AI CLÍNICOS
O que mais surpreende na dermatite digital é o grau
de dor causado por uma lesão tão superficial e mui-
tas vezes afectancio uma área relativame11te pequena
(2 -4 cm). Os primeiros sinais são os de uma claudica-
ção intensa com dor à palpação da pele junto aos ta-
lões ou na área entre estes. A lavagem da zo11a revela
zonas eritematosas das quais sobressaem uns prolon-
gamentos cutâneos bem espaçados e queratiniza-
dos, semelhantes a cerdas (dermatite proliferativa) ou
lesões mais profundas, vermelhas e exsudativas (der-
matite erosiva). Segue-se um espessamento da pele e
formação de crostas. Em casos muito graves há con-
fluê11eia de lesões que podem ocupar toda a região
plantar até às úngulas suplementares.

CLAUDICAÇAO
na) ou usando um nebulizador com uma solução de destinada a manter as patas das vacas cobertas enquanto
lincomicina (0,6 gr/L), lincomicina+espectinomicina (0,5 estão no parque de espera da ordenha.
gr/L) ou tilosina (0,5 gr/ L). Sobre lesões mais graves pode ser A prevenção deve ser iniciada quando surgem os primeiros
aplicado oxitetraciclina em pó (2 gr), um magdalião eferves- animais afectados ou haja a introdução de novos animais
cente (para aplicação intra-uterina) ou uma gaze embebida numa exploração onde a Dermatite Digital seja endémica.
em ácido muriático (35%), sendo depois as lesões cobertas Pedilúvios de formalina ou sulfato de cobre apenas são
por penso impermeável durante poucas horas. úteis se ainda não houver animais com lesões. Para os res-
No caso de estarem muitos animais afectados, todo o efec- tantes casos o pedilúvio profiláctico deverá ser semelhante
tivo deverá passar dois dias seguidos por pedilúvios com ao sugerido para o tratamento.
oxitetraciclina (4 gr/L), tilosina (0,06 gr/L) ou lincomicina- No caso de se receber o apoio de técnicos de aparagem de
-espectinomicina (0,3 gr/L) depois das extremidades serem unhas, deve ser garantido que TODO o material foi conve-
bem lavadas na ordenha. Repetir ao fim de 3 semanas. Ac- nientemente desinfectado (e.g. hipoclorito de sódio) entre
tualmente existe no mercado uma espuma à base de ác. explorações. O mesmo deve acontecer depois de se aparar
paracético (associado ou não a peróxido de hidrogénio) ou tratar animais com lesões de Dermatite Digital.

TILOMA OU HIPERPLASIA INTERDIGITAL

ETIOPATOGENIA
É uma hiperplasia da pele e tecido subcutâneo no espaço
interdigital dando origem a uma massa fibrinosa que sobres-
sai entre as úngulas. As principais causas são inflamação cró-
nica (e.g. panarício) e irritação ou traumas repetidos do espa-
ço interdigital (e.g. estrume ácido ou sobrecrescimento das
úngulas que entalam a pele do espaço interdigital). Surge
essencialmente nos membros posteriores e é mais frequente
em raças de carne. Parece haver uma predisposição genética
(e.g. raça Hereford), sendo que nesses casos surge nas quatro
patas. Os tilomas predispõem o espaço interdigital para pa-
narício interdigital por facilitar a ocorrência de feridas.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Lesões pequenas não precisam de tratamento sendo apenas
necessário proceder ao corte correctivo das úngulas libertan-
do espaço na região axial. Massas maiores devem ser removi-
das. A remoção dos tilomas médios pode ser através de cau-
terização térmica (e.g. ferro em brasa, ferro de descorna ou
criocirurgia) ou química (penso com pasta de descarna, áci-
do metacresol-sulfónico ou formaldeído). No caso de massas
de grandes dimensões, causadoras de claudicação e dor, é
aconselhada a remoção cirúrgica - incisão no espaço interdi-
gital em V profundo (em gomo de laranja) retirando também

- - CLAUDICAÇÃO
Tum efacçáo com aspec to de um tumor benig110 mais
ou me11os sobres sa ído do espaço in te rdi g ital. Tilom as
pequenos passam despercebidos até o animal ir ao
tro nco. Os tiloma s de maiores dimensões impedem a
união das úngulas - espaço interdigital se mpre visível.
Com o tempo a pele so fre um proc esso de hiperqu e-
ratini za ção ficando co m uma consi stência muito dura.
O tec ido muito prolapsado do espaço interdigital no r-
malmente sofre traumati smos que co nduzem a he-
morragias, ulceração, necrose e infecções secundárias
com presença de pu s. Nestes últimos casos há dor
co m claudicação evi de nte.

a gordura subjacente m as preservando os ligamentos cruza-


dos interdigitais. Após ciru rg ia deve ser aplicad o um pen so
compressivo pouco espesso e as pinças devem ser atad as
com arame forte de forma a com primir o espaço interdigita l
- menos hemorragia e menos tecido de g ra nulação.

Qu alquer um destes m étodos deve sei feito sob ane stes ia


(lidoc aína 2%) end ovenosa debaixo de ga riote, e segui do
de tratamento com AINEs.

Medidas preventivas são - corte co rrectivo reg ular e higie-


ne dos parques.

ARTRITE 1 NGIC E BC SSO POD L

ETIOPATOG NIA
Complicação ou sequela de muitas das doenças de que se
falaram anteriormente, particularmente da úlcera da sola,
panarício e doe11ça da linha branca. A i11fecçã o pode ati11gir
a 3.ª falange, osso sesamóide, bainha do tendão flexor pro -
fundo, b ursa e articulação inter falân gica distal. Em casos ar-
1astados a infecção pode estender-se até ao boleto através
da ba i1 1ha dos tend ões fl exores. Em situações crónicas 11ão
tratadas insta la-se fin alm ente anquilose, fibrose generaliza-
da e formação de abcesso que pode acabar por supurar.

Em situações mais raras a infecção pode iniciar-se com a


pe rfuração da zona da articulação interfalang ica distal por
corpos estran hos como pregos ou aram es. A penetraçã o de
microorgan ismos leva a artrite séptica e osteomielite.

CLAUDICAÇÃO
SI
Há claudicação muito intensa com o animal a evitar a
todo o custo tocar com a pata no solo. Há magreza e
quebra de produção acentuada, atrofia muscular uni-
lateral, cifose permanente, ranger de dentes e relutân-
cia a levantar-se. A zona da coroa está inflamada (mais
do lado da úngula afectada), quente, vermelha e muito
sensível. Em alguns casos a tumefacçao pode estender-
-se até acima do boleto. Se houver lesao (ruptura) do
tendao flexor a pinça está levantada. O diagnóstico di-
ferencial com panarício deve ser feito imediatamente
pois este necessita da administração urgente de antibi-
ótico - no panarício há mau-cheiro interdigital e a in-
flamaçao Junto ao talão costuma ser bilateral.

Casos crónicos apresentam tumefacção generalizada


da extremidade, anquilose abaixo do boleto e claudi-
cação moderada permanente.

EV ÇA
Animais de baixo va lor co m lesões exten sas e graves devem
ser eutanasiados porque o retorno financeiro é pou co pro-
vável e o sofrim en to expectável é enorme.

O tratamento da infecção podal TEM de ser cirl'.irgico Fazer


unicamente antibioterapia + anti-inflamatórios é apenas
uma forma de aumentar o prejuízo económico e perpetuar
o sofrimento do anima l.

lllllzma CLAUDICAÇÃO
-- O tratamento cirúrgico não será aqui descrito em porme- • Amputação do dígito - cirurgia rápida e barata com re-
nor, mas são apresentadas as principais alternativas: cuperação fantástica dos animais porque a fonte de
• Abertura na zona dos talões com extirpação do sesamói- dor é eficazmente eliminada. Apenas terá sucesso se a
de e bursa, incisão e lavagem da bainha tendinosa ou outra úngula do mesmo membro estiver em perfeitas
condições.
tenectomia. Lavagem frequente da ferida cirúrgica e ci-
catrização por 2.ª intenção. O tratamento de fracturas a 3.• falange pode ser feito atra-
• Perfuração com broca da face abaxial caudal em direcção vés da colocação de um taco sob a úngula saudável ou am-
à parede axial de forma a perfurar a articulação (artrode- putação da úngula (no caso de osteomielite).
se). Colocação de dreno e lavagem regular da articulação A prevenção assenta no tratamento atempado e compe-
com soro fisiológico. tente das lesões e doenças das extremidades podais.

POLIARTRITE SÉPTICA DOS VITELOS CLAUDICAÇÃO, TUMEFACÇAo ARTICULAR


PROSTRAÇÃO

ETIOLOGIA
Artrite de origem bacteriana.
Têm sido isoladas muitas espécies bacterianas de casos de
poliartrite séptica neonatal, mas as mais frequentemente
envolvidas são: Escherichia coli, Mycoplasma sp., Streptococ-
cus sp., Staphylococcus sp., Erysipe/othrix rhusiopathiae e Sa/-
monella sp ..

EPIDEMIOLOGIA
A doença é (quase) exclusiva de vitelos com falha
de imunidade de origem materna.
Más condições de higiene (na maternidade ou viteleiro),
atraso na ingestão de colostro ou ingestão de colostro de
má qualidade, predispõe os vitelos para a bacteriemia que
conduz à poliartrite. As artrites nunca são congénitas (não
confundir com malformações genéticas).

PATOGENIA
Infecção das articulações ocorre por via
hematogena.
As portas-de-entrada mais prováveis são: tracto gastro-
-intestinal (enterite), tracto respiratório superior e umbigo

CLAUDICAÇÃO
(onfalite). Alguns agentes são transmitidos através do leite
materno (e.g. Mycop/asma bovis). SINAIS CLÍNICOS
A bacteriemia e septicemia neonatal estão na origem de Os principais sinais são distensão e dor articular,
numerosas doenças, como meningite (v.), peritonite (v.) e que se revela por uma claudicação intensa.
poliartrite. Esta última é a sequela mais comum. Normalmente atinge animais com poucos dias de
Na maior parte dos casos são afectadas as articulações do vida. No início apenas se nota inapetência, que muitas
carpo o que sugere que factores físicos (e.g. edema por vezes conduz a desidratação. Um exame mais minu-
traumatismos repetidos) podem favorecer o desenvolvi- cioso mostra um animal que reage violentamente às
mento da infecção bacteriana. tentativas de flexão do membro. Devido à dor o vitelo
adopta frequentemente o decúbito costal ou estende
para a frente o membro quando em decúbito esternal.
LESÕES Pode haver febre e as articulações afectadas estão
Articulação cheia de líquido sinovial turvo, quentes e tumefactas.
com fibrina ou pus. Alguns dias depois do início da infecção a articulação
As superfícies articulares apresentam-se rugosas com fibri- supura. Os vitelos que sobrevivem à fase aguda so-
na aderente. frem anquilose, com deformação extensa dos mem-
bros. Estes animais mostram atraso de crescimento e
claudicam toda a vida.
DIAGNÓSTICO
Nem sempre é fácil evidenciar as doenças que funciona-
Os sinais clínicos descritos, em animais com idade ram como portas-de-entrada (e.g. diarreia ou onfalite).
inferior a 15 dias, são suficientes para o diagnóstico.
A punção com colheita de líquido sinovial serve para confir-
mar natureza inflamatória e bacteriana da lesão e ainda per-
mite a escolha mais racional do antibiótico (proteína eleva-
da, neutrófilos abundantes e cultura microbiana positiva). A
ecografia pode dar informação quanto à gravidade da lesão
e permite avançar com um prognóstico. O hemograma re-
vela leucocitose com neutrofilia, hiperfibrinogénio e hema-
tócrito aumentado.

Deve-se fazer diagnóstico diferencial com malformações


congénitas, como a contractura tendinosa, com fracturas ou
lesões musculares e nervosas consequentes a tracções exa-
geradas no parto, ou com doença do músculo branco (v.).

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Apenas o tratamento precoce e agressivo com
antibiótico pode evitar lesões permanentes.
Qualquer vitelo recém-nascido com articulações tumefac-
tas e doridas à flexão deve ser imediatamente tratado com
antibiótico - oxitetraciclina, enrofloxacina (se se suspeitar
de Mycoplasma), ceftiofur ou amoxicilina com ác. clavulâni-
co. A administração de AINEs é importante porque é impor-
tante que o animal mantenha o apetite.

A lavagem da articulação oferece bons resultados se for


efectuada antes de destruição significativa da superfície ar-
ticular ou instalação de osteomielite. Após preparação ci-
rúrgica da área é colocado um dreno pelo qual são instila-
das grandes quantidades de fluid os (e.g. Lactato de Ringer).
NÃO injectar antibiótico na articulação. Manter o animal em
boas camas e isolado dos restantes vitelos e lavar com fre-
quência a articulação. A incisão da articulação com drena-
gem e lavagem é um método alternativo reservado para
casos com pus espesso ou infecção extensa.

A amputação do membro a nível do rádio é uma solução


para casos de destruição completa da articulação com os-
teomielite, extensa atrofia muscular e sofrimento animal.

A principal medida preventiva é a oferta de 3-4 litros de colos-


tro de alta qualidade (usar colostrometro) antes das 6 horas de
vida, seguido de uma segunda refeição antes das 12 horas.
Não colocar vitelos jovens em boxes sem camas ou sobre ci-
mento descoberto. Pasteurizar leite em explorações com in-
fecções endémicas das vacas por Mycop/asma bovis ou outros
agentes. Aplicar boas práticas de higiene e conforto animal.

ARTROPATIAS CLAUDICAÇÃO
TUMEFACÇÃO E DOR ARTICULAR, PROSTRAÇÃO

ETIOLOGIA
Artrites são processos inflamatórios e artroses são
processos degenerativos.
As artrites fazem parte do quadro clínico de doenças espe-
cíficas, tais como brucelose, histofi lose ou micoplasmose,
são sequelas de bacteriemias com origem em infecções
como endocardite, pericardite ou peritonite, são extensões
de infecções locais (e.g. abcesso podal) ou são de origem
traumática (e.g. penetração de corpo estranho). A poliartri-
te séptica neonatal foi descrita mais acima. Como as artrites
têm sido abordadas noutras secções deste livro aqui serão
discutidas essencialmente as artropatias degenerativas (ar-
troses).

Neste último grupo englobam-se situações com sinais clíni-


cos muito parecidos, mas com etiologia muito variável. As
causas mais comuns em bovinos são:

• Nutricional - hipofosfatémia em vacas leiteiras; proces-


sos não inflamatórios de vitelos de engorda afectando a Traumática - novilhos pesados em piso muito duro ou
placa de crescimento epifisária (osteocondrose), porca- ripado; após lesões no ligamento cruzado em touros de
rência em cálcio, cobre, magnésio ou manganês ou vita- cobrição; traumas repetidos sobre vertebras em vacas
minas A, De E; intoxicação por fluor. leiteiras mantidas em cubículos.

CLAUDICAÇÃO
• Anatómica - degenerescência coxo-femural secundária
a displasia da anca em novilhos pesados. SINAIS CLÍNICOS
• Relacionados com idade - artropatias degenerativas em Sinais comuns a todas as artropatias são
vacas e touros velhos. claudicação, atrofia muscular e relutância
ao movimento das articulações afectadas.
As artroses caracterizam-se por uma evolução mais
EPIDEMIOLOGIA
lenta do que no caso de artrites, afectam mais do que
As artroses são típicas de animais pesados uma articulação e ocorrem principalmente nas articu-
(alimentação intensiva) ou com idade avançada. lações com amplitude de movimentos maiores (e.g.
As artropatias são mais frequentes em animais mantidos coxofemoral ou soldra). A dor é evidente com o animal
em piso de cimento e com pouca possibilidade de exercí- levantado, havendo geralmente relutância ao movi-
cio - vacas leiteiras presas à manjedoura; touros de cobri- mento, mas é aliviada quando em decúbito. Pelo con-
ção em parques pequenos ou novilhos de engorda em trário, os sinais de dor são permanentes nas artrites.
feed-lots com piso em ripas. A osteocondrose surge em no- Outros sinais típicos de inflamação (anorexia, febre,
vilhos pesados com mais de um ano afectando principal- atonia ruminai e articulações quentes à palpação) es-
mente a soldra e curvilhão (bilateral) e vértebras lombares, tão normalmente ausentes nas artroses.
sendo um problema grave em animais destinados à cobri- No início de um processo de osteocondrose a claudi-
ção pois pode incapacitá-los para a função. As degeneres- cação não é evidente, mas há efusão articular e atrofia
cências articulares intervertebrais são comuns em vacas muscular. Com a evolução do processo (osteocondri-
leiteiras mantidas em cubículos mal desenhados. te dissecante) o novilho evita mexer-se ou, quando o
Algumas raças parecem mais predispostas para fazerem ar- faz, os movimentos são rígidos, evitando a flexão das
troses provavelmente devido a aprumos deficientes ou a articulações doridas.
particularidades anatómicas e fisiológicas a nível das extre- As lesões degenerativas da coluna vertebral de vacas
midades ósseas. podem não afectar muito o movimento no início, mas
é quase sempre evidente uma alteração do perfil dor-
sal ou lombar. Nas situações mais graves ou à medida
PATOGENIA que o processo evolui, é notória a dificuldade da vaca
Traumas repetidos estão na base de muitas em deitar-se e o esforço necessário para se levantar. O
das artropatias degenerativas. terço posterior está descaído e não há extensão com-
pleta das articulações do membro pélvico, nas artro-
O excesso de stress sobre as superfícies articulares pode re-
ses lombares. Algumas vacas surgem repetidamente
sultar de má conformação, mas quase sempre resulta de
entaladas nos cubículos por avançar demais nas ten-
piso agressivo, pouco exercício e excesso de peso. Escorre-
tativas de se levantar.
gadelas e choque com peças das instalações pioram a situ-
ação. A instabilidade que sobrevém leva à proliferação de Vitelos com intoxicação por fluor apresentam dor arti-
tecido fibroso, à lesão e perda da cartilagem e à exposição cular bastante evidente e coloração acastanhada dos
e agressão do osso sub-condral. dentes.

As forças e movimentos pouco normais exercidos por vacas Em situações de artrite sem uma causa bem definida,
leiteiras ao deitarem-se ou levantarem-se em cubículos dever-se-á proceder à auscultação cardíaca cuidada
subdimensionados causam lesões extensas das vértebras e devido à associação frequente com endocardites
discos intervertebrais da zona dorsal ou lombar. bacterianas (v.).

LESÕES
As artrites são serosas, fibrinosas ou purulentas. exposto. Pode seguir-se um espessamento reactivo da car-
Nas artroses há poucas alterações do líquido sinovial e a tilagem. Em processos arrastados (> 2 anos) podem ser evi-
aparência da superfície articular é baça, seca, amarelada, dente condrificação e presença de osteófitos e outras alte-
corroída ou granulomatosa. O osso subjacente pode estar rações ósseas.

- - CLAUDICAÇAO
Vitelos com intoxicação por fluor apresentam exostoses TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
subcondrais.
Nos processos degenerativos é essencial combater
Atenção à possibilidade de ocorrência de processos a causa primária.
mistos (inflamatório e degenerativo).
O tratamento das artrites deve ser feito após identificação
do agente e TSA. A antibioterapia deve ser prolongada e
DIAGNÓSTICO não deve ser suspensa logo após melhorias da claudicação.
A lavagem articular com colocação de um dreno é uma op-
A colheita e análise do líquido sinovial permitem ção quando há acumulação de pus.
diferenciar o tipo de artropatia.
O prognóstico no caso de artroses é muito reservado e o
Artrite infecciosa - fluido amarelo, turvo, abundante, con-
abate poderá ser a melhor solução em termos económicos
tendo muitos leucócitos (>50.000/µL) e proteína (>3 gr/dl) e de bem-estar animal. Se a origem do problema for resolú-
e por vezes fibrina ou pus. A cultura microbiológica é geral-
vel e se pretender tratar o animal, deverá ser administrado
mente positiva (atenção à necessidade de meios específi-
um AINE e o animal colocado em piso mole.
cos para crescimento de Mycoplasma). Na artrose o líquido
sinovial apresenta poucas alterações. A prevenção de artropatias degenerativas deve ser feito
através do combate às causas primárias - piso adequado ao
Nos casos em que se suspeita de origem nutricional deve-
peso de animal, garantir exercício regular, suplementação
rão ser pesquisados os níveis sanguíneos ou alimentares de mineral e vitamínico, cubículos bem desenhados e boas
Ca, P e vit. D. Os níveis de fosfatase alcalina podem estar
camas.
aumentados no caso de elevada reabsorção óssea.

O exame ecográfico ou radiográfico detecta efusão, presen-


ça de fibrina, espessamento ou erosão da cartilagem, oste-
ófitos etc. ..

CLAUDICAÇÃO
BURSITE (HIGROMA) E CELULITE TUMEFACÇÃO • CLAUDICAÇÃO LIGEIRA

ETIOLOGIA
Lesões quase sempre relacionadas com camas
de má qualidade.
Pequenos traumatismos repetidos causam reacções infla-
matórias e hiperplasia da pele ou estruturas subjacentes
nas zonas do carpo ou tarso. Os traumas repetidos dão-se
quando animais se deitam ou levantam sobre superfícies
abrasivas e duras. São mais prováveis em vacas com patolo-
gia podal porque estas arrastam mais os membros a
levantarem-se ou deixam-se cair desamparadas. O embate
do calcâneo com as bordas dos cubículos demasiado cur-
tos causa lesão semelhante na zona caudal do curvilhão. As
lesões na face medial do tarso são mais difíceis de explicar,
mas provavelmente o seu desenvolvimento é favorecido
pela raspagem continuada da zona por úberes grandes e
edemaciados. Bursites podem surgir também por infecção
por Bruce/la.

A falta de higiene das camas é responsável pelas compli-


cações das lesões primárias - feridas infectadas, úlceras e
abcessos.

SINAIS CLÍNICOS
EPIDEMIOLOGIA
Nos casos não complicados não há dor à
A prevalência destas lesões correlaciona-se com palpação nem claudicação, ou esta é muito
a qualidade das instalações e camas em vacarias ligeira.
de leite.
O higroma carpal inicia-se com perda de pêlo e ligeira
A incidência deste tipo de lesões varia muito entre explora- tumefacção na face dorsal do carpo. Com a continua-
ções - estão praticamente ausentes quando se utilizam ca- ção do estímulo traumático a acumulação de líquido
mas espessas de areia ou palha e são muito frequentes continua, assim como o espessamento da pele até
quando vacas se deitam em piso de cimento ou tapetes de atingir o tamanho de uma laranja ou maior. Raramen-
má qualidade. Mesmo que não pareça incomodar muito os te há infecção e claudicação grave.
animais, estas lesões são sinónimo de desconforto e por
As lesões do tarso são muito mais frequentes na face
isso de animais que não estão a atingir o seu máximo po-
lateral da articulação, mas podem também surgir na
tencial de rendimento.
face medial. Também estas lesões começam como
uma pelada a que se seguem graus crescentes de es-
pessamento da pele. A claudicação nestes casos tam-
PATOGENIA
bém é mínima, mas pode tornar-se moderada se hou-
As estruturas afectadas são diferentes, mas ver infecção com formação de abcesso.
a etiologia e patogenia são semelhantes.
Se a claudicação passar a ser grave, com sinais de dor
No carpo é afectada a bursa dorsal (bursite) ou desenvol- evidente, é provável que a articulação tenha sido
ve-se uma falsa bursa (higroma) em resposta aos estímu- afectada.
los repetidos. No tarso ocorre essencialmente um pro-

. . CLAUDICAÇÃO
cesso ele celulite nél fa ce lilte rai do cu rvilhâo. Numa
prim eira fa se há acumula ção de flui do a qu e se segue hi -
perpl as ia e hiperqueratose cutâ11 ea . Por ve zes formam-se
ferid as e C1lcer<1s com pen etra ção de hilc:té rias, damJo ori-
ge m a abce ssos. Norm<1l111 ente ilS res Lantes articulações
não afec t adas.

DIAG ÓSTICO
O aspecto das lesões e o quadro clínico,
com ausência de dor, é característico.
O DD com artritf'S P tr,1uma tis111os illJ Udos, ern qrre hi'í dor i11·
tensél e inc:ipac:idJcJe ou relutáriciil ern fl ec tir ,is ar tic:ulaçôes.

UT ç o
Garantir o conforto da vaca com camas limpas,
espessas e não traumatizantes, é a melhor maneira
de prevenir estas lesões.
LesêJes iniciais desaparecem co111 iJ melhoriJ das Gllnils. O Íiicçâo podcJ ~Pr reduziclil él Lrélvés cl,i in;eo)o de dex,Hnet ,1·
tratil rn ento de u 1sos lllai s avançi:l dos é rnu ito imJrato. Se o so11 il ri o illtcri or da bolsél ir1fl,11,1,1dc1 (hi qro rnr1), se cJ~la i11co-
é111i111 él l 11ão claudicar e co111 er e pr od uzir leilf' se111 CJrilnc1es 111od,11 o anillla l. /\ e irurgi,1 11:í o el eve ser te11téHla pois ,is
rxobl ern as, não se eleve proceder ao tratarn e11to. A tu111e - cornpli CiJ<,:(Je, s:ío rnuito frequentes.
OSTEOMIELITE DOR• CLAUDICAÇÃO
TOXEMIA

ETIOLOGIA
A maior parte dos casos surgem em consequência
de traumas.
Algumas das causas mais comuns de osteomielites em bo-
vinos são:
• Penetração de corpos estranhos (e.g. forquilhas, pregos)
• Fracturas (e.g. tracção excessiva no parto ou quedas ... )
• Extensão de infecções locais (e.g. 3.ª falange em casos de
úlceras da sola infectadas)
• Osteomielite vertebral em vitelos por Salmonela dublin,
Listeria ou E.coli.
• Actinomicose (v.)
• Feridas cutâneas sobre ossos que estão próximos da su-
perfície (e.g. calcâneo).
Os agentes mais frequentemente isolados de casos de os-
teomielite não específica são T. (Arcanobacterium) pyogenes
e Fusobacterium necrophorum.

EPIDEMIOLOGIA
Osteomielite é rara em bovinos, com a excepção
SINAIS CLÍNICOS
da infecção da 3.ª falange.
As osteomielites causam dor aguda e difícil
Surge em qualquer animal, mas é mais frequente em explo-
de controlar com analgésicos.
rações onde os traumatismos são mais fáceis, o maneio
mais descuidado (e.g. partos forçados com fractura do me- Há sinais de dor à palpação da zona infectada ou
tacarpo dos vitelos) e as patologias podais detectadas tar- quando se força um movimento (e.g. flectir pesco-
diamente. ço nas osteomielites vertebrais em C6-T1 de vite-
los). Na fase aguda da infecção há hipertermia
A epidemiologia das causas mais específicas é apresentada
(>40°() e sinais de toxemia. Podem surgir fístulas
com a respectiva doença noutro local.
através das quais drena líquido malcheiroso e es-
quírolas ósseas.
PATOGENIA
Ocorre alteração do comportamento natural porque
A infecção instala-se por via hematógena, há relutância em exercer pressão sobre a zona infecta-
por extensão, ou por inoculação. da ou porque se instalam diversos graus de paresias
A fraca irrigação do tecido ósseo facilita o desenvolvimento (e.g. posição de cão sentado em vitelos com osteo-
da infecção e dificulta o tratamento antimicrobiano. mielite vertebral em Tl 3-L 1). Osteomielites ou abces-
sos abaixo de T2 e até ao plexo lombar causam fraque-
za nos membros anteriores ou normais mantendo
LESÕES
reflexo de retirada dos membros pélvicos, enquanto
Alteração da cor, consistência e cheiro do osso. que lesões a nível do plexo lombar causam paralisia
Presença de pus e fibrina. Osso fracturado flácida dos posteriores.
ou reabsorvido.
01 G Ó O Quando possível deve-se procedei à remoção cirl'.1rgica do
osso infectado (e.g. amputação do digito) ou partes dele,
Radiografia mostra alterações ósseas características,
sendo a recuperação norma lmente r;-ípida se bem que a
como perda da densidade óssea .
longevidade do an ima l seja co mprometida.

tu ICA E V ÇÃO Os animais afectados develll ser mudados para instalações


com boa cama e alimento de qualidade e não elevem ser
Antibioterapia apresenta resultados medíocres. obrigados il exercíc io
Tratamento muito prolon gado (3 sema nas) com penicilina
A prevenção cie osteomi elite faz-se at ravés de imediata
o u o utros beta-lactâmicos. Devido ao facto do osso ser
desinfecção e antibioterapi a de perfuruções, t1ilurnas
pouco vascu larizado a concentração de antibiótico no local
ou infecções que possom at in g ir o osso. A vacinação
da infecção é muitas vezes in suficie11te.
contra 5. dublin poderá ser útil onde esta bacté ria é en-
Drenagem, lavagem e desinfecção de lesões abertas. démica.

CLAUDICAÇAO
l
1
'
DISTROFIA MUSCULAR ENZOÓTICA CLAUDICAÇÃO E PROSTRAÇÃO
MORTE SÚBITA
(DOENÇA DO MÚSCULO BRANCO)

ETIOLOGIA selénio], pela presença de metais pesados que funcionam


como quelantes ou pela ingestão de ácidos gordos polinsa-
Deficiência em elementos anti-oxidantes.
turados. A carência nos animais recém-nascidos surge quan-
A presença de substâncias resultantes da oxidação celular do as mães se encontram em pastagens pobres em selénio.
leva a lesões tecidulares, culminando em necrose. Os teci-
A distrofia muscular é só uma das possíveis consequências de
dos mais afectados na Doença do Músculo Branco (DMB)
deficiência em Se + vit.E. Outras são: abortos, infertilidade, re-
são aqueles onde o metabolismo é mais activo (músculo
tenção placentária, baixa produção e atraso de crescimento.
cardíaco e músculo esquelético). Os principais anti-oxidantes
com acção no organismo animal são o selénio e a vit. E.
PATOGENIA

EPIDEMIOLOGIA A enzima glutatião-peroxidase, composto


à base de selénio, é o principal anti-oxidante
O exercício ou factores de stress podem do organismo.
desencadear sinais de DMB.
A vit. E tem acção protectora (previne lipoperoxidação) das
Existem duas formas de DMB que se relacionam com o mo-
membranas celulares.
mento da vida do animal em que surgem: forma congénita,
de evolução aguda, em animais recém-nascidos; e forma
subaguda que ocorre em animais de engorda na fase de LESÕES
crescimento acelerado (até 12 meses). A DMB ocorre muito
DMB subaguda exibe músculos estriado de branco,
raramente em animais adultos.
secos e de consistência mais rígida.
A mortalidade dos casos agudos é de 100% mesmo quan-
Na doença hiperaguda as únicas lesões são placas esbran-
do tratados.
quiçadas na parede do coração, especialmente no ventrícu-
Os baixos níveis de Se ou vit. E podem ocorrer por deficiente lo esquerdo. Lesões da forma subaguda resultam da depo-
oferta [e.g. solos pobres em selénio (<0.5 mg/kg) que origi- sição de cálcio nos músculos, são simétricas e afectam um
nam pastagens deficientes ou dietas pobres em vit. E e/ou ou mais grupos musculares e coração.

DIAGNÓSTICO
SINAIS CLÍNICOS
Fraqueza muscular com prostração é o sinal Baixos níveis séricos de vit. E(<2 mg/L) e/ou selénio
típico das várias formasde DMB. (<50 ng/ml).
Os níveis de selénio são mais frequentemente medidos através
Na forma hiperaguda pode ocorrer morte súbita por
da actividade da enzima glutatião peroxidase (< 20 U/gr Hb).
lesão do miocárdio, aquando de stress ou esforço físi-
Níveis sanguíneos de CPK acima de 1.000 UUL sugerem dis-
co pouco habitual. Os casos subagudos ou crónicos
trofia muscular. Os níveis de selénio no fígado e rim podem
caracterizam-se por fraqueza muscular, dispneia por
facilitar o diagnóstico no caso de um surto afectando diver-
paralisia dos músculos intercostais, epistaxis, claudica-
sos animais. A resposta à terapêutica - administração im de
ção, cifose, relutância ao movimento e por vezes de-
Se+vit.E ou suplementação alimentar - ao fim de 3 dias, é
cúbito permanente. Também nestes casos os sinais
são exarcebados pelo stress ou exercício. Nas formas uma forma barata de se confirmar o diagnóstico.
crónicas há atraso de crescimento, úngulas afastadas O DD da forma aguda deve ser feito com outras causas de doen-
e musculatura da zona escapular descaída, dando a ça e morte súbita de animais jovens, como sejam septicemia,
ideia da escápula estar sobressaída sobre as vértebras salmonelose, pasteurelose, colibaciolose e clostridioses. Os ca-
torácicas. Vários músculos parecem hirtos à palpação. sos mais arrastados, com dificuldade de movimento, podem
confundir-se com lesões articulares ou musculares de origem

CLAUDICAÇÃO
traumática ou outra (e.g. osteocondrose ou raquitismo), doença por injecção intramuscular. Repetir a mesma dose cerca
respiratória, acidose ruminai, poliencefalomalacia ou meningite. de 1O dias depois. Cuidado com intoxicação por se tratar
todos os animais expostos aos mesmos factores de risco.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO Evitar exercício ou stress de animais quando apresentem
sinais de fraqueza muscular. A prevenção faz-se através
lnjectar sempre selénio (selenito) e vit. E
da garantia de níveis adequados de selénio e vit. E na
(a-tocoferol) porque é praticamente impossível
dieta (0,1 mg/kg matéria seca). A suplementação das va-
distinguir deficiências simples de carências mistas.
cas gestantes é muitas vezes necessária, especialmente
A dose terapêutica é de 0,5 a 1 mg de selenito de sódio em zonas onde é conhecida a deficiência das pastagens
e 25 mg de acetato de a-tocoferol por 1O kg peso vivo, ou dos solos de onde provêm as forragens.

CONTRACTURA TENDINOSA CLAUDICAÇÃO


FLEXÃO PERMANENTE DOS BOLETOS ANTERIORES

ETIOLOGIA final da gestação. Provavelmente nem todos os casos terão


a mesma causa .
Um defeito congénito, mas provavelmente
adquirido durante gestação.
A designação contractura poderá não ser a mais adequada EPIDEMIOLOGIA
pois trata-se de uma malformação em que os tecidos res-
ponsáveis pela flexão são mais curtos do que as estruturas
Doença congénita com distribuição mundial.
ósseas. A causa determinante não é clara, mas sugere-se o Não parece existir predisposição de raça. A incidência maior
papel de um gene recessivo, a má posição intra-uterina de nalgumas explorações poderá ser justificada pela presença
fetos muito grandes ou a acção de toxinas durante a fase do gene recessivo em vários animais reprodutores.

SINAIS CLÍNICOS
Atinge essencialmente os membros anteriores
e é quase sempre bilateral.
A maioria dos casos é tão ligeira que não chega a ser
diagnosticada resolvendo-se espontaneamente com os
movimentos normais do vitelo. Sugerimos a classificação
dos restantes casos em 4 grupos, consoante a gravidade.
Grau 1: a flexão do boleto é permanente, mas a sola das
unhas contacta o solo; Grau 2: apoio feito sobre as pinças.
Talão e sola não contactam o solo. Extensão forçada é
possível, mas causa dor; Grau 3: apoio é feito sobre face
dorsal das unhas. Extensão completa é impossível; Grau
4: apoio no boleto ou, em casos extremos, mesmo sobre
o carpo. Vitelos afectados mantêm apetite e estão alerta,
excepto em casos de complicações como feridas, tendi-
nites ou artrites. Em casos extremos poderá haver dificul-
dade em levantar-se para mamar sendo expectável ema-
ciação e desidratação se o maneio não for adequado.

CLAUDICAÇAO
PATOGENIA do n. radial, que não é congénito e normalmente atinge
apenas um membro.
O defeito caracteriza-se pela falta de alcance dos
tendões superficial e profundo que conduz à flexão
permanente, mais ou menos grave, da articulação TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
do boleto e interfalangica distal.
Animais recuperados não devem ser usados como
reprodutores.
LESÕES O objectivo do tratamento é promover o aumento do com-
Normalmente não existem outras lesões que não primento dos tendões. Obrigar os vitelos a andar e forçar a
sejam as descritas nos Sinais Clínicos.
Em casos complicados poderá surg ir edema, hemorragias e
fibrose nas estruturas forçadas.

DIAGNÓSTICO
O quadro clínico descrito num vitelo recém-nascido
é geralmente suficiente para o diagnóstico.
Diagnóstico diferencial com artrogripose (etiologia vírica
ou tóxica), que atinge os quatro membros e é fatal, ou lesão

. . CLAUDICAÇÃO
extensão das articulações é suficiente nos casos mais sim- extremos (Grau 4) a eutanásia é aconselhada ou, no caso do
ples quando o apoio se faz na sola ou pinça. Nos casos mais valor do animal o justificar, proceder à tenectomia. O uso de
graves (Grau 3) a extensão poderá ser mantida e gradual- analgésicos (e.g. AINE) é aconselhado após a aplicação de
mente aumentada através da aplicação, bem almofadada, aparelhos destinados a forçar extensão. O uso de doses ele-
de talas ou gesso. Estes devem ser substituídos frequente- vadas de oxitetraciclina por via i.v., com eficácia comprovada
mente para se ir ganhando extensão e prevenir lesões por em poldros, não tem a mesma taxa de sucesso em bovinos.
compressão. Um aparelho por nós desenvolvido consegue a O maneio dos vitelos afectados é essencial para prevenir
extensão das articulações forçando os talões no sentido cra- complicações - boas camas de palha, limpeza de feridas e
nial, sendo de muito fácil aplicação e substituição. Nos casos forçar o movimento das articulações.

OUTRAS CAUSAS DE CLAUDICAÇÃO

Doença e situações mais frequentes [ Sinais [ Tratamento e prevenção

Fracturas - partos mal conduzidos (fractura Dor ao movimento e palpação - gemidos, bru- Imobilização, aplicação de ges-
do metacarpo); acidentes, marradas; fracturas xismo, agressividade. Movimentos não normais so ou talas. Fixação externa ou
de costelas após partos difíceis (vitelos); frac- de articulações ou porções dos membros. Pros- colocação de cavilhas em vite-
tura de costelas e vertebras em vacas entala- tração ou decúbito em posição pouco natural. los. Amputação.
das nos cubículos; consequência de osteo-
Visualização de osso ou exostoses. Abate de urgência na exploração.
mielite (vertebras de vitelos com infecção por
S. dublin); fracturas da 3.ª falange por trauma.

Exostoses vertebrais (T2-T12 ou L2-L3) em Sinais exibem-se repentinamente, normalmen- Cura improvável. AINEs. Abate.
touros de cobrição velhos. te após salto. Paralisia flácida dos posteriores
Prostração.

Luxações e rupturas musculares: sínfise Movimentos amplos da articulação. Dor. Crepita- Boas camas e piso não escorre-
púbica ou sacro-ilíaca após partos difíceis; ção nos movimentos. Prostração gadio. Analgésicos. Fisioterapia.
coxo-femoral em vacas caídas (v.); rótula
após escorregadelas.

Miosite infecciosa - via hematogena ou Dor intensa (claudicação), febre, presença de gás Antibioterapia (penicilina) e
após punção (e.g. injecção com agulhas su- à palpação. Formação de abcesso. anti-inflamatório. Drenagem.
jas ou trauma). Closrridium spp (v.) Vaci nação contra clostridioses.

Paresia espática. Genético? Afecta espe- Vitelos entre os 3 e 6 meses. Contracção espática Envio para abate porque trata-
cialmente certas raças e.g. BBB do gastrocnémio com hiperextensão do curvi- mento é geralmente de custo
lhão - membro fica estendido para trá s com as proibitivo -cirurgia (nevrectomia
úngulas afastadas do solo. Geralmente unilateral. do n. tibial). Ocorrência esporádi-
ca sem prevenção possível.

Osteomalacia (não jovens) e raquitismo Fracturas são mais comuns. Osteomala cia: relu- Ratio Ca:P adequado. Garantir
(vitelos) - deficiente calcificação óssea. Ex- tân cia em levantar, ossos longos desviados do exposição à luz solar. Adminis-
cesso de P associado a níveis baixos de Ca. eixo, mas sem aumento das placas de cresci - trar vit D.
Carência em vit. D. mento Raquitismo: ossos longos curvados, clau-
dicação sem dor aparente, placas de crescimen-
to bem evidentes, erupção dos dentes irregular
e atraso de crescim ento da mandíbula.

CLAUDICAÇÃO
Doença e situações mais frequentes Sinais Tratamento e prevenção
1 1

Lesão iatrogénlcas do nervo ciático. Mais História de injecção recente. Incapacidade de Anti-inflamatórios, massagem,
provável em vitelos em que é administrado levantar membro. Arrasta pinça pelo chão. Dor fisioterapia. Vitamina 81.
fármaco oleoso nos músculos semi- no local de injecção. Atrofia muscular.
-tendinoso ou semi-membranoso.

Lesão do nervo radial - decúbito lateral Região da espádua descaída, incapacidade de Boas camas e piso pouco escor-
prolongado; tracção violenta do membro estender articulação úmero-radio-cubital, carpo regadio. Anti-inflamatório (de-
torácico preso ou atado. e boleto. Arrasta pinça pelo solo. Casos graves xametasona ou AINEs) e vitami-
levam a prostração. na Bl

E ainda: lesões do nervo peroneal e tibial e sequelas músculo-esqueléticas da Síndrome de Vaca Caída (v. DOENÇAS E CONDIÇÕES LI-
GADAS AO PARTO); intoxicações (e.g. chumbo) e diversos defeitos congénitos (e.g. genéticos ou de origem virai ou tóxica) ,

CLAUDICAÇÃO
CLAUDICAÇÃO
CAPÍTULO 4
DOENÇAS E CONDIÇÕES LIGADAS AO PARTO ,

Resolvemos separar neste capítulo algumas das condi- ficação precoce de alterações ao decurso normal do parto
ções e doenças que se ligam ao parto dos bovinos porque é crucial para se poder prevenir sequelas graves. De seguida
são situações que se limitam a este momento particular resume-se a evolução natural do parto dos bovinos, tendo
da vida da vaca e porque estão frequentemente interde- em atenção que os tempos apontados podem variar com
pendentes. Desta forma o leitor poderá ter uma melhor condições não patológicas (factores de stress, temperatura
perspectiva de toda a cascata de acontecimentos e rela- ambiental, presença de pessoas ou animais etc ... ). Nota:
ções que ocorrem no periparto da vaca. Apenas uma do- valores mais elevados do intervalo são característicos das
ença muito importante do pós-parto dos bovinos de leite primíparas.
acabou por ser arrumada e descrita noutra secção - a Fe-
A gestação dos bovinos dura aproximadamente 285 dias,
bre do Leite ou Hipocalcémia Clínica. É verdade que esta
variando ligeiramente com a idade e a raça. Com a aproxi-
doença metabólica representa um enorme papel na etio-
mação da data do parto ocorre um aumento do edema
patogenia das variadas situações que serão descritas mais
mamário, do edema vulvar e ainda relaxamento dos liga-
abaixo, mas como é importante fazer o diagnóstico dife-
mentos sacro-isquiáticos (base da cauda sobressaída).
rencial com outras doenças que levam à prostração e pa-
ralisia, resolvemos agrupá-la com as doenças com sinais 1.ª fase - Dilatação (2 a 6 h) - animal irrequieto, agita fre-
neurológicos. quentemente a cauda, perda do rolhão gelatinoso, leite es-
guicha ou pinga dos tetos, algumas contracções demons-
O modo de apresentação destas doenças também é li-
tradas por sinais semelhantes aos de dor abdominal
geiramente diferente do que sucede nas outras secções,
(pontapeia abdómen, deita-se de lado com membros es-
pois normalmente a ocorrência é esporádica ou mesmo
tendidos, deita-se e levanta-se frequentemente ... ).
acidental, não fazendo muito sentido a exposição de da-
dos epidemiológicos. Igualmente fará pouco sentido a 2.• fase - Expulsão do feto (0,5 a 2 h) - Ruptura do saco
descrição de meios complementares de diagnóstico ou alantóide e depois do saco amniótico, apresentação do feto
lesões pós-morte porque o diagnóstico clínico é geral- (normalmente os membros anteriores com focinho assente
mente suficiente e a urgência de actuação não se coadu- ao nível do carpo), contracções cada vez mais evidentes a
na com a procura de apoio laboratorial. Assim, cada situa- que se sucede a expulsão do feto e ruptura do cordão um-
ção incluirá apenas a descrição das principais causas, a bilical. Esta fase pode dar-se com a vaca em estação ou de-
patogenia, o quadro clínico e a forma de a abordar, tratar cúbito.
e/ou prevenir. 3.ª fase - Expulsão da placenta e anexos (0,5 a 6 h) - a pla-
Como na base destas condições está o final da gestação e o centa sai mas pode ser ingerida pela própria vaca (ou carní-
parto, é fundamental conhecer as diversas fases deste e ain- voros) e por isso não se encontrar placenta não é sinónimo
da o comportamento natural da vaca parturiente. A identi- de retenção.
HIDROALANTOIDE E HIDROAMNIOS ABDÓMEN DILATADO• DESIDRATAÇÃO
PROSTRAÇÃO

ETIOPATOGENIA
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES
Hidroalantoide surge por deficiente funcionamento da pla-
centa. Hidroamnios ocorre quando há problemas fetais Dilatação abdominal não condizente com tempo de
com redução de ingestão do líquido aminótico, problemas gestação. O perfil é em tonel no caso de hidroalantoi-
renais ou outras malformações congénitas. de ou em pêra no caso de hidroamnios. Na palpação
rectal nota-se o útero dilatado e tenso, sendo difícil
Ambas as situações são esporádicas e impossíveis de pre-
sentir o feto ou os placentomas. À medida que a situ-
ver. Não são conhecidas as causas genéticas determinantes.
ação se agrava há sinais de desidratação (mais eviden-
Raramente surgem as duas condições no mesmo animal.
tes no hidroalantoide), depressão, atonia ruminai e
fraqueza muscular. O úbere está vazio mesmo que o
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO término da gestação esteja próximo. Normalmente
segue-se prostração se o parto não ocorrer.
A gestação pode terminar espontaneamente ou ir até ao
termo no caso de hidroamnios, mas como a condição da Quando se desencadeia o parto há saída de muitas
vaca se deteriora rapidamente o parto deve ser provocado dezenas de litros de fluido, que é translucido e viscoso
com dexametasona e prostaglandina F2a. no caso de hidroamnios. Em certos casos a dilatação
cervical é insuficiente e é necessário recorrer a cesa-
riana. Após o parto há retenção placentária, atonia
uterina e desenvolvimento de metrite grave se não
for tratada.
No hidroalantoide a placenta está espessada e o vitelo
é normal mas porque o parto é antecipado este tem
probabilidade reduzida de sobreviver. A produção lei-
teira é muito baixa e a infertilidade prolongada é mui-
to provável. Em caso de hidroamnios a placenta é nor-
mal e a lactação pode ser razoável. O feto é pequeno
e demonstra malformações congénitas (e.g. hidroce-
falia) e ascite.
O DD inclui gestações gemelares, indigestão vagai,
timpanismo espumoso e dilatação ou torção do abo-
maso ou outra víscera.

Iniciar desde cedo antibioterapia de largo espectro (e.g. ce-


falosporina ou oxitetraciclina), devido à elevada probabili-
dade de se instalar metrite, e fluidoterapia com grandes
volumes de fluidos isotónicos. Não existe modo de prevenir
qualquer das formas.
PROL PS V GI AL lvi /\ S'.,1\ S/I Ll í:NTE r'EV, VUL\/1'1

ETtPATO E IA
LI I O
1-'mbo r;i 1)(1c, sc1 :;urq ir e m q\ 1<1l q ut• r nll ura dzi vid;1dd Vd G I,
~· ífl ili:; (1·1°q11 rc•111 e ll cl L,l'; (ê íi11 ,1I cl ô lj l:S lil\:iÍO p<.1 1· d t !i]', ra- Obs,:: r·va -se 1Jm a mas.s~ vem, elh,, ·1 iJa ,:1sot1re..ss,'li 1· d0
;'() (0$ : cJ\ esl ro\:Jé1 1in•; cor11luzern c1 11111 n,•lax,rn H:n to d o s Vl ilvi'i. O pmiêipsci •1c.1gi n<1I poci<" su 1gir' e,-i-1 yt1,.io:: gra:.1,
lícjil lTl<-' ri tos, cl il v,10 i11a e e-li, vulvêJ ; u \'i tero exe rce uni,, de~,de pequenos prol<1psos (t,,ma1 1ho dE- \lmêl la,cJf'l jZ)
CJt i11 1clc prr,";s5u sobric o cc', rvi:,: e v,1 CJi1 1íl c111 ,:111 du o 1111 in1a l :-,pena '. , evicl,: nres qu;c,ndc., o .'ln imc1i eêxã cl<ê1rf1 do. c1té
c st~1 ck it·;:i clo. pl'Olé1psos perm ilne1·1rcs (crc'.i l'1 icos1 UHT', ,:1,::ss,x açrio.
soh1ções ele conri r'l•icJ;-;,de ti ;.1 mucosa e ecierna da p.,-
red <:. ;\ tendência é f)êHêi que os prolapsos de gr.:iu
ri"1l:'. nor co ndu z3 n1 ~1os n~1~1i s 91'H vt: s SE.' ~is C(lt,1.sas :·ier·)iS-
1

rirem mu it o tempo. 1\ sensaç,1ç d,~ corpo estr,11111<,


leva i.i q1,1e os anirrii'l i~ ;,presr:•111:en, ,·()ntr2,cç-ões d;,
pr1:·r1 sõ1 c1bd c.,rY1ir·1AI q 11e r,•·nch';m a ag 1,1v;11 ,, 5i1 u,1ç~o.
hl or m,-111·1·,e me 1,ãr., i!feo~ o ,1peri1e r1e111 a clefec,ç<'io,
1'1i,1Spode haver dis(1ria. Em ça~os extremos pode con--
cl1izic ;:i .ibnnn. O DD deve sei· (eito com pciiipos ou
c, 11 ll'~5 n,:opi,,si;:is da 11,,1r1:r:l e cl;i vag 111 a .
l'

São agentes predisponentes: factores genéticos; particula- (e.g. Bühner) que promova a formação de fibrose em torno
ridades anatómicas como vulvas de grandes dimensões e da vulva.
inclinação da garupa com base da cauda muito baixa; lace-
Após redução administrar AINEs nas vacas gestante(> 6 me-
rações vulvo-vaginais prévias; doenças gastro-intestinais
ses) ou dexametasona e furosemida em vacas vazias quan-
com tenesmo; camas muito inclinadas; estrogénios alimen-
do o edema é extenso. Manter durante uns dias as vacas
tares; quistos foliculares.
gestantes num plano ligeiramente inclinado no sentido cra-
nial (terço anterior mais baixo).

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO A epidural (Cd 1-Cd2) com 3 mi de álcool etílico a 95° e lido-
caína (1 :1) pode ser necessária em vacas que mantêm con-
Após lavagem e desinfecção, a redução é feita sob aneste-
tracções violentas após redução.
sia epidural baixa e boa lubrificação com a vaca em pé.
Existem vários tipos de sutura vulvar não havendo aqui es- A prevenção inclui manobras obstétricas cuidadas e sutura
paço para as descrever. Atenção às suturas efectuadas em de lacerações no pós-parto. Se a comissura vulvar for muito
vacas em finais de gestação devido à possibilidade de o grande (e.g. vacas velhas) esta poderá ser reduzida através
parto se desencadear sem assistência - usar fio com me- de cirurgia (sutura de Caslick). Os cubículos das vacas secas
nor resistência e que se quebre mais facilmente. Muitas devem ter pouca inclinação. Devido à probabilidade de re-
vezes o prolapso deixa de acontecer após o parto, mas corrência as vacas que fazem prolapsos crónicos não de-
quando se mantém é aconselhável uma sutura resistente vem ser reutilizadas para reprodução.

TORÇÃO UTERINA AUSÊNCIA DE SINAIS DA 2.ª FASE DO PARTO

ETIOPATOGENIA
A torção do útero que pode-se apresentar em diferentes
graus, até perto dos 360°. A torção contra os ponteiros
do relógio (torção à esquerda) é a mais frequente. Não se
conhecem as causas determinantes, mas as causas pre-
disponentes são: fetos pesados ou gestação gemelar,
viagens acidentadas na fase final da gestação, vacas com
abdómen volumoso e rúmen muito vazio na fase final da
gestação.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Os graus menores de torção são resolvidos ao se fazer o
parto e podem mesmo passar despercebidos a pessoas
menos atentas.

Qualquer tentativa de resolução só deve ser iniciada depois


de confirmado o sentido da torção. O diagnóstico diferen-
cial de uma apresentação dorso-púbica deve ser feito quan-
to antes porque as manobras de resolução são muito dife-
rentes. As técnicas de resolução são várias e devem ser
estudadas em livros da especialidade. Apenas deixamos al-
gumas notas práticas:
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES ra fase o apetite mantem-se, mas quando o feto morre
instala-se rapidamente um estado de toxémia.
Torções inferiores a 90° muitas vezes passam despercebi-
das já que a tracção do vitelo através do canal obstétrico Nas torções de menor grau as patas do vitelo surgem no
leva à sua resolução. Os casos mais graves exigem sem- canal obstétrico, mas viradas de lado ou mesmo simu-
pre intervenção humana ou invariavelmente conduzem lando uma apresentação dorso-púbica do vitelo (unhas
à morte do feto e da vaca. viradas para cima).

A vaca demonstra os sinais da primeira fase do parto que As torções numa fase mais precoce da gestação (<6 me-
acabam por desvanecer, incluindo o edema mamário. ses) só são evidentes quando há sinais de dor abdominal
Normalmente não há contracções ou são muito discre- e anorexia. A palpação rectal permite confirmar o diag-
tas. Há saída do rol hão gelatinoso em torções pouco gra- nóstico.
ves. Em casos de torções de grau muito elevado (-270°)
Na necropsia é relativamente fácil comprovar a torção
pode ser evidente do exterior uma torção da vulva. A pal-
sendo difícil movimentar o útero na carcaça. São eviden-
pação rectal mostra um útero tenso com a artéria uterina
tes zonas congestivas e hemorrágicas.
a cruzar transversalmente o abdómen. No toque vaginal
a mão e braço rondam no sentido da torção podendo O DD deve ser feito com estenose do cérvix, hipocalcé-
chegar ao feto ou não(> 270°) conforme a gravidade da mia clínica e qualquer distócia que impeça a passagem
situação. O estado geral da vaca é variável. Numa primei- do feto para o canal obstétrico.

- as manobras devem ser sempre feitas sob anestesia epi- Uma questão difícil de responder é o tempo que se deve
dural baixa (5-1 O mi lidocaína 2%). esperar após a resolução para que o cérvix relaxe e abra.
Aconselhamos a não esperar mais do que 6 horas no caso
- as torções em que se consegue chegar ao feto (e.g. ca-
de o vitelo estar vivo e 12 horas para vitelos mortos. A injec-
beça) são resolvidas com a vaca em pé torcendo os ção de estrogénios ou cloridrato de vetrabutina (5-1 O mi)
membros do vitelo ou balouçando o útero. Iniciar a poderá acelerar o processo. Torções de >360° quase sem-
manobra de torções à esquerda com o braço esquerdo pre conduzem a estenose do cérvix e exigem cesariana.
e só passar para o direito quando a torção já é menor
Não sendo fácil prever casos de torção uterina, as medidas
do que 180°.
preventivas incluem: evitar transportes de animais no final
- torções complicadas podem ser resolvidas facilmente da gestação e provocar o parto no caso de fetos muito
através de laparotomia. grandes ou gémeos.
DISTÓCIAS ALTERAÇÃO DO DECURSO NORMAL DO PARTO

ETIOPATOGENIA
Um parto distócico (por oposição a um parto eutócico) é
aquele em que há alguma alteração na evolução natural
do parto, especialmente da fase de expulsão. A distócia
pode simplesmente atrasar ou impedir definitivamente a
expulsão do feto. As causas são variadíssimas e podem es-
tar relacionadas com a vaca (e.g. inércia uterina, torção
uterina), com o feto (e.g. flexão do pescoço) ou com os
dois (e.g. desproporção materno-fetal) . Aconselhamos a
leitura de textos da especialidade para descrição porme-
norizada das várias distócias. Aqui será apresentada de
forma resumida a abordagem clínica às distócias mais co-
muns em bovinos.

Alguns termos importantes para a descrição das distócias são:

- apresentação: relação do eixo longitudinal do vitelo com


canal obstétrico (anterior, posterior ou transversa).

- posição: refere -se à parede do canal pélvico com a qual


contacta a coluna do vitelo (dorsal, ventral, lateral).

- postura: designa a situação das porções flexíveis do feto


(e.g. flexão do pescoço).
SINAIS CLÍNICOS E RESOLUÇÃO ou quimicamente (e.g. 0,2-0,5 ml de doxapram em
injecção sublingual)
As regras básicas na abordagem clínica às distócias bovi-
nas são: • a insuflação de ar no pulmão do vitelos é útil, mas ape-
• todas as manobras obstétricas devem ser efectuadas nas se for feita simultaneamente a compressão do
sob anestesia epidural baixa já que os benefícios são esófago ou o ar irá para o estomago. A entubação é a
enormes e os custos e riscos são reduzidíssimos. melhor alternativa, mas nem sempre será facilmente
aplicável em situações de campo.
• todas as manobras obstétricas devem ser feitas com
• confirmar boa perfusão dos tecidos. Vitelos com par-
adequada e permanente lubrificação. Partos aparente-
tos prolongados podem entrar em acidose. A nossa
mente impossíveis de resolver tornam-se fáceis quan-
experiência mostra que a transfusão de 250 ml de
do são bem lubrificados. O aproveitamento do líquido
sangue da mãe tem excelentes resultados em vitelos
amniótico quando do rebentamento das bolsas fetais
recém-nascidos prostrados e acidóticos.
é uma forma de se fazer uma lubrificação razoável a
baixo custo. As distócias mais comuns são:

• deve ser feita uma correcta avaliação do estado geral - apresentação posterior (geralmente posição dorsal) -
da vaca, da vitalidade do feto, da causa da distócia e da a não ser em fetos muito grandes o parto decorre sem
apresentação/posição do feto antes de se iniciar qual- serem necessárias manobras obstétricas, mas o feto
quer manobra. deve ser assistido imediatamente após o parto devido
à alta probabilidade de haver aspiração de fluidos.
• a aplicação, na primeira fase do parto, de água quente
na zona vulvar torna os tecidos mais elásticos facilitan- - apresentação posterior com flexão dos membros
do o parto e evitando lacerações. Esta técnica deve ser (posição cão sentado com a cauda do feto visível
usada em todos os partos de primíparas e nas vacas através da vulva) - em vitelos muito grandes vivos
com fetos muito grandes. poderá ser preferível cesariana imediata. Apresenta-
ção muito frequente em partos de gémeos. Com boa
• a administração de ocitocina e cálcio podem ajudar o
propulsão passar primeiro laço na zona do curvilhão
parto, mas só deve ser feita quando há a certeza de
e fazer tracção. Depois deflectido o curvilhão baixar
haver dilatação e espaço suficiente para a passagem
do feto. laço até boleto e dirigir extremidade para canal pélvi-
co resguardando com a mãos as unhas do feto para
• aparelhos de extracção de vitelos só devem ser usa- evitar lacerações do útero.
dos por quem sabe avaliar a situação, nomeadamen-
- desproporção materno-fetal - mais frequente em pri-
te a progressão do feto ao longo do canal obstétrico,
míparas ou cruzamentos com certas raças de carne. O
e quando a lubrificação é boa. Os extractores mecâ-
espaço disponível deve ser bem avaliado e a lubrifica-
nicos de fetos podem causar lesões severas na mãe
ção deve estar garantida antes de se iniciar um parto
(e.g. lacerações) e feto (e.g. fracturas de membros e
de um feto de grandes dimensões. A opção por cesa-
costelas).
riana deve ser tomada o mais cedo possível, mas não
• todas a distócias devem ser seguidas de analgesia já existem regras pré-definidas. É a causa mais frequente
que a dor tem efeitos imunodepressores que favore- de paralisias do parto devido a prisão das ancas (hip-
cem o desenvolvimento de doenças como cetose e -lock) e lacerações cervicais e vaginais.
deslocamentos do abomaso.
- flexão dos membros - sob anestesia epidural deve fa-
A assistência aos vitelos após distócias também deve zer-se propulsão enquanto se passam correntes ou
cumprir certas regras: cordas pelo membro flectido. Com cuidado para evitar
• exame cuidado e vigilância apertada em todos os vite- rupturas, o membro é depois dirigido ao canal pélvico.
los nascidos após partos prolongados ou distócicos. - flexão do pescoço - também sob anestesia epidural
• após remoção de fluidos das fossas nasais e traqueia a deve-se dirigir a cabeça para o canal pélvico. Flexões
estimulação da respiração pode ser feita mecanica- simples podem ser resolvidas apenas com as mãos
mente (e.g. massagem e pressão sobre caixa torácica) (e.g dedos na mandíbula), mas as mais complicadas
podem requerer passar um laço na mandibula, fazer Casos de teratologia são também causa de distócia. Al-
uma cabeçada ou à volta do pescoço (apenas vitelos gumas das malformações frequentemente associadas a
mortos). Se necessário flectir um ou os dois membros distócias estão apresentadas nas imagens abaixo.
para o interior do útero para arranjar espaço para a ca- Quando os vitelos estão mortos o recurso a fetotomia
beça e só depois endireitar as patas. parcial ou total facilita e acelera a resolução do parto.
L CERAÇÕES DO ANA OBSTÉT ICO ALTERAÇÃO DO DECURSO NORM/\L DO PARTO

ET O OGE IA
As lesões e laceraçóes dos tec idos moles cJ o Gmal o bstétrica
variam muito em grau e CJ ravid ade. As mai s simples serão
pe quenas escoriações, hematomas ou fer idas e élS mais gra-
ves são ru ptura uterina. laceração do cérvix e lacernções ex-
te nsas peri neais e perivaginais. A cloaca surge por lacerJção
extensa e p rofunda com com unicação eritre vag ina e 1·ecto.

Estas lesões res ulta111 de facto res que geral111 ente ocorre m
d ura nte a 2.ª fase do parto e que m uitas vezes se co nJug,rn1
- despro po rção m aterno -fetal, mau posic iona m ento de
uma pa ta, deficie11te dilatação do canal e lu brificação i11su-
ficiente. Quase se mpre as lesôes ll'lais CJraves deve rn-se a
má condu ção do parto por pa rte do operJdor hllmano -
t racção excessivv, de111asiado cedo ou d e um feto 111,11posi-
cionado.

O E
O exame cu idadoso da vu lva e vag ina permite ava liar
o tip o e gravidade das lesôe$. f:ste exame deve ser
feito após qualquer parto i1Ssistido, mesmo aq ueles
que aparenteme11te foram fi'iceis. As lesôes menos
graves são soluçôes de continuidade que atingem
apenas a mucosa assoc iadas a pequenas hemorra -
gias. A extensão, profundidade e localização das la-
ceraçõ es são variáveis, sendo que aquela s que atin-
gem o cérv ix e/ou (it ero são as mais graves. Após
observação da vulva a porção cauda l da vagina deve
ser também ava liada . Por toq ue vag inal as pa,edes
da vagina e cérvix dever11 ser palpadas, proc:urar1do
sinais de lace r·aç6es ou ruptura de va sos import,rn-
tes. Os a11imais que sofreram par tos mui to difíceis
devem se r cuidadosamente ava liados nas horas se -
guintes pa ra detecção de sinais de herno r rag ic1 in te r·
na (e.g. mucosas pálidéls, raquicardi;i, fr,1queza rnus -
cular e prostração).

Laceraç ôes do útero podem se r detecl,KlclS apen,1s


dias depois do pa rto atravé$ de si r1,1 is típicos de peri-
ton ite (ver abdómen agudo). Deve fazer-se o diagr1ós-
tico diferencial com outras causas el e peritor1ite, 111etr i-
te e ob strução gastro-intestinal.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO sutura. A sutura das lacerações uterinas com dias de evolu-
ção não é possível devido a aderências sendo o tratamento
Grande parte das lesões do parto não necessitam de trata-
o idêntico ao da peritonite difusa (v.). Hemorragias por sec-
mento específico. Deve-se proceder à lavagem e desinfec-
ção das artérias perivaginais devem ser laqueadas em mas-
ção de lacerações pouco graves com soluções iodadas.
sa com pinça hemostática por via vaginal ou abdominal. A
No caso de lacerações simples ou incisões de episiotomia, a pinça é mantida vários dias.
sutura pode ser imediata, mas a intervenção nas lacerações
A prevenção das lacerações deve ser feita desde cedo, no-
graves (e.g. cloaca) é normalmente efectuada após cicatri-
meadamente escolhendo touros de partos fáceis para as
zação por segunda intenção (± 15 dias). Aconselhamos a
novilhas e provocando o parto quando a gestação se pro-
consulta de livro da especialidade para descrição das diver-
longa. No momento do parto deve ser garantida boa lubri-
sas técnicas cirúrgicas.
ficação, dar tempo para conveniente dilatação, enxaguar
Lacerações do cérvix ou útero são de prognóstico reserva- vulva-vagina com água quente e, se necessário, recorrer à
do e implicam Japarotomia com identificação da lesão e episiotomia.

PROLAPSO UTERINO ALTERAÇÃO DO DECURSO NORMAL DO PARTO

ETIOPATOGENIA
Os factores predisponentes para esta condição são: hipo-
calcémia ou Febre do Leite e outras causas de hipotonicida-
de uterina; partos prolongados com contracções violentas;
manutenção de contracções fortes após expulsão do feto;
lacerações; fetos grandes; genética (?).
O prolapso inicia-se com uma inversão da extremidade de
um corno uterino que atingindo a zona vaginal provoca
contracções de expulsão. A porção de útero prolapsado va-
ria entre apenas a extremidade de um corno uterino até os
dois cornos, corpo uterino e cérvix. Nos bovinos a situação
é geralmente benigna, mas nalguns casos a ruptura do ór-
gão ou de artérias maiores conduz à morte rápida. Têm sido
descritos casos de amputação espontânea do órgão com
sobrevivência da vaca.
Designado na gíria como "madre de fora''. Se possível a reintrodução deve ser feita com a vaca em pé
(reduz pressão das vísceras no sentido caudal). Se a vaca não
se consegue levantar deve ser erguida com pinças-ilíacas ou
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO os membros posteriores estendidos caudalmente de forma a
O primeiro procedimento deve ser anestesia epidural (1 Oa elevar o terço posterior (posição de rã). Lavar o órgão com
15 mL de lidocaína 2% entre S5 e Cd 1) e sedação (1 - 2 mL solução iodada tépida, suturar lacerações profundas e fazer
xilazina 2%) em vacas agressivas. A administração de cálcio dequitadura se placenta ainda estiver aderente. Em úteros flá-
endovenoso é altamente aconselhado em vacas leiteiras, cidos dar múltiplas injecções de pequenas quantidades (O, 1-

..
mas também em vacas de carne multíparas. -0,2 mL) de ocitocina no miométrio. Suportar o útero ao nível
1
O diagnóstico é norma lmente imed ici tO - visuali zação
ele parte ou totalicliJCle do L1 tero pencle 11te da vu lva. A
p lac ent a pode aind a esta r aderente, mas se não esti -
ve r os placentomas são bem evident es. Na fase inicial
a vaca está activa, em pé a cuid ar da cria. A frequência
ca rdíaca pode estar ligei1·amente aumentada e o útero
es tá tón ico. Se o pro lapso ocorreu há vária s horas po-
derá haver sinais de anemia e toxem ia. Mucosas páli -
das, útero flác ido, taquica rdia, pul so fraco, fraq ueza
m uscular e pro stração são sina is de ruptu1·a das arté-
rias uteri nas. No caso de rupt ura uterina são visíveis
ans as intest in ais, mesentério e por veze s bexiga .

DD com p ro lap so vag ina l em q ue não se vi sualizam


ca rúnculas.

da vulva co1Y1 um tabuleiro ou lençol e reintroduzir lentarnen-


te as porções mais próxim as da vulva usando os punhos fe -
chados. O peso do órgão no abdómen irá facilitai a operação
~ medida que aquele é re introduzido. Após 1ei11trodução deve
ser ga rantid a a reversão comp leta do útero que pode ser feita
de duas maneiras: recipiente longo ele plástico (e.g. garrafas
de água de 1,5 L) com água tépida inserido até ao fundo de
cada como uterino ele forma a "estende-lo"; ou, encher o C1tero
com 4 ou 5 litros de ~gua através de uma 1nangueira,
retirando-a de seguida por sifonagem. A oclu~ão da vu lva
para evita r recidivas pode sei efectuada com alfit 1etes, pontos
em U protegid os ou sutura de Bhu1, er, mas se a reve rsão for
comp leta esLe proced imento não é normalmente necessário.
Adm inistrar ocitocina endovenosa (100 UI) e reforçar epidural
com lidocaína 2% (5 mU ou 2 ml de álcool etíli co 95° + 2 rnl
de lidocaína 110 caso de co11tracções violentas e persistentes.
Os casos complicados, com ruptu,a das artérias uterinas ou
inclusão de i11testino no C1tero prol apsaclo, pod em obrigar ~
uterotomia para identificação do vaso e ligadura deste ou pJra
reintrodução dos intestinos previamente ao útero. A histerec-
tomia é urna possibilidade em caso de 11ecrose ou laceração
grave do útero, mcis o prognóstico é reservado. A ligadura do
útero deve ser feita com elástico muito resistente. Nestes casos
é sempre aconselhada a fluidoterapia (10 - 20 L de soluções
isotónicas) ou mesmo transfusão sanguínea de 4 L de sa11gue.

A prevenção inclui anestesia epidural e ana lgesia após partos


difíceis e ainda medidas de profilaxia de hipocalcémia (v.). A
sutura vulvar poderá evitar a saída do útero, mas normalme11te
não evita a inversã o e por isso a necessidade de intervenção.
PARALISIA DO PARTO PROSTRAÇÃO• SOLDRA E CURVILHÃO DESCAÍDOS
ABDUÇÃO DOS MEMBROS POSTERIORES
(NERVOS CIÁTICO E OBTURADOR)

ETIOPATOGENIA
Prisão da anca de vitelos grandes por largos períodos leva à
compressão com paralisia ou mesmo secção dos ramos do
n. ciático ou n. obturador. As fibras do n. ciático (logo após
raízes em L6, Sl e S2) passam ventralmente ao sacro e são
comprimidas pela coluna do feto. As fibras do n. obturador
passam mediaimente ao osso ilíaco da vaca e podem ser
lesionadas pela anca de vitelos "entalados''.

O nervo ciático inerva zona da bacia, coxa e soldra e ainda


inclui fibras do n. tibial (flexor do boleto) e n. peroneal (ex-
tensor do boleto). O nervo obturador inerva os músculos
adutores da coxa. Consoante a dimensão da lesão, várias
articulações podem ser afectadas.

TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Manter animais em maternidades com camas espessas
não escorregadias. Colocar peias nos membros posterio-
res de primíparas com partos difíceis e não mudar ani-
mais para parques de cimento até termos a certeza da
ausência de lesões. Administração imediata de dexame-
tasona ou AINEs após partos em que houve prisão da

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES


Lesões graves ou bilaterais normalmente impedem a
vaca de se levantar. Durante o decúbito os membros
podem estar estendidos ao longo do corpo (paralisia
do n. ciático) ou perpendicularmente ao corpo da
vaca, normalmente designada por vaca escanchada
(paralisia do n. obturador). Lesões discretas e unilate-
rais permitem que o animal se levante, mas há ten-
dência para abdução dos membros posteriores (n.
obturador) e a bacia, soldra e curvilhão estão descaí-
dos (n. ciático). Lesões dos dois nervos são habituais e
nesses casos os sinais são mistos.

Para além das lesões de decúbito (ver Síndrome da


Vaca Caída) na necropsia são evidentes edemas e he-
morragias no canal pélvico e face interna da coxa. A
ruptura dos músculos adutores é provável em vacas
que escancharam.
anca ou a expulsão de fetos grandes foi muito demora-
da. A administração de dexametasona (~6 mg) por via
epidural reduz eficazmente a inflamação e edema após
partos forçados. A administração de vit. 81 é tradicional
se bem que seja polémica a sua utilidade. Fazer antibio-
terapia em vacas caídas com retenção placentária. Antio-
xidantes (selénio e vit. E)

A prevenção faz-se através de assistência competente nos


partos (particularmente de primíparas) optando cedo por
cesariana quando há evidente desproporção materno-fetal.
Manter SEMPRE boa lubrificação no parto. Manter vacas
que sofreram partos difíceis em parques de palha ou pasta-
gem durante vários dias e ordenhá-las aí se necessário.
Manter peias nos primeiros dia s depois de entrada nos par-
ques de cimento.
RETENÇÃO PLACENTÁRIA PLACENTA PENDENTE DA VULVA
CORRIMENTO VULVAR ABUNDANTE E MALCHEIROSO
E METRITE PUERPERAL

ETIOPATOGENIA
Consideramos retenção placentária (RP) a manutenção da
ligação desta ao útero após 6 horas do parto. As causas da
não dequitadura são diversas e ainda mal conhecidas. Um
factor considerado essencial é a fraca mobilização e activi-
dade dos leucócitos (neutrófilos e macrófagos) no espaço
entre carúncula e cotilédone, evitando a separação destes.
Os factores predisponentes mais frequentemente aponta-
dos são imunodepressão (e.g. stress, balanço energético
negativo, carência em anti-oxidantes como selénio e vit. E);
traumas e isquémia (e.g. fetos grandes, gémeos, distócias,
manobras obstétricas); falta de maturação da placenta (e.g.
aborto ou partos precoces); lesões placentárias de origem
infecciosa (e.g. Bruce/la). A RP por inercia uterina é muito
rara. A muito maior incidência de RP em vacarias de leite, e
mesmo em certas explorações, é a maior prova da influên-
cia do maneio e nutrição.

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES


A RP é diagnosticada através da observação de parte
da placenta pendurada da vulva. Em casos muito raros
a placenta poderá ficar retida no interior do útero, sen-
do muito difícil a confirmação. O estado geral de uma
vaca com RP não é geralmente afectado a não ser que
ocorra simultaneamente uma metrite. A RP não deve ser considerada uma doença, mas é um fac-
tor predisponente muito importante para metrites puerpe-
A metrite puerperal é frequentemente causa de to-
rais (25 vezes mais provável quando há RP). A contaminação
xémia ou mesmo septicémia. Os principais sinais são:
uterina ocorre em mais de 90% dos partos, mas em condi-
depressão, temperatura rectal elevada na fase inicial
ções normais as defesas do útero são suficientes para debe-
e depois hipotermia, aumento da frequência cardía-
lar a infecção. Assim, a ocorrência de metrite pós-parto (i.e.
ca, pulso fraco, enoftalmia, vasos da esclera engorgi-
metrite primária, puerperal ou tóxica) depende de uma sé-
tados, atonia ruminai e ranger de dentes. A cauda
rie de factores que afectam a acção dos mecanismos de
não assenta sobre a vulva e a vaca adapta frequente-
resistência. Os factores predisponentes são: stress; BEN, ce-
mente posição de defecação com cifose e tenesmo.
tose e fígado gordo; BVD e outros agentes infecciosos; par-
O corrimento vaginal é vermelho acastanhado e
tos difíceis e aborto. A hipocalcémia subclínica favorece o
muito malcheiroso (fácil distinção de lóquias nor-
estabelecimento de metrites atrasando a involução uterina
mais). A palpação rectal sente-se o útero enorme,
e permitindo a acumulação de fluidos.
tenso, com paredes finas e cheio de líquido e gás,
que pode ser extraído através de massagem cuida- Os agentes mais frequentemente envolvidos em metrites
dosa. Em casos severos há prostração e morte rápida puerperais são coliformes, bactérias anaeróbicas [e.g. F. ne-
por choque séptico. crophorum, Prevotella (Bacteroides) melaninogenicus e Clos-
trídeos] e Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes.
parenteral com antimicrobianos de largo espectro - oxite-
traciclina, ceftiofur ou amoxicilina com ácido clavulânico.
Na antecipação de toxémia é ainda aconselhado o trata-
mento com flunixina-meglumine e fluidoterapia endove-
nosa ou oral. A administração de cálcio em animais em
toxémia deve ser feita com extremo cuidado por poder
causar insuficiência cardíaca. As vacas devem ser manti-
das em isolamento, com camas espessa e limpa e levanta-
das regularmente (e.g. ganchos ilíacos) se não o fizerem
por SI.

Ao contrário do que acontece com a RP simples, as metrites


TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO puerperais não tratadas dão origem a endometrites ou pio-
A RP não requer tratamento desde que não haja metrite metras com efeitos negativos sobre a fertilidade futura.
significativa (corrimento sem cheiro e temperatura rectal
A prevenção da RP deve incluir boas práticas obstétricas,
<39,5°C). Não aconselhamos a dequitadura manual ou in- redução do stress em redor do parto, dieta de transição
trodução de antimicrobianos na forma de magdaliões, apropriada e níveis adequados de selénio e vit. E na alimen-
comprimidos ou espumas porque afecta negativamente as tação pré-parto. Nalguns estudos a administração de PgF2a
defesas uterinas e aumenta a contaminação. A administra- logo após o parto mostrou reduzir a incidência de RP, mas é
ção de ocitocina é inútil por não aumentar tonicidade ute- duvidoso que tenha interesse económico nas explorações
rina a partir das 24 horas pós-parto. Em vacas multíparas é com prevalência de retenção normal (<5% dos partos). A
aconselhada a injecção endovenosa de soluções de cálcio. prevenção de metrites inclui as medidas apontadas para a
No caso da temperatura rectal aumentar e serem eviden- prevenção de RP e ainda cuidados de higiene nos partos
tes sinais de infecção uterina, deve ser iniciada terapêutica assistidos, prevenção de hipocalcémia e de BEN.
SÍNDROME DA VACA CAÍDA PROSTRAÇÃO• DOR

ETIOPATOGENIA
"Síndrome da Vaca Caída" (SVC) é um termo frequentemen-
te usado em clínica de bovinos e resulta da tradução literal
da expressão inglesa "Downer Cow Syndrome''. Esta deno-
minação, na verdade, apenas traduz o sinal clínico mais evi-
dente, o que simplifica uma síndrome extremamente com-
plexa.

A característica fundamental e comum a todos os casos de


SVC é o decúbito esternal prolongado sobre superfícies du-
ras e não problemas metabólicas, incluindo a hipocalcémia,
que muitas vezes é usada como sinónimo de SVC. A defini-
ção que melhor retrata o que se passa é: animal incapaz de
se levantar pelos seus próprios meios em resultado de com-
plicações músculo-esqueléticas e nervosas, decorrentes de
um decúbito esternal prolongado (decúbito primário). As
causas do decúbito primário são variadas (e.g. hipocalcé-
mia, hipocalémia, paralisia do parto ... ) e podem entretanto
até terem sido resolvidas.

As referidas lesões músculo-esqueléticas e nervosas resul-


tam de uma compressão prolongada de importantes mas-
sas musculares encerradas em fáscias pouco elásticas (terço descrita em humanos e equídeos) conduz a um edema in-
proximal do membro posterior). Esta compressão (seme- tramuscular a que se segue isquémia, necrose e, eventual-
lhante à que sucede na Síndrome de Compartimentação mente, ruptura muscular. As lesões nervosas (n. ciático e n.
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES mentado levantar-se recentemente. Frequência cardíaca
aumentada e arritmias em cerca de 10% dos casos (mio-
Aqui não serão descritos os sinais das doenças que origi-
cardites concomitantes?). Há hipomotilidade ruminai.
nam o decúbito primário.
Animais que adoptam frequentemente decúbito lateral
Uma vaca afectada por SVC normalmente está alerta e
devem ser olhados com pessimismo porque é um sinal de
faz esforço para se levantar. Geralmente está deitada so-
dor severa ou lesão do SNC e porque são mais prováveis
bre a perna mais afectada. Há sinais de ruptura muscular,
complicações como lesões irreversíveis do nervo radial.
principalmente do músculo semitendinoso e/ou semi-
membranoso (tensão e tumefacção detectável à palpa- O quadro clínico é mais bem avaliado com a vaca suporta-
ção). As rupturas musculares normalmente inibem a da pelas apófises ilíacas pois isso permite palpar todas as
flexão da soldra e a extensão do boleto. Quando se le- regiões de ambos os membros, identificar mais facilmente
vanta a vaca e esta faz alguma força sobre o membro assimetrias, experimentar reflexos, sinais de propriocepção
afectado surgem tremores e mioclonias. Os sinais das e ainda demonstrar a capacidade da vaca aguentar algum
lesões nervosas são: soldra e curvilhão descaídos ou peso e deflectir ou estender articulações por si.
membro estendido ao longo da vaca (n. ciático), curvi- Os níveis elevados da enzima CPK (>2.330 U/L) sugerem
lhão descaído e flexão permanente do boleto (n. tibial) e mau prognóstico principalmente se se mantiverem altos
incapacidade de extensão do boleto com apoio na face por mais de 48 horas. Exames complementares devem
dorsal das úngulas (n. peroneal). Pode haver perda de incluir ainda níveis de Ca, K e Mg.
sensibilidade nas extremidades se o nervo ciático estiver
As lesões mais frequentes de SVC são: isquémia asso-
afectado.
ciada a congestão e hemorragias em diversos múscu-
A temperatura rectal e frequência respiratória costumam los dos membros posteriores e por vezes no mesmo
estar dentro dos níveis de referência, com excepção de músculo. O nervo ciático e peroneal estão espessados
animais expostos ao sol intenso ou que tenham experi- e edemaciados.
peroneal) surgem por compressão de zonas em que estas A terapêutica e prevenção assentam no mesmo princípio
fibras cruzam superfícies ósseas. - evitar pressão muscular e nervosa prolongada. A transfe-
rência de um animal caído ou em risco de cair para piso de
terra, areia ou palha espessa é a mais importante e urgen-
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO te medida a implementar. Diversos estudos confirmam que
A recuperação de um animal com SVC depende essencial- as lesões de compressão muscular se iniciam logo às 6 ho-
mente do maneio e requer persistência e paciência. Este ras de decúbito sob o mesmo membro. Esta constatação
facto deve ser deixado bem claro ao proprietário antes de significa que tanto na prevenção como no tratamento de
se iniciar o tratamento,já que o sucesso depende essencial- SVC os animais tenham de ser rodados ou levantados a
mente da sua dedicação. cada 6 horas.

Paralisia do nervo Incapacidade de fazer extensão do boleto. Ani- Manter em camas espessas de palha ou areia. Ele-
peroneal mal faz apoio sobre pinça ou mesmo sobre face var frequentemente animais que não o façam por
dorsal das úngulas, de que resulta muitas vezes si. Tanque de água, Fisioterapia e massagens.
necrose. Animal levanta-se e anda bem no caso
AINESevit.B1 .
de lesões unilaterais mas pode haver decúbito
permanente em casos bilaterais. Prognóstico reservado nos casos bilaterais.
Paralisia do nervo Curvilhão ligeiramente flectido com membro Manter em camas espessas de palha ou areia. Ele-
tibial mais avançado do que o contralateral, associado var frequentemente animais que não o façam por
a curvatura anterior do boleto. Vacas normalmen- si. Tanque de água. Fisioterapia e massagens.
te deslocam-se mas com andar lento e terço pos-
AINES e vit. B1.
terior da coluna descaída (principalmente nas le-
sões bilaterais). Bom prognóstico.
Ruptura do tendão Bacia e soldra descaídas, incapacidade de esten- Abate de urgência na exploração
gastrocnémio der a articulação do curvilhão e apoio sobre me-
tatarsos (uni ou bilateral).
Luxação coxo-femural Observação da cabeça do fémur sob os gluteos Recuperação apenas provável se tratada em me-
(luxação lateral) ou palpável via transrectal (luxa- nos de 24 horas. Sedação com xilaxina (3-4 ml IV)
ção medial). Movimentos e rotação exagerada do e tentativa de reposição da cabeça do fémur no
membro. Alguns animais conseguem levantar-se acetabulo. Dexametasona ou AINES. Isolamento
mas normalmente estão prostrados. em cama espessa de areia ou palha. Cirurgia via
garupa em animais muito valiosos Abate de ur-
gência na exploração.
Luxação sacro-ilíaca Tuberosidade isquiática está mais elevada em re- Se o animal conseguir levantar-se e movimentar-
lação à linha das vertebras. Assimetria da bacia. -se (subluxação) a recuperação é possível - cama
Andar difícil e sinais de lesão do nervo ciático (v,). espessa e AINEs. Vacas com luxações completas
com incapacidade de se levantar devem ser abati-
das. NUNCA usar ganchos ilíacos nestes animais.
Fractura do fémur Depende da localização da fractura. Há crepita- Abate de urgência na exploração.
ção, dor e movimentos anormai s do membro.
Lesão lombar (e.g. Depende da localização. Alguns animais conse- Abate de urgência na exploração
fractura vertebral guem levantar-se mas movimentam-se com difi-
culdade e demonstram sinais de dor aguda. Rara-
mente se identifica lesão por palpação das
vertebras.
Corte de têtos Desde pequenas feridas a cortes profundos atin- Sutura de cortes recentes e não complicados. Cor-
gindo o canal do têto. tes longitudinais têm melhor prognóstico. Feridas
em processo de cicatrização devem ser deixadas
cicatrizar por 2.• intenção e depois fazer cirurgia re-
construtiva. Amputação do têto em casos graves.
A elevação regular da vaca caída cumpre a função de fisio- portante não só por causa do bem-estar animal, mas por-
terapia e facilita a circulação sanguínea reduzindo o edema. que o alívio da dor permite que a vaca faça mais esforço
A utilização de tanques de água onde a vaca é deixada du- para mudar de lado ou mesmo levantar-se.
rante várias horas está associada a uma maior probabilida-
Quer seja devido ao tempo e condições de decúbito quer
de de recuperação (>70%).
seja resultado das tentativas descontroladas para se levan-
O tratamento médico é talvez o menos importante, mas a tar, sucedem-se frequentemente lesões que atrasam ou in-
fazer-se deve incluir anti-inflamatórios (esteróides ou não viabilizam a recuperação do animal afectado por SVC. As
esteróides), diuréticos e anti-oxidantes. A analgesia é im- mais frequentes são apresentadas na Tabela 1.
CAPÍTULO 5
INTOXICAÇÕES POR PLANTAS, FUNGOS E MINERAIS.
11 /1,111, I \olC ,1 1. , 1 / 11nd e"'' '1(/1' ~111 11, ·// / 1'1 n, 11" /() f,, '111, 111/0

1. INTRODUÇÃO Fenação e ensilagem


Embora a quantidade de plantas tóxicas que nos rodeiam Algumas plantas tóxicas, como os Ranunculus spp perdem a
seja em grande número, o número de casos clínicos resul- sua toxicidade quando preservadas como feno ou silagem.
tantes da ingestão de plantas toxicas não é muito elevado. Outras, porém, como o Senecio, mantêm a sua toxicidade,
Há no entanto circunstâncias, ou factores predisponentes, embora perdendo o cheiro e sabor característicos.
que conduzem a um aumento significativo de intoxicações
por plantas tóxicas.
Controlo das infestantes (e.g. aplicação de herbicidas)
Um estudo publicado em 1978 nos EUA refere que as plantas
tóxicas são a principal causa de perdas económicas na indús- Algumas plantas venenosas tornam-se mais palatáveis a se-
tria da carne (51 milhões de dólares por ano), correspondendo guir à aplicação de certos herbicidas, como o 2.4-ácido di-
a uma taxa de mortalidade de 3 a 5%. Em Espanha segundo clorofenoxiacéticono. Este herbicida também aumenta a
um estudo realizado porVillarias o impacto económico devi- concentração das plantas em nitratos. Outros compostos
do aos efeitos das plantas tóxicas nas espéci es pecuárias é podem disfarçar o cheiro das plantas tóxicas.
superior aos causados por bactérias, vírus e para sitas no seu
conjunto. Para além dos efeitos económicos óbvios resultan-
Limpeza de jardins
tes da morte dos animais, devem-se incluir nas perdas eco-
nómicas as que resultam de, por exemplo, diminuição da Ramos de árvores e arbustos de jardins, após a limpeza des-
eficiência reprodutiva, abortos, deformações fetais e perda tes, postos em contacto com animais podem levar ao apa-
de condição corporal. Adicionalmente os custos relaciona- recimento esporádico de intoxicações. Têm sido registadas
dos com a instalação de vedações e herbicidas para o con- intoxicações que ocorrem nestas circunstâncias, nomeada-
trolo das plantas tóxicas também devem ser contabilizados. mente por Nerium o/eander.

Em Portugal os dados disponíveis não nos permitem quanti-


ficar a incidência de intoxicações nem os prejuízos resultan- Operações agrícolas
tes da ingestão de plantas tóxicas por bovinos.
Podem pôr a descoberto raízes de plantas tóxicas tais como
as de Oenanthe crocata. A ausência de contacto prévio dos
2. FACTORES QUE CONTRIBUEM PARA animais com estas raízes e a curiosidade podem levar ao
A INTOXICAÇÃO POR PLANTAS seu consumo.

Situações de carência alimentar


Situações em que há carência s alimentares, são de longe as Mudança de ambiente (pastagem)
que mais contribuem para situações de toxicidade devido Animais introduzidos em novos ambientes, aos quais não
ao consumo de plantas. O facto de os animais não terem estão ainda bem adaptados, pode levar à ingestão de plan-
alimento em quantidade suficiente à sua disposição leva-os ta s tóxicas.
a consumir plantas que em condições normais seriam igno-
radas. Estas situações ocorrem sobretudo em períodos de
seca e a sua incidência varia logicamente de ano para ano. 3. TOXICIDAD E D:\5 i"I. A i\JT!t.'>,
Tem sido sugerido que os compostos considerados tóxicos
Maneio do pasto para os animais e humanos têm uma função específica que
Condições de sobre-pastoreio levam os animais a ter de in- é a de defender as plantas sobretudo contra ataques por
gerir as plantas que foram deixadas para o fim. Algumas insectos e micro-organismos. Também há quem defenda
delas podem ser tóxicas. que estes compostos têm uma função de protecção contra
os herbívoros. Há uma variação considerável na toxicidade te distribuídas pela planta, podendo estar mais concentra-
dentro de uma determinada população de plantas e mes- das em certas estruturas. A concentração destas substâncias
mo entre plantas individuais dentro de uma mesma espé- também pode variar com a fase e as condições de cresci-
cie. Para esta variação contribuem factores como a estação mento das plantas. Por exemplo, as sementes dos frutos do
do ano, condições atmosféricas e a natureza do solo. Além Taxus bacata são altamente tóxicas embora o fruto verme-
da variação do conteúdo de toxina das plantas há também lho não o seja. A toxicidade da planta pode ocorrer em cer-
uma diferente susceptibilidade das diferentes espécies de tos anos e não noutros (exemplo Cistus sa/vifo/iius) e pode
animais e mesmo de diferentes animais dentro da mesma variar de região para região. Em situações de stress (seca,
espécie. Factores como o tamanho do animal, a estrutura pragas de insectos) certas plantas podem-se tornar tóxicas
do tubo digestivo das diferentes espécies e a existência de (Sorghum spp). A fertilização azotada pode levar à acumula-
mecanismos de desintoxicação após a absorção dos com- ção de nitratos por parte de certas plantas forrageiras (gra-
postos tóxicos influenciam o potencial tóxico de uma plan- míneas) cuja posterior ingestão pode causar intoxicação
ta. Em função do que foi dito, nem sempre é fácil definir o por nitratos /nitritos.
que é uma planta tóxica.

Algumas plantas como o Nerium o/eander são altamente tó- 4. PLANTAS TÓXICAS MAIS COMUNS
xicas e a ingestão de pequenas quantidades pode ser fatal. EM PORTUGAL
Outras plantas como o Pteridium aquilinum e o Senecio Jaco-
Neste capítulo as plantas tóxicas foram agrupadas segundo
bea, têm que ser ingeridas em grande quantidade e durante o sistema do organismo que é mais afectado pela sua in-
um largo período de tempo para causarem problemas.
gestão. Há no entanto plantas que afectam mais que um
Nem todas as partes das plantas são necessariamente tóxi- sistema, por exemplo os Cistus spp que têm uma acção ne-
cas. As substâncias tóxicas podem não estar uniformemen- frotóxica e neurotóxica.

CARDIOTÓXICAS DISRITMIA • INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Taxus bacata (Teixo) consomem estas plantas apresentam alterações do foro


cardíaco e digestivo. Os glicósidos actuam directamente no
Esta planta contém cerca de 1O alcalóides tóxicos, o mais
tubo digestivo causando enterite hemorrágica, dor abdo-
potente dos quais é designado de taxina. A taxina bloqueia
minal e diarreia. Há a registar pulso fraco e irregular e queda
os canais de sódio e de cálcio a nível do miocárdio, impe-
da pressão arterial, podendo conduzir à morte. Lesões no
dindo a despolarização cardíaca e provocando arritmias,
coração (petéquias). Geralmente os animais não ingerem
morrendo os animais de paragem cardíaca. Pode ocorrer
esta planta; no entanto têm sido referidos casos com ani-
morte súbita embora geralmente a morte ocorra alguns
mais a pastar em locais onde esta planta existe em abun-
dias após a ingestão da planta. Praticamente todas as partes
dância ou após a limpeza de sebes.
da planta, verdes ou secas são tóxicas, sendo as folhas no
inverno particularmente perigosas. Os veados são aparen-
temente imunes às toxinas desta planta. Digita/is purpurea (Digital)
Sendo uma planta ornamental, os casos de intoxicação de
bovinos não são muito frequentes. Esta planta contém al-
Nerium oleander (Loendro)
guns glicósidos cardíacos, especialmente nas sementes. Efei-
Os compostos oleandrina e neriina são dois potentes glicó- tos cardíacos com bradicardia ou taquicardia e disritmias.
sidos cardíacos presentes em todas as partes da planta. A Pode ainda causar diarreia, dor abdominal, convulsões e
toxicidade permanece após a secagem. Os animais que morte súbita.
COM ACÇÃO SOBRE O SANGUE HEMÓLISE • ANEMIA
HEMOGLOBINÚRIA

Mercurialis perennis (Mercurial, Erva-mercúrio) podendo ocorrer quando produtores têm excesso de

Esta planta possui quatro compostos tóxicos. Além de hemo- produção de cebola ou desejam eliminar "restos" de

globinúria os animais podem apresentar, hipersiália, dor abdo- anos anteriores. Estas plantas contêm um alcaloide, N-

minal, constipação seguida de diarreia muito aquosa e disúria. propil disulfito, que provoca a hemólise e anemia. Os
bovinos são os animais mais sensíveis, sendo os ovinos
os mais resistentes. O sinal clínico mais marcante é a he-
Ferula communis (Canafrecha) moglobinúria. Muitas vezes o hálito, as fezes, a urina eo
Os animais que ingerem esta planta apresentam frequente- leite dos animais intoxicados apresentam um cheiro tí-
mente hematomas ou hemorragias externas, além de anorexia, pico das cebolas.
mucosas anémicas, sonolência, fraqueza muscular e finalmen-
te morte. A necropsia pode revelar a presença de hemorragias
subcutâneas e em vários órgãos internos de tamanho e distri- Brassica spp
buição variável. Este quadro clínico é justificado pela concen- Plantas da família das Brassicacae (Cruciferae) são utiliza-
tração elevada de compostos cumarínicos, que ao interferi- das como plantas forrageira s, tais como as couves, os
rem com a vitamina K inibem a coagulação sanguínea. Esta nabos e a colza ou fornecidas aos animais como subpro-
planta é muito resistente à seca e as intoxicações por ela cau- duto da cultura ou quando a produção é excessiva. Con-
sadas ocorrem sobretudo no final do Verão, início do Outono. têm duas substâncias tóxicas, que são os glucosinolatos
e aminoácidos sulfurados, para além de concentrarem
Melilotus spp (Meliloto, Anafa) facilmente nitratos. Os sinais clínicos são variados e in-
cluem hipotiroidismo, cegueira, diarreia, anemia, hemo-
A planta em si não é tóxica. Contudo a contaminação por
globinúria e enfizema pulmonar. Os sinais de intoxicação
fungos dos géneros Penicil/ium, Aspergi/us e Mucor spp que
por nitratos encontra-se no Capítulo de Doenças com
ocorre no feno, tem o potencial de converter a cumarina da
Aborto ou Morte Súbita. Os compostos tóxicos estão
planta em dicumarol que é um potente anticoagulante. Os
presentes em maior concentração nas plantas jovens e
bovinos, em especial os vitelos, são mais sensíveis do que os
nas sementes.
ovinos. Os sinais de intoxicação podem aparecer cerca de 3
semanas após a ingestão do feno da planta contaminada.
Pteridium aquilinium (Feto)
Alliumspp Causa uma síndrome hemorrágica (intoxicação aguda) ou
A intoxicação por cebolas, Allium cepa (cebola doméstica) hematúria (intoxicação crónica). Ver Capítulo "Doenças com
e Allium validum (cebola selvagem) é relati vame nte rara, anemia''.

DIARREIA• HIPERSIÁLIA
APARELHO DIGESTIVO
DOR ABDOMINAL

Ranunculus spp (Ranunculo, Pata loco) A protoanemonina tem uma acção irritante na boca e no in-
Contém um glicósido, a ranunculina que é convertida em pro- testino causando hipersiália e diarreia. Aparentemente os ani-
toanemonina por acção de enzimas da planta libertadas mais rejeitam menos as plantas após o uso de herbicidas de
aquando da mastigação. A concentração mais elevada ocorre modo que se aconselha a remoção dos animais durante al-
por altura da Aoração. Esta toxina é inactivada com a secagem. guns dias das pastagens após a aplicação de herbicidas.
Euphorbia spp (Ésula redonda, Maleiteira, Erva leiteira) Setaria spp
A ingestão desta planta que contém esteres diterpénicos Os efeitos da ingestão desta planta, sobretudo se for consu-
provoca uma profusa salivação, inflamação e inchaço da boca mida em seco, tem a ver com o facto de possuir espinhos que
devido aos efeitos irritantes deste tóxico. As toxinas não são se podem espetar na mucosa oral causando uma profusão
inactivadas pela secagem. Os bovinos podem apresentar salivação e grande desconforto, que pode tornar o animal
diarreia. A recuperação é rápida. As cabras e as ovelhas não incapaz de mastigar e deglutir o alimento. Em situações mais
parecem ser afectadas. graves podem ocorrer úlceras.

Phytolacca americana (Erva dos cachos da Índia, Ricinus communis (Rícino, Carrapateira)
Tintureira) Esta planta contém uma toxina, a ricina ou lectina altamente
Todas as partes da planta contém saponinas tripertenóides e tóxica, tanto em animais como em humanos, que inibe asíntese
oxalatos. Também tem sido referida a presença nesta planta proteica,causando morte celular. Os ruminantes parecem ser me-
de uma proteína, a lectina que pode afectar o sistema imuni- nos susceptíveis do que os outros animais. Os sinais clínicos mais
tário. Todas as espécies pecuárias são afectadas. Os sinais clí- característicos são dor abdominal, diarreia hemorrágica e que-
nicos podem variar mas incluem irritação oral, salivação pro- bra acentuada da produção no caso de vacas leiteiras. Na necrop-
fusa, diarreia que pode ser sanguinolenta, depressão e sia podem-se observar uma congestão pulmonar intensa, úlceras
morte. nos reservatórios gástricas e intestino e necrose no fígado e rins.

HEPATOTÓXICAS E FOTOSENSIBILIZANTES DERMATITE

As plantas que afectam o fígado e a pele são referidas conjunta- Hypericum perforatum
mente pelo facto de algumas substâncias tóxicas que afectam o
É a principal planta responsável pela ocorrência de fotossen-
fígado poderem provocar secundariamente problemas na pele.
sibilidade primária em Portugal. Contém um pigmento, a hi-
A fotossensibilidade primária está associada à presença de pericina que está presente sobretudo nas folhas. A maior
um composto fotodinâmico nalgumas plantas, o qual vai parte do pigmento é destruída após a secagem da planta. O
provocar uma dermatite nas zonas despigmentadas da pele aspecto mais importante do tratamento consiste em remo-
por acção das radiações ultravioletas, sem que haja qualquer ver os animais da influência da luz directa do sol. A recupera-
efeito no fígado. ção ocorre ao fim de alguns dias.
A fotossensibilidade secundária ou hepática resulta do fac-
to do fígado do animal não ser capaz de remover e excretar Senecio jacobea e outras
certos compostos presentes nas plantas, nomeadamente a (ver Capítulo Lesão da Pele e Mucosas)
filoeritrina que resulta da degradação da clorofila. No caso Há uma série de compostos nalgumas plantas que são ca-
de haver lesões hepáticas extensas, a filoeritrina vai-se acu-
pazes de lesar o fígado, conduzindo assim a fenómenos de
mular na circulação sanguínea, originando fotossensibilida-
fotossensibilidade. Os mais importantes são os alcaloides de
de nas zonas da pele despigmentadas sob a acção dos raios
pirrolizidina. A planta mais abundante não só em Portugal,
ultra-violetas. Calcula-se que os fenómenos de fotossensibi-
como em todo o mundo que contém alcaloides de pirrolizi-
lidade ocorram quando cerca de 80% do fígado está lesado,
dina é o Senecio jacobea, embora todas as espécies de Sene-
o que torna o órgão incapaz de eliminar a filoeritrina. A fo-
cio sejam tóxicas. Todas as partes da planta contêm alcalói-
tossensibilidade hepática também pode ocorrer por obs-
des de pirrolozidina que permanecem activos no feno ou
trução das vias biliares. na silagem. As vacas e os cavalos são os animais mais afec-
Os sinais clínicos são os de dermatite por fotossensibilidade tados, sendo os ovinos mais resistentes à intoxicação prova-
descritos no Capítulo"Doenças com lesões da Pele e Mucosas''. velmente devido à presença de certas bactérias no rúmen
capazes de inactivar os alcalóides. Em geral os animais evi- Lantana sp.
tam esta planta a não ser que a pastagem seja escassa, por As folhas e os frutos da planta Lantana camara contêm um
exemplo durante uma seca prolongada. Intoxicações em composto, lantadeno A, que provoca problemas de fotossen-
animais ingerindo feno ou silagem também têm sido referi- sibilidade devido a colestase hepática. Os cavalos não pare-
das. Os animais apenas mostram sinais após semanas ou cem ser afectados pela ingestão desta planta. No caso duma
mesmo meses de contacto com a planta a não ser que ingi- intoxicação aguda a morte dos animais ocorre ao fim de 7 a
ram grandes quantidades, aparecendo os sinais alguns dias 1Odias. A morte ocorre por uma combinação de lesões hepá-
depois. ticas, anorexia e acumulação dos compostos triterpénicos.

PLANTAS QUE CAUSAM MORTE SÚBITA MORTE SÚBITA

Sorghum spp (Sorgo, Erva do Sudão) Oenhante crocata (Rabaça, Embude, Nabo
Intoxicação apresentada em pormenor no Capítulo "Doen-
do Diabo)
ças com sinais neurológicos''. Para além dos sinais nervosos O período entre a ingestão da planta e o aparecimento dos
descritos no referido capítulo, a ingestão desta planta po- primeiros sinais clínicos é muito curto - muitas vezes os ani-
derá levar a morte súbita. mais são encontrados já mortos.
A principal toxina é a oenantetoxina. Estes compostos actu-
Conium maculatum (Cicuta, Cegude) am como antagonistas não competitivos do neurotrans-
Foram identificados oito alcaloides piperidinicos nas várias par- missor GABA no SNC, resultando em despolarização neuro-
tes da planta. O mecanismo de acção destes compostos consis- nal que não diminuindo pode dar origem a convulsões.
te no bloqueio dos reflexos da medula espinhal, daqui resultan- Outros sinais possíveis são o aparecimento de diarreia, inco-
do um bloqueio neuro-muscular e paralisia. As folhas e o caule ordenação motora, timpanismo, dispneia, hipersiália e dila-
antes do aparecimento das sementes são as partes mais tóxicas tação pupilar. A ingestão de pequenas quantidades da
da planta. A intoxicação pelas sementes ocorre se estas estive- planta pode resultar em intoxicação severa e na grande
rem misturadas com os grãos de cereais que os animais inge- maioria dos casos culmina em morte. A prevenção e con-
rem. Os sinais clínicos iniciam-se uma hora após a ingestão da trolo desta planta são as únicas medidas eficazes, impedin-
planta. Os sinais clínicos mais evidentes são tremores muscula- do ou diminuindo o risco de intoxicação dos animais. De-
res, incoordenação, respiração difícil, pupilas dilatadas, prolapso senvolve-se em zonas com permanente disponibilidade de
da membrana nictitante e mucosas cianosadas. A morte por água, tais como pântanos, margens de lagos e diques de
paragem respiratória ocorre ao fim de duas a três horas. drenagem.

PLANTAS ACUMULADORAS DE NITRATOS VER PORMENORES NO CAPÍTULO


"MORTE SÚBITA"

A intoxicação de ruminantes por nitratos é um problema uni- As intoxicações por vegetais com nitratos podem ocorrer
versal importante sob o ponto de vista económico causado após a ingestão de plantas forrageiras como o sorgo, beterra-
quer pela ingestão de plantas que acumulam níveis tóxicos ba, nabos, couves, aveia, azevém ou trevo branco e também
de nitratos quer por águas poluídas. de plantas não forrageiras como: Chenopodium a/bum (Catas-
sol, Quenopódio), Convolvulus arvensis (Corriola, Trepa-trepa)
e Amaranthus spp (Breda).
NEUROTÓXICAS DEPRESSÃO• INCOORDENAÇAO

Astragalus lusitanicum (Alfavaca dos montes, pastagem devido ao seus cheiros e sabores desagradáveis, a in-
Erva-canudo) toxicação dá-se geralmente quando a planta ou as sementes
estão presentes no feno ou o cheiro é disfarçado por compostos
A principal toxina presente nesta planta é um alcaloide indolizi-
químicos. Os sintomas são do tipo alucinogénico - pupilas dila-
dinico, a suaisonina, presente um todas partes da planta e que
tadas, tonturas, comportamento anormal, convulsões e morte.
resiste à secagem. Em função da quantidade e a taxa de inges-
tão desta planta os animais podem apresentar um quadro clíni-
co de intoxicação agudo ou crónico. O quadro agudo caracte- Equisetum arvensis (Pinheirinho, Cavalinha)
riza-se por fraqueza, depressão, ataxia, dificuldades respiratórias,
Esta planta contém níveis elevados de tiaminase, cuja toxici-
cianose e colapso pré-morte. O exercício forçado ou o stress
dade permanece após secagem. Em geral a intoxicação ocor-
agravam os sinais clínicos. O quadro clínico mais crónico carac-
re quando esta planta está presente no feno ou na carna dos
teriza-se por um andar difícil e descoordenado que geralmente
animais. Os cavalos são as espécies mais sensíveis embora,
culmina numa paralisia dos membros posteriores, impossibili-
vacas e ovelhas também possam ser afectadas. Os sinais clíni-
tando os animais de se levantarem. Tem sido referido o facto
cos mais evidentes em bovinos são perda de peso, diminui-
das plantas do género Astragalus serem capazes de acumular
ção da produção de leite, diarreia e hiperexcitabilidade.
selénio quando crescem em solos ricos neste elemento. Po-
dem surgir nestas situações intoxicações por selénio.
Lupinus spp (Tremocilha)
Solanum nígrum (Erva moira) As plantas do género Lupinus contêm vários alcaloides, sobre-
Vários glicoalcalóides esteroides como a solanina, escopola- tudo a quinolizidina que provoca sintomatologia nervosa nos
mina e a atropina estão presentes nesta planta, sobretudo animais que as ingerem. A concentração deste alcalóide é
nas partes verdes da planta e nos frutos verdes. Estes com- mais elevada na semente. Os ovinos são os animais mais afec-
postos bloqueiam a acção da colinesterase, do que resulta tados. Os sinais clínicos mais característicos são: depressão,
diminuição da salivação, da motilidade intestinal, pupilas dila- orelhas caídas (sobretudo em ovinos), incoordenação, tremo-
tadas, taquicardia, incoordenação e morte. O processo de res musculares e dificuldades respiratórias. As espécies espon-
ensilagem diminui a toxicidade desta planta. tâneas de Lupinus contêm níveis de alcalóide mais elevados
do que as espécies cultivadas. Tem sido referido na literatura
que a ingestão de plantas do género Lupinus pode dar ori-
Oatura stramonium (Figueira do inferno) gem a deformações fetais (artrogriposes) sobretudo em bovi-
A presença de alcaloides como hiosciamina e escopolarnina é nos. A contaminação das plantas por fungos provoca lesões
responsável pela toxicidade desta planta. A sua toxicidade per- hepáticas graves, com perda de apetite, fraqueza, icterícia e
manece no feno. Raramente os animais ingerem a planta na fotossensibilidade. A esta síndrome denomina-se lupinose.

NEFROTÓXICAS DISÚRIA • INSUFICIÊNCIA RENAL

Plantas que contêm oxalatos Trevo azedo) e Rumex spp. Há outras plantas, por exemplo
Em Portugal existem algumas plantas que acumulam Amarantus spp, Chenopodium spp, que também acumu-
oxalatos, nomeadamente: Oxalis spp (Aleluia, Erva azeda, lam nitratos.
A ingestão de plantas contendo oxalatos por animais que ves ocorrem no tubo digestivo, fígado e rins. As cabras são
não estão adaptados, origina dois tipos de problemas: mais resistentes à toxicidade pelos taninos. Em Portugal as
a) Hipocalcémia e hipomagnesiémia, devido ao facto de os intoxicações por taninos ocorrem sobretudo em períodos
oxalatos se combinarem com o cálcio e o magnésio san- de carência por consumo de folhas (Verão) e no final Outo-
guíneos. no quando os frutos verdes (a concentração de taninos nos
frutos verdes é maior do que nos frutos mais maduros) co-
b) Cálculos renais - o aumento da concentração de oxalato
meçam a cair das árvores. Os sinais clínicos variam com a
de cálcio no sangue pode conduzir à formação de cálcu-
quantidade ingerida. Os animais deixam de comer, apare-
los nos túbulos renais. cem deprimidos e apresentam paragem ruminai. Pode ha-
O consumo moderado destas plantas permite que as bac- ver edema sub-mandibular. Posteriormente desenvolve-se
térias do rúmen consigam adaptar-se, metabolizando assim uma diarreia sanguinolenta. A necropsia revela hemorra-
os oxalatos. gias em vários órgãos e acumulação de líquido na cavidade
peritoneal. Histopatologicamente observam-se lesões de
nefrose.
Quercus suber (sobreiro) e Quercus ilex (azinheira)
As plantas do género Quercus contêm um composto, o ga-
lotanino que está presente nas folhas e nos frutos e têm
Cistus salviifolius, Cistus crispus (Sargaças, Estevinha)
uma acção tóxica no tubo digestivo e nos rins. Os galotani- As plantas do género Cistus são responsáveis pela ocorrên-
nos são hidrolisados no rúmen e transformados em com- cia de uma síndrome caracterizada por disúria, com disten-
postos de menor peso molecular tais como o ácido gálico. são da bexiga, perda de peso, fotofobia e morte. Não foi
Este composto reage com as proteínas celulares, desnatu- identificada a substância tóxica responsável por este qua-
rando-as, do que resulta a morte celular. As lesões mais gra- dro clínico.

5. DIAGNÓSTICO 1. Identificação correcta da planta na pastagem ou na forra-


gem (feno ou silagem) e com base nessa informação re-
Segundo Soler (comunicação pessoal) as plantas tóxicas
lacioná-la com os sinais clínicos presentes nos animais.
mais comuns na Península Ibérica podem ser agrupadas
No entanto, não basta identifica-la, tem que se confirmar
em 3 grandes grupos, de acordo com os sinais clínicos e
que os animais ingeriram determinada planta em quanti-
lesões que provocam nos animais:
dade suficiente para causarem os problemas de que se
a) Plantas anticoagulantes em que os casos clínicos ocor- suspeita.
rem sobretudo no Outono
2. A realização de necropsias é fundamental. Muitas vezes o
b) Plantas nefrotóxicas em que os casos clínicos ocorrem diagnóstico correcto é conseguido através da observação
sobretudo entre Outubro e Dezembro das plantas suspeitas no interior do tubo digestivo dos ani-
c) Plantas neurotóxicas em que os casos clínicos ocorrem mais que morreram. Além disso muitas das intoxicações
sobretudo no Verão. não produzem nem lesões nem alterações sanguíneas
características o que dificulta grandemente o diagnósti-
Um diagnóstico correcto pode ser feito se se concluir que
co. O exame histopatológico pode muitas vezes confirmar
o animal ingeriu uma determinada planta. No entanto, há
as suspeitas de intoxicação por uma determinada planta.
que ter em conta que o tempo que medeia entre a inges-
tão da planta e o aparecimento dos sinais clínicos pode
variar muito. Devido ao facto dos sinais originados pela in-
6. TRATAMENTO E PREVENÇÃO
gestão de plantas venenosas não serem específicos na
maior parte dos casos, faz com que o diagnóstico não deva Devido ao facto de não existirem praticamente antídotos
ser feito apenas com base nos sinais clínicos. Há dois as- para a maioria dos compostos tóxicos existentes nas plan-
pectos fundamentais no diagnóstico de uma intoxicação tas (com algumas excepções como o Sorgo e as plantas
por plantas: acumuladoras de nitratos) e as medidas terapêuticas de su-
porte serem caras, especialmente quando o número de pois muito importante que os animais tenham sempre à
animais envolvidos é elevado, a estratégia para lidar com sua disposição sal e outros minerais nos locais onde estão a
estes problemas deve-se basear em acções de prevenção. pastar.

Neste capítulo, um dos aspectos mais importantes con- No caso de se optar por tratar um animal devem ser obser-
siste na educação dos proprietários dos animais, nome- vados alguns princípios básicos durante o tratamento:
adamente no que diz respeito à identificação das plan-
1. impedir a continuação da ingestão da planta suspeita.
tas e das condições em que podem ocorrer situações de
intoxicação. 2. obter apoio de técnicos capazes de identificar plantas
tóxicas e relacionar as plantas com os sinais clínicos.
Tem sido referido o facto de animais carenciados em mine-
rais poderem ter uma maior apetência por plantas tóxicas. É 3. manutenção das funções vitais.

7. FOTOGRAFIAS DE ALGUMAS PLANTAS TÓXICAS


Aflatoxina B1 Matérias-primas de rações (soja, amendoim, giras- Hepatotóxicos e imunossupressores
sol, sorgo, copra) nas quais se tenham desenvolvido
(diminuição da resistência a infeções e redução da
Aspergillus flavus, Asp. parasiticus ou Asp. nomius
taxa de crescimento)

(Impacto em saúde pública através da excreção de


Aflatoxina Ml no leite)

Ocratoxina A (OTA) Matérias-primas de rações (cevada, arroz, aveia, mi- Nefrotóxicos e hepatotóxicos: atrofia dos túbulos
lho, trigo, sorgo) nas quais se tenham desenvolvido: proximais, necrose do epitélio renal, fibrose corti-
Asp. ochraceus, Asp. melleus, Asp. sulphureus, Peni- cal intersticial; Doses mais elevadas provocam es-
cillium viridicatum, P. palitans, P. commune, P. cyclo- clerose glomerular hipoproteinémia, diminuição
pium, P. purpurecens. e P. verrucosum da actividade fagocítica e necrose de estruturas te-
cidulares linfoides.

Zearalenona (ZEA) Matérias-primas de rações (milho, cevada, aveia, tri- Hiperestrogenismo, com infertilidade, prolapso va-
go, sorgo nas quais se tenham desenvolvido: Fusa- ginal, hipertrofia mamária em fêmeas e machos; fe-
rium tricinctum, F. niva/e, F. moniliforme, F. avenaceum, minização em machos (atrofia dos testículos)
F. graminearum, F. sambucinum, F. oxysporum F. gib-
bosum e F. equiseti.

Deoxinivalenol Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Transtornos digestivos: anorexia, associada a diar-
(DON) (Vomitoxlna) -primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo, sor- reia; Hepatotóxico - inibição de síntese proteica
go) nas quais se tenham desenvolvido: F graminea- (depressão do sistema imunitário)
(Tricotecena)
rum, F culmorum e F roseum
Diminuição da produção.

Diacetoxiscirpenol Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Citotóxico e hepatotóxico inibição de síntese pro-
-primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo) nas teica (depressão do sistema imunitário)
(Tricotecena)
quais se tenham desenvolvido: F tricinctum, F equi-
Diminuição da produtividade.
seti, F roseum, F lateritium, F graminearum, F oxyspo-
rum, F sporotrichioides e F sambucinum

Toxina T2 e HT2 Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Citotóxico e hepatotóxico inibição de síntese pro-
-primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo, sor- teica (depressão do sistema imunitário)
(Tricotecena)
go) nas quais se tenham desenvolvido: F tricinctum,
Diminuição da produção.
F nivale, F culmorum, F equiseti, F lateritium, F rigi-
diusculum, F oxysporum, F sporotrichioides e F sam-
bucinum;

Nivalenol Matérias-primas de rações (milho, cevada, aveia, tri- Citotóxico e hepatotóxico inibição de síntese pro-
(Tricotecena) go, sorgo) nas quais se tenham desenvolvido: F ni- teica (depressão do sistema imunitário)
va/e, F equiseti, F /ateritium; F semitectum e F grami-
Diminuição da produção.
nearum,

Fumonisina B1 e B2 Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Inibidor da síntese da esfingomielina: Disfagia e pa-
-primas de rações (cevada, aveia, milho e trigo) nas ralisia da laringe tremores musculares falência he-
quais se tenham desenvolvido: F. verticil/ioides, F pro- pática (icterícia), edemas, hemorragias, perda de
lifera tum e F nygamai peso
ALGUMAS DAS MICOTOXINAS MAIS COMU
Autoria : Prof. Fernando Bernardo, FMV-Urn
.
. . . .
: . :

PenitremA Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Efeito neurotóxico, atuando sobre as células de
-primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo, sor- Purkinje do cerebelo: tremores, hiperhestesia, opis-
(tremorgénica)
go) nas quais se tenham desenvolvido: Penicillium tótonos e convulsões tónico-clónicas; mais rara-
cyclopium, P. canescens, P. clavigerum, P. piceum e P. ni- mente lesões vasculares ulcerativas e necrosantes
gricans (eczemas faciais)

Ergotamina e Pastagens de gramíneas forrageiras e espontâneas Neurotóxico e citotóxico: tremores, incordenação,


Ergotoxina de diversas espécies, infetadas com Claviceps purpu- cegueira aparente, surdez intermitente, opistótono,
rea, C. pospa/i (em Paspalum), e C. africana (sorgo). convulsões, paralisia e decúbito e no final paraple-
gia, culminando com a morte. No verão a pele pode
exibir sensibilidade aumentada ou diminuída. Por
vezes ocorre diarreia e vómito.

Esporodesmlna Pastagens com herbáceas frescas em climas húmi- Hepatotóxico com fotossensilização secundária:
dos e sombrios infetadas por Pithomyces chartarum perda de apetite, o animal procura as sombras,
(comum nos Açores) apresenta-se muito excitado (escoiceia a barriga,
lambe-se, coça-se, não evita os obstáculos) apre -
senta muito prurido;

Nas zonas mais claras da pele e sob e a incidência


direta do sol surge hiperemia e eritema. As narinas,
tetos sobretudo a parte externa, o úbere, a vulva, o
períneo, são as que exibem os primeiros sinais visí-
veis; Por vezes surge edema da barbela. Nas formas
mais graves surgem escaras cutâneas ou ulceras na
pele; sinais de icterícia com a urina muito escura;
Em casos excecionais ocorrem abortos e mesmo
morte
1NTOXIC~ÇÕES
O diagnóstico clínico das intoxicações por minerais é muito • Preservação da função do fígado e rim. Por exemplo, a
difícil, pois geralmente estas expressam-se por sinais muito cirrose hepática pode associar-se a níveis de minerais
inespecíficos. Devido ao impacto dramático das intoxica- que não reflectem a ingestão na dieta.
ções e por causa do elevado número de animais normal-
• lnteracções entre minerais. Por exemplo, os níveis de mo-
mente afectados, é frequente a tentativa de confirmação
libdeno não têm grande significado se não forem corre-
através de análises laboratoriais.
lacionados com os de cobre (e vice-versa); o défice de
Neste quadro tentámos resumir alguns dos dados clínicos e selénio pode surgir por excesso de cadmio, enxofre ou
laboratoriais que podem ajudar a esclarecer dúvidas quan- chumbo; o zinco fixa o cobre a nível intestinal reduzido a
to à presença ou não de uma intoxicação por mineral. Os quantidade absorvida; o ferro, cobalto e cálcio são anta-
níveis indicadores de deficiência ou toxicidade devem ser gonistas do manganês.
usados com espírito crítico e sempre interpretados ao lado
dos dados epidemiológicos e clínicos. Talvez mais impor- • Alguns minerais (e.g. cobre, mercúrio) podem apresentar
tante do que a precisão dos resultados, será a celeridade níveis elevados sem sinais clínicos, até se atingir um nível
após a intoxicação com que colhemos o material e o envia- de saturação a partir do qual um pequeno aumento
mos para o laboratório, e ainda a minúcia com que colhe- pode desencadear sinais aparatosos.
mos sinais clínicos e lesionais.
Os níveis indicados neste Quadro são baseados no peso hú-
Os efeitos dos valores abaixo expressos dependem de mido dos tecidos. Para converter em peso seco deve-se
imensos factores, tais como: usar, para bovinos adultos, a seguinte formula: peso húmido

• Idade, sexo e raça.


x 3,5 = peso seco (aproximado). Para as concentrações em
tecidos usámos a medida mg/kg, mas muita literatura
• Possibilidade de exposição continuada (habituação). apresenta partes por milhão (ppm) ou µg/g que é, obvia-
• Distância temporal entre a ingestão e a colheita de material. mente, a mesma coisa.

NÍVEIS TÓXICOS DOS MINERAIS MAIS COMUNS E CORRESPONDENTES SIN

..
Baseado em informação compilada de Puls (1988), NRC (2005); Suttle (2010)

Material

Alumínio 1 Tecidos moles (mg/kg) Não se >5 Não ocorre Perda de peso. Tetania, prostração
aplica (h i pofosfaté m ia/h ipo mag nesie-
mia).

Arsénio Fígado (mg/kg). Não se Tóxico agudo: 2-15 Não ocorre Ag uda - Diarreia, abdómen agu-
Rim, urina, ingesta aplica do, bruxismo, ataxia e prostração.
Tóxico crónico:
Morte súbita.
7-70
Crónica - alopecias, hiperquera-
tose, gastrite, diarreia ou consti-
pação.

Cadmio Fígado (mg/kg) Não se Tóxico agudo: Não ocorre Aborto e defeitos congénitos.
aplica aprox. 50 Emagrecimento, anorexia, alape-
cias, anemia. Tecidos queratiniza-
Tóxico crónico:
50-160 dos frágeis. Nefrotóxico
Chumbo Sangue heparinizado Não se >0,35 Não ocorre Aguda - ceg ueira, ataxia, depres-
(mg/ml) aplica são, convulsões, head-pressing,
diarreia. Aborto.
Fígado (mg/Kg) Não se >10
aplica Crónica - inapetência, dor abdo-
minai, timpanismo, perda de peso,
Leite (mg/L) Não se >0,05 redução da produção de leite.
aplica

Cobalto Soro (Vit. B12 ) (ng/L) < 0,2 Cetose, anemia, baixa Raro (dose tóxica é muito superior
produção leiteira, à normal). Infertilidade.
Fígado (Co) (mg/kg) <0,005 >5
caquexia e mau pêlo.
1nfertilidade.

Cobre Soro (mg/ml) <0,5 >4 Deficiente queratiniza- Aguda - Diarreia azulada, cólicas,
ção e mielinização ataxia, prostração e convulsões.
Fígado (mg/kg) <35 >250
(pêlo acastanhado),
Crónica - Síndrome hemolítica
Rim, fezes, sa ngue anemia, ataxia.
com anemia e hemoglobinúria.
total
Morte súbita.

Crómio Fígado (mg/kg) <0,3 6-50 (coelho) Não ocorre Gastroenterite - diarreia ou disen-
teria. Dispneia,

Ferro Soro (ferritina) (mg/ml) <3 >5 Anemia ferropriva. Muito raro. Atraso de crescimento

Fígado (mg/kg) <40 >200

Fluor Osso (mg/kg) >3.000 Muito raro. Atraso de Lesões dentárias dolorosas. Colo-
crescimento. ração acastanhada dos dentes e
Dentes, urina.
ossos. Claudicações e alopecias.
Exostoses ósseas e osteoporose.

lodo Soro (mg/100 ml) <10 >200 Infertilidade, peladas, Aguda - Dispneia, hipersialia, tos-
bócio. Aborto e se e corrimento nasal e ocular.
Leite (mg/L) <8-25 >500
recém-nascidos Aborto.
debilitados
Crónica - bócio, tosse, disfagia,
infertilidade, atraso crescimento.

Manganês Sangue (µg/mL) <0,02 >0,1 Defeitos ósseos e Raro (dose tóxica muitas vezes su-
cartilaginosos - ataxia perior à normal). Lesões gastroin-
Fígado (mg/kg) <7 > 120 e crescimento testinais, sinais neurológicos, per-
retardado. Infertilidade. da de peso.
Degenerescência
testicular.

Mercúrlo2 Rim (mg/kg). Não se >50 Não se aplica. Aguda - ataxia, convulsões. lnsufi-
aplica ciência renal. Gastroenterite seve-
ra. Morte em poucos dias.
Sangue heparinizado Não se >3
(mg/ml) aplica Crónica: alopecias, diarreia, lesões
boca e dentes
NÍVEIS TÓXICOS DOS MINERAIS MAIS COMUNS E CORRESPONDENTES SIN
Baseado em informação compilada de Puls (1988), NRC (2005); Suttle (201 O)

Selénio Actividade glutatião <10 25-100 Doença do Musculo Aguda: lncoordenação, ataxia, disp-
peroxidase - sangue Branco. Miopatias e neia, diarreia, ptialismo e anemia.
heparinizado cardiopatias
Crónica: claudicações e lesões po-
(degenerescência e
Selénio - Sangue <0,008 >3,5 dais. Alopécias.
necrose). Diarreia.
heparinizado (µg/ml)
lmunodepressão. lnfer-
Fígado (mg/kg). Pêlo. <0,4 Agudo: >7 tilidade, aborto e
retenção placentária .
Crónico:> 1,25

Zinco Soro (mg/ml) <0,4 >5 Paraqueratose (pele Em adultos não ocorre. Vitelos po-
espessa e gretada), dem mostrar diarreia, poliúria,
Fígado (mg/kg). <30 >500
claudicações, edema submandibular.
Rim imunodepressão.
Anorexia e emagreci-
menta. Deficiente
queratinização das
úngulas.

1
A toxicidade é muito aumentada no caso de insuficiência renal já que o alumínio é rapidamente excretado na urina
2
Estão descritos casos de elevadas concentrações tecidulares sem sinais clínicos e por isso a intoxicação por mercúrio não deve ser feita apenas com base nos
resultados laboratoriais As lesões por toxicidade ocorrem quando se atingem os níveis de saturação.
3
A toxicidade do molibdeno depende muito dos níveis de cobre Se os níveis de cobre forem baixos a toxicidade por molibdeno ocorre a níveis mais baixos.
ANEXO 1

QUADRO DE DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS

Este Quadro destina-se a facilitar a pesquisa de diagnósticos diferenciais baseando-se nos sinais clínicos. Aqui estão apre-
sentadas as principais situações que um clínico de campo de bovinos poderá encontrar na sua actividade, excluindo as
seguintes:

• doenças causadoras de infertilidade, como sejam quistos ováricos, piómetras etc. ..

• intoxicações por plantas e micotoxinas por terem uma abordagem especifica em capítulo próprio.

• patologia podal especifica pois o sinal clínico é essencialmente a claudicação.

Tentámos com este Quadro dar também uma noção da evolução dos sinais clínicos através da inclusão de dois símbolos.
O primeiro refere-se aos primeiros sinais (fase aguda) e o segundo àqueles sinais que ocorrem mais tarde e que caracteri-
zam a fase crónica das doenças ou, pelo contrário, indicar a possibilidade de certos sinais desaparecerem. Tentámos igual-
mente dar uma ideia da intensidade de cada sinal através do uso de cores - desde o sinal menos provável até ao sinal es-
sencial para o diagnóstico. O código é apresentado no topo da página.
li : •I
=' w
s·i.o

11 : • :j: : 111• Desidratação


~ci)
a. <
w~
g- e
~ g
~ o
• • • e • • • • • Mucosas pálidas 1 1 e;~

• • • • • • • • • • • • • 1Anemia/ Icterícia "Q


~:



lesões .
nasais 1·
;;;

• • • • • • Dispneia/Tosse / l
o
• • • • • • • I Rinorreia =
~
• • • • Ptialismo I Hipersialia / .;Í
• • • • I Lesões orais "'
'is
õ)

: : : • Fezes esassas ou ausentes


[
io
e,
w
õl'
:,,;
•• •• •• • • •
• • • •
•• •• • •
o·1arre1a· 1Fezesfl u1·c1as 5·
as·
~

~
@'
: : Disenteria/ Melena

: 1 : 1
l ·1 \1 1
~
\ I t
l
'
1: i
!
i
!1
1
1
1 l
1 1 i1 I
1
i 1 1 ! ! .. j
! : . 1 1 ! 1 1 1 i
1 - ·. : 1 . :j 1
I l
j
i
l
. l 11:
,· i 1
• j i i
l\ !.
1
i

;
1 • •
1
.
1
i
/
1 !1
1
( • •
1 / !
1
..
1 1

1 1
i :1
.
/
:
1 1 l
1
1 ! 11'
1 l

i1
1 ••
j 1 11
I i
l

1 •
1
1
1
• l
j i l "
1 i 1
1 \

1
l
1 :
\
1/ .
, \
1 1
l 1
I
- -

: 1 • • 1 • 1 1 1 1 : : ' 1 : '

• • • • • • • Alteração perfil abdominal/


• • • • • • • • • • • • /Timapanismoruminal

• • • Dorabdominal /
• • • • • • I Abdómen agudo

e : • Tenesmo

: 1: Sangue (aberturas naturais)

Cegueira / Opacidade 1
• / Fotofobia /Conimentoocular

Assimetria faáal / Ausência ,


de reflexos (n. cranianos)

• .1•• 11 • 1 • 1 1 ..
• • • •• •1 • • 1 1
i
1 •- • Prostração/ Parésia / Ataxia

•• • •• ••••
•• ••• • •• •• • ••
••• •• J: •• • ••
•• •• ••• : Depressão/ Apatia / Letargia

1 • • l Tetania / Convulsões -

•• • •• •• Sons cardíacos alterados .


•• •• • •• Edemas/ Pulso jugular
1

•• •• •• • •• •••• •• •• •• Lesões cutâneas/ Alopecia,


prurido, eritema, quistos

• •• •• •• Adenomagalia /Tumefacções

1 • • •• • • Qaudkação

Corrimento vaginal/
• • / Lesões vaginais

•• •• Orquite / Bolanopostite

••
•• ••
•• ••
•• 1
Alterações da urina
(induindo cow-side test)

• • • Alteração do leite
Não ocorre, ocorre acidentalmente ou surge devido a complicações; • ocorre de forma discreta; • ocorre de forma grave;• ocorre primáriamente devido à doença e, geralmente, na fase inicial desta
Primeiro símbolo - sinal ocorre na fase inicial da doença; segundo símbolo - sinal ocorre na fase tardia, crónica ou terminal da doença

.
·e;
e:
-;;;
'!ij
::,
_:;:~. i
iQ
:!!
.
e:
.ll! l.
<T

ª·S.
o
•:,.
i~ ·; si
~-~
1~-~
::,
o:: ~

.8
..a
'61 I!!
..a
.
.E õ.21
li .. i ;.!!
e:
·91.i i] j ::;;
·e:
.
e ~
o
::;;
,f
-~ e.l!i
"li!-
le 8~
::, e:
] ""'
e.-
·"'- -~
J!!
e:

~
o
. ::;;~ ·"'e i iS il
"'
Ji
__ ····--- .......--
••• •• _____________
..,

Besnoitiose • •• •• • •• • • ---
-···----- .... -----
- --------
BSE
-----, ... ----
Bócio
Brucelose
••
Bursite, hi roma ---- -···
----·--···-···
Doen a das mucosas - BVD·MD
Diarreia virai bovina - BVD
••
• • •• ••
•• ••
•• --- ...·--·--···-
--- _________ ,

Cam ilobactriose
Carbunculo hematico
•• • ••• •• --------·-
- - ---- . . -
Carbunculo slntomallco edema mali no
•• • ··---- ...·--
Carcinoma ulmonar
•• •• •• . ..... _______......

••• ••
Carra as
Cetose cllnica ·---~----"
Cetose nervosa ~
-----------
---·-- ·. ··-
Clamidlose
Enterotoxemia
• • •• •• •• •
------ •• ··---------·
------------~
Carência Cl/ ou excesso MB
•• _______ .....
Coccldlose
Contractura tendinosa
• •• •• ........ __ ______
,
_.

··--------···
Cor os estranhos no rúmen
Defeito cardlaco con enito
• ••
••
• ···------·-···....
Dermatite média do úbere ··---!----
Dermatofllose
• •
•• ••• ••• •• ••
Dermatofltíase
Deslnterla de inverno
----- ---··---
- - -··-
•••
Desl. abornaso es ~rda
--·--
Desl. à direita ou volvo abomasal

••
•••
••
•• ••
- -----
----- ------
•• •• • •• •• - -·--···
• •• ••
••
• • •• - -------· ------
~dema e enílsema ulmo.nar a udo
Encefallte BHV-S
• •• •• - - .- ·'"'·
---···------·
Endocardite
• •• •• ••
••
•••• • ••
Estoma1lte ulosa
---- --
Estomatite veslculosa
Fasçiolose
•• ••
•• ••
Febre aftosa
F~bre tat~rral mllli na
••
•• ••
•• •• •• -·--·- -----
~----.......... _
Febre do leite
FebreQ •• ---..·-··
_... -... ....___....__

Fí ado qordo
•• •• ----·--- .......
Fotosensibilidade
• •
• ••• ••
•• •• •• ••
____ ... ,--·---·-·
•• ~--- .... -·
·----•·"'1.-, -
ueratosedoteto/ rola sodoesfinter
• •• -----------·-·--
. . . --- --h ...._..
----~-- . ____
• •• •• • • •• ••
Não ocorre, ocorre acidentalmente ou surge devido a complicações; • ocorre de forma discreta; • ocorre de forma grave; • ocorre primáriamente devido à doença e, geralmente, na fase inicial desta
Primeiro símbolo - sinal ocorre na fase inicial da doença; segundo símbolo - sinal ocorre na fase tardia, crónica ou terminal da doença

·;.,. :a
.Ili t ..,t
jJ li li
.!Q
.!!! :s!
::,
q::
1
1 1 1 j ~
j if1- ~
1·m
':!.::

::,j
:e_
1
J ti :EJ
f
i5 ,- j
11 Q

••
•• •• ••

•• •• ••
•• ••••
••••
••
• •• ••
••
•• •• •
••
••
•• •• ••
•• ••
•• •
•• • • - -- ·------
• ••
•• •• •• ••
• •• •• • ••
• •• • •
• •••
• •• ••
••
•• •
•• •• • ••

Neos orose
Obstru .!o Tntestfpal
• • •• •• •• ••
Obmu. lio oro-farln e•esófa o
Onfallte -onfalofleblte
••
••
•• •• •• ••
Otltemédla
Flbro a illomanut~neoi
Ra ultlsmo -osteomalacla
Retlculo· rlcardlte
Salmonelose
• • ••• •• ••
•• •• • •• ••
Sarna
Seborreia flc~ural
Síndrome da vela cava cauda l
•• •• •• ••
Sinusite
Telatlose
• •• ••
Tetania da erva
Tetano
Tremor do azevém- bebedelra do Cllm o
••
Trlcomonlase
Tuberculo1e ulmoharl
• • •
Me1eotlsmo es umoso
Ulcera do abomaso n~o erfurada
••
•• •• •• • ••
llkera do abomaso êrfurada
llrolltfase
••
••• •
\faca calda
••
~

f
1
.

i

'
i i
!:•

1

:
1· l•
1 j
..:....

:

1
1
i
:
1
1
. 1
1
1

1
'

.
1
{

• :
,
'
1
,

i•
,
1

1
j
1
,, J ·'
,
1 '
1
1
1

-
• • • • 1 • • • • l • • • Alteração perfil abdominal/
• • • • • • • • • • • • • • • /Tnnapanismo ruminai

•••
• • • •
I•
• •
Dorabdominal/
I Abdómen agudo

: : • Tenesmo

• : 1 : 1 Sangue (aberturas naturais)

• • Cegueira/ Opacidade/
• • • /R>tofobla /Conimentocxulat
1

e I e Assimetria faàal / Ausência

...• .• • . •. ..•••. .• •. .I· . .• . . -~


• • de reflexos (n. aanianos)

.


• • • • • • • • • • • • 1
·-~
-

-. .
/Pa'' /•-..:.

• • • • • • • • • • • • • • • Depressao/ Apatia/ Letargia

1 : : e : : Tetania/ Convulsões

: • Sons cardíacos alterados

: 1 Edemas/ Pulso jugular

• • • • • Lesóescudneas/ Alopeâa,
• • • • • prurido, eritema, quistos

: : Adenomagalia /Tumefacçôes

• : • • : Claudicação

• Corrimento vaginal/
• • /Lesões vaginais

1 1 Orquite / Bolanopostite 1



I •



r •

I Alterações da urina
(induindo cow-side test)

• : : : • • • Alteração do leite
BIBLIOGRAFIA

Gr,md~ pan e d,,s /l()(>nÇi\6 ap1i)i!!l1t<')rJa, nc-ste llvtu podem ,~r rev1;ra5 c 111 1x1,rnc,- Di111scher AM cl ai (201 \) /\cut >pl1ase iltül!'ln res1Jo111 d11fl,1g acote ru1111nal acido-
nor nos Jrês livros genern1i51:;is (Jlu: apl e1\mrno1 abal De ,111, k11;e1maf) ha llit - sis ,n c.i11le. Uv,;1rock Sd 135 ( 1t l\2-{i
mos ainda ulyun s dos ar11gos que us~mos p,ira 11.,portdr d noSSil l, esqLllla pon:1ue ()irlrn-11 G.U, 1~94. 'lyrnp.,ny. dlsplar.er11rnt /JOI.I 10,~011 f lh • al,oma,11m ln calves:
ílp1ese11tam estu los mais ,ecentes. alJórdarn poinie11orc; 1np, 1t,,r 1t 1lô ou p~1hoge11e<515. cll,,gnos,s a11d 1reatment . llov Pract. 2(28).12CJ. l2u
mlarwnam-!e com ~1lr.u11r;iio ponug11esa Tivemos o cuidaJo de esrnllie1 o, tex tos Fect a11 G (2005) M,,nag ,m~m of l'r.rltonlti5 m Caule. Vet Clin F, ){( A11lrn 21: 155·
d tevl~o com uma abordaqern 111ai~ cllnlca e (l.im [~ ,1 ac,:,,so (e.g. internei). Ne· 171
11hum.1 dcsti1 l1ibliOCJr,1fia ~ ex ILLliva. Garry FB (2009) Rumen lndigestion and Putrefaction ln: Food Animal Practice 5.•
edição, pp: 20-23
GENERALISTA Stilwell Gerai (2001) Atresia coli em vitelos. Medicina Veterinária. 53: 27-32.
Large Animal lnt 111,11Merllcine (20Clll) l:dllo1 ; S111Jtl1 BP. ,1.• úflç,lo. Mosby Stilwell G (2002) Volvulo Abomasal em Vitelos. Revista Portuguesa de Ciências Vete-
Rebhun's Diseases of Oalry c~ ttle l200S) Ec1,1ora D.vers TJ, rce, sr. 2 • Ctll,;-ào. O.levler. rinárias. 97 (541 ): 47-48.
Veterinary Medlcl11 : /\ textbook ol 1h dl1ease~ ol c:a,tlc, t,orses. she,:,p, pig,: and Wang Y er ai (2012) Frothy bloat in ruminants: Cause, occurrence, and mitigation
goats (2007) Fdltore<.: lladostl ~ O, G~y e , l llnchcllfr KW, Conmble l'D I O.' Edi- strategies. Animal Feed Science and Technology 172 (1-2): 103-114
ção. Elsevier.
00 Nr A ( U· 0 H TIJMEFACÇôU ORAIS
EXAME CLINICO cl ' Sant'Ana F M ai (2012) Uqvníe p,1p~1lnr stornarl1ls ijffecting dairy cows and milkers
Constable PD (2004) Clinical examinatlon of the ruminant nervous system. Vet Clin ln rnldwe tem llra,11 1V•101.ign lnvest. , 4t2):4•12-S.
Food Anirn 20: 185-214 11essma11 B[ etol ()012) Ac.1,1tr bovlne vlrnl cl\drrhe.1 asro( iated with extensive muco-
Jackson PGG & Cockcroft PD (2002) Clinical Examination of Farrn Animais Blackwell sal leslnn~ hlqh 111orbidl1y. ,.1nd 111011~ll1y ln a cornrn rcial feedlot. JVet Diagn ln-
Science. vesl.24(2): Jl)~·40t\.
Scon l'H ( 19~5}'\bo coll !C\Jon and analysl, of ,:~r~b1osp\n,1I fluld as an aid to diagno- Roussel Jr. AJ (2009) Actinomycosis and Actinobacillosis Food Animal Practice 5.•
1ls ln ru 111ln.,q1 rJ<'W(Jl<:>çJfCal rJk afü llrltl sh v,,, J11,11 nal. 15 1: 603-614. edição. Pp: 6-8
Stilv.t •II G (2004) Anal1se5 sanuulneas em l~ivínos: aspcc10~ práticos. Hemograrna e Stilwell Gerai (2006) Características clínicas e epidemiológicas de um surto de Do-
b1oc1u!rnlca. V. Lerlnary Medl<\nP ti (32): 34-'11 ença das Mucosas no Alentejo. Veterinary Medicine. 8: 28-36

DOENÇAS COM DIARREIA/ DISENTERIA DOENÇAS COM DISPNEIA /TOSSE/


Be,91\dl 11 JU) e1ui (2005) \fük factors a(SOciated with hemorrhagic bowel syndrome /RINORREIA
lndalryCdql~. Am ve, Med As5()c 2J6: 1700-6. Braun U (2008) Clinical findings and diagnosls of thrombosis of the caudal vena cava
801111,111 MJ el d / (20 1O) Bovine Co,çin,w\rus Associated Syndrornes. Vet Clin Food in cattle. The Vet J 175 ( 1): 118-125
Mim 2.i;: 123- Mo Brodersen BW (201 O) Sovine Respiratory Syncytial Víru s. Vet Clin Food Anim 26: 323-
Bolin SR (2009) Origination and consequences of bovine virai diarrhea vírus diversity. -333
Vet Clin Food Anim 20: 51-68 Callan RJer ai (2002) Biosecurity and bovine respiratory disease. Vet Clin Food Anim
Elitok OM er ai (2008) Renal amyloidosis in ca ttle with inílammatory diseases J Vet 18: 57-77.
lntern Med 22 (2): 450-455 Caswell JL era/ (2010) Mycoplasma bovis in respiratory disease of feedlot cattle Vet
Foster DM (2004) Pathophysiology of Diarrhea in Calves Vet Clin Food Anim 25: 13- Clin Food Anirn 26: 365-379
-36 Doster AR (201 O) Sovine Atypical lnterstitial Pneumonia. Vet Clin Food Anim 26: 395-
Garre, cr ~, o/ (1999) Dia 11 ',Llc Methoos rnr 11,e Detl'Ctkm or Subacute Ruminai -407.
111..ldoslS ln 0,Jlry Cows. J Dal1y Sei 82- 1170, 1118 GrifAn D (2010) Sovine pasteurellosis and other bacterial infections of the respiratory
Gomes MJ5S (20 8) Cocodlu!i<."> e111 v11e\os na rl'!glâo (Je M,1niemor-o-Velho. Tese de tract. VetClin Food Anim 26: 57-71
Ml"jt@d~ Flll:uldacf~ de Medlcln.i VetLS1mi n. , Unlversidad~ Técnica de Lisboa. lor1esCc1ol(,OIOJ llQvlnr ~lelJ)e,vims rype 1 (UI IV· 1) 15an lmportnnt cof;i tor ln 1he
011po,1\lli)\ e,n, lmp:/lhdl l1.inLIJe,1et/lO-IOO.S/ll~ bovl~t· rc1plr,,1c:1ry d11N1e ccn1J)l;,x. Vet ( 1111 rood Aní111 26: JQ3- 32 1
Kle~n JL er "' (2.003) 5uilacu1e 111mlníll AC rlosls (!,Aíl/1): ,, hNlcw J Vet Med A 50 (8): Ribeiro HIQ l2\l l O) Rlrm1r.queli • lnfr;ct J01ia Bovlr1<1 num efe livo de bovinos de (ar
~00-4 M. ne: C1 tna a116llw ,nultlfonorlal 11.1 p<.'rspec1fw1da M licím rJeGr\JPo.li~~<fP. Mgs·
Lorenz etal. (2011) Calf health from birth to weaning. li. Management of diarrhoea in rrado. FaculrJade de Medlrlna Vet dnilri.i. Un,11 ·rs1dad eli nk, de l l~l)Q, PísPQ
pre-weaned calves. lrish Vet J 64:9. Disponível em: http://www.irishvetjourn al. r1iwl am h1tp//hdl.t1and1e.11t't/10~00.5/W72
org/content/64/1 /9 Srilw~II <, ct ui ( 199/) 1'11111 l•as reler' 11 ,as cll111 s a casoi de Cbr17,, (,.1ngrN 101a c11 1
M1t<.hell E5"E ,,, ol PO 12) 1liJSb 11d1y rl$k l,, Ir. amx:latcd w,th i ubdln\ 1êotCldio P rtllgol Medicina WP1 l11Mi, 119, ,~-17
s\11r1you11g íltl le. l heVetJ,193 l l'J·l23 Stilwell G (2000) úJ ma~ 011rlwm, ln1ersll lijl Au1rdo das !lov111m a prop61ito de
Mohlcr VL er ol (20 1OJ ,~lmo11 li,, 111 C:.,J~ , Vt!t 1111 Food Anlm )5 37-54 5 caso cllnicoi. [<c~ISLl Po1t11911es., ele Ofmtl~1 Vl!te, lnàfl~ 95 (536)· 173· 178.
ll1111,A (201 2) c ,yp1osp0fltl1os1, 1n p, ·WeJned c.Jlvei:: olJsetvarlnn~111 C'~ m11,1ny and Stilwell G (W(JO) tden'lil c ennse,na 1111er~lh la\ Ayuclu dos Bovinos- proµósito
l\111ug~I rcse rle M~ tr;ido IJnlv rs11lade lécn u1 do l l•bo~ Faculuade d Mcdl- de 5 c ios tllnlcos llev,Ma f'om,guesa de Cl~ f\c l,11 Vr.lJ:!rln,l 1i~5. 95 !I ~6): 173-
crn ,1 v~1.erlri~ 1IJ. Dl1fl!,111fVl!I e1,v h\lJ;~/hd l hílnd le.n~t/10400.5/,1010 -178.
lfülpa1h Jr (W IO) Bovfne Vh 11 l,mhe11 v1,us t, k1hal ' ,1atu,, Vet 1111 rood Anim 26
(l ()\O) IClS- 12 1. DOIN<,.. El"llf~ 1 T XI I' l!f§l 1 1'I r S
Smlt h DI· "' o/ ( 191.1 ) f~edlc11ve value, f 1i cllnlc1il \lgns of abomasal ulcer disease in C.1llan ll'J er ol OOIYI) Virai dlseases l'.I[ 111e flJ/111,m n nervCH.J I syslt!m Vet Clln b;,0el
,1dul1 ,1,,1,y c,m le. l'reve, Ve t M,"<:I J l~l: S/ J•S80 A111m 20- 317·.!6'
Stllw,!11 e; 1111.11 ()006) J )Ulllt~ Memorr, aica c;!a VílC,1 leiteira: a importância de um teb1·,1 ~ e1àf (WM) Al\ercJ mj'!111,11ior1oiused by polioencephalomalacia, hyperna-
diagnó,tlcu flrJ!WC~. VNPIIII, ,y Mt?<llcln • 8: 41Hli tremla ,nrJ lead s,:,111119. Vet lin roocl A,11m 20: 287-302
St llwell G (2007) t11 tod dlàn líl p S11h11 11111l.1t•n1eritidisnum viteleiro de engor- 1PCl~'illl Q ~, rJI U<X11) 811cte1 lal 11wrilr1~1ils a11d encephalitis in ruminants. Vet Clin
da. Vc1c11nary Me<Jià,,e 9 (51); ô'I 70 raod /lním 20: 363 ,377
Stilwell G (2012) Amiloidose renal em vacas leiteiras. Veterinária Actual. 53 (Setem- G, ,rr JI' (200B)111e mo111torl11q, p<t,.>ve1111t111, .nd lwa1111en1of milk fever and subclini-
bro): 36-37. c;.1l l1ypor.il1 ernli\ ln darry c<Jws. T11e Vet J 176: 50-57
Sweeney RW er ai (2012) Paratuberculosis (Johne's Disease) in Cattle and Other Sus- Gould lll l (199~) l'i'>lbcntephil lom,1lacl~ ,1J\nlm Sr:1 7(,:309-3 14.
ceptible Species. J Vet lntern Med 26 (6): 1239-50 Manem 11íf/ Ili (WOO) PJ1hophy1lolo9y of grass 1 •tany ~ncl 011,er hypomagnesemias.
Vive11os TC 0009) Parasilôses gastrintestinais em bovinos na ilha de 5. Miguel, Aço- lr11plkJt1ons foi ellnlcal Inanngm11e111. V,•1( 1111 Food A111m 16(2): 339-68.
te, . Tese de M!!stmdo, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica M~Guh k M 1111(20CJ•,) To,JcoJ0g1c Emer9<'11 leslr, aule. ver Clin Food Anim. 21 (3):
de 111bo,1. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.5/ 1240 72')-/4~
M0t.~le1 Jr 1!6 ltl ril (2007) 0rn ullsm ln Cauk! A Revll.!'.v. Th Bov Pr,11:1 4 J t ): 54-58
DOENÇAS COM ABDÓMEN AGUDO/ Murlr1 O[ (iô04) Oiatnstc1n ond cr.111l,1l 11eNe abn0Jrno1111e~ l\stedosi1, otltls media/
/ ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL lnte1n,1, .iml plWlra,y 11~Cffi sy11(1,qme. Vet C11n foo(I Anirn. 10(2}: 243-73
Buchanan Mera/ (1991 ). Medical treatment of right-sided dilatation of the Nichol,011 SS (2012) C"y;:inog·,111< IJl,mts. 111:V•wrinaryTox1r,olc1gy, 2.• ed11;~0. Elsevier.
abomasum in cows. Vet. Rec 129 (6): 111-112. PP: 1113 111
DQHIÇ S COM LF.5ÔE!; llJ\ l! MUCOSA~ ABORTO
h~rrn _tl(' 11 m <1/ (;>008) ue11níltu1,1l1y1os~ 111 ~nln1a1~ M)lf0Juitholog1íl. lt<.ó(S-õ)· Dubey JP era/ (2006). Neosporosis, toxoplasmosis, and sarcocystosis in ruminants.
38!,"'105. Vet Clin Food Anim 22: 645-671.
Cones HC er nl (200~) lsolation of Besnoitia besnoiti from infected cattl, ln Portugal. Dubey JP er ai (2006). Pathogenesis of bovine neosporosis. J Comp Path. 131 , 267-
Vel ParMh1JI 141 226-33. -289.
Can ina, JU n~ U (2006) Ectoparasites of cattle and small ruminants. Vct Clin Food EFSA (201 ()) Scientific Opirtlu11 on Q fever. EFSA Journal. 8 (5):1595. Disponível em:
Ar11n,. 22(1).673•93. wwy,,ef.\a,~11ropa.,'ufen/ahawLOples/ ..Jqfevt.~.1111 ri
House JK et ai (1996) Primary photosensitlzation related to ingestion of alfalfa silage l'<11tu11~\o M (2010) E-1tudr., reum pP.CtiVü do Nf'<lspor,1 canl111,lf !l ,,niQ cau rle
by cattle. J Am Vet Med Assoe. 209(9): 1604-7. ab 1/to nu1 na explo@(3o d bQv1n0< de lall<' da ,~gl.iei dil Moi1,1 do Rll,a, >Jc~ lese
Jacquiet Pera/ (2010) Sovine Besnoitiosis: Epidemiological and clinical aspects. Vet de Mesua(l1> facultl;idrdP Medicina ~·telirr,\ria, Unlll(<rsiLl11de Ti'cn) ,, de I hl.r .
Parasitai. 174: 30-36 hllp://hdl.h~ndle.m:i/ 1(M005/2192
lellnek f .:1m(}OO'í) Cuta,wou, pdplllomrnoil; ln t .ill l '. 1C:r,rn1,1 Pathol. 132(1 ): J~ i
l'lnm C er o/ (2005) Pitl10, 11)'f.OlC>11 cruls (f,iri,rl l'Cl:'enlil) ln rumlnonts ln rh A2<>tl'S,
S11fwell G POJO) fcb,e O r,·vl!ão do~ "" h ·rn1e1110,
24-:l,
ªº "ª"·
Alb itar. Vnl VI, 5:
l'ollugalV~tR 157(25): 805 10 DOENCI\S OMMORTBU lfl
ll,)y I'.." ei <li (?O 1).) lrw;!r,ll<1,11ion of Lhe Jtlk>loqy af lld(Jcr·thlgh derm.irl!l$ lr1 l·1ench 1. bru 11 M (20 1(1) La ltlr! e111~1<lln:<;iem,a and do,1, tdiuln p rfrlnr:ie,w dc;scilpt1nr1,
clíll1yca111~. llwVe1 11\l'l (l ):J/4 276 dlagnosis and p,ophyl,ixl~.Vm Rec 167· 1J-n
S1roml.lero HI: ,1al lJOOA) Po ra Ir runrrol ln calves ~r,d 11row,nq l1elfcrs. W t ( 1(11 Food OIE, WHO & l'AO. Anlhra>t 111 hu1 1111n; ,111d õnlln.11$. ~- )OOB. D,i ponlvel em: htq 1'1/
Anlm 24('1):IOS·16. 1wm.wfm.ln1/c-sr/rosourcl?S/publi1,r1 fnn</ar11Ilfd~_web1 riíl f
l ltnl IA [W l ll Lvl,f ric !· 1 J,neclk;lne ronce,nlng efflcm:y of vaccination against ClAUOICAÇAo
C"lt:u11/d1um <1,m.1wx1 iníect1,m 111 tJ1i11•,VN ( 1111 F0<,rJ /\111111 18( 1): 7 1-7. Andcrso11 D ,•r ai (200,9) Manag mefrl of'lcrn:lon Di!urcte, s Ir, C;J tth~ Ve1Uln Food
U5rih NMfl cJ/ 01'103) P.itho~wnesls and pMl1"1<X)Y of li l,1ckl I ln n.trnlnants: the role /\nl rn 24 (3) 55 1·566
of 10 1n1a11d neur11111i,ilrlas A ~h.,, t revlew. Ve1Q. 25(~). 155-9 Bennett Gerai (2009) Detection of Fusobacterium necrophorum and Dichelobacter
211 , ,gql,1ng Yl!Jn ~, 11/ (,10Ct7) l1ovlnr. p,lplllorn uv>ru> in 1km ln e11~1ne sarcoids and nodosus in lame cattle on dairy farms in New Zealand. Res Vet Sei 87 (3): 413-
111b<llllnl• bl~ckk•r can, ' rt '11\t> Vct J 17,1(3): Se<J-l'.,04 -415.
Cook, NB er ai (2004) Environmental lnfluences on Claw Horn Lesions Associated
LESôEHUTÂf t ... S 00 JB U TETOS with Laminltis and Subacute Ruminai Acidosis in Dairy Cows. J Dairy Sei 87: (E.
Bhu110 AI. el dl (2010) Udder shap~ an,1teat-end lesions as potential risk factors for Suppl.):E36-E46
11\yh soma11c cPII CtlLllll S ~qcl ln1 r,1-m.immary infections in dairy cows. The Vet J, Holzhauer M t>rn/ (200R) 1leru ,1nd cow-level prevalence of sole ulcers in The Nether-
183 (1)•GHi7 lands anrl am,qated-rlsk fa ·1ors. PrevVet Med 85: 125-135
Foster AP (2012) Staphylococcal skin disease in livestock. Vet Dermatol 23(4):342-263. Laven RA t'I r1f (.lOOo) Treaqnen L strategies for digital dermatitis for the UK. Vet J.
Wellenberg GJ (2002) Virai infections and bovine mastitis: a review. Vet Microb 88 171( 1): /9-88,
(1,2): 27-45. Morei AM (1979)Treatment of white muscle disease. Vet Rec. 104(12): 269.
Ossent. P et ai (1998). Sovine lamninitis:. the lesions and their pathogenesis. ln Prac-
DOE.. ÇAS COM LESÃO UlARiC(GUEIRAif01~081A tice. September. 415-427
llrâs Ali (2012) hturJo ~J•llfe11 11Qlóglc" <Jeoe1pac1al de Tl1ela1.l,1 ! pp. em bovinos Pone111'111 SI e1u/001 1) Risk faclors assocl:ned with h,11, lo,s, ui eMtlnn, ª""
sweflln
da fL'(Ji:io du Af~r\l~jo, Pertlrg~l T1~1e de Me-su-.d<>. Fan ddade d Medicina Veteri- ai llH' iluck 111rr~ 1all-hm,sed UK dalr y herd~. J o~,,·y
Sei. !l4: 2'.152·fü
rr,\ria. lJnrwt>iclatl ·11;1cii1r~ dl:' ll1lxia. (')l1po11i,,vl em hup·//hdl.handle. Potterron 5Ll<r fl/C.iOl l ) A dt'1çrlptiv~ rcvrew of Lhe peer ,ln(l n n-pee, ,~vle1~,t li
IIPl/l(J4LK).~/~& 1er:iture 011 th 1reatll1('111.ind p1o!Ven1Io11 of root lam,m ss 1,, caule pulJlt1hed
Cordy DR (1990) Tumors of nervous system and eye. ln: Tumors ofDomestic Animais. be1wee11 2000 a11d 20 11. Tt,e'Vcl J 193: 61H,16
Editor: Moulton JE. 3.' edição. University of California Press. Berkeley, California, S!llwei1Get1.1/ l}.0071Arx,tcntl.11 nPw 1hel'ai' ~u11cal ,1ppm~rh (()1tendon c:or·ur,icturc
USA. Pp: 640-665 111 nt-w·lx,rn r,1lvt>s, UK Ve , l lvest<Xk. 13 (2) 45.,16.
Siri16 ~ 11r.•r <1/ (}(>101Qur •rahH:onjuntivite Infecciosa dos Bovinos ou Pink-eye - revi- Tat11rh N er IJ/ (20 10)As,ork11lor1s lic1w 11 11001 leslorl~ ,lfKl locornot\011 1corP in
i.lo. Albdi,ir Vol. VI. 3: ~1~11. l ll98 u11sounrl dairyww~ The Ve1J 18~ (1): 60-óS,
Stolwelf G (2009) O dl.·ogr,oouco e tratamento cirúrgico de carcinomas espino-celular
rJ • bo111110~ Vi'l,,na,y Medicine. 11 (66): 56-62. CAPIHII.O IV OOF'fÇ CONI I< Õ"S l CIONIID~ COM ,,.RI O
llen,~qu ··n MI: (2007) ílt'Clal Tenipern1ure, C,,lvlng- l!elat d Faç1,,,s, and ti \ 111c1
OOENÇ i CD All IIA Ô OC 90NS. Ct11UllA OS tlencc 11! l'11e,r,,•ral M<>tri!ls u, Pos1pJ11t111 1ll!! lry tow; 1Dmry S< 1ClO (u): 2~04-
Be..u,1 n em/ (}OOH! c11111rnparhol,)IJ1taf 1~l'~r11arlon or rari Ili.> dlwa' lfn, ,!l ti~ a11d 2814
Ili hnpa<:I tm de 1s1011 rn,1klng wr RP.c fuLS75-580. Drost D (2007) Complications during gestation in the cow_Theriogenology 68 (3):
llu1.1l11skl S~rcll(},tl 10) A•.1 1.1 clyof hear1 dlle ~<"Withm11 clhlilJI sí911$ol hr,111 fu llurc 487-491
ln 47c,r111,, C.u,Vet Vi1[11): 12J'Ho. Frazer GS er ai (1996) Sovine uterine torsion: 164 hospital referrai cases. Theriogeno-
Butzl11skl Se1t1/ (2010) Hí'üt l dl1=e ln ra tti<!: <f@qnosr~ Li1<'1Df)eulll apriro,,cl • miei logy 46 (5):739-758
p, r1os1, Vet J. 18'1C3l: 2S8·úi Hlr~n~,1 Jcr "' (t '.l'J'.') Ao.ne-pha!.e response in dairy cows with acute postpartum
Dowlln\J l'M e1 o/ (1 994) Dla\1110$1; amf Ir.'~" !'11!l11nl h~c1"rliil end<JC.irdoti~ rn canl,• J mi>tntl~Tl,~rloaenr,l""JY ~ 1(r,)· 1071-1083
An,Wt Med /\;soe 204: IOl 1- tO l 1>. Mli:'511et MI) (2008) Mani)f)~'" ' 111ol Uterine and Vaginal Prolapse in the Sovine. Vet
Clln rood Anlm 74 (Ji· 4(1(1-41 'l
OO(NÇASCOM AN ,IIA 1 "TERICI/\ Smith DI ( 1999) (c1111:,,1r1son of Various Antibiotic Treatments for Cows Diagnosed
Aru w,es GM (7Cl09) 11,imoriu.sltm,l'l i>in hov11 ,o, di:! c.irr,e. T Llc Mew11do. Fact 11 - with ltixlç f'ur:1r ,•ral Me tritis. J Dairy Sei 81 (6): 1555-1562.
-'•de de Mecf1cl1bl VN •r111ar1a. U,!lv rsklad<' fécn lca ,,~ Lisbo.1. D1spor1íve1ern· Stilweil {j (21.1 )) A Slnc(ro, qe da Vaca Caída - uma complicação e não uma doença.
h11p;/l),dt,hanclle.nel/ 10100.5/832 Alb.•ita,, Vol V. 130-)Q
l'e111,1r1d JIM (2010) Tellet losc e1 n bovln~ Je c.,11 r,c rra , ".)í.iO do Hib.it;;,Jo.lese ,J~ Stilwell, G (2009) A Síndrome da Vaca Cafda (li) - prevenção, tratamento e complica-
Ml?óllildD. f<1<uldad d Mt•dlclna VcLerln/irla, Unlv, ·rsiri,, 1 r enica de l l1boa ções. Albeitar. Vai. V, 4: 16-27.
D111)0'1iw1cm· l mp://hu I ftandl~ netl 10,100.sn 715
l'lnto CA (20 1O) Henk1tt'ro,1enroóib bovln,1:C"onlrlbwç,10 par~o Sf.'U estlJ\Jo ,:tl•iDilt~•~· CÀl'IJULOV INTO IC..C Ol'OAPUfllTAS,F\
11ico.TesedeDou1rna, 11r-:nra. Facuklml~deMet.fróru Vi:it rtr1 rr . l /nrlK•SiáacJeTé<:nk:õl Burr uw<: GE e1N/ UOlil) Tc.,xfc l'l,11m of i'/onh Amerlt:d. lowa StJt
d' Usbo,1. Olspon!v<!I eil\' tmp/1\'....VWJf ilO!)'UU.pt/lian,11 4 10400~ )./ 7 Arn •s, USA
Rt'cl irdes i\11,·t //1(20 111 A,sockl 1lo11 <lf b"vín(• 11aplllrn11avlM type 7 (BfJ'V-1) anel ,irl· l lerdt TI 1(20 11) 11,e ui' or blood , r111IY5l1 tu 0 ,mltrat t,ace mineral 1r,rtus ln 1umi-
" " ' y blllurler 11.1rnuu11 ln ça111~ horn tht'! l\l01eu,d tlp<•lílgil ílPs Vet Sd 00: 516·9 na n1 llv~1ock. Vet Cllc\ l'oocl Ar1lm 27: ,ss-2Sl
OOENÇASCOMEMIICI Ç40/C1UEB1lAO PRODUÇAO Mo1tl<lrn Mo ceei/ (]0 1ll Hu 11 rlrtünt 111yco1oxl(osl1. Vrt ellr1 l·ood A11lrn 77: '.il ~-344
Aub,y r 120051 íl<l1nlne 1\1rgl1,.1l 1~0( ~IL11"!1 ltt 1~alr y GtUle unúet flt'ld tundlilorls: Nll(. - NJ!lonal 11ese.1rd r (auncll (2005:), MlnefJl tulerant<! o[ ~rr l1nal )' ~J. Nml
abom~1wl mrge, y, t.Jelio, Lll\1\J, and rali <Jro. 1,,g. Vet Clln rooil l\nlm 25( 1): 55-72. A;ad, Pr 'SI, Wd',hlngtr.111, ( USI\
Co\ta, I\MCU0 010) Fasclolb;e lx.\Vln •.1specto,<:llnlny; e epld~nrlolôgir.o; no Al<in Puls R (l\!88) Mlne1.il k·v~ls 111 anl11111l healLh. íJlaqnmtic d La. S1:!1pa lnn•, narlanal.
1e1,, r~ d<! M traclo. f;;ic, lldattt! de Melllc1t~1 Vetennár1,1, l/nrVl'r<lclad , T('l;nic;;, ( learllrook, Brltl; l I Colu,nl)la, lari.i-la.
de Llsbóa. Di'.,po11l1~•I errr lmp//hll l han 11@.nel/ 1040(1.~/2.485 uttlt> NI (201 (1), M11 11)tal Nu1ri11on nf Livl!StOC~. 4 • ed, Oxford,h,re:LAlll PubllslMg.
r ,1rst T et n/ ll0 12) Tcem~uxfe tnrl'ctltms: llv,:1 and lur19 ll11kes lnf 011 Oln ol' N rth Keeler RF ecai ( 1~78) r.rroos or Polso,·,ou, Plnn1 Academfi PrL>S'-
America. 26 (2);399 4 1º Krr1u111 AP ~I ol (] lll2J Pla11t5 Comlng SuchJ n Oeal11. 1r, A GJ.r \J • 10 Pl11~t P lsonfng
Van Winden SCL et ai (2003) Left displacement of the abomasum in dairy cattle: re- Anlmill~ Ir, NCJ!lh Am~,l(,1. l·dll,11cs; t,, H Knlgilt a11tf íl. G. W,1lter. 11m•rna1f,:,r1al
cent developments in epidemiological and etiological aspects. Vet. Res. 34 47-56. Veterln,.1ry l11fo 11r1~1loo Seiv,ce Disponfvef m: www.1vr~org
ÍNDICE REMISSIVO

Abcesso 23, 24, 65,100, 102-103, 115-11 6, 129,147, Bruce/la spp. 220 Dermatofilose 168
150, 167 Brucelose 220-22 1, 263 Dermatophifus congolensis 168
hepático 58, 64. 127-128, 214-215 Bursite 266-267 Dermatose eoslnofilica 168
peritoneal 64, 83, 86, 90. 191 , 214-215 BVD 55-57, 72, 110, 11 6, 150, 158, 180, 183,205,2 19, Desidratação 15, 17, 23, 35, 38, 39, 51-54, 64, 65, 67,
podal 249,250, 259-260 232,290 72, 74, 77-84, 89, 9 1, 95, 96. 110, 164,210,213,262,
Abdómen BVD-MD 24, 70, 105-107, 123 271, 278
abdominocentese 44, 81, 84,92, 94, 191 PI 55, 56, 105, 11 6 Diarreia neonatal 51-55
ava liação perfil 14 Cadmio 308 Diarreia Virai Bovina ver BVD
dor abdominal 13, 20, 34, 52, 65, 68, 70, 78, 81, 84, Cálcio 20, 33, 42, 45, 65, 79, 80, 135- 137, 140, 150,206, Dlctyocau/us viviparus 113,129
90, 91, 93, 95-96, 150,191,206,281,299 212, 263,270,283,286,291, 298,303, Digita/is purpurea 298
exame esq 17-18 Campylobacter fetus 232 Disenteria de Inverno 66-67
exame dir 20-21 Carbúnculo hemático 96,233, 234-235, Dlstócias 11 , 83,240, 282-284, 290
Abomaso Carbúnculo sintomático 165- 166, 240 Distrofia muscular 40
abomasite 69, 95 Carraças (lxodidiae) 196,197,206 Distrofia Muscular Enzoótlca 18, 26, 130, 240,270-
deslocamento à direila 21, 77-79, 210 Cavidade bocal (exame) 24-25, 99. 101, 102, 103,104, 271
deslocamento à esq uerda 18,200, 209-211 106, 166, 299 Disúrla 93, 96,279, 299.303
impactação 91, 92, 95 Ceco Doença da Linha Branca 249-250
timpanismo 14, 58, 65, 84, 88, 91, 95,105,111 , 136, dilatação 80-83 Doença de Johnes ver Paratuberculose
138, 143, 150,236,301 exame 74 Doença das Mucosas ver BVD
úlcera 20, 67-69, 72, 83, 84, 106,206,215,236,300 Celulite ver bursite Doença do Rim Polposo 240
volvo 21, 77-79, 210 Cetose Doença do Músculo Branco ver Distrofia muscular
Aborto 56, 72, 123,137,219, 220-23 1, 232,238 clínica 16, 25, 37, 136,2 10, 212-2 14, 283 enzoótica
Acido cianfdrico 141-142 nervosa 14, 18, 26, 149, 213 Doença Respiratória Bovina (DRB) 45, 56, 66, 110-
Acidos gordos livres ver NEFA subcllnica 58, 212-2 14, 283,290 115, 116,122,123,147,149
Acldose metabólica 18, 40.51-52, 70, 78, 79, 8 1 Chumbo 150, 183,274,308 Dupla sola ver Fal sa Sola
Acldose ruminai ver Rúmen Cistite 15, 93, 96
Acromotriquia 168 Cistus spp. 303 E. cofi 96, 144, 145, 240, 268
Actinobacil/us ligllieresii IO1 Clamidiose 23 1 enterotoxinogenico (ETEC) 51, 52, 54,205,240
Actinobacilose 24, 101-102, 130 Claviceps paspali 150, 307 enterohemorragico 51
Actinomicose 24. 99- 100, 268 Cloaca 286 enteropatogenico 51
Actinomyces bovis 99 Cloro 41, 45, 54, 92 Edema e enfisema pulmonar agudo 117-119
Albumina 34, 38, 46, 65, C/ostridium botulinum 133 Edema maligno 20, 24, 165-166
Alcalose metabólica 40, 41, 70,78, 82, 84, 92, 95, 211 Clostridium chauvoei 187 Edema submandibular 60, 62, 64, 65,190, 217,303
Alergia 37, 75 C/ostridium haemofyticum 15, 206 Ehrllchiose 205
ao leite 37, 161, 168 C/ostridium perfringens 68, 70, 95,236,237, 240 Eimerla spp. 73
respiratória 119, 129, 130 Clostridium sordelill Electricidade estática 240
Alliumspp 299 Clostridlum spp. 52,165, 205,273 Encefalite45, 112,137,144,145,149,150,226
Alopecia 154, 156, 157, 161, 162, 163, 168 Coagulação lntravascular Encefalite trombo -embóllca 149
Alopecia idiopática 161-162 Disseminada (CID) 22, 37, 38, 11 9, 126,165, 198,205, Encefalopatia espongiforme bovina (BSE) 63, 149
Alumlnio 308 240,208 Endotoxemia ver toxémia
Alveolite fibrosante 118 Cobalto 198,308 Endocardite bacteriana 20, 65, 127, 187-189, 192,
Alveolite proliferante 119 Cobre 76, 168, 206, 240, 263, 308 226, 256
Amlloidose 15, 63-65, 149 Coccidiose 73-75 Enflsema pulmonar 18. 11 7, 118, 119, 120, 129, 223
Anap/asma margina/e 195, 199 Cólicas ver Abdóme n, dor Enflsema subcutâneo 18, 19, 111, 118, 119, 121, 165,
Anaplasmose 195-1 97 Condição corporal (Avaliação) 13 236
Anemia 16, 18, 19, 35. 65, 68,69,70, 74, 76, 84, 127, 160, Conium macufatum 30 1 Enterotoxemia 76, 96, 235-237
195-205, 206,216,299 Conjuntivite 22, 12 1, 123, 125, 179, 182, 183, 227 Eosinófilos 37, 47
Anticoagulantes (uso) 33 Células somáticas 11 , 44 Epislotomia 286
Arsénio 308 Contracções ruminais ver Rúmen Equ/setum arvenses 302
Artrite interfalângica 259-260 Contractura tendinosa 271-273 Erltrócitos 33, 35, 4 7, 93, 196, 200, 229
Artropatia 263-265 corpufmonafe 11 6,1 18,127,130 Erosão do bolbo 252,255
Artrose 263, 264, 265 Coração Esffncter do teto (prolapso) 21, 174-175
Ascaris suum 129 defei tos congénitos 192-193, 193 Espinhal medula 27, 30-31, 144,301
Aspartato aminotransferase (AST) 34, 40, 47 exame 19-20 Estomatite 102,103, 107
Astragafus fusitanicum 302 valvulas cardíacas 19, 20, 187, 189, 192 papulosa 24, 103-104
Atresia coli 96 Coriza gangrenosa ver Febre Ca tarral Maligna vesiculosa 107
Corkscrew claw 254-255 Estrabismo 22, 27, 28, 30, 146, 148, 183
Babesiaspp. 15, 197, 199 Coronavirus 51 -55, 66, 11 O, 130 Euphorbia spp 300
Babesiose 197-198 Creatinina 34, 39, 65, 93, 94 Excesso de base 34, 41
Bacillus anthracis 234 Creatinofosfoquinase (CPK) 34, 40, 270 Exoftalmia 111, 183,225
Bebedeira do campo 150 Crómio 308 Exostose 254,265, 273
Benzoars (tricoe fito) 68, 80, 83, 95 Cryptosporidium parvum 51-55
Besnoitia besnoiti 153 Culicoides 227, 228 Falsa sola 246,247,252
Besnoitiose 153-155 Faringite 102, 129
Bicarbonato 40. 41.52, 53, 54, 59, 69, 90, 139 Datura stramonium 302 Fascio/a hepatica 65, 206, 216
Bilirrubina 39 Dentes 24, 100, 101 , 102, 107, 163,218,264,273 Fasciolose 216-2 17
Bócio 65, 167 ranger 13, 20, 24, 96, 111, 123. 138, 145, 188, 201, Febre Aftosa 24, 107, 177
Bolanopostite 122 146, 260, 290 Febre Catarral Maligna 22, 76, 107, 125-126, 150. 1771
Botullsmo 19, 23, 133-135 Dermatite 16,173,300 183
Brassica spp. 119, 299 Dermatite digital 26, 257 Febre do Leite 135-137, 139, 200, 21 O, 277, 286,
BRSV 18,110, 120-1 22, 129 Dermatite medial do úbere 167 Febre Q 229-230
Ferro 308 organofosforados 22, 30, 118, 143-144, 157,161, Mycaplasma mycoides ver peripneumonia contagiosa
Feru/a commun/5 299 198,206
Fezes (exame) 16 plantas ver por espécie Necrobacllose 19, 24, 25, 102-103, 129, 130
Flbrinogénlo 38, 46 ptaquilósido ver Pteridium NEFA 34. 58,200,201,212,213
Fibropapiloma cutâneo (BPVl e BPV2) 159-160 Ureia 150 Neoplasia 65, 95, 129, 204
Fígado lodo 100,167,308 carcinoma ocular 181-183
insuficiência hepática 39, 163,164,215,216,240 lritebovlna 137, 180,183 carcinoma pulmonar 117, 128, 129
esteatose hepática 200-202 osso 100
hepatite 65 Jejunite hemorrágica 70-71, 236,240 Neospora spp. 145,153,225,
Filoeritrina 163 Neosporose 149,219.223. 225-226
Fissura longitudinal (úngula) 253-254 L-ldltol dehldrogenase 40 Nerlum o/eander 298
Fissura transversal (úngula) 253 Lacerações obstétrkas l u, Ili;, 280,283, 285-286 Nervos
Fluidoterapia 54 Lactato Dehldrogenase (LDI I) 40, 47 ciático 31,274,288.292, 293,294
Fluor 308 Lacrobac/1/us 58, 117, 118, cranianos 27, 28, 29, 30, 138, 147
Fome65 Lamlnlte 13,S7, ',a,91.J, 1.i,i. 145-247, 249,250,251 obturador 31, 136, 288
Fósforo 34, 42, 94, 133, 203, 206 Lanrona spp. 301 peroneal 32,274,288, 293,294,394
Fossas nasais (exame) 23 Lavagem bronco-alveolnr 45, 112, 113, 117, 121 radial 274
Fotosensibllidade 163-164, 307 Leptos/)/ra spp. 15, 2ll, ,.21 tibial 394
Fracturas 273,294 leprosplra llordjo ni. 22•1 Neutrofllia36,84, 117,128,189,191,262,
Fusobacterlum necrophorum 84, 102, 115, 127, 166, Lep1osplrose •10, 20t,, 219,222 224 Neutrófilos 36, 47, 55, 70, 112, 144, 180, 220, 262, 290
167, 214, 215, 256, 268, 290 leucócltos 16, 2H, ló, •14,-45, 4/, bl. 72. 85, 145, 191, Neutropenla 36, 70, 72, 84,201
199, 220, 265, 290 Nitrogénio sangulneo (BUN) 39, 47
Gastrocnémlo ver Ruptura Leucocltose36,78,84,92, 117,128,145,189,191,214,
Globulinas 38 223,262, Obstrução Intestinal 80-83
Glucose 37 Linfócitos 36,47. 139, 179, 199 Oenhante cracata 301
Golpe de Calor 205 Linfonodos Olho (exame) 22
adenopatia generalizada 72, 126, 129, 199, 234 Onfallte 21 , 83, 144,167,215,262
Helmintes gastrointestinals cabeça 25, 101, 129, 130, 154. 182 Orelha (exame) 23
Cooperia 59, 60 mesentéricos 21, 53, 61, 62, 72 Orqulte 16, 154, 220,
Haemonchus 59, 60,206 pré-escapular 20 Osteomalacla 273
Nematodirus 59, 60 retromamários 17 Osteomiellte 38, 99, 248, 251, 259, 261, 262. 263, 268·
Ostertagia 59, 60 Llnfosarcoma 68, 130 269,273
Toxacara 59 Língua Azul 107, 227-228 Otlte 23, 27, 29, 111. 112, 139, 147-149
Trichostrongylus 59-60 Língua-de-pau ver actinobacilose
Hematócrito 35 Líquido cefalo-raquidlano 27, 29, 139, 140, 144, 145, Panarlcio Interdigital 26, 256, 258, 259, 260,
Hemiplegla 23, 29, 138, 149 146,223 Papllomatose teto (BHV5, 8HV6) 175-176
Hemoglobina Corpuscular Média 36 Lister/a monocytogenes 29, 137, 138, 183,232 Papel 14, 70, 91
Hemogloblnúrla bacilar 206 Listeriose 14, 23, 28, 137-139, 147,148,232 Paralisia do parto 288-289, 292
Hemogloblnúria pós-parto 206 luplnus spp 302 Paraqueratose 158. 168, 215, 218
Hemólise 34 Luxação coxo-femural 273, 294, 296 Paratuberculose 38, 49, 60·63, 217
Hemorragia 206,240 Luxação sacro-ilíaca 294 Pasteurellamultoclda 56, 110-115, 147,
Hérnia umblllcal 167 Pedlculose 155, 160-161 ,206
Hérnia traumática 167 Magnésio 42, 45, 79, 80,140, 206, 263, 303 Peripneumonia contagiosa 129
Herpesvfrus Mamilltls 177 Peritonite 15, 18, 19, 20, 22, 36, 38, 44, 65, 68, 78, 80, 81,
BHV-1 11 O, 122. 123, 150, 232 Manganês 263, 309 82. 83·86, 91, 92, 187,191,215,240,262,263.285, 286
BHV-5 122, 150 Mannheimiohaemalyt/ca 19,20,56, 109, 110-115, 147 Persistentemente lnfectado ver BVD
Ov-HV2 125 Mastite 11, 49, 65, 68, 137, 138, 173, 174, 175, 176, 177, Peste Bovina 76, 107
5HV-1 (Doença de Aujesky) ver Pseudo-raiva 200,205,223,23 1.232, 240 Phytolacca americana 300
Hidroalantoide 278 Mastltes subclínicas 21, 44, 209,218,229 Picacismo 27, 75, 84, 133
Hldroamnlos 278 Megaesófago 92, 95 Ping 18, 21, 70, 78, 81, 95,209,210, 211
Hlgroma ver bursite Melena 68, 69, 70, 127 Pithamyces chortarum 163, 307
Hlpercalémla 52 Melilotus spp. 299 Plaquetas 37, 47, 187
Hiperplasla Interdigital verTiloma Meninglte14,26,44,45,72, 144·145, 149,150,215,262 Pneumonia aspiratlva (falso trajecto) 28,11 7, 130,240
Hiperqueratose do tetol 74-175 Menlngoencefalite ver Encefalite Pneumonia intersticial 19, 113. 118, 119, 120
Hipocalcémla (ver lb Febre do leite) 14, 18, 19, 22, 23, Mercurlalls perennis 299 Pneumonia Intersticial Virai ver BR5V
25, 26, 96, 135, 139,179,210,212,213,290,292,303 Mercúrio 309 Pneumonia Supurativa Crónica 112, 115· 117
Hlpocalémla 40, 70, 78, 82, 92,211,292 Meteorismo espumoso ver Rúmen Pneumonia vermlnosa 113. 129
Hipoclorémla 40, 70, 78, 82, 92, 93, 95,211 Metrlte 22, 72, 83, 123, 187, 188,220, 278,285, 290-291 Pollartrlte séptica 145,215, 261-263
Hlpodermatose 168 Mlcotoxlnas 75, 119, 150, 232 Polloencefalomalacla 146· 147, 183, 213
Hipoglicémia 51, 52,150,211,213 Aflatoxina B1 306 Potássio 33. 34, 41 . 54, 100, 139
Hipomagnesiemia 14,26,44, 136, 139,303 Diacetoxiscirpenol 306 Prolapso uterino 206, 286·287
Hlpotrlcose 168 Ergotamina 150, 307 Prolapso vaginal 279-280, 306
Histophillussomnl 110-112, 147, 149, 183 Ergotoxina 150, 307 Protelnas totais 38, 46, 84, 90, 11 7, 191
Hypericum perforatum 300 Esporodesmina 163-164, 307 Pseudo-ralva 150
Hypoderma bovis 168 Fumonisina 306 Pseudovarlola 103, 177
Nivalenol 306 Pterldlum aquilinum 129, 146, 203, 204, 298
IBR 14, 16, 19,22,23, 107,112,121, 122-1 24, 150,177, Ocratoxina A 306 Pulmão (exame) 18
180, 183, 232 Penitrem A 307 Punção lombar 44-45
lctiose 168 Toxina T2 e HT2 306 Punção por Agulha Fina 43,201
lmpactação abomasal ver Abomaso Vomitoxina 306
lmpactação omasal 95 Zearalenona 306 Queratoconjuntlvlte Infecciosa 123, 179· 18 I, 231
lmpactação ruminai ver Rúmen Mkroftalmia 183 Quercus spp. 303
lmpetigo 156, 173 Mídrlase 22, 28, 143 Quisto dermóide 183
lmunoglobulina - lgG 46 Mllases 130, 154, 167, 182
lmunoglobullna-lgA 111, 180, Miose 22, 30, 143 Rácio Albumina/Globulina 39, 45
Indigestão simples 75, 78, 88, 134, 213, 252 Miosite 226,273 Raiva 29, 150
Indigestão vagai 14, 19, 38, 42, 70, 77, 84, 88, 90-92, Molibdeno 76, 168, 309 Ronuncu/us spp. 299
210,215,278 Monócltos37, 47, 139, 189,199,229 Raquitismo 271,273
Intoxicação Moraxel/a bovls 179, 180 Reacção anafiláctlca 37,75, 119, 142, 144, 163, 168, 240
água fria 206 Mycobacterlum avium sub. poratubercu/osis Refractómetro 45. 46
fungos ver micotoxinas 61,62 Relâmpagos 166, 233, 235, 236, 238, 240
minerais ver por mineral Mycobacterium bov/s 129 Respiração (exame) 18
nitratos 141,142,232, 238-239, 297,298,299,301, Mycop/asma spp. 110-115, 147, 149, 187, 232, 261. Retenção placentária 11,123,220,223,232,270,277,
302,303 262, 263, 265 278, 289, 290-291
Reticulo-pericardite 84, 190 Senecio jacobea 300 Trichophyton verrucosum 157
Retlculoperitonite 36, 84, 100, 187, 190, 215, Septicemia 16, 22. 72, 138, 144, 145, 183, 204, 205, Tricofltíase 156, 157-158, 159, 162, 163
Ricinus communis 300 215, 22 3,232,233,240,262,270,290 Triptofano 11 7, 11 8, 11 9
Rim Setario spp 300 Tritrichomomas foetus 232
pielonefrite 15, 65, 92, 93, 96, 206 Silagem 11 , 59, 75, 138, 139, 164,1 83, 213,297, 300, Trueperella (Actinomyces)
glomeru lonefrite 15, 65, 206 302,303 pyogenes 84, 11 2, 11 5, 11 6, 11 7, 127, 167, 187, 214,
insuficiência 15, 39, 40, 41 , 42, 55, 64, 205,234, 302 Síndrome Edema Traqueal 129 232, 268, 290
Rlnotraqueíte Infecciosa ver IBR Síndrome hemolítica 223, 236, Tuberculose 64, 129
Rotavirus 5 1, 52, 54, 55 Síndrome hemorrágica 56, 57,204,205, 299
Ruptura muscular 273, 288,292, 293 Síndrome Vaca Caída 15, 40, 274, 288, 292-295 úbere {exame) 16
Ruptura gastrocnémlo 294 Síndrome Veia Cava Posterior 58, 127- 128, 206, 215 úlcera da pinça 250-25 1
Rúmen Síndrome Vestibular 23, 29, 111, 147-149 Úlcera da sola 24 7-249, 252,255,259,
acidose 15, 38, 40, 43, 57-58, 73, 75, 1 18, 11 9, 127, Sinusite 130 úlcera do abomaso ver Abomaso
128, 138, 146, 161, \ 83,2 15,245,252,271 Sistema Nervoso Autónomo {exame) 30 Umbigo {exame) 21, 145,167, 215,261
acid ose aguda 88, 89-90, 240 Sistema Nervoso Central {exame) 26-30 Úngula em parafuso ver Corkscrew claw
contracções 17 Sistema Nervoso Periférico {exame) 27, 31-32 úraco persistente 80
estratificação 18 Sódio 33, 4 1, 52-54, 69, 90, 92, 100, 140, 158, 271 Urina
exam e 17-1 8 So/anum nigrum 302 acidúria 15, 78, 211
hiperqueratose ruminai 218 Sopro 19,88,91, 127,1 87, 188, 192 cetonúria 15, 78, 149, 211
impactação 95 Sorbltol Dehidrogenase ver L-iditol dehidrogenase densidade 15
meteorismo espumoso 58, 87-89, 92,240 Sorghum spp. 140, 298, 30 1 glicosúria 15, 79, 206
replecção 17 Sorgo 140, 14 1, 232, 238, 301, 303, 306, 307 hematúria 15, 96, 203, 204, 206, 299
rumi nite 57, 83, 127, 187,2 15, 245 Sulfato de cobre 25 2,258 hemoglobinúria 15, 198, 204, 206, 216, 223, 236,
ru minocentese 43, 58, 95, 21 \ 299
Síndrome do Rúm en Vazio 18,211 Tarsite ver bursite leucócitos 16
timpanismo gasoso 14, 18, 28, 58,65,68, 70, 75, 8 1, Taxus bacata 298 nitritos 16
84, 87, 88, 90, 91.93, 95, 100, \05, 11 \, 11 8, 130, Teileriose 199-200 proteinúria 15, 64, 65, 206
134, 136, 138, 143, 150, 204, 236, 30 1 Temperatura rectal {avaliação) 17 Urolitíase 39, 42, 92-94, 147
Teste Californiano de Mastites I O, 21, 44, 218
Salmonelose 72-73, 130, 232, Tetania da erva vertb hipomagnesiem ia 139- 140 Vacina de mãe 55, 67, 73
Salmone/la dublin 72. 95,232,268,269,273 Tétano %, 150 Vagina (exame) 16, 21
Salmonella enteritidis 72 Theileria spp. 199, 200 Varíola 177
Salmonella typhimurium 72, 95 The/azia spp. 22, 180, 183 Virus Sinciclal ver 8RSV
Sarcocistose 37, 232 Tiloma 256, 258-259 Vitamina A 23, 73, 94, 95, 158, 164, 183
Sarnas Timpanismo ver Rúmen Vitamina Bl {tiamina) 23, 146, 147, 183,274,289, 294
corioptica 156-1 57 Tórax {exame) 19 Vitamina D 42, 137,265, 273,
ps orotica 156- 157 Torção uterina 96, 280-28 1, 282 Vitamina E 18,73, 95, 11 5, 130, 218, 240, 270, 27 1, 289,
sarcoptica 156- 157 Toxemia inc/. Entotoxemia 14, 16, 19, 22, 36, 37, 70, 81 , 290,29 1
Seborreia flexural 167 84, 112,121,205, 206, 2\0, 212, 232,236,237, 240, Volume Corpuscular Médio (VCM) 35, 47
Seios (exame) 24 253, 268,281 ,287,290, 291 Vulva (exame) 16
Selénio {ca rência) 18, 11 5, 130,2 18,270 -27 \,289,290, Toxoplasmose 232
29 1, 302, 309 Tremor do azevém ver Micotoxina, ergotam lna Zinco 163, 164, 167, 168,245, 254,309

Você também pode gostar