Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE BOVINOS
CLÍNICA
DE BOVINOS
George T. Stilwell
Médico-veterinário, PhD, Diplom ECBHM
Professor Auxiliar
Departamento de Clínica
Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade Técnica de Lisboa
COLABORAÇÃO:
1.
É proibida a reprodução de parte ou do todo desta publicação, assim como a transmissão através de qualquer meio, seja mecânico,
eletrónico, fotocópia, gravação' ou outro qualquer, sem o prévio consentimento escrito do autor e da editora.
ISBN: 978-972-590-092-5
Depósito Legal: 353507 /13
Impresso em Portugal.
AGRADECIMENTOS
Ao Miguel Saraiva Lima e Fernando Bernardo pela participação nalgumas secções mais
especializadas do texto e na revisão de partes do texto.
A Rita Campos de Carvalho, Fernando Boinas, Ricardo Bexiga e Catarina Stilwell pela revisão
e conselhos preciosos.
Ao Manuel Dargent Figueiredo pela confiança incondicional e à Bayer Portugal pelo patrocínio.
A Maria Stilwell pelo desenho da capa.
Aos seguintes Colegas pela imediata disponibilidade em ajudar e pela cedência das
fotografias que muito valorizam este livro:
Ana Luísa Brás, Ana Margarida Costa, António Giesteira, Armando Serrão, Carlos Pinto, Cátia
Pereira, Deolinda Silva, Helder Cortes, João Cota, João Fagundes da Silva, José A. Ferreira
das Neves, José Mira, Luís Lopes da Costa, Luís Pinho, Maria Braz, Mário Silveira, Miguel
Matos, Miguel Saraiva Lima, Nuno Prates, Phil Scott, Ricardo Romão, Rui Silva, Sandra Branco,
Sara Salgado, Teresa Duarte, Virgílio Almeida e ainda à UNICOL (Açores).
DEDICATÓRIA
Dedico este livro a todos os meus estagiários, passados e futuros (dos quais agora não me
lembro dos nomes). Esta é uma retribuição pois com eles partilhei a espantosa experiência
de ser clínico de campo e com eles muito aprendi.
Aqui ficam os nomes - eles sabem quem são:
Zé, Isaura, Modibo, Raquel, Rosa, Sandra·, Filipe, Gustavo, Pedro R.*, Paulo M.C., Carla M., Rui L.,
Pedro C., Luís G., Elsa, Daniel, Odete, Anabela, Inês M.', Salvador·, Paulo P., Hermano, Luís M.,
Inês C., Rita A., Patrícia, Sofia, Maria B, Maria C., Tânia, Cátia, Marta, Carla R., Inês A., Tiago,
Rui, Uriel.
CAPITULO 1
EXAME CLÍNICO DE BOVINOS ................................................................................................................................................................................................. 11
CAPfTUL02
EXAMES COMPLEMENTARES ................................................................................................................................................................................................... 33
CAP(TUL03
AS DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DOS BOVINOS ................................................................................................................................................ 49
CAPfTUL04
DOENÇAS E CONDIÇÕES LIGADAS AO PARTO........................................................................................................................................................... 277
CAPfTULOS
ABORDAGEM CLÍNICA À INTOXICAÇÃO POR PLANTAS, FUNGOS E MINERAIS ............................................................................... 297
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................................................................................................... 316
PREFÁCIO
A clínica de bovinos encerra características únicas dentro da medicina veterinária. Se por um lado estamos a lidar com
animais de produção, o que limita os recursos colocados ao serviço da obtenção de um diagnóstico ou na resolução do
caso, por outro é-nos pedida a assistência a animais com um valor considerável. Assim, se bem que cada vez mais se de-
fenda uma abordagem do tipo "medicina da produção" ou "saúde da manada" (herd health), ainda não é descabida a acção
clínica do médico-veterinário. Este tanto deve estar preparado a actuar a nível da exploração como do indivíduo que
padece de determinada doença - as duas vertentes complementam-se e não se excluem. Esta dupla função, que desa-
pareceu da actividade com outras espécies, torna o trabalho do veterinário de bovinos num apaixonante misto de médi-
co, epidemiologista e gestor.
Este livro destina-se a apoiar o clínico, e principalmente aqueles com menos experiência, na primeira abordagem às do-
enças que afectam o indivíduo mas que geralmente reflectem problemas que influenciam o rendimento do grupo e,
portanto, do produtor. Do correcto diagnóstico e do conhecimento adequado das particularidades de cada doença, re-
sultará uma melhor acção preventiva, uma mais profícua gestão dos recursos e uma maior salvaguarda do bem-estar do
animal. Mesmo que isso corresponda à eutanásia.
Porque consideramos que um bom clínico de campo é aquele que consegue aliar o conhecimento científica à elevada
capacidade de colher e interpretar sinais clínicos, começamos o livro com uma revisão bastante extensa do Exame Clínico
de Bovinos. Como referimos nesse capítulo, e citando o Prof. Radostits, "erra-se mais por não se ver do que por não se
saber".
Só depois de um completo exame físico será possível tirar bom partido de uma série de exames complementares, que
podemos efectuar ao lado do animal ou enviando material para o laboratório. A escolha judiciosa dos testes é essencial
em termos de custo-benefício, e é a pensar nisso que apresentamos os Exames Complementares mais úteis em clínica de
bovinos.
Nos restantes capítulos segue-se a descrição das doenças e situações clínicas mais frequentes em buiatria. A arrumação
seleccionada para as doenças não é provavelmente a mais científica e não é de certeza a mais ortodoxa. Isto porque o seu
fim não é o de descrever processos patológicos ou servir de referência, mas sim de servir de texto de apoio para consultas
rápidas ... entre uma vacinação e um parto.
De referir ainda que a descrição das diversas doenças se baseia muito na nossa experiência de muitos anos e que por isso
pode variar na relevância dada a uns sinais em detrimento de outros, provavelmente considerados mais marcantes por
outros clínicos. Esse é um dos riscos de se estar a escrever um texto iminentemente prático e pessoal. A leitura deve ser
feita sempre com isso em mente.
É óbvio que as descrições estarão sempre incompletas e por isso a sua leitura deve ser sempre complementada pela
consulta de livros de clínica generalistas ou artigos específicos. Daí a necessidade que sentimos em associar uma lista
bibliográfica que colocámos na parte final do livro.
George Stilwell
'. AV Atrioventricular HVB He1peMrus bovino
'
1. INTRODUÇÃO
O exame físico continua a ser a base mais sólida da medici-
na clínica. Isto acontece apesar de toda a tecnologia (exa-
mes complementares e apoio laboratorial) de que os vete-
rinários dispõem actualmente e do facto da orientação da
medicina veterinária de espécies pecuárias ser cada vez
mais no sentido da resolução de problemas de grupo e da
produção. Aliás, a escolha de provas laboratoriais ou exa-
mes complementares de diagnóstico só será racional e útil
se se seguir a um bom exame físico.
Um exame clínico deve ser sistemático, não podendo ha-
ver zonas do organismo que não são examinadas apenas
porque um problema salta logo à vista e devendo-se evitar
o diagnóstico preconcebido. Radostits afirma que "mais er-
ros são cometidos por não ver do que por não saber''.
O exame clínico é constituído por quatro fases:
História; Exame do meio ambiente; Exame físico do animal;
Exames complementares
2. A HISTÓRIA CLÍNICA
O interrogatório ao proprietário ou tratador deve ser siste-
mático e abordar, de forma rápida mas exaustiva, as várias
vertentes da história do animal, do grupo e da exploração.
Seguem-se alguns exemplos:
• Maneio e instalações (Fig. 1) - tipo de exploração (inten-
siva vs extensiva)? Tipo de estabulação? Composição dos
parques (e.g. idade, produção, origem)? Entrada de novos
animais? Regras de bio-segurança (e.g. quarentena)?
• Nutrição e alimentação - tipo de alimentação? O acesso ao
alimento e água é fácil? Origem da água (canalizada, poços,
ribeiro, furos)? Estado das pastagens? Presença de plantas • Historial do animal doente - qual a idade? Já esteve do-
tóxicas nas pastagens? Aspecto da silagem e outras matérias ente antes? Quando ocorreu o último parto? O parto cor-
(e.g. feno húmido, presença de bolor, palha muito grosseira)? reu bem (e.g. distócia, retenção placentária, metrite)?
• Sanidade - qual o estado de vacinação e desparasitação Produção leiteira antes de adoecer? Quebra de produção
abrupta ou gradual? Se for vitelo, quando é que foi des-
do efectivo? Quais as doenças mais frequentes na explo-
ração (e.g. diarreias, mastites, pneumonias)? Existem re- mamado? Administração do colostro foi a adequada? Foi
gistos - número de animais doentes, tratamentos, resul- sujeito a factores de stress (e.g. transporte)?
tados? Existem antibiogramas de casos anteriores? Nível • Historial da doença/problema - O que é que o dono pen-
de contagens de células somáticas no tanque do leite? sa que está errado com o animal? Ou qual a razão porque
nos chamou? Quando se iniciou o processo? Qual a sua
evolução? Houve mudanças de alimentação ou no ma-
neio? Há mais animais afectados7 Já foi feita algum a me-
dicação ou tratamento? Clima nos dias anteriores?
A EDO 10 M IENT
Antes de abordar o animal ou animais doentes, a inspecção
do ambiente onde este se encontra ou tem vivido nos tem-
pos recentes pode ser crucial à obtenção do diagnóstico.
Esta observação pode ser feita ao mesmo tempo que se fa-
zem as perguntas ao dono/tratador e por isso não precisa
de dem ora r muito, mas também não deve se r feita de for-
ma di straída pois há pormenores que podem ter um sign i-
ficado muito importante (e.g. uma vaca muito agressiva
num parque ou vitelos isolados do resto do grupo).
diferença de tamanhos dos animais nos parques (Fig. 2); se animal por meio da visão, olfacto, palpação, percussão e
• Pele - escoriações, peladas, parasitas, cor, brilho e com- • Respiração - a frequência e tipo devem ser avaliadas à
primento do pêlo ... A zona afectada pode indicar o distância porque podem estar alteradas em casos de
tipo de ácaro presente ou sugerir um processo de foto- stress ou cansaço do animal decorrentes da contenção
sensibilidade (i.e. apenas as zonas despigmentadas são (muito particularmente animais em pastagem e pouco
atingidas). habituados à presença humana). A respiração normal de
um bovino adulto em descanso deverá ser imperceptí-
vel. A respiração acelerada, sobressaltante e abdominal
pode ser sinal de dor, doença respiratória ou toxemia
Quantidade, consistência (gasoso, sólido, líquido) e es tra- A frequência respiratória num bovin o adulto é 12 a 36, en-
tificação do conteúdo (em cima 7 gás; a meio ""?forrag em quanto que num vitelo é entre 30 a 60.
grosseira; em baixo 7 conteúdo mais líquido). Verificar o carácter da respiração:
• Pesquisa de sons com percussão; percussão + ausculta- - Costa-abdominal - fisiológica. Os sons inspiratóri os são
ção; sucussão +auscultação.Os sons audíveis num rúmen geralmente mai s audíveis do que os expiratórios.
saudável tem uma relação próxima com a dieta, mas ge-
- Toráxica - peritonite, distensão abdominal ou dor/pres-
ralmente são tlmpànicos numa pequena área mais dorsal,
são sobre o diafragma.
maciço na parte lnrermédla e ~ub-madço na zona mais
ventral. QL1ando há sobrecarga alimentar ou tlmpantsmo - Abdominal - pleurisia, enfisema, edema pulmonar e ou-
ouve-se um som maciço ou som Limpânico em toda a tra s causas de obstrução pulmonar.
ârea de auscultação, rr:spectivamente, No caso de deslo- Devido ao facto das lesões de pneumonia ocorrerem sobre-
camenlo de abomaso à esquerda e na Síndrome do Hú- tudo nos lobos ventrais e craniais, estas devem ser as zonas
men Vazio (SBV) a percussão com auscultação dá a ouvir que merecem uma auscultação mais cuidada. Os sons ad-
um som metálico (ping) por baixo das últimas costelas ventícios mais frequ entes são apresentados na Tabela 1.
(Fig. 22). Â sucussão normalmen te revela um som de
splashlng, semelhante ao de latas vazias a chocalh,1rem. Procurar ainda por palpação a presença de enfisema subcu-
tâneo (Fig. 24) que se revela por crepitação e aumento do
!Il A audição dos batimentos cardíacos a nível da fossa para-
espaço entre pele e mu sculatura e que pode surgir em casos
lombar esquerda acontece normalmente quando o con-
de pneumoni as por vírus sincicial (BHSV) ou M. haemolytica.
teúdo do rúmen está muito seco.
Ter em atenção facto res extra-respiratórios que podem aiu-
sar dispneia. Por exemplo: febre; exercício e stress; calor e
4.2.2.2. Região torácica humidade elevadas: doenças metabólicas corno cetose ner-
Fazer a auscultação do pulmão, depois de bem delimitar a
vosa e hlpocalcémla; acidose metabólica; anemia associada
área (Fig. 23). Nem sempre é fácil ouvir os sons pulmonares
a exerdcio-ffsico; doença do músculo branco (caréncla Vit [
em vacas saudáveis e algumas doenças pulmonares po-
e Selénio), entre outros.
dem coexistir com sons aparentemente normais Pode-se Segue-se o exame cardíaco. O apex do coração dos bovinos
tentar aumentar a sua inten sidade tapando as narina s, fa- encontra-se caudal ao cotovelo (articulação humero-radio-
Aumento sons brônquicos Pneumonia severa com hepatização
Silêncio Pneumotórax, massa ou efusão pleural (e em casos de vacas obesas ou enfisema subcutâneo)
Extra-respiratórios Sopro cardíaco, rúmen, eructação, fricção pele ou contracção do panícula subcutâneo, gemido de dor ..
1
·~
frequentes em bovinos adultos que é a pericardite traumática.
Um ruído abafado pode também ocorrer em vacas muito gor-
das e em situações de efusões pleura is, abcessos ou neoplasias.
Em vitelos com diarreia podem ocorrer arritmias devido a hi-
percalémia. Estas arritmias podem surgir também em animais
adultos devido a desequilíbrios hidro-electrolíticos graves
(e.g. fibrilhação atrial em deslocamento ou volvo abomasal).
Os sopros podem ser auscultados quer do lado esquerdo
quer do lado direito e na sua origem podem estar estenoses
ou insuficiências valvulares (mais frequentemente devido a
endocardites). Cerca de 75% das lesões cardíacas em bovi-
nos (endocardites) afectam a válvula tricúspide. No caso de
endocardites é de esperar hipertermia (> 40<>C). Sopros tam-
bém podem ser audíveis em casos de defeitos congénitos
ou quando a velocidade ou volume de sangue são elevados
ou a viscosidade do mesmo é baixa. Se durante a ausculta-
ção forem detectados sopros deve ser feita uma tentativa
de os localizar, relacionando-os com as válvulas cardíacas.
Na maioria dos casos, os sopros sistólicos estão relacionados pulso jugular verdadeiro - fazer garrote à entrada do peito
com insuficiência das válvulas AV ou estenoses das válvulas e a meio do pescoço; soltar garrote mais baixo; se jugular se
da aórtica ou pulmonar, enquanto que sopros diastólicos mantiver engorgitada teremos um caso de pulso verdadei-
são mais frequentes em caso de insuficiência da válvula aór- ro. O grau de hidratação pode ser avaliado pela prega de
tica ou pulmonar. Sopros relacionados com insuficiências pele a nível da tábua do pescoço (mais eficaz em vitelos e
da tricúspide são mais audíveis no lado direito. pouco fiável em vacas velhas ou bovinos de carne). A prega
de pele deve desaparecer em menos de 2 segundos. O ede-
ma da barbela surge em casos de hipoproteinemia ou pa-
4.2.2.3. Pesquisa de Dor abdominal tologia cardíaca, mas pode ter origem iatrogénica quando
A dor abdominal anterior pode ser causada por retículo- foram administradas soluções irritantes nesta zona (e.g. bo-
-peritonite traumática (à esquerda da linha branca), úlcera do rogluconato de cálcio).
abomaso (à direita da linha branca) ou peritonite por outras A compressão ligeira da faringe ou traqueia desencadeia
causas. Sinais de dor podem ser incitados pressionando a co- tosse em animais com inflamação do tracto respiratório su-
luna dorsal, pressionando o abdómen ventral com o joelho, perior.
o punho ou um pau - o animal pode evidenciar dor através
Na zona do dorso, ao palpar a coluna vertebral pode-se de-
de um gemido ou levantando o membro posterior do mes-
tectar a presença de gás (enfisema sub-cutâneo, provoca-
mo lado (coice). Devemos ter em atenção que sendo os bo-
do, por exemplo, por pneumotorax, após cirurgia abdomi-
vinos animais estóicos muitas vacas podem não reagir a
nal, edema maligno, pneumonia por vírus sincicial ou M.
quaisquer destes estímulos. O limiar de tolerância à dor num
haemolytica). Em animais de campo poderá ainda observar-
bovino é bastante mais elevado do que noutros animais (e.g.
-se nódulos de Hypoderma ao longo do dorso e lombo.
equinos) e manifestam sinais de dor de maneira bastante di-
ferente - ranger os dentes, orelhas caídas, prostração, gemi- O linfonodo pré-escapular pode ser palpado imediatamen-
dos, pontapear o abdómen, olhar o flanco ou deitar-se em te cranial à articulação escapulo-humeral.
decúbito lateral com os membros estendidos ...
4.2.4. Exame do lado direito
4.2.3. Exame da zona cervical
No pescoço devemos observar a veia jugular. O grau de en- 4.2.4.1. Região abdominal
gorgitamento (Fig. 26) ou a presença de pulso jugular deve A auscultação do abdómen direito dos bovinos normal-
ser observado com a cabeça em posição normal e nunca mente não revela sons particulares com excepção de al-
para baixo. Devemos saber distinguir pulso jugular falso de guns raros borborigmos com origem no intestino. Deve
pesquisar-se a presença de sons metálicos (ping) através da mais cuidada da secreção. Deve-se observar o aspecto ma-
auscultação com percussão ou sucussão do intestino gros- croscópico do leite sobre uma superfície escura, que inclui
so (cego e colon) e do abomaso de forma a diagnosticar presença de grumos, sangue, leite aquoso etc ...
deslocamento ou torção do abomaso (ping debaixo das
últimas costelas), dilatação e torção do cego (ping no cava-
do do flanco), pneumoperitoneu ou colón com bastante 4.2.6. Outros exames
gás (ping por baixo das apófises transversas lombares). Nos vitelos jovens (<2 meses) é essencial fazer um exame
minucioso do umbigo. Neste exame procura-se tumefac-
ção, dor à palpação, aumento da temperatura, presença de
4.2.4.2. Região toráxica
pus ou outro corrimento, fibroses, possibilidade de redução
Tórax - A área de auscultação do pulmão direito é idêntica da massa umbilical e presença de anel herniário. Estes sinais
à do lado esquerdo não havendo diferenças importantes. permitem o diagnóstico diferencial entre onfalite, hérnia
A auscultação do coração faz-se no 4.°-5.0 espaço intercos- umbilical, fibrose ou abcesso.
tal, junto à axila, para ouvir a válvula tricúspide (Fig. 25).
O exame das restantes regiões não apresenta diferenças de
4.2.7. Exame por via trans-rectal
metodologia dignas de registo.
Nas vacas de leite este exame é relativamente seguro e de
fácil execução, mas poderá ser perigoso em vacas de carne
4.2.5. Exame do úbere (Fig. 27)
e em novilhas. Deve-se proceder a uma boa lubrificação das
Um exame mais detalhado da glândula mamária pode ser luvas com gel ou mesmo com as fezes do animal. Este exa-
feito nesta altura. Deve-se ter atenção aos seguintes aspec- me é deixado para depois da auscultação do abdómen por-
tos no exame físico do úbere e tetos: assimetria e diferença que a entrada de ar para o recto e cólon pode alterar os sons
de temperatura entre quartos, dor à palpação, consistência à percussão e auscultação do flanco direito.
do tecido mamário, presença de teilites eventualmente
Para um exame trans-rectal completo deverão ser examina-
acompanhadas de fibrose do canal do teto, obstruções por
das as seguintes estruturas;
corpos estranhos, soluções de continuidade, inversão do
esfíncter etc. .. Se este exame fizer suspeitar de infecção in- • Em condições normais - rumen, rim esquerdo, aorta ab-
tra mamária pode-se realizar um Teste Californiano de Mas- dominal, artérias ilíacas, intestino delgado e tracto repro-
tites (TCM) dos diversos quartos, lembrando-se sempre que dutivo (cérvix, cornos uterinos e ovários). Artéria uterina
a colheita de leite implica a remoção do desinfectante (teat- com frémito (a partir dos - 120 dias de gestação).
-dip) que sela o canal do teto. Por esta razão só deverá ser • Em casos de doença poderá ser encontrado:
efectuada a ordenha se houver necessidade de uma análise
- Ceco distendido - quadrante direito.
- Encarcerações.
4.2.B.1 . Olho
Conjuntiva - Amarelada (icterícia); Palidez (hemorragias,
úlceras, diarreias sanguinolentas, plasmólise devido à in-
gestão de g randes volumes de água ou desidratação);
congestão e edem a em infecções locais ou sistémicas
como IBR, Febre Cata rral Maligna, Querato-conjuntivite
Infecciosa dos Bovinos, Pasteurelose, ou corpos estra-
nhos; presença de petéquias no caso de clostridiose ou
CID; presença de parasitas (Thefazia sp.) ou corpos estra-
nhos (frequentemente praganas).
4.2.8.2. Orelhas
As orelhas podem dar informaçã o sobre o estado geral dos
animais. Animais com saúde orientam as orelhas na direc-
ção de estímulos visuais ou auditivos. Em casos de doença
podem estar caídas, deitadas para trá s (BSE) ou assimétricas
(e.g. listeriose ou síndrome vestibular). 4.2.8.3. Focinho e narinas
Temperatura - orelhas frias podem ajudar a avaliar o estado O focinho de um bovino saudável está limpo e húmido (a
de desidratação especialmente em vitelos. língua limpa-o con stantemente). Um focinho sujo é nor-
Otite - principalmente em vitelos - cabeça inclinada para malmente sinal de mal-estar, paralisias (e.g. botulismo ou
um dos lados e orelha caíd a (Fig. 30). Procurar dor e presen - paralisia de nervos cranianos). O focinho seco pode ser sinal
normalmente é seroso e em pequena quantidade. Corri- servação da muda dos dentes incisivos (entre 18 meses e
mento sero-mucoso, mucoso ou purulento ocorrem em 4 anos) ou pelo seu desgaste.
graus diferentes de infecções do tracto respiratório (Fig. 23). Mucosa - verificar a cor, humidade e integridade. Procurar
Sangue com espuma bilateral é sinal de hemorragia pul- presença de erosões, úlceras ou aftas (BVD - Doença das
monar que acontece principalmente no caso de Síndroma Mucosas, Febre Aftosa, Estom atite papulosa).
da Veia Cava.
Dentes - por exemplo, a muda dos pré-molares pode ser a
causa de novilhas recém-paridas (2 anos) não comerem ou
4.2.8.4. Seios frontais e nasais não con seg uirem ruminar (presença de ingesta em redor
do animal). Dentes partidos ou infecções das raízes podem
Avaliar o estado dos seios por percussão na área entre base
ser os responsáveis pelo emagrecimento de um animal.
dos cornos e cantos mediais dos olhos - sinais de dor ou
O ranger de dentes é típico de bovinos com dor ou grande
som maciço geralmente associam-se à presença de sinusi-
desconforto,
tes. Vacas descornadas recentemente podem apresentar
um corrimento sanguinolento ou purulento por infecção Abcessos - provocado pelo entupimento dos canais das
4.2.8.6. Linfonodos
A palpação dos linfonodos da zona da cabeça é feita por
baixo (sub-mandibulares) e atrás (retrofaríngeos) de cada
ramo da mandíbula. Empurrar com uma mão a laringe en-
quanto que do lado contrário se procura apanhar o linfono-
do, às vezes apenas sentindo o mesmo a ressaltar entre os
dedos. Comparar os dois lados para melhor identificar hiper-
trofias. Registar tamanho e sinais de dor.
pre levantados com auxílio de uma corda presa acima do em vacas com alta produção leiteira.
curvilhão. Em animais violentos ou nervosos ou quando se Finalmente devemos fazer uma boa avaliação do ambiente
prevê causar dor durante o exame, a extremidade deve ser de onde provém o animal (e.g. presença de baterias velhas
atada a uma estrutura firme. podem ser causa de problemas por ingestão de metais pe-
sados em vitelos que as lamberam; fungos no azevém po-
No exame da úngula devem ser observadas e palpadas as
dem causar tremores, incoordenação e paresias). Um bom
diferentes zonas e estruturas, nomeadamente a sola, pare-
exame do local onde está o animal (mesmo que já morto)
de lateral e dorsal, espaço interdigital e pele adjacente à
pode dar-nos indicações sobre reacções e comportamen-
coroa (e.g. dermatite). Devem-se procurar fissuras (transver-
tos entretanto alterados ou suprimidos (Fig. 39).
sais e longitudinais), soluções de continuidade (geralmente
espaço interdigital), úlceras da sola (geralmente na zona As perguntas a fazer de seguida são: 1) é um problema do
posterior da sola), zonas de penetração de corpos estra- SNC, sistema nervoso autónomo (SNA) ou periférico (SNP)?
nhos (geralmente na linha branca) ou hemorragias. No caso 2) Se é no SNC: é anterior ao forâmen magno, tem origem
• Existe relação de certos sinais com nervos cranianos (Ta-
bela 2)?
• Posição da cabeça - opistótonos ou cabeça inclinada?
• Olhos - existe nistagmus (para que lado?), resposta a
ameaça, reflexo pupilar à luz, reflexo palpebral.
XII - Hipoglossal Músculo Observar movimentos da llngua Desvio da língua para o lado da
da língua lesão, Não recolhe a língua
exteriorizada.
teína, presença de leucócitos e bacteriologia. A punção hiperestesia, epilepsia, convulsões, tremores, opistoto-
cervical é bastante mais arriscada e difícil em bovinos e ofe- nus ... ) ou excessiva modelação/inibição das funções (de-
rece poucas vantagens em relação à punção lombar. pressão, head pressing, colapso, coma ... ).
Lesões ou doenças predominantemente cerebrais normal-
4.3.1. Lesões cerebrais ou dos nervos cranianos mente acompanham-se de depressão, apatia, cegueira,
convulsões ou comportamentos e movimentos estranhos
Se bem que a relação não seja sempre linear, é possível pre-
e compulsivos. Lesões do cerebelo correspondem a altera-
ver a localização aproximada da lesão através dos sinais clí-
ções de movimentos musculares - tremores, balancear, in-
nicos exibidos (Tabelas 2 e 3).
coordenação, hipermetria, opistótonos e ataxia. Lesões do
Lesão generalizada do SNC caracteriza-se por evidentes si- sistema vestibular caracterizam-se por cabeça inclinada, fal-
nais de disfunção cerebral e pode apresentar-se como defi- ta de equilíbrio e de propriocepção, nistagmos e torneio. As
cite de modelação/inibição da actividade neurológica (e.g. principais causas são listeriose, lesões congénitas [hidrocé-
HACIONADOS COM ZONA LESIONADA
falo (compressão por acumulação de LCR) ou hipoplasia tores com origem periférica. Grande parte dos deficites dos
cerebral (e.g. BVD)J, lesão do ouvido médio/interno por oti- nervos cranianos têm origem em lesões no tronco cerebral.
te ou abcesso. Certos agentes neurotrópicos atingem esta zona através
O tronco cerebral contém importantes centros neuroacti- das fibras oriundas do SNP (e.g. vírus da raiva e Listeria mo-
vos e núcleos de vários nervos cranianos, para além de ser nocytogenes) e exercem aí o seu efeito patogénico - síndro-
uma zona de processamento de estímulos sensitivos e mo- me vestibular, sinais de torneio, hemiplegia generalizada,
alteração do comportamento. O nistagmos ocorre em ca- As células do neurónio motor superior (NMS), localizadas
sos de lesões no tronco cerebral, mas também no cerebelo no cérebro, estimulam ou inibem as células do neurónio
ou ouvido interno. motor inferior (NMI), mantêm o tónus, iniciam o movimen-
A observação do grau de resposta a estímulos pode ser im- to e mantêm a postura. As células do neurónio motor infe-
portante para identificar a zona do SNC ou o(s) nervo(s) rior (NMI) estão localizadas na medula espinhal e inervam
craniano(s) afectado(s). A falta de resposta ao reflexo de directamente os músculos e órgãos efectores. De uma for-
ameaça (colocar um plástico ou vidro transparente entre a ma resumida temos que:
mão em movimento para ter a certeza de não ser o movi- • das lesões de NMS resultam reflexos normais ou aumen-
mento do ar a provocar a reacção) pode indicar lesão do tados e atrofia muscular progressiva e discreta.
olho, nervo óptico ou n. VII. A ausência de reacção ao teste
• das lesões de NMI resultam reflexos diminuídos ou au-
de fixação (seguir com os olhos um lenço deixado cair à
sentes e atrofia muscular rápida e severa.
frente) pode corresponder a lesões oculares, SNC ou n. li, IV
ou VI. O reflexo palpebral pode estar diminuído em casos de Um segmento espinhal é definido como uma porção de
lesão do n. V ou VII. O reflexo pupilar à luz deve ser avaliado medula que dá origem a um par de nervos espinhais. Em
num ambiente escuro e deve ser prestada a atenção à sime- termos de função a medula espinhal é dividida em cinco
tria do reflexo. Cegueira com presença de reflexo pupilar in- segmentos: Cl-CS, C6-T2, T3-L3, L4-S2, S3-cd5. As células de
dica lesão a nível central, enquanto que cegueira sem refle- neurónio motor inferior (NMI) para os membros torácico e
xo pupilar à luz sugere lesão ocular ou no tronco cerebral. pélvico estão localizadas na intumescência cervical (C6-T2)
Ausência de reflexo corneal é típica de lesão do n. Ili e VI. O e lombo-sagrada (L4-S3), respectivamente. Geralmente as
estrabismo pode ser congénito, mas quando adquirido lesões medulares provocam uma lesão do NMS e da pro-
pode corresponder a lesões de nervos cranianos (Tabela 2). priocepção caudalmente à zona afectada. Lesões localiza-
Não há síndromes ou doenças relacionadas com lesões das na intumescência cervical ou lombo-sagrada afectam
exclusivas do SN Autónomo. No entanto, intoxicações NMI para os membros anteriores ou posteriores, respectiva-
com compostos com actividade neurotransmissora, po- mente.
dem exacerbar ou inibir a actividade do parassimpático Salvo raras excepções as lesões da medula provocam uma
ou do simpático. As situações mais frequentes são as in- mesma sequência de alterações que se inicia com perda
toxicações por compostos de acção parasimpaticomi- de propriocepção, perda de movimento e finalmente de
mética (e.g. organofosforados) que se caracterizam por nocicepção.
hipersalivação, miose, diarreia, tremores, espasmos mus-
culares e convulsões.
• Falsos resultados podem resultar de: má colheita, arma- - a heparina provoca alguma hemólise, com elevação
zenagem e envio; uso de anticoagulantes não adequa- dos níveis de potássio.
dos; tempo decorrente desde a recolha; incorrecta iden- - sais de flúor são apenas úteis quando se quer inibir a
tificação e informação; terapêutica entretanto instituída; glicó/ise causada pelos eritrócitos, pois prejudicam
complicações da doença original; ou, erros laboratoriais. muitas outras reacções enzimáticas.
• Variações a nível do laboratório - deve-se ter cuidado - o soro (ausência de anticoagulante) é o ideal para a
na comparação de resultados oriundos de laboratórios maioria dos parâmetros de bioquímica sanguínea.
diferentes e, portanto, deve-se evitar usar laboratórios
- no plasma (sangue com heparina) pode ser obtida
diferentes para o mesmo caso clínico. Os laboratórios
muita informação apenas por observação macroscópi-
devem saber previamente com que espécie se está a
ca após centrifugação (e.g. hemólise intravascular, lipi-
trabalhar.
demia, icterícia).
Como já se referiu, alguns erros podem ser causados por pois a contaminação por tromboplastina dos tecidos é
deficiente técnica de colheita, armazenamento, transporte muito provável. Pela mesma razão o sangue destinado
e processamento. Alguns exemplos mais comuns são: a exames de coagulação deve ser colhido com muito
cuidado para não incluir componentes de tecidos
• hemólise por uso de agulhas de calibre demasiado es-
treito; vácuo na seringa demasiado potente; forçar san- extra-vasculares.
gue para o tubo de colheita através da agulha; tempera- Para uma correcta análise dos resultados convém relembrar
tura ambiental elevada; trepidação ou vibração intensa. a distribuição dos fluidos no organismo (Tabela 1):
A hemólise prejudica os valores do hemograma, altera a
leitura de outros componentes, se for usada a refracção
luminosa, e permite a saída de certos elementos (e.g. po-
tássio) do interior das células.
• stress e excitação do animal (Fig. 2) poderá afectar certos
valores. Volume total de fluido (VTF) 60% do peso vivo (75% em vitelos)
• tempo desde a última refeição afecta alguns parâmetros, Fluido intracelular (FIC) 2/3 VTF; 40% do pv
especialmente em vitelos pré-ruminantes.
Fluido extracelular (FEC) 1/3 VTF; 30% do pv (50% em vitelos)
• temperatura de armazenamento - manter o metabolis-
mo elevado favorece o consumo de certos compostos Volume lntravascular 1/4 FEC; 6-8% do pv
ou aumenta a permeabilidade da membrana celular com Volume Intersticial e GI 3/4 FEC; 22-24% do pv
a consequente passagem para o soro de certos elemen-
tos (e.g. potássio). A refrigeração é aconselhada se as
amostras demorarem mais do que 1 - 2 horas a entrar no
Por vezes a escolha dos parâmetros a avaliar depende da
laboratório (30 minutos no caso da glucose).
história e do quadro clínico, devendo existir um compro-
• o vaso utilizado para a colheita pode influenci ar certos misso entre o custo e a informação considerada indispensá-
valores, como os gases sanguíneos, glucose, fósforo vel. Nestes casos poderá ser preferível o pedido de um pai-
(mais baixo na jugular do que na mamária devido à se- nel de análises. Por exemplo, as situações clínicas indicadas
creção de fosfatos na saliva) e corpos cetónicos. A coc- exigem as seguintes avaliações:
cígea não deve ser usada para o teste de coagulação
• diarreia neo-natal (i.e. decidir composição da fluidotera-
pia) - pH, Na+, c1-, K+, Excesso de Base ou HC0 3-, ureia,
creatinina.
• fraqueza muscular (e.g. vaca caída) - CPK, AST, pH, K+,
Ca 2+, Na+
Volume ocupado pelos eritrócitos por 100 mi de sangue (em tubo de hematócrito ou calculado
Significado
= VCM x n. 0 eritrócitos)
Colheita EDTA.
• Porque o intervalo fisiológico é tão amplo, este é um parâmetro um pouco falível para avaliação do estado de desidratação Poderá ser mais útil se comparar-
mos valores consecutivos do mesmo animaL
• O melhor método é num tubo de hematócrito após centrifugação Valor calculado a partir do n ° de eritrócitos é mais falível pois é iníluenciado por inúmeros
factores (e.g. calibração do contador de células).
Eritrócitos
Responsáveis pelo transporte de oxigénio (ligação à hemoglobina). Número de eritrócitos por mi-
Significado
crolitro de sangue.
Anemia - hemólise, carências (Fe, Co, Cu), tóxicos, hemorragia crónica (e g. parasitismo, úlceras do
Valores diminuídos abomaso), ecto e endo-parasitas, doenças hepáticas e doenças crónicas, Erro laboratorial (confusão
com plaquetas). Hemólise iatrogénica.
Colheita EDTA.
• Os ruminantes tem eritrócitos pequenos e por isso a avaliações feitos por instrumentos não calibrados para estas espécies podem dar valores inferiores à realidade
• Em caso de hemorragia recente pod erá não haver alteração no n ° de eritrócitos (só evidente após hemodiluição).
• Igualmente importante observar certas características morfológicas dos eritrócitos, como por exemplo:
• Presença de hemoparasitas - Anaplasma spp. Babesía spp, Theílería spp. e Trypanosoma spp.
• Acantócitos - e g doença hepática
• Corpos de Heinz - intoxicações (e.g. cobre), deficiência em fósforo ou selén10
• Reticulócitos - anemia regenerativa Nos bovinos a mobilização de eritrócitos imaturos começa 2-4 dias após perdas importantes e atinge o pico aos 4-7 dias.
Significado Volume médio do eritrócito individual em microns cúbicos= (hemotócrito x 1O)/ n. 0 eritrócitos
Colheita EDTA,
Valores diminuídos Deficiência em ferro. Reticulocitose - células jovens mais pobres em Hb.
Colheita EDTA.
Leucócitos
Significado N.° leucócitos. Significado depende do tipo de leucócito afectado (ver abaixo).
Leucocitose Pode ser patológico ou fisiológico (após libertação de catecolaminas). Geralmente resulta de neutrófilia.
Leucopenia Quase sempre sinal de doença: mobilização para o local de infecção. Significado depende do leucócito.
Colheita EDTA.
• Algumas anomalias sanguíneas podem dar valores errados - fragilidade leucocitária, grande aglomeração de plaquetas (erro por excesso) ou de leucócitos
(erro por defei to).
• Durante uma inflamação purulenta todas as combinações de valores são possíveis (de muito baixo a muito alto) dependendo da relação entre uso e reposição
a partir da medula.
• Valores normais variam c/ idade, condição corporal, stress e excitação
Neutrófilos
Responsáveis por destruição de material estranho a nível dos tecidos, Meia vida curta (6 a 14 horas)
Significado
Em jovens é o leucócito mais abundante
Neutrofilia Inflamações moderadas ou crónicas e.g. pneumonia, peritonite, abcessos, artrite séptica, reticulope-
(valores aumentados) ritonite . .. Também pós-operatório, stress, corticóides, trauma ... Congénito: BLAD.
Neutropenia Infecções graves hiperagudas por GRAM- (mamite, metrite...), viroses, ulcera perfurada, clostridioses,
(valores diminuídos) toxemia, lipidose hepática ...
Colheita EDTA.
• "desvio à esquerda" = mobilização de neutrófilos imaturos (resposta a estímulo antigénico agudo grave).
• Inflamação crónica pode não resultar em neutrofilia porque surge equilíbrio entre uso e repo sição,
• Neutrofilia após neutropenia associada a endotoxemia (e.g. mastite por coliformes) é de bom prognóstico
• Morfologia anormal dos neutrófilos (vacuolização ... ) geralmente é sinal de toxemia
• Neutrofilia não patológica (e g. stress, dor, exercício, excitação, administração de corticóides) resulta da mobilização de neutrófilos marginais, geralmente não
são contabilizados por não serem circulantes Nunca há desvio à esquerda.
Linfócitos
Significado Imunidade celular e humoral. Linfócitos B e T. Meia-vida provavelmente de alguns anos
Linfocitose Leucose subclínica (linfocitose persistente), infecções virais prolongadas ou purulentas crónicas
(valores elevados) (pneumonia, peritonite, abcesso hepático)
Linfopenia
Endotoxemia, mamite por GRAM-, peritonite difusa, IBR, BVD e outras viroses. Corticóides e stress.
(valores diminuídos)
Colheita EDTA.
-
Eosinófilos
Significado Controlar infecções parasitárias. Reacções de hipersensibilidade e alergia. Meia vida de 30 mina 1Ohoras.
Valores elevados= Anafilaxia Alergia ao leite, pneumonias intersticiais atípicas (fog fever), Sarcocistose, larvas migrado-
= eosinofilia ras de parasitas.
Valores diminuídos= Os valores de referência são muito próximos do O e portanto é difícil identificar valores diminuídos.
= eosinopenia Stress e doenças inflamatórias agudas.
Colheita EDTA.
Monócitos
Significado e função Mobilização para tecidos em resposta a agressão antigénica, dando origem a macrófagos.
Valores elevados=
Inflamação crónica, necrose tecidular, hemólise. Resposta a stress.
= monocitose
Os valores de referência são muito próximos do O e portanto é difícil identificar valores diminuídos.
Valores diminuídos
Endotoxémia e virémia
Colheita EDTA.
Plaquetas
CID (coagulação intravascular disseminada), endotoxemia, BVD e outras viroses, toxemia. Mais rara-
Valores diminuídos
mente: redução de produção - lesão da medula óssea e sequestração de plaquetas a nível do baço
Glucose
Valores fisiológicos relativamente baixos em ruminantes porque pouca glucose é absorvida pelo
Significado
tracto gastro-intestinal
Stress, abdómen agudo (e .g. volvo abomasal}, hipocalcémia. latrogénica (e.g. corticóides, propileno-
Valores elevados
glicol, xilazina). Diabettes mellitus (raro)
Valores diminuídos Cetose. Má-nutrição, diarreias e outras causas de síndrome de má-absorção em vitelos.
Soro, usar fluoreto de sódio. Eritrócitos consomem 10% da glucose por hora no sangue - separar
Colheita
coágulo rapidamente
• Hiperglicémia em caso de stress e abdómen agudo surge devido a libertação de cortisol e catecolaminas
Fibrinogénio
Proteína produzida no fígado. Proteína reactiva de fase aguda de processos inflamatórios e substrac-
Significado e função
to para formação de fibrina.
Por aumento do consumo (e.g. CID ou doença inflamatória crónica) ou redução de produção: lesões
Valores diminuídos
hepáticas graves.
Colheita Usar heparina ou citrato. Valores baixos podem ocorrer se houver alguma coagulação in vitro.
• Parâmetro especialmente útil em bovinos devido à sua grande capacidade de mobilizar fibrinogénio em caso de doença inílamatória.
Panhipoproteinemla: hiperhidratação por excesso de fluidos via endovenosa ou oral; perdas agudas
Valores diminuídos
de sangue (com anemia) ou coagulação ,ntravascular disseminada (CID).
• O valor da PT é um melhor indicativo de um estado de desidratação já que um animal desidratado e anémico pode ter um hematócrito normal.
• Valores variam muito com idade (e g, globulinas do colostro), exigências metabólicas, nutrição, hidratação, gestação.
Albumina
Produzida no fígado e principal responsável por manutenção de pressão asmática IV. Meia-vida de
Significado e função
16 horas
Colheita Soro ou plasma. Durante a gestação pode haver diminuição dos valores
Globulina
Significado e função Imunidade humoral e celular (actividade dos linfócitos B e T). Meia-vida de alguns anos.
Soro. Só se a análise for feita no soro é que a globulina pode ser calculada a partir da diferença entre
Colheita
valores da Proteína Total e da albumina.
-
A relação entre as duas principais proteínas plasmáticas é especialmente importante para detectar
Significado e função
alterações num paciente normoproteinemico
Significado e função Fígado transfo rma amoníaco em ureia. Rim excreta facilmente ureia sanguín ea
Doenças renais e deficiente perfusão renal, urolitíase, choque, desidratação, catabolismo proteico
Valores elevados
exagerado.
• bovinos fazem a excreção de ureia para o rúmen pela saliva sendo utilizada pela ílora microbiana para síntese proteica.
• nos bovinos, para que ocorra azotemia, é necessário a perda de 75% da massa funcional dos rins
• bovinos com dietas deficientes em nitrogénio ou anoréticos podem apresentar BUN normal apesar de serem insuficientes renais
Bilirubina
Bil irrubi na conju gada normalmente associa da a doenças hepáticas, mas pouco fiável em clínica de
Significado e função
bovinos.
Colheita Soro.
• em bovinos adultos a icterícia pode não ser evidente apesar de hemólise massiva e níveis elevados de bilirubina não-conjugada.
Creatinina
Creatinin a é originada no múscul o e nunca é reuti li za da, A excreçã o é fácil e relativamente constan-
Significado e função
te no animal sa udável.
• mais eficiente para diagnóstico de lesões renais do que BUN pois só é excretad a pelo rim
• avaliação dos valores permite perceber significado das variações do BUN,
L-lditol Dehidrogenase (IDH) ou Sorbitol Dehidrogenase (SDH)
Significado e função Enzima exclusivamente presente nas célu la s hepáticas.
Valores elevados Hepatite, lipidose hepática, certas intoxicações, fasciolose, leptospirose e abcesso hepático.
Valores elevados Lesão ou necrose muscular mas também doenças hepáticas. Também em casos de volvo abomasal.
• Hemólise ou muito tempo até separação do soro pode dar valores erradamente elevados
• Semi-vida de 2-3 dias
Creatinofosfoquinase (CPK)
Em tecidos e células que consomem rapidamente ATP, especialmente músculo. Indicador sensível
Significado e função
de lesão muscular.
Valores elevados Miopatias diversas, distrofia muscular, síndrome de vaca caída, Insuficiência renal. Hemólise.
• Níveis aumentam 6-12 horas após lesão muscular aguda e retornam a níveis normais entre as 24-48. Se agressão persiste mantêm-se níveis elevados
• Estável durante 7 dias a 4 C e 1 mês a -25 C.
pH
Concentração de hidrogeniões no sangue. Pode ser calcu lado a partir da diferença entre catiões
Significado (Na+, K+, Ca2+, Mg2+) e aniões (CI-, HC03-, lactatos, sulfatos e proteínas). Num animal saudável o
valor deve estar entre 7,35 e 7,4 5.
Valores elevados Volvo ou deslocamento de abomaso (alcalose metabólica com hipoclorémia). Taquipneia prolonga-
-alcalémia da (alcalose respiratória).
Acidose metabólica: diarreia neo-natal (perda bicarbonato ou produção e absorção ácido láctico)
Valores diminuídos Acidose ruminai. Hipoxia dos tecidos (ácido láctico). Cetose. Uso de dietas aniónicas. Perda de saliva.
-acidose
Acidose respiratória: insuficiência respiratória com diminuição da ventilação alveolar.
Colheita Soro ou plasma (heparina). Medição imediata em condições anaeróbias ou guardado em gelo.
• Alterações do pH sangufneo tem como causa problemas metabólicas (acidose ou alcalose) ou respiratórios (acidose ou alcalose)
• O pH sangufneo é normal quando o rácio de HCO; para pC0 2 é 20: 1
• Problemas respiratórios afectam a pC0 2, enquanto que problemas metabólicas afectam o HC0 3· sanguíneo.
Excesso de Base (EB) e Bicarbonato (HC0 3-)
Avaliação do equilíbrio ácido-base. Os valores são muito semelhantes e por isso geralmente são
Significado e função
usados como sinónimos.
• Um EB positivo significa concentração mais alta de base i.e. alcalose metabólica, enquanto que EB negativo significa uma redução da concentração fisiológica
de base i.e. acidose metabólica.
• Produção de lactato pelas células sanguíneas é responsável por redução de valores se sangue não for centrifugado ou analisado de imediato.
Sódio (Na+)
O mais importante catião extracelular e o principal responsável osmótico pela manutenção do vo-
Significado e função
lume de fluido extra-celular.
Perda de água hipotónica (raro) ou intoxicação por sal sem possibilidade de beber água. latrogenico
Valores elevados
- soro salino hipertónico.
• A interpretação dos resultados deve ter sempre atenção ao estado hídrico do animal
Potássio (K+)
Principal electrólito intra-celular (150 mEq/L). Papel fundamental na excitabilidade nervosa e con-
Significado e função
tracção muscular.
Valores elevados Acidose metabólica (e.g. diarreia neo-natal) latrogenico (e.g. rehidratantes orais; trimetropim).
Alcalose metabólica (aumento excreção renal). Inapetência prolongada. Diarreia em animais adul-
Valores diminuídos
tos Obstrução gastro-intestinal (e.g. volvo abomasal). Administração isoflupredona. Tetania da erva
Colheita Soro ou plasma. Hemólise causa aumento significativo dos valores por saída do ião das hemácias
• Tanto a hipercalémia como a hipocalémia têm efeito sobre os músculos (esquelético, cardíaco e liso)
• Acidose afecta o transporte activo de potássio para o interior da célula. Vitelos com diarreia podem mostrar hipercalémia apesar de existir um deficite total.
Cloro (Ci-)
Significado e função Principal anião do FEC. Componente importante de várias secreções (suor, gástrica, saliva)
• Alterações dos níveis de cloro geralmente acompanham os de sódio pois são iões absorvidos em conjunto pelo rim.
• Nível de cloro< 80 mEq/L é sinal de mau prognóstico em casos de obstrução gastro-intestinal
Cálcio (Cal
Significado e função Essencial a inúmeras funçoes incluindo contracção muscular. Composto predominante do osso.
Valores diminuídos Parésta pós-parto da vaca leiteira. Endotoxémia, obstruções gastro-intestinais e Indigestão Vagai.
Colheita Soro.
• Valor circulante é uma pequena fra cção do valor total. No sangue 50% do cálcio total está ionizado, 40% está ligado às proteínas e l 0% forma diversos com-
plexos com aniões.
• O valor de cálcio ionizado ((a++ versus cá lcio total) é um reílexo mais correcto do estatuto fisiológico do cálcio
• Em caso de acidose existe mais cálcio ionizado e em caso de alcalose há mais cálcio ligado às proteínas (metabolicamente não disponível)
• Valores na franja inferior do intervalo de referência podem ser responsáveis por uma hipocalcémia sub-clínica, com importantes sequelas na saúde de vacas leiteiras
Fósforo (P)
Valores elevados Hemólise. Trauma muscular grave. Suplementação excessiva. Volvo abomasal.
Colheita Soro.
• Mais de 80% do fósforo está nos ossos e uma pequena parte nos músculos e sangue
• No sangue os fosfatos existem na forma orgãnica e inorgânica.
• Sangue da jugular apresenta concentrações menores do que noutras veias
• Hipofosfatémia grave pode conduzir a hemólise.
Magnésio (Mg)
Envolvido em diversos processos enzimáticos, utilização de ATP, contracção muscular e transmissão
Significado e função
nervosa.
Causas iatrogénicas - excesso de suplemento. Doenças renais crónicas e urolitíase. Destruição teci-
Valores elevados
dular maciça.
Carências alimentares em Mg. Tetania da erva, especialm ente em pa stagens de gramíneas forte-
Valores diminuídos
mente adubada s com potássio. Ptialismo
• Mais de 50% do magnésio encontra-se no osso, músculo e restantes tecidos sendo que apenas l % está no sangue.
• No sangue 55% do Mg total está ionizado (livre, Mg++), 30% está ligado às proteínas e 15% forma diversos complexos com aniões
• Hemólise pode ser responsável por níveis altos
Existem uma série de outros elementos que podem ser medidos em situações muito específicas. A listagem exaustiva destes
não é exequível neste local e por isso apenas serão referidos os casos que se relacionam com alguma das doenças bovinas
incluídas neste livro.
1.3. Abdominocentese
A análise do líquido existente na cavidade abdominal pode 1.4. Teste Californiano de Mastites
ser essencial para o diagnóstico de situações como perito- Este é um teste de campo muito simples e barato que per-
nite, ruptura do tracto gastro-intestinal, ascite etc. .. Devido mite detectar mastites sub-clínicas (elevação da conta-
ao enorme espaço ocupado pelos compartimentos gástri- gem de células somáticas) através da simples observação
cas e à extensão do mesentério dos bovinos, a colheita do da viscosidade da mistura do leite com um reagente apro-
líquido da cavidade peritoneal não é fácil, sendo que ape- priado (surfactante anionico). A viscosidade aumenta de-
nas em dois locais muito específicos será possível fazer uma vido à libertação do conteúdo do núcleo (ADN) dos leucó-
colheita representativa. Os dois locais são: i) crânio-ventral, citos cuja parede é destruída pelo detergente. Ou seja, a
uma mão transversa atrás do apêndice xifóide e à direita da viscosidade é tanto maior quanto maior for o número de
linha média; ii) caudo-lateral, na virilha direita imediatamen- células que se encontram no leite. A proporção de leite e
te anterior ao úbere e cerca de 20 centímetros dorsal à veia reagente deve ser a mesma e a leitura deve ser feita nos 20
mamária. As mesmas razões que dificultam a colheita expli- segundos após mistura. A alteração da viscosidade torna-
cam a necessidade de avaliar o líquido em pontos diferen, -se evidente a partir das 300.000 cél ulas/ml (Fig. 6).
tes, ou seja, a colheita efectuada cranialmente permite
diagnosticar afecções com origem no retículo, omaso, abo-
maso e metade anterior do rúmen, enquanto que a perfu- 1.5. Punção lombar
ração na virilha irá identificar aquelas que têm origem no
A colheita de fluido cérebroespinal pode ser extremamente
útero, intestinos, ceco, bexiga e cirurgias através do flanco.
útil em situações tais como infecções (e.g. meningite neo-
O líq uido recolhido deve ser avaliado .quanto à quantidade natal) e outras doenças neurológicas e ainda em caso de
e aspecto macroscópico- nu m animal normal não deverá intoxicações e carências (e.g. hipomagnesiémia). A colheita
ser possível colher mais do que 3-5 rn l e o fluido deve ser pode ser feita em animais vivos ou recentemente mortos/
transpar nte e límpido. íquido abundante, translucido e abatidos (<6 horas). No caso de bovinos o local de eleição
sem cheiro sugere ascite. Líquido abundante, opaco, com para a punção é entre a última vertebra lombar e o sacro,
ingesta (sinal de úlcera perfurada) ou coágulos de fibrina, podendo ser efectuada com o animal em pé ou em decúbi-
to esternal com os membros posteriores estendidos ao lon- nar é importante para identificação de agentes envolvidos
go de cada lado do abdómen de forma a manter manter a em surtos de Doença Respiratória Bovina e para avaliação
coluna vertebral direita. A contenção do animal é muito im- de sensibilidades a antimicrobianos.
portante para perceber a diferença de resistência à penetra-
A lavagem pode ser efectuada por via nasal através de pas-
ção da agulha e para evitar lesões e hemorragias.
sagem para o pulmão de um tubo fino (2 metros de compri-
Após sedação do animal e preparação da zona (uma boa mentos e diâmetro interno de 4-5 mm) através de um outro
assepsia é crucial) é introduzida uma agulha de punção lom- mais grosso (1 metro de comprimento e diâmetro interno
bar (de calibre adequado ao tamanho do animal - de 16 G 8mm) que foi previamente introduzido apenas até passar a
4" para vaca adulta até 19G 2" para animal jovem). A agulha laringe (assim evita-se contaminação da amostra). Em alter-
deve entrar perpendicularmente à pele e penetrar os diver- nativa pode ser utilizada a via transtraqueal - tricotomia,
sos planos até se deixar de sentir resistência (entrada no es- anestesia e pequeno corte da pele sobre o intervalo palpa-
paço subaracnóide). O líquido deve ser aspirado e colocado do entre dois anéis da traqueia a meio do pescoço; introdu-
num tubo sem anti-coagulante. A avaliação visual do fluido ção de uma agulha grossa e curta (1 OG, Y2') entre os anéis da
pode dar-nos imediatamente algumas indicações (Tabela 2), traqueia (Fig. 7a); uma vez no interior da traqueia dirigir a
o refractómetro pode indicar a quantidade de proteína (12- agulha no sentido do pulmão e fixá-la para que a ponta não
-40 mg/ml, essencialmente albumina) e do laboratório po- lesione a mucosa; introdução através desta primeira agulha
derá ser pedido análise citológica, bacteriológica, ratio albu- de um tubo (e.g. algália de cães) que seja previamente con-
mina/globulina, níveis de glucose, magnésio, cálcio, cloro firmado como tendo o comprimento para atingir o pulmão
etc. .. dependendo do quadro clínico e das suspeitas. do animal em questão. Na nossa prática usamos um cateter
central de infusão para humanos (Fig. 7b), com cerca de 75
cm que é o suficiente para vitelos e garante maior assepsia.
1.6. Lavagem bronco-alveolar O método transtraqueal pode também ser usado em ani-
Apesar de não ser exactamente um cow-side test, pois im- mais mortos ou eutanasiados, sendo uma forma expedita e
plica apoio laboratorial, é um exame complementar de ex- limpa de se obter amostras muito representativas do inte-
trema utilidade para o clínico de campo. O lavado pulmo- rior do pulmão.
i) medição dos níveis de proteína total (PT) no plasma ou Existem ainda vários outros exames complementares que
soro. Mais frequentemente usado para, por exemplo, podem ser usados na clínica de campo, mas que pela sua
avaliar: complexidade, custo ou falta de aplicabilidade, não serão
CAPÍTULO 3
AS DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DOS BOVINOS
1
Em Biologia será sempre polémica qualquer divisão ou clas- aquele que aqui apresentamos. A resolução dos problemas
sificação que tente arrumar os organismos ou as estruturas nestas áreas requer a leitura de livros da especialidade que
no interior de fronteiras artificiais. O exercício de catalogar felizmente existem em suficiente número e qualidade.
doenças em medicina encerra a mesma dificuldade. Trad i-
Como não seria possível compreender um quadro clínico
cionalmente estas são agrupadas de acordo com o sistema
sem a explicação, mesmo que resumida, dos processos que
ou órgãos afectados ou então segundo a causa (e.g. origem
lhe estão na base, o texto das doenças principais inclui refe-
bacteriana ou parasitária). Neste texto resolvemos fazer
rências à etiologia, epidemiologia e patogenia. No caso do
uma abordagem ligeiramente diferente. Talvez por defeito
exame pós-morte, restringimo-nos à apresentação das le-
profissional, achámos que uma disposição que realçasse o
sões macroscópicas que podem ser evidenciadas pelo clíni-
diagnóstico clínico facilitaria a consulta pelos veterinários
co aquando da necropsia no campo, mesmo sabendo que
do campo. Assim, as doença s foram arrumadas segundo os
a lesão histopatológica é, muitas vezes, a chave que abre
sinais clínicos principais, recorrendo sempre que possível a
definitivamente a porta para o diagnóstico.
imagens e quadros comparativos de modo a facilitar o
diagnóstico diferencial. As medidas terapêuticas e preventivas é igualmente dada
alguma relevância, sendo de lembrar que retratam uma
Esta ordenação é mais fácil dita do que feita, já que obriga
opinião pessoal baseada em anos de experiência de cam-
à escolha de um sinal clínico prototípico quando sabemos po. A recomendação de alguns protocolos, medicamentos
que muitas afecções apresentam grandes variações no seu
ou dosagens não deve ser vista de uma forma exclusiva,
quadro clínico ou que este vai mudando ao longo da evo-
mas apenas como o reflexo de uma preferência. No entan-
lução da doença. Numa tentativa de colmatar este proble-
to, houve sempre uma preocupação em assentar as suges-
ma, destacámos dois ou três sinais que normalmente se
tões nas regras do uso judicioso de fármacos e princi-
associam (e.g. dispneia-tosse-rinorreia) e ainda listámos, à pal mente de antimicrobianos. Devemos destacar que
direita no início do texto de cada doença principal, os si-
raramente defendemos o uso profiláctico de antimicrobia-
nais secundários mais frequentemente observados. O
nos (administração antes de surgirem sinais clínicos de do-
Quadro de Sinais Clínicos, que se encontra no fim da apre-
ença) e mesmo metafilático (administração a todo um gru-
sentação das doenças, pretende fazer uma súmula deste
po quando uma parte significativa deste apresenta sinais
esforço e facilitar o estabelecimento de diagnósticos dife-
da doença). Assim, no uso de especialidades farmacêuticas
renciais por parte dos estudantes e médicos-veterinários
o enfase é essencialmente dado à terapêutica. Os tratamen-
menos experientes.
tos cirúrgicos são apenas aludidos, pois este não é o espaço
para descrições pormenorizadas de técnicas.
Devemos mencionar que eliminámos da lista dos sinais clí-
nicos realçados o "emagrecimento''. a "redução do apetite" e No final de cada doença, agrupada segundo os sinais clíni-
a "anorexia''. porque é naturalmente assumido que quase cos principais, segue-se geralmente um quadro em que
toda s as doenças os apresentariam no topo da lista e por são apresentadas as doenças mais raras ou aquelas que
isso seria pouco útil em termos de diagnóstico diferencial. podem apresentar os mesmos sinais clínicos só que de
Pelo contrário a manutenção de apetite nalgumas doenças uma forma mais mascarada. Nestes quadros são destaca-
(e.g. paratuberculose) pode ser um sinal clínico de extrema dos os sinais mais usuais dando especial realce ao diagnós-
importância. tico diferencial.
Não foram incluídos neste livro dois grupos de doenças da O último capítulo destina-se a colmatar, mesmo que admiti-
maior importância em clínica de bovinos - as mastites e as damente de forma insuficiente, uma lacuna no apoio biblio-
ginecológicas. Estas são doenças com uma enorme impor- gráfico a casos clínicos de intoxicações por plantas, minerais
tância a nível de manada mas a sua abo rdagem, complexa ou fungos em Portugal. Apresentamos de forma resumida
e multidisciplinar, não cabe num livro de pura clínica como as plantas e as micotoxinas mais usuais, revelando as fontes
mais comuns ou recorrendo a fotografias sempre que possí- trar justificações para os resultados das análises, é fazer
vel, de forma a facilitar uma pesquisa mais profunda. má medicina.
A reduzida consistência das fezes geralmente relaciona-se -nos a origem da hemorragias sendo que aquele que é
com doenças do tracto gastro-intestinal e pode resultar de oriundo dos compartimentos gástricas e secções proximais
diversos processos: do intestino delgado é escuro, malcheiroso e muitas vezes
• excesso de secreção de água para o interior do lúmen. oculto. O sangue vivo tem origem nas porções mais distais
A acumulação de toxinas, electrólitos (e.g. cloro e sódio) do intestino. É igualmente de admitir a hipótese de sangue
ou outras substâncias com elevado poder osmótico (e.g. nas fezes ter origem noutro sistema (e.g. respiratório) sendo
ácido láctico, nutrientes) é uma das causas mais frequen- posteriormente deglutido.
tes de diarreias hipersecretoras. O tenesmo e defecação dolorosa normalmente estão asso-
• redução na capacidade de absorção de fluidos, geral- ciados a alguns tipos de diarreia ou disenteria com origem
mente por lesão ou morte dos enterocitos. nas porções distais do tracto intestinal, mas podem surgir
devido a outras causas (e.g. vaginites, peritonites).
• inflamação da parede intestinal
O conteúdo em água das fezes diarreicas é 5 a 1Ovezes su-
• aumento na velocidade do trânsito (aumento do peris- perior ao das fezes num animal saudável. As principais con-
taltismo por irritação).,
sequências da diarreia são desidratação, desequilíbrios elec-
No entanto, o aumento da frequência de defecação e a re- trolíticos e subnutrição. Se a ingestão de água se mantem e
dução na consistência das fezes podem ter causas não pa- não há obstruções o animal normalmente consegue com-
tológicas - por exemplo, consumo de erva jovem com pensar as perdas. Raramente ou nunca se deverá combater
elevado teor de água e diarreia neurogénica por stress. a diarreia com fármacos que impeçam ou reduzam o peris-
Este tipo de diarreia é muito comum em vacas de carne taltismo pois se o organismo pretende eliminar certas subs-
na Primavera quando são levadas à manga. tâncias é preferível substituir os fluidos a tentar preservá-los.
A disenteria caracteriza-se por fezes líquidas, sanguinolen- Na avaliação de doenças com diarreia é importante distin-
tas, por vezes malcheirosas e portadoras de muco e falsas guir as formas agudas das formas crónicas(> 15 dias), pois a
membranas. O tipo de sangue detectado nas fezes indica- abordagem clínica será muito diferente.
E. co/i enterotoxinogenico (ETEC) é a estirpe bacteriana mais Independentemente da causa a diarreia neo-natal causa:
importante na patogénese da síndrome Diarreia Neo-natal • desidratação - de 5% a 12%. Responsável por hipoperfu-
Bovina (produz uma fímbria K99 e uma toxina termo-está- são e hipoxia dos tecidos, incluindo do SNC.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
NÃO administrar parasimpaticolíticos ou outros
fármacos com acção antiperistáltica.
A base do tratamento de diarreia neo-natal é a fluidotera-
pia. Esta pode ser oral ou parenteral dependendo do quadro
clínico e da disponibilidade de material e fluidos próprios.
Os casos de desidratação extrema (> 12%) provavelmente • o uso de leite de qualidade. Atenção: a quantidade de lei-
não justificam o tratamento pois mesmo que o vitelo sobre- te não causa diarreia mesmo que oferecida ad libitum.
ETIOLOGIA
O vírus da BVD é um Pestivirus (vírus RNA).
Será aqui abordada a doença aguda pelo vírus do BVD em
animais imunocompetentes. A Doença das Mucosas (BVD-
MD), típica de animais persistentemente infectados (PI), é
descrita entre as doenças com lesões orais (v.)
EPIDEMIOLOGIA
Em Portugal são muito raras as infecções pelo
genótipo 2 sendo mais frequentes as variedades
dentro do genótipo 1b.
Os animais PI são a maior fonte de infecção quer nas va-
carias quer nos diversos sistemas de engorda. Animais
imunocompetentes com viremia não excretam grande
quantidade de vírus. Imunidade colostral pode durar mais O impacto económico deste vírus é enorme (e.g. predispo-
de 4 meses. sição a outras doenças, infertilidade ... ), sendo a morte dos
LESÕES
SINAIS CLÍNICOS Formas agudas ou subclínicas apresentam apenas
Infecção com várias caras - favorece doenças ligeiros sinais de enterite.
em praticamente todos os sistemas. Lesões da forma hiperaguda e da síndrome hemorrágica
A forma sub-cl ínica (90% dos casos ern anlm 1~ adul· assemelham-se às do BVD-MD - lesões e úlceras na mucosa
(os} caracteriza-se por quebra de produção, ligeira hi- do tracto digestivo, petéquias e hemorragias nas serosas.
p rtermla e fezes mais !fquídas durante lguns dias. Muitas lesões são mascaradas pelos efeitos dos agentes
que actuam em sinergismo. Em vitelos abortados ou que
Tra lcionalmente a in fecção aguda é caracterizada morrem pouco depois do nascimento podem ser observa-
por diarreia prof Lisa, febre, ina petência, depress~o das as malformações já descritas atrás.
e recu peraçJo espon Lânea . No en Lanto. tem sido
descrita urna forma hlperag uda, semelhante a BVD·
MD. com dia rre ia. lesões ora is, ebre, aborco e mor- DIAGNÓSTICO
talidade e111 vitelos e vacas lei tei ras q u não são PI. A leucopenia (<3000/µL) é comum a todas
Estirpes muito virulentas do genótipo 2 causam uma as formas clínicas de BVD. A trombocitopenia
síndrome hemorrágica por trombocitopenia com fe- é própria da síndrome hemorrágica.
bre, disenteria, diátese hemorrágica e morte. Para se retirarem os melhores resultados do investimento
Em bovinos de engorda, em sinergismo com outros feito em análises é essencial perceber bem a etiopatogenia
agentes, causa dispneia e tosse. da doença. Sugerimos leitura dos artigos aconselhados no
final para melhor compreensão das potencialidades dos vá-
Infecções de fêmeas podem levar a infertilidade (e.g.
rios testes e das várias respostas possíveis.
acção sobre oócitos), aborto, nascimento de animais PI
debilitados ou aparentemente normais. Podem ainda A serologia para detecção de anticorpos em vitelos antes
nascer vitelos com malformações diversas - cataratas, de beberem colostro ajuda a confirmar a presença do vírus
hipoplasia cerebelar, hidrocefalia, hipotricose, hipo- na exploração e a ausência de anticorpos em animal vaci-
mielogenese e diversos defeitos músculo-esqueléticos, nado faz suspeitar de PI, mas os resultados têm de ser ana-
entre outros defeitos congénitos. lisados com cuidado. Os anticorpos colostrais podem dis-
farçar a presença de antigénio em animais PI (se análise for
Vitelos jovens com pneumonias e diarreias recorren-
feita após tomada de colostro e antes dos 6 meses).
tes, fraca condição corporal, reduzido GMD e mau
pêlo, são suspeitos de infecção persistente por BVD Testes ELISA e PCR possibilitam a identificação do vírus. lmuno-
(ver Doença-das-Mucosas). histoquímica num pequeno pedaço de pele da orelha detecta
infecção e presença de PI. Em vacarias de leite a pesquisa de Ac
ou Ag no leite do tanque permite poupar tempo e dinheiro na Todo o combate e tentativa de erradicação da BVD têm
clarificação do estatuto da exploração ou na identificação da como base a identificação e eliminação dos animais PI
presença de animais PI no efectivo. Na DRB é possível perceber da manada. A forma de se conseguir isso é complexa e está
o papel do BVD através de serologia pareada (15 dias de inter- fora do âmbito deste livro de clínica.
valo) com aumento (4x) do título de anticorpos. No essencial a prevenção passa por:
O DO da diarreia aguda deve incluir erros alimentares (aci- • vacinação dos efectivos se o vírus já existe na exploração
dose ruminai sub-clínica), parasitismo gastro-intestinal, ou não for possível evitar a sua entrada (e.g. feed-lots). A
plantas tóxicas, IBR e BRSV. As outras causas de síndrome primovacinação deverá ser feita depois dos 4 meses para
hemorrágica podem ser encontradas na pág. 205. não haver perigo de interferência de anticorpos de ori-
gem materna. As regras de maneio do colostro têm de
ser rigorosamente cumpridas.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
• a vacinação com vacinas vivas permite uma resposta rá-
O tratamento será sempre de suporte
pida (importante em feed-lots), mas podem desencadear
ou de combate a infecções secundárias.
a doença aguda ou causar Doença das Mucosas nos ani-
Não é preciso tratamento em animais imunocompetentes mais PI.
porque a evolução é geralmente benigna.
• não existindo o vírus na exploração é essencial garantir as
No caso de síndrome hemorrágica poderá ser tentada a regras básicas de biossegurança como seja proceder à qua-
transfusão sanguínea, antibioterapia e corticóides, mas o rentena e serologia de todos os animais a entrar na explora-
sucesso é muito reduzido. ção. Cuidado com reprodutores machos, sémen e embriões.
ETIOLOGIA
Diminuição do pH ruminai (5,5 a 5,8) com alteração
da microflora ruminai.
Vários factores concorrem para o estabelecimento de aci-
dose ruminai sub-clínica (sub-acute ruminai acidosis -
SARA), sendo de destacar: ratio concentrado/forragem de-
masiado elevado ou carência de fibra efectiva. Estes factor.es
levam a uma descida do pH por desenvolvimento de bac-
térias produtoras de ácido láctico, diminuição das bactérias
utilizadoras de lactato e redução da produção e ingestão de
saliva essencial ao efectivo tamponamento do pH ruminai.
EPIDEMIOLOGIA
É uma doença de produção que normalmente afecta
vários animais sujeitos ao mesmo regime alimentar. Nas vacas leiteiras o momento de maior incidência de SARA
Em sistemas intensivos é calculado que entre 20 e 50% dos é a fase de transição e os primeiros meses de lactação. A
animais apresentem valores de pH ruminai abaixo do nível introdução de sistemas de Dieta Completa (Total Mixed Ra-
fisiológico. tion ou TMR) permitiu o aumento dos níveis de concentra-
conteúdo ruminai. Deve-se conhecer bem as proprieda- A suplementação de bicarbonato de sódio no TMR (100 a 150
des das matérias usadas na alimentação - existem diferen- g/d ia ou 0,8% da MS do TMR) ou então colocado à disposição
ças enormes na capacidade que certos componentes da em pias, é especialmente importante no tempo quente.
DIAGNÓSTICO
A coprologia por laboratório especializado permite
distinguir espécie e por isso prever a gravidade
da situação.
Resultados negativos não devem afastar a hipótese de pa-
rasitismo GI já que a libertação de ovos é intermitente (e.g.
fase larvar). Pesquisa de anticorpos anti-Ostertagia no leite
do tanque.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Os desparasitantes habituais têm eficácia contra
os parasitas GI.
Avermectinas e benzimidazóis (e.g. fenbendazol) actuam
sobre formas adultas e larvares. Levami sol é eficaz contra
formas adultas. A resistência dos parasitas aos diferentes
compostos é uma realidade que pode ser ultrapassada al-
ternando os fármacos usados.
ETIOLOGIA
Mycobacteríum avíum sub. paratuberculosís (Map)
Bacilo álcool-ácido-resistente, intracelular facultativo e não
produtor de esporos. Também designada por Doença de
Johnes.
EPIDEMIOLOGIA
Doença particularmente relevante nas espécies
ruminantes de todo o mundo, com infecção cruzada
possível.
Microorganismo resistente no ambiente podendo sobrevi-
ver mais de um ano em condições propícias. Tem sido isola-
do nas fezes de muitas espécies animais (domésticas e sil-
vestres). Map sobrevive à pasteurização do colostro (30 min
a 63°() e foi isolado de sémen congelado.
Há invasão da mucosa intestinal (IG e porção distal do ID) e posição ao estrume dos adultos.
linfonodos mesentéricos com desenvolvimento de uma Animais podem excretar Map durante cerca de 2 anos an-
enterite granulomatosa, com reacção inflamatória extensa tes de mostrarem sinais clínicos.
Os sinais só são evidentes em animais com mais de 2 Serologia - Sensibilidade normalmente baixa: apenas
anos. Na fase subclínica pode haver baixa produção 30%-50% dos animais portadores são positivos a pesquisa
de leite e infertilidade, mas os sinais são demasiado de anticorpos. Falsos positivos são menos prováveis e resul-
subtis ou inespecíficos para permitir o diagnóstico. tam de reacções cruzadas ou simples contacto prévio com
Map (animais resistentes).
A doença clínica inicia-se com diarreia intermitente,
quebra· de produção e rápida perda da condição cor- A pesquisa de gama-interferon parece oferecer boas perspec-
poral. Surge então diarreia esverdeada, profusa e tivas. A prova de hipersensibilidade intradérmica (vulgo tuber-
aquosa ("em esguicho"), quase sempre contínua. O culinização) é pouco fiável, mas pode dar alguma pista se hou-
conteúdo líquido do intestino é evidente na ausculta- ver uma reacção exacerbada à tuberculina de origem aviária.
ção com sucussão no cavado de flanco direito. Não há Anatomopatologia e histopatologia - a necropsia de ca-
hipertermia. O apetite é normal e geralmente há poli- sos suspeitos, ou por rotina, é muito importante porque
dipsia. A produção de leite é mínima ou cessa com- permite detectar as lesões macroscópicas ou a visualização
pletamente. Surgem edemas, sendo o mais evidente de bacilos álcool-ácido resistentes (coloração Ziehl-Neel-
o sub-mandibular. Esta fase pode perpetuar-se por sen) em esfregaços por aposição dos linfonodos mesentéri-
muitos meses. Se o animal não for entretanto refuga- cos. No DD de casos arrastados apenas será de considerar a
do ou abatido, a fraqueza muscular e falência orgânica amiloidose. A doença no início pode confundir-se com pa-
leva à prostração, coma e morte. rasitoses gastro-intestinais, BVD agudo, doenças inflamató-
rias crónicas, erros alimentares e diversas intoxicações. Per-
da de peso e edemas surgem em carências alimentares
graves e prolongadas.
LESÕES
O aspecto da mucosa intestinal - muito espessada TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
e enrugada como circunvalações cerebrais - é típico Não há tratamento possível e animais com sinais
da doença. clínicos devem ser abatidos quanto antes.
Os locais com lesões mais evidentes são o cólon e o ceco. No caso de explorações infectadas o controlo da doença é
Linfonodos hipertrofiados e edemaciados. Hidroperitoneu, muito difícil, sendo a ideia de erradicação um pouco utópi-
hidrotórax e hidropericárdio. Caquexia. ca. Consegue manter-se níveis de infecção muito baixos
DIAGNÓSTICO
O controlo e erradicação só são possíveis através da
difícil identificação dos portadores assintomáticos (e
excretores)
Existem vários testes laboratoriais usados no diagnóstico da
paratuberculose bovina:
Cultura a partir de fezes (e leite?) - Antes dos dois anos de
idade apenas a cultura de fezes poderá confirmar infecção,
mas a sensibilidade é muito baixa. Na infecção subclínica a es-
pecificidade da coprocultura é alta, mas a capacidade de de-
tectar todos os portadores é bastante baixa (desenvolvimento
de técnicas de PCR poderão melhorar a sensibilidade). Em con-
traste, a cultura do microorganismo é fácil nos animais com
ETIOLOGIA
Deposição de substância amilóide em diversos
órgãos e principalmente no rim.
As doenças agrupadas sobre a designação de "doenças ami-
loides"têm em comum a deposição extracelular de proteína
com configuração muito específica - beta-pragueamento. A
este material amorfo chama-se "substância amilóide''. As en-
cefalopatias espongiformes são formas de amiloidose.
EPIDEMIOLOGIA
Doença esporádica de animais mais velhos (>4 anos).
Doença menos rara do que se pode pensar (1-2% vacas
adultas abatidas) e que surge em qualquer parte do mun-
do. Afecta essencialmente animais com história de doença
inflamatória crónica, mas muitos casos acabam por não ser
SINAIS CLÍNICOS
Caquexia, edema sub-mandibular e proteinuria,
são os sinais que permitem suspeitar de
amiloidose.
Emagrecimento continuado e quebra de produção de
leite, apesar de se manter o apetite. Edemas tornam-se
mais evidentes, principalmente o sub-mandibular, mas
pode ocorrer anasarca. Diarreia profusa. A palpação do
rim esquerdo mostra aumento do tamanho do órgão e
ligeira dissimulação da lobulação. Segue-se ataxia por
fraqueza muscular, uremia e, por fim, prostração. Morte
ocorre ao fim de poucas semanas após primeiros sinais
devido a insuficiência renal, caquexia, desidratação e
complicações de decúbito. Sinais das doenças crónicas
primárias podem ainda ser evidentes ou não.
diagnosticados. Não parece haver susceptibilidade de gé- sintetizadas pelo fígado em resposta a agressões antigénicas
nero ou raça. continuadas. São estas proteínas que sofrem a alteração de
conformação que as transformam na substância amilóide que
PATOGENIA é insolúvel e resistente a enzimas proteolíticas. As doenças
mais frequentemente associadas à amiloidose bovina são: tu-
A acumulação da substância amilóide exerce berculose, paratuberculose, neoplasias, pneumonias crónicas
compressão que conduz à insuficiência do órgão. com formação de abcessos, abcessos hepáticos e peritoneais.
A amiloidose mais frequente em bovinos é do tipo secundá- O órgão mais comumente afectado é o rim, seguido do fíga-
ria, ou reactiva, e está relacionada com uma resposta inflama- do, baço e músculo. Na amiloidose renal deixa de haver capa-
tória crónica ou presença de neoplasias. As proteínas de fase cidade de reter as proteínas plasmáticas e reabsorver iões.
aguda (principalmente a proteína soro-amilóide ou SAA) são Também há perda de proteína para o lúmen intestinal.
LESÕES Joidose renal. A análise sanguínea mostra valores bai-
xos de cálcio e elevados de fibrinogénio, creatinina e
Órgãos infiltrados estão hipertrofiados.
ureia. Coloração específica (iodo, Vermelho do Congo)
Rins hipertrofiados, de cor clara e ligeiramente brilhante. de material recolhido pós-morte ou de biópsia do rim
Fígado e baço aumentados de volume. Paredes do intesti- ou fígado. DD com paratuberculose, carências alimen-
no e mesentério edemaciados. Hidroperitoneu e hidroperi- tares, pielonefrite, nefroses e outros tipos de glomeru-
cardio. Por vezes ainda são evidentes as lesões da doença lonefrites.
inflamatória crónica - abcessos, mastite crónica etc. ..
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
DIAGNÓSTICO
Aprevenção passa pelo tratamento adequado de
No campo o diagnóstico diferencial com doenças que tendem para a cronicidade.
paratuberculose não é fácil, baseando-se na
Não exi ste tratamento para a amiloidose devendo os ani-
demonstração de proteinuria no caso da amiloidose.
mais afectados ser eutanasiados.
Bovino adulto com proteinuria persistente e hiperglo-
bulinémia deve ser suspeito de estar a fazer uma ami-
Parasitismo grave (e.g. Osterta- Ver respectivas doenças Ver respectivas doenças
gia, Fascfola).
Hepatite e hepatose. Hipoalbu- Dor abdominal (direita, dorso-craneal), icterí- Depende da causa. Prognóstico reservado.
minem la por falta de produção eia, anemia, diarreia, Anorexia. Hepatomega-
lia (ecografia)
Peritonite crónica. Perda de ai- Dor abdominal, cifose, fezes escassas. Ascite. Cirurgia - lavagem peritoneal. Antibiotera-
bumina para a cavidade perito- Líquido à abdominocentese. pia.
neal
Dificuldade de circulação de re- Jugular distendida, timpanismo, dor, disfagia, Tratamento da causa primária: cirurgia, anti-
torno: obstrução à entrada do respiração ruidosa .Tumefacções e sinais rela- bioterapia, AINEs ...
peito (e.g. abcessos, neoplasias cionados com causa primária.
do timo e tiróide, bócio) ...
ETIOLOGIA PATOGENIA
Certas estirpes de Coronavirus bovino. Imunidade após infecção persiste por um ou dois
Há semelhanças com co ronavírus da diarreia neo-natal (v.)
anos.
e com aquele envolvido na doença respiratória bovina (v,), Doença extremamente contagiosa (contaminação feca l-
mas a imunidade cruzada não foi confirmada. oral). Período de incubação de 2 a 8 dias. Vírus destrói células
das criptas intestinais resultando hemorragias e necrose.
LESÕES
Surge na forma de surtos explosivos.
Lesões de enterocolite - edema, congestão
Doença cosmopolita com características epizoóticas
e hemorragia.
que surge essencialmente nos meses frios em exp lora-
ções intensivas de leite. Afecta quase 100% do efectivo Nalguns casos pode haver congestão da mucosa traqueal.
adulto, principalmente se a manada nunca co ntactou
com o vírus Duração da doença individual não é mais
que 3-4 dias, mas o surto pode afectar a exploração du-
DIAGNÓSTICO
rante mais de uma semana causando fortes prejuízos. A Testes para antigénio de Coronavirus nas diarreias
mortalidade é quase nula. Muito raro em vacadas de neo-natais são igualmente positivos nos casos de
carne. Disenteria de Inverno (DI).
Vírus pode ser introduzido na exploração através de fomites Nenhuma outra doença de bovinos apresenta o quadro clí-
(e.g. botas de visitantes) ou animais comprados. nico e características epidemiológicas da DI. Confirmação
SINAIS CLiNICOS por testes ELISA ou PCR. Aumento da titulação de anticor-
pos entre o início e a fase de convalescença. Nos casos me-
Diarreia com sangue vivo por vezes na forma
nos típicos o diagnóstico diferencial deve incluir coccidiose,
de coágulos.
salmonelose, BVD e intoxicação alimentar (e.g. plantas).
Afecta poucos animais a cada momento, mas percorre
a manada quase toda. A gravidade dos sinais varia
muito, sendo normalmente de maior intensidade nas TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
c,vacas recém-paridas. Enquanto nalgumas vacas ape- Não há tratamento.
nas se detectam fezes mais escuras e fluidas noutras
Qualquer acção terapêutica apenas irá aumentar o prejuízo
as fezes são líquidas e completamente vermelhas com
causado pela doença, sendo apenas aconselhável vigiar os
inúmeros coágulos de sangue. A quebra de produção
animais doentes e fazer fluidoterapia nos casos muito graves.
de leite é dramática (mais de 50%) e abrupta.
Muito difícil de controlar. Regras básicas de segurança, no-
Cerca de 10% dos animais podem fazer hipertermia
meadamente reduzindo entradas de pessoas e animais.
(>40°(). Sinais de desidratação são raros, assim como
Uso de pedilúvios. Subsistem dúvidas sobre se a vacina de
de anemia e doença respiratória (e.g. tosse).
mãe contra coronavírus neonatal, tem algum efeito.
EPIDEMIOLOGIA
Nas vacas leiteiras ocorre essencialmente no período
do peri-parto.
Éuma doença esporádica (<1 %), mas que pode surgir na for-
ma epidémica quando certos factores concorrem para isso.
Observámos vários casos num curto espaço de tempo numa
exploração onde se estava a proceder a trabalhos de renova-
ção e ampliação do pavilhão. A associação que muitas vezes
se encontra com outras doenças (e.g. pneumonias), mau ma-
neio e parto, sugere influência do stress/hormonas. Há mais
úlceras em vitelos que mostram medo do tratador. Vitelos
para a produção de "veal meat" apresentam mais úlceras nas
SINAIS CLÍNICOS
explorações onde o bem-estar não está assegurado (e.g. frio,
pouco espaço e camas de pior qualidade). Outros factores Sangue nas fezes pode ser oculto e por isso a sua
correlacionados são poucas refeições com grande quantida- aparente ausência não elimina hipótese de úlcera
de de leite e palha como forragem. Em feed-lots os novilhos não perfurada.
(bullers) permanentemente escorraçados apresentam maior Alguns animais fazem úlceras com sinais mínimos (só
número de úlceras do que os coabitantes. detectadas no matadouro ou na necropsia). As úlceras
hemorrágicas provocam melena (fezes pretas e malchei-
rosas), dor abdominal anterior direita, acumulação de lí-
PATOGENIA
quido no abomaso (som de líquido à sucussão), anemia,
Acesso de hidrogeniões e enzimas gástricos taquicardia, quebra de produção e depressão. Hemorra-
à mucosa desprotegida parece estar na génese gias agudas e extensas podem causar a morte ainda an-
da maioria das úlceras. tes do sangue ser evidente nas fezes. Vitelos com úlceras
Sugerimos a classificação em 4 tipos: múltiplas têm crescimento retardado, mau pêlo, indiges-
tão por vezes com timpanismo abomasal e "chocalhar"
• Tipo 1/Erosões múltiplas - 1Oa 100 pequenas úlceras es-
de líquido no abomaso. Muitas vezes mostram dor à pal-
palhadas pela mucosa. Quase sempre associadas a outras
pação profunda da zona do abomaso. Uma sequela fre-
doenças (e.g. metrites, mastites).
quente das erosões gástricas é uma gastrite crónica.
• Tipo 2/Úlcera hemorrágica - Profundas, causam hemor-
Os sinais clínicos de úlceras perfuradas com peritonite
ragia significativa e estenose do piloro. Geralmente rela-
encontram-se descritos sob o título de "Abdómen agudo''.
cionadas com o parto de vacas leiteiras.
• Tipo 3/Leucose bovina - relacionadas com linfossarcomas.
• Tipo 4/perfuradas - com peritonite localizada ou difusa (v.) los por vezes encontram-se tricobezoares (relacionados
com úlceras?) e matéria vegetal grosseira por digerir.
LESÕES
Podem existir uma única ou múltiplas pequenas DIAGNÓSTICO
úlceras bem visíveis na parede do abomaso. Os sinais clínicos e anamnese (parto ou factor
As úlceras são mais frequentes na zona fundica do aboma-
de stress recente) são muitas vezes suficientes.
so nas vacas e na zona pilórica em vitelos. Pode haver con- A análise sanguínea mostra anemia regenerativa. Para casos
gestão da serosa abomasal e úlceras do duodeno. Em vite- de sangue oculto são necessários exames laboratoriais.
DD com jejunite hemorrágica e outras clostridioses, BVD-
MD, coccidiose, salmonelose e abomasites idiopáticas de
vitelos (e.g. leite de má qualidade). SVCP (v.) pode dar mele-
na por ingestão do sangue com origem pulmonar.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
A maioria não precisa de tratamento excepto
mudança de maneio e dieta: isolamento para
enfermaria, boa cama e feno de qualidade.
Tentar manter a vaca a comer porque a salivação e passa-
gem de conteúdo ruminai para o abomaso tem efeito tam-
pão. Entubar e dar 10-20 litros de solução electrolítica mor-
na a que se pode acrescentar antiácidos (ver abaixo).
ETIOLOGIA
SINAIS CLiNICOS
Factores etiológicos ainda não completamente
esclarecidos. A JH caracteriza-se por sinais de obstrução
intestinal, melena e toxémia.
O único agente recuperado com consistência das lesões de
Jejunite Hemorrágica (JH) tem sido Clostridium perfringens Os primeiros sinais são: inapetência, depressão e que-
A. É sugerido que as estirpes causadoras de JH sejam pro- bra de produção. Segue-se sinais de toxémia (prostra-
dutoras da toxina ~-2 conjuntamente com as habituais en- ção, taquicardia, vasos da esclera engorgitados), sinais
terotoxina e toxina a. de dor abdominal, atonia ruminai, timpanismo, hipoter-
mia e enoftalmia. A acumulação de líquido no aboma-
so pode conduzir a uma dilatação deste compartimen-
EPIDEMIOLOGIA to gástrico sendo então evidente o "chocalhar" de
líquido após sucussão (ballotment), mas não é audível
Doença esporádica mas emergente, muito
som metálico ("ping''). O perfil abdominal em papp/e
provavelmente relacionada com a intensificação da
assemelha-se ao da indigestão vagai. Numa fase inicial
alimentação de vacas leiteiras
é possível detectar coágulos de sangue nas fezes, mas
É sugerido que actualmente a JH seja responsável por cerca com o evoluir da doença as fezes passam a cor preta e
de 1 a 2% das mortes de vacas leiteiras. São muito raras as apresentam muco, falsas membranas e um cheiro nau-
descrições da doença em vacas de carne. Mortalidade é seabundo. As mucosas vão ficando mais pálidas. A mor-
próxima dos 90% (1 em 8 no caso de tratamento médico e te pode ocorrer ao fim de horas ou de poucos dias.
9 em 13 no caso do tratamento cirúrgico).
Pode ocorrer morte súbita sem quaisquer sinais ex-
cepto recente quebra de produção leiteira.
PATOGENIA
O desenvolvimento bacteriano é favorecido pela
chegada ao intestino de grandes quantidades (e.g. abomaso cheio). Hidra ou pneumoperitoneu (por ve-
de carbohidratos e proteínas por digerir. zes com fibrina). Lesões típicas de toxémia - petéquias nas
A evolução, sinais e lesões são muito típicas de infecções por serosas e mucosas.
Clostridium, tanto em bovinos como noutras espécies. No en-
tanto, o facto de não se ter conseguido reproduzir a doença
DIAGNÓSTICO
através da inoculação das toxinas no ID de vacas, sugere que há
a necessidade de conjugação de uma série de factores. São As fezes mais avermelhadas do que pretas permitem
considerados factores de risco: excesso de carbohidratos facil- distinguir da úlcera de abomaso que apresenta um
mente fermentescíveis ou pouca fibra na dieta; alimento ensila- quadro clínico muito semelhante.
do de fraca qualidade com esporos de Clostridium e/ou as suas As alterações sanguíneas são típicas de uma obstrução do
toxinas; motilidade alterada conduzindo a estase intestinal; imu- TGI alta - aumento do hematócrito (que se pode tornar me-
nodepressão consequente ao parto e à alta produção leiteira. nos evidente com a evolução da anemia), hiponatrémia,
hipoclorémia e hipocalémia. Numa primeira fase há alcalo-
se que é rapidamente substituída por acidose metabólica.
LESÕES Há leucopenia com neutropenia (degenerescência dos
Lúmen do jejuno e íleo completamente cheio neutrófilos).
de coágulos compactos é patognomónico da JH. O DD deve incluir úlcera do abomaso, obstrução, volvo ou
invaginação intestinal, torção do abomaso, BVD-MD, salmo-
nelose e enterotoxémia.
ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Existem mais de 2.400 serovars de Salmonel/a
enterica. Diarreia com sangue, muco e falsas
membranas.
Bactéria Gram-negativa. Subtipos mais importantes em bo-
vinos são: 5almonella dublin (infecta essencialmente bovi- Pode ocorrer morte súbita na fase septicémica. A doen-
nos) e 5. typhimurium (bovinos, homem e uma série de ou- ça aguda caracteriza-se por diarreia ou disenteria, febre
tros mamíferos). Temos identificado 5. enteritidis em (>40,SoC), depressão, ataxia e letargia, prostração, abdó-
explorações em que aves de capoeira têm acesso aos par- men agudo (e.g. pontapear o abdómen) e sinais de de-
ques dos bovinos. sidratação severa. Fezes malcheirosas. Alguns vitelos
fazem pneumonia, meningite ou artrite. Animais que
sobrevivem à fase aguda mostram sinais de caquexia e
EPIDEMIOLOGIA hiperqueratinização e gangrena das extremidades.
Zoonose de elevada importância. Infecções clínicas em vacas no final da gestação con-
Infecções por salmonela em animais de produção são uma duzem a aborto seguido de metrite (infecção por 5.
potencial ameaça para Saúde Pública, assim como fonte de dublin pode causar aborto sem outros sinais).
bactérias multiresistentes a antibióticos. Serovars de salmo-
nela são relativamente resistente no ambiente. As infecções
são mais prováveis no tempo frio. Os animais jovens (<6 me-
ses) são mais frequentemente afectados, assim como vacas LESÕES
adultas recém-paridas, após cirurgia ou afectadas por doen- Enterite fibrinosa - mucosa coberta por uma
ças metabólicas (e.g. cetose). Há sinergismo com vírus BVD. camada amarelada de fibrina.
As possíveis fontes de Salmonela são: matérias alimentares, As lesões podem variar com estirpe e com o éstado evolutivo
água, estrume, visitantes, outros animais domésticos e sel- da doença. Nos casos hiperagudos apenas são visíveis os sinais
vagens (incluindo roedores, aves de capoeira e pombos), de septicémia fulminante (e.g. CID, petéquias). Casos agudos
para além de bovinos entrados na exploração. mostram serosa intestinal congestionada; mucosa intestinal
congestionada, hemorrágica ou coberta porfibrina; linfonodos
mesentéricos edemaciados e hipertrofiados; úlceras no abo-
PATOGENIA maso e duodeno; hidroperitoneu com fibrina abundante; pe-
Muitos animais adultos funcionam como portadores, téquias nas serosas; hepatomegalia - fígado amarelo e enfarta-
excretando a bactéria de forma intermitente. do; vesícula biliar edemaciada e ulcerada. Lesões pulmonares.
Salmonelas são parasitas intracelulares facultativos capazes Os animais que morrem na fase de convale?!=ença mostram
de escapar ao efeito dos anticorpos mantendo-se e disse- fibrina abundante no intestino e peritoneu, gangrena das
minando-se pelo corpo no interior dos leucócitos. extremidades, pele espessada (e.g. orelhas), artrites e hepa-
tização do pulmão.
A infecção é essencialmente por via oral com invasão a par-
tir da mucosa intestinal. Num animal susceptível há uma
fase curta de septicémia com subsequente infecção dos DIAGNÓSTICO
linfonodos, fígado, baço, vesícula biliar etc. .. Sinais clínicos
podem apenas ser evidentes 3 a 7 dias após entrada da Isolamento do agente é fácil mas não a tipificação.
bactéria. A mortalidade pode atingir mais de 80% dos vite-
Pedir sempre TSA.
los infectados. Os animais aparentemente curados podem Os sinais clínicos e epidemiológicos (doença fulminante
funcionar como portadores. Em vacas adultas a infecção do com elevada morbilidade) são característicos. Leucopenia e
feto e placenta causa frequentemente aborto. neutropenia. Enviar para histopatologia intestino, fígado e
forma aguda quando se administra corticosteróides, o que animais saudáveis também os excretam (e.g. espécies não
demonstra o papel de factores de stress na etiopatogenia patogénicas). Também é possível encontrar ausência de
da doença. Não se conhece a patogenia da forma nervosa oocistos em animais doentes porque a excreção é transitó-
(toxina?). Enterite bacteriana muitas vezes complica os ca- ria. No entanto, contagem de >5.000 oocistos/g de fezes é
sos de coccidiose. considerado diagnóstico positivo.
Indigestão simples (e.g. transição Grande volume de fezes viscosas ou mesmo Resolução espontânea. Dieta com feno.
alimentar demasiado rápida, in- líquidas. Inapetência parcial. Hipotonia rumi-
Fazer transições graduais. Garantir qualidade
gestão de grandes quantidades de nal e ligeiro timpani smo gasoso. Poucos ou-
das matérias-primas.
silagem, alimentos estragados ... ) tros sinais.
Micotoxinas (e.g. aflotoxina e Detecção no leite. Depende do fungo: diar- Mudar matérias-primas. Adsorventes de toxi-
outras) - alimentos mal conser- reia, tenesmo, aborto, infertilidade, sinais nas no alimento. Antifúngicos.
vados. nervosos ...
Leites de substituição de má qua- Vitelos com diarreia crónica e perda de peso Mudança para leite de vaca.
!idade {e.g. proteína vegetal). apesar de manterem apetite.
Alergias e reacções anafilácticas. História mostra exposição recente ao alérgeno. Anti-histamínicos. Remoção da causa.
Fármacos - vacinas, desparasi- Perda de apetite, diarreia profusa, reacções
tantes, próprio leite (v.). cutâneas, depressão, prostração. Morte súbita.
Ingestão de areia, gravilha, pe- Picacismo (e.g, areia das camas) ou incluído Ruminotomia ou abomasotomia. Remoção
dras nas silagens Diarreia crónica com presença da causa. Rever nutrição mineral.
de areia ou pedras nas fezes, emagrecimento
sem causa aparente.
Excesso de molibdeno 7 carên- Diarreia crónica, magreza, fraqueza, pêlo Suplementação com cobre 10 mg/kg pv.
eia em cobre. acastanhado especialmente em volta dos Mudança de pastagens.
olhos. lncoordenação. An em ia. Cu sang uí-
neo < 50 mg/dl.
Pastagens com erva jovem Pri mavera. Diarreia verde às vezes muito lí- Fornece r fe no ou pa lha.
quida sem outros sina is ou perda de cond i-
ção corpora l.
Peste Bovina (Morbillivirus) Doença exótica. Lesões orais. Elevada morta- Sem tratamento.
!idade. Erradicada do mundo?
Outras doenças com diarreia descritas noutros capítulos - Febre Catarral Maligna, Enterotoxemia, intoxicação por plantas ou
minerais.
ABDÓMEN AGUDO• ALTERAÇÃO DO PERFIL ABDOMINAL
A expressão Abdómen Agudo engloba qualquer processo grupo se deve seguir sempre ao diagnóstico de situações
patológico com origem na cavidade abdominal, de evolu- como meteorismo espumoso, urolitíase ou acidose ruminai
ção aguda ou hiperaguda e apresentando sinais evidentes aguda.
de dor abdominal (ver descrição no Exame Clínico). Na se- Nas doenças com abdómen agudo as lesões rapidamen-
lecção que se segue incluem-se também algumas doenças te se tornam irreversíveis e por isso o diagnóstico etioló-
que se caracterizam por alteração do perfil abdominal, por- gico é crucial. No entanto, tal não se releva habitualmen-
que fazem parte do diagnóstico diferencial apesar dos si- te fácil porque os sinais são inespecíficos e a dor visceral
nais de dor poderem ser mais discretos. As doenças condu- é difusa e indefinida. A laparotomia exploratória é fre-
centes a abdómen agudo têm sede no sistema quentemente uma excelente opção em caso de dúvidas
gastrointestinal, urinário ou reprodutivo, sendo que as situ- devido à escassez de meios complementares de diag-
ações referentes a este último estão descritas no capítulo 4. nóstico e à relativa benignidade desta intervenção em
Certas doenças de outros departamentos podem apresen- bovinos. Todavia, devido à rapidez da evolução, a primei-
tar sinais clínicos muito semelhantes aos encontrados em ra abordagem deve ser no sentido de se estabilizar o pa-
casos de abdómen agudo (e.g. laminite aguda) e devem ser ciente, mesmo que à custa de um mais adequado exame
prontamente distinguidas. clínico.
Quase todas as situações de abdómen agudo afectam ape- O diagnóstico precoce é essencial também porque estas
nas um animal ou um pequeno grupo de animais, o que são algumas das situações que causam maior sofrimento
não quer dizer que a doença não possa existir numa outra em clínica de bovinos, sendo que a eutanásia deve ser con-
fase da evolução ou numa forma mais discreta nos restan- siderada desde cedo, principalmente em animais de baixo
tes membros do efectivo. É a razão porque um exame do valor comercial.
ETIOLOGIA
O deslocamento de abomaso à direita (DAD)
resulta de uma hipomotilidade gástrica,
com grande acumulação de gás, com etiologia
multifactorial ainda mal conhecida.
A torção ou volvo do abomaso (VA) é consequência directa
mas não obrigatória do DAD. A mecãnica da torção é com-
plexa fazendo-se em dois eixos simultaneamente - longitu-
dinal, em que a zona pilqrica avança cranialmente e trans-
versa l, em que o órgão roda sobre si mesmo. O resultado
final pode ser uma torção no sentido lateral (ou costal) ou
medial.
Foi sugerida a relação do DAD com indigestão vagai tipo Ili (v).
Após resolução do VA alguns animais voltam a deixar de Quadro clínico com auscultação de um ping muito
comer após um curto tempo de recuperação. Pensa-se que nítido debaixo das últimas costelas é muitas vezes
isto se deva a lesões que ocorreram no nervo vago e que suficiente para o diagnóstico.
conduzem a uma indigestão. É uma situação irreversível Éessencial diferenciar DAD de VA, sendo a laparotomia justi-
que por vezes é confundida com uma peritonite pós- ficável em caso de dúvida. Os exames complementares são
-operatória, e que justifica a eutanásia. muito úteis para se avançar com um prognóstico, especial-
mente se houver necessidade de intervenção cirúrgica. As
LESÕES alterações sanguíneas são as de uma obstrução GI alta com
stress/desconforto - hemoconcentração, alcalose, hipoclo-
Abomaso com enormes quantidades de gás e líquido. rémia, hipocalémia e leucocitose com inve,rsão do ratio neu-
No DAD a morte não é provável, mas a acontecer a única trófilos/linfócitos. A análise de urina mostra cetonúria e aci-
lesão visível é a grande curvatura do abomaso numa locali- dúria paradoxal na fase inicial da doença (DAD) evoluindo
Estão descritos alguns resultados positivos com o uso de beta- Devido ao facto de não se conhecer bem os factores deter-
necol (0,08mg/kg; SC; trid durante 2 dias), betanecol associado minantes ou predisponentes de DAD, não há forma garan-
a metoclopramina (0,07mg/kg e 0,1 mg/kg; SC; trid durante 2 tida de o prevenir. As intervenções possíveis são as mesmas
dias) e eritromicina (1 Omg/kg; IM; bid), em vitelos com DA do DAE (v.)
EPIDEMIOLOGIA
O volvo abomasal (v.) é a forma mais comum de
obstrução em bovinos, seguido da intuscepção
intestinal.
São mais comuns em animais jovens ta lvez porque o in-
testino apresenta maior mobilidade, e o omento e me-
sentério é menos estável e espesso. A compressão extra-
-luminal é mais frequente em animais adultos. Em
obstruções físicas completas não tratadas a mortalidade
é de 100%.
PATOGENIA acidose por hipoxia dos tecidos (choque). Todas estas alte-
rações são mais graves e ocorrem mais rapidamente quan-
Todas as formas de obstrução são acidentes
to mais proximal for a obstrução. Pode haver hipermotilida-
imprevisíveis.
de espasmódica a montante da lesão (tentativa do
A estase do conteúdo cranialmente evita a absorção de organismo resolver a situação) o que pode causar aumento
água e electrólitos e causa mesmo o refluxo para o rúmen. de borborigmos e cólicas. O comprometimento vascular,
A retenção de CI· e W leva a ocorrência de alcalose meta- que ocorre na maioria das situações, conduz a congestão,
bólica que em fases avançadas da doença pode dar lugar a hemorragias e necrose de porções variáveis, a que se suce-
cas, desidratação, alteração do perfil abdominal direito e abdómen ou ecografia em animais jovens). Em todos os
alteração do aspecto das fezes. casos será possível palpar ansas vazias e ansas cheias de
fluido e gás. A palpação rectal quase sempre provoca dor
Sinais de cólicas: olhar e pontapear o abdómen, decúbi-
com gemidos e tenesmo. Na dilatação/torção do ceco o
to lateral com membros posteriores esticados, deitar e órgão é imediatamente palpado como um víscera tensa
levantar repetidamente, bruxismo e gemidos. Raramen- ocupando todo o hemisfério direito. Na intuscepção e
te há agressividade. Os sinais de dor abdominal são mais
volvo intestinal palpa-se no abdómen ventral direito
óbvios em jovens e em casos de torções/volvas. Nos uma massa pouco móvel. As neoplasias podem ser sen-
adultos os sinais são mais subtis (nada parecidos com os
tidas como múltiplos pequenos nódulos no mesentério
encontrados em cavalos com cólicas) e exigem observa- (em rosário) e ao longo das ansas intestinais. A necrose
ção cuidadosa e prolongada. Sinais de dor mais discretos
da gordura diferencia-se por serem de grande dimensão
NÃO correspondem a situações menos graves.
e muito móveis.
Sinais de desidratação: enoftalmia, hipotermia, extremi-
Em casos avançados surgem sinais de toxémia com ta-
dades frias, mucosas secas e persistência da prega de
quicardia, vasos da esclera engorgitados, taquipneia, fra-
pele (>2 s).
queza muscular, prostração e morte rápida.
O aspecto das fezes vai mudando à medida que a doen-
A abdominocentese apresenta muito fluido com proteí-
ça evolui: primeiro são normais (por vezes mais moles) e
na, células, sangue e, eventualmente, ingesta, mas aten-
escassas, podendo ser necessário palpação rectal para as
ção à elevada possibilidade de enterocentese. A ecogra-
obter; segue-se uma fase de fezes duras e moldadas, tipo
fia é útil em animais jovens permitindo evidenciar ansas
fezes de cavalo; depois surgem cobertas de muco e san-
com gás ou líquido enquanto outras estão vazias. A lapa-
gue digerido (não melena); finalmente passam a ser
roscopia permite diagnóstico imediato, mas a sua utiliza-
constituídas exclusivamente por muco, falsas membra-
ção no campo é pouco provável.
nas e coágulos de sangue escuro (aspecto "doce de mo-
rango"). Pode haver tenesmo. A laparotomia exploradora é altamente aconselhada em
casos de dúvidas e desde que o estado do animal ainda
A auscultação com sucussão do flanco direito revela som
seja estável ou facilmente estabilizado por fluidoterapia.
de marulho (bal/otment) mais ou menos generalizado. A
sucussão causa dor em caso de peritonite (v.). Aausculta- A morte pode ocorrer ao fim de poucas horas ou dias.
ção com percussão ouve-se som metálico (ping) apenas Todos estes sinais e a evolução são geralmente mais pro-
nos casos de dilatação/torção do ceco sendo que é ex- nunciados e rápidos em animais jovens e nas lesões pro-
clusivamente audível no cavado do flanco (ver diferença ximais.
para VA (v.)). Estado de acidose metabólica, desidratação > 12% e fre-
O perfil abdominal está alterado - o abdómen direito quência cardíaca acima dos 120 bpm são sinais de muito
está dilatado, desaparece o cavado do flanco ou está mau prognóstico.
LESOES
A detecção de pequenas obstruções em vacas
adultas requer um exame cuidadoso de todo o TGI.
Na torção de ceco este encontra-se cheio de gás e fluido, as
paredes estão congestionadas ou hemorrágicas e os vasos
engorgitados. O vo lvo ou invag inação são facilmente con-
firmados por observação. Na necrose da gordura encon -
tram-se múltiplas massas, por vezes do tamanho de uma
meloa, contidas no mesentério e omento. Ao corte têm o
aspecto de gordura. As neoplasias podem estar localizadas
no mesentério, peritoneu e parede intestinal.
DIAGNÓSTICO
Graus diferentes de desidratação, alcalose
metabólica, hipoclorémia e hipocalémia.
Os sinais clínicos são geralmente suficientes para se estabe-
lecer um diagnóstico e prognóstico quando é feito um exa-
me clínico detalhado. A localização exacta da obstrução é
mais difícil de se estabelecer, mas como quase todas as situ-
ações implicam cirurgia este pormenor pode ser esclareci-
do através da laparotomia.
O íleo paralítico normalmente resolve -se quando se elimi- Não há nenhuma atitude que previna completamente a
na a causa primária como, por exemplo, a dor. Se tal não ocorrência de obstruções intestinais. Evitar forragens muito
acontecer administrar, mantendo o animal sob apertada grosseiras em vitelos pode reduzir a incidência de fitobe-
vigilância, substâncias com acção procinética como meto- zoares. O íleo paralítico pode ser evitado com tratamento
clopramida (0,1 mg/kg, se, bid), betanecol (0,07 mg/kg, se, analgésico adequado em peritonites.
Algumas destas doenças (e.g. úlceras) são abordadas de for- Também devido à circunscrição da resposta inflamatória é
ma mais pormenorizada noutro local. possível concentrar o exame na zona do insulto - abdómen
SINAIS CLÍNICOS Após uma breve fase de fezes mais líquidas segue-seco-
prostase ou passagem de poucas fezes com muco. Há
A dor abdominal mais ou menos localizada
atonia ruminai com timpanismo, mas podem ser ouvi-
é a característica principal das peritonites.
dos borborigmos no lado direito. O som de marulho à
A exibição de dor por peritonite em bovinos deve ser auscultação com sucussão é muito raro.
alvo de um exame cuidado porque a lesão pode ser
Pode haver hipertermia na fase inicial da infecção, mas
muito localizada, os bovinos disfarçam bem sinais de
geralmente a temperatura rectal está dentro do intervalo
dor e a parede abdominal é espessa não permitindo
de referência ou mesmo um pouco abaixo. Há inapetên-
facilmente palpação profunda. Os sinais mais frequen-
cia total ou parcial.
temente exibidos são: respiração exclusivamente torá-
Nas peritonites crónicas há emagrecimento, anemia e
cica, cifose, pontapear ligeiramente o abdómen ou re-
picacismo.
sistência a executar certos movimentos (e.g. descidas
ingremes). Deve-se tentar incitar a dor através de pal- A palpação rectal é valiosa especialmente nas peritonites
pação profunda ou "teste do pau" - o animal geme (co- caudais sendo possível (nalguns casos) sentir o mesenté-
locar estetoscópio sobre a traqueia), pontapeia o ope- rio espessado e crepitação quando o braço avança. Por
rador ou tenta-se afastar dele e mantém-se em cifose vezes são palpadas aderências, mas que podem ser anti-
mesmo depois da pressão aliviada. A compressão so- gas e não relacionadas com a doença actual. Normal-
bre as vertebras dorsais provoca lordose em animais mente não há fezes na ampola rectal e a palpação pro-
sãos mas mais dificilmente em animais com dor abdo- move sinais de dor com tenesmo que se pode manter
minal. mesmo depois de retirado o braço.
A localização da origem da lesão pode ser averiguada Nos casos de peritonite difusa e extensa (geralmente por
através da resposta à palpação - no caso de reticuloperi- ruptura de órgão GI ou útero) pode ocorrer morte em
tonites a dor é maior junto ao apêndice xifóide ou à es- poucas horas ou choque séptico - depressão, prostra-
querda deste; no caso de úlceras perfuradas a resposta é ção, enoftalmia, taquicardia ... que podem inclusive
maior no lado direito (anterior); nas rupturas intestinais, mascarar sinais de dor abdominal.
cirurgias abdominais e após problemas obstétricos a dor As sequelas mais habituais das reticuloperitonites trau-
é maior na pressão do abdómen posterior direito ou na máticas (por penetração de corpo estranho perfurante)
palpação transrectal. são: a indigestão vagai (v.) e reticulopericardites (v.)
ETIOLOGIA
O gás produzido na fermentação microbiana fica
aprisionado na forma de pequenas bolhas muito
estáveis.
Considerado um tipo de timpanismo primário, em con-
traste com o timpanismo gasoso que é sempre secun-
dário a uma lesão ou doença.
EPIDEMIOLOGIA
A adaptação do bovino a pastagens potencialmente
causadoras de ME é possível (> 1semana).
1 '
Após entubação ou trocaterização de um quantidades de gás. Casos menos graves devem ser dife-
animal timpanizado, a saída de pouco ou renciados de indigestão vagai, acidose ruminai subclinica e
nenhum gás confirma a presença de espuma. indigestão simples. O DD de casos de morte súbita deve
incluir carbúnculo, acidose ruminai aguda e clostridioses.
O primeiro sinal é o de abaulamento do abdómen,
principalmente evidente no flanco esquerdo mas que
pode estender-se para o lado direito em casos extre- TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
mos. Há sinal de desconforto com o anima l irrequieto,
Administrar pelo trocater ou tubo esofágico
a pontapear o abdómen e gemer. A percussão com
compostos tensioactivos (250 a 500 mi), destinados
auscultação revela um som timpânico ou maciço, mas
a faci litar a coalescência das pequenas bolhas de gás
nunca metálico. Com a continuação da distensão os
e a sua eructação.
sinais de dor e dificuldade respiratória tornam-se mais
evidentes - gemidos a cada expiração, opistótonos, Qualqu er óleo mineral, surfactante ou emulsionante sintéti-
boca aberta com língua estendida, ptialismo e espu- co (por exemplo, um detergente) é útil no combate à for-
ma na boca. Há aumento da frequência respiratória e mação de espuma.
cardíaca, por vezes com sopro sistólico audível. Em casos hiperagudos deve ser efectuada ruminotomia de
O ME hiperag udo é caracterizado por morte súbita de urgência para extracção d espuma. Vo lta r a encher o rú-
vá rios animais a comer pasto rico em leguminosas. No rnen com água, feno de gram íneas, conteúdo ruminai de
ME de animais com alimentação concentrada, os si- um animal são e óleo mineral. Após trocaterização ou rumi-
nais clínicos são mais subtis sendo apenas evidente a notomia deixar cânula ou criar fístula artificial. Alterar ali-
excessiva convexidade do flanco esquerdo e um ema- mentação dos restantes animais da manada ou retirá-los da
grecimento prog ressivo. pastagem.
LESÕES
Congestão e hemorragias nas zonas periféricas do
abdómen permitem distinguir timpanismo que foi
causa de morte daquele que se produziu pós-morte.
O rúmen apresenta paredes tensas e conteúdo homogé-
neo e espumoso. Como na fase terminal da doença aguda
há regurgitação do conteúdo ruminai, pode haver espuma
nas narinas e traqueia.
DIAGNÓSTICO
O quadro clínico e conhecimento da dieta recente é
geralmente suficiente para o diagnóstico.
A capacidade de fazer uma prega de pele na zona do cava-
do do flanco esquerdo, dá uma ideia do grau de timpanis-
mo - se não for possível fazer prega a situação é preocu-
pante e exige intervenção imediata.
• Correcto maneio das pastagens de leguminosas, nomea- • Nas engordas e explorações leiteiras com dieta intensiva
damente obrigando os animais a comer a planta toda e não reduzir a percentagem de fibra efectiva para níveis
não só as folhas (e.g. cercar áreas pequenas). inferiores a 30-40%.
• Espalhar substâncias tensioactivas sobre pastos ou forragens
• Fazer consociações com gramíneas (50%).
perigosas. A monensina altera o tipo de fermentação redu-
• Introduzir gradualmente (poucas horas por dia) os ani- zindo os riscos de ME em feed-lots, mas o uso não terapêuti-
mais nas pastagens de risco. co destes antimicrobianos é actualmente proibido na UE.
ETIOLOGIA
Ingestão de grande quantidade de carbohidratos
facilmente fermentescíveis (e.g. cereais, concentrado).
A fermentação bacteriana rápida do amido dá origem a
uma redução drástica do pH ruminai(< S) por acumulação
de grandes quantidades de ácido láctico.
EPIDEMIOLOGIA
Em bovinos trata-se de uma situação acidental
geralmente associada ao acesso de animais jovens
a sacos de concentrado.
A situação é tão mais grave quanto maior for a quantidade
ingerida. O tipo de alimento também importa sendo que
grão partido (ou farinha) é mais perigoso do que grão intei-
ro e trigo mais perigoso do que milho.
Se o processo superar a capacidade homeostática de con-
trolo da acidose, há morte rápida. No caso dos animais so-
PATOGENIA breviventes pode seguir-se uma alcalose metabólica com-
O ácido láctico é fortemente osmótico, levando à pensadora.
passagem rápida de fluidos para o interior do tracto GI.
As alterações típicas da doença iniciam-se poucas horas LESÕES
após a ingestão do amido. Primeiro há desenvolvimento de
Streptococcus bovis com a já referida produção excessiva de Rúmen tenso cheio de gás e fluido com cheiro
ácido láctico e descida do pH. Daqui resulta a morte de ou-
adocicado.
tras populações de microorganismos, a passagem de mais Muitas vezes ainda se encontra no interior do rúmen os ce-
água para o interior do rúmen e a absorção de ácido dando reais ou ração por digerir. A mucosa do rúmen "descola" fa-
origem a acidémia. cilmente e por baixo nota-se hiperémia e congestão.
ETIOLOGIA PATOGENIA
A indigestão vagai (IV) caracteriza-se por uma A doença resulta de uma acção sobre as fibras no
disfuncionalidade do trânsito gástrico, nervo vago ou sobre os seus receptores na parede
tradicionalmente atribuída a lesões do nervo vago. do reticulo-rúmen.
Existem várias formas de indigestão vagai, tendo sido pro-
EPIDEMIOLOGIA posta a classificação em quatro tipos:
Doença mais comum em vacas leiteiras com história • Tipo 1- incapacidade de eructar gás produzido no rúmen.
de doença inflamatória abdominal anterior. Geralmente resulta de compressão no nervo vago por le-
Vitelos com história de pneumonia por vezes apresen- sões (e.g. abcessos, fibroses, neoplasias) encontradas a ní-
tam timpanismo crónico que poderá ser consequência vel do tórax ou cavidade abdominal.
de lesões do n. vago no seu trajecto mediastínico. A • Tipo li - estenose funcional proximal que compromete a
evolução pode ser aguda ou crónica e a mortalidade é passagem de ingesta através do orifício reticulo-omasal.
rara. Uma das principais causas das lesões nos receptores de
LESÕES
Rúmen cheio de conteúdo com partículas
muito pequenas homogeneamente distribuídas
(não há estratificação).
Dependendo do tipo de IV pode ainda ser evidente a acu-
mulação de material fibroso/seco no abomaso. A lesão
compressiva do n. vago nem sempre é evidente, mas geral-
mente são visíveis sinais de doença inflamatória abdominal
ou torácica com acumulação de fibrina ou abcessos.
SINAIS CLiNICOS
O perfil abdominal em L (papp/e) é típico da IV.
A IV é uma indigestão crónica cuja intensidade dos si-
nais varia muitíssimo. Há inapetência parcial, quebra
de produção, desidratação ligeira, timpanismo mode-
rado crónico e som de chocalhar à sucussão do abdó-
men esquerdo. Os sinais de dor abdominal são mode-
rados ou ausentes. A auscultação do rúmen mostra
tensão do n. vago, na parede do retículo, é a retículo-peri-
redução na frequência das contracções (no início
tonite traumática.
pode haver aumento, >4/min) e estas quando ocor-
• Tipo Ili - estenose funcional distal afectando esfíncter do rem não provocam o som característico porque o
piloro e conduzindo à impactação abomasal. Este fenó- conteúdo não tem material fibroso). A percussão dá
meno pode resultar de uma lesão do ramo ventral do n. origem a som submaciço e mais ou menos homogé-
vago (teoria clássica) ou da acumulação de material gros- neo em toda a área correspondente ao rúmen. As fe-
seiro, pouco digerido e seco no interior do abomaso que zes são escassas, pastosas e com material alimentar
inibe a abertura do piloro. É provavelmente o tipo de in- por digerir (e.g. milho, palha).
digestão que ocorre após correcção cirúrgica de volvo
O facto de haver compressão do n. vago pode justifi-
abomasal.
car a bradicardia que é comum em alguns animais e
• Tipo IV - indigestão indefinida e de patogenia mal por vezes ouve-se sopro cardíaco.
esclarecida, mas geralmente associada à gestação
Na palpação rectal sente-se o saco dorsal do rúmen
avançada.
cheio e ocupando todo o hemisfério esquerdo do ab-
Apesar de haver redução de ingestão alimentar nestes dómen. O saco ventral, igualmente cheio, estende-se
animais, o rúmen-reticulo está repleto porque há uma re- pelo lado direito. O conteúdo é homogéneo à palpa-
dução na passagem de conteúdo para o omaso. Numa ção não se conseguindo distinguir material grosseiro
primeira fase este facto poderá causar hipermotilidade ru- e fibroso.
minai (estímulo de receptores de baixa tensão), mas que é
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA
Obstrução do ureter, bexiga ou uretra por cálculos Formação de cálculos é mais frequente em animais
de grandes dimensões. alimentados com uma percentagem elevada de
Outras causas de obstrução, cujos sinais clínicos podem
fosfatos ou em pastagens ricas em oxalatos ou sílica.
assemelhar-se aos da urolitíase, são: compressão pelo útero A produção de cristais e cálculos (e.g. carbonato de cálcio,
sílica ou estruvite) ocorre em ambos os sexos e nas diversas
idades, mas porque o diâmetro da uretra de novilhos cas-
trados é significativamente menor do que a de machos in- habitualmente na flexura sigmóide da uretra. Por vezes
teiros, a obstrução é mais provável naqueles. A obstrução pode ocorrer obstrução a nível do orifício do prepúcio es-
das vias urinárias em fêmeas é muito rara. pecialmente em vitelos com fimose congénita.
Dietas com ratio Ca:P inferior a 1,5:1 favorecem a formação Com a evolução da obstrução desenvolve-se um estado de
de cálculos, assim como o pH alcalino da urina. A carência urémia pós-renal que atinge proporções letais no caso de
em água também é um factor de risco por aumentar a con- ruptura das vias urinárias. A pielonefrite e hidronefrose são
centração da urina. complicações frequentes da urolitíase obstrutiva parcial ou
quando apenas um dos ureteres está obstruído.
PATOGENIA
Obstruções podem ser parciais ou totais, de que LESÕES
depende a gravidade dos sinais. Presença de cálculos pequenos no rim, bexiga
Os cálculos ocorrem pela deposição de minerais em redor
ou uretra não deve ser considerado diagnóstico
de um centro orgânico (mucoproteína). A obstrução ocorre
de urolitíase só por si.
Muitas vezes há lesões de cistite. Na obstrução nota-se grande
acumulação de urina a montante com aumento do diâmetro
SINAIS CLÍNICOS da uretra, excepto se já houve ruptura. No caso de ruptura da
uretra há infiltração dos tecidos e no caso de ruptura da bexi-
Intensidade dossinais vai aumentando ga há fibrina e muito fluido no abdómen com cheiro caracte-
com o acumular de urina culminando rístico (se líquido for aquecido o cheiro é mais evidente).
em choque se houver ru ptura.
Os sinais que despertam primeiro a atenção são os
de depressão, isolamento, sinais de cólicas ligeiras DIAGNÓSTICO
(e.g. gemidos, bruxismo, pontapear, agitar frequen- É de esperar a presença de alguns cálculos
temente a cauda, irrequietude), andar estranho e na urina de vitelos de engorda alimentados
timpanismo moderado. Seguem-se sinais cada vez com concentrado.
mais evidentes de disúria (desconforto a urinar),
Se ainda houver passagem de urina esta revela numerosos
polaquiúria (urinar repetidas vezes) e incontinên-
eritrócitos, células epiteliais e agregação de cristais. A alga-
cia. Animal vocaliza quando tenta urinar. A pouca
liação em machos é muito limitada e normalmente não
urina que sai vem muitas vezes com sangue vivo.
atinge o cálculo, próxima à flexura sigmoide.
Em casos extremos pode haver imediatamente
anúria com sinais de cólicas intensas. A palpação Análise sanguínea revela hipocloremia e urémia (particular-
rectal mostra uretra e bexiga distendida, dor, pre- mente elevada se houver ruptura da bexiga), assim como
sença do cálculo e por vezes um pulsar na uretra níveis elevados de creatinina e potássio.
pélvica. Na extremidade do prepúcio sente-se uma
"areia" aderente aos pêlos ou visualizam-se peque-
nos cálculos.
TERAPÊUTICA E PREVENÇAO
Obstrução completa implica cirurgia
ou abate de urgência.
Pode ser tentada a dissolução dos cálculos que estejam a
causar obstruções intermitentes e parciais através da acidi-
ficação da urina (e.g. cloreto de amónio 2%), mas provavel-
mente não terá grande acção sobre cálculos de grandes
dimensões. Para libertação do cálculo podem ser adminis-
trados relaxantes musculares. NUNCA USAR XILAZINA devi-
do à sua forte acção diurética. Antibióticos combatem in-
fecções secundárias evitando inflamação que pode
estrangular mais as vias urinárias. Em caso de fimose au-
mentar abertura por cirurgia, lavar o prepúcio e fazer anti-
bioterapia.
Obstrução esofáglca por corpo estranho. Anamnese - acesso recente a batatas, laranjas, Relaxante muscular seguido
Megaesófago, normalmente de origem maçarocas .. .. Animal irrequieto, agitado, timpa- de tentativa de desobstru-
traumática. nismo rápido e severo, regurgitação regular de ção com sonda. Trocateriza-
enormes quantidades de saliva, dor abdomi- ção ruminai. Esofagostomia.
nal .. . Palpação algures no esófago do corpo es-
tranho.
Timpanismo gasoso idiopático (adultos). Tim pa nismo moderado recorrente. Inapetência Transfaunação. Ruminató-
Alteração da microflora ruminai, parcial. Fezes secas e escassas. rios. Antibioterapia oral. Ru-
fibropapiloma no cárdia, corpos estranhos minotomia.
intraruminais não perfurantes, placenta
Timpanismo gasoso idiopático (vitelos) Ti mpanismo crónico em vitelos <6 meses de Dependente da causa sus-
- ruminai drinkers (putrefacção e idade. Abaulamento do flanco esquerdo, ruído peita: mudar para leite de
fermentação de leite no rúmen); hipertrofia de líquido à sucussão esquerda, saída de gás na vaca; juntar sal ao leite para
do timo; palha grosseira acumulada no ruminocentese dorsal Animal magro apesar de estimula r fecho da goteira
rúmen; mistura de concentrado no leite e rúmen aparentemente cheio. Apetite normal ou esofágica; desmamar mais
outras causas indeterminadas. até voraz. cedo; oferecer feno de fácil
digestão
DD com deslocamento de abomaso à esquerda.
lmpactação ruminai - ingestão de grandes Abaulamento abdómen esquerdo, consistência Laxativos e fluidos por en-
quantidades de erva ou palha grosseira. dura à palpação e som maciço à auscultação tubação oral. Ruminotomia
Oferta de alimento pouco digestível a com percussão. Sinais de dor abdominal. Pode com retirada do conteúdo
animais com fome. ocorrer morte por insuficiência respiratória, Con- ruminai
teúdo desidratado.
Timpanismo abomasal idiopático e Vitelos 1-5 meses Difícil perceber qual é a vísce- Correcção de erros alimen-
abomasite em vitelos - soluções ra distendida - retirar ar do rúmen através de tares.
electrolíticas hipertónicas, tricobezoares ou sonda e reexaminar. Ruído de marulho à direita Fluidos via parenteral ou
palha grosseira no abomaso, falta de acesso quando se agita abdómen. Dor abdominal espe-
oral. Antibioterapia.
a água, carências (vit. E e vlt. A), refeições cialmente na palpação do abdómen ventral di-
volumosas a horários inconstantes. reito. Fezes diarreicas por vezes com sangue. Abomasotomia.
Infecções: 5. typhimurium, Sarcinia sp Depressão, magreza e desidratação.
ou C. perfringens A. Lesões do ramo ventral
Muitas vezes complicado por úlceras. Apresen-
do nervo vago.
tam alcalose com hipoclorémia.
lmpactação do omaso ou abomaso em Sinais de DAD sem ser audível "ping" - distensão Cirurgia com esvaziamento
adultos - dieta à base de forragens muito e dilatação abdominal direita ligeira, inapetência do abomaso Introduzir pa-
grosseiras. Corpos estranhos (e.g. areia). e depressão. Fezes secas e escassas. rafina ou óleo mineral. Mui-
tos fluidos ora is.
DD com indigestão vagai
Enterite hiperaguda idiopática Cólicas intensas em vitelos com cerca de 2-3 Antibioterapia e antiespas-
(não diarreia neo-natal). meses sem sinais de desidratação. Distensão ab- módicos ou AINEs, Fluido-
Causa desconhecida. dominal com som de marulho à sucussão. Fezes terapia.
moles e malcheirosas
Atresia coli (mais comum) e atresia ani , Defe ito co ng énito q ue p od e ir d e urna si mp les Cirurg ia com anasto rn o se
interrupçã o d o ll'.1111en até sepa rac;ão e afasta- d as extremida des em an i-
Hereditário?
1nento de d uas porções cio cólo n No p rim eiro m ais corn alto valor.
dia de vidd o apetite e co111por ta111ento são nor-
mais m as 11iio hêi exp ulsão do 1necó 11io. A p artir
cio 2.0 - :, . 0 d ia há distensão abd o m inal bilate ra l,
sinai s de dor i1 bdo111i11al intensd e prostração. A
desid rataç,io pod e não ser evidente, m as ao fi m
de 24 -48 ho ras o an ima l entra em choq ue e
m or re. Ecografi a. laparotom ia o u lap aroscopia
ajud am a co nfi rm ar d iag nóstico
Cistite (Infecção ascendente muitas vezes Raro em bovinos Disllria, po laqu il'.1ria, he111atl'.11i a A11tibioterapia - ce falos po-
por E. coli) . e i11continência Pil lpaçao t ra 11 srectal da bexiga rinas
- parede espessada e dor
Outras causas (v.) - torçào uteri11a, hidropisia, er1terotoxémia, carbúriculo hemático, tétano, hipocalcérnia. gastro-er1ter ites por plar1tas
tóxicas.
As lesões da boca são os principais sinais detectados em Lesão ligeiramente saliente e plana. Pseudo-membrana:
várias doenças porque a cavidade oral é frequentemente camada composta de fibrina, leucócitos e bactérias que co-
exposta a traumatismos, funcionando como porta-de- bre uma lesão mais ou menos extensa da mucosa. Geral-
-entrada e primeira localização de importantes infecções, e mente confere mau cheiro ao hálito. Pústula: Lesão bolho-
porque é uma mucosa onde se expressam sinais de várias sa contendo exsudado purulento. Úlcera: Perda profunda
doenças sistémicas. Para além disso a mucosa da cavidade da mucosa atingindo o tecido conjuntivo, consequente a
oral é uma das mais facilmente observadas. necrose de tecido infiamatório. Os bordos são elevados e a
zona central escavada. De difícil cicatrização. Vesícula: Le-
O tipo de lesões orais varia muito e o seu significado é geral-
são elevada, bem circunscrita com líquido no interior e com
mente muito específico. Daí a necessidade de se definirem
menos de 5 mm.
bem os termos normalmente usados na sua descrição.
A localização da lesão também é uma importante informa-
Afta: pequena lesão dolorosa que atinge o tecido conjunti-
ção para o diagnóstico, o que implica um exame metódico
vo e caracterizada por bordos bem delimitados avermelha-
e completo mesmo das zonas do pós-boca.
dos e zona central acinzentada. Geralmente são múltiplas;
Bolha: Lesão elevada com líquido no interior e com mais Os sinais comuns às várias doenças neste grupo são: ptialis-
de 5 mm de diâmetro. Crosta: Acumulação de exsudados e mo, dificuldade da preensão, mastigação ou deglutição, há-
tecidos necrosados ressequidos. Apenas presente nas zo- lito alterado e comportamentos orais anormais. Os animais
nas de transição com pele (e.g. comissura bocal e lábios). ruminantes por vezes deixam cair o bolo ruminai quando
Erosão: Lesão da camada superficial da mucosa (epitélio), este é regurgitado para mastigação, sendo encontrados es-
de origem traumática ou, mais frequentemente, após rup- palhados nos parques. Algumas situações não patológicas
tura de uma vesícula ou bolha. Nódulo: Lesão firme, eleva- (e.g. mudança de dentes) podem expressar temporariamen-
da e arredondada com mais de 5 mm de diâmetro. Placa: te alguns dos mesmos sinais.
ETIOLOGIA
Osteite/osteomielite causada pela bactéria Gram
positiva Actinomyces bovis
Bactéria comensal na cavidade bocal dos bovinos
EPIDEMIOLOGIA
Doença infecciosa mas não contagiosa.
Cosmopolita. Doença muito esporádica que pode surgir
na forma aparente de surto quando as condições de
maneio alimentar (alimento grosseiro) favorecem a in-
vasão da bactéria. Afecta mais frequentemente animais
adultos.
LESÕES ORAIS
PATOGENIA
Porta de entrada através de soluções
de continuidade na cavidade bocal.
Lesões ou erupção dos molares permitem penetração da
bactéria nos tecidos peribocais. Migração e infecção do osso
da maxila e/ou mandíbula causando lesão piogranulomato-
sa que acaba por supurar para o exterior. Infecta raramente
parede do rúmen, retículo e esófago (actinomicose ruminai).
LESÕES
A lesão óssea é a única evidente.
Osso rarefeito, abcessos com pus amarelado e extensa fi-
brose em redor das zonas infectadas. Na actinomicose ru-
minai encontram-se lesões granulomatosas com pus na
parede do esófago, goteira esofágica e retículo.
DIAGNÓSTICO
Quadro clínico da doença típica é patognomónico.
SINAIS CLÍNICOS Na fase inicial pode ser confundido com abcessos de outra
origem, infecção da raiz de um molar, actinobacilose, necro-
Lesão típica é indolor, dura e aderente ao osso.
bacilose oral, traumatismo, fractura ou neoplasia óssea. A
As localizações mais frequentes são na maxila abaixo forma digestiva deve ser diferenciada de retículo-peritonite,
do olho e no ramo horizontal ou no vértice da mandí- abcesso peritoneal, papiloma no cárdia e indigestão vagai.
bula. Inicia-se como uma tumefacção discreta que
não afecta apetite ou ruminação. Não causa hiperter-
mia. À medida que aumenta de dimensão torna-se TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
palpável. Ao fim de várias semanas supura um pus cre- Muitas vezes as lesões são detectadas tarde demais
me, com grânulos amarelados e sem cheiro. As lesões para um tratamento efectivo.
crónicas podem manter-se durante anos, fechando e
O tratamento antibiótico (penicilina, estreptomicina ou
supurando regularmente. As lesões antigas são preen-
oxitetraciclina) só será útil numa fase muito precoce.
chidas por tecido de granulação, por vezes exuberan-
te. As raízes dos dentes podem ser afectadas causan-
Curetagem e desbridamento cirúrgico em abcessos
únicos, mas a recuperação do animal é lenta. Lavagem
do dor intensa. Porque a preensão, deglutição e
dos abcessos com solução iodada. Iodeto de potássio
ruminação são afectadas, estes animais são pouco
oral (10 gr/ dia) ou iodeto de sódio (solução 10%;
produtivos e apresentam uma condição corporal mui-
1 ml/10kg) por via IV durante uma semana pode ser
to baixa. Se a maxila está afectada pode haver disp:
tentado em vacas valiosas, mas o sucesso é reduzido.
neia de esforço.
Atenção aos sinais de intoxicação por iodo e à possibi-
A actinomicose ruminai caracteriza-se por disfagia,
lidade de aborto.
timpanismo crónico e, diarreia com matéria alimentar
A prevenção faz-se essencialmente evitando alimentos de-
por digerir.
masiado grosseiros (e.g. palha de milho).
LESÕES ORAIS
ACTINOBACILOSE TUMEFACÇAO SUBMANDIBULAR • PTIALISMO
DISFAGIA • LfNGUA ESPESSADA
ETIOLOGIA
Actinobacillus /ignieresii é uma bactéria Gram
negativa comensal na boca e rúmen.
EPIDEMIOLOGIA
Doença infecciosa e não contagiosa.
Casos esporádicos, excepto se condições ambientais favo-
recerem o desenvolvimento de lesões orais (e.g. ingestão
de material grosseiro). Assistimos a um grande número de
casos em vacarias com camas de "mato" que incluía urze,
silvas etc ...
PATOGENIA
Penetração da bactéria através de lesões na língua
e gengivas.
A grave inflamação granulomatosa que provoca na língua jus-
tifica o nome pelo qual a doença também é conhecida - lín-
gua de pau. Há necrose dos tecido s com formação de pus e DIAGNÓSTICO
falsas membranas. Bactéria que pode infectar feridas cutâneas.
Quadro e história clínica são geralmente suficientes.
Zaragatoa para cultura do agente. DD com necrobacilose e
LESÕES difteria oral, co rpos estranhos espetados na língua (e.g.
Língua inflamada ou atrofiada. Linfonodos arame), traumatismos iatrogénicos (e.g. garrafadas), lesão
com lesões granulomatosas. de dentição.
SINAIS CLÍNICOS
Comportamento inicial semelhante a um caso
de corpo estranho na boca.
Nas primeiras 48 horas a língua está muito inflamada
havendo dificuldade na preensão dos alimentos. Há
ptialismo e, por vezes, perda de ingesta quando ini-
ciam a ruminação. Língua dura (fibrose) e dorida à pal-
pação. Úlceras e falsas membranas na face dorsal e
ventral da língua. Quebra de produção e depressão,
mas normalmente não há febre. Linfonodos subman-
dibulares e parotídeos hipertrofiados.
LESÕES ORAIS
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Tratamento IV com iodetos, sulfamidas
ou oxitetraciclina.
Tratamento igual ao proposto para a actinomicose oferece Não usar material potencialmente traumatizante como ca-
resultados bastante mais satisfatórios. Lavagens da boca mas, nem fibra demasiado grosseira como alimento.
com soluções iodadas.
ETIOLOGIA
Infecção pela bactéria anaeróbica Fusobacterium
necrophorum
A bactéria é um habitante natural do tracto digestivo de
ruminantes e saprófita no ambiente.
PATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA
Lesões na boca (estomatite necrótica ou
necrobacilose oral) ou na faringe/laringe (difteria).
Éuma doença relativamente comum em vitelos de vacarias de
leite, com menos de 2 meses (estomatite) ou até aos 12 meses
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais na difteria são mais severos.
Na estomatite os vitelos mostram disfagia discreta e
(difteria). A porta de entrada são lesões da mucosa, muito fre-
temporária, muitas vezes imperceptível. O exame mais
quentemente devido à erupção de dentes. Não é contagiosa.
cuidado mostra úlcera nas gengivas ou face lateral da
língua, mais ou menos profunda e cheia de material ne-
crótico malcheiroso. O mais comum é detectar-se os
LESÕES
animais na fase mais avançada com uma tumefacção
pouco dolorosa na gengiva, palpável do exterior. Este Laringite e faringite com falsas membranas no caso
abcesso pode supurar, por vezes para o interior da boca. da difteria.
Nos casos de difteria os vitelos mostram dispneia, febre (400C-
-4 loC), inapetência e depressão, sendo muitas vezes conftm- DIAGNÓSTICO
didos pelos proprietários com casos de pneumonia devido
Observação das lesões, o cheiro e cultura
ao ruído produzido durante a respiração. O hálito é fétido
do microorganismo a partir de zaragatoas.
e a palpação da laringe causa dor. O exame do pós-boca
permite identificar falsas membranas e tecido necrosado. DD com estomatite papulosa, corpo estranho, lesões causa-
das por tubo esofágico, erupção de dentes, abcessos e fractu-
LESÕES ORAIS
ras. No caso da difteria deve-se fazer o DD com actinobacilose,
doença respiratória, reacção anafiláctica, IBR, BRSV e BVD-MD.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
A penicilina é o antibiótico de eleição.
Muitas estomatites curam espontaneamente. Lavagem da
cavidade bocal com anti-sépticos. Lancetar abcesso no
caso de afectar alimentação.
ETIOLOGIA
Causada por um parapoxvirus (pPV) da família
poxviridae.
A estirpe normalmente isolada é pPV tipo 1, parente da
pseudovaríola dos tetos das vacas. Podem ocorrer infecções
bacterianas secundárias (e.g. necrobacilose oral).
EPIDEMIOLOGIA
Doença com distribuição mundial,
Por não ter grande impacto sobre crescimento e ter resolu-
ção espontânea, provavelmente é sub-diagnosticada. É
uma zoonose subestimada devido à evolução benigna.
PATOGENIA
grupos, onde apresenta uma morbilidade próxima dos
Por vezes surgem lesões cutâneas dolorosas 100%. Não parece constituir-se imunidade duradoura
em humanos que lidam com bovinos jovens contra o vírus. Parapoxvirus são bastante resistentes no
ou úberes infectados. ambiente e é provável que existam vectores, mas estes
Doença benigna que afecta vitelos até ao ano de vida, não foram ainda identificados. Infecta ruminantes selva-
sendo particularmente comum em lactantes criados em gens.
LESÕES ORAIS
SINAIS CLÍNICOS
Pá pulas e úlceras essencialmente na boca,
mas também no focinho e narinas.
A doença pode passar despercebida em alguns ani-
mais. Inicia-se com período de hipertermia, redução
do apetite e ptialismo. A observação cuidada da
boca revela pequenas pápulas que vão espessando e
crescendo de forma centrífuga (confluência pode
dar aspecto irregular). Os bordos das lesões são sa-
lientes e avermelhados e o centro é acinzentado. Na
boca a localização preferencial são as gengivas, pala-
to e face dorsal da língua. Os animais podem mostrar
disfagia e dor à palpação da mucosa. A recuperação
ocorre no espaço de uma semana, mas podem ser LESÕES
evidenciadas as lesões cicatrizadas durante bastante
São evidentes as lesões descritas (fase aguda)
tempo.
ou as cicatrizes.
Os tetos das vacas aleitantes podem apresentar lesões
semelhantes às descritas para a boca dos vitelos.
DIAGNÓSTICO
Material de biópsia para histopatologia permite
demonstrar as alterações típicas.
O quadro clínico, conjuntamente com a idade do animal é
o suficiente para o diagnóstico. Várias técnicas laboratoriais
confirmam a presença do vírus (PCR, imunofluorescência,
cultura do vírus ... ) ou dos seus efeitos (histopatologia). O
DD deve incluir necrobacilose oral, acesso a produtos irri-
tantes e Doença das Mucosas.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Por vezes é essencial uma terapêutica de suporte em
animais muito jovens que não se conseguem alimentar.
A cura ocorre sem que a doença cause grande inconvenien-
te e por isso raramente é tratada. Lavagens com solução io-
dada. Em casos graves podem ser usados viricidas. Trata-
mento com antibiótico se ocorrerem infecções secundárias.
LESÕES ORAIS
DOENÇA DAS MUCOSAS (BVD-MD) LESÕES ORAIS• FEBRE, DEPRESSÃO, DIARREIA
TENESMO • BLEFAROSPASMO, MORTE SÚBITA
ETIOLOGIA
A Doença da Mucosas (MD - Mucosa! Disease)
é causada por estirpes citopáticas do vírus BVD.
A Doença das Mucosas é exclusiva de animais persistente-
mente infectados (PI) com vírus BVD. Os tipos e genótipos
do vírus são os mesmos dos casos de BVD agudo (ver) .
EPIDEMIOLOGIA
Grande parte dos animais PI não sobrevive
os primeiros tempos de vida ...
. . . mas alguns não mostram sinais que os permita identificar.
Normalmente menos de 1% da população onde circula o vírus
é PI, mas podem surgir surtos de BVD-MD em virtude da infec-
ção prévia de muitas fêmeas com igual tempo de gestação e
não imunizadas. Uma vaca PI dá sempre origem a um feto PI.
pática. Este processo pode ser desencadeado pela vacina-
ção de animais PI com uma vacina viva. Animais que sofrem
PATOGENIA
infecção intra-uterina por estirpes citopáticas não sobrevi-
Fetos infectados entre os 45 e 125 de gestação vem até ao parto. A vacinação das mães pode não evitar a
por genótipos não citopáticos do vírus BVD formação de um feto PI.
permanecem PI. A idade em que surge BVD-MD varia, mas é quase exclusiva
A Doença das Mucosas surge quando a estirpe self sofre de animais jovens (<1 ano). Geralmente tem evolução rápi-
mutação ou há uma superinfecção com uma estirpe cito- da e é sempre fatal. Apesar de serem imunotolerantes ao
SINAIS CLÍNICOS
As lesões nas mucosas de todo o tracto gastro-
intestinal são a marca própria desta doença.
Lesões orais na forma de úlceras mais ou menos pro-
fundas e confluentes. Hipertermia, taquipneia, de-
pressão acentuada, diarreia ou disenteria, tenesmo,
fotofobia e finalmente prostração e letargia. Podem
surgir sinais de doença respiratória. Evolução até à
morte em poucos dias.
LESÕES ORAIS
confirma-se a entrada de animais, aparentemente saudá-
veis, na altura em que várias vaca s estavam gestantes de 2 a
5 meses.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Não há tratamento para BVD-MD.
Uma vez confirmada a causa da doença deve-se eutanasiar
os animais afectados e estabelecer um programa de vacina-
ção ou despiste de animais PI (ver BVD). No caso de surto de
BVD-MD é aconselhável enviar imediatamente para abate
todos os animais da mesma idade dos afectados.
Evitar entrada de animais sem prévia pesquisa de antigé-
nio BVD, especialmente em manadas não vacinadas. Pro-
grama vacinai em exploraçõe s com grande circulação de
animais ou que contactem outras manadas. Usar vacinas
que confiram protecção fetal. Identificação e eliminação
vírus BVD, os animais PI podem produzir alguns anticorpos de animais PI.
a estirpes heterólogas (e.g. usadas nas vacinas). Este facto
poderá dar origem a uma forma crónica (mais arrastada, até
12 meses) da doença.
LESÕES
As lesões da forma aguda circunscrevem-se ao
tracto digestivo.
Lesões orais circulares em praticamente toda a boca. Lesões
no esófago são mais lineares e longitudinais. No abomaso
- úlceras grandes com bordos elevados ou punctiformes.
Intestino congestionado e edemaciado com fibrina a cobrir
lesões de~ 1O cm sobre as Placas de Peyer. Intestino grosso
congestionado e com lesões em estrias.
DIAGNÓSTICO
Identificação de antigénio ou vírus
em material de necrópsia, sangue
ou pedaço de pele.
Análise sanguínea normalmente mostra leucopenia e trom-
bocitose. Histopatologia, imunohistoquímica, PCR e vários
outros testes podem confirmar a presença de grande quan-
tidade de vírus na parede do intestino ou baço. No caso de
surtos é importante uma boa anamnese pois geralmente
LESÕES ORAIS
OUTRAS DOENÇAS COM LESÕES ORAIS
Doença Características
1
Febre aftosa Vírus. Exótica(?). Febre alta, ptialismo, lesões orais, nos tetos e interdigiditais. Cura em semanas.
Declaração obrigatória.
Estomatite vesiculosa Vírus. Doença exótica. lnsecto vector. Febre, lesões orais e nos tetos. Cura em poucos dias.
Peste Bovina Vírus, Doença exótica. Febre, estomatite erosiva, disenteria, alta mortalidade.
Corpos estranhos e iatrogénico Arames, administração de medicamentos via oral, erupção de dentes, alimento grosseiro, etc
Língua Azul serotipo 8 Febre, mucosa nasal congestionada, corrimento purulento, ulceras nos tetos, ptialismo e língua
edemaciada e cianosada. Não descrita em Portugal.
LESÕES ORAIS
DISPNEIA • RINORREIA • TOSSE
As doenças cujo quadro clínico inclui estes três sinais têm • A velocidade de transporte pelo aparelho muco-ciliar,
sede quase exclusivamente no tracto respiratório. No en- crucial para a defesa do pulmão, é 50% mais lenta do que
tanto, algumas doenças respiratórias podem ter a sua ori- noutras espécies do mesmo tamanho.
gem noutros sistemas e certas doenças podem causar um • Os septos interalveolares apresentam uma espessura ele-
destes sinais (dispneia) sem haver qualquer compromisso vada e uma elasticidade reduzida. Esta forte comparti-
do aparelho respiratório. Por outro lado, algumas doenças mentação prejudica a recuperação de processos inflama-
respiratórias podem apenas apresentar um ou dois dos si- tórios.
nais referidos.
• A árvore brônquica é muito estreita e os alvéolos termi-
No exame clínico das doenças com dispneia deve haver o cui- nam em fundo de saco no final dos bronquíolos.
dado de distinguir aquelas que afectam apenas o tracto respi-
• O pulmão de bovinos normalmente apresenta poucos
ratório superior, apenas o inferior ou ambos. Um bom exame
macrófagos alveolares.
com estetoscópio geralmente permite fazer a diferenciação.
• Os bovinos apresentam uma susceptibilidade acrescida a
Igualmente importante é a distinção de corrimento nasal
M. haemolytica.
uni ou bilateral e das características do fluxo de ar pelas na-
rinas (simétrico ou assimétrico). O segundo grupo de razões resulta das condições de explo-
ração a que submetemos os bovinos e que os predispõem
As doenças respiratórias são particularmente frequentes
para a doença respiratória. Estes factores serão apresenta-
e graves nos bovinos por razões fisiológicas e de maneio.
dos com a primeira síndrome descrita nesta secção.
No primeiro grupo incluem-se as seguintes susceptibili-
dades: As doenças que afectam o aparelho respiratório podem
surgir na forma hiperaguda, aguda ou crónica. A persistên-
• A selecção genética produziu bovinos com uma capaci-
cia de sinais como dispneia e tosse, é sugestiva de um mau
dade respiratória muito pequena relativamente às neces-
prognóstico devido à fraca capacidade dos bovinos recu-
sidades metabólicas. Daí resulta o enorme impacto das
perarem a funcionalidade do pulmão afectado. Porque o
pequenas perdas de parênquima pulmonar funcional.
retorno financeiro destes animais é reduzido e a probabili-
• A frequência respiratória é relativamente elevada facili- dade de existir sofrimento é enorme, a eutanásia é muitas
tando o transporte de aerossóis. vezes preferível.
ETIOLOGIA
Na etiologia são incluídos factores do hospedeiro,
factores do ambiente e agentes infecciosos (vírus
e bactérias).
A Doença Respiratória Bovina (DRB) é causada, em última
análise, por bactérias. As mais frequentemente associadas a
esta doença são: Mannheimia haemolytica, Pasteurella mu/-
tocida, Histophillus somni e Mycoplasma bovis. Todas estas
bactérias podem ser isoladas das fossas nasais de bovinos
saudáveis. Várias razões têm sido avançadas para justificar a
sua relação com casos de DRB - mutações ou introdução
de estirpes patogénicas; acesso ao tracto respiratório infe-
rior; e quebra de resistência do hospedeiro.
A DRB não ocorre normalmente em animais adultos ou então Após chegada ao feed-lot as pneumonias por M. hae-
tratam-se de recidivas (ver abaixo Pneumonia Supurada Crónica). molytica geralmente são as primeiras a ocorrer e cau-
sam as primeiras mortes, quando comparadas com as
outras bactérias (evolução mais arrastada).
Sinais mais específicos (se bem que não patognomó-
PATOGENIA
nicos) são evolução hiperaguda com morte súbita
A evolução da DRB é muito variável dependendo (Febre dos Transportes, M haemolytica); enfisema sub-
dos agentes presentes e do impacto dos factores cutâneo na região cervical e dorsal, sinais de dor torá-
predisponentes. cica como pescoço estendido, "cotovelos" afastados,
Os agentes físicos, químicos e infecciosos, atrás referidos gemidos à expiração e por vezes ranger de dentes (P.
como predisponentes, concorrem para a pneumonia redu- multocida); cabeça inclinada e outros sinais de otite ou
zindo a acção filtrante das fossas nasais, facilitando a entra- síndrome vestibular, e ainda artrites (M. bovis); paresia,
da de microorganismos através de aerossóis, afectando a incoordenação, prostração, alteração comportamen-
acção dos anticorpos locais (lgA), comprometendo a acção tal e coma (H. somni). Os sinais específicos de alguns
depuradora do aparelho muco-ciliar, tornando o surfactan- vírus serão apresentados mais abaixo.
te pulmonar demasiado espesso e pouco eficiente e pro- À auscultação podem ser ouvidos alterações dos ruídos
movendo a morte dos macrófagos alveolares. respiratórios normais, mas o grau dessas modificações
Numa primeira fase da DRB poderão sobressair os sinais da não está relacionado com a gravidade do caso. Inclusive
infecção do tracto respiratório superior causado por vírus (ver a não demonstração de sons alterados não é sinónimo
abaixo). As bactérias normalmente têm o seu pico de actua- de ausência de DRB. Sons de atrito podem significar que
ção 8 a 1Odias depois da acção dos factores predisponentes. existe pleurisia (P. multocidal), si bilos bem audíveis acon-
tecem na estenose brônquica (M. bovis?) e aumento de
De uma forma um pouco simplista podemos distinguir vá-
fervores tanto ocorre em zonas de hepatização como de
rias formas de DRB:
pneumonia aguda com edema. O silêncio normalmente
• Febre dos Transportes, associa-se ao período após deslo- está associado a efusões pleurais ou grandes abcessos.
cações e normalmente envolve a bactéria M. haemo/ytica.
• H. somni produz uma doença respiratória semelhante às Lesões do tracto respiratório superior são normalmente de-
anteriores, mas com alta probabilidade de conduzir a vidas a vírus (e.g. IBR, BRSV), descritas mais abaixo
bacteriemia e a uma série de sequelas noutros órgãos
(encefalite, artrite e miocardite).
DIAGNÓSTICO
• M. bovis, raramente causa pneumonia de forma isolada,
mas é um elemento importante em infecções mistas O diagnóstico da doença é normalmente conseguido
com vírus ou outras bactérias e está associada a compli- através da associação da história e quadro clínico.
cações (artrites, otites). No entanto, o diagnóstico etiológico é muitas vezes essen-
cial à selecção de medidas preventivas e terapêuticas. Exis-
tem várias formas de o conseguir:
LESÕES
• Serologia - a pesquisa de anticorpos aos vírus respirató-
Certas lesões são típicas da bactéria que lhes esteve
rios, e particularmente do aumento (4x) da titulação em
na origem, mas recordar que muitas vezes ocorrem
infecções mistas.
As lesões típicas de pneumonias bacterianas são geralmente
bilaterais e atingem principalmente os lobos craneo-ventrais.
• Zaragatoa - apesar das bactérias da DRB serem ubiqui- O DO deve ser feito com IBR, BRSV, pneumonia verminosa,
tárias das fossas nasais e portanto de isolamento fre- pneumonia por aspiração, diferentes causas de pneumonia
quente em animais saudáveis, há diversos estudos que intersticial, descritos no resto desta secção.
mostram uma forte correspondência entre as estirpes
bacterianas identificadas nas zaragatoas profundas
das fossas nasais e aquelas isoladas a partir de lava- TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
gens bronco-alveolares de animais com DRB. Ou seja, Mais vale ventilar do que vacinar.
parece ser um método rápido, barato e eficaz para o
Esta frase encerra a resposta à maior parte das situações de
isolamento das bactérias envolvidas num caso de
DRB, ou seja, o tratamento e mesmo a profilaxia médica de
DRB.
nada serve na ausência de medidas de controlo dos facto-
• Quadro anátomo-patológico - a necrópsia de um ani- res de risco ambientais.
mal recentemente morto ou eutanasiado é uma forma
O tratamento da pneumonia bacteriana deve ser feito
de reconhecer lesões específicas e de recolher material
de forma judiciosa devido ao enorme risco de se cria-
para microbiologia, citologia e exame histológico. Os
rem estirpes multirresistentes. Casos muito ligeiros (ani-
animais ideais para estes exames não devem ser os afec-
mal mantem apetite e temperatura rectal está <39,5°()
tados pelas formas crónicas da DRB, pois provavelmente
devem ser vigiados, mas normalmente não necessitam
irão dar falsas informações. O material colhido deve in-
tratamento. Animais que apresentem temperaturas aci-
cluir várias zonas do pulmão - as com lesões óbvias, nos
ma do indicado, tosse gorda e fácil, depressão ou disp-
limites das lesões evidentes e das zonas aparentemente
neia intensa, devem ser tratados imediatamente com
não afectadas.
um antimicrobiano. Actualmente existem no mercado
Na avaliação dos resultados laboratoriais devem ser to- inúmeras moléculas com acção sobre as principais bac-
mados em conta os seguintes aspectos: nem sempre o térias causadoras de DRB - cefalosporinas, quinolonas,
que cresce no laboratório é o que mata; animais sujeitos macrólidos, oxitetraciclina e outras - que congregam
O tratamento com anti-inflamatórios é aconselhado, mas • Desmame de vitelos de carne alguns dias antes do trans-
porte para feed-lot ou outra exploração.
Nutrição à chegada à engorda - evitar excesso de ener- A prevenção através da vacin ação contra os principais
gia e proteína à chegada ao feed-lot. Suplementação agentes infecciosos (essencialmente vírus respiratórios e
com vit.E, selénio e outios minerais. M. haemolytica), tem demonstrado resultados contraditó-
rios, o que valida a ideia de que os factores ambientais
Evitar factores de stress (e.g. apenas suje itar animais a
são de sobeja importância. De qualquer maneira o plano
mutilações em casos de força maior) ou então repartir no
vac inai com maior probabilidade de ser minimamente
tempo os diversos agentes de stress (e.g, descornas al-
eficaz é aque le que garante o maior nível de imunidade
guns dias depois do transporte).
antes dos momentos de maior risco de DRB (transporte,
A prevenção médica através da administração de antimi- agrupamento, desmame), ou seja, fazer primovacinação
crobianos de forma metafilática ou profiláctica é bastante ainda na vacada e reforço à entrada no feed-lot. Em vaca -
usual. A segunda forma (administrar a todos os animais in- rias de leite evitar vacinar dema siado cedo as vitelas des-
dependentemente de ocorrer doença no grupo) deve ser mamadas (só após 4 meses de idade se as mães estão
evitada a todo o custo. A metafilaxia (administração a todo vac inadas contra contra vírus respiratórios), devido ao ri s-
o grupo quando mais de 10% fazem DRB) é aceitável em co de interferência com imunidade de origem materna.
situações em que as co11dições ambientais não sejam facil- As vacina s vivas intra nasais são úteis para protecção im e-
mente controláveis. diata contra certos vírus.
r1 P'ID MIOLO IA
Sequela de DRB cujo tratamento falhou. Factores que causam imunodepressão levam
Na Pneumonia Supurativa Crónica há formação de um ou
frequentemente ao recrudescimento da pneumonia.
múltiplos abcessos pulmonares, de diversas dimensões, e Os factores mais frequ entemente envolvidos na exacerba-
dos quais se isola frequentemente Trueperel/a (Arcano/Jacte- ção dos sinais de pneumonia são: parto e início de lactação,
rium) pyogenes e Fuso/Jacterium necrophorum. transporte e mudança de ambiente e infecção por BVD.
LESÕES
Parênquima pulmonar com lesões antigas -
hepatização - e zonas de congestão e edema.
Normalmente é fácil encontrar o(s) abcessos(s) pulmo-
nares contendo um pus branco-esverdeado. Pode ainda
haver aderências pleura is e hipertrofia cardíaca (cor pul-
monale).
Muito frequentemente os animais que fazem Pneumonia
Supurativa Crónica são PI por BVD (v.).
ETIOLOGIA
Resulta da acção tóxica do 3-metil-indol (3-MI) sobre
os pneumocitos.
O composto 3-MI resulta da metabolização do aminoácido
triptofano (isómero L) pelas bactérias do rúmen (e.g. Lacto-
bacillus spp.).
EPIDEMIOLOGIA
O Edema e Enfisema Pulmonar Agudo Bovino
(EEPAB) é típico de animais adultos subitamente
transferidos para pastos viçosos.
Na manada, cuja dieta passa abruptamente de alimento
pobre, seco e fibroso (e.g. palhas) para erva viçosa, afecta
quase exclusivamente os animais adultos. Assim, é um pro-
ra em explorações de leite pequenas cujos proprietários
blema especialmente comum no Outono. Atinge, de for-
cortam o pasto.
ma mais ou menos grave, cerca de 50% dos animais expos-
tos, sendo que a mortalidade é muito elevada naqueles Em animais de feed-lot ocorre na fase final da engorda (aca-
que apresentam insuficiência respiratória evidente. Pode bamento). Também nestes a probabilidade de ocorrer é
ocorrer em animais estabulados aos quais é oferecida maior no Verão e Outono, não sendo tão evidente a razão
grande quantidade de erva fresca - frequente na Primave- para tal.
Os sinais ocorrem de forma fulminante numa pequena A diferenciação deve ser feita com BRSV e DRB por M. hae-
percentagem dos animais que tiveram acesso ao pasto molytica. O DD com as outras causas de pneumonia inters-
(<20%): há enorme dificuldade respiratória, com os ticial só pode ser feito pelo historial de acesso a pastos fron-
animais a mostrarem uma expressão de aflição e ansie- dosos após um período de alimentação pobre. A evolução
dade. Mucosas cianóticas. Mantêm a boca aberta para hiperaguda deve ser distinguida da intoxicação por plantas
respirar e há espuma e saliva continuamente a escorrer tóxicas, organofosforados ou nitratos.
da boca. Ocorre normalmente timpanismo ruminai e
enfisema subcutâneo na região dorsal. A auscultação
ouve-se facilmente fervores, essencialmente nos lobos TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
ventrais mas também dorsais, e ao longo da traqueia. Anti-inflamatórios com acção muito pouco satisfatória.
Normalmente não há hipertermia ou tosse. Animais
Animais gravemente atingidos geralmente não têm recupe-
submetidos a exercício ou a stress podem morrer asfi-
ração possível. Os casos moderados devem ser retirados das
xiados. Alguns animais fazem uma evolução hiperagu-
pastagens e alimentados com feno de qualidade. A retirada
da sendo encontrados mortos no pasto. Nos casos
dos animais da pastagem pode não evitar o aparecimento
moderados ou ligeiros instala-se ao fim de algumas se-
de novos casos porque a toxina continuará a ser produzida e
manas um estado de enfisema pulmonar crónico (al-
absorvida com base no alimento já consumido.
veolite fibrosante) com dispneia, dilatação cardíaca di-
reita (cor pulmonale) e perda de peso. A prevenção é feita essencialmente por limitar o acesso a
pastagens muito ricas em erva verde e jovem, por parte de
animais previamente alimentados com dietas mais pobres. patológicos cujo elemento fundamental é a lesão, focal ou
Fazer o acesso gradual ao pasto de risco - duas horas no difusa, dos septos interalveolares. Os sinais comuns são:
primeiro dia e depois aumentar uma hora por dia. Oferecer sobrevém de forma aguda ou hiperaguda; sinais de dificul-
quantidades crescentes de erva verde a vacas em estabula- dade respiratória muito pronunciados, com respiração com
ção. Em novilhos na fase da acabamento evitar os factores boca aberta, pescoço estendido, "cotovelos" afastados, es-
que favorecem a acidose ruminai sub-aguda (v.). puma na boca e gemidos. As lesões macroscópicas tam-
bém são normalmente semelhantes: os pulmões são firmes
A administração de antibióticos (e.g. clotetraciclina ou mo-
nesidina) mesmo antes ou logo após o acesso ao alimento
à palpação, ocupam completamente a cavidade torácica e
não colapsam quando esta é aberta; os septos estão con-
de risco reduz a conversão de triptofano em 3-MI. Este es-
tratagema é difícil de aplicar na Europa onde a administra-
gestionados, edemaciados e enfisematosos, podendo exi-
bir grandes bolhas de ar. Dependendo da causa, pode atin-
ção de antibiótico por rotina no alimento é proibida.
gir poucos indivíduos ou uma grande percentagem do
efectivo exposto ao mesmo factor. A mortalidade geral-
OUTRAS PNEUMONIAS INTERSTICIAIS mente é elevada e ocorre ao fim de horas ou poucos dias.
A caracterização das pneumonias intersticiais ainda não Na Tabela seguinte apresentam-se algumas das causas
está isenta de controvérsia pois a patogenia não está bem mais comuns de pneumonias intersticiais e a forma de
esclarecida. Vários factores estão na origem de processos as distinguir.
Vegetais: Brassica (e.g. nabo, couve, Toxinas causam uma alveolite proliferante. Qua- Ingestão recente de alguma das
colza .. .); batata-doce infectada por dro clínico muito semelhante ao EEPAB. plantas referidas. Identificação das
fungos (Fusarium solani) plantas após ruminotomia.
Migração de larvas de Dictyocaulus Reacção de hipersensibilidade aguda com alve- Coprologia . Detecção de larvas no
viviparus olite, bronquite eosinófila e edema e enfisema pulmão. Recuperação rápida após
intersticia l. desparasitação,
Alérgenos - Reacção de hipersensi- Início súbito geralmente associado a entrada de Serologia. Crescimento do fungo a
bilidade a esporos de Microspora fa- fardos de feno ou palha "velha" e limitado aos partir de amostras do feno. Historial
enia spp. presente em fenos e palhas animais expostos. Dispneia com tosse frequente, - feno com cheiro a mofo
velhos. Animal alerta. Diarreia. Fervores na área de todo
o pulmão. Mortalidade reduzida.
Reacção anafiláctica (e.g. fármacos) Evolução hiperaguda . Morte súbita. Caso espo- Análise sanguínea - eosinofilia. Ne-
rádico após administração do medicamento. cropsia - CID, petéquias e edemas
generalizados.
Inalação de gases - dióxido nítrico, Muito raro. Edema maciço. Dificuldade respirató- Análise do ambiente. Medição dos
gases da silagens e outros ria parecida com EEPAB. níveis de gases no ambiente.
Idiopática - após esforços intensos Provavelmente por ruptura alveolar. Enfisema Rever história. Casos isolados e evo-
(e.g. entalada no cubículo), tentativa subcutâneo. lução repentina.
de expulsar corpo estranho do trac-
to respiratório, parto distócico ...
Nota: animais na fase agónica podem fazer ruptura de alveolos levando a enílsema intersticial detectável pós morte,
ETIOLOGIA
Vírus Sincicial Bovino (BRSV) é um pneumovirus
da família Paramyxovirus.
Na população bovina surgem diferentes estirpes de BRSV que
apresentam grande semelhança genómica com vírus sinciciais
de outras espécies animais (e.g. humana, ovina, caprina).
EPIDEMIOLOGIA
Actualmente considerado um dos vírus respiratórios
bovinos mais importantes em todo o mundo.
O tipo de animais que é afectado em cada surto pode variar
- em efectivos anteriormente indemnes são afectados to-
dos os animais, mas naqueles onde o vírus circula ou se pro-
cede à vacinação regular, serão os animais mais jovens(< 1
ano) os únicos a apresentar sinais. Assim, a morbilidade
pode ser baixa ou ultrapassar os 80% da população. A mor-
talidade pode atingir os 20% em situações extremas.
Como já referido o vírus BRS pode predispor para a DRB,
A forma como o vírus persiste na população ainda não está sendo que muitas vezes a sua acção primária é mascara-
bem esclarecida sendo sugerido: manutenção de portado- da (doença subclínica). Está confirmada uma acção sinér-
res persistentes assintomáticos; reinfecções (é controverso gica com outros vírus respiratórios e bactérias (Pasteu-
o papel de outras espécies); mutações de vírus pré- rellaceaes).
-existentes. A circulação, excreção e a doença clínica é mais
frequente nos meses frios.
LESÕES
Os anticorpos de origem materna são pouco duradouros e
oferecem baixa protecção contra infecção, mas podem re- As lesões macroscópicas podem ser mascaradas pela
duzir a gravidade da doença. presença de lesões muito mais exuberantes causada
por outros agentes (bactérias).
Bronquite e bronquiolite; congestão, atelectasia e hepatiza-
PATOGENIA
ção lobos ventrais anteriores. Há edema e enfisema interlo-
Acção importante na redução das defesas do tracto bular particularmente evidentes nos lobos dorsais e cau-
respiratório, especialmente através da lesão do dais. A traqueia e brônquios podem estar repletos de uma
aparelho muco-ciliar e eliminação dos macrófagos espuma branca-rosada.
alveolares.
Infecta tanto o tracto respiratório superior como o inferior.
A gravidade da doença depende de: estatuto imunitário da
DIAGNÓSTICO
população; virulência da estirpe; factores de stress; densida- Aumento da titulação de anticorpos para o
de animal; acção de outros vírus. quádruplo ao fim de 15 dias após início da doença, é
Está descrita uma forma bifásica da doença que atinge <5%
fortemente sugestivo da acção do vírus.
dos animais - dias após recuperação da primeira etapa sur- A interpretação da serologia deve ser feita com cuidado vis-
ge uma forma hiperaguda. É sugerido tratar-se de um fenó- to tratar-se de um vírus ubiquitário em muitos efectivos
meno de hipersensibilidade. bovinos e porque várias vacinas no mercado incluem anti-
génios de BRSV. Igualmente deve ter-se atenção aos anti- por herpesvirus-1 (IBR) normalmente é acompanhada de
corpos colostrais (até 2 meses de idade). conjuntivite. A diferenciação de pneumonia por Pl3 é difícil
através dos sinais clínicos.
A citologia (material de necrópsia ou de lavagem bronco-
-alveolar) permite o diagnóstico definitivo(?) através da iden-
tificação de corpos de inclusão e formação de sincícios (célu-
las gigantes multinucleadas). A identificação do vírus é difícil TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
porque este é extremamente lábil (manter material refrigera- Dexametasona (1 Oa 20 mg) pode salvar animais
do não mais de 24 horas), mas testes por PCR apresentam na fase aguda da reacção de hipersensibilidade.
sensibilidade elevada. O isolamento faz-se nas secreções na-
AINEs são menos eficazes, mas são substitutos possíveis em
sais até ao 6. 0 dia e no pulmão até ao 8. 0 dia da doença.
vacas com >6 meses de gestação ou em situações menos
O diagnóstico diferencial com pneumonias bacterianas faz- graves. Outros tratamentos possíveis são broncodilatadores
-se com base no contraste dos sinais clínicos - na pneumo- (e.g. atropina 0,04 mg/kg bid) e diuréticos se existir edema
nia virai não há sinais de toxemia e os animais até estão pulmonar extenso. Deve ser administrado um antimicrobia-
surpreendentemente alerta e activos. Doença respiratória no apenas quando há suspeita de infecções bacterianas.
A prevenção é feita essencialmente através de vacinação. No caso de efectivos comprovadamente indemnes deve-
Existem vacinas vivas e inactivadas, normalmente associa- rão ser respeitadas regras de biossegurança como, por
das aos outros vírus respiratórios. A protecção só é completa exemplo, limitação na entrada de animais, quarentena e
após administração de duas doses com 4 semanas de inter- evitar contacto com outros ruminantes.
ETIOLOGIA
A Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) é causada
por Herpesvirus Bovino tipo1 (BHV-1 ).
Existem várias estirpes de BHV- 1 capazes de causar doença
em bovinos: subtipo 1. 1, 1.2 e 1.3 (também classificado
como BHV-5).
EPIDEMIOLOGIA
Doença de distribuição mundial com enorme
impacto económico também pela acção
predisponente para DRB.
O subtipo 1.1 é a estirpe responsável pela doença respirató-
ria sendo mais prevalente nas engordas e recrias. O subtipo
1.2 tem um especial tropismo para o tracto reprodutivo
causando infecções fetais e genitais tais como vulvaginite
pustular infecciosa (IPV) e balanopostite infecciosa bovina
(IPB). Surge essencialmente nas vacas de leite e vacadas de
carne. A estirpe 1.3 (BHV-5) tem sido associada a encefalo-
patias do recém-nascido (v.).
A doença respiratória é essencialmente um problema Os animais com infecção latente podem ser seronegativos.
em animais jovens, mas a infecção de animais adultos A única forma de detectar animais com infecção latente é
que nunca contactaram com o vírus ou não estão va- através do tratamento com dexametasona seguido de zara-
cinados pode causar rinotraqueítes muito graves. gatoa nasal, comprovando ou não o recrudescimento virai.
Após entrada do BHV-1 em explorações não vacina-
O DO deve ser feito com traqueíte por BRSV, doença respi-
das temos assistido a grave doença respiratória asso-
ratória por outros vírus respiratórios e fase inicial da Febre
ciada a aborto, retenção placentária e infertilidade. Catarral Maligna. A forma ocular deve ser diferenciada de
Certos sinais podem predominar no quadro clínico: Queratoconjuntivite Infecciosa (v.).
forma Red Nose com hiperemia e lesões nasais exu-
berantes; e forma ocular, com conjuntivite, lacrime-
jamento e fotofobia, mas sem queratite. TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Os sinais clínicos da doença causada pelas outras es- Em zonas ou explorações indemnes o controlo
tirpes estão descritos noutros locais mas são, resumi- da doença faz-se por apertadas medidas
damente: de biossegurança.
Subtipo 1.2. - edema, hiperemia e lesões (erosões e O tratamento destina-se a combater as prováveis infecções
úlceras) na vulva ou glande peniana; aborto; retenção bacterianas secundárias (oxitetraciclina, penicilina ou cefa-
placentária e metrite; endometrite; e infertilidade pro- losporinas durante uma semana). Antipiréticos e analgési-
longada. cos (AINEs) destinam-se a manter os animais a comer. Evitar
o uso de corticóides.
Subtipo 1.3. - ataxia, tremores, convulsões, ptialismo,
cegueira e coma. O programa de controlo e eventual eliminação do BHV-1 de
uma exploração ou país é extremamente complexo, não
• As vacinas vivas oferecem imunidade em 3 ou 4 dias e • A vacinação de animais que beberam colostro prove-
com uma duração apreciável, mas não devem ser usadas niente de vacas imunizadas, não se deve fazer demasiado
em vacas gestantes. As vacinas inactivadas oferecem pro- cedo (>4 meses), se bem que a interferência com a im-
tecção menos duradoura. portante imunidade celular não seja completa.
ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Herpesvirus ovino tipo 2 (Ov-HV2) é um Rhadinovirus.
Temperatura muito elevada e adenopatia
O vírus não causa qualquer doença em ovinos, mas a maio- generalizada são comunsa todas as formas
ria é portadora. Os caprinos também podem ser portadores de FCM.
do Ov-HV2. Em África um outro herpesvirus (Alcelaphine
O quadro clínico é muito variável e o facto de decidir-
tipo 1), cujo o portador é o gnu, causa Febre Cataral Maligna
mos agrupá-lo junto às doenças respiratórias prende-
(FCM) em ruminantes selvagens e domésticos.
-se com o facto de muito frequentemente as lesões
nasais evidenciarem-se e porque os DD mais habituais
EPIDEMIOLOGIA são com doenças respiratórias.
O contacto com ovinos, directo ou através de A forma hiperaguda causa morte súbita ou então uma
pastagens comuns, é tradicionalmente considerado curta evolução (24 horas) com febre elevada, depres-
imprescindível ... são extrema, prostração e, perto da morte, sinais neu-
rológicos .
. . .no entanto observámos vários casos de bovinos que fize-
ram FCM sem nunca ter estado em contacto com pequenos Os sinais sempre presentes na forma "cabeça e olho" são
ruminantes. A transmissão entre bovinos não acontece e o temperatura rectal >40,SoC, corrimento nasal espesso e
papel dos cervídeos e cabras na circulação do vírus está pou- abundante, hiperémia, erosões, úlceras e necrose nas
co esclarecido. Normalmente atinge apenas um animal numa mucosas nasais e orais, conjuntivite e adenopatia gene-
exploração, mas estão descritos surtos. Afecta animais de ralizada. Como todos os sistemas e órgãos são afectados
qualquer sexo, idade e raça. A letalidade é próxima dos 100%. ocorrem uma série de outros sinais que podem estar
mais ou menos mascarados. Os mais comuns são diar-
Não se conhece a duração do período de incubação, sendo
reia (por vezes com sangue), lesões cutâneas, especial-
admitido que os bovinos possam estar infectados muitos me-
mente evidentes no espaço interdigital, vulva e tetos,
oftalmites, opacidade corneal, fotofobia, blefarospasmo,
tremores, depressão e outros sinais neurológicos. Com a
evolução da doença pode ocorrer descamação do es-
pelho nasal e formação de crostas nas narinas, às quais
adere o corrimento nasal purulento promovendo a obs-
trução e dificuldade respiratória extrema. Nos estádios
terminais da doença os sinais neurológicos destacam-se
pela violência - quedas, convulsões, hiperestesia, vocali-
zações e automutilação (e.g. quebra dos cornos contra
as paredes).
Observámos alguns casos com aparente recuperação
durante uns dias, incluindo a ausência de febre, segui-
do de um recrudescimento dos sinais clínicos que fi-
nalmente conduziram à morte.
A doença crónica caracteriza-se por febre alta continu-
ada, corrimento nasal e ocular, conjuntivite e uveíte,
erosões e ulceras nasais, lesões cutâneas e adenopatia
generalizada. O animal quase invariavelmente morre,
mas o decurso da doença pode ser de várias semanas.
P TO ENI
O vírus causa vasculite e infiltrJç5o linfóide quE'
atin9e praticamente todos os órg!íos e sistern,1s
cio organi smo.
O vírus ,1 fec: L,1 ê1v,·h c1il ,1rLD,<,,"10 d e rod ou t,rc J<1 11 isrnu por le-
s(it.", do t:1 1do1élio. [s 1_;jo cl esui liJ ', v:1ric1'> fnn 11<-1s eh <.loe1 1ça.
/\ fori 11.;1 lii per\J lldcl; a <ieSilJ I 1,1C.li1 "cabcçc1 t' olho" que é il
1·n;,1is 'I ípiG1l' 1rec uen te; e u111a form,1 cró1 1iGJ.
s
Toclos os li11fo11oclos ~'st!í o hipertrofiado s,
ecle1rnci,1tfos E' hr:!n10rr,íqico';.
O mesmo tipo dr,; c1·us(1<"•s, l1<c:111 m rc1CJi il:;, Lil u; r,1s e l,1l s,1s
nwrnb1·,.m ,1s q1.1c• ,;e cvidcn cic1 1T1 r1 ê1 bucél e 11;1rin,1s l~ITI virl,1,
f",tcnd~; rn -sr ,m lon90 do tr,:lll O d iq e:, tivo e res11 i1·;i tório su-
perio1 . l:11tcri\e Glt,1rr;:1I. l:ITI ,illJLHIS CiJSOS SÓIO evidentes os
sinc i:, de CID e de ilemnrri1 cJ ic1s t~1 diversos ó1q!íos (c.(J. he-
:-:i~J d, n1e1 1i1l(W\ '1 1céf,1 lo , ..).
IC
QuJdro clínico é muito Gm1cterístico n él forrfü1
"cabeç,J e olho".
N,is cvnluc,:iJcs do tipo l 1ipcrilcJL1cJ1 ou uónit:él 111ui tc1:i w1c:; r:,
11c-•cess,í ric1 ,1 cletecç,10 do vírlls por l'Cl l 110 s<1 11cJLH~. pc1r,1 :,t~c:on-
riri 11c1 r as :,ll:ipeil'cJS cl í11ic,. s. /\s lesôes hislop,·1tolc'J<JÍG1s elo ll-'Cido
li, 1f<'>ide l·' h,1,0 siio Gll i.lCterÍ',Licc1s, Nos \Ohrevive111es h,í st•ro -
co11vers!ío, c.l - Lec t,1r1i1 por EU';/\, O isol,11-nc~nlo elo vín1s {• difk.il
Na fil,e inici,11 o DD dPvcrá ser feito com l[ll1, pê1steu relose cJr,i-
ve ou 13íl'.íV. N,J fase 1rwis élV,lllC,:ild,1 ,.1 duc11c,.;1cJ:;st:rnl:'1 1m·st' <1
13Vl)-MD, 1.í1 lCJL 1,1Az,11, Fdmc /\ftos,·1, ,ic:c;f10 r le lrni1·1,1s ou c(1us-
tico:; e qu,:1lc 1ue.r cm 1$,.I c.lc rl i,í lr~ e hernurr,ícJiG1 (v I lillJ, )CJ'i).
R P UTI o
Não tentar tratar anirnJis compmvJdarnente afect,1<.ios
por FCM, pois a probabilidade de sobrevivência é
diminuta e o potencial sofrimento é enorme.
N!ín f'x iste vi.1ci11c1CJ 10. /\ (w1ic;;;1r imli·l de preven ir esta dnc11ç;i
é evit;.1r qu;i lq uer tipo de coril,ic lo e01 n ovinos ou :,r,1,·1$ Sicrn·'·
çóC";s. Estil mcrlid c1 l,1<'. c.ilqum se1 1\ido er-n v,ic,iri,Js ele lei lt', 11 11ls
devido ilO ÍiJC\o de-, ser L11m1do(,r1 ç,1111uito c,:s por,)d ic,1n/ío fa;,
Sl'-'llticlo allcral O 1"1'1 ,l lK' Í() de:' ,11·1i1 lliliS c-;;rrl pél Sl,J'.Jt:l"i'I,
IOLOGI
Trombos sépticos, com origem em abcessos
IN ctl rcos
hepáticos, causam abcessos pulmonares, aneurisma É importante lembrar que nem sempre
e ruptura de artérias para os alvéolos ou bronquíolos. as hemorragias se evidenciam com epistaxis.
Os agentes mais frequentemente implicados são T pyoge- A forma fulminante da doença (tromboembolismo
nes e F. necrophorum. imenso) é muito rara e caracteriza-se por sinais de
choque tóxico - prostração, mucosas pálidas, pulso
fraco, taquicardia, vasos da esclera engorgitados ou
EPID IOLOGI morte súbita.
Ocorre primordialmente em novilhos de engorda ou A particularidade comum às diferentes formas de
vacas de raças leiteiras criadas em regime intensivo. SVCP é a de uma doença respiratória repentina que
Animais afectados pela Síndrome da Veia Cava Posterior atinge apenas um animal num grupo.
(SVCP) têm um historial de acidose ruminai subclínica, ape- Os sinais das pneumonias associadas à SVCP são
sar desta poder ter ocorrido há muito tempo ou não ter parecidos com os da Pneumonia Supurada Crónica
sido detectada na altura. É uma doença muito esporádica. descrita acima - taquipneia, febre, tosse, corrimen-
to nasal mucoso ou mucopurulento e fervores à
auscultação. Há quebra de produção e emagreci-
P TOG NI mento rápido. Mesmo quando parece haver recu-
O abcesso no hilo do fígado supura para o interior peração total após o tratamento, seguem-se novos
da Veia Cava Posterior. episódios.
As bactérias têm acesso à veia porta após penetração Na forma mais comum da doença associam-se graus
através da parede lesada de um dos compartimentos variáveis de epistaxis aos sinais de pneumonia descri-
gástricos (e.g. devido a ruminite ou ulcera do abomaso) . tos acima. O sangue vivo pode ser imediatamente de-
Um dos locais em que mais frequentemente se desenvol- glutido, estar oculto no corrimento purulento ou es-
ve um abcesso é o hilo do fígado. A partir deste soltam-se correr das duas narinas Juntamente com espuma .
trombos sépticos que se alojam nos órgãos a jusante - Muitas vezes os animais são encontrados mortos com
coração, causando endocardite, e pulmão, dando origem enormes quantidades de sangue à volta da cabeça
à SVCP. devido a uma hemorragia pulmonar maciça. Os ani-
mais afectados por esta forma exibem ainda mucosas
A evolução é muito variável: tromboembolismo maciço,
quando uma grande quantidade de bactérias e endotoxi-
pálidas e por vezes melena devido ao sangue ingeri-
do. Devido à perda de sangue, ou então à endocardite
nas entram subitamente em circulação; pneumonias agu-
(v.) que muitas vezes surge associada à SVCP, é fre-
das recorrentes, em que há acesso repetido de pequenos
quente ouvir-se sopro cardíaco. Podem ainda existir
trombos ao pulmão; pneumonias crónicas, em que um ou
sinais de cor pu/monale
mais trombos conduzem a pneumonia e formação de
aneurismas.
H
ragia, o sangue é evidente nos alvéolos e ao longo do
Identificação do abcesso hepático associado tracto respiratório até às narinas. Em casos mais arrasta-
a abcesso(s) pulmonares. dos surgem edemas (e,g. ascite) e hepatomegalia. Mui-
As lesões hepáticas são mais ou menos extensas e com tas vezes estão associadas lesões de endocardite da
aspecto muito variável . Se a morte ocorreu por hemor- tricúspide.
A suspeita de SVCP é geralmente confirmada O esvaziamento do abcesso hepático, conduzido por ecó-
Trajectos de parasitas - Ascaris Doença respiratória acidental. Surge em bovinos em con- idem
suum e A. fumbricóides. tacto com, ou em pastagens onde estiveram, suínos. Disp-
neia, gemidos na expiração e tosse. Identificação dos para-
sitas no pulmão. Lesões de bronquite e pneumonia.
Identificação de helmintes no pulmão.
Neoplasia pulmonar - primário Emagrecimento e quebra de produção progressiva. Res- Eutanásia. Não há forma de prevenir.
ou como metástase. piração difícil, relutância ao esforço e tosse seca persis-
tente. Outros sinais podem depender da localização das
metástases.
Peripneumonia Contagiosa Bo- Muito contagiosa - vários animais afectados. Hiperter- Não se trata. Erradicada de Portugal.
vina (Mycop/asma mycoides subsp. mia (>40,5°(), dificuldade respiratória extrema, tosse, Serologia regular em certas regiões.
Mycoides). posição ortopneica, dor torácica, cifose, gemidos, "coto- Declaração obrigatória. Abate com-
velos" afastados. pulsivo.
Faringite/laringite/traqueíte Respiração difícil, ruidosa (rouquidão) e por vezes doloro- Depende da causa. Dexametasona
sa. Taquipneia evidente após esforço Palpação da zona quando o edema é extenso e a res-
São apontadas várias causas:
causa dor e provoca tosse. Linfonodos retrofaríngeos hi- piração muito difíci l. AINEs nas res-
• Bactérias (e.g. necrobacilose oral). pertrofiados. As formas bacterianas normalmente apre- tantes situações. Antimicrobianos
• Vírus - BHVl, BHV4, BRSV sentam hálito malcheiroso e falsas membranas. Ausculta- (penicilinas, cefalosporinas ou ma-
ção mostra sons alterados na traqueia e laringe, mas não crólidos).
• Neoplasia - carcinoma (ver Pteri-
no pulmão. A hipertermia é pouco comum.
dium + papilomatose). Traqueotomia ou entubação pode
Na necropsia são evidentes na zona inflamação, falsas salvar a vida em casos de edema
• Alérgenos - poeiras ...
membranas, neoplasias, soluções de continuidade ou ab- grave.
• Síndrome Edema Traqueal - em cessos. As lesões pulmonares surgem apenas como com-
novilhos de engorda, de etiolo- plicações.
gia desconhecida
A Síndrome Edema Traqueal caracteriza-se por edema e con-
gestão extensos da parede dorsal da traqueia distal.
Sinusite - mais frequentemente Historial de descorna. Ferida da descorna infectada e com Antibioterapia (amoxicilina, penicilina,
como complicação de descornas miíases. Corrimento nasal purulento (por vezes com san- cefalosporinas). Lavagem e desinfec-
de vacas mas também por expan- gue), animal letárgico, cabeça baixa, dor à percussão da ção da ferida de descorna e lavagem
são de infecção nasal fronte. Na fase aguda pode haver hipertermia. dos seios frontais com soro fisiológico
a partir do orifício da descorna.
latrogénico - tracto superior. Le- Casos isolados com tosse, tumefacção, dor à palpação, há- Antimicrobianos de largo espectro
são traumática (sondas esofágicas, lito malcheiroso se houver infecção secundária. Linfono- e AINEs
entubação etc. .. ). dos normais no início e depois hipertrofiados. Observação
de ferida/abcesso no pós-boca
Falsos trajectos - pneumonia por Anamnese Dispneia grave, tosse, corrimento com corpos Antimicrobianos e AINEs.
aspiração, estranhos. Hipertermia. Morte súbita.
Corticóides.
• latrogénico (e.g. garrafadas ou Pulmão congestionados ou hemorrágicos. Presença de
Vit E e Selénio (Doença Músculo
sonda introduzida pela traqueia). ingesta ou fluidos estranhos nas vias respiratórias.
Branco).
• Decúbito lateral com timpanis-
mo.
• Defeitos congénitos.
Alérgica - poeiras, fungos, fenos, Tosse paroxística. Ambiente pouco ventilado. Por vezes Corticóides ou outros anti-histamí-
fármacos. associado a diarreia. nicos.
Outras doenças: salmonelose, coronavírus, necrobacilose oral, intoxicações, actinobacilose nasal, actinomicose (maxila}, fractura (maxila),
cor pulmonale e malformações congénitas
Nesta secçã o ca bem essenc ialmente as doença s q ue afec- doenças é d ifícil e caro, sendo portanto essencial a co loca -
tam o si stema ner voso central, mas dec idimos ainda in clu ir ção de hipóteses mais viáve is - plantas t óxicas, carência
d uas doenças metabólicas, hi pocalcém ia e hipomagn es ié- alim entares, envenenam ento etc..
mia, devido à enorm e seme lh ança do quadro clíni co. As
Defini çã o de algumas palavras usadas nesta secção: alodi-
ca usas são variadíssimas e gera lmen te incluem-se em t rês
nia: sensação de dor após estím ulos não nocivos; ataxia:
grandes grupos - infecc io sa s, ca rências e tóx ica s.
fa lta de coord enação na activid ade muscular; convulsão:
Quando da abordagem a casos com uma for te compone n- série de for tes contra cções involuntárias, descoordenadas e
te neurológica é muito importa nte fazer um exa me do g ru - de gra nde amplitude, que podem cond uzir a traumati smos
po pois quase todas as doenças aqui descritas encontram a graves; distonia: uma alteração do eq uilíbrio do sistema
sua fonte no ambiente que lhes é comum. Estes ou t ros ani- nervoso autónomo; head-pressing: empurrar cabeça con -
mais pod erão eventua lmente encontrar- se num a fase ini- tra um objecto, send o um comportamento mu ito habitua l
cial da doença e os sin ais se rem ainda imperceptíveis para em encefalites; hemiplegia: para li sia que afecta apenas um
o tratador pouco experi mentado. Este exame, e con se - lado do corpo, normalmente por les ão ce ntral; hiperstesia:
q uente diagnóstico precoce, são esse nciais pois grande sensibilidade aumentad a a estím ul os do lorosos; hiposte-
pa rte das doenças ca racterizada s por sinais 11ervosos apre - sia: red uçã o na sen sibilidade a estímu los dolorosos; mio-
senta um prognóstico gradua lmente ma is reservado até à clonia: contracç ão rítmica e repet itiva de um g rupo de
irrevers ibilidade. Estas são também algumas das doenças múscu los esquelét icos, mesmo durante o sono; paresia:
co m maior potencial de sofrim ento ani ma l e por isso é es- pa ralisia ligeira ou inco m p leta (e.g animal que se tenta le-
sencial avança r cedo com um diagnóst ico e prog nóstico vantar); paralisia: perda da função motora to tal o u parcial,
de origem nervosa ou mu scular; paraplegia: paralisia dos
Exactamen te porque a cau sa muitas vezes se encontra no
do is membros posteriores; torneio (circling): andar em cír-
ambiente é essencia l fazer um a boa investigação deste, in-
cu los, por desvio ou rotação da cabeça. Sinal de lesão cere-
clu indo das matérias ali mentares. ág ua, pastagellS etc. . . A
bral ou doença vestibul ar unil ateral.
co nfirmação laboratorial da causa de grande parte destas
LESÕES
Não são de esperar quaisquer lesões macroscópicas
em casos de botulismo.
Conteúdo seco e timpanismo gastrointestinal, são lesões
típicas de botulismo mas muito inespecíficas. Lesões mus-
culares devido ao decúbito prolongado.
DIAGNÓSTICO
Não há alterações sanguíneas ou bioquímicas A cultura a partir do alimento suspeito é preferível. A anamne-
excepto as relacionadas com o decúbito prolongado. se, os dados epidemiológicos e o quadro clínico são essenciais
Testes laboratoriais são muito pouco sensíveis a detectar a to- ao diagnóstico. Testes laboratoriais servem para afastar outras
xina e a cu ltura microbiológica é quase sempre negativa. hipóteses como: hipocalcémia, hipocalémia, intoxicação por
PREV NÇAO
Tratamento de suporte pode salvar animais que
ingeriram pequenas doses e ainda se conseguem
levantar.
Os ,11 1in1;iis <;<"!111 bo tulis1Y10 pouco !,E'vero devem 10,CC-{Jel'
rl uidntPri)I Ji, 1, I i"~ I ISÍêllJI lilÇil CJ li IITlil icJI, i)l)t irn iGol licl l lCJS (co11-
tr,1 ir1í'ecc,:ô<-; S \t'CL.1r1L l{1r"i;1s) e cnm1 Jlc-;:,os vitélr·11ír 1ilos. Ar1i-
111,1 is pros trileios dt'Vlj ri '.,er cut;_111asic1rlos.
l'rt,v-•n<)ín: 1150 p,"m1i tir ,1 in<)estiln d(' ,1li rn e11 to:; en, de-
co r-r1p<)';içiío; reco lhíl de G.1d(1vcc::rcs d,l'i p~st,1cJn1 s; r1 ,i o per-
rT1it ir ilCC;SSO ele ,rn irTliliS (pc11"1 1hm , <JiHOS, C,lC, ',, r'é llil/.ilr·1,1'.,) ílo'.;
or 1cl1.' <~ c, 11c_on I r,1< lo um c:nd,íve r). Tu:-:(iicle,; •;tio l1Sêl(fos m1 l-
loc,1i•, de ,11T11,ver1<1r 11c r110 eln:; ali r11crilos; viq ilfrn ci,1e linip<'!·
9 ur 11,15, zo1l<l'> <if• bo tulis1 110 e11dc'.,lll i(o,
Zil periódic..1 cl,lS ÍOl'llf'S E.' IC'>l2íVdlt'; rim (i(' (HJll,·l; l-'Vilélr llSélr
111il leri ,1I cl,1 r1v io d1111 ,1 parê1 as car 11<1s. Dcve-srõ t.ic-: sirui r ,1li- () lc-•ile <it' illlÍITk1iS COlll SllSJl(·'Íi<I c[<.; L1otuli'.;I no I kl O deve 'l:I
rn c11lo'> ('111 t l,xrn 111i<i,;i</ 10 e ,;1quc,'it,':, que 11uss;ir-i-1 ler esl,1- ,1proveilc1do par,1 cur N II no hui 11c_11 1u. (.):, C:dlkívcres de ,m imai,:
<lo t' r11 crn 1l <"1 c·tu con 1;1r1ir11,.1is r11 m 10, (12,<"J. li 1rdm el e p,111 1,1 n 1or t0:; por hu L1.1 li,;rm1 cl cvcr11 '.;1cr cl c•s lT1ríc1ns e 11i10 <-'r 11c:rr, 1du'>.
ETIOLOGIA
A Febre do Leite é a designação coloquial para a
hipocalcémia clínica do periparto.
h ! lir<0 cio I ei le 11co1 re q11c111do vc1im<'"; de c:;1 lu-'1r1i,1s;io in le-
r·im cs ,1 ', rTl<J/cll. 11 c1 e corr0::,por1c k• a Cl-: r·u, d,': 1 ,1 IJ ÇJ ele cic
fi cit de c:21 lcio (C:i). Nivei'.; l-'n tre <Vi 'i e o:, 7,.'.:i rn <"J/ d l_oco rTe r11
l'l,lS li ipociilc;é:mias sul icli1 1iGt,,
1D M OLO
A idade aumenta os riscos de Febre do Leite em 10%
por cada lactação.
lncidê11Ci,1s supc-:riorc~ ,·1 '.i% d,1s VêlGJS pi.i ri da s ,JC01 1sel hêlni
rev i'.;Jo do,maço,mw11 1·0 pr·é-p,1rto c ir1Lrocluc,:ão de méto-
0
DIAGNÓSTICO
SINAIS CLÍNICOS Paresia progressiva em vaca com três ou mais
Paralisia progressiva que acaba invariavelmente lactações após parto eutócico, é suficiente para
em morte se não tratada. diagnóstico da Febre do Leite.
Fase inicial, com discreta tetania, hipertermia e hi- Diagnóstico terapêutico baseado no resultado do cálcio
perexcitabilidade, passa muitas vezes despercebi- endovenoso - melhoria evidente dos sinais clínicos. No
da . Segue-se uma fase de taquicardia, hipotermia e caso da hipocalcemia subclínica o diagnóstico é mais difícil
fraqueza muscular, primeiro com relutância em se e baseia-se na avaliação do valor de calcemia. DO com pa-
levantar e depois com incapacidade total. O decú- ralisia do n. ciático/obturador ou fractura óssea após parto
bito é primeiro esternal e depois costal. Há ausên- difícil, hipofosfatémia, hipomagnesiemia, síndrome de fíga-
cia de reflexo pupilar e anal. Atonia ruminai e au- do gordo, endotoxémia (e.g. mastite) e botulismo. A ausên-
sência de defecação e micção. Timpanismo vai cia de reflexos (pupilar ou anal) é muitas vezes usado no
agravando (pode ser a causa de morte). Depressão campo para distinguir a Febre do Leite destas doenças.
e letargia progressiva seguida de coma e morte ao
fim de algumas horas, geralmente por insuficiência TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
respiratória.
Produtos à base de cálcio são irritantes para os
A hipocalcémia sub-clínica, que predispõe para uma
tecidos sendo sempre preferível a administração
série de outras doenças como metrites, deslocamento
endovenosa.
de abomaso e cetose, caracteriza-se por baixa produ-
ção, inapetência, hipotonia ruminai, fezes escassas, O tratamento de Febre do Leite deve ser feito através da
taquicardia, letargia e fraqueza muscular. É um proble- perfusão endovenosa lenta (50 mL/min) de compostos
ma de grupo e associa-se a um aumento na incidência de cálcio (e.g. borogluconato). Normalmente é suficiente
- ,----------------------------------------------------~,,.
/\pe1,<1Ssol )l'l·:vive e1·1·1pH> 'i,Ge por isso ,•i s silc19cr1 s dr.e boé1
qll"1li<.la<le :;;jo se9 uril:;, Foi j,í isol,1ci;1de fe7,~',, 11rin;:,, lci 1·c e
ccmirn e111 0:, vr1 qi11:1i::.
()'; GJSos d e li ·-;reriose s~o quê1Se sem pre c:;pori,cl ic:,.1s, mi.l:;
pucle sui-cJi r ri;-1 i'cmT1,J de ,,uri o:, q11 ; 1 11 c:lo hf.1 c:-: 1.ios ir;~ío n 111"1-
le1 i,il loítt:-jT11~11le c;on 1,11-r1i1·1,.1clo. LE· l<1lidilde muilo 111 ,a po-
dendo chcq ar ,:10:; 100%.
i.'.l1rn·1ose, com l r,rnsrni•;•;,10 po:;sível ;, 11,.ivr-2!, do le.i re e can 1c
m,11cozi nlwcJa.
ATOGE IA
A principal doen ça é urn,1 encdali tc, rn ;;1s cd usa
também aborto, rnas tite e irí te (v.) .
O mea111i :;111u cln cl ()(''r1 çõ, 11iÍo e:; 121hei, 1e:;d,11 ec icl u - il lxw-
1éri,1i1wndc Ct'llllê1:; do c.pil(; lio i1 1le:~ lil k1I ou e11 1r<1 <1lr,ivé:, ci"
:;ol uçiic:; de• cc 1111i11 1.1 icl ,-iclr: , r_c,11J1 111 1iw1 OI I inc1 ldc/10. Alé r11y1-
r,1 i.lpt:n,.1s oe co111 provu1 1u ,ice·;-;r.1 "º Sl~r 1-11r,-1vr;::, ele r,,11·110·,
do triqt5rnco. U período de i1 1cub,iç;ío é ele 2 d h S'·r11i1 11<1:,.
IN CL NI S
A síndrome vestibular é responsável pelo andar
em circulo (circllng disease) característico da
listeriose.
A doença inicia-se por inapetência, quebra de produ-
ção e sinais de desconforto (e.g. ranger de dentes).
Não costuma haver hiper rmia. Há ptlallsmo, d1sfagia,
lmpanlsmo ligeiro e nlstagmos (hollzontal ou verti·
cal). Quase sempr há sinais e I são do sistema vesti·
bular (ce11 trall qt.1e 1~va o animal a anda, em círculo e,
consequ ntem nte, a cair sempre para o mesmo laclo,
A hemiplegia racial !nervos cranianos V, VII e outros)
nota-se pela h1poalgesla facia l, orelha descaida, pálp
bra sem icerrada e procusâo da li ngua pela com 1ssura
labial lncompl · ramenre fechada. P0de haver aumen·
to das contracções rurnínais se o nervo v.190 estiver Ci-lu·;,1 i1 1llê1m,içiio <l \Jl.lüi:l do tm 11co ccrc hrc1I r-; p1·od 11ção de
fectado. A do nça Onalmente volul para parallsla microc1 hcessm, éil P.( til 1Hlo diver'.;or, nr~1vos c.r<11,en1 10~
bilateral. Em casos não cr.:1tados segue-se pros ração,
Provrivel1n e111e é 11ecc:;:;t1riê1 i111 u11c,depwss~10 p,mi c1L1c
coma e mo, te ao fim de 1-2 semanas.
ocu1-r,1 drJe11 Çé:l cl í11ic;J.
Cornplk:ações comuns são: acldose ruminai (po, per
da de saliva) lesões rnusculosquelêtlcas por quedas
ou decúbito prolong do. A infecção genital provoca LES E
abortos na fase 1nal da gesração ou septicem a de vl- Niío se enco ntrc,rn lcsôes rn ,K ros có pícas
~elos rec m-nascidos. A ptevelânica d casos d m s- de menín goe ncefo lite de listeríose.
tlte por/.. monoc:ywgenes Lem aumen ado.
Mi cro,1bc:1-2S:;o!, 110 1101 1(.(.l ce 1'l:hr,1I.
O DO deve faze r-s e co rn llSE, b otu lisrno, d oe nçil vest i- A prevenção pilssa pelil produção de boas silagens co m
bu lar por otite ou ilbcesso, poli e 1icefa lornal;iciil e in- descida ráp ida d o pl-l. Evitar contaminação do rn ate,·ial da
t ox icaçõe s vária s (e.g. ac ido cia11í d ri co e organo fosfo- silag ern co rn terra. Desca rtar silag ens m al co11servadas.
rado s). Destru ição ele cadáveres.
o
Da conjugação de uma série de factores etiológicos IDEMI LOGI
resulta a hipomagnesiémia clínica ou Tetania Mais frequente em vacas adultas em pastagens
da Erva. com erva jovem e de crescimento rápido
Hipomagnesiernia pode resultar de carência illirne11tar, au- (Primavera).
mento das perda s o u factores metabólicos que reduze m a Pastagens ele erva (e.g. gramíneas) fortemen te adubadas
dispon ibilidade de Mg Os si 11ais ocorre111 co m níveis sa 11- com azoto OLI potássio favorecem o desenvolvimento da
guíneos < 1rng/dl. Tetania da E1va. l_egumi11osas são menos problernáticas por
serem ricas em Ca e Mg.
OGENI
Rácio Na:K muito baixo (< 3:1) no rúmen reduz
capacidade de absorver Mg.
O Mg é um elemento fU11dame,1 tal na 11euro-tra11Srnissão e
co11tracção muscular. Não ex iste mecan ismo hormcmal res-
pon sáve l pela regula ção dos níveis d e M g.
musculares. Os sinais intermédios são de aparente ciente em animais adultos e as perdas no leite podem ser
cegueira e agressividade (e.g. atropela quem seco- elevadas em altas produtoras no pico de lactação. Hipo-
erguida, olhar esgazeado e espuma na boca. Ata- vacas recém-paridas e pode confundir o quadro clínico da
xia, incoordenação e dificuldade em levantar-se. Febre do Leite (v.). Factores de stress parecem desencade-
Vocaliza frequentemente. Se não for tratado o ani- ar e exacerbar os sinais de hipomagnesiémia, talvez por
mal acaba por cair e ficar em decúbito lateral, em acção da epinefrina.
opistótonos, dorso arqueado, nistagmos e tetania
(qualquer factor de stress desencadeia espasmos
LESÕES
musculares). Taquipneia, taquicardia e hipertermia
geralmente sucedem-se aos períodos de contrac- Não há lesões características de Tetania da Erva.
ções musculares.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Administração IV de compostos comerciais de
cálcio+magnésio constitui tratamento eficaz.
A resposta à administração de Mg pode demorar 30 minu-
tos (tempo de penetração do Mg no SNC). A taxa de suces-
so decresce com o evoluir da situação. Pode ser necessário
sedar o animal (e.g. xilazina).
ETIOLOG
SI AIS C ICOS
Pl antas cianogénicas contêm ácido cianídrico (HCN).
Sinc1 is pode m 5er· lêVid t'rit e, irm:cl ic1t11m,,' nte ,11,ós (ou
O HCN r1iJS pl,mtil s PS LêÍ li gad o a gli rns ídeos qu e, qu ,rn clo
rnesr110 durêi1, 1·c-:) êl ir1 ge, t2io dils plantas cia r109ér1i cas.
hi dro li sildos, libert ilm a tox in il Sorghwn spp.. Exister·n rr1ai s
de cem pl antas cianogé11icils sendo o sorgo a de lllilior re- Sinais agudos cJe intoxicaç;i o inc luem dispneia, ptia lis-
levâ ncia ri a produção bovi1 1a e111 Port ugal e aqu ela que rno, ,w 1xia, iricoordenvção, heod pressinq, quecl,1s
aqu i servirá de modelo. qLr,mdo se obr'ig;i a rnovirnentos bruscos, nistagrnos e
opistó to11os. As r11uc'os,1s eslfío cianótic.is, rwis o s,111-
g ue colhido das VE-; i,i s é verrne lho vivo. Sf'~J llt'-Se de
PD IA n íbit o estem,;11 com o anima l a não consecw ir rn é11 1ter
Ruminantes são mais susce ptíveis do que a cabeç~ levi11rtêlda. A morte pocl e ocorrer· em 1muc.1s
monogástricos porqu e a microflora e pH ruminai hor""ilS ou o processo reverter' po r· e: lim inci çó o cfa toxiri a.
fa vorecem a hidrolisação dos glicosídeos. Pod e oco rre r 1T1CJ rte s (1bit a.
O po tencia l tc'ixico do so rqo varia com dive rsos fa ctores A intox ic;iç-;io crc'Jn iv i pode n,10 mostra r si11c1 is ou êlpe-
sendo maior apc'1s períodos de: str ess (e.g. seca, gran izo); 1111s licJeirêi irn:oorde11ação, ~lopecicJs e IJ/l ix;i prod u()o.
nils pla ntas joven s coni rlU rne msos rebentos; após traLa-
nH01Ho com herbicidas; nos solos fert ilizados co m nitril -
tos. São ai nda filct ores de , isco é1 o fertJ de gra11de quan-
tidade de sorg o verde a an ima is com fo nie (i11gesUio
réi pida dé~ gr,mdes qu r1 11tidad cs). O sorqo seco é nie110s P TOGENIA
pe rigo so po is o HCN é rnuito vo lát il. Bactérias do rúmen hidroli sa m rapid amente os
glicosíd eos cianogénicos libertando HCN que é
muito facilmente absorvido ao longo do tracto
dig estivo.
A intoxicJção dCJL1dc1 só se déí quando são Jbsorvidils qra11 -
dcs quantidades num cu rlo espd<,:o de tempo ()-4 rn g/
kq/h). O HCN ligil-se à hemoglobina evitil ndo a li bertaçi'.\o
do oxicJénio. H;í hipoxiil dos Lecidos e co 11sc0que11te aurne11-
to da freq uérici;i respirilt cí ri,1. Os si11ais neurol(Jgi cos rPsul -
lill ll da él 11oxia cl' rebra l.
LESÕE
Sangue vermelho vivo (metahemoglobina)
que não coagula facilmente nos casos agudos.
Nos c,1sos corn evolução prolonqadél o sémgue pélsso a ser
escu ro c r11 rcsultaclo da élnc,xé111i a, Mú scu los de cor escu -
0
DI GNÕ TI O
A história de ingestão de plantas cianogénicas
associada ao quadro clínico hiperagudo.
l::11vio irned iil to e em véic uo do c:or1tPt'1do do r(1mer1ou Sé11 1-
gue pilrél iden tificação de glicosíd eos ciJnoqén icos ou HCN.
A metahemoglobi rk1que se ronnil na intoxiG1ção por nitril-
tos é muito inst{1vel e isso deve ser levado em conta 110
dia,111óstico diferenridl.
DD corn botulisrno, li steriose, hipornac111es if'm ia, i11 toxica -
ção aguda por ni tra tos (por vezes associada) ou por outras
pla11tcJs. Choque ,rnilfilé'i ctico e carbúriculo l1 emiÍt ico.
51!\lJ'.\ ! Cl.-Í N !( ú S
A miose e bradicardia são dois dos sinais mais
característicos da intoxicação por qualquer
organofosforado.
Sinais podem começar minutos até horas após expo-
por herbicidas usados nas pastagens, pomares, bordas dos
sição. Gravidade dos sinais depende muito do produ-
campos etc. . . Alguns herbicidas disfarçam cheiro e paladar
to e dose ingerida, mas os sinais são quase sempre de
de plantas tóxicas de forma que animais não as evitam
uma síndroma parassimpaticomimética e sobre-esti-
como habitual.
mulação neuro-muscular. lncoordenação, tremores,
fasciculação, hipersialia, diarreia, incontinência uriná- Os animais mais jovens, desidratados ou submetidos a
ria, sudação, prostração e convulsões. Há dispneia e stress, parecem ser mais susceptíveis.
sons pulmonares anormais muito audíveis devido ao
aumento de secreções, estenose brônquica e edema
OGF.NPA
pulmonar. Todos estes sinais podem surgir de forma
intermitente. Pode seguir-se paresia. A morte ocorre Acção principal - inactivação da colinesterase.
por insuficiência respiratória. A colinesterase hidrolisa a acetilcolina nas sinapses nervo-
Atenção - nas intoxicações com pequenas doses po- sas. A inactivação da colinesterase significa uma acção
dem destacar-se os efeitos das toxinas sobre os recep- continuada da acetilcolina nas sinapses que usam este
tores nicotínicos pré-ganglionares das fibras do siste- neurotransmissor - junções neuro-musculares e sistema
ma simpático, o que pode conduzir a taquicardia e parassimpático, entre outros.
midríase. Alguns tóxicos podem ter acção teratogénica.
Atenção - está descrita polineuropatia tardia induzi-
da por organofosforados. Cerca de 1 a 2 semanas após
intoxicação há fraqueza muscular dos membros pos-
teriores, timpanismo, diarreia e finalmente paralisia. Não há lesões características de intoxicação pelos
organofosforados mais comuns.
ETIOLOGIA
SINAIS Cl.ÍNICOS
Diversas causas podem levar à polioencefalomalacia
(PEM) ou necrose cortical. A cegueira (não há reflexo de ameaça) com
manutenção do reflexo pupilar é um sinal
A PEM está tradicionalmente ligada à carência de tiami-
característico de PEM.
na ou vit.8 1 - por eliminação da flora ruminai produtora
de tiamina (e.g. acidose ruminai em vitelos exclusiva- Depois de uma fase em que pode haver hiperexitabi-
mente alimentados à base de concentrado) ou por in- lidade e mesmo sinais de agressividade, ocorre de-
gestão de plantas produtoras de tiaminases (e.g. fetos pressão, ataxia, head-pressing, bruxismo, nistagmos e
como o Pteridium aqui/inum) ou desenvolvimento rumi- estrabismo dorsal. Mais tarde há quedas frequentes,
nai de bactérias produtoras da enzima. Actualmente su- decúbito costal com opistótonos e convulsões fre-
gere-se quea etiologia inclui outras causas não relacio- quentes. A tetania dos membros anteriores é bastante
nadas com níveis baixos de tiamina, como o excesso de característica. Os sinais são normalmente bilaterais.
produção de sulfitos pela flora ruminai após ingestão de Sem tratamento precoce a morte ocorre no prazo de
grande quantidade de sulfatos. 48 horas.
I.ESÕES
!Pi\"íto(i [; l\i i i\
Córtex cerebral com aspecto edemaciado
Polioencefalomalácia caracteriza-se por necrose e amarelado.
do córtex cerebral.
Pode ocorrer herniação do cerebelo através do foramen
Poli o(ci nzenta)e ncefa lo( cérebro) ma lac ia (amolecimento) magnum.
tem várias causas (e.g. intoxicação por chumbo e hiperna-
tremia), sendo que aqui iremos apenas referir os efeitos da
carência em tia mina e do excesso de sulfitos,
A tiamina é essencial ao metabolismo dos carbohidratos e Níveis de tia mina muito variáveis e provavelmente
a sua carência tem efeitos particularmente graves sobre os sem significado diagnóstico.
neurónios causando edema neural. O tecido cerebral com-
LCR com pressão aumentada, mas sem alterações citológi-
primido contra a caixa craniana sofre necrose.
cas. A medição de valores de sulfitos no interior do rúmen é
Aumento de sulfitos resulta da ingestão em excesso de sul- pouco prático sendo preferível tentar calcular a quantidade
fatos na alimentação/água com alteração da flora ruminai de sulfatos consumidos através de análise da água e ali-
(adaptação a níveis elevados de sulfatos no espaço de uma mento.
ETIO LOGIA Outra s ca usas são: lesões co mpressivas tai s como empiema
da bulia timpânica, neoplasias, quistos ou abcessos; intoxi-
A otite média/interna é a principal responsável
cações e li steriose (S. vestibular central).
pela ocorrência de Doença Vestibular em bovinos
jovens. As otites externas em vitelos têm como etiologia princi-
pal abcessos do pavilhão auricular, após aplicação defei-
Os agentes frequentemente isolados de otites médias em
tuosa das marcas auri cu lares, que pod em co nduzir a otite
bovinos são também os principais responsáveis por DRB
média.
(Histophi/us somni, Pasteurel/a multocida, Mannheimia hae-
molytica, Mycoplasma bovis), o que faz su speitar de infecção
ascendente através da trompa de Eustáquio. Outras bacté- r.:f'! i)ff\lH :.•U'Jfii.t\
rias: Actinomyces spp., Streptococcus spp., C. pseudotuberculo-
sis e Escherichia coli.
Doença essencialmente de vitelos/novilhos.
Surtos em vitelos de feed-lot (6-9 meses) surgem por se-
quela de doença respiratória. Assistimos a casos de surtos
de síndrome vestibular devido a lesões compressivas sem
identificação da causa nem história de DRB.
c:os ta1 i1;; pé11·ed,:;s pêiic'l 11ão c;1ir. f\1cl 1': hc1 1.• e1· p t, 1Si· ~-
orellv, deso1 ída (11. ucrniano VII), nisrc1grnos (esr,un~,-
neu e posic:ioni;1IJ t-, es tr.i hismo. l·'alpaç§l'l profu,;d;1 cio
t_'lll\' ÍÔO Oll1Sêl dor.
Otite bilJter::; I 1,·a r3) c:onfunclE· os sinr1 is. rnê1Sge17:1lrnen-
te os sin:~ i, ele um cios lados s~;br,~;.iiem.
Síricl1 ~11ne ves1fü ulc11 c:um le:;f.1n ,enm 1I -w 1·:, i11 , 1 is d~
lis ter iose.
L SÕES
Identificação da lesão ou abcesso a nível do ouvido
interno, ouvido médio ou bula timpânica.
Devido :1 peq L1 c,'1 1a cl irnc11s,ío d,is les(>e'., {, ,ico11St'll 1<1do <>
c·'11vio d;1 c;il Jl:'Çíl p<Jrd e:-:m11e pc, tnl c'Jq ico c-";pcc iil li1é.1< ln.
DI GNÓSTICO
Os sinais clínicos são bastante característicos
principalmente se há história de DRB.
DD corn n tit e r:'>: lem,1 ,:: m qll t-' 11/i p1c:sr:' 11 çêl de c:m r·ini f' ll-
10 111uil,1s Vt' zes cur111 1i.-H1 l..i1c i1cJ, ,1h,111ar dêi C1ÜJ L'C,:é1 e dm
li pé1 lp,1çiio; ,il icesso ccrd.mi l (desvio c.líl c:alieçc.1 111,1s 11ão
rotíl t,:fio) .
A prev e1·1ç5o <l<1s Olites 111 0cfü1s cê in l<-: rrt,) s i11ici,1-s e co111 lrc1 -
tél111c 11tu ,1dcqu ,1d cJ <e comp lr:-' lo d,1 Drrn e c1 prever1<;ão ele
infecção de vil<-: los Jowns por Mycop!os111(1/1ovis (v.). A ilpli-
caç:ão de I r1arcas auricul,ires cl ev<·' fazer-se seq unclo a, re
<Jras el e b oas p r;íric;1s k.~J. entre~ ,i s duas c,1rti laqens auricu-
1,H<:>S p ri11c ipa is), ueve1 1do ser él(IU t.'léls rHi rJdas ao 111í11i1 110
si1 l<li de it 1fecç5o .
Abcesso cerebral O, si , 1<1i, dc·pl,1Hlem eLJ lm:,1liz,1<,:,io. C,e':1<.1 i11 Hc11 lé'. c1fec1,1 ,111i11 1élis i\11 1i1J iotcrn1 >i,1prolo1 1lJi1cla (celalospo -
e outras massas jove11s, mas creitos prn.k:11 1 11 1;111ter-st·' Mé ad ulto. í'odcn 1 rir1<1 s rn I pe11icilin,1).
compressivas ilSSOCi~r-s,- Oll I)~ () il 11 l(: llil'l(Ji l('. i\ l l -,'5SOS l llllllip/01 ~ ~( l diíícei·;
de efü<Jnoslici1 r. Os sin,1is 11 1c1i, lrcquc.•r11 ·'S s~o: elc-•pr,-·s,~o, d"'svio
dil c;1 l ic.\il (11,-10 rn t,1<;,i o'). hcnil p,,,11inu. ce9 uei 1<1 (u 11i rnr hilc1 te-
1,·il). ,111Clc·11 fH:'lllO ,1 direito r'rldSP"de11 1<,1i1 1-1,,r, 1iplc9 i,1ou p,11c1li-
1i,1. ';in,1is IJClr len I ir vi1ric1 11 clo cm 11 C'1< ,:;ci1
11c1 1to de,1 ,ilice:;1,,.
Neosporose (v.) l11 fcl (,-tio i11l17H llL'rinr.1 c:0 111fn1111c1cl~ío ( lc 1 ( jl lÍ '., Lu .:; nu (~NC, (;i11c1i'.i N~o h(> trc1 1,1111s: 111,, pilr,1 ,1 11eei:,1 J()IOS<-'
evic.il-•11ll'I <"lese/e " 11,1sc in 1e11to: ,11,i:-:i,1, clC'i,-'il'o•, 1"op1 ion·'PI ivn c;, cll11iG-1. IJin1i1 ld(;;íc1 dtlS VclC:rl S po1 l(1 d (Jlêl S.
p10',ll de,io, l 1ipe1<-·>:le11siÍo Clll l1i 1ic, ll c.':-::io elo s 111c-'111I ,rri:,. Mort<·.
Cetose Nervosa (v.) lJ111J p,:qu ena percP 11liKJerr 1dos c:.1;,oc, d<·' CPlo:;e clír1iCJ l11co- '.,oro <) lllCOSêldO :.:o% IV, de>:i11'1Wl,1SO-
order1,1c;~o. trc:: 11101<-:s, lll'Scuc;o cste11diclo e ri~Jido. Vdc, 111ordl' r1d l' prupile11nql icu l 01,1I ()', O 1111. bicl)
e ll)d5lk],1 lllôtcri,11 dJ S i1 1Sli1l<1çiícs P Ili (' " ' )() C'.,l !C IIIIC. Nio '1(1
pro1tr,1çiio. Cctor ll II i,1.
Encefalopatia Doc.'rH;il cl í1 11ec1 cx1i11 1;1? i\niniais c1dultos. i\tc1xi<1 , hiper cstesi<J, I\J,-l('i 11~1 l iill,m 1cnto. De,l;1rnçi\o "l,ri-
espongiforme (BSE) 1xos lrc<;ii1.J, Allê' r, 1,~tio de-: ,on 11Jor l ,1 11H '1110. n1uvi111c:·11t~,,,_ post,,1 1n 9,llór i,1, Colh,:i lél cio t10 11<:o cere l.> 1,11
- amiloidose e rc , n1>t·1c1 111<êl 1l,J (e eJ . é1CJ1,o.s1ivid;1e /e'). Urell1,1, C
·',,(JL1i i-1s, Morte
transmissível por prião.
Intoxicação Acesso a material com chumbo (e.g. baterias) . Forma hiperagu- Sucesso do tratamento apenas se
por chumbo da - incoordenação, quedas, convulsões, cegueira (sem lesão muito precoce. Usar quelantes como
ocular) e hiperestesia. Morte em pouco tempo. Forma sub- o edetato dissódico de cálcio (6,5%)
-aguda - sinais menos severos e evolução mais lenta - ceguei- 1mi/kg, bid_Evitar acesso de animais a
ra, ataxia, fasciculação, head-pressing, bruxismo, tremores, cóli- materiais com chumbo.
cas, vocalizações. Níveis Pb no sangue >0,35 ppm.
Intoxicação Sobredosagem nas rações (> 3% concentrado) , 1ncoordena- Ruminotomia Acido acético (5%) oral.
por ureia. ção, tremores, cólicas, timpanismo, dispneia. Mortalidade ele- Mudar alimentação. Feno de boa qua-
vada em intoxicações graves. !idade.
Tétano Bovinos pouco susceptíveis. Feridas como porta de entrada. Sucesso mínimo e apenas se no início.
(C. tetani) Ataxia, paresia - estação com quatro membros afastados e Soro hiperimune se disponível, Seda-
cauda levantada. Expressão "assustada" - pescoço estendido, ção, trocaterização do rúmen, penicili-
olhos muito abertos, narinas dilatadas .. Timpanismo. Segue- na e AINEs .
-se paralisia de diversos músculos (e.g. mandíbula), prostração
Existe vacina, mas economicamente
com opistótonos e morte em poucos dias.
pouco interessante.
Tremor do azevém Mais frequente quando animais pastam a planta jovem. Afecta Retirar animais da pastagem e afere-
Micotoxina % variável dos animais expostos. lncoordenação, arrastar pinça cer feno de boa qualidade, Atenção
do endófito ao andar, tremores, balancear da cabeça, quedas, dificuldade aos factores de risco para acidentes -
Neotyphodium em andar. Sinais são mais evidentes após estímulos que cau- valas, ribeiros, obstáculos . . . Resseme-
(Acremonium) lolii) sem apreensão/stress e que obrigue a movimentos rápidos ar pastagens usando sementes in-
que infecta o azevém. (e.g fuga) Geralmente a morte só ocorre por acidente (e.g. demnes.
quedas em valas)
Meningoencefalite Ainda não é certo se se trata de uma estirpe do BHV-1 ou um Vacinação das mães contra herpesvi-
(Herpesvirus) tipo diferente (BHV-5). Causa ataxia, prostração, coma e morte rus (IBR-IPV).
em vitelos recém-nascidos.
Raiva (Rhabdovirus) Não ocorre em Portuga l. Descritas duas formas - para lítica (pa- Sem tratamento. Abate e declaração
resias e incoordenação) e furiosa (vocalização, hiperestesia e obrigatória. Zoonose - cuidado com
agressividade). Morte em ambos os tipos em poucos dias manuseamento de animais suspeitos,
Pseudo-raiva Doença de suínos. Muito esporádica em bovinos. Febre, altera- Sem tratamento. Eutanásia. Evitar con-
(Herpesvirus) ção de comportamento, prurido intenso (com auto-mutilações), tacto com porcos ou dejectos destes.
incoordenação, prostração e morte em poucos dias. Vacinar suínos.
Outras causas de sinais nervosos: Febre Catarral Maligna (v.), hepatite, trauma, hipoglicémia, doença congénita (e.g. BVD) ou genética (e.g hi-
pomielogenese ou paresia espática), parasitas (e.g cenurose, equinococose), intoxicações por plantas (v.) e iatrogénico (e.g. hipernatremia).
A pele é o maior órgão do corpo e respon sável por uma como o número de an imais afectado s, a estação do ano
série de funções como protecção, regulação térmica, sen- e a pigmentação dos animais ou mesmo das zonas mais
sibilid ade, secretória . .. As lesões da pele e pêlo abrem afectad as.
caminho à penetração de agentes infecciosos, químicos,
Convém definir bem alguns termos que facilitam a
físicos e radiação, com potencial nocivo para o resto do
descrição das lesões: alopecia: perda parcial ou tota l
organismo.
de pêlos; eritema: vermelhidão da pele, que desapa-
Eng lobámos nesta secção qualquer alteração do aspecto rec e à pressão; ferida: lesão localizada, com ou sem
ou conformação da pele e pêlo, incluindo tumefacções, perda de substância, provoca da por traumatismo ex-
peladas e neoplasias. Devido à grande especificidade e terno ou cirurgia. Também designada "solução de con-
ao forte impacto que causam, demos um especial desta- tinuidade"; mácula: mancha cutânea plana devida a
que, no final, às doenças que afectam a pele do úbere e eritem a ou a anomalia da pigmentação da pele; pápu-
tetos. la: pequena lesão cutân ea, bem circunscrita e firme,
qu e não deixa cica triz. Lesão típica de urticária; pús-
As doenças cutâneas podem ter sinais muito parecidos,
tula: saliência epidérmica circunscrita que contém
dificultando o diagnóstico clínico no campo, mas em
um líquid o purulento; vesícula: elevação bolhosa da
compensação a raspagem e a biópsia são muito fáceis de
pele(< 5 mm de diâmetro), repleta de líquido prove -
se fazer.
niente de um processo inflamatório; úlcera: perda de
Na apreciação das diversas doenças da pele deve ter-se tecido, caracterizada por bordos arredondados e bem
em atenção a forma, a localização, o núm ero, o contor- delimitado s, fraca tendência para cicatrizar e com
no, a cor, a consistência e o conteúdo das lesões, assim evolução crónica.
ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA
Besnoitia besnoiti é um protozoário pertencente A disseminação da doença é maior nos meses
à família Toxoplasmatidae, juntamente quentes do ano.
com os géneros Toxoplasma e Neospora. Surge de forma endémica em zonas de clima tropical ou
8. besnoititem como hospedeiro intermediário os bovinos e sub-tropical e de forma acidental nalguns países do centro
alguns ruminantes selvagens, mas desconhece-se qual seja e norte da Europa. Em Portugal foi identificada no Alentejo
o hospedeiro definitivo. e Ribatejo. A morbilidade pode ser alta em certa s regiõ es e
p e; o
de a11ir11ais inft:ct21cJus (incluindo porL,1dore;; 21ssi11tomcÍ- eni a11i n1c1is pmvt•11ie11t f•s de ~íé' as r.lt• e1·1dc rnis1·110, A v,1-
0
tico s cles pist,1dos na serolucJi a). Adicion ;1lme1·1te clevc-s0 cinac;:ío tem sido e;-:peiirTH''i'ltada e reduz a cir,1vidade cJc1
te11t211 0limi1·1ilr os venores ari-avés de i1·1sect icidils ou 1-c- doe1·1ç,1, rn as at·é ,HJor,1 não íoi cor1secJuid il a protecç/io
pc0lentes otJ reduzir il e;.:posiçf\o do susceptível. /1 t·o til 1.
ETIOLOGI
A sarna corióptica é a mais frequente em bovinos.
Os ;ícaros el e sami.l 1·11ilis co11n111s en1 hovi11os são: C/1oriop-
1e1 l.)(wis (s. corió11ticil), Sn rcoples srn/;iei /)()vis (s. sarcc'Jpti c,1)
e P.mrc.iplcs ovis (s. 1JS01c'1ptiCi1). l) ocJ e ,1irKJ c1 su1cJir Oel))Oc./ex
/)()vis e111 vitelos.
EPIDEMIOLOGI
O uso generalizado de avermectinas reduziu
substancialmente a incidência de sarna nos bovinos
em Portugal.
Distribuição llíUIKlial. Todil S as SJrr1c1S SJO lll êliS corrnrn s e
lllais facilmente transmissíveis no lnve1T10. A sarr1 a coriópti-
ca l-" cornurn quase todo o c1110 11os efectivos leiteiros c-•m
rcqimc intensivo. E:m bovi1·1os e1T1p,1stage1n é muito r&J 1·10
tempo qu e11tlc',
OIAG ÓSTICO
PATOGENI Os sinais e localização das lesões são bastante
típicos de cada variedade de sarna.
Apenas a sarna sarcóptica apresenta características
zoonóticas. CJ diaqnóstirn definit ivo deve Slºr fcilo e111 l,illClratc'irio corn
id en tiricaçJO da espécie de ,ÍCi.1ro. A r,ispagern de pele 1121s
/Is VJriecli:1cl r,. s de ,íc11·us sãCJ acJcipl c1cl ,1s :1
0
qtJe p;ira-
zo11as lrrnítrofl's das lc-•sôr,. s eleve ser· profunda. f)[J bc: sr1oi-
0
sila rn. Se lw i-n que/' ovis i11fectt=_• ovinos e hovir1os ,1 tra11 :;-
Liose, dern1atofilose, tricofitíilse, fotossl'nsi bilizil\ão, im peti-
111issibilic.li1cle e11tre ,1 , du,1s espécies 11:io é ÍiÍcil. Ani m ais
cJl'l, alerg ia e urticari ,1.
pode111 21dqui1 ir imunidade, 111,1s fur1cior1a111 como portado-
res. A locJliLc1r,cÍo 1H1 corpo ci o cJ 11i11·1,1I preferer1Cialr1H" 11te
;ifec1·c1dc1 é b,1sl;i11le específi ca da v21ri ecladc d t: s,m1a. Áca-
0
(Snrcoptes: 3 dias; Psorop tes: 1ll-15 dias). Snrcopl es c1Li11cJ P. as Tratar todos os animais da exploração mesmo
con1acJi1s mil is profL111das do estr21to córneo e: é rcsporis~vel os que não apresentam sinais.
pc lc1 forrna 111ais aciu cfa e1T1 hovirms; /\oropll's c° Corioples
0
TrJ ta rn en to i11JecL,ível ou pour-rn1 com suhstâ11Cii1s c'li:i fainí-
vivem 11as c21rnadas mai s superficiJis da epidc•rr11c 0
li;i elas aver11H" cti nas ou r11m:i decti11a. Não usar produtos
SI AIS CL( ICOS
O prurido intenso típico da sarna resu lta
de reacções de hipersensibilidade.
Sarna corióptica - A fo1111c1 rnais ben iCJna. Quase
sempre limitaclc1 à base ela caucl,1 e região perir,eal.
Su1·cie primeiro como peque11os nódulos exsucJativos
que ,Kilbam por formilr u111,1 croslêl espessei. Pel e fiec1
espessaclci e perde elasticidade
pour-011 rc•111 pele 9rc:1Vlclllen tt' danifi cada. L-l,111hos ou ílpli GJ-
c,:iio loc;-11 de rmidutos ii base de pirt: Lroidc s, él111itr,11 ou or-
0
E IOLOGI EP DE IOLOGIA
A grande maioria dos casos é causada pelo fungo Alguma s variedades de Trycophitum são zoonóticas.
Trichophyton verrucosum. Cosrnopolitél. Mil is comum em an imais es tabul,idos e em
Outréls varied éldes são: T 111e11to9wp/Jyt es e T megninii. São il11i111 ais j ove ns. Surtos séio co muns em vitelos após clesrn,1-
microo1ga11ismos ubiquiti.Írios. rne e Lrocíl de i11stalilções, provawlrne11te devido a ir·nun o-
PATOGE IA
Propagação muito fácil - entre animais e a partir das
instalações.
Fungo afecta tecidos queratinizados (epiderme e pêlo).
Forma-se uma crosta co mposta por epid erme danificad a,
exsudad o e micélios. Fungo não sobrevive nas zonas pela-
das e com crosta, avan ça ndo de forma ce ntrífuga pela pele
sã. Doença auto-limitante.
DIAGNÓSTICO
níveis elevados de espo ros no ambiente. Lavagens com
Lesões de crescimento centrífugo sem causar enilcon azol, micor1azol o u iodo, com escovagem enérgi ca
prurido são muito típicas. das zonas limítrofes da pel ada. Aspersão deve se r repetida 3
Raspag em da pele na s zon as limítrofes das lesões revela mi- a 5 dias. Iodeto de sódio 10% (1 g/14 kg peso vivo) ou grise-
céli os e es poros. Cultura. DD com papil o matose, sarn as, ofulvin a no alimento, em casos graves e exce pcio nais. A er-
piolho e paraqueratose. radicação tem de incluir lavagens (hipoclo rito de sódio 5%
ou fungi cidas) de toda s as in stalações e materi al que possa
contactar co m .animais, para al ém do tratamento de todos
ERAP U IC E P EVE ÇÃO os anim ais.
Esporos mantêm-se viáveis no ambiente até quatro A preve nção inclui regra s de biossegura nça e lavagem de
anos. animais antes de entrada. Vacinação começa a mostrar efi -
Normalm ente não se trata pois ocorre cura espontân ea, cácia, mas não existe aind a vacina com ercializada . Suple-
mas es ta estratégia perpetua a doença pois permite manter mentação da dieta com vit. A.
LESÕES DA PE LE E PÊLO
FIBROPAPILOMAS CUTÂNEOS (BPV 1; BPV2 } NEOPLAS IA CUTÀNEA, ALOPEC IA
LESÃO IRR EG ULAR E SALIENTE
TIOLO 1
BPV 1 e BPV2 causam fibropapilomas.
Ví1 us da fa mília Papillon 1aviridae.Tradi ciona lme11te descrevem -
se seis estirpes de papilomavírus bovino (BPV 1,) que originam
lesões geralmente benig nas (i 11vest igações recentes têm iden-
tifiG1dos 11 tipos). Também relacionados co111 tumores rnalig-
11os da bexiga em bovinos (BPV7) e sarcóides em equ inos
(BPV 1). BPV,1origi11a ca 1ci1 1omas na mucosa do tracto digestivo
supe1ior. Lesões por BPV1 e BPV" surgem no úbere (v.).
TOGf IA E EPIDEMIOLOGI
Tumores por BPV 1 e BPV7 podem ser enco ntrados na pele
de todo o co rp o.
01 GNOSTICO
Identificação do vírus por PCR.
As lesões são muito típicas se11do o laboratório necessá rio
ape 11as pa ra even t ual identificaçã o cio t ipo de BPV. Histopa -
NIC
Fibropapilomas são mais comuns na cabeça,
pescoço e escápulas.
Lesões em rel evo, pedu nculadas ou não, secas, com
aspecto de couve-flor de cor acinzentada. Podem te r
poucos centímetros ou atingir grandes dimensões ou
ainda confluir. Normalmente 11âo in co moda o anim al
excepto aqueles que cresc em nas pálpebras, comi ssu -
ra boca l ou focinho. Infecções secundárias podem
causa r dor, mau chei ro e necrose dos tecidos. Podem
ainda su rgir fibropapilomas no pénis. prepúcio e zona tologia mostra alterações típicas. DD com tricofi tíase, q ue
urogenital de vacas. gera lmente rião apresenta lesõe s em relevo acentu ado e
tem bordos bem definidos.
EPIDEMIOLOGIA
Geralmente afecta poucos animais na população
com excepção dos casos de intoxicação.
Ocorre normalmente em animais jovens, mas pode surgir
em animais adolescentes ou adultos mantidos em camas
muito conspurcadas.
PATOGENIA
Depende da causa, que muitas vezes não é
facilmente identificada.
Nos casos consequentes a acidose ruminai/intestinal não é
claro se a alopecia resulta de carência de algum elemento
ou da absorção de alguma toxina.
DIAGNÔSTIC
Diagnóstico da causa é importante para desenvolver
estratégias de prevenção.
Ées ser 1Cial e:<c11r1c clínico cuídr1do i11clui r1d o a11arnnese por-
1·nn1ori2,1da. fl iópsia cu tânea perm ite dia<Jnósti co difere1 1-
cial de il kJu11 lil'.> ca usas. DD: piolho, sarna, tri cofi tíase, fotos -
se11sibilidad(0 (º rlor011Cas co r1qér1iti1S.
TERAPÊUTICA E REVE Ç O
Protecção de sol intenso é importante em casos de
peles não pigmentadas.
l.i1 va c1c111 de pc0li1 dc1 s com m lução iocfada prornuw cresci
rncn to de novo pêlo. l_clVil\_ Jern com i'ir1u c1 e sab5o de i1 11i-
111,1is co11spurcados por fezes cli,irreicas Purina.
Boas priÍLi c,is de hi'.) iene incluindo mudJs de ca ma, uliliza çiÍo
de leites ,11Li liciéliS de boa qualidade (proté'Íllél J11i111r1 I), rlilui-
çiio e mistura ildequada de leites de substituiçi\o, triltJ111en lo
com an tipiréticos eni cc1sos de doer1 çil s c:0111hipertcnnia.
TIOL GI
Associada a insuficiência hepática ou por ingestão
de agentes fotodinâmicos.
A fotosse11Sibilidade primária resulta da acção de aqe11tes
fotodiri~linicos de rn igem química (e.g. fármacos como oxi-
tetracicliria) ou vegetal (e.g. toxi11as das plantas Lonlcma
spp.). A fotosserisibilização secundária resulta de insuficié11-
cia hepática causada por toxinas (e.g. plantas, algas ou fun-
gos) levando à obstrução biliar e retenção da filoeritrimi.
Uma das toxinas mais comu11S é a esrioridesminJ do furigo
Pithomyccs chartorum.
Está descrita um tipo de porfiria congénita com fotossensi-
bilização causada por um gene 1ecessivo.
PIO O A
No Açores é frequente a fotossensibilização por
existir condições óptimas para desenvolvimento
de Pithomyces chartarum.
A condição é rnais fre querite 11as recJiões com coridições de
Lernperalur,1 e humidade 21dequad as ,10 dese1ivolvimc11to
cio fu11go 11as past,1ge11s (esse11 cial111ente de azevém). O fim
do Verão e início de Outubro é a illtlll'a de maior risco 110s
Açores. No e11tanto é possível surgir em ar1irnais estabula-· N,1 fotoss e11Sibilização primári21 os c1ger1tes fotodir1 à1nicos
dos e mesmo naqueles a comer feno. Animai s corn pela- são absorvidos e coricer1t1ê1dos 11a pele.
gem não pigrne11tada ou com pouco acesso a sombra são N<1 formc1 rn11(Jé11itc1 tfa doe11çc1 há desde cedo a <1curnul,1-,
mais afoctados. c;ão de porfil·ia 110s teciclos, i11Cluindo pele, mas os sin,iis
podem sei- só evide11tes após vá1 ios meses.
l_esões freque11tes em zonas onde a pastaciern co11tém in-
festantes ricas em compostos fotossensibilizadores.
L
Limitadas a edema, necrose ou gangrena das zonas
de pele não pigmentadas.
A filoeritrina resulta da degradação da clorofila no
rúmen e é normalmente metabolizada e eliminada Podem ,e r evide11tes ou não as lesôes hepáticas.
pelo fígado.
A esporidesrnina causa hepatite e oclusão dos ca11alículos bi-
N TICO
liares. Ern casos de insuficiência hepática/biliar a filoeritrir1c111ão
é eli111ir1ada, entra em ci1culação e ,icumula-se debaixo da pele Ern animais malhados a distribuição das lesões
favorecendo a absorção de raios ultravioleta nas 2'011as pouco
é patognomónica.
pigmentadas. Há lesão, com necrose e gangrena, dos tecidos A detccção cfa toxi11a é pouco pi ovável. E111i111as hepá t icos
da epiderme e derme. O zinco actua como quelante da espo- elevados. DD com t ricofitíase, sam,1, hiperse11sibilicü1de/re-
ridesrni11a reduzi rido a absorçéio e acção nociva. 2icção a11,J fil ,íctica.
AI L! ICOS
Mesmo antes das lesões serem evidentes
os animais mostram sinais de desconforto (e.g.
irrequietos) .
Os primeiros sinais são Falta de apetite e quebra de
produção. Segue-se eritema e edema ou anasarca
das zonas de pele sem pigmentação e intenso pruri -
do. Há lacrimejamento, blefarospasmo e fotofobia,
Pode haver hipertermia. Animais procuram a sombra
e chegam a mergulhar as zonas afectadas em água.
Segue-se a Formação de vesículas. exsudação. desca-
mação, necrose e gangrena da pele. Quando grandes
extensões de pele são afectadas os animais mostram
sina is de desidratação. Nos animais com pelagem es-
cura os sinais restringem -se ao focinho e zonas de
transição para mucosas. Os tetos podem ter apenas a
face lateral afectada.
Apesar de serem consid e radas doenças distintas, a tcmpc1atu ra e hu m id,ide propícias. [sta é a ex plicaç!io para
possível etiologia mista e o quadro clínico semelhante sur tos repc rilirios e de h,w c r zonas de doe 11ça e11dé111ic1.
preconiza uma abordagem co njunta. Aíect,1 an ima is d e qu alc1uer icfa de e p rin cip,1lrne 11 Le aqu eles
ein boa co ndiç!io cor pora l. Ell'va cl a m o rta lid ade.
ETIOLOGIA
P TOGE IA
Causadas por diferentes espécies de Clostrideos.
rradicionalmente associa-se o Ca rb únculo Sin to m ático (CS)
A solução de continuidade que funciona como porta
a infecções por C. c/Jauvoei e o Edema Ma ligno (EM) a infec-
de entrada nem sempre é evidente.
ção por C. seplicum, C. 11ovyi, C. sordellii e C. chouvcx'i, mas Doenças i11fecciosas, rnas não co ntag iosas. Surtos dewrn-
mu ito freq ueri te rn eri te são isolacléls todas as espé ci es em se a coriclições ambic'11t c1is propícia s.
ambas as d oe11ças.To dos estes clostrídeos produze rn qu ari -
Os esporos penetram através de fer idas cu tâneas ou el as
t icfac les elevadas de exot ox in as.
mucosas d o tracto digc'sti vo ou gen ita l (e.g. lacerações d e
parto) . A via iatrogérii ca através d e agu lhas é ta 111bé111 fre-
quente. No CS é c1fectJdo essenc ialm ente tec ido muscu lar.
EPIDEMIOLOGI
Li geiros traumas, com fo rrnilc) io de her11atomas ou cdemc1s,
Os esporos das diversas espécies de Clostrideos parecem f,ivoreccr a ac tivaçiio dos esporos (íl m b iente an,1-
sobrevivem no ambiente durante anos. eróbico?). A tox ina ca usa necrose rjp id a e extensa. Tox in;is
A activação dos esporos pod e ocorrer por alterações am - e tro111boplast ina libertada dos tecidm necrosados ca usam
bi enta is (e.g. revolver solo ria s pasta<Jens) ou condições de CID e choque. A parLirdíls lesões prir1 12iric1s libertam-se bac-
térias que se pod em insta lar 11outras :w11a s.
LESÕES
As alterações de decomposição pós-morte
são muito rápidas nas clostridioses.
No CS a evoluçiio pode ser tão rápidd que não se desenvol-
vem y rílndes lesóes. Mú sculo escu 10 (neg ro) com che iro
ri'ln cido e b1 ilho metálico ao corte. A presença ele gás não é
Frequente. No EM há ncc1ose na zo 11c1 infectada e ed ema e
enfi serna rios tecidos circu11da11tc 0
s. Pod e haver acumulação
de fl uido sanguinolento ern d ive r·sas cavidades. Há sinais d e
CID.
01 GNÓSTICO
A cultura de Clostrideos só tem valor diagnóstico
se a colheita for feita imediatamente após a morte.
Técnica s el e imu11ofl uorescência em material elas lesôes po-
dem identificar ariticorpos. O dia<Jnóstico d iferenci al deve-
se faze r esseri c ial111ente e11tre as du,i s doenças se11do que o
EM ge ral111 e11te é mais be11ig no, é fac il mente associado a
uma fe ri d,1 e não afecta exclu siva m en te mú sc ulos. [1n caso
Pod e have r febre ou não, A(s) turnefa cção (êJes) são 110
início qu entes e dolorosas, rna5 rapidarner1te to111arn -
oe frias e idolores. A crepitação é pou co frequente, A
µ unção Sil i um líqu ido sa nquinolento escu ro sem
che iro ca ra cteríst ico (d iferença com fleimào por F ne-
crop/J orum) e algum ÇJás.
EA
Tratamento imediato e intensivo com penicilina .
Dos es elevudas de peni cilir1 ,1 ,1 cad a 6 horas, Obtemos tam -
bém resu ltados bastar 1te bons co m milcró li dos. lr1jecção de
doses sup lemer1ta res de an tibiótico nas lesões. AINES e flu i.,
d oterapia. He111oção cirúrgica dos tecidos necrosad os e
ga ngrenados, Estabular c1nima is e oferece r al irne r1to de
qualid ade e pa latável.
A vaciria ção co ntra clostridioses deve fazer pil rte do pro-
g rama sanitário de qualquer exploração, mas especialmen-
te 11as zori c1s ele cl ostri dioses endé111 ic.1s. Asseps ia e evitar
agulhas usil da s para inJecçêJes,
Miíases Larvas de diversas espécies de Visual ização de larvas no interior Remoção das larvas, lavagem e
moscas incluindo Musca domesti- de feridas profunda s. Larvas remo- desinfecção das feridas. Preven -
ca, Phormia sp e Sarcophaga sp_ vem tecidos necrosados. ção com insecticid as e/ou repe-
lentes.
Abcessos Causas mais frequentes: traumatis- Tumefacções mais ou menos rígi- Aplicação de rubefacientes até
mos (e.g. marradas), iat rogénicas das e de dimensões muito variá- notar conteúdo liquido e parede
(injecções) ou umbilicais. Frequen- veis. Confirmação fácil através de pouco espessa. Lancetar e lavar
temente isolado bactéria Truepe- punção - pus bran co amarelado com solução iodada. Se necessá-
rella (Arcanobacterium) pyogenes (o pus espesso pode ter que ser rio manter um dreno durante vá-
associada a F. necrophorum. aspirado). Pode haver dor à palpa- ri os dias. Geralmente não exige
ção (DD entre abcesso e hérnia tratamento antibiótico.
umbilical).
Bócio Hipotiroidismo - Carência em iodo. Tumefacção no pescoço ou entra- Suplementar di eta com iodo.
da do peito, não dolorosa e não
quente Por vezes alopecias, letar-
gia e aborto
Hérnia e Marradas, quedas, pancadas ... Normalmente na parede do ab- Hérnias traumáticas t êm indica-
hematoma dómen e de grande dimensão. ção cirúrgica, sendo difícil a sutura
Idade (lassidão muscular). Con-
traumático. Saco escrotal aumentado. Conte- do anel em animais adultos.
génito.
údo pode incluir víscera s, sangue,
Hérnias Hematomas e seromas podem ser
exsudado e fibrina formando lo-
inguinais. tratadas com água fria (primeira
cas. Nem sempre fácil se ntir anel
fase), anti-inflamatórios e diuréti-
herniário. DD com abcesso por
cos. Só casos graves devem ser
punção ou ecografia
drenados e lavados,
Hérnia Congénito ou adquirido (após on- Tumefacção de dimensão va riá - A maioria não necessita interven-
umbilical fal ite com abcesso) vel sobre o umbigo. Normal- ção. As maiores (> 1O cm) devem
mente facilment e reduzida sen- ser operadas.
tindo -se perfeitam ente o anel
herniário Não apresenta dor
nem ca lor à palpação, Raramen-
te associa-se a abcesso umbili -
cal ou forma aderên c ias.
Seborreia Ambiente húmid o e anaeróbico Desde eritema a ferida profunda Lavagem com so lução iodada
flexural entre úbere e face interna do que se pode prolongar desde a Aplicação de pomadas emolien-
membro. Mais frequente em novi- face mais dorsal da virilha até terço tes e cicatrizantes (e.g. oxido de
lhas com edema mamário exten- inferior da coxa. Infecção por bac- zinco). Antibiótico loca l e sistémi-
so no periparto. Crescimento de térias anaeróbicas causam mau- co. Com bater edema mamário.
bactérias anaeróbicas, cheiro característico.
Dermatite Mesmo tipo de etiologia do ante- Crosta e material pútrido na linha Eliminação difícil Lavagem agres-
média do rior, mas entre quartos mamárias média entre os quartos anteriores siva com desinfectante, retirando
úbere anteriores em vacas adultas com ou imediatamente anterior ao crostas e tecido necrótico. Poma-
úberes muito grandes. úbere (zona do umbigo), Cheiro das desinfectantes e cicatriza ntes.
nauseabundo.
Alergia ao leite Reacção alérgica à caseína do pró- Placas ou pápulas em qualquer Normalmente não é necessária
prio leite, reabsorvido por vacas região do corpo. Edema palpebral. qualquer intervenção. Ordenha.
com atraso na ordenha ou recen- Depressão e mesmo prostração. Anti-histamínicos em casos graves.
temente secas.
Dermatose Reacção de hipersensibilidade. Pele espessada e edemaciada. Pla- Anti-histamínicos. Remoção da cau-
eosinófilica Vacinas, fármacos, picadas de in- cas ou pápulas. Depressão e que- sa, se identificada.
sectos ou idiopática. bra de produção momentânea.
DD por Biopsia cutânea.
Hipodermatose Hypoderma bovis (larva). Menos Nódulos característicos (cerca de Uso de produtos da família das
(berres ou provável H. lineatum . 3-5 cm diâmetro com ligeira de- avermectinas (injectável ou pour-
berros) pressão superior (orifício de respi- on) tem reduzido muito a incidên-
ração) que se mantêm 4-6 sema- cia. Lavagens com cumafos, tri-
nas. Ao espremer é possível retirar clorfão e outros insecticidas.
a larva (esmagamento pode cau-
sar choque anafiláctico). Animais
fortemente infectados perdem con-
dição corporal. Na fase de migra-
ções pode ocorrer sinais neuroló-
gicos (raro).
Dermatofilose Dermatophilus congo/ensis - bac- Animais constantemente sujeitos Remoção das crostas, lavagem e
téria Gram positiva. a ambiente quente e húmido desinfecção das lesões. Antibióti-
(chuva ou aspersores) e a lesões co sistémico (penicilina).
cutâneas (picadas, traumas). Mais
Manter animais secos. Controlar
no dorso, garupa e ubere. Pústu-
fontes de lesões cutâneas e insec-
las, escaras e crostas de dimensão
tos. Suplementar dieta com Zn
variável . Sem prurido mas com
dor à manipulação. Por vezes fe-
bre. É uma zoonose.
Paraqueratose Carência em zinco (nutricional ou Vitelos lactantes ou recém-des- Suplementação com zinco. Com-
idiopática/genética) mamados. Atraso de crescimen- plexo vitamínico.
to. Alopecias com paraqueratose
nas orelhas, focinho e extremida-
des. Lesões bilaterais e quase si-
métricas.
Acromotriquia Carência em cobre ou excesso de Pêlos pretos acastanhados ou Avaliar níveis de Cu e Mo na dieta e
molibdeno ou zinco (quelantes descorados, especialmente em solos. Suplementação com cobre.
do Cu) volta dos olhos. Pêlo sem brilho.
Baixa condição corporal.
lctiose Genética. Vitelos nascem vivos, mas não se Refugar reprodutor portador. Eu-
congenita chegam a levantar. Sinais de dor. tanásia imediata do vitelo.
Pele rígida e espessura acentuada,
raiada por gretas avermelhadas
com padrão simétrico,
Hipotricose Genética Surge com várias variantes (e.g. Sem tratamento. Animais nascem
congenita total. parcial, cauda de ratazana) . sem pêlo e podem sobreviver se
Pode surgir associado a hipotiroi- resguardados do sol, calor e frio.
dismo.
LESÕES DA P( LE ( PÊLO
l.í:SÚí:S Di\ 1'1:1. E F. f' ~LO
LL' SÓl;S Ili\ l'í:I.[ I' PÍ: LO
LESÕES CUTÂNEAS DOS TETOS E ÚBERE
TIOLO A
Normalmente isolado Staphylococcus aureus.
Derrna lite in fecciosa limitadél à pele d o úbere de vacas
leiteiras.
P TOG NI
Favorece o desenvolvimento de mastites.
í: ntrad a cfa bactériJ por pequ enas élbrasões (e.g . pele greta-
dr1 élpcís ed ema mar112irio). Co ntágio entre animais é fácil .
S5o frequentes recidiva s 11 a rn esma vaca mesmo após trata -
me11tos prolong ad os. Possibilidade de existirem portadores
assintomáticos. fJode cél usar lesões sem elhantes nas mãos
dos ordenh adores.
01 G ó I O
Baseia -se no quadro clínico, confirmado por
isolamento de S. ourcus (zaragatoa).
O DD iric lui sa ma sarcc'Jpti ccJ e psoróptica e foliculite.
VEN O
Lavagem e aplicação de pomadas
com antimicrobianos. ·
Tratamento com antibi ótico pi1re11tera l (e.g. beta-1,ictami-
cos) em casos rnais graves.
A. C IC
Não causa prurido, mas o desconforto
é às vezes notório.
Inicia-se com pequenas ve sículas (<0.S crn), evolu indo
para p(1stulas corn zona el e erit rna periférica e final- Tem -dip e reg ras de higiene na ordenha. A pe le humana
mente forrn <irn-se crost,1s. Mai s 11<1 base dos tetos e é veículo de S. aureus e por isso o uso de luvas é reco-
porçi'lo poste rim do ubere. Pode evoluir para furL:111eu- me11dado espec ic1lme11te qu ando o rd enh ar vacas com
ETIOLOGIA rerri-se durante muito tt'mpo. Vacas rnais velhas fazem pro -
l21pso do esfíricter por flacidez 1T1uscular (possivelmente
Causas e efeitos comuns justificam abordagem
c1gr2iv21do por situações de hipocilcérnia).
conjunta.
A grande maioria dest,is lesões é ci,lusada por fwiciona-
rnento c.leficier1te da m(1quir1a de ordenha (e.g. excesso de EPIDEMIOLOGIA
vácuo). Outras cc1usas - substâricic1s irrita11tes na orrler1ha Surge essencialmente em vacarias onde a revisão da
ou riéls carnas; queimaduras ~ielo frio; iritr'odução repeti da máquina de ordenha não é feita regularmente.
de so11clas iritri1111c11 r1,írias. As causas t0rn em comum repeti-
Norrnalme11te afecta de forma mais grave as vacas mc1i s
velhas, mas em caso de mau furicicmarnen to da orde11h a
atinge todos os ,mimai s que vão 21 ordenha. Unidades dP
ordenha retiracfas de forrn a rnuito tc1rcli,1 é igualrnente urn
factor de risco. ílaramerite ,1ti1ic1e só um a11irnal pois a cau-
sa é 11om1almente comum ao gr·upo.
PATOGENI
Traumatismo (físico ou químico) provoca reacção do
organismo aumentando a espessura da camada
queratinizada.
Nos qu,irtos cujos tetos apresen1·a111 IPsóc s isolarn- se 0
SINAIS CLf IC S
Na hiperqueratose simples nã o há dor,
mas a ordenha é incompleta e demorada.
A lesao ele hiperquPri-llose c:orneç11 c(irno um eritr r11a 0
E A
BPV 5 e BPV 6 podem coexistir no mesmo animal. Contágio vaca a vaca através do proce sso
Os dois tipos de vírus estão mu ito ada ptad os ~1 pele do úlie-
de ord enha é muito fácil.
re e pa rti cu larme nte à dos tetos. BPV:; ori g i11a fi b ro papilo - Não são zoo11oses. Tetos gretados o u feri dos sã o ma is sus-
m as e BPVc, causa ve rdad eiros papil o rn as. ce ptíveis 21 infecção pelo vírus.
LE SÓES DA l'[LE E PE LO
O aspecto das lesões geralmente permite
identificar o tipo de BPV.
O tipo 5 dil ori (1ern a li:sôes pouco sobress,r idéJS fJõHe·
cer,J o pequer ios hagus ele arroz irKr'u5T7J(fos sob a
pele No, rna lrr1er1te 1150 ,cup,11T1 a c::,lr-ern ici;;,d e cio
1·ero (~ pm isso pe rturbarn pouco a sa ícfa cio leite. O
11(11rn,10 cJp tu írior e.s v~ri;i rnuitu, m;:is che9,,rl\ ;1cubri r
prcJlitdr ,1en1e t0do o te10. ü tií)o 6 Cél usa lesóes ir"rt?~Ju -
lil re~. alonqad,is (- 1 c. 111). bem sotm:~s.:i idas e pur ve-
;es curn projec:çcies Filifor·nws. f'od<c air1dc1 c1p;1 rece r
cu rno u111 papilom a L111i co de f)<i r·ede·; ber111\:\JL1i ar<:'S e
p1:du11cu l,~c'lo. furnLm,s pc0 qu,,nos P rnr'rlli í)los podc-'rn
oCllpar <1 ext re111 icl,1cle cio teto obstruindn ,:1 saída ele
leite,
As rm1stites 1.1or <'KJP.nte s ,irnb ic~ri t;J is s:io frl~quentes
devido é1 difiCLrlclêide c1 e clr~, ir1fec ç,10 cio teto, porqLrE-;
pode hJvP.r re11 tcJç,10 ele desobsHui r o buraco do lelo
curn sor1 cla~ ou porque ;i~ fer idcis, c:orn clcn· 11él orcle-
r héi, s.'io ('.Orrn 11 1s.
DI GNÓ IC
Técnicas laboratoriais (e.g. PCR) permitem distinguir
o tipo de víru s.
() DD cl<:'Vl:' sc0 r íei\CJ rnm pse udovilríolii .,. l1ipc0 rqu er,1lose
(qua11do ern vollél do hL1rc1co cio leto)
UT e EP EVE eo
Ordenha dos animais afectados sempre no fim.
C1u 1·eri1-aç,io de tun 1ores ir 1dividuc1 is.Est1Jric1ulam e1 1to w rn fio cio ele 11ovos ,mi rnc1is, incluimlo mJvil héls. Autov0ci 11as. l"leg ras
ou ,111121 de borr,1cha 110s tu111ores nidiores pedu11Culados. Apli- ,1pcrtêidcJs de higier1e na orde11hil (e.g. lt'il l-dip, uso de luvos).
cc1<;âo de desi11fect,111tes viric idas após il orde1111a. f:xarne cuicl,1- Evitar ;irr-,mc;ir tumores, especialrnente nc1 po11ta dos tetos.
--·"'"'------------------~-~--------------------··
OUTRAS LESÕES DO ÚBERE ETETOS
Mamilitis Lcsôes ul cc1 os,1s relativa111e11le CJr,1mJes, ve1·11wlhas e Cre111es a11ti-sé1)lirns e e111uli c11 tes. Acli cio11i1r gliceri-
(Herpesvirus-2) cluloros,1 s. Cros lcl s 111a11lé111-se sc~m,111;1s, M,1is 110s te- 11a ao tcat-clip. Cuicl,1dos cxt1 ,1 11c1 orcJ enlw par,1 cem-
tm, 111as LarnlJé111 no 1füere. CcmLagioso, Prn tadores. trolar dor e l'Vitar 111a slites Po111acJ ,1s víricidils
Em 111,111,1d,1s ir1rectadas c1 111orbilicJacle <" baixa e lirni -
tilcia il primípil rils log o apc'is o parlo ldC11 li fi Gi rll OS
su rtos e111 vacada de cilrne, inclusive ern vitela s.
Outr as: q ueimarj urns por fri o (e.q. CJelo rias ca rn as ); ()retas ,ipos ed ern ,1 seve10, iiu to-111utilaçào (110vilha s 110 pós-pa 1to co m ecl erna ma-
111á rio exter1so), hiperser1 sibi lidiicle ,1 desi r1fectantes, tr aurn,1ti,rno1 v~ rios. l ai 11cla: lesôes cm cloe,1çil s virais como 1811, Feb re Catar ral
Ma li 911a, 1-'ebre N tosa (ve r Ciicla doeriça).
Elegemos para esta secção as doenças com lesões bem O olho ocupa uma cavidade óssea designada de órbita. A
evidentes do olho e conjuntiva, mas também alguma s porção anterior do olho é constituído pela córnea e esclera,
que apresentam cegueira sem dano ocul ar aparente. Mui- segue-se a íris, corpo ciliar e coróide (ao conjunto chama-se
tas outras doenças descritas noutras secçõe s apresentam úvea) e o cristalino. A túnica mais interna é constituída pela
lesões oculares, cegueira ou simplesmente corrimento retina. O humor aquoso preenche as câmaras anterior e
ocular - Doença Respiratória Bovina, Rinotraqueite Infec- posterior do olho. O humor vítreo é uma substância gelati-
ciosa Bovina ou Febre Catarral Maligna - mas nestes casos nosa que se encontra entre o cristalino e a retina.
são sinais secundários num quadro clínico com muito
maior expressão noutros órgãos. A comunicação do olho No exame do olho é essencial avaliar os reflexos, tanto pu-
com as fossas nasais através dos duetos lacrimais faz com pilares (midríase = dilatação da pupila e miose = contrac-
ção da pupila) como palpebral. A ausência de reflexos pode
que agentes actuando sobre o tracto respiratório acabem
ser devido a paralisia muscular ou a cegueira, periférica ou
por causar doença oftalmológica, principalmente conjun-
central.
tivite. Por exemplo, temos isolado frequentemente Pasteu-
rella multocida de zaragatoas feitas a vitelos com querato- Os bovinos leiteiros ou de engorda com cegueira unilateral
conjuntivites. conseguem sobreviver e produzir sem grandes inconve-
As doenças oculares podem resultar de problemas estrutu- nientes, mas o mesmo não acontece com vacas de carne
rais, afectando o olho ou os tecidos adjacentes (e.g. conjun - em extensivo. Animais cegos devem ser abordados com
tiva) ou funcionais, tanto por lesão do olho como do SNC. A cuidado pois podem tornar-se mais agressivos ou coloca-
distinção entre estas duas formas é essencial, mas nem rem os operadores em risco por terem dificuldade em loca-
sempre fácil de se conseguir. lizar a presença humana.
ETIOLOGIA PATOGENIA
Responsabilidade primária continua a ser atribuída Adesão ao epitélio impede que bactéria seja lavada
à bactéria gram-negativa Moraxel/a bovis. pelas lágrimas.
Moraxella bovoculi e Neisseria (Branhamella) catarrhalis Após aderirem ao epitélio da córnea desencadeia-se o me-
tem sido associadas a casos de querato-conjuntivite in- canismo de citotoxicidade. Este processo é mediado pela
fecciosa dos bovinos (QIB). M. bovis pode ser isolada de citolisina (exotóxina), uma proteína hemolítica com capaci-
animais saudáveis (portadores). Das várias estirpes de M. dade de formar poros, com actividade leucotóxica, com-
bovis existentes apenas as estirpes hemolítica s, com pi//us prometendo a capaci dade do animal para combater a in-
ou fímbria s, são capazes de causar doença. Nem sempre fecção e capaz de promover a digestão dos tecidos que
existe imunidade cruzada entre estirpes. Mutações po- conduz às úlceras da córnea. A endotoxina da M. bovis esti-
dem resultar em que fenotipos não-hemolíticos mudem mula ainda os macrófagos, células endoteliais e linfócitos a
para hemolíticos. libertar uma série de citoquina s (TNF, IL-1, IL-6) induzindo a
PtD IOLOGI r=le rn er1 tos im unodepressures como fac tmes de stress, su b-
nutrição ou outros agentes infecciosos (vírus - 13VD, 113R;
QIB ocorre normalmente em surtos.
bactéric1s - Neisse1ia colorrlwlis, Moroxel/o hovoculi) podem
Surtos surqem esse1icialme11te no Verão e início do Outo110. A au111e11tar a susceptibiliclade à 0113.
sazm1alidade pode estar associada ao aumento da exposição il
racfüiç::\o ultr,1-violeta que pod e sensi biliznr, irritar e até mesmo
lesicmar ,1 cómea, ab1·ir1do a porta à invasão bacteriana. Raças LESÕES
tropical111e11te acfaptadas são mais resistentes (e.CJ. Gos indicus). Complicações da QIB são endoftalmite,
Escleras não picJme11tacias poderão ser mais suscep tíveis. panoftalmite, queratocone, hipópion e iridociclite.
As lesôes variam com a virulê1icia da esti1 pe e podem ir de
simples C1lcerc1 da córnea c1té ruptLJrêl do CJlobo ocular. Na
SI AIS CLINI S 1·uptu1·a da cómeJ a solução de ccrnli11uidade geralrne11te é
A gravidad e e evolu ção está muito depende nte tapada com t1,·cido da íris que c1parece com o um anel ver-
da estirpe e do estatuto imunitário do anim al. melho a sobressair da superfíci1c· da có rn ea,
c:iciJt riz puric:tiforrrw [)Od e m,rntP. r-sP. clu1d11te rm1i1·0 ~ebre C1tarr,1I Mali g r1a, 13VD-M D, cor po est r,rnho (111Jis
ternprJ. Ca~oó rnnis c1rc1ves podem re óu lt1J 1' em ruptura frequenlernr: nle pr,1 g c111r1s), traumatismo, carcir10111a es-
e.li, c:ómec1 e prol apso do huino,· ,iquoso. 111/ec:ç(ies se- pi110-celuli1r e porasitJs (T/1elazio S/>p) . Di1cJ(J', epidcrnio-
cu r1cJc~ri ;is ,;;10 res pons,iveis por cem i111entn purul en to. lócJicos e 11111 horn exame do ol ho c1 eralrne11te rwr rn it c; r11
/\ 018 cc1u s,1 dor i11tensa que se pod e ,1l ast1a1 ,1 toci ;J ~ faze i· o diagnóstico, que urnJ zar,1cJc1to,1 fund,1 cio s,Ko
c,11:ieç:;1. Todos estes si11ai s poc1ern Seº !' u11i ou bil,1re,-,1is. c011j untivJI po d c: rá cm1firma1· e ai11 da se1v ir pc1ri1 eíectuar
o TSA.
TE p·uncA E PREVENÇ o
O tratamento da dor com AINES é um componente
essencial na abordabem à QIB.
O suct'SSo é tc111 to 111,iior qua11clo mai s cedo for efect u,1do
(c111tes de destru ição extens iva de tecidos). A éidm inistraçi\o
vi21 sub-conjunt iva! de ~-lact,1111icos (1 -2 mi) é 11orrrnlrrn-,11-
Le eficaz. Evitar uso de tetra cic:liri as por esta vi;1 por ser i1ri-
ta11te para os te cidos. Diversos ,rnti ni icrobia11os s,10 efica-
zes por via parenteral Sé'ndo prefe rível t 111 iridivíduos c1c-'
clirícil crn1te11ç.':io ou quando um g1 ,1ncie 11úrnc1u de ani-
111ai s é aftctado. Cisos simples poclern wr tratados com
pornilda ou colírio. A preve11ç5o faL-se êi lravés do con trolo
de moscas ou uso de auto-vilc inas. As Vilcinas comerciilis
n.'\o mos tram urna 9rande eficácia 11i1 prcve11ç;'io da doen·-
Çi1, mas red uze m a qravidi1de d,1s lesões.
CARCI OMA ESPI O-CELULAR OCULAR COIHWvll:NTO OCULAR · CON JlJNTIV ITC
lll.EFMl<>SP/\SíVlO · NFOPLASIA
ETIOLOGIA co 11l1 1cc idos. /\ loec11i2'.aç5o pri méÍr ia do c,m: ir1 onir1 orn l,ir
lé11nht'rn é v,HiiÍwl se11Llo mai $ freque11Le 11 0 bord o livre
A conjugação genética-ambiental parece aumentar
dil 1r1 e111h1·anc1 11icti ti11,tec•. Sc 11 do urn tumor 111i1liCJ110 a
a susceptibilidade.
rnetas tiz,ic;iiu é u111,1 pos, i!Jili dade, se he111 que 1150 mu i-
A predisposição genétieci em a111bie 11Les propícios - e;, pm i- to freque11Le.
ção consta11tt• i1 luz solar/r,1ios LJV - parece justific<1r ,111 1,1ior
prewM•11eia e111 certils explorélçôes. O pr1pel de vírus ni1 fase
i11ici,1I da doença deve ta111 hé111 ser con sider,1do j/1 que te111
sido iso lado ADN c1f' vírus da papilornatose bovinil (v.) em
carc i110111as ocu lares.
PATOG Nt
Geralmente os carcinomas espinocelulares
das pálpebras são precedidos por epiteliomas
ou papilomas.
l-'avo1ece11clo a teoria do pape l de vírus observa -se fre-
quen terne11te que ,1 lesão inicii1 1 (placa) evolui par,1 um
papi lornêl e depois, eve 11tual111e11te, par;1 um carc ino111a .
Todav ia, 30% a 50% da s lesões primór iéls reciridern sem
cheqíl r à fase cie ca1cino1 na . O c,irci11 0 111 a não reciride,
111 ,1s a rap id ez de cresci111 ento depende ele factores eles-
10 10 GA
O carcinoma espinocelular é a neoplasia mais
l SÕE
comum das pálpebras (incluindo membrana No caso de metastização é certa a reprovação
nictitante) dos bovinos no matadouro.
lesta e~ urr1c1 neop las i,1 de cJi stribLriç:ão mumli al ,encJo 111ais As sc quelas do ec1rc:i11011 1ci orn lar dos bovinos são provocadas
0
frequente ern ani mais de Gl me (extensivo) expostos a 10 11- por metástasc s que já for,1 111 identificadas c1 ,-1ível ci os li11 fo 110-
0
ÇJOS períocl os de luz solilr. É uma das neoplas ias ma is rre- dos regioriai s, pulrnôes. coração, pleura, r·íCJ,ido, 1·i11s e cérebro.
quentcs nos Açore s (-20% das rejeições no m,1t21douro ele-
DIAGNÓ ICO
Apenas o exame histopatológico permite
a confirmação definitiva
Se bern que o qu,id ro clínico e i1 evoluç~io dil s lc sc'ie s sej,ir11
0
rnuito típicos o diagnóstico dire renc ial deve incluir: 1 rc1 L11 rra-
ti smo, corpos ecstrc1 nhos (r.iraq,mas), querJto-cu 11J u111i vitc
infecciosa bovir1<1; qu isto dc rr nóicle e ectropior1 .
T A F
No campo a ablação precoce da terceira pálpebra é
o método mais aconselhado.
Porque -,50% d;is lesões primiÍriils podc rc rn regredir espo11-
0 0
Corpos estranhos Conjuntivite e queratite são frequentes em casos de traumatismos. A pragana é um dos corpos estranhos
e traumatismos mais frequentemente encontrados nos o lhos de bovinos. Obrigam a um bom exame do saco conjuntiva!
seg uido de lavagem e aplicação de antimicrobianos e anti -inflamatórios tópicos.
Exoftalmia/ Lesão congén ita ou adquirida (e.g. leucose) que pode ser uni ou bilateral. Têm tendência a agravar com idade
estrabismo conduzindo a cegueira total. Casos unilaterais podem justificar enucleação do globo ocular.
Microftalmia Malformação congén ita que pode ser uni ou bilateral e acompanhada ou não de outros defeitos Animais
com lesão unilateral podem chegar à idade adulta
Septicemia e Situações clínica s que normalmente se acompanham de uveíte com evidente opacidade da córnea.
acidose ruminai
Thelazia rodhesi Geralmente assintomático, mas em casos de imunodepressão causa conjuntivite severa, queratite e mesmo
ulceração. Visualização do parasita (1-1,5 cm). Tratamento com avermectinas.
BVD(v.) Cataratas congénitas com displasia da retina. Pesquisa de antigénio BVD Sem tratamento.
lrite Bovina Geralmente ocorre em animais com acesso a silagem contaminada com Listeria monocytogenes. Uveíte com
opacidade severa. Lacrimejamento, blefarospasmo e fotofobia. Não há ulceração Penicilina e corticóides
(subconjuntiva l ou sistémicos).
Avitaminose A Cegueira com ausência de reflexo pupilar Mais provável em vitelos de engorda alimentados com cereais.
Suplementação da dieta com vitamina A como prevenção.
Poliencefalomalacia Descrita entre as doenças com sinais neurológicos. Ocorre cegueira repentina. Exame oftalmológico normal
- carência vit. B1 com reflexo pupilar. Em casos subagudos a cegueira pode ser o único sinal evidente. Tratamento precoce
(tiamina) com vitamina Bl
Intoxicação Descrita entre as doenças com sinais neurológicos. Para além de acentuados sinais nervosos há cegueira com
por chumbo perda de reflexo palpebral (teste de ameaça).
Outras causas de doenças com lesões oculares - IBR, Febre Catarral Maligna, Micoplasmose, Histophilus somni, Clamidiose, Besnoitiose,
Teileriose, leucose bovina e intoxicações.
Os sons cardíacos resultam do embate ou passagem do da acumulação de exsudado no pericárdio. O som nem
sangue por estruturas do coração/grandes vasos, e particu- sempre coincide com o batimento cardíaco.
larmente da turbulência criada quando as válvulas cardía-
Também o silêncio (sons cardíacos abafados) deve ser in-
cas se fecham. Os sons cardíacos são avaliados quanto à
vestigado. As causas podem ser de origem cardíaca (e.g.
frequência, ritmo, intensidade e presença de sons adventí-
material purulento no saco pericárdico) ou extra-cardíaca
cios. Os locais de auscultação estão descritos no Cap. 1.
(caverna, sufusão ou abcesso na pleura; edema e enfisema
Os sons adventícios mais frequentemente detectados no subcutâneo) ou não patológicas (e.g. obesidade).
exame físico no campo são:
Alterações de ritmo, frequência e intensidade do batimento
• Sopro - ouve-se como que o som da passagem de ar cardíaco podem dar-se por causas cardíacas, mas mais co-
por um fole após um ou os dois batimentos cardíacos mumente tem outras origens - desequilíbrio electrolítico
normais. Quase sempre resulta de lesões cardíacas (insu- (Ca++, K+ ... ), toxemia, stress, medo, anemia e intoxicações
ficiência valvular), mas pode ser ouvido em situações não várias. Igualmente, os restantes sinais clínicos de insuficiên-
patológicas (anemia, gestação, decúbito lateral). cia cardíaca podem surgir em doenças várias sendo mais à
• Som de atrito - som de raspar que resulta da fricção dos frente apresentado um quadro com os principais DD.
dois folhetos do pericárdio em casos de processos infla-
A ecografia é um meio complementar de diagnóstico com
matórios sem grande acumulação de líquido.
imenso interesse no diagnóstico e prognóstico das doen-
• Som de marulho ou gorgolejo - parece som de líquido ças mais comuns, sendo que as sondas normalmente usa-
a chocalhar no interior de um espaço fechado e resulta das no campo servem apenas para animais jovens.
ETIOLOGIA PATOGENIA
As endocardites dos bovinos são quase sempre A válvula mais frequentemente afectada é a
sequelas de processos infecciosos crónicos. tricúspide, seguida da mitral e pulmonar.
As endocardites em bovinos são maioritariamente de ori- Não é claro se a endocardite se inicia por adesão directa das
gem bacteriana, mas podem, ocasionalmente, ocorrer devi- bactérias ao endotélio normal, se através de pequenas des-
do a parasitas. Os agentes bacterianos mais frequentemente continuidades da superfície das válvulas ou se por difusão
isolados são Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes, Strepto- hematógena através dos capilares da base. Se bem que possa
coccus spp, Staphylococcus spp, Clostridium chauvoei, Pseudo- surgir sem lesões prévias, qualquer erosão da superfície do
monas spp. e Mycoplasma spp .. Na origem destas infecções endotélio valvular pode torná-lo mais susceptível à infecção,
cardíacas estão doenças crónicas causadoras de bacterie- uma vez que o processo de regeneração e cicatrização (depo-
mias persistentes ou recorrentes tais como abcessos, pato- sição de plaquetas e fibrina) favorece a colonização e desen-
logias podais, ruminite, peritonite, reticuloperitonite trau- volvimento dos microorganismos. As lesões do endotélio
mática, metrite, mamite, pneumomia e tromboflebites. ocorrem ao longo das linhas de encerramento das válvulas,
A endocardite é a patolog ia valvular mais frequente evol ução é var iável pode ndo a doenç a pe rsisti r du-
T R PÊUTI P V N
O diagnóstico precoce é essencial a um tratamento
com sucesso.
A cura de uma situação de endocardite bacteriana requer
uma terapêutica antimicrobiana, idealmente com bacterici -
da e por via IV, co m a duração mínima de 4 semanas. O an-
tibiótico de eleição deve ter concentrações plasmáticas
elevadas e, no cas o de hemocultura positiva, deve ser esco-
lhido de acordo com o TSA. As escolhas que favorecemos
são pen icilina, amoxicilina, ampicilina e ceftiofur, se se qui-
ser manter o aproveitamento do leite. O uso de ácido-ace-
antibioterapia 24 a 48h antes da colheita. São aconselhadas ti lsalicílico (oral) está descrito. O prognóstico a longo prazo,
três colheitas consecutivas no espaço de 1 hora. Análise mesmo de animais em que o tratamento teve sucesso, não
sanguínea - anemia, leucocitose com neutrofilia, hiperfibri- é completamente favorável, pois as cicatrizes que se for-
nogenémia e hiperglobulinémia. En zimas hepáticos eleva- mam nas vá lvulas muitas vezes levam à distorção, regurgi-
dos. Exame ecográfico (sonda linear co nvexa de 3,5 MHz) tação valvular severa e à morte do animal.
permite visualizar irregularidades, espessamento das vá lvu - A prevenção baseia-se no tratamento atempado e comple-
las e refluxo san guíneo. A idade é um factor a ter em conta to de doenças co m potencial de cronicidade.
P MO
Prevalência muito variável e dependente
de condições e maneio das explorações. li I O
A origem dos corpos esLranhos é: pedaços dos aram es usa- A relutância a mover-se é um dos pri meiros
dos para amarrar fardos; c11-a rn es e p regos usados 11a repa1a- sinais detectados em bovi nos com retículo-
ção ele instalações e caídos por acic1e11te nas pastacJens ou peri cardite.
rnanjedou1·as; ara111es dos p11eus colocados sob1·e os plásti- A primei r,1 tase da cloé'11ça caracteri z;i-se por ocorrê11-
cos das silaCJens; arames apanhados pelas máquinas aquan- cia s(1bita ele licJei1a hipertermia (39,5-40°(), ano1exia,
do do corte dé' plantas foriageiras; agullias, é'tc .... A inci- ,1tonié1 ruminai, relutâ11eia ao movimento (especial-
dência da doença tem dimim1ído devido à introdução de mente d escid as) e sin ais de do1 (e.g. posição de cifme,
medidas preventivas. gemidos e bruxisrno). Normalrne11te há coprostase. A
palp,içâo ve1ltl'al esquerda p rofunda ou o "teste do
pau"exacerba estes si11 éiis. Ao colocai· pressao sobre as
ve rtebras dors,iis o anim al evita e11tra1· ern lmdose e se
obrigado a movime11ta r-se 1ecus c1 fcizer descidas ou
curvas ,ipertaclas. Todos estes sinais podem ser inter-
rnite11tPS e varia r na intensidade ao longo ciP dias. Se-
guem-se sin,1is típicos de dificuldade de ci1culaç.'lo de
retorno, como ecl e111c1 da barbela, edema subma11Cii-
bul ,11, pulso JllllUli11 e ascite. Os sons à auscultaç,10 car--
c1í,1 cc1 variam com ,1 fase da cloe11ça pocle11do ouvi1-se
taquic,irclia, ,m itrnias, 1uído ele fricçao (os dois folhe Los
i11fla111,1dos roçam urn 110 outro), som de rnarulho (lí-
quido agitado pelos batirne11tos ca1·díacos num espa-
ço com alcJurn gá s) e sons cardí2icos abafados. Podem
sei- ouvidos fervores na zrn1,1 vent ral do pulmão es-
querdo. A res p iraçJo é supe1·ficial, sobressaltante, ,1b-
domi1d e acoi11p,111hi1da de gemidos 11,1 expi1c1ção,
Aqui iremos Jµe11as tratar das silu ,1çôes cor 1duce ntc"'s a pe-
ricrnclilt' trau1T1ática. Esta evoluçiio ci 1·11 ais írequc11te cm vc1-
cas gestc111tes ou pouco tempo élpós o péli to.
LES
Muitas vezes já não é possível encontrar o CE
no pericárdio ou no tecido inflamatório e cheio
de fibrina que assinala a sua migração.
Há ade rências, fibrina e abcessos ao lcJ11go do trujecto fistu-
losos e11tre retículo e cavida cle toráciCcl. S,ico peric{mlico
c: hcJio ele líquido scro-s,rncJui11ole11to 01 1fihrir10 -purulc11to,
com aspt>cto <le ovos-mexidos. Encontrámos casos c:orn
ma is ele S litros de pus espesso no in te rior do pericárdio.
Aderéncias nv1 is Oll lllenos exten sas en ti e os foll1etos. FkJil-
do congt'Stionildo (fírJcido c<1rd ít1co).
01 ÓSTICO
Dor abdominal ventral esquerd a associada a edema
da barbela e sub-mandibular, são altamente
sugestivos de pericardite traumática.
O uso de d< teno re s cJe metais<' C1til, rnr1 s urn resLrltc1do ne-
0
<Jiltivo perante uni quéld ro típico 11,io deve elirn i1 1ilr a hipó-
tese de peri ca rdite tra u1 nc'1 tica l'stes ap,1 relh os podem ser
úteis llél loca lizr1çiio mais prec isa do CE.
IOL
1( S
Existem diversas malformações congénitas cuja
diferenciação é difícil de fazer por exame clínico. Pequen as malformações card íacas podem
torn ar-se evi de ntes apenas após exercício ou
A ma lfo rmação co nsid erad a m ais com u m em bovinos é
como surp resa de necrops ia.
o d efeito no septo interve n t ricu lar (DSV) q ue se rá d escr i-
ta em m ais porm enor. Tam bé m sã o re lati vam ente fre- O principal sin,11é um sopro cardíaco pansistólico, audí-
q uen tes as lesões cong éni tas das válvu las pu lmonar o u vel em ambos os lados do toráx rnas c.orn intr-'nsidade
tr icúspi de. máxima no lado direito. O frém ito pré-cord ial é t,nn-
bém muitas vezes pa lpável, A intensidad e do sopro n/io
Origem essen cialm ente ge néti ca ou acidental durante a
co rreoponde nece ssariam ente à d imensao do defeito.
embriogénese. A DSV pa rece se r hereditária em bovinos
Ourros sinais freque ntes siio intolerância ao c xercício,
0
Persistência do ductus arteriosus Norrna ln 1< r1 ll' c·nu•rr,1 11,1s prime ir,1s l1u1J s p<ís-11<1sci1 nl'11\o Persistf r1ci,1 ca usa sopru continua-
0
do e 1,1uito,1ucJívd
Tetralogia de Fallot lt1c:011 1p111ível c"11 1vidcl ex lrc1 -utcrina. l'o~síw l Cill JS J de niortc irK•xplictive l ,1p(>s pa rt o l~cil.
Coração ectópico Cera Ir nerllt' 11,1 elirt•c ( 5" ,111lP1io r (c,:,vical). Pode St·1cor ,1p,11·ívPI <:<J1 11 vida
Defeito septo interauricular '. ie for (111ico ddeilo pocJL· scr ,1:,:,i11to111 {1lico.
Dextraposição da aorta l 01 11pres,iio do e•;c'>l, 1cio rn1, 1di sfu ~Ji,1e r0qu1·cJitaçiio rJo leitc•.
Apesar de "anernia" não pod er se r co nsiderad a pro priamen- sensíve is a an emias agudas, rn o rrendo q uando o hemató-
te um sin al clínico,já que se refere a um a redução do m'.1me- crito desce rapidamente abaixo dos 18%.
10 de eritrócitos ou a um défi ce el e hem oglobina, este é o
A transfusã o sanguínea é uma terapêuti ca bc1rata e eficiente
term o muitas vezes usado par·a se referir a mucosas pálidas.
em muitos casos de anemia, en ce rrando poucos riscos, par-
A verd adeira a11emia pode surgir por perda de sangue total
t icu larm en te quando é a prim eira a se r efectuada num
(e.g. hemorrag ias), reduçã o no n(rm ero de eritróci tos (e.g.
dado animal. O anticoagula nte de eleição é o citrato de só-
hemóli se o u eritropoese insuficiente) ou défice em hemo-
dio (35 mi de so lução a 20% por litro de sa 11gue). Ern alter-
g lobina (e.g. carência em ferro ou cobalto). A co r das muco-
nativa usa r heparina (5.000 UI por litro de sa ng ue). Nào ul-
sas é a form a mais habitual de avaliar o g rau de anemia, mas
trapassa r a ve locidade de 1O mL/ kg/h.
a palidez pode surgir tam bém em casos de desidratação,
medo, stress, temperatura s ambi entais baixas e outros fac- A icte rícia, q ue se caracteriza clini ca mente pela co loração
tores q ue afectem a circulaçã o periféri ca. A distinção entre am arelada da esclera, mucosas e pele, resulta da acumula-
verd adeira e falsa anemia é normalmente feita após hemo- ção de bilirrubina nos tecidos e é muito rnais evidente
g rama, se bem que outros sinai s, co mo a hemoglobinúria, quando a bilirrubi11a é conjugada. Por es ta razã o é mais pro-
po ssam deixar pistas. nun ciada em casos de doença hepáti ca ou co lestase (rara
em bovin os) do que por hemólise (co mum ern bovi11os).
Vári as doe nças, não incluída s nesta secção, apresentam Nestes últimos casos teremo s um estad o de an emia, um
anemia inte nsa, mas o utros sinais normalmente sobressa- aumento de urobilinogêni o, au sência de uro bilirrubina e,
em. O quadro final apresenta as ca usas mais frequentes. quase sempre, hemoglobinúria,
Os bovinos são relativamente resistentes a anemias cróni- De lembrar que doenças concomitantes podem disfarçar a
cas, suportando, se não forem ob ri gados a esforço excessi- verdadeira cor das mucosas - septi cemia, intoxicações ou mes-
vo, he m atócritos perto dos 12%. Em co ntrast e, são muito mo parto recente com congestão ou hematomas na vulva.
ETIOL GIA
Doença hemolítica causada por Anaplasma margina/e.
A. margina/e infecta apenas ruminantes e especialmente
bovin os. A espécie A. cenlrale não é patogé11ica ou apenas
ca usa doeri ça subclínica, ma s pode co nfundir o diagnósti-
co. São bactérias Gram-negativa s iritracelulares do mesmo
g rupo das Ricketsias (Ord em Rickettsiales).
PIO MIOLOGI
Endémica nas manadas das zonas quentes do sul do país.
Parece haver predisposição de raça, sendo as raças autócto11es
geralmente mais resistentes. A doen ça clínica é mais grave
quanto mais velho for o animal, sendo que vitelos com menos
de 6 meses raramente fazem anaplasmose. Anticorpos mater- SINAIS CLÍNICOS
nais conferem resistência até pelo menos aos 3 meses. A doença é particularmente grave em animais
Não se conhece bem o papel dos ruminantes selvagens na com mais de 2 anos de idade.
propagação do agente. A evolução pode ser muito rápida em animais adultos.
Doença não contagiosa. As carraças (lxodidae) são os vec- Sinais mais evidentes são febre (40°-41 °C), mucosas mui-
tores mais importantes na transmissão do agente, mas não to pálidas, anorexia, depressão, taquicardia, atonia rumi-
são imprescindíveis. Formas infectantes podem manter-se nai e pouca resistência ao esforço.Tipicamente os animais
nestes artrópodes durante muitos meses. As carraças em a fazer doença clínica ou em convalescença ficam para
animais com doença clínica são portadoras de uma grande trás na manada e chegam a deitar-se se forem obrigados
carga parasitária, mas na fase crónica a probabilidade de a correr ou submetidos a stress. O andar é também carac-
infecção dos vectores é menor. terístico - arrastam no solo as pinças dos membros pos-
teriores. As vacas gestantes geralmente abortam.
A transmissão por insectos picadores (e.g mosca-dos-está-
bulos, mosquitos e moscardos) e a via iatrogénica (e.g. agu- Estão descritos casos de morte súbita de animais imu-
lhas, alicates de brincos e instrumentos de cirurgia) podem nitariamente "ingénuos"fortemente infectados.
ser importantes em certas zonas e períodos do ano. Nestes Na fase de convalescença a produção leiteira é baixa e
casos a sobrevivência do agente fora do hospedeiro é mui- o animal evita esforços isolando-se mais do grupo. Mu-
to curta. A transmissão transplacentária está descrita. cosas pálidas e ictéricas mantêm-se durante semanas.
PATOGEN IA
DIAGNÓSTICO
A fonte de infecção é sempre o sangue de um
animal previamente infectado. Durante a doença clínica há observação fácil
de A. margina/e em numerosos eritrócitos
Após entrada do agente há um período de incubação as-
em esfregaços de sangue (com EDTA).
sintomático com duração muito variável (até várias sema-
nas) seguido da fase de doença clínica que normalmente Em termos clínicos é de suspeitar de anaplasmose aquando
dura menos de 10 dias. Durante este período os eritrócitos de uma anemia febril que afecta apenas animais adultos. O
infectados são fagocitados e destruídos pelo sistema reticu- hemograma mostra anemia regenerativa (macrocítica) du-
lo-endotelial (extra-vascular) e por isso não há hemoglobi- rante a convalescença.
némia ou hemoglobinúria. A mortalidade pode atingir os Observação de algumas formas infectantes nos esfregaços
50% nos animais adultos e para os sobreviventes o período deve fazer suspeitar de animais portadores, mas a aparente
de convalescença é muito prolongado. Os animais que so- ausência daquelas não permite afastar a hipótese de infec-
brevivem são sempre portadores, apenas voltando a de- ção. A serologia é útil, mas existem reacções cruzadas com
monstrar a doença em casos de forte imunodepressão. outras espécies e outros parasitas sanguíneos. Testes mole-
Surtos no Inverno estão provavelmente ligados à quebra de culares (e g. PCR) mostram elevada sensibilidade.
imunidade, com recrudescimento da infecção em portado- O DO deve incluir Babesiose (em que há hemoglobinúria),
res, associada à transmissão iatrogénica (e.g. intervenções leptospirose, intoxicação por plantas, intoxicação por cobre
sanitárias). e outras doenças apresentadas no Quadro no final desta
secção. A morte súbita de diversos animais deve ser dife-
renciada de carbúnculo hemático e clostridioses.
ANEMIA• ICTERfCIA
tração de eficácia da enrofloxacina (7,5 mg/ kg, 3 dias). lmi- Nas zonas endémicas, ou durante períodos de stress (e.g.
docarb (3 mg/kg) é usado essencialmente quando se tem carências alimentares no Inverno), devem-se trocar de agu-
infecções mistas com 8abesia sp .. Duas injecções de 5mg/ lhas entre animais e desinfectar todos os instrumentos que
kg de imidocarb com 15 dias de intervalo e oxitetraciclina IV contactem com sangue (e.g. alicates de brincos, arganéis
na dose de 11 a 22 mg/kg durante 10-12 dias, eliminaram etc ... ). Cuidado com introdução de animais provenientes
as formas infectantes em portadores. de zonas endémicas em manadas sem o parasita - o esfre-
gaço pode não servir de despiste de portadores sendo
Em casos agudos poderá ser necessário proceder a transfu-
aconselhável a serologia ou testes moleculares.
são sanguínea se bem que os bovinos são bastante resis-
tentes a anemias crónicas desde que não sejam obrigados Controlar infestações por caraças (e.g. ectoparasiticidas ou
a esforços físicos excessivos. banhos regulares) e aplicar repelentes de insectos no tem-
po quente.
Em vacadas de carne poderá não ser aconselhável o ajunta-
mento para tratamento por duas razões: quando se decide A vacina contra A margina/e controla a doença clínica,
pelo tratamento este já não é eficaz pois já se está a estabe- mas não evita a infecção e por isso a persistência na mana-
lecer um estado crónico na maioria dos animais; há um da de animais portadores. A vacina deve ser reforçada to-
grande risco dos animais com doença clínica ou em recu - dos os anos mesmo antes da época de maior prevalência
peração morrerem devido ao esforço e stress. de carraças.
ETIOLOGIA PATOGENIA
Doença causada essencialmente por espécies Os parasitas do género Babesia infectam os glóbulos
protozoárias Babesia divergens e 8. bovis. vermelhos provocando hemólise intravascular.
As espécies 8. major e 8. bigemina são pouco patogénicas O parasita mantem-se nas carraça s durante os diferentes es-
em bovinos. São hemoparasitas pertencentes à Ordem Pi - tágios do seu desenvolvimento podendo ser transmitido à
roplasmoridae. descendência pela fêmea infectada (infecção transovárica).
Após inoculação há um período assintomático de incuba-
ção com a duração de cerca de uma semana.
EPIDEMIOLOGIA
Após infecção desenvolve-se imunidade que pode prote-
Ciclo de vida do parasita passa obrigatoriamente
ger o animal da doença clínica, mas provavelmente não de
por carraças. novas infecções (portadores). A imunidade de origem ma-
No sangue do bovino só se dá a reprodução assexuada do terna dura cerca de 3 meses. A nível de manada geralmente
parasita. Os hospedeiros artrópodes são lxodes ricinus e estabelece-se um estado de equilíbrio entre hospedeiro e
Rhipichepha/us sp. para 8. divergens e 8. bovis, respectiva- parasita com ocorrência de poucos casos clínicos, principal-
mente. Os machos das carraças normalmente são mais mente se os animais são infectados desde cedo (6-9 meses
importantes na epidemiologia da doença devido à mobili- de idade). Os casos mais graves surgem em animais adultos
dade e tempo de vida. Doença em animais jovens é menos recém-introduzidos. Não parece haver imunidade cruzada
grave do que nos adultos. Raças de 8os indicus são bastan- entre espécies de parasitas nem infecção transplacentária.
te resistentes. A mortalidade não é normalmente elevada, mas o período
Infecções por 8. divergens têm carácter zoonótico. de convalescença é muito prolongado.
ANEMIA• ICTERICIA
ES ES
Toda a carcaça está pálida e/ou amarelada.
Hepatomegalia, esplenom egalia, rins vermelh o-escuro s e
Doença também conhecida por"ferrujão"
l; exiga cheia de urin él rnu ito esc ura. Pode111 ser evide11tes
devido à cor vermelha escura da urina
(hemoglobinúria).
si11aio de CID.
O primeiro sinal clínico é depressão e hi perte rmi a
(>40°(). Segu em-se sinais de típ icos de hemólise co mo
Ó I O
mucosas pá lida s e icté ri cas. a11o rexia, fra qu eza mu scu -
Observação ao microscópio das formas parasitárias lar e pouca resi stência ao esfo rço. Nesta altura há alte-
intra-eritrocitárias, sendo que a distinção da espécie 1·aç ao d;i cor el a uri na, mas este si11a l pode 11ao ser evi-
deve ser feita por especialistas. dente em infecções mode1adas. Pode ocorrei aborto
Hernatócrito baixo, hemoglo hinem ia, hemog lobinúria e b i- e dia rreia. Casos ma is graves acabam em prostração,
lirru b inemia. Hem og ram a na fil se de rnnvalesce11ça revela decúbito late ra l, co m a e 11101re. Doença dura 2 a 3 se -
,rnemia rege nerat iva com presença de reticulócitos. manas. O longo períod o d e rec uperação caracteriza-
se por anemi a, magreza, ba ixa p rod ução e letargia.
A id entificaçã o de porta dores muitas vezes d epe nde de
Touros podem fi car in férte is d ur ante meses.
testes como ELI SA ou PCR porqu e os purasitas pod em não
ser evide11tes no es f1 egaço. Casos atlpicos com si11 ais neurológicos ou de insufici-
ê11cia re spiratória siio relativamente co mu ns e res ul -
O DD cieve i1icluir anapl as mose (sem hemoglobir1uri u) e
tam de fe11óm e11 os ele CID,
Teileriose, lembrando q ue mui tas vezes há infecções 111i stas.
Outras doe11ça s são leptospiros e, cl ostridiose e outras do -
en ças hemolíticas (ve r Tabe la na pág ina 206).
AN EM IA · ICTERÍCIA
THEILERIOSE /\ Ní: MI/\, l' LT(Q lJI/\S
FrBlff · /\ IJENOfVH'.C. /\ 11 /\
ETIOL GIA i11 fecç5o haliitlla l e elewicl a preval €>11ci,i cios ar trópode<,
hos pedeiros es tabe lece-se um a situaç{io de es tahi lid,ide
Duas espécies são particularmente patogénicas
end émica co m poucos ecisos cli11i c:os.
para bovinos - Theileria annulata e T. parva.
São hemoparasitas i11tracelul ares obri gatório s perLe1icer1-
tes à ü rd ern Piroplasrnorida e. l11 fecção po r 7: /Hl1vo orn rre ATO
exc lus ivame nte no co 11tir1e11te afri ca110 (Eas t Coas l Fe ver) Numa primeira fase o parasita infecta várias linhas
e não serf1 ;iqui descri ta . Têrn sido dctec t ada s forn 1as de de leucócitos seguindo-se a infecção eritrocitária.
T buffeli em Portug él l
T cmnulatn infecta essencialmen te monóci tos e rnacrófagos
enquanto que T po1va irifec:til linfócitos. Na fase aguda há irnu-
nossupressão a que se segue anern icJ. Nos vectores irivertebrc1-
dos dá-se a reprodução sexuada e assexur1cia er1qua11to que
Transmissão de T. annulata por carraças do género
no sr1ngue ci os bovinos apenas ocorre reproduçi\o assexuacb.
Hyalomma.
Não há transmissão transovarica el e Theileri a nas ca rraças.
A prevalêric ia deste r:li1rasita no sul de Portu ~1al é rne11or do
As infecçôes su h-clín icas são as ma is freq ue11tes a que se
que a dos anteriores agentes. Muitr1 s vezes surgem em in-
seg ue uma infecção crónica vitalícia. No e11ta11to a mortali-
fecçôes m istas com Ana plasrna e/ou Babesia. l: rn áreas de
dade pode ser elevadil, particularm ente em an imais jovens,
aq uando ela i11fec(êlO de efectivos previi1me11te indemnes.
l 5 «i
Tecidos pálidos e amarelados e linfonodos
aumentados de tamanho.
Podem se r evider1tes lesões noutros c'Jrçiãos (c•.cJ p11eu1110-
11ias), petéquias e hemorragia s. Normalme r1 te h/i hepato
mega lia e esp lenomegalia.
/\~lí:Mli\ • ICTrnlcl/\
DIAGNÔ '. Y!(O TfRAPÊ:tJ'P( f.1 1. Pf1.f\11.:NÇÃO
Observação em esfregaço de sangue de esquizontes Buparvaquona é eficaz no controlo da doença
nos glóbulos brancos e/ou piroplasmas nos eritrócitos. clínica, mas não na eliminação do parasita.
Observação ao MO deve ser feito por pessoas com experiência, Halofuginona e oxitetraciclina têm sido experimentadas,
principalmente na procura de portadores. Testes moleculares mas com sucesso muito reduzido.
(e.g. PCR) são preferíveis nessas situações. O quadro clínico de
A prevenção em zona endémica é bastante difícil e prova-
anemia com adenomegalia principalmente em animais jovens
velmente com pouco retorno económico. A movimentação
e em zona endémica de carraças, é sugestivo de teileriose.
de animais para e de zonas endémicas deve ser feita com os
A doença clínica deve ser diferenciada das outra s parasito- habituais cuidados de biossegurança, A vacina apenas será
ses sanguíneas. Adenomegalia generalizada no caso de aconselhada para animais valiosos importados para zona
leucose. A doença crónica, apenas com perda de peso ge- endémica
neralizada, assemelha-se a carências alimentares, parasitas
gastro-intestinais e fasciolose.
PI IOLCGt Pt\TOGE:NiA
Nas vacas leiteiras surge desde 2-3 semanas antes O factor mais importante no FG é a dimensão
até 2-3 semanas após o parto. Em vacas de carne e duração de um estado de deficit energético.
ocorre na fase final da gestação se houver carência
alimentar importante (Toxémia de Gestação). Com o desencadear da lactação as exigências em glucose
são enormes e daí a necessidade de mobilização de gordu-
A doença é mais g rave em vacas com condição corporal
ra. Numa situação de equilíbrio em que a vaca não reduz
>4 alimentadas com excesso de carbohidratos facilmente
muito a ingestão de alimento e este contem níveis adequa-
fermentescíve is na s semanas antes do parto, mas não é
dos de energia, a deposição de gordura no fígado é ligeira
limitada a estas. Na verdade é admitido que todas as vacas
(1-5% do peso do fígado é gordura). A medida que a quan-
altas produtoras fazem um certo grau de FG no periparto.
tidade de gordura acumulada aumenta podemos ter um
Os factores de risco, para além da obesidade e erros ali- FG moderado (5 - 10%) ou FG grave (> 10%, > 100 mg/g). Ge-
mentares, são a ocorrência de doenças ou situações que ralmente este último estado é irreversível.
ANEMIA• ICTERÍCIA
Os triq lict'I idos hepcÍ Licus s;:io e>:por téldlJS do fíg,1do 11a for-
nv1 ele lipo proteínas (VIDL), 1w 1s os bovinos são rcli1tivi,1-
mente inefkaze'> 11cs1e processo,
A gravidade do quadro clínico depende
lJnia séri e de hom1011a•; pilrece1n fi'lci litéH o estcü w leciinen- da quantidade de gordu ra ac umu lada.
to de u111 estc1 do de ~íqado C,orJo, 11orn (:-:adi11'11e1W-' o cor ti-
Tipicamente~ DS primeiros sinêlis s~o 111c11 tr; i1Jesperili-
sol e os estro(Jér 1ios.
c:os e s1.11gt-:1ri ri o pós-pc1rto de~ 'lôGJS gord,1s - p(?Tr.i,:1
A ,-1cu11·1ul,1ç,10 ele <Jmclur-a tHn co rno cõfe ilo ,1 1·c-• cl uçã o cfa (.lc: c1 pc,·ti i- e. 1eluL,1nc:i,1 ein 111e;.:e 1·-se. 11H1 <:()s,1: p;'rlir.1 êis
c,1pacid,1de 1l'letc1b(JliG1 ci o f·í\JcKlo, ir icluind u ;;i Sll,J 1LH1ção co rri lc1 ivo:, ç1mn relus. re7e5 rn,ii, seo1s '" ·'gél 1t lurosa s"
destox if"icaclora e o seu pJpe l r1 c1 1·espostil i1iflamc1tória r:' Se se est,1bel<"cer L1111 equilíbrio e o 13E l'I For co r1 t rola-
imu 11itiÍ ri,,1. Isto sigriifiGJ qlle anirnais afectilclos po r 1C estão cio. os si11ci is n110 se c.1 9 rciv,1m, Ern c;.1so con rrci rio S(co ue-
g ercJ lrne11te im unod eprirn idos. se pros trê!Ç:'il.\ d o!' i-lbclo rninal, mu.:osas n1 uito pi'1lic.i:ls
~1u a111a1-elc1cfos. depress,i o seve1\, e ri11alme1 1te rnorte.
Estri desci it;-1 um ci form;.1 neurolcíg icci (é11cefal o p<11iê1J
LESÕES c,)m depressão extre1rn1, recusil err1 leva11 t,1 r-sc, voca-
O Fígado Gordo moderado ou grave é facilmente lin 1çcit•s, 11isragmos e c:o,n,,.
identificado na necrópsia . A respos t,1 " tr.:m1rne11tos de ou t-ras doe11Çc1\ mesmo
O fí~Jcido cõstá aurne11t,1 do, alarilnj ado o u arrn re lado, rnuito ,,s mais ,irn ples. é reclu zid ~. Tarnhérn e1 rt:C uper,.1 ç 10
f-ri éÍve l e cor'1·1 bOl'cJos arrello11d i1clos. Todos os tecidos ;ipre- após cirurqins é :1fec:tacfa (t:.q. maim susce pt ihilidilde; :1
semilrn -se il1 1é111ico s ou ictéricos. i11fecc;ócs e auaso 110 processo ci C:" ci<:c1 tri zcJ çiÍo).
1\J,1s vcicas ele ca rne em Am dt: gestaç~io (ToxE•m iêl de
9e,u1ç~io) ,1 doe11c;éi é ger:ilme1 1l'e 111.-ii s ('Jrilve porque
OIAG ÔSTICO
o a11im,JI ni-io co11sequc tr,1w11 a clepleç~o e::in er1e1 giil,
A Punção por /\g ulli,1 Fina (ver Capítulo 2) <::· o método n,ab f\s vaGJS est:"1n primeiro irrequic t-z1s. ê.1t,ixic:c1s. cie1 nem ,,
prótico e fiiivel de JVcJlirn o c11au de Fícpdo C.ordo 110 ca rn po. r,,1ngem os dentes. O q ur1c.Jrn agrava-se corn prOStíd-
ll ioqu ími ca Si11 1quí11eJ reve la altos va lores de corpos ce tó11i - ç,10, disp neit1, fpz,~ :irnareladcis e vbr:oscis. m ucosas
rns, bilirn1bina, NEl'A, ureiil (º tri~J licéridos e baixm valmes p,í lid as e 1T1il iS ou me nos a111i-1 relé1di1S. Sccg ue-oe cu r,1;1
de il lbu111 i11 11. As e11 zirnas heµát iGJS podc-,rn (: ,Uir illll'nl'r1ta- e 11 Klíte l-' m p<.J11 cos clii.ls.
di1S, 1nas os val(m:, c: 01'1·elac io 11ani-se n1uiLo pouco corri ,l
wavid;ide cJci si tuilç,10. No lwrnoc; rama cJetcct,1 -se & 1e111i,1e
leucoperi ia (r1~· utr<.1pc..,11 i;;i e li nforwn i,1). A ecogra fi a abdom1-
n,1 l perni ir e detectar hep,Jtonie<Jil lia e un i softwilre d ser das i1nc1 gc ns. Duriln te cin.ir9 iils 110 pós pano (f'JJ. abom,1,o-
dese11volvido irá peorr nili1 é1V,1li;,r o g rdu de li pidose J pilrtir pexié1) deve-se p,1lpc1 r o fíq,1do pilril iJVi-l liar u t,1in;inho e
perfil dos borcl~is.
TE p
Combater o BEN através de alimento palatável
e energético. Nas vacas de carne suplementar
urgentemente a alimentação com feno de elevada
qu alidade e concentrado.
O lrél l i11T1ento é scrne lh,mtc ~o util izc.1do p,lrél casos lfo ce-
to sc, 1n os él r1:-'s posta é rnuiLa s V(ºL'es riie11m eviclc,•11te e
riÍpid,1, ob rilJ J11c1o ,1 repeti çôes élll lor1qo de vários c-Jici s. A
fluid n ter,1 pi,1 t' <:sse11c: i,1 I, r11.-15 ,10 co1 1tr"éÍrio do tr,it,11 11<:'I 1to
d;i c(;'lo se 11;io se <Ú,'V, li1ni t,1r ti dc'>'. lrose (i1d ici <>11,H 1,1ui- /\ preve 11ç;io 0 semel liclnte íl descri ta pi1ra ,1 cctose (v.) e
tos f11 lido:, iso tc'i1licus), A de:«1rneti1so1li1 ou i1 prcdni so lo- co nsiste 110 esse1 1cii:i l ern l"llil>:irnizm d i1 1gesl~ü de ,1limr,'11tn
11i1 tl'rn mostrado efeitos po sitivo,, m:.is devi do ,H, es 1·,1do ele qualkfade por p;-irtt' ,fo VilCil recc_;rn -p,1ri,1i1, especial1ne 11-
d(-' irn unodep ressão devem s,~r ,1eo 111p,rnlicJdas de triltrl le se t'Sté1 estiver· n1ui lo qordi1. N,1s Vi1Cildils dP cJr11e é es-
rn ento ,rn t irn icro hi,1 1w, l: rn CdSOS me nos qraves o ll iltil se1 ici 11 I rn o11 itor iza r i1 co11dição co rpor,11 cios J11 i1 11c1is ~1es-
111e11to cD111 propil 1' 110ul ico l e sul'icie11te l11i1S <1l: v<:' se rre- LJ11tt', qu,111c.io c1s I Ji-1 Slil~J(:' 1·1s stio 111t1is polxes e intrudu1ir
corrJidu qur-; est e compo sto é um ;ílcool e (!li<' o 1irocesso suplffrl(~11LO no (Jl'llllO dl' 9L~S líl ÇiÍ() dVcll1Çc1CJil.
TIOLOGI
A ingestão de feto Pteridium aquilinum é a causa
determinante das duas variantes: Hematúria
Enzoótica Bovina (HEB) e Intoxicação Aguda.
O feto P aqui/inum t' ri co 11u111 <Jlicosídeo (ptéJqu ilósido) que
actu;i sobre il medula óssea c possui efeitos u ircinoq E'nicos,
0
A i11toxicaç!io por Pteridium tern distribuiç!io mundial. E1n Da ir1gf'stão continuada du feto pode ilind21 rc sult;ir: carci-
Portll t]ill a HEB Lem especii1 I relevfl ncia nos Açores (sistem a nomils ao lun~Jo do sisterr1,1 gastroin Les rina l, provavel mente
ele pastoreio e cl i1 11J ópti1wi par;1 o feto). A intoxicaçiio agudc1 devido :1 c1cção conju rrta de factores cilrcinoCJén icos e do
é menos frequc r1te, mas t,1111hc'111 causJ t:l evc1clos prejuízos vírus da p,1pilorn ,1Lose bovi11,1 Lipo 4 (LlPV-4); e polie11c:eí,1lo-
cl c,'vido J elt0 vad,1 ta,<a de le:ta lid,1de. A iritoxicaç5o suhclínica, 111al,ícia poi s il plél11l,1possui aind ;:i u11w st..,ril-: de ti,-ll'r'1ir1,1ses.
cujél i11cidê11Cia se desconhece, prnvc1veln1er1te ,JCa rreta per-
das por atrasos de cresci1 11er1 to e héiixa produç!io de leite.
Enqui111to qu e a 1·11~. Ll, re su lt,rntl" dos tumores ve sic,1is, su1·cJ E:' ÓSTI O
em ,111i111élis éldu ltos (i11Cubação pode ,1tir1(Jir os dois Jflos)
ilpós i1 1qest210 cont i1H1Jda de lJaixc1s doses da toxi11ci e pro-
A presença de fetos nas pastagens usadas
viÍvel acç210 de p;ipilomavírus, a forma aguda aprese, 1t,1
por animais magros deve sugerir intoxicação.
maior preva lE'>1x i,1 e111 cmirnai s Jove11S. lé stci (Jlti111 ,1 vMiante A HEG eleve ser diferenciadil de outras doc11çJs qu0 lewm1 ~
1101·111,1lrnente sc1rge após corte do foto ou qc1ar1do os pilS- cm avermclh21d21da uri11u, co1110 1.ior e:<er11plo, h,Jbt siose, lep-
0
A HEB tem uma evolução crónica enquanto
que a intoxicação aguda pode causar morte
rapidam ente.
;~ µmneira fase da Hl:8 ca rc1creríza-sc por er nilg rec i-
rn ento ser,do ,ih,;n 1,ilLrrí ,1 êl 1)en,1, ev idenci,1cfa por
ar1áli$,'; da uriri él (1c,.9.;i trc1 v0s de ti ras ck Lrrin a ,, u ohser-
v:iÇi.io 111 icrosc<'ipica). Com o evolu ir da doençJ c1 t:c;lo-
rc1çao verrnelh;i dil urina 1orr1il-se evilkr ne (herniJnj-
riê1). 111,1s pode c) c;o rr·er de forni a intf'rrni1:E: r11ic, 1,1,1 Fase
c1van ç,1dc1 ou term inal d,1 doe,1<;"11;1 llf-;n1r1 tl·1rii1 ,~ c;o11tí-
11u,1 e apresenta coágu los de sanque. Sur9ern sinç1 i$
de-, ,m erni,1 grc1ve. i11(1 petéric i0 e irrniiçao. Podem srrr-
gir c:cJern,i s vzírios devido ;, hipc,1pruteirH~r11i a,
1\N~ivlrl\. 1C:Tf:rifc11\
Coagulação lntravascular l:mlo t<;>:én1i<1 L' '.:(•pli cérni,1 - ETEC, Si1l11 1rn 1ell c1, Clos lr idiu1,1, n 1,isti l e por u Mor I l'H~s.
Disseminada (CID)
Deficiência em factores
de coagulação
Congénita Tromlxipilti ,1 13ovi11c1 1~ DOé' f"I Ç,.I rk vo n Wi lldir,11 icl (r,1ç<1 Sir 111 l"ll'n t:;1I)
Reacção imunitária Pi1 11Ci lopé11i,1ll('ü rJ iiléll - v.ici1lil(Jio clil 1,1~,: conl ríl vir LI'> IWD (?).
Golpe de calor lc:-: pc,1i,:,io J ,illds lt'mpe ,,111.rras ;11 11!Jie1 1l<1is e luz solr1r. Ct:•r;1 ln1eri l<" ;111i1T1ais jove11s un p0 rques sern
10li'l tm1. Moll 1,11 ir 111;,lii1li1 f"llenlc os ,111i1TH,11s crn·,·1c'i gu,1 Í l'l,J.
Insuficiência renal.
SAS OE ANEMIA COM ESE
Parasitismos GI l',lril:.i l,JS lw 1,1,1 lc'Jf,1uos (3 CITl) do ,1l) cm1êl:;o. 1 ) <:::>parcl :, iléHllêS h c.1bil ll<1 ÍS co1
Tno íl5 i1Vl:rTn0c t1 -
- Haemonchus placei G<J:;tritc hernorri,gic;1, ,11 1en1iil, dq) rc:;s/10, lc- r1a:i e bcn2i1T1idnzói~
têl1CJ iil, fril(]lWZil lilU',Clllill, f"Jt:ITlil cl1• pl'SO, di,1 1-
I t~ irl e-:cur d. Mc)nt~ e111 i nfe..'.ila c.;c')~s r"llr lCiÇJ ',,
Carraças (lxodidiae) e em M,1is 1rn,vf1vcl rlCJ 1,-•mpn <111c1·1t1c. Ohse rvc1ç;io /\v1cr1n eLl' in,1 1 e h,rnlH.11 r. 01,1 01q;111olo:;lo·
menor grau piolhos picadores. c:Jc• 1Jr,1111lc qu;111tid,1clc r:lc 1°ctop,11-,1s itils <-";pe- rr1 elo~.
cial n11•11Le 11c1 mr1i1 d;11 virillw:, pc:rí11<:o, 1Ji"i"-
lhas ,_, ,·1IJl;r,~ Muco1il, pi li diJs, fraquez;i 111u~-
cul11r, lc!rnaurec:i 111<õ11 to co11li11 u,1rlo.
Leptospirose aguda Ge1,il 111r:111 e vitelo,. Ane111ia, ictlc!rícic1, Í,ébfe, A, 1libiót i( o-<)Xi tt:tracicli11a, pen icilin,1 1-cstrep -
(ver mais pormenores peréq ui;1s, 11l-'nioglobi11ú1ia, mor te r,ipicl a. Vi1- tornici11i1, certiofur, ,ir,10:.:icicl i,w. Tra 1111i 1s~o
em Doenças com Aborto). c;,1s pocl r-•rn 1, 10Sllil1 S,lll<Jll<,' no k ite. Abrn to, $r111(Jtrínect
Hemoglobinúria pós-parto Vi1Ci1S leitccirns iip(is u 11,1rto, A1w1, 1ic1 e helll o- T1 <1 nc; ru ~ôt-''.i sa r1 Du í11 e<1~. ~,olutc)s de c.<11cio 1
Hipofosfatémia (< 1,5 mg/dL) q lé',bi11(1ri,1 i11tem,1. P1 0:,ll ,1ção - vac,1 c;ilíd,1. ma1Jnc'!sio. Co111po11u:; de ln sloro IV. Suplc.-
Morte st'1bit~ ec.pecial rne nte pc-•r,mte stress ou lYIPC1 Laç~o com I' ora l pré -parlo. Mc1nu tençfü1
esícm,:o c1c.lcqu,1(Ja do r,Jtio C:íl:I'
Intoxicação por água fria Vitelm seclc-•111 05 - inqesttio de 91J111Je:, qu,11 1- Trc1ns lusües 011 '.; ',H. Ter ,i9uc1 se 111pre cl ispo-
plasmólise por hipo- 1idades rle ;í911c1 11u1 11 só 1,1ornen 1,,. l-lc:1T1ot'Jlo- 11 íve l c'sr><:'< i,1 l11 1e; 111 e e:111 ltn1po q11 c•11tc e: hc'1
osmolaridade sanguínea hi1 H'11 i<1, a11e1T li 0 e 111 0 1te . niido
Intoxicação por cobre .fléJt 1clo diilrrci,1, pro str,1ç5o, dor illX lrnT1inill r riJ 11 síu :;tio ó0 11g 11í11 ea ,. ot1trm fluid oº El)T/1
- iatrogénica (e.g. erros ou 111ort e s1Jl1i1 a 1=ezes ,1mis-c0 sw rdt'i1d,1 s. t;;í lcirn - 7(1 1l'I CJ!k\J 1)V i -3 dias. Ta:<i1 Sele.• SIIC(''.;-
na suplementaçào; ingestão Crc', niu1 - ,11 w 111iél, i<lei ícia, l ll-:11109lohiriúrin, ' n10(,:Jo d,1 l1mtr dr;: Cu. Ali1·,w 111 0
'.,() hi1 i:<i1,, l\(·_ 0
de pedilúvios), águas prosLrr1c))o, Níveis ~;1 11 ~.Jl JÍ!H-~o;; de Cu: >I S C! ,Í (JUa d<': qu<l li d,1 de.
e pastagens poluídas ... rnmol/ 1.; lígilrio: >~llO m9/ksJ.
Pielonefrite Contagiosa l)ii'iri,1, hc1T1<1t1'1ri,1 i,11ern 1itN1H·'. 1-dir,0 , e1nnq1e- l\' 11ici li1 1c1, ,11 l'H;:,ir ili,1,1, c·1--i',1lmpor i11J. 1-11 1idc>
dos Bovinos Corynabacterium r: ir11(' r1to, i1 1,·0 11 li11c~ r1Ci<1, l<" 11 c::,n-1u. /\brló1 ,1e11 l(·'fcl lJi,1.
rena/e .J \Jt 1C'lo. lli111 clolurom,i p,i lpc,:iio.
Intoxicação por plantas 1,11:ilo lwr,1olítico ou 11 11li-u.>c1CJ til ,ll'll f:. \.ler Ci-
píLulo l1 lar1ti1'.,Tó:o. ici1';
Hemorragias agudas l:vo li.1c,·,1u 111uit,·1 r,íp id,,i. /11 1,11 n,1(,'><;, Mucos,1 •; Ti;n,11 ne,111 0 rl.i c,nJ •;,J pl'imiiri,1 (c:.r 1. cin119i;1) t~
(e.g. partos distócicos com p(1lid.i ·,, liipotc~1 111ii1, lr,1C.1u, •1.i, coliip><!, p1C1,- l 1,rn,;fC1 :;,10 '.;,1119uí1w,1. ';';H ,1pe1 1êls clq,oi:, rlc:
ruptura uterina, prolapso tr,1ção, c.huquc liipov<Jl(•11 1ico ,, 1, 1ort1é. crn 1trol,Hl,1 ,1 he:1 norr,1,Ji,1. Co1 1v,1k",cC:m;,1 -
uterino com ruptura das r, 1ro. cobLil to, vi t,1111i11c113 ,,.
0
Outras situações -Joe ri(.1$i 11íl;:i 11v1tóriaj cr(l! 11 c0s, G llJ ~~ç1:, ele cJ 1/1u:se hen·1orr-ág icr.1 (ver Qundro ). ( il o2 i a du ~f)cJrn(;iso (v.). Sínd rom1: dr.i
Vek:1C..~ivri ~\.ist,; rirn (vJ.
i\NE/vllA • ICTl:Hi(li\
/ •.NlêMI/\ · lCTcR IC!I\
PERDA DE PESO• QUEBRA DE PRODUÇÃO LEITEIRA
A inclusão de uma secção separada sobre doenças que nais clínicos - as mastites subclínicas. A não inclusão des-
causam perda de peso e quebra de produção leiteira pode te grupo de doenças da glândula mamária neste livro
parecer disparatada já que a grande maioria das situações deve-se ao facto de se tratar um assunto extremamente
clínicas descritas no resto do livro também apresenta estes comp lexo e que merece uma abordagem aprofundada,
sinais. Mesmo as variantes que designamos por subclínicas essencia lmente no sentido da medicina de produção e
acabam por demonstrar estes sinais, ou, se calhar, nem te- prevenção. Porque existem muitos manuais de elevada
riam lugar num manual de clínica. Ou seja, o emagrecimen- qualidade sobre esta temática e por a distinção de dife-
to e a redução da produção de leite parecem ser sinais de- rentes causas de mastites subclínicas com base no exame
masiado inespecíficos. clínico não ser normalmente possível, optámos por não
A justificação para esta opção parte da constatação de aprofundar o assunto. No entanto, este deverá ser uma
que a perda de condição corporal e da produção leiteira das primeiras suspeitas quando uma vaca leiteira mostra
são sem dúvida os principais (únicos?) sinais evidencia- uma quebra significativa de produção sem qualquer ou-
dos no exame clínico da maior parte dos animais afecta- tro sina l clínico.
dos por estas doenças. É verdade que nalgumas circuns- Para uma conveniente apreciação da perda de peso é
tâncias outros sinais acabam por se sobrepor (e.g. sinais essencial sabe r classificar a condição corporal, de forma
neurológicos na cetose nervosa) ou a evo lução e com- a poder comparar duas avaliações. A classificação mais
plicação da situação acaba por mascarar os primeiros frequentemente usada inclui cinco escalas (1 a 5) que
sinais, mas geralmente estes são casos espo rádicos e por sua vez podem ser divididas em quartos de pontos.
episód icos. Por exemplo, uma vaca no pré-parto deverá ter uma CC
Finalmente umas palavras sobre uma das causas mais fre- de 3,5 ou 3,75 podendo descer para 3-3,25 no pico de
quentes de quebra de produção de leite sem outros si- lactação.
ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA
O abomaso passa por baixo do rúmen ficando Doença (quase) exclusiva de vacas leiteiras
entalado entre este e a parede costal esquerda. em regime de alimentação intensiva.
Não se conhecem os factores determinantes do Desloca- Ocorre menos frequentemente em vitelos jovens e mui-
mento do Abomaso à Esquerda (DAE), mas a conjugação to raramente em vacas de carne ou novilhos(as) . Em va-
de uma série de factores predisponentes tornam de certe- ca s de leite cerca de 90% dos DAE surge no primeiro mês
za o incidente mais provável. Muitos destes factores, apre- pós-parto, sendo o restante repartido por todo o ciclo
sentados na Patogenia, são interdependentes e ligam-se produtivo, inclu indo todo o período gestac ional. A rela -
frequentemente ao parto de vacas leiteiras, A elevada ção da prevalência com o número de partos varia muito
Condição Corporal e factores genéticos, como um grande entre estudos, o que faz pensar que provavelmente está
perímetro abdominal, podem favorecer a ocorrência de mais ligada a diferenças de maneio nas várias fases. A in-
DAE. cidên cia de DAE também varia muitíssimo entre explora-
A qrc1 11 c:lc 1r 1,J ic1ri ,1 cio'; c:;1:;o'.; de UAI: ecJ1·;1c:Leri z;J -•;e pelo
p(Viicior 1,111w 11Lo cio ;i hom,1:, 0 11ê1 pente il cw;dl do ;i bdó-
nwn e,qu erclo, clebc1 i>:o cl ,Vi (II Li11·1,1s cos Le l,1:,. No c•11L,111 -
lo, c0 sl i1u cJ ,,,c rit,1s v,ir i;rnte'., 11 ,1 locnli7aç~in e.l o r1l)()m ,1·;0,
c: 01110 scj c1,1 11,1ss,1sie1 11 do éllJOITl ,:JS() Céll1tl.-il 111<-; n1e éW n.:1-
11w11 e ,,1 r11 ,111u1 1::- 11ç;iu cio <1 l")01lléJS o 11,1 zo 11 n c1:111i zil ;10
1e ticu ln.
E APEUTICA P V N ÃO
Deve ser efectuada uma das diversas técnicas
DIAGNÓSTICO de correcção cirúrgica.
Na maior parte dos casos o quadro clínico deis
é suficiente para o diagnóstico. cliVf-;ISilS tc'.·cni GIS C el,1:; '.,l l,1 S V,11"1 1:,J ÇJCl'IS l: rn ,·li Lerno ti Vil po -
AlterJç(ics sJ11c1uí1·1ec1s i1icl1Je111 ,1lcc1lose I nel'abólica, hipc.iclo- clc" r,í ser Lc11li1cl a ,1 Cé·' CJ,l pm h,11·1,Js rnr o 1'lllnrn e11 to
re mia, hipocolt'111ii-1, l 1i1 ll)(Jlic;érnia e rl Hl3 elev;1cl o. A ar 1;ílise de do ,111i111,1I, Cor11 e~lê;', c1ois 1110'loc1os stío f1 cqu e11Les c1s reci-
uri11r1 1·ewl21 celont'rri,1 e urnil JcicJCrri,J paradoxal, p1·ov21vc;l- divi1~ l~ l;XiS1 l-' êl pmsihilich lê' c1 e lrol',ll'ITIOS lllTI IJAI: por lll 11
1
•
1
rne11te por'C ILH". o rim excrc: til 1-1 ern tmca de 1( que prc-;c:is,1
• IJAD ou u111 VA. A presen ç, d,; ,1clé,rr; 1'K iils 1iuc1 c0 111 c1iíi c: ull ,J1
de: presc:rvar, e ,1irid,1 porque os co rpos cetc'111icm s~o ficidos. o 1·r; posic.icJ11c1111e11 Lo c1o c'ir ~,10.
O DD deve ser f,,ito cor n Sí11d rmne do l1C1 rn c 11 V21~io (SrW) que
0 () t1·,,1tê11·r'w 1·1to m0clico co111 l,1,:,,1tivos (e.cJ. sulL,ido de: sc'idio e
ocorre er11 anirnilis que 11~0 cor nem há 1T1uil'll tempo e c-'ITI cJUe'
,1 carnc1da el e ,1lirne11lo qrossc i1·0 dei;-:ou cil: e:-:istir 110 1C1 mc1·1.
0
Após reposição do órgão é aconselhável fazer fluidoterapia princípios essenciais: 1) manter rúmen cheio, através de
com 250 mi de solução de cálcio a 24%, 250 mi de glucose maximização da ingestão de alimentos altamente palatá-
a 30% e propilenoglicol oral (250 mi bid). veis e ricos em fibra efectiva, 2) garantir a motilidade do
tracto GI, principalmente combatendo a hipocalcémia sub-
A prevenção passa essencialmente por um bom maneio
clínica.
alimentar e nutricional desde 2 semanas pré-parto até 2
meses pós-parto. Não cabe aqui fazer a referência de todas Igualmente essencial será a prevenção ou tratamento pre-
as medidas preconizáveis, mas estas deverão cumprir dois coce de qualquer doença do pós-parto.
UTIC
O objectivo principal da terapêutica deverá ser
quebrar o ciclo em que o aumento de corpos
cetónicos reduz
o apetite que por sua vez agrava o BEN.
A administração IV de peq uenas quantidades (250 m i) de so-
luções hipertónicas de dextrose (30-50%) várias vezes no pri-
meiro dia. A perfu são deve ser lenta para evitar a excreção re-
nal da g lucose, o que ocorre em caso de hiperglicem ia.
Con ti nua r com propilenoglicol (250 mi, oral, bid) durante 2 a 5
dias. A injecção de corticosteróides é controve rsa, mas a nossa
experi ência tem mostrado exce le11tes resu ltados mesmo sem
o uso de soluções de dextrose. Um co mposto à base de cia-
nocoba lamina (vitamina Bl 2) e butaphosphan (Catosal ''') re-
duzill i.1 inc:idênc:i;1 <1e cetoses sL1bclí11icas 11,,l cJ 1ms (-::;ludos d(-: pós-p,irlo í'cm 1ecr-•11do ,1linie11lo palatc:ível e CJi1r,111tir ,1 e1H::>rcJi,1
cc1r11po. A i1l';uli11,1 na doseº de-: :mo ,1 JOO UI lr-,111 sido test, 1da 11ec:e$siÍria /1cies ce11te p rodu çr10 de lc-: it e Mc-,cJid,1s e>:tr,iorc:l i·
0
•
com sucesso, 1T1as 11,J p1"Mic1 clínicJ rilri.HY1cri1·e é us~dJ. n/iri:is incluem a suplc-:rnn1t,1ç:íc1rJ1 clielc1 pc'Js-parlo com 11iil-
U lr,1 t211·11t'11to de cetose ô , uhc: lí11i c.,1s 6 de-• iriteressc r-; co11c'J- ciriiJ (rc-:du1 lipolise-, 7), coli11:.1e 1·ncticmi11il (rxrnT1ove111 t1·c1nsft' -
1·11ic,J duvidoso. O t1, 1l,1111c-,n 10 de-: c;etose ,1ssociadc1 ,.1 ííeji,1cJo 1ê1-icic.1 de U-iqlicc\idos do fícpdo) e/ou propil enocJlicol.
rJrnTlo é ilprese-:r1t,.1do r1ou tro l,ido. Se11do que ;.1 ,1dre 11ali11él é um poter1l<'· esti1·11L1l,111 t e dc1
A preve11ção diis cetuses bc1sei,i-sc 1·k1 llll,1 coril1c1 q uc1lqu c-• r
0
lipolisc: é ;icur1selhc1clo e-•vilélr qualqller tipo d e st1ess 11,1c,
Íé1ctur qu e COl)c.illZil íl 131::N, IIOll'l(\id ,11T1e11te-', ,JlliJVé'S do trc1\cl- v,JC,IS pMLurir-,nles, oferc~n °•n do cmidiçôes de·' sos'>ecJo e
1·11e1·1to i1T1ccfüito ele doc•r1çc1s que reduzam o ,1pelite, evitar 21 crniforto rio pJn.o 1c• i11lcêcJ1,1c,iio l1c1m101·1iosc1 110s parque
ohesidad iê• d1c' VJGJS 11a ,ilturil do p,irto, mc1:-:ir·nizilr a inc1est80 ele l,JCtaç~w (espc-•ci,1lmer1te i1T1portante c1-r1 p1·i1·nípc1ras).
0
ABCESSOS HEPÁTICOS - ABCESSOS PERITONEAIS MAGREZ/1 , llAIXA Pl"!OOUC,ÃO l_l; IIT ll1A
DO!s /l,13DOMl1\li\l.
IOL GI
Os abcessos peritoneais resultam da enorme
capacidade dos bovinos em circunscrever
e delimitar infecções abdominais.
Os ilCJC-: 11tes rn ,.1 is fre: que-·rrl·r-•rne11te envolvidos 110s obcessos
perilurieais s,10 F ncYmp/Jorum (biótipo A) e T (A rumo/Jnc-
/mwn) /Jyo<7ene1, qlle ,JClL1i1111 em si11 erqismo . Clul1,1s hac-
tc"ri,is (G,.1Ctcwic/e11p, Sto;J/iylowccus e'' S11e;,1orncrns) e fur1-
CJOS té m siclo isol,idos de ,ÜJCcssos e111 vitelos ele c11e101·da.
PIDEMIOLOGIA
A importância económica dos abcessos deve-se
às possíveis sequelas - ruptura, pneumonias
ou compressão GI -.- e reprovação do fígado
ou carcaça no matadouro.
ESÕES
Ahu•s so'., l1c: pt11ic:us e pc.•rilrn1e,1is st\n relc1Liv,1111e11le íre-
Muitos abcessos são surpresa de abate no
qut•11tes ('i -- '15%) c rr1vi Leios ,.11 1lr-•s cio desnrnnw e-' 11ovill1os
matadouro ou em necrópsias de animais mortos por
ele (:'ll(J(m.1ê1 <é' l"i"liliS r,11-CJS err1 ViKilS ,lllultas, A i1Ki<l;'l1Ci,1 V,1-
outras causas.
l'iil mllito c0 11lrc exploréi çfü•s pois ,1 GIL.isa c,st(.1 i1·1tirnmnr-•r1 te
li9 ,ic.Ja ,1 er1m ,1li1T1Cêl'llcm:s, d e hicJic 11r-• e rn,mcio.
0 l.l,nil ,M111 da obscrv,.1,)íc.1 ele• L1111 ou 1rn'1lliplns ,1bcessos, são
r11uit,1~ V(-:Zt-;S 1cm1bém ev idNill-'S ;;1dr-,rr~nci,1 s cio fígado ou
in test ino ,Jo ,fü1fT,1(Jm,1. ,it_irn11é1so, p2.1recle cost21I etc. ..
e-:; sequelas, pcJI" tipo de ar1i111iil c1fecl,1do. v,1dos, 111 é] s têrn pouco sicJriif'ic~do di,1g11ósl·ico.
- l'l:ll lj1\ lllc1' 1:.SO . Qi)Elll'U1 IJF 1'1101jlJ Ç,\C, LF. ITE II,,\
/\ ec0cJ r,1fi,1, i1 li.1parnLo i ,1icJ rn I a l;.1 p,uoscnpic1 siio 1>reciO'>lJS
LÍ tC CC>niple1fl E'l1t,ires, l"tlc1S l ll-'111 sem pr1:-: (' rcíc il 1-,11.t'I'
t'X,llºtl lê> él
Poucos ou nenhuns sinais clínicos, um a vez i11 specçi\c.1 iriLec.J r,11 ti;, c,ivid c1d,, ,11 i, lol"llinal.
bem estabelecidos os abcessos.
fJf-'IO mc~nos nê1S r>rime1ras fases do desenv(Jlvirnemu cJcJ R
êJIJC<::S,ü h,í hipertermi,,. é1rtOrexi<1, ligeirél ci0r .il)clorni11a l.
Por ser dispendioso e de sucesso duvidoso, é1penas
rnf-'nor ~Ja 11hci ck' PP.SO P perda de produçt:10 leiteira. 1nc:1s
deverá ser tentado em animais de elevado valor com
n,1 maio,· p,Ht,': elas vezes cstc;,s sinciis p,1 SsMn clcspercdii-
risco de sequ elas (e.g. Síndrome ela Veia Cava Posterior).
r.los. A capa(;id;,de de r('Serva do f'iq,.1clo fci2 com q,Jt-: não
seJam evidentes qu;iisquer sinais de insuticiê11cit1 hep,íri- O Lr,lta 111e1110 co11siste em dr(ºílil~_w, 11 JtrJvés de li-i pil roto-
c:a, mesmo quat'l<lu existem v/\rios Elbcessos hep;iticos. 1nia, '>E'LJt 1ida de esteri lização por ,1 ntibiot erapia mu ito p10-
Vitelos co111 nbcessos na veia ou a, téri,i 111nhiliç1I i'l pre- lonqada (> 1 mes) m m pe1 1icili ni1 li
se11tarn pouco apetitE->, 111aç1ros e,; c,lep1 irniclos. fJode havei /\ preve11ção f,1z-se pelo rnrrecto n1cmeio alimenta r (ver prc~-
)inai s d(:-: dor ii pa lpaç:;10 élbdomi1 1JI profund,1d ireita, vc0nção de ,1eidose su bcl ín ica), desi 11 1"ecção do umbic_Jo, ddmi-
Os sir,a is cfos cloenços "po rra-de-en!Têlcfa" podcrn ;Jin- 11istrélçâo co rrecta do colostro c 110a Jssc~psi,1 íkl S ci 1urg iJs.
0
d;;, se, evide11tes (e.g. onfo lites) ou n;io. Os sinais pró- A VJC111c1çiio conu·;i F neuophon mi Lem 111ootrc1rlo interess(:-;
pri os das ,;cqu.,,1,1, ~p1·esf-c 11tadé1, c1cirna es-r~o clescr it o~ c,'111 fcr'cl-lnts rn 1dt' i1 preval t•ncia dc ,111cessm é muito elevada.
0
c rxn i.l S I f:'.;r1ec\iv;1s cloen,·ns. O uso por mtin,1 de ,mlir11icrobi,1 11os 11n ali11wr1to tcêrn al{d urn
efc ito preven t ivo l:-'1"11 íeed-l ob, 1nr1s n!io (_; per rn iticJo rk1 l JE.
0
Vt ic1 1111 ti iiliG1I (<.Jt 1f.ilofkhilc-",). l·l<11ilf 11c 'i 1te ,1 rréi iJs Si;pticé11 1iJ, 111eni1 1CJite, poli,1rtrile, pi1eui ,1 oi1i,1.
Vitelos
, i111hilic,1i'.; (rn 1hilo,1i 1·, 1ites).
0
Novilhos de engorda l\n vid IH'f 11t1lc',qe11 c1 cl fH'>:., tt 1tT1 ir 1il e'.i (!' prlt71qucrt1·
(feed-/ot) [U S(: llll11Íllui,
111111 1i11ilé", (,H. icloses i urr1ii 1c1is), relirn lo-p<:t ilrn1 i- '.; íi1di orrH' du Veiil CM1 f"'os terirn (v.), w•i ilu1fi LP'.,,
Vacas leiteiras l<·'S Lrc1 ui MiliCclS, l"t l<.;( •f ;1s do ílbom,iso Jic•r fI ir,1d,1s <1dei011ci,1s ~· ol sti uc;ôes ir 1tc•51i11,1i,.
ci1uiL.J ias.
FASCIOLOSE MAGREZA· EDEMA SUBMANDIBULAR
ANEMIA
~TOG!HIA
O ciclo extra-mamífero é de 3 meses e o intra-mamífero
dura 2,5 meses. metacercárias que deixam o HI no fim da Primavera início do
Após expulsão dos ovos nas fezes pelo HD dá-se a eclosão do Verão; ciclo de Inverno, em que parasita que entrou no HI no
miracídio ciliado que procura e penetra no HI. Algum tempo Outono suspende o desenvolvimento durante Inverno e sur-
depois há saída de cercárias do molusco e enquistamento na ge no ambiente no início da Primavera. Partilha de pastagens
vegetação sob a forma de metacercárias, sendo estas ingeri- com ovinos é um factor de risco.
das pelo HD. As metacercárias podem sobreviver um ano num
ambiente propício - zonas húmidas sem temperaturas extre-
mas. No interior do HD migra para o fígado e matura nos cana-
A lesão mais evidente na necrópsia é a distensão dos
lículos e vesícula biliar (-1,5 meses após infecção), a partir dos
condutas biliares com paredes fibrosadas e mesmo
quais liberta os ovos. As migrações podem causar insuficiência
calcificadas.
hepática (rara em bovinos) e a fase adulta, hematófaga, causa
espoliação caracterizada por anemia e hipoproteinemia. Formas imaturas e adultas podem ser retiradas dos trajectos,
dos canalículos e vesícula biliar. O lúmen dos trajectos está
Bovinos podem criar alguma resistência a infecções repeti-
por vezes preenchido por um exsudado amarelo-esverdea-
das. Pode haver migrações acidentais para outros órgãos.
do. Com a evolução da doença ocorre fibrose/esclerose do
As migrações são um factor de risco para infecções hepáti-
parênquima hepático. Em alguns casos observam-se quistos
cas por clostrídeos.
fibrosos no parênquima hepático e calcificação distrófica
dos duetos biliares. O lobo ventral é o mais afectado.
TERAPtUTIC E PREVENÇ O
Princípios activos variam no espectro de formas
que atingem.
Para um convenien te tratamento convém percebe, qual o es-
pectro do produ to a usar (adullicida, larvicida ou ambos) e
quais as formas que estarão presen tes no momento de admi-
11istraç5o. As resistências aos diferentes produ tos são possíveis
e por isso il rotação pode ser él conselhada. Norma lmente são
propostos dois tratJrnentos anuais·· Dezembro/Ja neiro e Ma r-
ço/Mêi io - mas pode have1·vari ações relacionadas mm exposi-
ção, clima, es tabulJçao, ali rner1t,1ção etc,, Aos animais forte-
mente i11festados eleve ser feito um trata 1ne11to de suporte,
ali111e11tJção de qualic1i1de e desparasitr1çào de nematodes.
A prevenção e,l;i fc1sciolose passa pelc1 administração de fascio-
licidas, retirilda dos a11i1mis de zonas onde o 1-11 seja Jbundan-
te, qt.rnentena de animais import;idos, aplicação sensa til de
r11 oluscicidas, alimentação com fpno e eventu ais dreriagens,
A erradiCiJç;'io seriÍ possível co111 um prog rama mu ito i11tensi-
vo e apertacla s regras de liiossPg ura nça. A vilcinaç!ío comer-
cial ai11da 11ão existe, mas as perspeCliVél Ssão promissoras.
l,,___________ _ __.,
l'rod11,:.So rn:ii~ b.·1i,:c1
Mastites subclínícas pc)(le I c<1ve1lie")eiri1 11111Hd,1c\·,1n -· '.,i 11,1i·, de drn ~ 1, c1 lp,1çiu lc> ecor 101T1i011 rH;~ri t e it 1tPr'e~:>tll'l le
qllc11 to ,1(1::c1,1clu, l)o~ ilivn ,10TCM 1• CC, >'1011.000 por mi lítH:ir.
1:Li olocJi~ dc!::co11 hf2c id<1 111:i:; p1CJV,JVL:liw:11le cl cv ido :1c1 c- Corren.:m :ili1, 1cn 1·,ir. l: vit,11 1:ie/-
Paraqueratose r,: ,io cl1c µl·I ócido :;ol:i 1f; d 11111, 0<1. 11<'c.lLl(êl o cl c-2 ,1IJ:,1wçtin let:, de luzern.i.
ou hiperqueratose ruminai . de/\(;\/ iv1LI CO'.;( l e J)cllJ il d'; rl 11 11Íl 11) ÍS t-.::i 1H; :,~(1 S (-' (,:'.')C ll l'(.l),
r.le:,li1Ci11Hlc1-'.,<:' (,iciln 1e11 1e (1 ,1,1i, 11 C> , ilC:o rilirsJI).
Corpos estranhos não A11< J1 exi,1 r c1rcial. rna:; mlli t,1s W'7es 11;io (IC!tcc:t,ivd , ll ,li:,a ílummotorma.
perfurantes no reticulo-rumen proclll(~n lci1,2í1 ,1 l' percl~ qr,1clt 1,11 ele pc,o. Tirnp,111is1-r10
prejudicando progres são rc.corrent( \
do conteúdo
V1Jcr1i:. v1;•lh11~ cn 1 Ptl', trJ9c 111. Fd ltd d{: inci:;ivu\ 0 L1 1T1e~\n1 0 /\ 1li n 1'1 i:; r11db ve ll ,os cleven 1 ::c~r
Problemas dentários mul t11e~. Mr.li:i rc1rz1rnc1 t!T· ('111 ~in im;Jis rTir1i'; novos po r p 10- abatidos. l:, t 1c1o;jo de d l·:ill l,S
blc1,1,1s de c· 1u1"J(\o Ol l ll·~i'le:; n,1', 1,1íze1. [Xll lic"io:;,
Outras causc1s: lntoxlcaçõe~ crónicas, par11sltas GI, carê11 las rn ollgo lrmentos e vltilmlnílS (e.g, fielé nlo e vlt E).
ABORTO
O aborto é o único sinal clínico de muitas das doenças que súbita, pode não haver hipótese de vo ltar atrá s e colher
apresentamos de seguida. O aborto é confirmado aquando mais informação. Esta abordagem deve incluir a avaliação
da expulsão do feto e/ou m embranas fetais, mas o clínico do ambi ente (e.g. pastag em), o exame clínico da vaca e o
deverá ter em conta as situações em que tal não acontece exame cuidadoso da pla centae feto. A aná li se sorológica
(e.g. fetos mumificados) ou em que o feto não é descober- da vaca é também extremamen te útil - os títulos de anti-
to. Esta última possibilidade é relativa mente frequente em corpos devem ser comparados entre vacas abortadas e não
vacas em pastoreio, mas também possível em vacarias de abortadas e entre o momento do aborto e 15 dias depois.
leite (e.g. feto arrastado por rodos mecânicos). Uma terceira
Após uma boa recolha de informações pod emos ser mais
hipótese é a de morte com reabsorção embrionária, que
racionai s na co lheita de material e no pedid o de exames la-
não sendo propriamente consi derado aborto é aqui incluí-
boratoriais. Amostras para histopatologia devem ser coloca-
do por ter ca usas comuns. Igualmente importante será fa-
das em formol a 10% e para cultura bacteriana ou isolamento
zer a distinção entre aborto (60 a 260 dias de gestação) e
vi rai devem ser refrigeradas no interior de recipientes estéreis.
parto precoce com nado-morto (> 260 dias de gestação).
O conteúdo estomacal do feto é o material ideal para bacte-
Muitas das causas de aborto não são diagnosticadas facil- riologia. Incluir ainda fígado e pulmões fetais. Deve ser reco-
mente ou porque o factor etiológico entretanto foi elimina - lhido um cotilédon e representativo das lesões e enviado em
do ou porque o feto e m embranas estão em avançado es- fresco ou efectuar esfregaços por aposição. O sangue e flui-
tado de autólise/putre facção ou porque simplesm ente não dos encontrados nas cavidades fetais são de grande impor-
se encontram os produtos do aborto. Aliás, diversos estu- tância no diagnóstico de BVD, neosporose e leptos pirose.
dos indica m que men os de 40% dos casos de aborto ob-
Enquanto que em vacaria s de leite será relativamente fácil sa-
têm um diagnóstico etiológico definitivo.
ber o tempo de gestação do feto, isto poderá não acontecer
A abordagem a um problema de aborto deve ser cuidadosa em vacadas de carne. Como esta informação pode ser crucial
e metódica, Algumas das questões que devem ser elucida- para o diagnóstico, pode ser aplicada a seguinte fórmula:
das antes do exame do an imal são:
Tempo de gestação (dias)= 2,5 x (comprimento do feto*+ 21)
• O aborto é esporádico, endémico ou epizoótico? Por exem-
Como já se referiu, a morte embrion ária pode con duzir à
plo, uma incidência anual de aborto de 1-2% das gestações
reabsorção e retorno à cíclicidade sem outros sinais A mor-
pode ser considerada normal, mas quando ultrapassa esses
te embrionária ocorre quando há uma falha no reconheci-
valores deve ser alvo de aturad a investigação.
mento materno da gestação ou o ambi ente uterino é ad-
Ir.ti Qual a idade das fêmeas abortadas? Qual o tempo de verso à sobrevivência e implantaç ão do embrião. Se a morte
gestação? embrionária for precoce, o intervalo entre cios não é afecta-
do, mas se for tardia (após implantação) o intervalo entre
• Quais as regras de bi osseg urança implem entadas (e.g.
cios sofre alteração, entre os 25 e 40 dias.
houve entrada de novos anim ais)? Há acesso de outros
anim ais (e.g. cães ou roedores) ao alimento e água de be- O feto mumificado surge quando há morte fetal entre 4 e 5
bida? Que vacinações são incluídas no plano sanitário? meses com a persistência do corpo lúteo, sendo rea bsorvidos
os fluidos fetais. Quando ocorre contam inação bacteriana ocor-
1 Que outras doenças e sinais se encontram no restante
re maceração. No primeiro caso não há qualquer sinal sistémico
efectivo (e.g. vitelos)?
de doença enquanto que no segundo costuma haver anorexia,
rts Quais os índices de fertilidade no passado e no momento? perda de peso e quebra de produção da vaca. É aconselhado
• Qual a dieta e se exi ste possibilidade de intoxicações? reconfirm ar o DG a partir dos 6 meses especialmente em zonas
de aborto endémico (e.g. neosporose), promovendo a abertu-
Houve causas de stress rece ntes (e.g. trovoada ou fogue-
ra cervical e expulsão com a administração de PGF2a seguida
tes)? Foram administrados fármacos o u vacinas?
da extracção manual do feto da vag ina ao fim de 48 horas.
Também a forma de abordar os casos individuais deve
cumprir requisitos de rigor pois, como nos casos de morte 'O comprim ento do feto é med ido da cabeça até ao ânus em centímetros
ABORTO
ABORTO· NADO MORTO
ORQUITE
ETfOLOGIA
Bruce/la abortus e, em menor grau, B. melitensis.
Cocobacilo gram negativo, intracelular facultativo. A per-
sistência infecciosa deste agente deve-se à capacidade cie
sob reviver e multiplicar-se dentro das células fagocitárias
(macrófagos e neutrófilos) e 110 tecido li11fóide, impedin-
do, por diversos mecanismos, a fusão dos lisossornas com
o fagossoma . É 110 interior dos leucócitos que a bactéria
acaba por penetrai no C1tero, glândula mamária, articula-
ções etc.
EPIDE IOLOGIA
Doença erradicada em muitos países e
relativamente controlada em Portugal.
O número de bovinos seropositivos têm vindo a diminuir
em todo o país, sendo a situação mais problemática nalgu- PATOGENIA
mas ilhas dos Açores .
Praticamente todos os animais infectados actuam
Importantíssima zoonose, provocando uma doença cróni- como portadores para toda a vida.
ca extremamente debilitante em humanos. Infecção 11atural ocorre essencialme11te por incJestão de B.
Durante muito tempo foi considerada corno a causa mais aborlUs, sendo menos freque11te por via conjuntiva! ou so-
importante de aborto bovino. Devido às características zo- luções ele continuidade. Os materiais infectantes são os
onóticas, enorme impacto económico e evolução insidiosa
da doença, merece o primeiro lugar nesta lista de doenças
causadoras de aborto.
SI IS CL( ICOS
Nem todas as infecções resultam em abo1tos, e menos de
20% das vacas infectadas abortam mais do que uma vez, O aborto no último te rço da gestação pode ser
Em zonas endémicas os abortos são mais frequentes em o único sina l cl ínico de brucel ose.
novilhas, mas após er1trada do organismo em zonas ou ex- Ocasionalme11te há mumificação ou rm1ceraçâo do
plorações indemnes os abortos podem ocmrer de forma feto. As vacas abortadas apresentam retenção placen-
explosivêi. tária e metrite. As vacas que 11ão abortam dão origem
O organismo é pouco resistente à dessecação, luz solar e a vitelos débeis ou normais (portadores vitalícios da
calor, sendo que os pastos se mantêm como fonte de infec- infecçào latente). Em algumas vacas segue-se um pe-
ção por 100 dias no Inverno e menos de 30 dias no tempo ríodo ele infertilidade prolongado. Apesar da bactéria
quente, se manter acantonada na glândula mamária, normal-
mente não há sinais ele mastites.
Não está bem esclarecido o papel representado por outros
animais na disseminação da bactéria, senclo possível que Nos machos, a brucelose caracteriza-se por orquite, epidi-
ruminantes selvagens e cavalos sirvam como vectores. Os dimite e inflamação dos órgãos reprodutivos acessórios.
pequenos ruminantes são fonte importante de 13. me/itensis, Animais infectaclos com B. abortus podem ainda fazer
sendo que a situação sanitária dos efectivos ovinos e capri- artrites, sinovites e higromas.
nos está menos controlada.
produtos dos abortos e o corrimento uterino subsequente. parte dos programas sanitários coordenados pelos ser-
A bactéria pode estar presente nos fluidos uterinos desde viços oficiais. Estes não serão aqui abordados em maior
duas semanas antes do parto ou aborto até três semanas pormenor.
depois. A bactéria é igualmente excretada no leite (elevado
Todo o material suspeito deve ser manuseado com cuidado
risco zoonótico) sendo a glândula mamária o local mais im-
devido ao facto de se tratar de uma zoonose.
portante de manutenção da infecção nas fêmeas não ges-
tantes. A transmissão venérea não parece ser importante. DD essencialmente com leptospirose.
longada e baixa produção de leite. Uma vaca abortada con- de imunofluorescência ou PCR destes materiais garante
uma semana. Um bovino portador pode excretar o serovar O hemograma dos casos agudos mostra hematócrito baixo
hardjo durante toda a vida . e tanto pode haver leucocitose como leucopenia depen-
de animais doentes ou portadores. DD do aborto deve ser feito com brucelose, intoxicações,
Febre Q e Neosporose. Para DD da doença aguda ver pági-
na 206.
ABORTO
-
EOSPOROSE ABOlffü , FETO MUMIFIC ADO
SIN AIS NEUnOLÓGICOS
ETIO OGI
ISC INIC
O protozoário intracelular N. caninum.
O aborto ocorre tipicamente entre os 5 e 6
N. rnninum 11enerice ,10 fil o Ap ico rnpl C:'xa e família Sar-
meses de gestação.
cocyst i<l 21e. O ciclo de vid é1 do parasiti'l i1·ic lui do is hospedei-
ros (ciclo hetero.xe1 10). O hospedeiro defin itivo é o c:ío e o As VêlCas ir1fectada s (e abortada s) não apresen tar ri
bovino urn dos pos sívei<, hospe< leiros ir 1te rmecl i,írios. out ros sinais de infecção excepto menor proclução
de lei te. O íe to inf-ectaclo l ransplé1centariarner 1te
pode morre r e se r expu lso im ecl iali1rnente, ,ofre r
OE OLOGIA um p rocesso de mumificação o u maceração ou
A transmissão vertical é a forma mais habitual nascer de termo, com ou sem sinc1i s de doença. A
de infecção. rnurnificaç,10 é u111 resu ltado muito rnais habitual na
r1eosporose em cornpara ç10 com outras ca u,as de
Parc1s ilil prilticarne11te cosmopolita. l:s Lucfos ern Portugal
,ibono. A reabsorção em br ion ár ia de que resultam
d ernon strarilrn que mai s de 30% dos fetos iJbortados conti -
interv,Jlos llliliores e irregu lares e ntre c ios é rnerios
nham qu istos de N. rnninwn . A serop 1eva lc1icia é 11orrnal-
co mum. r1 arame r1te as vacas fazem abortos rep eri-
mcr1tc muito alta (até aos 80%). O aborto pode surgir de
clos e quariclo o fJzem são cada vez mais tarde nd
for111c1 epizoótica quando o parasita é introduzi do numa
cJesta ção.
manada a11teriorrne11 te ir 1dernne. A neosporose e~ co11s ide-
rad,1er1 dérn ica se r1 kl is de 5% dc1 s w1cas ,llior t,irern por essil Vit elos nasci do, infectados podem ser rnêl i\ dr''LJeis
ra usil ao lo ngo d os ,mos. com cresc imento lento, apresentar sin torm1toloq ia
nervosa ou serem completamente saudávt> is. O, si-
Os ooc istos são excretado s aper1as rias fezes dos cães. Estc1s
nais neuroló9icos surciern até aos 2 rnesccs de id,ide -
conta rnir1a111 o alirner1to ou ,íÇJLkl sendo ingc"ridas pel o
ílt,1x ia, ir1Coorder1,1ç,10 ou prostl'/JÇào (h ipc: rfll:'xéio r:Ju
hospe deiro i11ter111ecJicíri o. O feto é i11rc ctado iltravés d a
0
hiperex t er1s i10 dos membro s). Pode ,i incJ a l1dvt'r hidro-
1i l,ice 11ta. A tr,J11smiss:ío va c,1 il vaca, atrélvés cio sémen ou
cefa li a, exoftalmia ou assimetria ocu l,H. A mortalidd~le
dl::· e1nbriôes 11,io ocorre e c1través do leite ape r1c1s foi c.le-
é muito elevnda.
r11o r1 strada t'xper ime 11tc1lrnente. No o rç1a1 1i s1110 hospedeiro
intern1eckírio o parasita for rna qui stos qL tt' o proteJarn das As vitelas con9 er1itc1rne11te infcctadas ilpre:'sentcHn J
maior risco ele abrn tc1rern ria prirneiril 9t•s taç00 e o ri çi i-
narern vitelos t,mü.>érn co ngenitarnente infectildos
i\ íl()f ff(J
OtAGt,óSTICO
Necessária a identificação histopatológica do parasita
na placenta e tecidos fetais - cérebro, fígado, coração.
A seropositividade da vaca apenas garante contacto prévio
com parasita, mas não significa que este seja responsável
pelo aborto/infertilidade. A detecção de anticorpos no feto
ou recém-nascido (antes da tomada de colostro) indica infec-
ção congénita, mas o facto de não se detectarem anticorpos
não indica necessariamente que não houve infecção fetal.
endocardite. Nos vitelos congenitamente infectados, rara- nária para novilhas seronegativas.
mente se encontra o parasita, mesmo nos animais que apre- Existe uma vacina comercial (ainda não disponível em Portu-
sentam sinais clínicos. Não há lesões nos animais adultos. gal), mas a eficácia ainda não foi completamente estabelecida.
LÍNGUA AZUL ABORTO• LESÕES ORAIS
ETIOLOGIA
Orbivírus, pertencente à família Reoviridae,
transmitido por diversas espécies do insecto
hematófago do género Culicoides.
Existem vários serótipos do vírus da Língua Azul (LA). Na Europa
estão identificados os serótipos 1, 2, 4, 8, 9, e 16, sendo o serótipo
8 o de maior patogenicidade para os bovinos. Em Portugal as
principais espécies vector são Culicoides imicola e C. obso/etus.
EPIDEMIOLOGIA
Em Portugal só se confirmou até agora infecções
pelo serotipo 1 e 4.
Doença particularmente grave para ovinos, caracterizada
por lesões orais que justificam o nome. A área geográfica de
infecção parece estar a aumentar atingindo zonas anterior-
mente consideradas indemnes, provavelmente devido à
expansão do insecto vector. A partir de 2006 o serotipo 8
(nunca antes isolado na UE) surgiu em vários países do nor- SINAIS CLÍNICOS
te da Europa (acima do limite admitido para o vector e vírus
A maior parte das infecções não causa qualquer
que era 40°N). Esta variante mostrou ser muito patogénica
sinal clínico em bovinos.
para bovinos e cabras, em oposição ao que acontece com
os restantes serotipos. Os efeitos reprodutivos são os únicos descritos para
infecções com os serotipos mais habituais (1 e 4) -
Nas zonas consideradas endémicas podem ocorrer surtos
morte embrionária (infecção <100 dias de gestação)
de abortos por LA, se for introduzido um serotipo diferente
ou aborto, mumificação, nascimento de nados-mortos,
do habitual. vitelos fracos ou com malformações cerebrais (infec-
O vírus é bastante resistente no ambiente especialmente ção entre 100-150 dias de gestação). Infecções depois
em presença de proteína. Os animais silvestres têm um pa- dos 150 dias não produzem lesões nos fetos.
pel importante na epidemiologia. Os sinais clínicos descritos nos surtos recentes de LA-
-serotipo 8 são febre, erosões e crostas à volta das nari-
nas, erosões da mucosa oral, ptialismo, conjuntivite,
PATOGENIA edema pulmonar e claudicação com hiperémia do bor-
Animais em virémia são a fonte de infecção do coronal das unhas e necrose muscular. Surgem ain-
da hiperemia e lesões dos tetos, aborto e infertilidade.
para os Culicoides.
Estes sinais, condizentes com uma resposta de hiper-
A LA é uma doença não-contagiosa emergente. Após pi-
sensibilidade, também foram descritos em animais
cada do insecto infectado a virémia mantêm-se aproxima-
persistentemente infectados com um serotipo e rein-
damente 50 dias nos bovinos. A transmissão transplacen-
fectados com um serotipo diferente. No Norte de Por-
tária, através de IA e via oral (leite) tem sido demonstrada
tugal há diversas descrições de casos clínicos pareci-
no serotipo 8.
dos com a infecção por BTV 8, mas dos quais não foi
O vírus causa lesões dos endotélios de que resultam vascu- possível identificar esta estirpe.
lite, edema, isquemia e necrose dos epitélios. O aborto e
ABORTO
teratogénese surge por lesão dos endotélios fetais na fase
de organogénese.
L sões
Malformações, petéquias e hemorragias nos fetos
abortados.
Na forma oral da doença são encontradas petéquias e he-
morragias na cavidade oral (língua, sub-lingual, palato), esó-
fago, rúmen, bexiga e baço. Erosões e ulceras na cavidade
oral, lábios e focinho. Pode haver edema subcutâneo no
pescoço, cabeça e tronco.
Oferta de feno de qualidade e água em abundância . Em
animais incapazes de se alimentar deverá ser forçada ali-
DIAG ÓSTJCO mentação por entubação ou fluidoterapia endovenosa. Tra-
Serologia permite identificar o serotipo. tamento com AINEs e antibióticos para controlo da dor e
virai, detecção do antigénio virai ou dos seus ácidos nu- A prevenção baseia-se na reduçã o de exposição ao insecto
cleicos (por PCR) em animais virémicos ou ainda por sero- vector - armadilhas e insecticidas nos estábulos; recolher
logia (testes de fixação do complemento, análises ELISA e animais nos períodos do dia de maior actividade do Culicoi-
imunodifusão em ágar-gel - AGID). As amostras fetais para des (lusco-fusco); evitar o uso de agu lhas em diversos ani-
virologia in cluem pulmão, baço, material do SNC e fluido mais especialmente nas épocas do ano de maior risco; uso
torácico. de banhos insecticidas, de repelentes de insectos ou ecto-
Q, herpesviru s bovino (IBR), intoxicação com nitratos, Desinfecção de estábulos e camiões com iodóforos ou
plantas tóxicas e micotoxinas. Para o DD da forma clíni- compos tos fenólicos. Desinsectização dos meios de
ca do serotipo 8 aconselha- se a leitura da secçã o "Le- transporte, principalmente aqueles que se deslocam
sões orais" (v.) para zonas indemnes. Manter em quarentena, em locais
protegidos dos vectores, os animais provenientes de zo-
nas endémicas.
UTI
A vacinação dos bovinos não é normalmente efectuada
Não há tratamento específico para as vacas (apesar de oferecer protecção durante 6 meses), mas a imu-
abortadas. nização do efectivo ovino com vacinas serotipo especificas
O tratamento dos animais que apresentam sinais clínicos permite reduzir a circu lação de vírus e o número de Culicoi-
descritos para infecções com serotipo 8 incluem lavagem e des infectados. Não existe imunidade cruzada entre os vá-
desinfecção (soluções iodadas) das lesões orais e nasais. rios serotipos da doença
ABORTO
FEBRE Q AllORTO • LESÕES ORAIS
ETIOL GI
Família Coxiellacea dentro da ordem das
Legionellales do grupo das Proteobacterias.
Coxie//a /Jumetii, única espécie identificada dentro do gé11e-
ro, é uin cocobiicilo de pPque11a dimensão (ü,2-0,LJ ~1111 por
0/1-1 ~1111), parasi ta intracPlular obrigiitório, rnas que curise-
gu e sobreviver no ambiente e rião precisa de ve ctores p ara
se t1ansrnitir entre ilni111ais.
rismo, com reconhecido papel 110 d cs e rivulvimento de urn ano após infecção. Vitelos que se contc1rnini1111 pelo leite
iilgurnas doenç as crc'micils hu1nirncls (i .e. e11 d ocardites) elas vacas infectadcJs rmd t'l'11 excretar a hilllêria r1Js re;.,es e
PATOGE IA
Inalação é a principal via de contágio. SI IS L ICOS
C. /Ju m etii i11fecta células do sistema reticuloe11dot elial A manifestação clínica mais frequente em
(1nJcrófago s, rno11ócitos ... ), células do endotélio e eri-
bovinos é o aborto no último terço de gestação.
trócitos. Após P11trada no lws p edeiro a for111cJ infectan- A infecç,10 l.1ovi11a p ê1rece ,er rpl;1tivc1111entP rw-
te induz a fagocitose pelos macrófagos pulmonares. A que11te, mcJs ,1 maiu1 parte elas vezes é c1ssi11to111c1-
fo n na SVC, urna vez no interior do fagócito, trarisforrna- ti c-,1 . Metrites, que podem persistir prn· meses, e
-se 11a va1·iante LCV que é a C111ica capaz de se multipli- prieurnonias são sequelas possíveis em vacds êihor-
car e de resistir ao ambiente ad verso dos lisossomils, tadas ern co11sequê11Ciêl de infec\·ão por CoxiC'lla.
Durante processo de rmrltiplicJção consegue i11ibir a Mastites sub-clínic,1s e clí11icas tém sido associ,icfas
apoptose celular, induzindo-a, finalmente, quando o ci- a IPite i11fectado por esta b,icté1·ia .
clo terrni11a .
L SÕES TERAPÊUTICA E REVENÇAO
Não há lesões macroscópicas evidentes nos fetos Tetraciclinas, enrofloxacina e sulfas-trimetropim
abortados. apresentam alguma eficácia no tratamento da Febre
Q animal.
As lesões ela place nta são típ icas, mas não espPcífi cas, ele
Coxielo se: espessamento da placenta, p lacen ti te necrótica A vac inação não é cons iderad a efi caz na elimi naçã o dil
e supurati va, prese nça de placas esbranqui çad as na su pe,- bactériil e111 anima is portJdores, inas pode red uzir signifi -
rície das membranas fetais e exsudado acastanh ado 11CJ es- cat ivam er1te a exc reçã o do ag e11te e 21 génese de 11ovos
pa ço intercot iledo nar. infectados.
ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Bactérias intracelulares da fam ília Chlamydiaceae
- Chlamydophila abortus e C. pecorum. A forma epizoótica apresenta-se com abortos
no último terço da gestação e nado-mortos.
C. abortus é resp on sáve l pe lo Abo rto Enzoóti co dos
Ovinos. Vitelos nascidos de vacas infectadas são fracos e geral-
mente não sobrevivem muito tempo.
A infecção subclínica ou com sinais clínicos muito subtis é
PATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA
provavelmente muito prevalente e causadora de impor-
Bactéria ubiquitária com seroprevalências na ordem tantes perdas devido a quebra de produção, crescimento
dos 100%, sem sinais aparentes. retardado, reabsorções embrionárias e infertilidade.
Transmissão fecal-oral. Efeito sobre o animal provavelmente Outras doenças esporadicamente associadas a Chla-
resulta mais da reacção imunitária do que da acção do mi- mydophila sp. são pneumonia, encefalites, enterites, artri-
croorganismo. Factores de stress e outros pouco conheci- tes, queratoconjuntivites, mastites e endometrites. Causa
dos podem despoletar doença clínica. Infecção prévia não epididimites, vesiculites e baixa fertilidade em touros.
protege contra efeito da bactéria sobre a fertilidade. Touros
infectados excretam grande número de bactérias. Potencial
zoonótico.
LESÕES O controlo faz-se por melhoria das condições de higiene,
redução da densidade animal, evitar situações de stress e
Fetos com ascite e fígado aumentado de cor garantir alimentação de qualidade. A vacinação reduz a in-
amarelo-avermelhado. cidência de abortos e outras doenças, mas provavelmente
Cotilédones hemorrágicos e necróticos. Espaço intercotile- tem pouca eficácia no controlo da infertilidade ou na elimi-
donar espessado. nação do agente.
DIAGNÓSTICO
Utilização de PCR permite despistar infecções
subclínicas.
Testes ELISA são bastante específicos mas têm uma baixa
sensibilidade (reacções cruzadas com outras espécies). Devi-
da à alta prevalência na população bovina a seropositivida-
de tem pouco significado. A fixação de complemento não é
útil na infecção bovina. Detecção de microorganismos na
placenta.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Oxitetraciclinas, macrólidos ou fluorquinolonas podem re-
duzir a expressão clínica mas é pouco provável que elimi-
nem a infecção.
OUTRAS CAUSAS DE ABORTO BOVINO
Stress devido a transporte, História de exposição a factores de stress. Sem lesões ou sinais História pregressa.
intervenções sanitárias, clínicos evidentes. Geralmente gestações acima dos 6 meses.
trovoada, foguetes, cães,
fome ...
Salmonelose, pode ser único Aborto surge por destruição das vilosidades placentárias. Abor- Ver Salmonelose.
sinal de infecção por 5. dublin to a partir dos 4 meses e por vezes acompanhado de sinais sis-
témicos (febre). Superfície corioalantóide da placenta com ex-
sudado fibrinoso, acinzentada ou avermelhada Carúnculas
aderentes aos cotilédones. Fetos autolisados.
llsteria monocytogenes e L. Os abortos resultam de placentite aguda e septicémia fetal. Fe- Ver Listeriose. Agente ob-
ianovii tos muito autolisados. Focos múltiplos de necrose amarelados servado no abomaso ou
ou acinzentados no fígado e cotilédones. fígado, placenta e corri-
mentas vaginais.
Tritrichomomas Pode conduzir a aborto nos primeiros 5 meses de gestação mas Detecção do agente (mi-
mais frequentemente causa morte embrionária. Pode seguir-se croscopia ou PCR) no es-
foetus. Transmissão venérea.
piometra, corrimento vulvar intermitente e infertilidade. Edema tomago do feto ou corri-
da placenta mento uterino.
Campylobacter fetus subespécie Morte embrionária ou aborto até 4.0 mês. Em caso de endemis- Isolamento de Campylo-
venerealis. mo as novilhas ou animais recentemente introduzidos são mais bacter de amostras de pia-
afectados. Segue-se infertilidade. Machos (>4 anos) podem ser centa, pulmões ou conte-
Infecção por monta ou IA com
portadores crónicos sem sinais. Placentite intercotiledonar fibri- údo abomasal do feto
sémen infectado.
nosa com áreas necrosadas. Cotilédones amarelo-acastanhados.
Exsudado fibrinoso na cavidade pleural e peritoneal dos fetos.
BVD - qualquer um dos Infecções precoces causam morte embrionária e tardias dão Identificação do antigénio
genótipos e biótipos podem origem a aborto ou nascimento de vitelos debilitados e com em qualquer tecido fetal.
causar aborto. uma série de lesões congénitas (ver Doenças com Diarreia). São Serologia da mãe mas ten-
frequentes malformações congénitas. do em atenção que a in-
fecção pode ter ocorrido
meses antes do aborto.
IBR - Herpesvirus bovino 1 Geralmente vaca apresenta sinais de doença respiratória (ver Isolamento do vírus na
Doença com Dispneia, Tosse e Rinorreia). Pode causar morte placenta. Serologia da
embrionária, infertilidade e abortos(> 5 meses). Fetos em esta- vaca no aborto e 15 dias
do avançado de autólise. Placas necróticas no fígado e rim fetal. mais tarde (aumento 4x
Hemorragia e edema peri-rena l. Retenção placentária. titulação). Atenção a anti-
corpos vacinais.
latrogénico - administração Fetos sem sinais. Diagnóstico através de história pregressa com- Confirmação laboratorial
inadvertida de fármacos pleta. impossível.
e.g. corticóides ou prostaglan-
dinas.
Intoxicação por nitratos História de acesso a plantas ricas em nitrato (e.g. sorgo) ou águas Ver Doenças com Morte
poluídas. Mucosas e sangue escuros (metahemoglobina) Súbita. Níveis de nitratos
no sangue e fluido ocular.
Micotoxinas (e.g. Aspergillus Micotoxinas causam aborto (4-8 meses) ou reabsorções em- Observação de hifas nos
fumigatus) brionárias. Placas amareladas ou esbranquiçadas (hifas) nos co- cotilédones, fluido esta-
tilédones e pele dos fetos Fetos pouco autolisados. macal do feto Lesões ca-
racterísticas no feto.
Outras causas menos comuns: Mycoplasma bovis, Ureaplasma diversum, bactérias oportunistas (T. pyogenes), Sarcocystis sp., Toxoplas-
ma gondii, doenças hiperagudas com toxemia (e.g. mastites por coliformes) ou doenças crónicas, toxinas ou estrogénios vegetais, mal-
formações congénitas e mumificação fetal idiopática.
- ABORTO
MORTE SÚBITA
Na verdade há poucos casos em clínica de bovinos em que a) Na impossibilidade de efectuar um exame clínico, a his-
a morte seja tão rápida que não haja tempo para ser exibi- tória tem uma importância acrescida.
do qualquer sinal clínico evidente, nem que seja os de ago-
b) Poderemos não ter uma segunda oportunidade para re-
nia. As excepções mais comuns são: relâmpagos, choque colher elementos necessários ao diagnóstico (e.g. houve
eléctrico, fortes traumas sobre o SNC e, eventualmente, recolha ou putrefacção dos cadáveres).
septicemia fulminante. Assim, o que entendemos aqui por
Doenças com Morte Súbita são aquelas em que uma evo- c) Muitas vezes estamos perante casos que seguem para
lução hiperaguda limita a possibilidade de serem detecta- processos litigiosos, e nos quais são chamados a intervir
das no animal vivo porque o período de exibição de sinais é companhias de seguros, outros peritos, etc. .. , que espe-
muito curto e porque os animais nunca estão sobre cons- ram respostas detalhadas.
De qualquer forma devemos distinguir a "morte súbita" das discretas (e.g. ponta dos tetos chamuscados em vacas
situações em que o animal é"encontrado morto". Nestes úl- atingidas por relâmpago) ou muito semelhantes entre
diferentes doenças. Os pormenores podem ter uma im-
timos casos pode até ter decorrido muito tempo desde o
portância extrema.
desencadear da doença, mas o facto de os animais estarem
em regime extensivo ou em parques com muito outros ou e) Certas particularidades do ambiente podem ter surgido
serem simplesmente desprezados pelo tratador, evitou a recentemente (e.g. exposição dos tubérculos do embu-
detecção atempada dos sinais. de após enxurradas) ou vir a alterar-se rapidamente (e.g.
de selecção das doenças aqui apresentadas. Mais uma vez, É igualmente importante recolher toda a informação dispo-
são raras as circunstâncias em que todos os animais fazem nível para se poderem estabelecer rapidamente as medidas
uma evolução semelhante, sendo que as diferentes suscep- destinadas a salvaguardar a saúde e vida de eventuais coa-
tibilidades ou desiguais graus de exposição determinam bitantes. Mais vale informação a mais do que a menos. Des-
respostas diferentes. Assim, podemos ter animais com car- te modo é muito importante proceder à necropsia de mais
búnculo que morrem com "erva na boca" enquanto outros do que um animal para verificar quais as lesões e sinais mais
resistem vários dias. A decisão de seleccionar para este ca- consistentes e nunca basear a decisão final numa lesão de-
pítulo estas doenças tem a ver com a grande probabilidade tectada em apenas uma vítima. É igualmente crucial avaliar
do clínico se deparar, numa primeira abordagem, com ca- os sobreviventes já que estes podem mostrar sinais da do-
sos de morte súbita independentemente de se seguirem ença na sua forma subaguda.
casos mais arrastados com outros sinais.
Finalmente uma palavra sobre o material a colher - a não
A abordagem clínica a uma situação de morte súbita deve ser que haja fortes indícios de uma doença que se pode
ser metódica, reflectida e suportada por registos de qualida- comprovar facilmente pelas lesões macroscópicas, deve-se
de (gravação de relatos, fotografias, calendário exacto dos colher um pouco de tudo. Este material deve ser conserva-
acontecimentos). É uma daquelas alturas em que o médico- do em frio ou formol para mais tarde se decidir o que tem
-veterinário tem de calçar os sapatos de detective. Isto é valor e segue para o laboratório, e o que pode ser deitado
importante por várias razões, nomeadamente porque: fora .
CARBÚNCULO HEMÃTICO MORTE SÚBITA• HEMORRAGIAS
FEBRE•PROSTRAÇÃO
ETIOLOGIA
SINAIS CLÍNICOS
Bacillus anthracis-bactéria esporulada Gram-positiva.
Morte súbita de vários animais (grandes
Os esporos da bactéria do carbúnculo hemático (CH), do-
e pequenos ruminantes) na mesma pastagem
ença também designada por anthrax ou antraz, sobrevivem
é o quadro mais comum.
nos solos durante muitos anos (supostamente mais de 200
anos). Os baixos teores de C0 2 no ambiente levam a bacté- Na forma hiperaguda a morte ocorre em 1-2 horas.
ria a esporular quando no exterior de um animal. Nas formas agudas há uma primeira e curta fase de
febre (>41 °C), agitação e depois depressão, vocaliza-
ção, congestão e hemorragias nas várias mucosas, ta-
EPIDEMIOLOGIA quicardia e, finalmente, prostração. A morte ocorre
Surtos de CH ocorrem quando se revolve o solo num ou dois dias, no meio de convulsões. Está descri-
e as condições ambientais para o desenvolvimento ta uma forma subaguda, mais prolongada, com for-
dos esporos são propícias. mação de edemas, diarreia e dispneia.
A bactéria pode infectar quase todas as espécies de mamí- Em humanos está descrita uma forma cutânea que
feros, incluindo o homem. Os ruminantes são mais suscep- nunca foi identificada em bovinos.
tíveis. É uma das armas de potencial bioterrorismo.
Actualmente a incidência é relativamente baixa nos países
desenvolvidos, mas por vezes são descritos casos em zonas
onde não se registava CH há mais de 30 anos. A vacinação, Os esporos são extremamente resistentes a valores extremos
a eliminação do uso de farinhas de sangue, carne e osso na de pH, calor e frio, e ainda à dissecação e a desinfectantes.
alimentação de ruminantes, assim como a recolha de todos
os cadáveres, poderão ser essenciais na redução da incidên-
PATOGENIA
cia da doença, mas provavelmente nunca eliminarão total-
mente o risco. A infecção ocorre por inalação ou ingestão
dos esporos.
A transmissão através de picadas de insectos é possível.
Após invasão do organismo a bactéria é fagocitada e trans-
portada para os linfonodos onde inicia a multiplicação.
Quando libertada no sangue produz uma toxina com efeitos
sistémicos e caracterizada por hemorragias, anoxia dos teci-
dos, edemas e insuficiência renal. O período de incubação
varia muito com a susceptibilidade do animal (1 a 15 dias).
Nas zonas epidémicas a evolução é rápida com vários ani-
mais a morrerem sem quaisquer sinais prévios de doença
enquanto que nas áreas de CH endémico (tropicais ou sub-
-tropicais) a doença é mais demorada.
LESÕES
Em caso de suspeita de CH a necropsia NÃO deve ser efectu-
ada e o cadáver deve ser rapidamente incinerado. Rigor mor-
tis incompleto e saída de sangue escuro através das abertu-
~ MORTESÚBITA
ras naturais. Com cuidados de biossegurança colher sangue fERAP UT:CA EPRE EHÇ O
de um grande vaso - o sangue é escuro (quase preto) e não
A bactéria é muito sensível à generalidade
coagula facilmente. Deve -se enviar este material para identi-
dos antimicrobianos.
ficação do agente, referindo sempre a suspeita de CH.
O tratamento tem de ser muito precoce pois a toxina não é
Num caso por nós diagnosticado em vacas adultas com
afectada pelos antimicrobianos, podendo matar o animal
morte súbita havia hidropericardio e hemotórax, equimo-
mesmo após a eliminação da bactéria . O facto de um ani-
ses, edemas e enfisemas subcutâneos Autólise rápida. Rigor
mal morrer enquanto está a ser tratado não significa que a
mortis presente, Poucas petéquias em algumas serosas Es-
bactéria seja resistente a esse antibiótico.
tes casos são semelhantes àquele descrito na Suécia (2009)
em 5 animais com morte súbita, que apresentavam cor e A penicilina é o antibiótico de eleição, mas qualquer outro
coagulação sanguínea normais. de largo espectro pode ser usado (quinolonas, tetraciclinas,
cefalosporinas etc. .. ). No começo de um surto deve-se tra-
tar todos os animais do grupo que possam ter tido acesso à
DIAG ÓSTICO fonte de esporos (e.g. campo lavrado recentemente) .
Morte súbita de vários animais, rigor mortis Infelizmente nenhuma região pode afirmar estar livre de CH
incompleto e sangue muito escuro, são fortes e é impossível prever a sua ocorrência. A vacinação é muito
indícios de carbúnculo hemático. eficaz e deve ser incluída no plano sanitário nas zonas en-
A cultura ou identificação por PCR permite confirmar o démicas ou logo após o primeiro caso suspeito da doença.
diagnóstico. Esfregaço de sangue do cadáver permite con- O controlo da doença faz-se pela remoção e incineração de
firmar suspeitas em pouco tempo depois de coloração es- todos os cadáveres e evitar durante um mês as pastagens
pecífica da lâmina. onde tenha ocorrido infecção.
ETIOLOGIA
Acção directa das diversas toxinas da bactéria
Clostridium perfringens.
Bactéria anaeróbica Gram-positiva. Estão identificados 5 tipos
(A-E) produtores de diversos tipos de toxinas (a, [) 1, [) 2 E, 1). Éum
componente normal da Aora intestinal de bovinos. A enteroto-
xémia dos bovinos parece ser causada essencialmente pelo
tipo A e nos vitelos também pelos tipos B e C. Nem todas as
estirpes causam enterotoxémia, sendo aquelas que produzem
a toxina a e [) 2 as mais frequentemente associadas a surtos.
EPUJ:EMiOLOGt,lt
É uma doença não contagiosa que pode surgir na
forma epidémica se as condições forem propícias.
A enterotoxemia é mais frequente em animais jovens cria-
dos em condições intensivas (e.g. vea0, mas também afecta
vacas leiteiras e, mais raramente, animais em pastos com ambientais provavelmente seleccionam uma determinada
vegetação luxuriante. A doença tem como factor predispo- população após mutação ou que o íleo paralítico atinge
nente a alimentação muito rica em nutrientes (energia e segmentos específicos do 10.
proteína) que atinge o intestino sem ter sofrido adequada
Em vacarias de leite a doença é mais ou menos esporá-
degradação bacteriana. Este meio demasiado rico favorece
dica, mas em engordas intensivas a morbilidade pode
a multiplicação de certas estirpes de Clostridium e grande
ser muito alta. Temos assistido a surtos em vacarias de
produção de toxinas virulentas. A carência em fibra e facto-
leite provavelmente relacionados com factores de stress,
res de stress podem igualmente estar envolvidos, ao reduzir
intensidade do regime alimentar (altas produtoras) ou
a motilidade intestinal.
ingestão de águas estagnadas. A letalidade ronda os
Silagens mal conservadas, fenos com fungos e contamina- 100%.
ção de forragens com terra, podem ser fonte importante de
esporos de Clostrideos.
LESÕES
A lesão mais consistente é uma ileo-jejunite
PATOGENIA
hemorrágico-necrótica, com acumulação de muito
A toxina a é responsável pela hemólise e toxémia fluido hemorrágico no lúmen intestinal.
que conduzem à morte súbita enquanto a toxina ~2
A putrefacção gasosa do cadáver é muito rápida, sendo
causa enterite hemorrágica.
o animal muito frequentemente já encontrado comple-
Nas zonas do intestino afectadas são isolados mais clones tamente enfisematoso, como um tonel com os quatro
de C. perfringens tipo A produtores destas toxinas do que membros esticados. O corte da pele e tecido subcutâneo
nas zonas não lesionadas. Isto faz pensar que as condições liberta um líquido com espuma mal-cheiroso. A abertura
do peritoneu tem de ser feita com cuidado pois as vísce-
ras estão muito tensas com acumulação de gás e líqui-
do. A serosa intestinal mostra hemorragias contínuas ou
SINAIS CLÍNICOS focais. A mucosa intestinal está hemorrágica ou já ne-
A morte súbita ou muito rápida de um animal crosada. A extensão de 10 afectado é muito variável e as
com excelente condição corporal e dieta muito lesões podem ser intermitentes (diferentes ansas). Os
rica em energia. casos mais fulminantes nem sempre são os que apre-
sentam lesões mais evidentes (por exemplo, apenas
As formas mais arrastadas da doença caracterizam-se
congestão). Normalmente existem petéquias noutras
por diarreia profusa, sinais de toxemia (taquicardia,
serosas e mucosas.
vasos da esclera engorgitados, depressão), atonia ru-
minai e timpanismo. Está descrita ainda uma síndro-
me hemolítica, por acção da toxina a, com anemia,
DIAGNÓSTICO
hemoglobinúria, colapso e morte rápida. A evolução
típica é: animais aparentemente saudáveis começam A colheita de material deve ser o mais próximo
a cambalear, deitam-se, as mucosas empalidecem, da morte (< 3 horas), para evitar falsos positivos.
entram em dispneia e morrem em agonia em pouco A invasão por clostrideos da carcaça dá-se rapidamente
minutos. independentemente da causa da morte. O envio para o
A enterotoxemia pelos tipos B e C (apenas em vitelos laboratório de porções de 10 com e sem lesões é útil sen-
muito jovens) pode ter uma evolução hiperaguda do que nas primeiras deverá haver uma muito maior
com morte súbita ou mais arrastada com diarreia he- concentração de C. perfringens. As amostras devem ser
morrágica e sinais de abdómen agudo. refrigeradas imediatamente. A tipificação ainda é difícil
(no futuro testes por PCR irão revolucionar o diagnósti-
Úlceras de abomaso em vitelos em regime intensivo,
co), mas pode ser útil para o estabelecimento de medi-
têm sido relacionadas com infecções por C. perfringens
das de prevenção.
A. Tem sido proposta a envolvência de C. difficile na
patogénese de algumas enterites de vitelos, mas o as- DO: carbúnculo hemático, intoxicação por plantas e ni-
sunto ainda não está bem esclarecido. tratos,jejunite hemorrágica, hemorragias internas, relâm-
pagos.
-~ MORTESÚBITA
-
TeRA tUTICA RE ÇÃO Apl~5,;11" cl(c' l"ll:' ITI l'CJCI,;:; ê1,; V,JC11·1c1S 110 ITIC':l"GJ clu i1 T11.1niz:.1rem
rn 11 l r,1 C perlri119 c:1 1,c; t:ipo A, e ~q ul~lc.1·; q ue u l,,z(~111 11 ,,10 i1·1-
/.\ v,JCi r1;i(iío contra C. pen'ringens A, 1:1 ( é ç1conse llv1cfa
clu Íl'C
él"íl ,1 to:o:i il,J [\ , iJ IYi:;sa e:-:pc-: riê1ICiêl I(:'ITI Cl(~ITIOI 151'1','iCIÇJ
l~rn exploraçcil~s inte nsiv,:1s coni dieta rnui t C:l ric,:d
bon s r'c::sul t,·1c!u,; l"il"Jc:u11 t mio cle..s un-,Js e·: 111c-:,; n H1 11 :i n::cic rçi o
c-·rn ener9ia.
cio 11 (m1 enJ clt• G1su:; c~:;por;'.1dicus 11 z.1:; e:-:1ilo1 ac;i1es el e leit e~·.
O 11 at<1 men t:u ~· rnuit·as vez.e:; in(1lil poi s a f;;;volu çilo da tcm~-
/\ pr,~vccne):10 incl ui 21 i11 c.la ,:IS l.1m:, pri1ticc1:; de ,;1li1·1H:: 1 t.c1c-;-,io 1
:
mi,1 (;, 1·;;1p iclíss im 21. A ,c~r te11t,;,1çln ('lc-;:ve i11 c:l c.1i r ,,H1Lil:1ic'1 1'iço, i11-
11 ut'riÇa o, 11omead,.1m<,·1·11 e o lrnnf;;Ci1·!'1c,'11 to ele íiiJr,,1e~ c1d 1111i-
lc: 1·1;::;1 f·luiclo 1i::r,.1pi,J (~ llll::SITI Ç) l l'ill i;;Í l,ISCJE;S •;,i 1'1UllÍl"ll::iJS.
naçf.1e'J de· ITJCl.01'<:: S el e-: s1:1·c:::i , clu r, 11t C:: 21,,1li111e1·1i-wc;,10.
1\1 ,i p1c, ve1·1çzjo ele mwos GN)S Dqu r111clo cil,, u1T1sc1no e1·1·1vi-
tc" leircx; (· ,Km1s,:lhi:1cl,J ,1 utilizêiçtio de ar1t·ibiót ico m, leit e.
,1g 1,é1m.1,i li me1rt<.1(c.çJ. amp ic: ilin,l ).
MORTESÚ BITA
INTOXICAÇÃO POR NITRATOS MORTE SÚBITA• DISPNEIA
PROSTRAÇÃO• ABORTO
ETIOLOGIA
Concentrações elevadas de nitratos nas forragens,
na água ou na combinação das duas.
Os nitratos em si são relativamente inócuos para bovinos,
mas a flora ruminai transforma-os em nitritos que por sua
vez são usados como fonte de azoto, tendo como resultado
final a amónia. Quando a quantidade de nitratos ingerida
super a capacidade microbiana de utilizar os nitritos, estes
passam a ser absorvidos.
EPIDEMIOLOGIA
As plantas acumulam nitratos especialmente
quando em solos fortemente adubados e em
momentos de stress (e.g. seca).
Intoxicação graves são mais prováveis em animais de pasto
com acesso a plantas especialmente acumuladoras de ni-
tratos (e.g. sorgo) ou a água fortemente contaminada por
fertilizantes ou outras fontes de nitratos. Plantas jovens eo causam ainda vasodilatação prejudicando a perfusão san-
caule são particularmente ricas em nitratos. guínea dos tecidos. Os níveis de metahemoglobina compa-
Doença afecta primeiro os animais com baixa condição tíveis com a vida são <9g/dl.
corporal, os doentes (e.g. doença respiratória) e as vacas Grande quantidade de nitratos podem ainda ser irritantes
gestantes. Animais habituados a níveis elevados de nitra- para a mucosa gástrica.
tos na dieta são mais resistentes pois a sua microflora
está adaptada.
LESÕES
Em caso de suspeita de intoxicação subaguda ou cróni-
ca o cálculo dos níveis ingeridos a dado momento deve Nenhuma lesão evidente ou apenas coloração
incluir as concentrações na água e nas forragens, in- acastanhada ou cianosada dos tecidos.
cluindo silagens. Os valores podem oscilar muito entre
silos e mesmo dentro do mesmo silo, porque depen-
dem dos níveis de nitratos nas plantas que lhes deram
DIAGNÓSTICO
origem (podem variar muito entre zonas do mesmo Níveis elevados de metahemoglobina ou nitritos no
campo). sangue.
Os níveis máximos de nitratos aconselhados para bovinos A reconversão rápida de metahemoglobina em hemoglo-
são apresentados mais abaixo. bina e a eliminação de nitritos fazem com esta análise ape-
nas seja útil se o material for colhido em vida ou logo após
a morte. Sangue deve ser colhido em assepsia e refrigerado
PATOGENIA imediatamente (reduzir consumo de N por bactérias). Co-
Os nitritos ligam-se à hemoglobina dando origem a lheita de humor aquoso ocular é indicado no cadáver por-
meta hemoglobina. que acumula nitritos.
A metahemoglobina contém Fe 3+ em vez de Fe 2+ tornando DD com relâmpago, Tetania da Erva, intoxicação por ácido
o grupo heme incapaz de se ligar ao oxigénio. Os nitritos cianídrico e outros compostos de origem vegetal.
- - MORTESÚBITA
SINAIS CLÍNICOS
Mucosas cianosadas e dispneia. Sangue vermelho acastanhado.
Intoxicações graves caracterizam-se por vários animais mortos na pastagem sem terem mostrado qualquer sinal da
doença.
O- 3.000 - sem doença Geralmente considerado seguro para todos os bovinos em boas condições.
3.000 - 5.000 - doença Considerado aceitável para bovinos não gestantes_Pode reduzir performance reprodutiva
subaguda levando a morte embrionária. Em vacas leiteiras não deve ultrapassar 2.500 ppm.
5.000- 10.000 - doença aguda Risco para qualquer bovino. Sinais são: taquipneia, relutância ao esforço, ataxia, diarreia,
ou crónica dependendo da dor abdominal, tenesmo, respiração de boca aberta e ptialismo. Em populações adapta-
susceptibilidade. das pode haver apenas abortos médios e tardios ou nascimento de crias débeis e redução
do crescimento e produção leiteira.
>10.000. Doença hiperaguda. Tóxico para qualquer bovino. Causa anoxia (mucosas acastanhadas) e morte súbita.
MORTE SÚBITA
OUTRAS CAUSAS DE MORTE SÚBITA
Ruptura de grandes vasos - Causas mais comuns: Sangue e coágulos no interior da cavidade
hemorragia interna peritoneal e em redor de grandes vasos.
• Carência em cobre que conduz a fragilida-
de do endotélio. Mucosas brancas.
Septicémia/toxémia fulminante • Ruptura GI com peritonite - úlceras, obs- Presença de ingesta na cavidade peritoneal e
truções, intuscepções. por vezes de fibrina.
Doença do rim polposo Clostridium perfringens tipo D. Apenas jovens, Evolução rápida com sinais nervosos (con-
mas muito mais frequente em cordeiros e vulsões). Necropsia imediata - rim mole
cabritos. Atinge vitelos em muito boa condi- (marca de gota de água). Petéquias, conges-
ção corporal. tão e hemorragias em diversos órgãos.
Electricidade estática Bovinos muito sensíveis. Ordenhas sem liga- Morte na ordenha. Hemorragias pulmonares.
ção à terra. Epistaxis.
Relãmpagos História de tempestade. Proximidade de ár- Pele chamuscada. Hemorragias pelas abertu·
vores, postes, piso de cimento ou solo en· ras naturais. Fracturas ósseas. Apenas animais
charcado que ocupavam o mesmo espaço
Outras toxinas (miscelâneas) • Cianobacterias (algas) na água. Sinais neurológicos, insuficiência hepática.
• Veneno de cobra
Doenças descritas noutro lado: carbúnculo sintomático, jejunite hemorrágica, meteorismo espumoso, acidose ruminai aguda, ETEC.
intoxicações por plantas e minerais. Traumas diversos (e g lutas de touros).
- - MORTE SUBITA
MOIHF SÚBITA
MORTE SÚBITA
CLAUDICAÇÃO
CLAUDICAÇAO
mente devido a acidose ruminai subclínica; presença de considerada um dos factores de risco mais importante e
micotoxinas; carências em enxofre, zinco e biatina po- também o mais fácil de solucionar. Idealmente esta inter-
dem reduzir a qualidade da substância córnea. venção deveria ser feita duas vezes ao ano em vacas lei-
teiras. Na impossibilidade de cumprir este calendário, a
• Parto - nesta fase do ciclo da vaca o crescimento córneo
aparagem funcional deve ser efectuada uma vez ao ano
reduz-se substancialmente enquanto o desgaste tem
antes da secagem da vaca.
tendência a aumentar; por outro lado uma série de hor-
monas de actividade ligada ao parto (e.g. relaxina) pro- As doenças e afecções podais são normalmente divididas
move a lassidão do sistema suspensor da 3.ª falange. entre as que afectam a pele e as que afectam a úngula (es-
tojo córneo) propriamente dita. É frequente várias lesões
• Maneio - qualquer factor que conduza a um excesso de
coexistirem no mesmo animal e na mesma úngula.
tempo em pé, favorece o agravamento de lesões. Por exem-
plo, muito tempo no parque de espera para ser ordenhada. O diagnóstico de afecções das extremidades faz-se pela ob-
servação do animal em estação e em andamento, já que
• Comportamento - comportamentos agonistas na tenta-
quase sempre as doenças podais são acompanhadas de
tiva de se estabelecer e manter hierarquia são importan-
dor crónica primária e secundária e mesmo de um estado
tes, especialmente quando não existe suficiente espaço
de hiperalgesia central. As claudicações são consideradas
para a fuga e o piso é muito abrasivo ou escorregadio.
como a maior ameaça ao bem-estar animal em vacarias de
• Falta de aparagem correctiva (corte do excesso de tecido leite, não só pelo sofrimento individual que causam, mas
córneo repondo o equilíbrio na distribuição do peso) - é pelo elevado número de animais que afectam.
LAMINITE
ETIOPATOGENIA
Apesar da etiopatogenia da laminite não estar ainda com-
pletamente esclarecida é consensual apontar as alterações
vasculares a nível da junção derme-epiderme como estan-
do na origem das lesões.
CLAUDICAÇÃO
SINAIS CLÍNICOS
A laminite subclínica pode não apresentar sinais mui-
to evidentes, principalmente se o piso não for muito
agressivo. De qualquer forma há evidência científica
de que existe algum grau de dor, a que pode corres-
ponder relutância ao movimento, maior tempo deita-
da, procura de piso mais macio e baixa produção de
leite. Os casos mais agudos apresentam cifose e mu-
dança constante de apoio. A observação da sola reve-
la um tecido córneo amarelado (edema) com estrias
ou focos avermelhados de hemorragias. A pressão
com "pinça de cascos" elicita uma reacção dolorosa. As
sequelas das laminites subclínicas serão descritas em
pormenor mais abaixo.
sequência de todo este processo as estruturas internas per-
As lesões mais características de laminite crónica
dem a sua aderência ao estojo córneo e "caem" no interior
são sobrecrescimento com deformações da úngula
deste, comprimindo o tecido subjacente (sola) provocando
mais ou menos evidentes. O sobrecrescimento pode
hemorragias. Devido ao pequeno espaço existente entre
dar-se no sentido craneal (unha em sapato turco) ou
duas estruturas não deformáveis (osso e estojo córneo) o
lateral (pé de pato). As estrias transversais podem
edema e congestão originam dor.
ser múltiplas e cada uma corresponde a um episó-
Muito do impacto negativo da laminite subclínica correspon- dio de laminite.
de às lesões que lhe são consequentes, nomeadamente as
Na laminite aguda o animal está em cifose, recusa-se a
úlceras, a dupla sola e a doença da linha branca, que serão
mover ou mesmo a levantar-se, geme e range os den-
descritas mais abaixo. O tempo entre a ocorrência das pri-
meiras alterações vasculares e o aparecimento de lesões visí- tes. É possível palpar os vasos engorgitados (com pul-
so) a nível do boleto.
veis e claudicação grave, pode ser de mais de seis semanas.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
O tratamento da laminite subclínica normalmente não é
efectuado até serem diagnosticadas as sequelas mais im-
portantes, cuja abordagem é descrita com cada lesão. Se a
lesão primária for detectável podem ser usados AINEs, diu-
réticos, e banhos de água fria. O animal deve ser colocado
em local com piso menos duro (e.g. parque de palha ou
pastagem). Na aparagem de uma sola com laminite deverá
~ CLAUDICAÇÃO
ser deixado tecido suficiente para proteger os tecidos sub-
jacentes inflamados e hiperálgicos. O mesmo cuidado deve
ser levado em conta em relação à colocação de tacos, que
podem aumentar a pressão sobre tecidos edemaciados.
Sendo a etiologia multifactorial e ainda mal esclarecida não
é fácil aconselhar uma estratégia que seja eficaz em todos
os casos. De qualquer maneira a prevenção a nível de ma-
nada inclui: dieta rica em fibra efectiva e adequada propor-
ção de carbohidratos facilmente fermentescíveis (ver profi-
laxia da acidose ruminai subclínica); camas confortáveis;
piso pouco duro (e.g. tapetes) em zonas onde animal se
mantenha de pé muito tempo; zona de exercício em areia.
As vacas no pós-parto deverão ter acesso a parques de pa-
lha, areia ou outro material que reduza o impacto sobre as
estruturas das extremidades podais.
A prevenção de laminite aguda faz-se evitando o acesso a
grande quantidade de concentrado sem oferta concomi-
tante de fibra de qualidade.
ÚLCERA DA SOLA
ETIOPATOGENIA
Lesão típica, mas não exclusiva, de vacas leiteiras em está-
bulos com piso de cimento. Os principais factores predispo-
nentes são: laminite subclínica, deficiente corte funcional,
hormonas (e.g. relaxina), dupla sola e provavelmente a ac-
ção de metaloproteinases de matriz.
Estes factores conduzem a um relaxamento do sistema sus-
pensor da 3.ª falange com a consequente descida e perda da
inclinação normal da 3.• falange que passa a embater repetida-
mente no córion da sola. O maior impacto faz-se pelo proces-
so ventro-caudal do osso e que corresponde à localização típi-
ca da úlcera. Nessa área ocorre hemorragia e necrose e deixa
de haver produção de tecido córneo. A lesão vai progredindo
até atingir a superfície da sola expondo o córion. Factores que
aumentem a força do impacto (piso de cimento, sola demasia-
do espessa ou dupla sola) ou afectem os elementos amortece-
dores, agravam e aceleram a evolução. Os elementos de pro-
tecção são a almofada plantar (afectada na sua composição
pela dieta) e a resistência do estojo córneo, que pode ser dimi- No ponto de agressão há uma tentativa de cicatrização
nuída pela humidade e acidez do estrume, desgaste excessivo com acumulação de tecido de granulação que pode pro-
em cimentos abrasivos ou aparagem correctiva excessiva. lapsar agravando a dor ao embater no solo. Esta lesão é
CLAUDICAÇÃO
para promover a cicatrização e preenchimento da úlcera
com tecido queratinizado. Em casos mais graves poderá ser
benéfico deixar a úng ul a não afectada um pouco mais es-
pessa (ou colocar um ta co) para suportar mais peso duran-
te a recuperação. Nas situações não complicadas é compl e-
tamente CONTRAINDICADA a oclusão da lesão com penso
ETIOPATOGENIA
A linha branca é a zona de encontro da parede com a sola e
é constituída por um número de túbulos por mm 3 (envol-
tos em queratina) muito inferior ao do material que com-
põe a parede. Esta é, portanto, já de si uma zona de menor
resistência, que pode ser exacerbada em condições de per-
manente humidade ou de laminite. A cedência dos tecidos
da linha branca permite a penetração de corpos estranhos
(e.g. areia) que não só promovem ainda maior separação
das conexões fibrosas como funciona como porta de entra-
da para microorganismos. Durante o apoio em pisos de ci-
mento os corpos estranhos vão sendo forçados dorsal men-
te podendo causar abcessos e trajectos fistulosos que
terminam junto à coroa. Estes abcessos, se não drenados
convenientemente, acabam por infectar as estruturas da
úngula (3.ª falange, articulação interfalangica distal, bursa e
osso sesamóide e, finalmente, a bainha do tendão flexor
profundo).
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Qualquer vestígio de separação e abertura da linha branca
deve ser investigado e a zona desbridada. A zona da parede
abaxial adjacente ao local de afastamento tem de ser reba-
tida para evitar a formação de fendas onde se instalem cor-
pos estranhos. Qualquer trajecto fistuloso deve ser aberto
mesmo que isto signifique a remoção de uma parte subs-
tancial da parede. Éaconselhável a aplicação de um taco na
úngula saudável. A prevenção é a mesma referida para a laminite e ainda o
A abordagem a casos complicados com abcessos e artrites corte funcional regular das úngulas, para corrigir os apoios
é feita no final desta secção. e detectar corpos estranhos ou infecção.
CLAUDICAÇÃO
A doença da linha branca afec ta essencialmente a
zona abaxial cauda l da úngula latera l e por tanto os
animais numa primeira fase têm a tendência para se
apoiar mais sobre as pinças e úngula medial. Se Já há
infecção profunda ou abcesso, o talão está tumefacto
e avermelh ado e o anima l reage à palpação da parede
lateral da úngula ou do ta lão. O grau de claudicação
depende muito da extensão e profundidade da infec-
ção. O diagnóstico definitivo só é possível após exam e
da úngula com cor te das camadas mais superficiais da
sola - ao longo da linha branca é visível uma área es-
cura sendo por vezes evidentes os corpos estranhos
(e.g. areia). Desbridando a zona é possível atingir o ab-
cesso que liberta um líquido castanho sanguinol ento,
mal cheiroso e por vezes, com gás. Se a fístula já abriu
na zona da banda coronária será possível ver uma se-
paração do tec ido córneo da pele e a saída de pus.
ÚLCERA ABCESSO D PI Ç
10 ATO<i NIA
As causas ain da não estão bem esc larecidas, ma s diversos
estudos indicam um aumento da prevalência desta lesão
nas explorações intensivas, Provavelmente existem d iferen-
tes origens que cu lmi nam em lesões idênticas. Alguns es tu-
dos sugerem uma relação com laminite subclínica através
de lesão das artérias da região da pinça levando a conges-
tão e hemorragia na linh a b ranca dessa Z011a e ainda a um
aumento da inclinação da 3.ª fa lange que pod erá leva r a
um aumento de p ressão sobre o córion da pi11 ça, se me-
lha11te ao descrito para as úlce ras da sola. Como já referid o
a úlcera furiciona como uma porta de acesso para m icroo r-
ganismos que dão origem ao abcesso. Esta acumu lação de
pus irá forma r uma ba rreira ent re córion e sola, prejud ica 11-
do o crescimento da C1ngula e provoca ndo dor in te nsa.
TR TA EP o
Desbridar a zona tendo em atenção que a sol21 na zo11a ela pinça
é pouco espessa (<5 mm) e a 3.ª falange está muito superficia l.
No caso de cavernas ele grande dimensão deve ser retirado
todo o tecido necrótico e a sola que já não se enc011tra aclere11-
te ao córiüll. De seguida eleve ser aplicada uma pomada gorda
com antibiótico e a ú11guli1 protegicla com um penso imperme-
ável. Aplica i' um taco na L1ngula c011tralateral porque o córion
fica largame11te exposto. Reavaliar a situação a cacla três dias.
Lesões pequenas não elevem ser cobertas jil que cicatrizam me-
lhOI' se expostas ao ar. Deverá ser ildministrado antibiótico (pe-
r1icilina) em infecções extensas com exposição da 3.ª falange.
CLAUDICACAO
. - - -------=-- - --
FALSA SOLA OU DUPLA SOLA
ETIOPATOGENIA
Durante o crescimento da úngula a quantidade e quali-
dade da queratina produzida podem sofrer alterações.
Também é possível que efusões e edemas levem à sepa-
ração física de camadas adjacentes de tecido córneo.
Estas falhas de adesão podem ser infiltradas por fluidos
e corpos estranhos promovendo ainda mais a desunião.
Na origem destas deficientes produções de tecido epi-
dérmico estão geralmente problemas nutricionais como
sejam transições bruscas de dieta com indigestão, aci-
doses ruminais, ingestão de micotoxinas ou carências
em oligoelementos.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
SINAIS CLÍNICOS
Os casos simples são resolvidos com corte da camada ex-
A falsa sola pode passar despercebida até ao corte
terna e limpeza e aparagem da segunda camada. Se esta
funcional das úngulas. No entanto, se houver uma
última for muito fina é aconselhável colocar um taco na ou-
apreciação cuidadosa do grau de claudicação das va-
tra úngula e fazer pedilúvio de sulfato de cobre a 5%-10%.
cas da exploração será possível detectar ligeiras altera-
Um maneio nutricional e alimentar adequado, com transi- ções no andar dos animais afectados por dupla sola já
ções alimentares graduais, níveis correctos de fibra efectiva que esta causa desconforto e alguma dor. Após o cor-
e minerais, evitar utilização de matérias-primas deterioradas te da camada exterior da sola é encontrada uma nova
e combate à acidose ruminai, são as medidas de profilaxia superfície escura e coberta de sujidade. Por vezes está
aconselhadas. A prevenção do under-runnig será apresenta- associada a uma úlcera da sola.
da mais abaixo na "Erosão do Talão''.
FISSURAS TRANSVERSAIS
ETIOPATOGENIA
As fissuras transversais ou horizontais estão relacionadas
com períodos de stress metabólico, toxémia ou doença
febril. Estas doenças causam um distúrbio na produção
de tecido córneo de qualidade que se revela por estas fi-
nas linhas horizontais ao longo de toda a parede. As fissu-
ras podem ser múltiplas dependendo da repetição dos
episódios. É possível identificar aproximadamente a altu-
ra em que se deu a agressão medindo a distância entre a
coroa e a fissura (lembrar: crescimento da úngula de bo-
vino= 5 mm por mês).
SINAIS CLÍNICOS
As fissuras são bem visíveis ao longo da parede e, por-
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
que derivam de causas sistémicas, estão presentes em
todas as úngulas. As fissuras muitas estreitas podem As fissuras simples não requerem tratamento. As fissuras
não ser evidentes a não ser que se limpe bem a úngu- complicadas devem ser raspadas e desbridadas libertando
la da sujidade aderente. As fissuras infectadas ou em material infectado e necrosado e evitando a prisão de cor-
que ocorra penetração de corpos estranhos podem pos estranhos. Aplicar spray de oxitetraciclina ou outro de-
causar claudicação grave. Atenção ao exame das ex- sinfectante. Se houver prolapso de córion através da fissura
tremidades podais, porque ao levantar o membro na poderá ser necessária a remoção cirúrgica sob anestesia re-
forma habitual as lesões na parede plantar podem gional. Se for removida grande quantidade de tecido cór-
passar despercebidas. neo poderá ser necessário preencher a falha com a resina
usada na aplicação dos tacos de madeira.
FISSURAS LONGITUDINAIS
CLAUDICAÇÃO
SIN IS fNICO.
Lesã o ge ralm ente m ais do lo ro sa e comp li cad a de
resol ver do q ue a an ter ior. Surge m ais nos m em-
b ros anteriores, talvez devido aos traumatismos
qu e são m ais frequent es. O grau d e claud icação
varia bastante com a extensão e p rofundidade d as
fissur as e ainda com a poss ib ilidade d e have r algu-
ma p o rção do córion p ro lapsa do. No rma lm en te as
fi ssu ras são bem visíveis e a pal pação profunda
co m pin ça provoca do r intensa se houve r infe c-
çã o. Como no cas o das fissuras horizontais a ins-
pec ção da úngula tem de se r c uidad osa po rq ue na
posiç ão nor mal de exame da s ú11gul as. esta s le-
sões ficam esco nd idas.
ETIOPATOG
Na origem desta condição es tá a rotação da 3.ª falange (e
restantes est ruturas) no interio r do estojo córneo. Isto pode
surgir por alte rações na rel ação entre as dua s falanges dis-
tais e na articul ação entre estas. A unha latera l dos mem-
bros posteriores é rnai s freq uentemente afec tada o que
sugere influência de factores biomecânicos. Há ainda a su-
gestão de uma predisposição ge nética hereditária Com a
rotação dese nvolvem-se novas relações entre as estruturas
com um cresc imento defeitu oso e deformação exterior de
toda a úngula. A situação muitas vezes compl ica-se com
úlceras, abcessos, exostoses e anqu ilose. Normalmente
esta condi ção só se torna evid ente em animais com mais
de 3 ano s.
- - CLAUDICAÇ ÃO
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
SINAIS CLÍNICOS
A correcção completa e permanente é praticamente im-
O grau de rotação varia muito. A parede lateral da úngula
possível. Os animais afectados devem ser alvo de corte cor-
vai rodar no sentido ventral podendo, nos casos extre-
rectivo regular de forma a ir repondo e corrigindo as super-
mos, passar a ser a superfície de apoio. De forma análoga,
fícies de apoio e assim evitar a deformação exagerada das
a sola aparece como parede axial. Em certos casos forma-
úngulas. A prevenção faz-se pela aparagem correctiva re-
-se uma concavidade na zona axial onde se pode acumu-
gular e pelo não aproveitamento dos descendentes dos
lar estrume favorecendo maceração do tecido córneo, animais afectados.
formação de úlceras e abcessos interdigitais. O animal
mostra um andar desajeitado, desequilibrado e descon- Eliminar da reprodução animais com situações graves.
fortável, apesar de não mostrar sinais de dor evidente.
EROSÃO DO BOLBO
ETIOPATOGENIA
A exposição (quase) permanente das úngulas de vacas leiteiras
a um ambiente húmido e com pH ácido (estrume) promove a
maceração e degradação do tecido do bolbo ou talão. Este é o
ambiente típico de estábulos com sistema de limpeza defi-
ciente ou parques mal drenados. Assim, esta é uma condição
que pode ter uma enorme prevalência numa exploração e ser
praticamente desconhecida noutra. Surge principalmente em
vacas de leite, mas também em novilhos de engorda.
Para al ém da acção química e física, é sugerido o papel de
bactérias anaeróbicas como Oichelobacter nodosus.
SINAIS CLÍNICOS
A não ser em casos complicados ou associados a úlce-
ras da sola ou doença da linha branca, a claudicação
não costuma ser muito evidente. O aspecto do talão é
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
o de tecido macerado ou necrosado com fendas mais
ou menos profundas onde se acumula estrume. Com A aparagem funcional da úngula retirando o material ne-
a perda de tecido do talão há uma sobrecarga exerci- crótico e desbridando as fendas, é normalmente suficiente.
da sobre a sola imediatamente anterior, o que estimu- Aplicar spray de antibiótico ou desinfectante. Para a preven-
la o crescimento de tecido córneo. Como resultado o ção é essencial evitar a humidade constante e o permanen-
talão dessa úngula fica mais alto provocando um de- te contacto das extremidades com estrume. Proporcionar
sequilíbrio no apoio e um andar bambaleante. Este é às vacas um parque de exercício com piso de areia é uma
também um factor predisponente para úlcera da sola, forma de prevenir eficazmente estas e outras lesões das ún-
que normalmente surge associada à erosão do talão. gulas. Usar regularmente pedilúvios para reforçar a resistên-
cia dos tecidos e prevenir infecções.
CLAUDICAÇÃO
PANARÍCIO INTERDIGITAL
ETIOPATOGENIA
Infecção, com inflamação e necrose mais ou menos exten-
sa, do tecido cutâneo e subcutâneo por Fusobacterium ne-
crophorum e, provavelmente, Bacteroides melaninogenicus.
A porta de entrada da infecção é quase sempre uma pe-
quena solução de continuidade. A área mais frequente-
mente atingida é o espaço interdigital porque é mais facil-
mente traumatizado e oferece as melhores condições de
anaerobiose.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Iniciar o tratamento aos primeiros sinais para evitar infec-
ções profundas com propagação à articulação interfalangi-
ca distal.
SINAIS CLÍNICOS
Esta é a única doença das extremidades podais que exige o
Conforme a extensão da infecção os sinais podem ir
tratamento antibiótico parenteral e tópico (spray ou poma-
de ligeira claudicação (infecções crónicas e superfi-
da). São aconselhados beta-lactâmicos como a penicilina,
ciais) até claudicação muito grave - o animal pratica-
amoxicilina ou cefalosporinas, duas vezes ao dia. São tam-
mente não assenta a pata e agita-a no ar como que a
bém eficazes sulfamidas, oxitetraciclina e macrólidos. Em
tentar libertar um corpo-estranho entalado entre as
infecções profundas e extensas é aconselhada a administra-
unhas. O animal tem relutância em levantar-se ou an-
ção endovenosa abaixo do garrote do antibiótico (e.g. oxi-
dar e há um rápido decréscimo na produção leiteira.
tetraciclina). Devido à dor intensa e febre, deve ser adminis-
Pode haver hipertermia. A pele acima dos talões (bila-
trado um analgésico e antipirético para garantir o bem-estar
teral) está edemaciada, quente, vermelha e muito sen-
e a ingestão de alimento durante a recuperação. Lavar e de-
sível ao toque. A passagem do dedo pelo espaço in-
sinfectar o espaço interdigital, mas NUNCA aplicar penso ou
terdigital causa dor e revela abundante tecido escuro
ligadura.
e muito malcheiroso. A observação do espaço interdi-
gital mostra uma ferida e tecido inflamado e necrosa- Esta doença é evitada através da remoção de corpos estra-
do. Deve ser procurada a presença de corpos- nhos traumatizantes dos parques. Evitar caminhos pedre-
-estranhos (e.g. pregos, arames ou pedras). Numa fase gosos. Deve-se evitar o uso de material demasiado grossei-
de resolução o espaço interdigital pode estar comple- ro ou traumatizante nas camas (e.g. mato com silvas ou
tamente preenchido por tecido de granulação que urze). Pedilúvios e corte regular das úngulas de forma a
sangra facilmente (é uma causa predisponente para a manter o espaço interdigital aberto e arejado. A vacinação
formação de tiloma). contra F necrophorum pode ser utilizada em efectivos onde
as lesões sejam frequentes.
DERM TITE DIGITAL E I TERDIGITAL
ETIOPATOGE IA
A Derm atite Digital também é chamada Doen ça de Mor-
tellaro ou Strawberry Disease. A designação de "micose''.
que por vezes surge em Portugal, é comp leta mente errada
dando ideia de fungos terem um pape l na doe11ça. Se bem
que os agentes primários ai11da não tenham sido completa -
mente identificados, sugere-se o e11volvimento de uma sé-
rie de espiroq uetas (Trepo nemas7) e bactérias anaeróbicas
(e.g. Oichelobacle1 nodosus). Como factores predisponentes
conta-se o excesso de humidade e a fraca higiene nos par-
ques. É uma doença contagiosa. A imun idade estabelece -
-se no efectivo ao fim de algum tempo, poden do surgir na
form a de surtos quando há introdução de novos animais,
Em ce rto s mome11tos a prevalê11 cia pode ultrapassar os
90% cios anima is adultos.
TRATAMENTO E PREVE Ç O
Lavagem e remoção de tecid o necrosado o u crostas segui-
do de aplicação local de a11tibiótico. Casos i11dividuais po-
dem ser tratados com um spray comerc ial (e.g. oxitetracicli -
SI AI CLÍNICOS
O que mais surpreende na dermatite digital é o grau
de dor causado por uma lesão tão superficial e mui-
tas vezes afectancio uma área relativame11te pequena
(2 -4 cm). Os primeiros sinais são os de uma claudica-
ção intensa com dor à palpação da pele junto aos ta-
lões ou na área entre estes. A lavagem da zo11a revela
zonas eritematosas das quais sobressaem uns prolon-
gamentos cutâneos bem espaçados e queratiniza-
dos, semelhantes a cerdas (dermatite proliferativa) ou
lesões mais profundas, vermelhas e exsudativas (der-
matite erosiva). Segue-se um espessamento da pele e
formação de crostas. Em casos muito graves há con-
fluê11eia de lesões que podem ocupar toda a região
plantar até às úngulas suplementares.
CLAUDICAÇAO
na) ou usando um nebulizador com uma solução de destinada a manter as patas das vacas cobertas enquanto
lincomicina (0,6 gr/L), lincomicina+espectinomicina (0,5 estão no parque de espera da ordenha.
gr/L) ou tilosina (0,5 gr/ L). Sobre lesões mais graves pode ser A prevenção deve ser iniciada quando surgem os primeiros
aplicado oxitetraciclina em pó (2 gr), um magdalião eferves- animais afectados ou haja a introdução de novos animais
cente (para aplicação intra-uterina) ou uma gaze embebida numa exploração onde a Dermatite Digital seja endémica.
em ácido muriático (35%), sendo depois as lesões cobertas Pedilúvios de formalina ou sulfato de cobre apenas são
por penso impermeável durante poucas horas. úteis se ainda não houver animais com lesões. Para os res-
No caso de estarem muitos animais afectados, todo o efec- tantes casos o pedilúvio profiláctico deverá ser semelhante
tivo deverá passar dois dias seguidos por pedilúvios com ao sugerido para o tratamento.
oxitetraciclina (4 gr/L), tilosina (0,06 gr/L) ou lincomicina- No caso de se receber o apoio de técnicos de aparagem de
-espectinomicina (0,3 gr/L) depois das extremidades serem unhas, deve ser garantido que TODO o material foi conve-
bem lavadas na ordenha. Repetir ao fim de 3 semanas. Ac- nientemente desinfectado (e.g. hipoclorito de sódio) entre
tualmente existe no mercado uma espuma à base de ác. explorações. O mesmo deve acontecer depois de se aparar
paracético (associado ou não a peróxido de hidrogénio) ou tratar animais com lesões de Dermatite Digital.
ETIOPATOGENIA
É uma hiperplasia da pele e tecido subcutâneo no espaço
interdigital dando origem a uma massa fibrinosa que sobres-
sai entre as úngulas. As principais causas são inflamação cró-
nica (e.g. panarício) e irritação ou traumas repetidos do espa-
ço interdigital (e.g. estrume ácido ou sobrecrescimento das
úngulas que entalam a pele do espaço interdigital). Surge
essencialmente nos membros posteriores e é mais frequente
em raças de carne. Parece haver uma predisposição genética
(e.g. raça Hereford), sendo que nesses casos surge nas quatro
patas. Os tilomas predispõem o espaço interdigital para pa-
narício interdigital por facilitar a ocorrência de feridas.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Lesões pequenas não precisam de tratamento sendo apenas
necessário proceder ao corte correctivo das úngulas libertan-
do espaço na região axial. Massas maiores devem ser removi-
das. A remoção dos tilomas médios pode ser através de cau-
terização térmica (e.g. ferro em brasa, ferro de descorna ou
criocirurgia) ou química (penso com pasta de descarna, áci-
do metacresol-sulfónico ou formaldeído). No caso de massas
de grandes dimensões, causadoras de claudicação e dor, é
aconselhada a remoção cirúrgica - incisão no espaço interdi-
gital em V profundo (em gomo de laranja) retirando também
- - CLAUDICAÇÃO
Tum efacçáo com aspec to de um tumor benig110 mais
ou me11os sobres sa ído do espaço in te rdi g ital. Tilom as
pequenos passam despercebidos até o animal ir ao
tro nco. Os tiloma s de maiores dimensões impedem a
união das úngulas - espaço interdigital se mpre visível.
Com o tempo a pele so fre um proc esso de hiperqu e-
ratini za ção ficando co m uma consi stência muito dura.
O tec ido muito prolapsado do espaço interdigital no r-
malmente sofre traumati smos que co nduzem a he-
morragias, ulceração, necrose e infecções secundárias
com presença de pu s. Nestes últimos casos há dor
co m claudicação evi de nte.
ETIOPATOG NIA
Complicação ou sequela de muitas das doenças de que se
falaram anteriormente, particularmente da úlcera da sola,
panarício e doe11ça da linha branca. A i11fecçã o pode ati11gir
a 3.ª falange, osso sesamóide, bainha do tendão flexor pro -
fundo, b ursa e articulação inter falân gica distal. Em casos ar-
1astados a infecção pode estender-se até ao boleto através
da ba i1 1ha dos tend ões fl exores. Em situações crónicas 11ão
tratadas insta la-se fin alm ente anquilose, fibrose generaliza-
da e formação de abcesso que pode acabar por supurar.
CLAUDICAÇÃO
SI
Há claudicação muito intensa com o animal a evitar a
todo o custo tocar com a pata no solo. Há magreza e
quebra de produção acentuada, atrofia muscular uni-
lateral, cifose permanente, ranger de dentes e relutân-
cia a levantar-se. A zona da coroa está inflamada (mais
do lado da úngula afectada), quente, vermelha e muito
sensível. Em alguns casos a tumefacçao pode estender-
-se até acima do boleto. Se houver lesao (ruptura) do
tendao flexor a pinça está levantada. O diagnóstico di-
ferencial com panarício deve ser feito imediatamente
pois este necessita da administração urgente de antibi-
ótico - no panarício há mau-cheiro interdigital e a in-
flamaçao Junto ao talão costuma ser bilateral.
EV ÇA
Animais de baixo va lor co m lesões exten sas e graves devem
ser eutanasiados porque o retorno financeiro é pou co pro-
vável e o sofrim en to expectável é enorme.
lllllzma CLAUDICAÇÃO
-- O tratamento cirúrgico não será aqui descrito em porme- • Amputação do dígito - cirurgia rápida e barata com re-
nor, mas são apresentadas as principais alternativas: cuperação fantástica dos animais porque a fonte de
• Abertura na zona dos talões com extirpação do sesamói- dor é eficazmente eliminada. Apenas terá sucesso se a
de e bursa, incisão e lavagem da bainha tendinosa ou outra úngula do mesmo membro estiver em perfeitas
condições.
tenectomia. Lavagem frequente da ferida cirúrgica e ci-
catrização por 2.ª intenção. O tratamento de fracturas a 3.• falange pode ser feito atra-
• Perfuração com broca da face abaxial caudal em direcção vés da colocação de um taco sob a úngula saudável ou am-
à parede axial de forma a perfurar a articulação (artrode- putação da úngula (no caso de osteomielite).
se). Colocação de dreno e lavagem regular da articulação A prevenção assenta no tratamento atempado e compe-
com soro fisiológico. tente das lesões e doenças das extremidades podais.
ETIOLOGIA
Artrite de origem bacteriana.
Têm sido isoladas muitas espécies bacterianas de casos de
poliartrite séptica neonatal, mas as mais frequentemente
envolvidas são: Escherichia coli, Mycoplasma sp., Streptococ-
cus sp., Staphylococcus sp., Erysipe/othrix rhusiopathiae e Sa/-
monella sp ..
EPIDEMIOLOGIA
A doença é (quase) exclusiva de vitelos com falha
de imunidade de origem materna.
Más condições de higiene (na maternidade ou viteleiro),
atraso na ingestão de colostro ou ingestão de colostro de
má qualidade, predispõe os vitelos para a bacteriemia que
conduz à poliartrite. As artrites nunca são congénitas (não
confundir com malformações genéticas).
PATOGENIA
Infecção das articulações ocorre por via
hematogena.
As portas-de-entrada mais prováveis são: tracto gastro-
-intestinal (enterite), tracto respiratório superior e umbigo
CLAUDICAÇÃO
(onfalite). Alguns agentes são transmitidos através do leite
materno (e.g. Mycop/asma bovis). SINAIS CLÍNICOS
A bacteriemia e septicemia neonatal estão na origem de Os principais sinais são distensão e dor articular,
numerosas doenças, como meningite (v.), peritonite (v.) e que se revela por uma claudicação intensa.
poliartrite. Esta última é a sequela mais comum. Normalmente atinge animais com poucos dias de
Na maior parte dos casos são afectadas as articulações do vida. No início apenas se nota inapetência, que muitas
carpo o que sugere que factores físicos (e.g. edema por vezes conduz a desidratação. Um exame mais minu-
traumatismos repetidos) podem favorecer o desenvolvi- cioso mostra um animal que reage violentamente às
mento da infecção bacteriana. tentativas de flexão do membro. Devido à dor o vitelo
adopta frequentemente o decúbito costal ou estende
para a frente o membro quando em decúbito esternal.
LESÕES Pode haver febre e as articulações afectadas estão
Articulação cheia de líquido sinovial turvo, quentes e tumefactas.
com fibrina ou pus. Alguns dias depois do início da infecção a articulação
As superfícies articulares apresentam-se rugosas com fibri- supura. Os vitelos que sobrevivem à fase aguda so-
na aderente. frem anquilose, com deformação extensa dos mem-
bros. Estes animais mostram atraso de crescimento e
claudicam toda a vida.
DIAGNÓSTICO
Nem sempre é fácil evidenciar as doenças que funciona-
Os sinais clínicos descritos, em animais com idade ram como portas-de-entrada (e.g. diarreia ou onfalite).
inferior a 15 dias, são suficientes para o diagnóstico.
A punção com colheita de líquido sinovial serve para confir-
mar natureza inflamatória e bacteriana da lesão e ainda per-
mite a escolha mais racional do antibiótico (proteína eleva-
da, neutrófilos abundantes e cultura microbiana positiva). A
ecografia pode dar informação quanto à gravidade da lesão
e permite avançar com um prognóstico. O hemograma re-
vela leucocitose com neutrofilia, hiperfibrinogénio e hema-
tócrito aumentado.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Apenas o tratamento precoce e agressivo com
antibiótico pode evitar lesões permanentes.
Qualquer vitelo recém-nascido com articulações tumefac-
tas e doridas à flexão deve ser imediatamente tratado com
antibiótico - oxitetraciclina, enrofloxacina (se se suspeitar
de Mycoplasma), ceftiofur ou amoxicilina com ác. clavulâni-
co. A administração de AINEs é importante porque é impor-
tante que o animal mantenha o apetite.
ARTROPATIAS CLAUDICAÇÃO
TUMEFACÇÃO E DOR ARTICULAR, PROSTRAÇÃO
ETIOLOGIA
Artrites são processos inflamatórios e artroses são
processos degenerativos.
As artrites fazem parte do quadro clínico de doenças espe-
cíficas, tais como brucelose, histofi lose ou micoplasmose,
são sequelas de bacteriemias com origem em infecções
como endocardite, pericardite ou peritonite, são extensões
de infecções locais (e.g. abcesso podal) ou são de origem
traumática (e.g. penetração de corpo estranho). A poliartri-
te séptica neonatal foi descrita mais acima. Como as artrites
têm sido abordadas noutras secções deste livro aqui serão
discutidas essencialmente as artropatias degenerativas (ar-
troses).
CLAUDICAÇÃO
• Anatómica - degenerescência coxo-femural secundária
a displasia da anca em novilhos pesados. SINAIS CLÍNICOS
• Relacionados com idade - artropatias degenerativas em Sinais comuns a todas as artropatias são
vacas e touros velhos. claudicação, atrofia muscular e relutância
ao movimento das articulações afectadas.
As artroses caracterizam-se por uma evolução mais
EPIDEMIOLOGIA
lenta do que no caso de artrites, afectam mais do que
As artroses são típicas de animais pesados uma articulação e ocorrem principalmente nas articu-
(alimentação intensiva) ou com idade avançada. lações com amplitude de movimentos maiores (e.g.
As artropatias são mais frequentes em animais mantidos coxofemoral ou soldra). A dor é evidente com o animal
em piso de cimento e com pouca possibilidade de exercí- levantado, havendo geralmente relutância ao movi-
cio - vacas leiteiras presas à manjedoura; touros de cobri- mento, mas é aliviada quando em decúbito. Pelo con-
ção em parques pequenos ou novilhos de engorda em trário, os sinais de dor são permanentes nas artrites.
feed-lots com piso em ripas. A osteocondrose surge em no- Outros sinais típicos de inflamação (anorexia, febre,
vilhos pesados com mais de um ano afectando principal- atonia ruminai e articulações quentes à palpação) es-
mente a soldra e curvilhão (bilateral) e vértebras lombares, tão normalmente ausentes nas artroses.
sendo um problema grave em animais destinados à cobri- No início de um processo de osteocondrose a claudi-
ção pois pode incapacitá-los para a função. As degeneres- cação não é evidente, mas há efusão articular e atrofia
cências articulares intervertebrais são comuns em vacas muscular. Com a evolução do processo (osteocondri-
leiteiras mantidas em cubículos mal desenhados. te dissecante) o novilho evita mexer-se ou, quando o
Algumas raças parecem mais predispostas para fazerem ar- faz, os movimentos são rígidos, evitando a flexão das
troses provavelmente devido a aprumos deficientes ou a articulações doridas.
particularidades anatómicas e fisiológicas a nível das extre- As lesões degenerativas da coluna vertebral de vacas
midades ósseas. podem não afectar muito o movimento no início, mas
é quase sempre evidente uma alteração do perfil dor-
sal ou lombar. Nas situações mais graves ou à medida
PATOGENIA que o processo evolui, é notória a dificuldade da vaca
Traumas repetidos estão na base de muitas em deitar-se e o esforço necessário para se levantar. O
das artropatias degenerativas. terço posterior está descaído e não há extensão com-
pleta das articulações do membro pélvico, nas artro-
O excesso de stress sobre as superfícies articulares pode re-
ses lombares. Algumas vacas surgem repetidamente
sultar de má conformação, mas quase sempre resulta de
entaladas nos cubículos por avançar demais nas ten-
piso agressivo, pouco exercício e excesso de peso. Escorre-
tativas de se levantar.
gadelas e choque com peças das instalações pioram a situ-
ação. A instabilidade que sobrevém leva à proliferação de Vitelos com intoxicação por fluor apresentam dor arti-
tecido fibroso, à lesão e perda da cartilagem e à exposição cular bastante evidente e coloração acastanhada dos
e agressão do osso sub-condral. dentes.
As forças e movimentos pouco normais exercidos por vacas Em situações de artrite sem uma causa bem definida,
leiteiras ao deitarem-se ou levantarem-se em cubículos dever-se-á proceder à auscultação cardíaca cuidada
subdimensionados causam lesões extensas das vértebras e devido à associação frequente com endocardites
discos intervertebrais da zona dorsal ou lombar. bacterianas (v.).
LESÕES
As artrites são serosas, fibrinosas ou purulentas. exposto. Pode seguir-se um espessamento reactivo da car-
Nas artroses há poucas alterações do líquido sinovial e a tilagem. Em processos arrastados (> 2 anos) podem ser evi-
aparência da superfície articular é baça, seca, amarelada, dente condrificação e presença de osteófitos e outras alte-
corroída ou granulomatosa. O osso subjacente pode estar rações ósseas.
- - CLAUDICAÇAO
Vitelos com intoxicação por fluor apresentam exostoses TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
subcondrais.
Nos processos degenerativos é essencial combater
Atenção à possibilidade de ocorrência de processos a causa primária.
mistos (inflamatório e degenerativo).
O tratamento das artrites deve ser feito após identificação
do agente e TSA. A antibioterapia deve ser prolongada e
DIAGNÓSTICO não deve ser suspensa logo após melhorias da claudicação.
A lavagem articular com colocação de um dreno é uma op-
A colheita e análise do líquido sinovial permitem ção quando há acumulação de pus.
diferenciar o tipo de artropatia.
O prognóstico no caso de artroses é muito reservado e o
Artrite infecciosa - fluido amarelo, turvo, abundante, con-
abate poderá ser a melhor solução em termos económicos
tendo muitos leucócitos (>50.000/µL) e proteína (>3 gr/dl) e de bem-estar animal. Se a origem do problema for resolú-
e por vezes fibrina ou pus. A cultura microbiológica é geral-
vel e se pretender tratar o animal, deverá ser administrado
mente positiva (atenção à necessidade de meios específi-
um AINE e o animal colocado em piso mole.
cos para crescimento de Mycoplasma). Na artrose o líquido
sinovial apresenta poucas alterações. A prevenção de artropatias degenerativas deve ser feito
através do combate às causas primárias - piso adequado ao
Nos casos em que se suspeita de origem nutricional deve-
peso de animal, garantir exercício regular, suplementação
rão ser pesquisados os níveis sanguíneos ou alimentares de mineral e vitamínico, cubículos bem desenhados e boas
Ca, P e vit. D. Os níveis de fosfatase alcalina podem estar
camas.
aumentados no caso de elevada reabsorção óssea.
CLAUDICAÇÃO
BURSITE (HIGROMA) E CELULITE TUMEFACÇÃO • CLAUDICAÇÃO LIGEIRA
ETIOLOGIA
Lesões quase sempre relacionadas com camas
de má qualidade.
Pequenos traumatismos repetidos causam reacções infla-
matórias e hiperplasia da pele ou estruturas subjacentes
nas zonas do carpo ou tarso. Os traumas repetidos dão-se
quando animais se deitam ou levantam sobre superfícies
abrasivas e duras. São mais prováveis em vacas com patolo-
gia podal porque estas arrastam mais os membros a
levantarem-se ou deixam-se cair desamparadas. O embate
do calcâneo com as bordas dos cubículos demasiado cur-
tos causa lesão semelhante na zona caudal do curvilhão. As
lesões na face medial do tarso são mais difíceis de explicar,
mas provavelmente o seu desenvolvimento é favorecido
pela raspagem continuada da zona por úberes grandes e
edemaciados. Bursites podem surgir também por infecção
por Bruce/la.
SINAIS CLÍNICOS
EPIDEMIOLOGIA
Nos casos não complicados não há dor à
A prevalência destas lesões correlaciona-se com palpação nem claudicação, ou esta é muito
a qualidade das instalações e camas em vacarias ligeira.
de leite.
O higroma carpal inicia-se com perda de pêlo e ligeira
A incidência deste tipo de lesões varia muito entre explora- tumefacção na face dorsal do carpo. Com a continua-
ções - estão praticamente ausentes quando se utilizam ca- ção do estímulo traumático a acumulação de líquido
mas espessas de areia ou palha e são muito frequentes continua, assim como o espessamento da pele até
quando vacas se deitam em piso de cimento ou tapetes de atingir o tamanho de uma laranja ou maior. Raramen-
má qualidade. Mesmo que não pareça incomodar muito os te há infecção e claudicação grave.
animais, estas lesões são sinónimo de desconforto e por
As lesões do tarso são muito mais frequentes na face
isso de animais que não estão a atingir o seu máximo po-
lateral da articulação, mas podem também surgir na
tencial de rendimento.
face medial. Também estas lesões começam como
uma pelada a que se seguem graus crescentes de es-
pessamento da pele. A claudicação nestes casos tam-
PATOGENIA
bém é mínima, mas pode tornar-se moderada se hou-
As estruturas afectadas são diferentes, mas ver infecção com formação de abcesso.
a etiologia e patogenia são semelhantes.
Se a claudicação passar a ser grave, com sinais de dor
No carpo é afectada a bursa dorsal (bursite) ou desenvol- evidente, é provável que a articulação tenha sido
ve-se uma falsa bursa (higroma) em resposta aos estímu- afectada.
los repetidos. No tarso ocorre essencialmente um pro-
. . CLAUDICAÇÃO
cesso ele celulite nél fa ce lilte rai do cu rvilhâo. Numa
prim eira fa se há acumula ção de flui do a qu e se segue hi -
perpl as ia e hiperqueratose cutâ11 ea . Por ve zes formam-se
ferid as e C1lcer<1s com pen etra ção de hilc:té rias, damJo ori-
ge m a abce ssos. Norm<1l111 ente ilS res Lantes articulações
não afec t adas.
DIAG ÓSTICO
O aspecto das lesões e o quadro clínico,
com ausência de dor, é característico.
O DD com artritf'S P tr,1uma tis111os illJ Udos, ern qrre hi'í dor i11·
tensél e inc:ipac:idJcJe ou relutáriciil ern fl ec tir ,is ar tic:ulaçôes.
UT ç o
Garantir o conforto da vaca com camas limpas,
espessas e não traumatizantes, é a melhor maneira
de prevenir estas lesões.
LesêJes iniciais desaparecem co111 iJ melhoriJ das Gllnils. O Íiicçâo podcJ ~Pr reduziclil él Lrélvés cl,i in;eo)o de dex,Hnet ,1·
tratil rn ento de u 1sos lllai s avançi:l dos é rnu ito imJrato. Se o so11 il ri o illtcri or da bolsél ir1fl,11,1,1dc1 (hi qro rnr1), se cJ~la i11co-
é111i111 él l 11ão claudicar e co111 er e pr od uzir leilf' se111 CJrilnc1es 111od,11 o anillla l. /\ e irurgi,1 11:í o el eve ser te11téHla pois ,is
rxobl ern as, não se eleve proceder ao tratarn e11to. A tu111e - cornpli CiJ<,:(Je, s:ío rnuito frequentes.
OSTEOMIELITE DOR• CLAUDICAÇÃO
TOXEMIA
ETIOLOGIA
A maior parte dos casos surgem em consequência
de traumas.
Algumas das causas mais comuns de osteomielites em bo-
vinos são:
• Penetração de corpos estranhos (e.g. forquilhas, pregos)
• Fracturas (e.g. tracção excessiva no parto ou quedas ... )
• Extensão de infecções locais (e.g. 3.ª falange em casos de
úlceras da sola infectadas)
• Osteomielite vertebral em vitelos por Salmonela dublin,
Listeria ou E.coli.
• Actinomicose (v.)
• Feridas cutâneas sobre ossos que estão próximos da su-
perfície (e.g. calcâneo).
Os agentes mais frequentemente isolados de casos de os-
teomielite não específica são T. (Arcanobacterium) pyogenes
e Fusobacterium necrophorum.
EPIDEMIOLOGIA
Osteomielite é rara em bovinos, com a excepção
SINAIS CLÍNICOS
da infecção da 3.ª falange.
As osteomielites causam dor aguda e difícil
Surge em qualquer animal, mas é mais frequente em explo-
de controlar com analgésicos.
rações onde os traumatismos são mais fáceis, o maneio
mais descuidado (e.g. partos forçados com fractura do me- Há sinais de dor à palpação da zona infectada ou
tacarpo dos vitelos) e as patologias podais detectadas tar- quando se força um movimento (e.g. flectir pesco-
diamente. ço nas osteomielites vertebrais em C6-T1 de vite-
los). Na fase aguda da infecção há hipertermia
A epidemiologia das causas mais específicas é apresentada
(>40°() e sinais de toxemia. Podem surgir fístulas
com a respectiva doença noutro local.
através das quais drena líquido malcheiroso e es-
quírolas ósseas.
PATOGENIA
Ocorre alteração do comportamento natural porque
A infecção instala-se por via hematógena, há relutância em exercer pressão sobre a zona infecta-
por extensão, ou por inoculação. da ou porque se instalam diversos graus de paresias
A fraca irrigação do tecido ósseo facilita o desenvolvimento (e.g. posição de cão sentado em vitelos com osteo-
da infecção e dificulta o tratamento antimicrobiano. mielite vertebral em Tl 3-L 1). Osteomielites ou abces-
sos abaixo de T2 e até ao plexo lombar causam fraque-
za nos membros anteriores ou normais mantendo
LESÕES
reflexo de retirada dos membros pélvicos, enquanto
Alteração da cor, consistência e cheiro do osso. que lesões a nível do plexo lombar causam paralisia
Presença de pus e fibrina. Osso fracturado flácida dos posteriores.
ou reabsorvido.
01 G Ó O Quando possível deve-se procedei à remoção cirl'.1rgica do
osso infectado (e.g. amputação do digito) ou partes dele,
Radiografia mostra alterações ósseas características,
sendo a recuperação norma lmente r;-ípida se bem que a
como perda da densidade óssea .
longevidade do an ima l seja co mprometida.
CLAUDICAÇAO
l
1
'
DISTROFIA MUSCULAR ENZOÓTICA CLAUDICAÇÃO E PROSTRAÇÃO
MORTE SÚBITA
(DOENÇA DO MÚSCULO BRANCO)
DIAGNÓSTICO
SINAIS CLÍNICOS
Fraqueza muscular com prostração é o sinal Baixos níveis séricos de vit. E(<2 mg/L) e/ou selénio
típico das várias formasde DMB. (<50 ng/ml).
Os níveis de selénio são mais frequentemente medidos através
Na forma hiperaguda pode ocorrer morte súbita por
da actividade da enzima glutatião peroxidase (< 20 U/gr Hb).
lesão do miocárdio, aquando de stress ou esforço físi-
Níveis sanguíneos de CPK acima de 1.000 UUL sugerem dis-
co pouco habitual. Os casos subagudos ou crónicos
trofia muscular. Os níveis de selénio no fígado e rim podem
caracterizam-se por fraqueza muscular, dispneia por
facilitar o diagnóstico no caso de um surto afectando diver-
paralisia dos músculos intercostais, epistaxis, claudica-
sos animais. A resposta à terapêutica - administração im de
ção, cifose, relutância ao movimento e por vezes de-
Se+vit.E ou suplementação alimentar - ao fim de 3 dias, é
cúbito permanente. Também nestes casos os sinais
são exarcebados pelo stress ou exercício. Nas formas uma forma barata de se confirmar o diagnóstico.
crónicas há atraso de crescimento, úngulas afastadas O DD da forma aguda deve ser feito com outras causas de doen-
e musculatura da zona escapular descaída, dando a ça e morte súbita de animais jovens, como sejam septicemia,
ideia da escápula estar sobressaída sobre as vértebras salmonelose, pasteurelose, colibaciolose e clostridioses. Os ca-
torácicas. Vários músculos parecem hirtos à palpação. sos mais arrastados, com dificuldade de movimento, podem
confundir-se com lesões articulares ou musculares de origem
CLAUDICAÇÃO
traumática ou outra (e.g. osteocondrose ou raquitismo), doença por injecção intramuscular. Repetir a mesma dose cerca
respiratória, acidose ruminai, poliencefalomalacia ou meningite. de 1O dias depois. Cuidado com intoxicação por se tratar
todos os animais expostos aos mesmos factores de risco.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO Evitar exercício ou stress de animais quando apresentem
sinais de fraqueza muscular. A prevenção faz-se através
lnjectar sempre selénio (selenito) e vit. E
da garantia de níveis adequados de selénio e vit. E na
(a-tocoferol) porque é praticamente impossível
dieta (0,1 mg/kg matéria seca). A suplementação das va-
distinguir deficiências simples de carências mistas.
cas gestantes é muitas vezes necessária, especialmente
A dose terapêutica é de 0,5 a 1 mg de selenito de sódio em zonas onde é conhecida a deficiência das pastagens
e 25 mg de acetato de a-tocoferol por 1O kg peso vivo, ou dos solos de onde provêm as forragens.
SINAIS CLÍNICOS
Atinge essencialmente os membros anteriores
e é quase sempre bilateral.
A maioria dos casos é tão ligeira que não chega a ser
diagnosticada resolvendo-se espontaneamente com os
movimentos normais do vitelo. Sugerimos a classificação
dos restantes casos em 4 grupos, consoante a gravidade.
Grau 1: a flexão do boleto é permanente, mas a sola das
unhas contacta o solo; Grau 2: apoio feito sobre as pinças.
Talão e sola não contactam o solo. Extensão forçada é
possível, mas causa dor; Grau 3: apoio é feito sobre face
dorsal das unhas. Extensão completa é impossível; Grau
4: apoio no boleto ou, em casos extremos, mesmo sobre
o carpo. Vitelos afectados mantêm apetite e estão alerta,
excepto em casos de complicações como feridas, tendi-
nites ou artrites. Em casos extremos poderá haver dificul-
dade em levantar-se para mamar sendo expectável ema-
ciação e desidratação se o maneio não for adequado.
CLAUDICAÇAO
PATOGENIA do n. radial, que não é congénito e normalmente atinge
apenas um membro.
O defeito caracteriza-se pela falta de alcance dos
tendões superficial e profundo que conduz à flexão
permanente, mais ou menos grave, da articulação TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
do boleto e interfalangica distal.
Animais recuperados não devem ser usados como
reprodutores.
LESÕES O objectivo do tratamento é promover o aumento do com-
Normalmente não existem outras lesões que não primento dos tendões. Obrigar os vitelos a andar e forçar a
sejam as descritas nos Sinais Clínicos.
Em casos complicados poderá surg ir edema, hemorragias e
fibrose nas estruturas forçadas.
DIAGNÓSTICO
O quadro clínico descrito num vitelo recém-nascido
é geralmente suficiente para o diagnóstico.
Diagnóstico diferencial com artrogripose (etiologia vírica
ou tóxica), que atinge os quatro membros e é fatal, ou lesão
. . CLAUDICAÇÃO
extensão das articulações é suficiente nos casos mais sim- extremos (Grau 4) a eutanásia é aconselhada ou, no caso do
ples quando o apoio se faz na sola ou pinça. Nos casos mais valor do animal o justificar, proceder à tenectomia. O uso de
graves (Grau 3) a extensão poderá ser mantida e gradual- analgésicos (e.g. AINE) é aconselhado após a aplicação de
mente aumentada através da aplicação, bem almofadada, aparelhos destinados a forçar extensão. O uso de doses ele-
de talas ou gesso. Estes devem ser substituídos frequente- vadas de oxitetraciclina por via i.v., com eficácia comprovada
mente para se ir ganhando extensão e prevenir lesões por em poldros, não tem a mesma taxa de sucesso em bovinos.
compressão. Um aparelho por nós desenvolvido consegue a O maneio dos vitelos afectados é essencial para prevenir
extensão das articulações forçando os talões no sentido cra- complicações - boas camas de palha, limpeza de feridas e
nial, sendo de muito fácil aplicação e substituição. Nos casos forçar o movimento das articulações.
Fracturas - partos mal conduzidos (fractura Dor ao movimento e palpação - gemidos, bru- Imobilização, aplicação de ges-
do metacarpo); acidentes, marradas; fracturas xismo, agressividade. Movimentos não normais so ou talas. Fixação externa ou
de costelas após partos difíceis (vitelos); frac- de articulações ou porções dos membros. Pros- colocação de cavilhas em vite-
tura de costelas e vertebras em vacas entala- tração ou decúbito em posição pouco natural. los. Amputação.
das nos cubículos; consequência de osteo-
Visualização de osso ou exostoses. Abate de urgência na exploração.
mielite (vertebras de vitelos com infecção por
S. dublin); fracturas da 3.ª falange por trauma.
Exostoses vertebrais (T2-T12 ou L2-L3) em Sinais exibem-se repentinamente, normalmen- Cura improvável. AINEs. Abate.
touros de cobrição velhos. te após salto. Paralisia flácida dos posteriores
Prostração.
Luxações e rupturas musculares: sínfise Movimentos amplos da articulação. Dor. Crepita- Boas camas e piso não escorre-
púbica ou sacro-ilíaca após partos difíceis; ção nos movimentos. Prostração gadio. Analgésicos. Fisioterapia.
coxo-femoral em vacas caídas (v.); rótula
após escorregadelas.
Miosite infecciosa - via hematogena ou Dor intensa (claudicação), febre, presença de gás Antibioterapia (penicilina) e
após punção (e.g. injecção com agulhas su- à palpação. Formação de abcesso. anti-inflamatório. Drenagem.
jas ou trauma). Closrridium spp (v.) Vaci nação contra clostridioses.
Paresia espática. Genético? Afecta espe- Vitelos entre os 3 e 6 meses. Contracção espática Envio para abate porque trata-
cialmente certas raças e.g. BBB do gastrocnémio com hiperextensão do curvi- mento é geralmente de custo
lhão - membro fica estendido para trá s com as proibitivo -cirurgia (nevrectomia
úngulas afastadas do solo. Geralmente unilateral. do n. tibial). Ocorrência esporádi-
ca sem prevenção possível.
Osteomalacia (não jovens) e raquitismo Fracturas são mais comuns. Osteomala cia: relu- Ratio Ca:P adequado. Garantir
(vitelos) - deficiente calcificação óssea. Ex- tân cia em levantar, ossos longos desviados do exposição à luz solar. Adminis-
cesso de P associado a níveis baixos de Ca. eixo, mas sem aumento das placas de cresci - trar vit D.
Carência em vit. D. mento Raquitismo: ossos longos curvados, clau-
dicação sem dor aparente, placas de crescimen-
to bem evidentes, erupção dos dentes irregular
e atraso de crescim ento da mandíbula.
CLAUDICAÇÃO
Doença e situações mais frequentes Sinais Tratamento e prevenção
1 1
Lesão iatrogénlcas do nervo ciático. Mais História de injecção recente. Incapacidade de Anti-inflamatórios, massagem,
provável em vitelos em que é administrado levantar membro. Arrasta pinça pelo chão. Dor fisioterapia. Vitamina 81.
fármaco oleoso nos músculos semi- no local de injecção. Atrofia muscular.
-tendinoso ou semi-membranoso.
Lesão do nervo radial - decúbito lateral Região da espádua descaída, incapacidade de Boas camas e piso pouco escor-
prolongado; tracção violenta do membro estender articulação úmero-radio-cubital, carpo regadio. Anti-inflamatório (de-
torácico preso ou atado. e boleto. Arrasta pinça pelo solo. Casos graves xametasona ou AINEs) e vitami-
levam a prostração. na Bl
E ainda: lesões do nervo peroneal e tibial e sequelas músculo-esqueléticas da Síndrome de Vaca Caída (v. DOENÇAS E CONDIÇÕES LI-
GADAS AO PARTO); intoxicações (e.g. chumbo) e diversos defeitos congénitos (e.g. genéticos ou de origem virai ou tóxica) ,
CLAUDICAÇÃO
CLAUDICAÇÃO
CAPÍTULO 4
DOENÇAS E CONDIÇÕES LIGADAS AO PARTO ,
Resolvemos separar neste capítulo algumas das condi- ficação precoce de alterações ao decurso normal do parto
ções e doenças que se ligam ao parto dos bovinos porque é crucial para se poder prevenir sequelas graves. De seguida
são situações que se limitam a este momento particular resume-se a evolução natural do parto dos bovinos, tendo
da vida da vaca e porque estão frequentemente interde- em atenção que os tempos apontados podem variar com
pendentes. Desta forma o leitor poderá ter uma melhor condições não patológicas (factores de stress, temperatura
perspectiva de toda a cascata de acontecimentos e rela- ambiental, presença de pessoas ou animais etc ... ). Nota:
ções que ocorrem no periparto da vaca. Apenas uma do- valores mais elevados do intervalo são característicos das
ença muito importante do pós-parto dos bovinos de leite primíparas.
acabou por ser arrumada e descrita noutra secção - a Fe-
A gestação dos bovinos dura aproximadamente 285 dias,
bre do Leite ou Hipocalcémia Clínica. É verdade que esta
variando ligeiramente com a idade e a raça. Com a aproxi-
doença metabólica representa um enorme papel na etio-
mação da data do parto ocorre um aumento do edema
patogenia das variadas situações que serão descritas mais
mamário, do edema vulvar e ainda relaxamento dos liga-
abaixo, mas como é importante fazer o diagnóstico dife-
mentos sacro-isquiáticos (base da cauda sobressaída).
rencial com outras doenças que levam à prostração e pa-
ralisia, resolvemos agrupá-la com as doenças com sinais 1.ª fase - Dilatação (2 a 6 h) - animal irrequieto, agita fre-
neurológicos. quentemente a cauda, perda do rolhão gelatinoso, leite es-
guicha ou pinga dos tetos, algumas contracções demons-
O modo de apresentação destas doenças também é li-
tradas por sinais semelhantes aos de dor abdominal
geiramente diferente do que sucede nas outras secções,
(pontapeia abdómen, deita-se de lado com membros es-
pois normalmente a ocorrência é esporádica ou mesmo
tendidos, deita-se e levanta-se frequentemente ... ).
acidental, não fazendo muito sentido a exposição de da-
dos epidemiológicos. Igualmente fará pouco sentido a 2.• fase - Expulsão do feto (0,5 a 2 h) - Ruptura do saco
descrição de meios complementares de diagnóstico ou alantóide e depois do saco amniótico, apresentação do feto
lesões pós-morte porque o diagnóstico clínico é geral- (normalmente os membros anteriores com focinho assente
mente suficiente e a urgência de actuação não se coadu- ao nível do carpo), contracções cada vez mais evidentes a
na com a procura de apoio laboratorial. Assim, cada situa- que se sucede a expulsão do feto e ruptura do cordão um-
ção incluirá apenas a descrição das principais causas, a bilical. Esta fase pode dar-se com a vaca em estação ou de-
patogenia, o quadro clínico e a forma de a abordar, tratar cúbito.
e/ou prevenir. 3.ª fase - Expulsão da placenta e anexos (0,5 a 6 h) - a pla-
Como na base destas condições está o final da gestação e o centa sai mas pode ser ingerida pela própria vaca (ou carní-
parto, é fundamental conhecer as diversas fases deste e ain- voros) e por isso não se encontrar placenta não é sinónimo
da o comportamento natural da vaca parturiente. A identi- de retenção.
HIDROALANTOIDE E HIDROAMNIOS ABDÓMEN DILATADO• DESIDRATAÇÃO
PROSTRAÇÃO
ETIOPATOGENIA
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES
Hidroalantoide surge por deficiente funcionamento da pla-
centa. Hidroamnios ocorre quando há problemas fetais Dilatação abdominal não condizente com tempo de
com redução de ingestão do líquido aminótico, problemas gestação. O perfil é em tonel no caso de hidroalantoi-
renais ou outras malformações congénitas. de ou em pêra no caso de hidroamnios. Na palpação
rectal nota-se o útero dilatado e tenso, sendo difícil
Ambas as situações são esporádicas e impossíveis de pre-
sentir o feto ou os placentomas. À medida que a situ-
ver. Não são conhecidas as causas genéticas determinantes.
ação se agrava há sinais de desidratação (mais eviden-
Raramente surgem as duas condições no mesmo animal.
tes no hidroalantoide), depressão, atonia ruminai e
fraqueza muscular. O úbere está vazio mesmo que o
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO término da gestação esteja próximo. Normalmente
segue-se prostração se o parto não ocorrer.
A gestação pode terminar espontaneamente ou ir até ao
termo no caso de hidroamnios, mas como a condição da Quando se desencadeia o parto há saída de muitas
vaca se deteriora rapidamente o parto deve ser provocado dezenas de litros de fluido, que é translucido e viscoso
com dexametasona e prostaglandina F2a. no caso de hidroamnios. Em certos casos a dilatação
cervical é insuficiente e é necessário recorrer a cesa-
riana. Após o parto há retenção placentária, atonia
uterina e desenvolvimento de metrite grave se não
for tratada.
No hidroalantoide a placenta está espessada e o vitelo
é normal mas porque o parto é antecipado este tem
probabilidade reduzida de sobreviver. A produção lei-
teira é muito baixa e a infertilidade prolongada é mui-
to provável. Em caso de hidroamnios a placenta é nor-
mal e a lactação pode ser razoável. O feto é pequeno
e demonstra malformações congénitas (e.g. hidroce-
falia) e ascite.
O DD inclui gestações gemelares, indigestão vagai,
timpanismo espumoso e dilatação ou torção do abo-
maso ou outra víscera.
ETtPATO E IA
LI I O
1-'mbo r;i 1)(1c, sc1 :;urq ir e m q\ 1<1l q ut• r nll ura dzi vid;1dd Vd G I,
~· ífl ili:; (1·1°q11 rc•111 e ll cl L,l'; (ê íi11 ,1I cl ô lj l:S lil\:iÍO p<.1 1· d t !i]', ra- Obs,:: r·va -se 1Jm a mas.s~ vem, elh,, ·1 iJa ,:1sot1re..ss,'li 1· d0
;'() (0$ : cJ\ esl ro\:Jé1 1in•; cor11luzern c1 11111 n,•lax,rn H:n to d o s Vl ilvi'i. O pmiêipsci •1c.1gi n<1I poci<" su 1gir' e,-i-1 yt1,.io:: gra:.1,
lícjil lTl<-' ri tos, cl il v,10 i11a e e-li, vulvêJ ; u \'i tero exe rce uni,, de~,de pequenos prol<1psos (t,,ma1 1ho dE- \lmêl la,cJf'l jZ)
CJt i11 1clc prr,";s5u sobric o cc', rvi:,: e v,1 CJi1 1íl c111 ,:111 du o 1111 in1a l :-,pena '. , evicl,: nres qu;c,ndc., o .'ln imc1i eêxã cl<ê1rf1 do. c1té
c st~1 ck it·;:i clo. pl'Olé1psos perm ilne1·1rcs (crc'.i l'1 icos1 UHT', ,:1,::ss,x açrio.
soh1ções ele conri r'l•icJ;-;,de ti ;.1 mucosa e ecierna da p.,-
red <:. ;\ tendência é f)êHêi que os prolapsos de gr.:iu
ri"1l:'. nor co ndu z3 n1 ~1os n~1~1i s 91'H vt: s SE.' ~is C(lt,1.sas :·ier·)iS-
1
São agentes predisponentes: factores genéticos; particula- (e.g. Bühner) que promova a formação de fibrose em torno
ridades anatómicas como vulvas de grandes dimensões e da vulva.
inclinação da garupa com base da cauda muito baixa; lace-
Após redução administrar AINEs nas vacas gestante(> 6 me-
rações vulvo-vaginais prévias; doenças gastro-intestinais
ses) ou dexametasona e furosemida em vacas vazias quan-
com tenesmo; camas muito inclinadas; estrogénios alimen-
do o edema é extenso. Manter durante uns dias as vacas
tares; quistos foliculares.
gestantes num plano ligeiramente inclinado no sentido cra-
nial (terço anterior mais baixo).
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO A epidural (Cd 1-Cd2) com 3 mi de álcool etílico a 95° e lido-
caína (1 :1) pode ser necessária em vacas que mantêm con-
Após lavagem e desinfecção, a redução é feita sob aneste-
tracções violentas após redução.
sia epidural baixa e boa lubrificação com a vaca em pé.
Existem vários tipos de sutura vulvar não havendo aqui es- A prevenção inclui manobras obstétricas cuidadas e sutura
paço para as descrever. Atenção às suturas efectuadas em de lacerações no pós-parto. Se a comissura vulvar for muito
vacas em finais de gestação devido à possibilidade de o grande (e.g. vacas velhas) esta poderá ser reduzida através
parto se desencadear sem assistência - usar fio com me- de cirurgia (sutura de Caslick). Os cubículos das vacas secas
nor resistência e que se quebre mais facilmente. Muitas devem ter pouca inclinação. Devido à probabilidade de re-
vezes o prolapso deixa de acontecer após o parto, mas corrência as vacas que fazem prolapsos crónicos não de-
quando se mantém é aconselhável uma sutura resistente vem ser reutilizadas para reprodução.
ETIOPATOGENIA
A torção do útero que pode-se apresentar em diferentes
graus, até perto dos 360°. A torção contra os ponteiros
do relógio (torção à esquerda) é a mais frequente. Não se
conhecem as causas determinantes, mas as causas pre-
disponentes são: fetos pesados ou gestação gemelar,
viagens acidentadas na fase final da gestação, vacas com
abdómen volumoso e rúmen muito vazio na fase final da
gestação.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Os graus menores de torção são resolvidos ao se fazer o
parto e podem mesmo passar despercebidos a pessoas
menos atentas.
A vaca demonstra os sinais da primeira fase do parto que As torções numa fase mais precoce da gestação (<6 me-
acabam por desvanecer, incluindo o edema mamário. ses) só são evidentes quando há sinais de dor abdominal
Normalmente não há contracções ou são muito discre- e anorexia. A palpação rectal permite confirmar o diag-
tas. Há saída do rol hão gelatinoso em torções pouco gra- nóstico.
ves. Em casos de torções de grau muito elevado (-270°)
Na necropsia é relativamente fácil comprovar a torção
pode ser evidente do exterior uma torção da vulva. A pal-
sendo difícil movimentar o útero na carcaça. São eviden-
pação rectal mostra um útero tenso com a artéria uterina
tes zonas congestivas e hemorrágicas.
a cruzar transversalmente o abdómen. No toque vaginal
a mão e braço rondam no sentido da torção podendo O DD deve ser feito com estenose do cérvix, hipocalcé-
chegar ao feto ou não(> 270°) conforme a gravidade da mia clínica e qualquer distócia que impeça a passagem
situação. O estado geral da vaca é variável. Numa primei- do feto para o canal obstétrico.
- as manobras devem ser sempre feitas sob anestesia epi- Uma questão difícil de responder é o tempo que se deve
dural baixa (5-1 O mi lidocaína 2%). esperar após a resolução para que o cérvix relaxe e abra.
Aconselhamos a não esperar mais do que 6 horas no caso
- as torções em que se consegue chegar ao feto (e.g. ca-
de o vitelo estar vivo e 12 horas para vitelos mortos. A injec-
beça) são resolvidas com a vaca em pé torcendo os ção de estrogénios ou cloridrato de vetrabutina (5-1 O mi)
membros do vitelo ou balouçando o útero. Iniciar a poderá acelerar o processo. Torções de >360° quase sem-
manobra de torções à esquerda com o braço esquerdo pre conduzem a estenose do cérvix e exigem cesariana.
e só passar para o direito quando a torção já é menor
Não sendo fácil prever casos de torção uterina, as medidas
do que 180°.
preventivas incluem: evitar transportes de animais no final
- torções complicadas podem ser resolvidas facilmente da gestação e provocar o parto no caso de fetos muito
através de laparotomia. grandes ou gémeos.
DISTÓCIAS ALTERAÇÃO DO DECURSO NORMAL DO PARTO
ETIOPATOGENIA
Um parto distócico (por oposição a um parto eutócico) é
aquele em que há alguma alteração na evolução natural
do parto, especialmente da fase de expulsão. A distócia
pode simplesmente atrasar ou impedir definitivamente a
expulsão do feto. As causas são variadíssimas e podem es-
tar relacionadas com a vaca (e.g. inércia uterina, torção
uterina), com o feto (e.g. flexão do pescoço) ou com os
dois (e.g. desproporção materno-fetal) . Aconselhamos a
leitura de textos da especialidade para descrição porme-
norizada das várias distócias. Aqui será apresentada de
forma resumida a abordagem clínica às distócias mais co-
muns em bovinos.
• deve ser feita uma correcta avaliação do estado geral - apresentação posterior (geralmente posição dorsal) -
da vaca, da vitalidade do feto, da causa da distócia e da a não ser em fetos muito grandes o parto decorre sem
apresentação/posição do feto antes de se iniciar qual- serem necessárias manobras obstétricas, mas o feto
quer manobra. deve ser assistido imediatamente após o parto devido
à alta probabilidade de haver aspiração de fluidos.
• a aplicação, na primeira fase do parto, de água quente
na zona vulvar torna os tecidos mais elásticos facilitan- - apresentação posterior com flexão dos membros
do o parto e evitando lacerações. Esta técnica deve ser (posição cão sentado com a cauda do feto visível
usada em todos os partos de primíparas e nas vacas através da vulva) - em vitelos muito grandes vivos
com fetos muito grandes. poderá ser preferível cesariana imediata. Apresenta-
ção muito frequente em partos de gémeos. Com boa
• a administração de ocitocina e cálcio podem ajudar o
propulsão passar primeiro laço na zona do curvilhão
parto, mas só deve ser feita quando há a certeza de
e fazer tracção. Depois deflectido o curvilhão baixar
haver dilatação e espaço suficiente para a passagem
do feto. laço até boleto e dirigir extremidade para canal pélvi-
co resguardando com a mãos as unhas do feto para
• aparelhos de extracção de vitelos só devem ser usa- evitar lacerações do útero.
dos por quem sabe avaliar a situação, nomeadamen-
- desproporção materno-fetal - mais frequente em pri-
te a progressão do feto ao longo do canal obstétrico,
míparas ou cruzamentos com certas raças de carne. O
e quando a lubrificação é boa. Os extractores mecâ-
espaço disponível deve ser bem avaliado e a lubrifica-
nicos de fetos podem causar lesões severas na mãe
ção deve estar garantida antes de se iniciar um parto
(e.g. lacerações) e feto (e.g. fracturas de membros e
de um feto de grandes dimensões. A opção por cesa-
costelas).
riana deve ser tomada o mais cedo possível, mas não
• todas a distócias devem ser seguidas de analgesia já existem regras pré-definidas. É a causa mais frequente
que a dor tem efeitos imunodepressores que favore- de paralisias do parto devido a prisão das ancas (hip-
cem o desenvolvimento de doenças como cetose e -lock) e lacerações cervicais e vaginais.
deslocamentos do abomaso.
- flexão dos membros - sob anestesia epidural deve fa-
A assistência aos vitelos após distócias também deve zer-se propulsão enquanto se passam correntes ou
cumprir certas regras: cordas pelo membro flectido. Com cuidado para evitar
• exame cuidado e vigilância apertada em todos os vite- rupturas, o membro é depois dirigido ao canal pélvico.
los nascidos após partos prolongados ou distócicos. - flexão do pescoço - também sob anestesia epidural
• após remoção de fluidos das fossas nasais e traqueia a deve-se dirigir a cabeça para o canal pélvico. Flexões
estimulação da respiração pode ser feita mecanica- simples podem ser resolvidas apenas com as mãos
mente (e.g. massagem e pressão sobre caixa torácica) (e.g dedos na mandíbula), mas as mais complicadas
podem requerer passar um laço na mandibula, fazer Casos de teratologia são também causa de distócia. Al-
uma cabeçada ou à volta do pescoço (apenas vitelos gumas das malformações frequentemente associadas a
mortos). Se necessário flectir um ou os dois membros distócias estão apresentadas nas imagens abaixo.
para o interior do útero para arranjar espaço para a ca- Quando os vitelos estão mortos o recurso a fetotomia
beça e só depois endireitar as patas. parcial ou total facilita e acelera a resolução do parto.
L CERAÇÕES DO ANA OBSTÉT ICO ALTERAÇÃO DO DECURSO NORM/\L DO PARTO
ET O OGE IA
As lesões e laceraçóes dos tec idos moles cJ o Gmal o bstétrica
variam muito em grau e CJ ravid ade. As mai s simples serão
pe quenas escoriações, hematomas ou fer idas e élS mais gra-
ves são ru ptura uterina. laceração do cérvix e lacernções ex-
te nsas peri neais e perivaginais. A cloaca surge por lacerJção
extensa e p rofunda com com unicação eritre vag ina e 1·ecto.
Estas lesões res ulta111 de facto res que geral111 ente ocorre m
d ura nte a 2.ª fase do parto e que m uitas vezes se co nJug,rn1
- despro po rção m aterno -fetal, mau posic iona m ento de
uma pa ta, deficie11te dilatação do canal e lu brificação i11su-
ficiente. Quase se mpre as lesôes ll'lais CJraves deve rn-se a
má condu ção do parto por pa rte do operJdor hllmano -
t racção excessivv, de111asiado cedo ou d e um feto 111,11posi-
cionado.
O E
O exame cu idadoso da vu lva e vag ina permite ava liar
o tip o e gravidade das lesôe$. f:ste exame deve ser
feito após qualquer parto i1Ssistido, mesmo aq ueles
que aparenteme11te foram fi'iceis. As lesôes menos
graves são soluçôes de continuidade que atingem
apenas a mucosa assoc iadas a pequenas hemorra -
gias. A extensão, profundidade e localização das la-
ceraçõ es são variáveis, sendo que aquela s que atin-
gem o cérv ix e/ou (it ero são as mais graves. Após
observação da vulva a porção cauda l da vagina deve
ser também ava liada . Por toq ue vag inal as pa,edes
da vagina e cérvix dever11 ser palpadas, proc:urar1do
sinais de lace r·aç6es ou ruptura de va sos import,rn-
tes. Os a11imais que sofreram par tos mui to difíceis
devem se r cuidadosamente ava liados nas horas se -
guintes pa ra detecção de sinais de herno r rag ic1 in te r·
na (e.g. mucosas pálidéls, raquicardi;i, fr,1queza rnus -
cular e prostração).
ETIOPATOGENIA
Os factores predisponentes para esta condição são: hipo-
calcémia ou Febre do Leite e outras causas de hipotonicida-
de uterina; partos prolongados com contracções violentas;
manutenção de contracções fortes após expulsão do feto;
lacerações; fetos grandes; genética (?).
O prolapso inicia-se com uma inversão da extremidade de
um corno uterino que atingindo a zona vaginal provoca
contracções de expulsão. A porção de útero prolapsado va-
ria entre apenas a extremidade de um corno uterino até os
dois cornos, corpo uterino e cérvix. Nos bovinos a situação
é geralmente benigna, mas nalguns casos a ruptura do ór-
gão ou de artérias maiores conduz à morte rápida. Têm sido
descritos casos de amputação espontânea do órgão com
sobrevivência da vaca.
Designado na gíria como "madre de fora''. Se possível a reintrodução deve ser feita com a vaca em pé
(reduz pressão das vísceras no sentido caudal). Se a vaca não
se consegue levantar deve ser erguida com pinças-ilíacas ou
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO os membros posteriores estendidos caudalmente de forma a
O primeiro procedimento deve ser anestesia epidural (1 Oa elevar o terço posterior (posição de rã). Lavar o órgão com
15 mL de lidocaína 2% entre S5 e Cd 1) e sedação (1 - 2 mL solução iodada tépida, suturar lacerações profundas e fazer
xilazina 2%) em vacas agressivas. A administração de cálcio dequitadura se placenta ainda estiver aderente. Em úteros flá-
endovenoso é altamente aconselhado em vacas leiteiras, cidos dar múltiplas injecções de pequenas quantidades (O, 1-
..
mas também em vacas de carne multíparas. -0,2 mL) de ocitocina no miométrio. Suportar o útero ao nível
1
O diagnóstico é norma lmente imed ici tO - visuali zação
ele parte ou totalicliJCle do L1 tero pencle 11te da vu lva. A
p lac ent a pode aind a esta r aderente, mas se não esti -
ve r os placentomas são bem evident es. Na fase inicial
a vaca está activa, em pé a cuid ar da cria. A frequência
ca rdíaca pode estar ligei1·amente aumentada e o útero
es tá tón ico. Se o pro lapso ocorreu há vária s horas po-
derá haver sinais de anemia e toxem ia. Mucosas páli -
das, útero flác ido, taquica rdia, pul so fraco, fraq ueza
m uscular e pro stração são sina is de ruptu1·a das arté-
rias uteri nas. No caso de rupt ura uterina são visíveis
ans as intest in ais, mesentério e por veze s bexiga .
ETIOPATOGENIA
Prisão da anca de vitelos grandes por largos períodos leva à
compressão com paralisia ou mesmo secção dos ramos do
n. ciático ou n. obturador. As fibras do n. ciático (logo após
raízes em L6, Sl e S2) passam ventralmente ao sacro e são
comprimidas pela coluna do feto. As fibras do n. obturador
passam mediaimente ao osso ilíaco da vaca e podem ser
lesionadas pela anca de vitelos "entalados''.
TERAPÊUTICA E PREVENÇÃO
Manter animais em maternidades com camas espessas
não escorregadias. Colocar peias nos membros posterio-
res de primíparas com partos difíceis e não mudar ani-
mais para parques de cimento até termos a certeza da
ausência de lesões. Administração imediata de dexame-
tasona ou AINEs após partos em que houve prisão da
ETIOPATOGENIA
Consideramos retenção placentária (RP) a manutenção da
ligação desta ao útero após 6 horas do parto. As causas da
não dequitadura são diversas e ainda mal conhecidas. Um
factor considerado essencial é a fraca mobilização e activi-
dade dos leucócitos (neutrófilos e macrófagos) no espaço
entre carúncula e cotilédone, evitando a separação destes.
Os factores predisponentes mais frequentemente aponta-
dos são imunodepressão (e.g. stress, balanço energético
negativo, carência em anti-oxidantes como selénio e vit. E);
traumas e isquémia (e.g. fetos grandes, gémeos, distócias,
manobras obstétricas); falta de maturação da placenta (e.g.
aborto ou partos precoces); lesões placentárias de origem
infecciosa (e.g. Bruce/la). A RP por inercia uterina é muito
rara. A muito maior incidência de RP em vacarias de leite, e
mesmo em certas explorações, é a maior prova da influên-
cia do maneio e nutrição.
ETIOPATOGENIA
"Síndrome da Vaca Caída" (SVC) é um termo frequentemen-
te usado em clínica de bovinos e resulta da tradução literal
da expressão inglesa "Downer Cow Syndrome''. Esta deno-
minação, na verdade, apenas traduz o sinal clínico mais evi-
dente, o que simplifica uma síndrome extremamente com-
plexa.
Paralisia do nervo Incapacidade de fazer extensão do boleto. Ani- Manter em camas espessas de palha ou areia. Ele-
peroneal mal faz apoio sobre pinça ou mesmo sobre face var frequentemente animais que não o façam por
dorsal das úngulas, de que resulta muitas vezes si. Tanque de água, Fisioterapia e massagens.
necrose. Animal levanta-se e anda bem no caso
AINESevit.B1 .
de lesões unilaterais mas pode haver decúbito
permanente em casos bilaterais. Prognóstico reservado nos casos bilaterais.
Paralisia do nervo Curvilhão ligeiramente flectido com membro Manter em camas espessas de palha ou areia. Ele-
tibial mais avançado do que o contralateral, associado var frequentemente animais que não o façam por
a curvatura anterior do boleto. Vacas normalmen- si. Tanque de água. Fisioterapia e massagens.
te deslocam-se mas com andar lento e terço pos-
AINES e vit. B1.
terior da coluna descaída (principalmente nas le-
sões bilaterais). Bom prognóstico.
Ruptura do tendão Bacia e soldra descaídas, incapacidade de esten- Abate de urgência na exploração
gastrocnémio der a articulação do curvilhão e apoio sobre me-
tatarsos (uni ou bilateral).
Luxação coxo-femural Observação da cabeça do fémur sob os gluteos Recuperação apenas provável se tratada em me-
(luxação lateral) ou palpável via transrectal (luxa- nos de 24 horas. Sedação com xilaxina (3-4 ml IV)
ção medial). Movimentos e rotação exagerada do e tentativa de reposição da cabeça do fémur no
membro. Alguns animais conseguem levantar-se acetabulo. Dexametasona ou AINES. Isolamento
mas normalmente estão prostrados. em cama espessa de areia ou palha. Cirurgia via
garupa em animais muito valiosos Abate de ur-
gência na exploração.
Luxação sacro-ilíaca Tuberosidade isquiática está mais elevada em re- Se o animal conseguir levantar-se e movimentar-
lação à linha das vertebras. Assimetria da bacia. -se (subluxação) a recuperação é possível - cama
Andar difícil e sinais de lesão do nervo ciático (v,). espessa e AINEs. Vacas com luxações completas
com incapacidade de se levantar devem ser abati-
das. NUNCA usar ganchos ilíacos nestes animais.
Fractura do fémur Depende da localização da fractura. Há crepita- Abate de urgência na exploração.
ção, dor e movimentos anormai s do membro.
Lesão lombar (e.g. Depende da localização. Alguns animais conse- Abate de urgência na exploração
fractura vertebral guem levantar-se mas movimentam-se com difi-
culdade e demonstram sinais de dor aguda. Rara-
mente se identifica lesão por palpação das
vertebras.
Corte de têtos Desde pequenas feridas a cortes profundos atin- Sutura de cortes recentes e não complicados. Cor-
gindo o canal do têto. tes longitudinais têm melhor prognóstico. Feridas
em processo de cicatrização devem ser deixadas
cicatrizar por 2.• intenção e depois fazer cirurgia re-
construtiva. Amputação do têto em casos graves.
A elevação regular da vaca caída cumpre a função de fisio- portante não só por causa do bem-estar animal, mas por-
terapia e facilita a circulação sanguínea reduzindo o edema. que o alívio da dor permite que a vaca faça mais esforço
A utilização de tanques de água onde a vaca é deixada du- para mudar de lado ou mesmo levantar-se.
rante várias horas está associada a uma maior probabilida-
Quer seja devido ao tempo e condições de decúbito quer
de de recuperação (>70%).
seja resultado das tentativas descontroladas para se levan-
O tratamento médico é talvez o menos importante, mas a tar, sucedem-se frequentemente lesões que atrasam ou in-
fazer-se deve incluir anti-inflamatórios (esteróides ou não viabilizam a recuperação do animal afectado por SVC. As
esteróides), diuréticos e anti-oxidantes. A analgesia é im- mais frequentes são apresentadas na Tabela 1.
CAPÍTULO 5
INTOXICAÇÕES POR PLANTAS, FUNGOS E MINERAIS.
11 /1,111, I \olC ,1 1. , 1 / 11nd e"'' '1(/1' ~111 11, ·// / 1'1 n, 11" /() f,, '111, 111/0
Algumas plantas como o Nerium o/eander são altamente tó- 4. PLANTAS TÓXICAS MAIS COMUNS
xicas e a ingestão de pequenas quantidades pode ser fatal. EM PORTUGAL
Outras plantas como o Pteridium aquilinum e o Senecio Jaco-
Neste capítulo as plantas tóxicas foram agrupadas segundo
bea, têm que ser ingeridas em grande quantidade e durante o sistema do organismo que é mais afectado pela sua in-
um largo período de tempo para causarem problemas.
gestão. Há no entanto plantas que afectam mais que um
Nem todas as partes das plantas são necessariamente tóxi- sistema, por exemplo os Cistus spp que têm uma acção ne-
cas. As substâncias tóxicas podem não estar uniformemen- frotóxica e neurotóxica.
Mercurialis perennis (Mercurial, Erva-mercúrio) podendo ocorrer quando produtores têm excesso de
Esta planta possui quatro compostos tóxicos. Além de hemo- produção de cebola ou desejam eliminar "restos" de
globinúria os animais podem apresentar, hipersiália, dor abdo- anos anteriores. Estas plantas contêm um alcaloide, N-
minal, constipação seguida de diarreia muito aquosa e disúria. propil disulfito, que provoca a hemólise e anemia. Os
bovinos são os animais mais sensíveis, sendo os ovinos
os mais resistentes. O sinal clínico mais marcante é a he-
Ferula communis (Canafrecha) moglobinúria. Muitas vezes o hálito, as fezes, a urina eo
Os animais que ingerem esta planta apresentam frequente- leite dos animais intoxicados apresentam um cheiro tí-
mente hematomas ou hemorragias externas, além de anorexia, pico das cebolas.
mucosas anémicas, sonolência, fraqueza muscular e finalmen-
te morte. A necropsia pode revelar a presença de hemorragias
subcutâneas e em vários órgãos internos de tamanho e distri- Brassica spp
buição variável. Este quadro clínico é justificado pela concen- Plantas da família das Brassicacae (Cruciferae) são utiliza-
tração elevada de compostos cumarínicos, que ao interferi- das como plantas forrageira s, tais como as couves, os
rem com a vitamina K inibem a coagulação sanguínea. Esta nabos e a colza ou fornecidas aos animais como subpro-
planta é muito resistente à seca e as intoxicações por ela cau- duto da cultura ou quando a produção é excessiva. Con-
sadas ocorrem sobretudo no final do Verão, início do Outono. têm duas substâncias tóxicas, que são os glucosinolatos
e aminoácidos sulfurados, para além de concentrarem
Melilotus spp (Meliloto, Anafa) facilmente nitratos. Os sinais clínicos são variados e in-
cluem hipotiroidismo, cegueira, diarreia, anemia, hemo-
A planta em si não é tóxica. Contudo a contaminação por
globinúria e enfizema pulmonar. Os sinais de intoxicação
fungos dos géneros Penicil/ium, Aspergi/us e Mucor spp que
por nitratos encontra-se no Capítulo de Doenças com
ocorre no feno, tem o potencial de converter a cumarina da
Aborto ou Morte Súbita. Os compostos tóxicos estão
planta em dicumarol que é um potente anticoagulante. Os
presentes em maior concentração nas plantas jovens e
bovinos, em especial os vitelos, são mais sensíveis do que os
nas sementes.
ovinos. Os sinais de intoxicação podem aparecer cerca de 3
semanas após a ingestão do feno da planta contaminada.
Pteridium aquilinium (Feto)
Alliumspp Causa uma síndrome hemorrágica (intoxicação aguda) ou
A intoxicação por cebolas, Allium cepa (cebola doméstica) hematúria (intoxicação crónica). Ver Capítulo "Doenças com
e Allium validum (cebola selvagem) é relati vame nte rara, anemia''.
DIARREIA• HIPERSIÁLIA
APARELHO DIGESTIVO
DOR ABDOMINAL
Ranunculus spp (Ranunculo, Pata loco) A protoanemonina tem uma acção irritante na boca e no in-
Contém um glicósido, a ranunculina que é convertida em pro- testino causando hipersiália e diarreia. Aparentemente os ani-
toanemonina por acção de enzimas da planta libertadas mais rejeitam menos as plantas após o uso de herbicidas de
aquando da mastigação. A concentração mais elevada ocorre modo que se aconselha a remoção dos animais durante al-
por altura da Aoração. Esta toxina é inactivada com a secagem. guns dias das pastagens após a aplicação de herbicidas.
Euphorbia spp (Ésula redonda, Maleiteira, Erva leiteira) Setaria spp
A ingestão desta planta que contém esteres diterpénicos Os efeitos da ingestão desta planta, sobretudo se for consu-
provoca uma profusa salivação, inflamação e inchaço da boca mida em seco, tem a ver com o facto de possuir espinhos que
devido aos efeitos irritantes deste tóxico. As toxinas não são se podem espetar na mucosa oral causando uma profusão
inactivadas pela secagem. Os bovinos podem apresentar salivação e grande desconforto, que pode tornar o animal
diarreia. A recuperação é rápida. As cabras e as ovelhas não incapaz de mastigar e deglutir o alimento. Em situações mais
parecem ser afectadas. graves podem ocorrer úlceras.
Phytolacca americana (Erva dos cachos da Índia, Ricinus communis (Rícino, Carrapateira)
Tintureira) Esta planta contém uma toxina, a ricina ou lectina altamente
Todas as partes da planta contém saponinas tripertenóides e tóxica, tanto em animais como em humanos, que inibe asíntese
oxalatos. Também tem sido referida a presença nesta planta proteica,causando morte celular. Os ruminantes parecem ser me-
de uma proteína, a lectina que pode afectar o sistema imuni- nos susceptíveis do que os outros animais. Os sinais clínicos mais
tário. Todas as espécies pecuárias são afectadas. Os sinais clí- característicos são dor abdominal, diarreia hemorrágica e que-
nicos podem variar mas incluem irritação oral, salivação pro- bra acentuada da produção no caso de vacas leiteiras. Na necrop-
fusa, diarreia que pode ser sanguinolenta, depressão e sia podem-se observar uma congestão pulmonar intensa, úlceras
morte. nos reservatórios gástricas e intestino e necrose no fígado e rins.
As plantas que afectam o fígado e a pele são referidas conjunta- Hypericum perforatum
mente pelo facto de algumas substâncias tóxicas que afectam o
É a principal planta responsável pela ocorrência de fotossen-
fígado poderem provocar secundariamente problemas na pele.
sibilidade primária em Portugal. Contém um pigmento, a hi-
A fotossensibilidade primária está associada à presença de pericina que está presente sobretudo nas folhas. A maior
um composto fotodinâmico nalgumas plantas, o qual vai parte do pigmento é destruída após a secagem da planta. O
provocar uma dermatite nas zonas despigmentadas da pele aspecto mais importante do tratamento consiste em remo-
por acção das radiações ultravioletas, sem que haja qualquer ver os animais da influência da luz directa do sol. A recupera-
efeito no fígado. ção ocorre ao fim de alguns dias.
A fotossensibilidade secundária ou hepática resulta do fac-
to do fígado do animal não ser capaz de remover e excretar Senecio jacobea e outras
certos compostos presentes nas plantas, nomeadamente a (ver Capítulo Lesão da Pele e Mucosas)
filoeritrina que resulta da degradação da clorofila. No caso Há uma série de compostos nalgumas plantas que são ca-
de haver lesões hepáticas extensas, a filoeritrina vai-se acu-
pazes de lesar o fígado, conduzindo assim a fenómenos de
mular na circulação sanguínea, originando fotossensibilida-
fotossensibilidade. Os mais importantes são os alcaloides de
de nas zonas da pele despigmentadas sob a acção dos raios
pirrolizidina. A planta mais abundante não só em Portugal,
ultra-violetas. Calcula-se que os fenómenos de fotossensibi-
como em todo o mundo que contém alcaloides de pirrolizi-
lidade ocorram quando cerca de 80% do fígado está lesado,
dina é o Senecio jacobea, embora todas as espécies de Sene-
o que torna o órgão incapaz de eliminar a filoeritrina. A fo-
cio sejam tóxicas. Todas as partes da planta contêm alcalói-
tossensibilidade hepática também pode ocorrer por obs-
des de pirrolozidina que permanecem activos no feno ou
trução das vias biliares. na silagem. As vacas e os cavalos são os animais mais afec-
Os sinais clínicos são os de dermatite por fotossensibilidade tados, sendo os ovinos mais resistentes à intoxicação prova-
descritos no Capítulo"Doenças com lesões da Pele e Mucosas''. velmente devido à presença de certas bactérias no rúmen
capazes de inactivar os alcalóides. Em geral os animais evi- Lantana sp.
tam esta planta a não ser que a pastagem seja escassa, por As folhas e os frutos da planta Lantana camara contêm um
exemplo durante uma seca prolongada. Intoxicações em composto, lantadeno A, que provoca problemas de fotossen-
animais ingerindo feno ou silagem também têm sido referi- sibilidade devido a colestase hepática. Os cavalos não pare-
das. Os animais apenas mostram sinais após semanas ou cem ser afectados pela ingestão desta planta. No caso duma
mesmo meses de contacto com a planta a não ser que ingi- intoxicação aguda a morte dos animais ocorre ao fim de 7 a
ram grandes quantidades, aparecendo os sinais alguns dias 1Odias. A morte ocorre por uma combinação de lesões hepá-
depois. ticas, anorexia e acumulação dos compostos triterpénicos.
Sorghum spp (Sorgo, Erva do Sudão) Oenhante crocata (Rabaça, Embude, Nabo
Intoxicação apresentada em pormenor no Capítulo "Doen-
do Diabo)
ças com sinais neurológicos''. Para além dos sinais nervosos O período entre a ingestão da planta e o aparecimento dos
descritos no referido capítulo, a ingestão desta planta po- primeiros sinais clínicos é muito curto - muitas vezes os ani-
derá levar a morte súbita. mais são encontrados já mortos.
A principal toxina é a oenantetoxina. Estes compostos actu-
Conium maculatum (Cicuta, Cegude) am como antagonistas não competitivos do neurotrans-
Foram identificados oito alcaloides piperidinicos nas várias par- missor GABA no SNC, resultando em despolarização neuro-
tes da planta. O mecanismo de acção destes compostos consis- nal que não diminuindo pode dar origem a convulsões.
te no bloqueio dos reflexos da medula espinhal, daqui resultan- Outros sinais possíveis são o aparecimento de diarreia, inco-
do um bloqueio neuro-muscular e paralisia. As folhas e o caule ordenação motora, timpanismo, dispneia, hipersiália e dila-
antes do aparecimento das sementes são as partes mais tóxicas tação pupilar. A ingestão de pequenas quantidades da
da planta. A intoxicação pelas sementes ocorre se estas estive- planta pode resultar em intoxicação severa e na grande
rem misturadas com os grãos de cereais que os animais inge- maioria dos casos culmina em morte. A prevenção e con-
rem. Os sinais clínicos iniciam-se uma hora após a ingestão da trolo desta planta são as únicas medidas eficazes, impedin-
planta. Os sinais clínicos mais evidentes são tremores muscula- do ou diminuindo o risco de intoxicação dos animais. De-
res, incoordenação, respiração difícil, pupilas dilatadas, prolapso senvolve-se em zonas com permanente disponibilidade de
da membrana nictitante e mucosas cianosadas. A morte por água, tais como pântanos, margens de lagos e diques de
paragem respiratória ocorre ao fim de duas a três horas. drenagem.
A intoxicação de ruminantes por nitratos é um problema uni- As intoxicações por vegetais com nitratos podem ocorrer
versal importante sob o ponto de vista económico causado após a ingestão de plantas forrageiras como o sorgo, beterra-
quer pela ingestão de plantas que acumulam níveis tóxicos ba, nabos, couves, aveia, azevém ou trevo branco e também
de nitratos quer por águas poluídas. de plantas não forrageiras como: Chenopodium a/bum (Catas-
sol, Quenopódio), Convolvulus arvensis (Corriola, Trepa-trepa)
e Amaranthus spp (Breda).
NEUROTÓXICAS DEPRESSÃO• INCOORDENAÇAO
Astragalus lusitanicum (Alfavaca dos montes, pastagem devido ao seus cheiros e sabores desagradáveis, a in-
Erva-canudo) toxicação dá-se geralmente quando a planta ou as sementes
estão presentes no feno ou o cheiro é disfarçado por compostos
A principal toxina presente nesta planta é um alcaloide indolizi-
químicos. Os sintomas são do tipo alucinogénico - pupilas dila-
dinico, a suaisonina, presente um todas partes da planta e que
tadas, tonturas, comportamento anormal, convulsões e morte.
resiste à secagem. Em função da quantidade e a taxa de inges-
tão desta planta os animais podem apresentar um quadro clíni-
co de intoxicação agudo ou crónico. O quadro agudo caracte- Equisetum arvensis (Pinheirinho, Cavalinha)
riza-se por fraqueza, depressão, ataxia, dificuldades respiratórias,
Esta planta contém níveis elevados de tiaminase, cuja toxici-
cianose e colapso pré-morte. O exercício forçado ou o stress
dade permanece após secagem. Em geral a intoxicação ocor-
agravam os sinais clínicos. O quadro clínico mais crónico carac-
re quando esta planta está presente no feno ou na carna dos
teriza-se por um andar difícil e descoordenado que geralmente
animais. Os cavalos são as espécies mais sensíveis embora,
culmina numa paralisia dos membros posteriores, impossibili-
vacas e ovelhas também possam ser afectadas. Os sinais clíni-
tando os animais de se levantarem. Tem sido referido o facto
cos mais evidentes em bovinos são perda de peso, diminui-
das plantas do género Astragalus serem capazes de acumular
ção da produção de leite, diarreia e hiperexcitabilidade.
selénio quando crescem em solos ricos neste elemento. Po-
dem surgir nestas situações intoxicações por selénio.
Lupinus spp (Tremocilha)
Solanum nígrum (Erva moira) As plantas do género Lupinus contêm vários alcaloides, sobre-
Vários glicoalcalóides esteroides como a solanina, escopola- tudo a quinolizidina que provoca sintomatologia nervosa nos
mina e a atropina estão presentes nesta planta, sobretudo animais que as ingerem. A concentração deste alcalóide é
nas partes verdes da planta e nos frutos verdes. Estes com- mais elevada na semente. Os ovinos são os animais mais afec-
postos bloqueiam a acção da colinesterase, do que resulta tados. Os sinais clínicos mais característicos são: depressão,
diminuição da salivação, da motilidade intestinal, pupilas dila- orelhas caídas (sobretudo em ovinos), incoordenação, tremo-
tadas, taquicardia, incoordenação e morte. O processo de res musculares e dificuldades respiratórias. As espécies espon-
ensilagem diminui a toxicidade desta planta. tâneas de Lupinus contêm níveis de alcalóide mais elevados
do que as espécies cultivadas. Tem sido referido na literatura
que a ingestão de plantas do género Lupinus pode dar ori-
Oatura stramonium (Figueira do inferno) gem a deformações fetais (artrogriposes) sobretudo em bovi-
A presença de alcaloides como hiosciamina e escopolarnina é nos. A contaminação das plantas por fungos provoca lesões
responsável pela toxicidade desta planta. A sua toxicidade per- hepáticas graves, com perda de apetite, fraqueza, icterícia e
manece no feno. Raramente os animais ingerem a planta na fotossensibilidade. A esta síndrome denomina-se lupinose.
Plantas que contêm oxalatos Trevo azedo) e Rumex spp. Há outras plantas, por exemplo
Em Portugal existem algumas plantas que acumulam Amarantus spp, Chenopodium spp, que também acumu-
oxalatos, nomeadamente: Oxalis spp (Aleluia, Erva azeda, lam nitratos.
A ingestão de plantas contendo oxalatos por animais que ves ocorrem no tubo digestivo, fígado e rins. As cabras são
não estão adaptados, origina dois tipos de problemas: mais resistentes à toxicidade pelos taninos. Em Portugal as
a) Hipocalcémia e hipomagnesiémia, devido ao facto de os intoxicações por taninos ocorrem sobretudo em períodos
oxalatos se combinarem com o cálcio e o magnésio san- de carência por consumo de folhas (Verão) e no final Outo-
guíneos. no quando os frutos verdes (a concentração de taninos nos
frutos verdes é maior do que nos frutos mais maduros) co-
b) Cálculos renais - o aumento da concentração de oxalato
meçam a cair das árvores. Os sinais clínicos variam com a
de cálcio no sangue pode conduzir à formação de cálcu-
quantidade ingerida. Os animais deixam de comer, apare-
los nos túbulos renais. cem deprimidos e apresentam paragem ruminai. Pode ha-
O consumo moderado destas plantas permite que as bac- ver edema sub-mandibular. Posteriormente desenvolve-se
térias do rúmen consigam adaptar-se, metabolizando assim uma diarreia sanguinolenta. A necropsia revela hemorra-
os oxalatos. gias em vários órgãos e acumulação de líquido na cavidade
peritoneal. Histopatologicamente observam-se lesões de
nefrose.
Quercus suber (sobreiro) e Quercus ilex (azinheira)
As plantas do género Quercus contêm um composto, o ga-
lotanino que está presente nas folhas e nos frutos e têm
Cistus salviifolius, Cistus crispus (Sargaças, Estevinha)
uma acção tóxica no tubo digestivo e nos rins. Os galotani- As plantas do género Cistus são responsáveis pela ocorrên-
nos são hidrolisados no rúmen e transformados em com- cia de uma síndrome caracterizada por disúria, com disten-
postos de menor peso molecular tais como o ácido gálico. são da bexiga, perda de peso, fotofobia e morte. Não foi
Este composto reage com as proteínas celulares, desnatu- identificada a substância tóxica responsável por este qua-
rando-as, do que resulta a morte celular. As lesões mais gra- dro clínico.
Neste capítulo, um dos aspectos mais importantes con- No caso de se optar por tratar um animal devem ser obser-
siste na educação dos proprietários dos animais, nome- vados alguns princípios básicos durante o tratamento:
adamente no que diz respeito à identificação das plan-
1. impedir a continuação da ingestão da planta suspeita.
tas e das condições em que podem ocorrer situações de
intoxicação. 2. obter apoio de técnicos capazes de identificar plantas
tóxicas e relacionar as plantas com os sinais clínicos.
Tem sido referido o facto de animais carenciados em mine-
rais poderem ter uma maior apetência por plantas tóxicas. É 3. manutenção das funções vitais.
Ocratoxina A (OTA) Matérias-primas de rações (cevada, arroz, aveia, mi- Nefrotóxicos e hepatotóxicos: atrofia dos túbulos
lho, trigo, sorgo) nas quais se tenham desenvolvido: proximais, necrose do epitélio renal, fibrose corti-
Asp. ochraceus, Asp. melleus, Asp. sulphureus, Peni- cal intersticial; Doses mais elevadas provocam es-
cillium viridicatum, P. palitans, P. commune, P. cyclo- clerose glomerular hipoproteinémia, diminuição
pium, P. purpurecens. e P. verrucosum da actividade fagocítica e necrose de estruturas te-
cidulares linfoides.
Zearalenona (ZEA) Matérias-primas de rações (milho, cevada, aveia, tri- Hiperestrogenismo, com infertilidade, prolapso va-
go, sorgo nas quais se tenham desenvolvido: Fusa- ginal, hipertrofia mamária em fêmeas e machos; fe-
rium tricinctum, F. niva/e, F. moniliforme, F. avenaceum, minização em machos (atrofia dos testículos)
F. graminearum, F. sambucinum, F. oxysporum F. gib-
bosum e F. equiseti.
Deoxinivalenol Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Transtornos digestivos: anorexia, associada a diar-
(DON) (Vomitoxlna) -primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo, sor- reia; Hepatotóxico - inibição de síntese proteica
go) nas quais se tenham desenvolvido: F graminea- (depressão do sistema imunitário)
(Tricotecena)
rum, F culmorum e F roseum
Diminuição da produção.
Diacetoxiscirpenol Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Citotóxico e hepatotóxico inibição de síntese pro-
-primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo) nas teica (depressão do sistema imunitário)
(Tricotecena)
quais se tenham desenvolvido: F tricinctum, F equi-
Diminuição da produtividade.
seti, F roseum, F lateritium, F graminearum, F oxyspo-
rum, F sporotrichioides e F sambucinum
Toxina T2 e HT2 Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Citotóxico e hepatotóxico inibição de síntese pro-
-primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo, sor- teica (depressão do sistema imunitário)
(Tricotecena)
go) nas quais se tenham desenvolvido: F tricinctum,
Diminuição da produção.
F nivale, F culmorum, F equiseti, F lateritium, F rigi-
diusculum, F oxysporum, F sporotrichioides e F sam-
bucinum;
Nivalenol Matérias-primas de rações (milho, cevada, aveia, tri- Citotóxico e hepatotóxico inibição de síntese pro-
(Tricotecena) go, sorgo) nas quais se tenham desenvolvido: F ni- teica (depressão do sistema imunitário)
va/e, F equiseti, F /ateritium; F semitectum e F grami-
Diminuição da produção.
nearum,
Fumonisina B1 e B2 Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Inibidor da síntese da esfingomielina: Disfagia e pa-
-primas de rações (cevada, aveia, milho e trigo) nas ralisia da laringe tremores musculares falência he-
quais se tenham desenvolvido: F. verticil/ioides, F pro- pática (icterícia), edemas, hemorragias, perda de
lifera tum e F nygamai peso
ALGUMAS DAS MICOTOXINAS MAIS COMU
Autoria : Prof. Fernando Bernardo, FMV-Urn
.
. . . .
: . :
PenitremA Forragens, pastagens de gramíneas e matérias- Efeito neurotóxico, atuando sobre as células de
-primas de rações (milho, cevada, aveia, trigo, sor- Purkinje do cerebelo: tremores, hiperhestesia, opis-
(tremorgénica)
go) nas quais se tenham desenvolvido: Penicillium tótonos e convulsões tónico-clónicas; mais rara-
cyclopium, P. canescens, P. clavigerum, P. piceum e P. ni- mente lesões vasculares ulcerativas e necrosantes
gricans (eczemas faciais)
Esporodesmlna Pastagens com herbáceas frescas em climas húmi- Hepatotóxico com fotossensilização secundária:
dos e sombrios infetadas por Pithomyces chartarum perda de apetite, o animal procura as sombras,
(comum nos Açores) apresenta-se muito excitado (escoiceia a barriga,
lambe-se, coça-se, não evita os obstáculos) apre -
senta muito prurido;
..
Baseado em informação compilada de Puls (1988), NRC (2005); Suttle (2010)
Material
Alumínio 1 Tecidos moles (mg/kg) Não se >5 Não ocorre Perda de peso. Tetania, prostração
aplica (h i pofosfaté m ia/h ipo mag nesie-
mia).
Arsénio Fígado (mg/kg). Não se Tóxico agudo: 2-15 Não ocorre Ag uda - Diarreia, abdómen agu-
Rim, urina, ingesta aplica do, bruxismo, ataxia e prostração.
Tóxico crónico:
Morte súbita.
7-70
Crónica - alopecias, hiperquera-
tose, gastrite, diarreia ou consti-
pação.
Cadmio Fígado (mg/kg) Não se Tóxico agudo: Não ocorre Aborto e defeitos congénitos.
aplica aprox. 50 Emagrecimento, anorexia, alape-
cias, anemia. Tecidos queratiniza-
Tóxico crónico:
50-160 dos frágeis. Nefrotóxico
Chumbo Sangue heparinizado Não se >0,35 Não ocorre Aguda - ceg ueira, ataxia, depres-
(mg/ml) aplica são, convulsões, head-pressing,
diarreia. Aborto.
Fígado (mg/Kg) Não se >10
aplica Crónica - inapetência, dor abdo-
minai, timpanismo, perda de peso,
Leite (mg/L) Não se >0,05 redução da produção de leite.
aplica
Cobalto Soro (Vit. B12 ) (ng/L) < 0,2 Cetose, anemia, baixa Raro (dose tóxica é muito superior
produção leiteira, à normal). Infertilidade.
Fígado (Co) (mg/kg) <0,005 >5
caquexia e mau pêlo.
1nfertilidade.
Cobre Soro (mg/ml) <0,5 >4 Deficiente queratiniza- Aguda - Diarreia azulada, cólicas,
ção e mielinização ataxia, prostração e convulsões.
Fígado (mg/kg) <35 >250
(pêlo acastanhado),
Crónica - Síndrome hemolítica
Rim, fezes, sa ngue anemia, ataxia.
com anemia e hemoglobinúria.
total
Morte súbita.
Crómio Fígado (mg/kg) <0,3 6-50 (coelho) Não ocorre Gastroenterite - diarreia ou disen-
teria. Dispneia,
Ferro Soro (ferritina) (mg/ml) <3 >5 Anemia ferropriva. Muito raro. Atraso de crescimento
Fluor Osso (mg/kg) >3.000 Muito raro. Atraso de Lesões dentárias dolorosas. Colo-
crescimento. ração acastanhada dos dentes e
Dentes, urina.
ossos. Claudicações e alopecias.
Exostoses ósseas e osteoporose.
lodo Soro (mg/100 ml) <10 >200 Infertilidade, peladas, Aguda - Dispneia, hipersialia, tos-
bócio. Aborto e se e corrimento nasal e ocular.
Leite (mg/L) <8-25 >500
recém-nascidos Aborto.
debilitados
Crónica - bócio, tosse, disfagia,
infertilidade, atraso crescimento.
Manganês Sangue (µg/mL) <0,02 >0,1 Defeitos ósseos e Raro (dose tóxica muitas vezes su-
cartilaginosos - ataxia perior à normal). Lesões gastroin-
Fígado (mg/kg) <7 > 120 e crescimento testinais, sinais neurológicos, per-
retardado. Infertilidade. da de peso.
Degenerescência
testicular.
Mercúrlo2 Rim (mg/kg). Não se >50 Não se aplica. Aguda - ataxia, convulsões. lnsufi-
aplica ciência renal. Gastroenterite seve-
ra. Morte em poucos dias.
Sangue heparinizado Não se >3
(mg/ml) aplica Crónica: alopecias, diarreia, lesões
boca e dentes
NÍVEIS TÓXICOS DOS MINERAIS MAIS COMUNS E CORRESPONDENTES SIN
Baseado em informação compilada de Puls (1988), NRC (2005); Suttle (201 O)
Selénio Actividade glutatião <10 25-100 Doença do Musculo Aguda: lncoordenação, ataxia, disp-
peroxidase - sangue Branco. Miopatias e neia, diarreia, ptialismo e anemia.
heparinizado cardiopatias
Crónica: claudicações e lesões po-
(degenerescência e
Selénio - Sangue <0,008 >3,5 dais. Alopécias.
necrose). Diarreia.
heparinizado (µg/ml)
lmunodepressão. lnfer-
Fígado (mg/kg). Pêlo. <0,4 Agudo: >7 tilidade, aborto e
retenção placentária .
Crónico:> 1,25
Zinco Soro (mg/ml) <0,4 >5 Paraqueratose (pele Em adultos não ocorre. Vitelos po-
espessa e gretada), dem mostrar diarreia, poliúria,
Fígado (mg/kg). <30 >500
claudicações, edema submandibular.
Rim imunodepressão.
Anorexia e emagreci-
menta. Deficiente
queratinização das
úngulas.
1
A toxicidade é muito aumentada no caso de insuficiência renal já que o alumínio é rapidamente excretado na urina
2
Estão descritos casos de elevadas concentrações tecidulares sem sinais clínicos e por isso a intoxicação por mercúrio não deve ser feita apenas com base nos
resultados laboratoriais As lesões por toxicidade ocorrem quando se atingem os níveis de saturação.
3
A toxicidade do molibdeno depende muito dos níveis de cobre Se os níveis de cobre forem baixos a toxicidade por molibdeno ocorre a níveis mais baixos.
ANEXO 1
Este Quadro destina-se a facilitar a pesquisa de diagnósticos diferenciais baseando-se nos sinais clínicos. Aqui estão apre-
sentadas as principais situações que um clínico de campo de bovinos poderá encontrar na sua actividade, excluindo as
seguintes:
• intoxicações por plantas e micotoxinas por terem uma abordagem especifica em capítulo próprio.
Tentámos com este Quadro dar também uma noção da evolução dos sinais clínicos através da inclusão de dois símbolos.
O primeiro refere-se aos primeiros sinais (fase aguda) e o segundo àqueles sinais que ocorrem mais tarde e que caracteri-
zam a fase crónica das doenças ou, pelo contrário, indicar a possibilidade de certos sinais desaparecerem. Tentámos igual-
mente dar uma ideia da intensidade de cada sinal através do uso de cores - desde o sinal menos provável até ao sinal es-
sencial para o diagnóstico. O código é apresentado no topo da página.
li : •I
=' w
s·i.o
• • • • • • Dispneia/Tosse / l
o
• • • • • • • I Rinorreia =
~
• • • • Ptialismo I Hipersialia / .;Í
• • • • I Lesões orais "'
'is
õ)
~
@'
: : Disenteria/ Melena
: 1 : 1
l ·1 \1 1
~
\ I t
l
'
1: i
!
i
!1
1
1
1 l
1 1 i1 I
1
i 1 1 ! ! .. j
! : . 1 1 ! 1 1 1 i
1 - ·. : 1 . :j 1
I l
j
i
l
. l 11:
,· i 1
• j i i
l\ !.
1
i
1·
;
1 • •
1
.
1
i
/
1 !1
1
( • •
1 / !
1
..
1 1
1·
1 1
i :1
.
/
:
1 1 l
1
1 ! 11'
1 l
i1
1 ••
j 1 11
I i
l
1 •
1
1
1
• l
j i l "
1 i 1
1 \
1
l
1 :
\
1/ .
, \
1 1
l 1
I
- -
: 1 • • 1 • 1 1 1 1 : : ' 1 : '
• • • Dorabdominal /
• • • • • • I Abdómen agudo
e : • Tenesmo
Cegueira / Opacidade 1
• / Fotofobia /Conimentoocular
• .1•• 11 • 1 • 1 1 ..
• • • •• •1 • • 1 1
i
1 •- • Prostração/ Parésia / Ataxia
•• • •• ••••
•• ••• • •• •• • ••
••• •• J: •• • ••
•• •• ••• : Depressão/ Apatia / Letargia
1 • • l Tetania / Convulsões -
• •• •• •• Adenomagalia /Tumefacções
1 • • •• • • Qaudkação
Corrimento vaginal/
• • / Lesões vaginais
•• •• Orquite / Bolanopostite
••
•• ••
•• ••
•• 1
Alterações da urina
(induindo cow-side test)
• • • Alteração do leite
Não ocorre, ocorre acidentalmente ou surge devido a complicações; • ocorre de forma discreta; • ocorre de forma grave;• ocorre primáriamente devido à doença e, geralmente, na fase inicial desta
Primeiro símbolo - sinal ocorre na fase inicial da doença; segundo símbolo - sinal ocorre na fase tardia, crónica ou terminal da doença
.
·e;
e:
-;;;
'!ij
::,
_:;:~. i
iQ
:!!
.
e:
.ll! l.
<T
ª·S.
o
•:,.
i~ ·; si
~-~
1~-~
::,
o:: ~
,ê
.8
..a
'61 I!!
..a
.
.E õ.21
li .. i ;.!!
e:
·91.i i] j ::;;
·e:
.
e ~
o
::;;
,f
-~ e.l!i
"li!-
le 8~
::, e:
] ""'
e.-
·"'- -~
J!!
e:
~
o
. ::;;~ ·"'e i iS il
"'
Ji
__ ····--- .......--
••• •• _____________
..,
Besnoitiose • •• •• • •• • • ---
-···----- .... -----
- --------
BSE
-----, ... ----
Bócio
Brucelose
••
Bursite, hi roma ---- -···
----·--···-···
Doen a das mucosas - BVD·MD
Diarreia virai bovina - BVD
••
• • •• ••
•• ••
•• --- ...·--·--···-
--- _________ ,
Cam ilobactriose
Carbunculo hematico
•• • ••• •• --------·-
- - ---- . . -
Carbunculo slntomallco edema mali no
•• • ··---- ...·--
Carcinoma ulmonar
•• •• •• . ..... _______......
••• ••
Carra as
Cetose cllnica ·---~----"
Cetose nervosa ~
-----------
---·-- ·. ··-
Clamidlose
Enterotoxemia
• • •• •• •• •
------ •• ··---------·
------------~
Carência Cl/ ou excesso MB
•• _______ .....
Coccldlose
Contractura tendinosa
• •• •• ........ __ ______
,
_.
··--------···
Cor os estranhos no rúmen
Defeito cardlaco con enito
• ••
••
• ···------·-···....
Dermatite média do úbere ··---!----
Dermatofllose
• •
•• ••• ••• •• ••
Dermatofltíase
Deslnterla de inverno
----- ---··---
- - -··-
•••
Desl. abornaso es ~rda
--·--
Desl. à direita ou volvo abomasal
•
••
•••
••
•• ••
- -----
----- ------
•• •• • •• •• - -·--···
• •• ••
••
• • •• - -------· ------
~dema e enílsema ulmo.nar a udo
Encefallte BHV-S
• •• •• - - .- ·'"'·
---···------·
Endocardite
• •• •• ••
••
•••• • ••
Estoma1lte ulosa
---- --
Estomatite veslculosa
Fasçiolose
•• ••
•• ••
Febre aftosa
F~bre tat~rral mllli na
••
•• ••
•• •• •• -·--·- -----
~----.......... _
Febre do leite
FebreQ •• ---..·-··
_... -... ....___....__
Fí ado qordo
•• •• ----·--- .......
Fotosensibilidade
• •
• ••• ••
•• •• •• ••
____ ... ,--·---·-·
•• ~--- .... -·
·----•·"'1.-, -
ueratosedoteto/ rola sodoesfinter
• •• -----------·-·--
. . . --- --h ...._..
----~-- . ____
• •• •• • • •• ••
Não ocorre, ocorre acidentalmente ou surge devido a complicações; • ocorre de forma discreta; • ocorre de forma grave; • ocorre primáriamente devido à doença e, geralmente, na fase inicial desta
Primeiro símbolo - sinal ocorre na fase inicial da doença; segundo símbolo - sinal ocorre na fase tardia, crónica ou terminal da doença
·;.,. :a
.Ili t ..,t
jJ li li
.!Q
.!!! :s!
::,
q::
1
1 1 1 j ~
j if1- ~
1·m
':!.::
::,j
:e_
1
J ti :EJ
f
i5 ,- j
11 Q
••
•• •• ••
•
•• •• ••
•• ••••
••••
••
• •• ••
••
•• •• •
••
••
•• •• ••
•• ••
•• •
•• • • - -- ·------
• ••
•• •• •• ••
• •• •• • ••
• •• • •
• •••
• •• ••
••
•• •
•• •• • ••
•
Neos orose
Obstru .!o Tntestfpal
• • •• •• •• ••
Obmu. lio oro-farln e•esófa o
Onfallte -onfalofleblte
••
••
•• •• •• ••
Otltemédla
Flbro a illomanut~neoi
Ra ultlsmo -osteomalacla
Retlculo· rlcardlte
Salmonelose
• • ••• •• ••
•• •• • •• ••
Sarna
Seborreia flc~ural
Síndrome da vela cava cauda l
•• •• •• ••
Sinusite
Telatlose
• •• ••
Tetania da erva
Tetano
Tremor do azevém- bebedelra do Cllm o
••
Trlcomonlase
Tuberculo1e ulmoharl
• • •
Me1eotlsmo es umoso
Ulcera do abomaso n~o erfurada
••
•• •• •• • ••
llkera do abomaso êrfurada
llrolltfase
••
••• •
\faca calda
••
~
f
1
.
•
i
•
'
i i
!:•
1·
1
1·
:
1· l•
1 j
..:....
:
•
1
1
i
:
1
1
. 1
1
1
1
'
.
1
{
• :
,
'
1
,
i•
,
1
•
1
j
1
,, J ·'
,
1 '
1
1
1
•
-
• • • • 1 • • • • l • • • Alteração perfil abdominal/
• • • • • • • • • • • • • • • /Tnnapanismo ruminai
•••
• • • •
I•
• •
Dorabdominal/
I Abdómen agudo
: : • Tenesmo
• • Cegueira/ Opacidade/
• • • /R>tofobla /Conimentocxulat
1
.
•
•
• • • • • • • • • • • • 1
·-~
-
-. .
/Pa'' /•-..:.
1 : : e : : Tetania/ Convulsões
• • • • • Lesóescudneas/ Alopeâa,
• • • • • prurido, eritema, quistos
: : Adenomagalia /Tumefacçôes
• : • • : Claudicação
• Corrimento vaginal/
• • /Lesões vaginais
1 1 Orquite / Bolanopostite 1
•
•
I •
•
•
•
r •
•
I Alterações da urina
(induindo cow-side test)
• : : : • • • Alteração do leite
BIBLIOGRAFIA
Gr,md~ pan e d,,s /l()(>nÇi\6 ap1i)i!!l1t<')rJa, nc-ste llvtu podem ,~r rev1;ra5 c 111 1x1,rnc,- Di111scher AM cl ai (201 \) /\cut >pl1ase iltül!'ln res1Jo111 d11fl,1g acote ru1111nal acido-
nor nos Jrês livros genern1i51:;is (Jlu: apl e1\mrno1 abal De ,111, k11;e1maf) ha llit - sis ,n c.i11le. Uv,;1rock Sd 135 ( 1t l\2-{i
mos ainda ulyun s dos ar11gos que us~mos p,ira 11.,portdr d noSSil l, esqLllla pon:1ue ()irlrn-11 G.U, 1~94. 'lyrnp.,ny. dlsplar.er11rnt /JOI.I 10,~011 f lh • al,oma,11m ln calves:
ílp1ese11tam estu los mais ,ecentes. alJórdarn poinie11orc; 1np, 1t,,r 1t 1lô ou p~1hoge11e<515. cll,,gnos,s a11d 1reatment . llov Pract. 2(28).12CJ. l2u
mlarwnam-!e com ~1lr.u11r;iio ponug11esa Tivemos o cuidaJo de esrnllie1 o, tex tos Fect a11 G (2005) M,,nag ,m~m of l'r.rltonlti5 m Caule. Vet Clin F, ){( A11lrn 21: 155·
d tevl~o com uma abordaqern 111ai~ cllnlca e (l.im [~ ,1 ac,:,,so (e.g. internei). Ne· 171
11hum.1 dcsti1 l1ibliOCJr,1fia ~ ex ILLliva. Garry FB (2009) Rumen lndigestion and Putrefaction ln: Food Animal Practice 5.•
edição, pp: 20-23
GENERALISTA Stilwell Gerai (2001) Atresia coli em vitelos. Medicina Veterinária. 53: 27-32.
Large Animal lnt 111,11Merllcine (20Clll) l:dllo1 ; S111Jtl1 BP. ,1.• úflç,lo. Mosby Stilwell G (2002) Volvulo Abomasal em Vitelos. Revista Portuguesa de Ciências Vete-
Rebhun's Diseases of Oalry c~ ttle l200S) Ec1,1ora D.vers TJ, rce, sr. 2 • Ctll,;-ào. O.levler. rinárias. 97 (541 ): 47-48.
Veterinary Medlcl11 : /\ textbook ol 1h dl1ease~ ol c:a,tlc, t,orses. she,:,p, pig,: and Wang Y er ai (2012) Frothy bloat in ruminants: Cause, occurrence, and mitigation
goats (2007) Fdltore<.: lladostl ~ O, G~y e , l llnchcllfr KW, Conmble l'D I O.' Edi- strategies. Animal Feed Science and Technology 172 (1-2): 103-114
ção. Elsevier.
00 Nr A ( U· 0 H TIJMEFACÇôU ORAIS
EXAME CLINICO cl ' Sant'Ana F M ai (2012) Uqvníe p,1p~1lnr stornarl1ls ijffecting dairy cows and milkers
Constable PD (2004) Clinical examinatlon of the ruminant nervous system. Vet Clin ln rnldwe tem llra,11 1V•101.ign lnvest. , 4t2):4•12-S.
Food Anirn 20: 185-214 11essma11 B[ etol ()012) Ac.1,1tr bovlne vlrnl cl\drrhe.1 asro( iated with extensive muco-
Jackson PGG & Cockcroft PD (2002) Clinical Examination of Farrn Animais Blackwell sal leslnn~ hlqh 111orbidl1y. ,.1nd 111011~ll1y ln a cornrn rcial feedlot. JVet Diagn ln-
Science. vesl.24(2): Jl)~·40t\.
Scon l'H ( 19~5}'\bo coll !C\Jon and analysl, of ,:~r~b1osp\n,1I fluld as an aid to diagno- Roussel Jr. AJ (2009) Actinomycosis and Actinobacillosis Food Animal Practice 5.•
1ls ln ru 111ln.,q1 rJ<'W(Jl<:>çJfCal rJk afü llrltl sh v,,, J11,11 nal. 15 1: 603-614. edição. Pp: 6-8
Stilv.t •II G (2004) Anal1se5 sanuulneas em l~ivínos: aspcc10~ práticos. Hemograrna e Stilwell Gerai (2006) Características clínicas e epidemiológicas de um surto de Do-
b1oc1u!rnlca. V. Lerlnary Medl<\nP ti (32): 34-'11 ença das Mucosas no Alentejo. Veterinary Medicine. 8: 28-36
Abcesso 23, 24, 65,100, 102-103, 115-11 6, 129,147, Bruce/la spp. 220 Dermatofilose 168
150, 167 Brucelose 220-22 1, 263 Dermatophifus congolensis 168
hepático 58, 64. 127-128, 214-215 Bursite 266-267 Dermatose eoslnofilica 168
peritoneal 64, 83, 86, 90. 191 , 214-215 BVD 55-57, 72, 110, 11 6, 150, 158, 180, 183,205,2 19, Desidratação 15, 17, 23, 35, 38, 39, 51-54, 64, 65, 67,
podal 249,250, 259-260 232,290 72, 74, 77-84, 89, 9 1, 95, 96. 110, 164,210,213,262,
Abdómen BVD-MD 24, 70, 105-107, 123 271, 278
abdominocentese 44, 81, 84,92, 94, 191 PI 55, 56, 105, 11 6 Diarreia neonatal 51-55
ava liação perfil 14 Cadmio 308 Diarreia Virai Bovina ver BVD
dor abdominal 13, 20, 34, 52, 65, 68, 70, 78, 81, 84, Cálcio 20, 33, 42, 45, 65, 79, 80, 135- 137, 140, 150,206, Dlctyocau/us viviparus 113,129
90, 91, 93, 95-96, 150,191,206,281,299 212, 263,270,283,286,291, 298,303, Digita/is purpurea 298
exame esq 17-18 Campylobacter fetus 232 Disenteria de Inverno 66-67
exame dir 20-21 Carbúnculo hemático 96,233, 234-235, Dlstócias 11 , 83,240, 282-284, 290
Abomaso Carbúnculo sintomático 165- 166, 240 Distrofia muscular 40
abomasite 69, 95 Carraças (lxodidiae) 196,197,206 Distrofia Muscular Enzoótlca 18, 26, 130, 240,270-
deslocamento à direila 21, 77-79, 210 Cavidade bocal (exame) 24-25, 99. 101, 102, 103,104, 271
deslocamento à esq uerda 18,200, 209-211 106, 166, 299 Disúrla 93, 96,279, 299.303
impactação 91, 92, 95 Ceco Doença da Linha Branca 249-250
timpanismo 14, 58, 65, 84, 88, 91, 95,105,111 , 136, dilatação 80-83 Doença de Johnes ver Paratuberculose
138, 143, 150,236,301 exame 74 Doença das Mucosas ver BVD
úlcera 20, 67-69, 72, 83, 84, 106,206,215,236,300 Celulite ver bursite Doença do Rim Polposo 240
volvo 21, 77-79, 210 Cetose Doença do Músculo Branco ver Distrofia muscular
Aborto 56, 72, 123,137,219, 220-23 1, 232,238 clínica 16, 25, 37, 136,2 10, 212-2 14, 283 enzoótica
Acido cianfdrico 141-142 nervosa 14, 18, 26, 149, 213 Doença Respiratória Bovina (DRB) 45, 56, 66, 110-
Acidos gordos livres ver NEFA subcllnica 58, 212-2 14, 283,290 115, 116,122,123,147,149
Acldose metabólica 18, 40.51-52, 70, 78, 79, 8 1 Chumbo 150, 183,274,308 Dupla sola ver Fal sa Sola
Acldose ruminai ver Rúmen Cistite 15, 93, 96
Acromotriquia 168 Cistus spp. 303 E. cofi 96, 144, 145, 240, 268
Actinobacil/us ligllieresii IO1 Clamidiose 23 1 enterotoxinogenico (ETEC) 51, 52, 54,205,240
Actinobacilose 24, 101-102, 130 Claviceps paspali 150, 307 enterohemorragico 51
Actinomicose 24. 99- 100, 268 Cloaca 286 enteropatogenico 51
Actinomyces bovis 99 Cloro 41, 45, 54, 92 Edema e enfisema pulmonar agudo 117-119
Albumina 34, 38, 46, 65, C/ostridium botulinum 133 Edema maligno 20, 24, 165-166
Alcalose metabólica 40, 41, 70,78, 82, 84, 92, 95, 211 Clostridium chauvoei 187 Edema submandibular 60, 62, 64, 65,190, 217,303
Alergia 37, 75 C/ostridium haemofyticum 15, 206 Ehrllchiose 205
ao leite 37, 161, 168 C/ostridium perfringens 68, 70, 95,236,237, 240 Eimerla spp. 73
respiratória 119, 129, 130 Clostridium sordelill Electricidade estática 240
Alliumspp 299 Clostridlum spp. 52,165, 205,273 Encefalite45, 112,137,144,145,149,150,226
Alopecia 154, 156, 157, 161, 162, 163, 168 Coagulação lntravascular Encefalite trombo -embóllca 149
Alopecia idiopática 161-162 Disseminada (CID) 22, 37, 38, 11 9, 126,165, 198,205, Encefalopatia espongiforme bovina (BSE) 63, 149
Alumlnio 308 240,208 Endotoxemia ver toxémia
Alveolite fibrosante 118 Cobalto 198,308 Endocardite bacteriana 20, 65, 127, 187-189, 192,
Alveolite proliferante 119 Cobre 76, 168, 206, 240, 263, 308 226, 256
Amlloidose 15, 63-65, 149 Coccidiose 73-75 Enflsema pulmonar 18. 11 7, 118, 119, 120, 129, 223
Anap/asma margina/e 195, 199 Cólicas ver Abdóme n, dor Enflsema subcutâneo 18, 19, 111, 118, 119, 121, 165,
Anaplasmose 195-1 97 Condição corporal (Avaliação) 13 236
Anemia 16, 18, 19, 35. 65, 68,69,70, 74, 76, 84, 127, 160, Conium macufatum 30 1 Enterotoxemia 76, 96, 235-237
195-205, 206,216,299 Conjuntivite 22, 12 1, 123, 125, 179, 182, 183, 227 Eosinófilos 37, 47
Anticoagulantes (uso) 33 Células somáticas 11 , 44 Epislotomia 286
Arsénio 308 Contracções ruminais ver Rúmen Equ/setum arvenses 302
Artrite interfalângica 259-260 Contractura tendinosa 271-273 Erltrócitos 33, 35, 4 7, 93, 196, 200, 229
Artropatia 263-265 corpufmonafe 11 6,1 18,127,130 Erosão do bolbo 252,255
Artrose 263, 264, 265 Coração Esffncter do teto (prolapso) 21, 174-175
Ascaris suum 129 defei tos congénitos 192-193, 193 Espinhal medula 27, 30-31, 144,301
Aspartato aminotransferase (AST) 34, 40, 47 exame 19-20 Estomatite 102,103, 107
Astragafus fusitanicum 302 valvulas cardíacas 19, 20, 187, 189, 192 papulosa 24, 103-104
Atresia coli 96 Coriza gangrenosa ver Febre Ca tarral Maligna vesiculosa 107
Corkscrew claw 254-255 Estrabismo 22, 27, 28, 30, 146, 148, 183
Babesiaspp. 15, 197, 199 Coronavirus 51 -55, 66, 11 O, 130 Euphorbia spp 300
Babesiose 197-198 Creatinina 34, 39, 65, 93, 94 Excesso de base 34, 41
Bacillus anthracis 234 Creatinofosfoquinase (CPK) 34, 40, 270 Exoftalmia 111, 183,225
Bebedeira do campo 150 Crómio 308 Exostose 254,265, 273
Benzoars (tricoe fito) 68, 80, 83, 95 Cryptosporidium parvum 51-55
Besnoitia besnoiti 153 Culicoides 227, 228 Falsa sola 246,247,252
Besnoitiose 153-155 Faringite 102, 129
Bicarbonato 40. 41.52, 53, 54, 59, 69, 90, 139 Datura stramonium 302 Fascio/a hepatica 65, 206, 216
Bilirrubina 39 Dentes 24, 100, 101 , 102, 107, 163,218,264,273 Fasciolose 216-2 17
Bócio 65, 167 ranger 13, 20, 24, 96, 111, 123. 138, 145, 188, 201, Febre Aftosa 24, 107, 177
Bolanopostite 122 146, 260, 290 Febre Catarral Maligna 22, 76, 107, 125-126, 150. 1771
Botullsmo 19, 23, 133-135 Dermatite 16,173,300 183
Brassica spp. 119, 299 Dermatite digital 26, 257 Febre do Leite 135-137, 139, 200, 21 O, 277, 286,
BRSV 18,110, 120-1 22, 129 Dermatite medial do úbere 167 Febre Q 229-230
Ferro 308 organofosforados 22, 30, 118, 143-144, 157,161, Mycaplasma mycoides ver peripneumonia contagiosa
Feru/a commun/5 299 198,206
Fezes (exame) 16 plantas ver por espécie Necrobacllose 19, 24, 25, 102-103, 129, 130
Flbrinogénlo 38, 46 ptaquilósido ver Pteridium NEFA 34. 58,200,201,212,213
Fibropapiloma cutâneo (BPVl e BPV2) 159-160 Ureia 150 Neoplasia 65, 95, 129, 204
Fígado lodo 100,167,308 carcinoma ocular 181-183
insuficiência hepática 39, 163,164,215,216,240 lritebovlna 137, 180,183 carcinoma pulmonar 117, 128, 129
esteatose hepática 200-202 osso 100
hepatite 65 Jejunite hemorrágica 70-71, 236,240 Neospora spp. 145,153,225,
Filoeritrina 163 Neosporose 149,219.223. 225-226
Fissura longitudinal (úngula) 253-254 L-ldltol dehldrogenase 40 Nerlum o/eander 298
Fissura transversal (úngula) 253 Lacerações obstétrkas l u, Ili;, 280,283, 285-286 Nervos
Fluidoterapia 54 Lactato Dehldrogenase (LDI I) 40, 47 ciático 31,274,288.292, 293,294
Fluor 308 Lacrobac/1/us 58, 117, 118, cranianos 27, 28, 29, 30, 138, 147
Fome65 Lamlnlte 13,S7, ',a,91.J, 1.i,i. 145-247, 249,250,251 obturador 31, 136, 288
Fósforo 34, 42, 94, 133, 203, 206 Lanrona spp. 301 peroneal 32,274,288, 293,294,394
Fossas nasais (exame) 23 Lavagem bronco-alveolnr 45, 112, 113, 117, 121 radial 274
Fotosensibllidade 163-164, 307 Leptos/)/ra spp. 15, 2ll, ,.21 tibial 394
Fracturas 273,294 leprosplra llordjo ni. 22•1 Neutrofllia36,84, 117,128,189,191,262,
Fusobacterlum necrophorum 84, 102, 115, 127, 166, Lep1osplrose •10, 20t,, 219,222 224 Neutrófilos 36, 47, 55, 70, 112, 144, 180, 220, 262, 290
167, 214, 215, 256, 268, 290 leucócltos 16, 2H, ló, •14,-45, 4/, bl. 72. 85, 145, 191, Neutropenla 36, 70, 72, 84,201
199, 220, 265, 290 Nitrogénio sangulneo (BUN) 39, 47
Gastrocnémlo ver Ruptura Leucocltose36,78,84,92, 117,128,145,189,191,214,
Globulinas 38 223,262, Obstrução Intestinal 80-83
Glucose 37 Linfócitos 36,47. 139, 179, 199 Oenhante cracata 301
Golpe de Calor 205 Linfonodos Olho (exame) 22
adenopatia generalizada 72, 126, 129, 199, 234 Onfallte 21 , 83, 144,167,215,262
Helmintes gastrointestinals cabeça 25, 101, 129, 130, 154. 182 Orelha (exame) 23
Cooperia 59, 60 mesentéricos 21, 53, 61, 62, 72 Orqulte 16, 154, 220,
Haemonchus 59, 60,206 pré-escapular 20 Osteomalacla 273
Nematodirus 59, 60 retromamários 17 Osteomiellte 38, 99, 248, 251, 259, 261, 262. 263, 268·
Ostertagia 59, 60 Llnfosarcoma 68, 130 269,273
Toxacara 59 Língua Azul 107, 227-228 Otlte 23, 27, 29, 111. 112, 139, 147-149
Trichostrongylus 59-60 Língua-de-pau ver actinobacilose
Hematócrito 35 Líquido cefalo-raquidlano 27, 29, 139, 140, 144, 145, Panarlcio Interdigital 26, 256, 258, 259, 260,
Hemiplegla 23, 29, 138, 149 146,223 Papllomatose teto (BHV5, 8HV6) 175-176
Hemoglobina Corpuscular Média 36 Lister/a monocytogenes 29, 137, 138, 183,232 Papel 14, 70, 91
Hemogloblnúrla bacilar 206 Listeriose 14, 23, 28, 137-139, 147,148,232 Paralisia do parto 288-289, 292
Hemogloblnúria pós-parto 206 luplnus spp 302 Paraqueratose 158. 168, 215, 218
Hemólise 34 Luxação coxo-femural 273, 294, 296 Paratuberculose 38, 49, 60·63, 217
Hemorragia 206,240 Luxação sacro-ilíaca 294 Pasteurellamultoclda 56, 110-115, 147,
Hérnia umblllcal 167 Pedlculose 155, 160-161 ,206
Hérnia traumática 167 Magnésio 42, 45, 79, 80,140, 206, 263, 303 Peripneumonia contagiosa 129
Herpesvfrus Mamilltls 177 Peritonite 15, 18, 19, 20, 22, 36, 38, 44, 65, 68, 78, 80, 81,
BHV-1 11 O, 122. 123, 150, 232 Manganês 263, 309 82. 83·86, 91, 92, 187,191,215,240,262,263.285, 286
BHV-5 122, 150 Mannheimiohaemalyt/ca 19,20,56, 109, 110-115, 147 Persistentemente lnfectado ver BVD
Ov-HV2 125 Mastite 11, 49, 65, 68, 137, 138, 173, 174, 175, 176, 177, Peste Bovina 76, 107
5HV-1 (Doença de Aujesky) ver Pseudo-raiva 200,205,223,23 1.232, 240 Phytolacca americana 300
Hidroalantoide 278 Mastltes subclínicas 21, 44, 209,218,229 Picacismo 27, 75, 84, 133
Hldroamnlos 278 Megaesófago 92, 95 Ping 18, 21, 70, 78, 81, 95,209,210, 211
Hlgroma ver bursite Melena 68, 69, 70, 127 Pithamyces chortarum 163, 307
Hlpercalémla 52 Melilotus spp. 299 Plaquetas 37, 47, 187
Hiperplasla Interdigital verTiloma Meninglte14,26,44,45,72, 144·145, 149,150,215,262 Pneumonia aspiratlva (falso trajecto) 28,11 7, 130,240
Hiperqueratose do tetol 74-175 Menlngoencefalite ver Encefalite Pneumonia intersticial 19, 113. 118, 119, 120
Hipocalcémla (ver lb Febre do leite) 14, 18, 19, 22, 23, Mercurlalls perennis 299 Pneumonia Intersticial Virai ver BR5V
25, 26, 96, 135, 139,179,210,212,213,290,292,303 Mercúrio 309 Pneumonia Supurativa Crónica 112, 115· 117
Hlpocalémla 40, 70, 78, 82, 92,211,292 Meteorismo espumoso ver Rúmen Pneumonia vermlnosa 113. 129
Hipoclorémla 40, 70, 78, 82, 92, 93, 95,211 Metrlte 22, 72, 83, 123, 187, 188,220, 278,285, 290-291 Pollartrlte séptica 145,215, 261-263
Hlpodermatose 168 Mlcotoxlnas 75, 119, 150, 232 Polloencefalomalacla 146· 147, 183, 213
Hipoglicémia 51, 52,150,211,213 Aflatoxina B1 306 Potássio 33. 34, 41 . 54, 100, 139
Hipomagnesiemia 14,26,44, 136, 139,303 Diacetoxiscirpenol 306 Prolapso uterino 206, 286·287
Hlpotrlcose 168 Ergotamina 150, 307 Prolapso vaginal 279-280, 306
Histophillussomnl 110-112, 147, 149, 183 Ergotoxina 150, 307 Protelnas totais 38, 46, 84, 90, 11 7, 191
Hypericum perforatum 300 Esporodesmina 163-164, 307 Pseudo-ralva 150
Hypoderma bovis 168 Fumonisina 306 Pseudovarlola 103, 177
Nivalenol 306 Pterldlum aquilinum 129, 146, 203, 204, 298
IBR 14, 16, 19,22,23, 107,112,121, 122-1 24, 150,177, Ocratoxina A 306 Pulmão (exame) 18
180, 183, 232 Penitrem A 307 Punção lombar 44-45
lctiose 168 Toxina T2 e HT2 306 Punção por Agulha Fina 43,201
lmpactação abomasal ver Abomaso Vomitoxina 306
lmpactação omasal 95 Zearalenona 306 Queratoconjuntlvlte Infecciosa 123, 179· 18 I, 231
lmpactação ruminai ver Rúmen Mkroftalmia 183 Quercus spp. 303
lmpetigo 156, 173 Mídrlase 22, 28, 143 Quisto dermóide 183
lmunoglobulina - lgG 46 Mllases 130, 154, 167, 182
lmunoglobullna-lgA 111, 180, Miose 22, 30, 143 Rácio Albumina/Globulina 39, 45
Indigestão simples 75, 78, 88, 134, 213, 252 Miosite 226,273 Raiva 29, 150
Indigestão vagai 14, 19, 38, 42, 70, 77, 84, 88, 90-92, Molibdeno 76, 168, 309 Ronuncu/us spp. 299
210,215,278 Monócltos37, 47, 139, 189,199,229 Raquitismo 271,273
Intoxicação Moraxel/a bovls 179, 180 Reacção anafiláctlca 37,75, 119, 142, 144, 163, 168, 240
água fria 206 Mycobacterlum avium sub. poratubercu/osis Refractómetro 45. 46
fungos ver micotoxinas 61,62 Relâmpagos 166, 233, 235, 236, 238, 240
minerais ver por mineral Mycobacterium bov/s 129 Respiração (exame) 18
nitratos 141,142,232, 238-239, 297,298,299,301, Mycop/asma spp. 110-115, 147, 149, 187, 232, 261. Retenção placentária 11,123,220,223,232,270,277,
302,303 262, 263, 265 278, 289, 290-291
Reticulo-pericardite 84, 190 Senecio jacobea 300 Trichophyton verrucosum 157
Retlculoperitonite 36, 84, 100, 187, 190, 215, Septicemia 16, 22. 72, 138, 144, 145, 183, 204, 205, Tricofltíase 156, 157-158, 159, 162, 163
Ricinus communis 300 215, 22 3,232,233,240,262,270,290 Triptofano 11 7, 11 8, 11 9
Rim Setario spp 300 Tritrichomomas foetus 232
pielonefrite 15, 65, 92, 93, 96, 206 Silagem 11 , 59, 75, 138, 139, 164,1 83, 213,297, 300, Trueperella (Actinomyces)
glomeru lonefrite 15, 65, 206 302,303 pyogenes 84, 11 2, 11 5, 11 6, 11 7, 127, 167, 187, 214,
insuficiência 15, 39, 40, 41 , 42, 55, 64, 205,234, 302 Síndrome Edema Traqueal 129 232, 268, 290
Rlnotraqueíte Infecciosa ver IBR Síndrome hemolítica 223, 236, Tuberculose 64, 129
Rotavirus 5 1, 52, 54, 55 Síndrome hemorrágica 56, 57,204,205, 299
Ruptura muscular 273, 288,292, 293 Síndrome Vaca Caída 15, 40, 274, 288, 292-295 úbere {exame) 16
Ruptura gastrocnémlo 294 Síndrome Veia Cava Posterior 58, 127- 128, 206, 215 úlcera da pinça 250-25 1
Rúmen Síndrome Vestibular 23, 29, 111, 147-149 Úlcera da sola 24 7-249, 252,255,259,
acidose 15, 38, 40, 43, 57-58, 73, 75, 1 18, 11 9, 127, Sinusite 130 úlcera do abomaso ver Abomaso
128, 138, 146, 161, \ 83,2 15,245,252,271 Sistema Nervoso Autónomo {exame) 30 Umbigo {exame) 21, 145,167, 215,261
acid ose aguda 88, 89-90, 240 Sistema Nervoso Central {exame) 26-30 Úngula em parafuso ver Corkscrew claw
contracções 17 Sistema Nervoso Periférico {exame) 27, 31-32 úraco persistente 80
estratificação 18 Sódio 33, 4 1, 52-54, 69, 90, 92, 100, 140, 158, 271 Urina
exam e 17-1 8 So/anum nigrum 302 acidúria 15, 78, 211
hiperqueratose ruminai 218 Sopro 19,88,91, 127,1 87, 188, 192 cetonúria 15, 78, 149, 211
impactação 95 Sorbltol Dehidrogenase ver L-iditol dehidrogenase densidade 15
meteorismo espumoso 58, 87-89, 92,240 Sorghum spp. 140, 298, 30 1 glicosúria 15, 79, 206
replecção 17 Sorgo 140, 14 1, 232, 238, 301, 303, 306, 307 hematúria 15, 96, 203, 204, 206, 299
rumi nite 57, 83, 127, 187,2 15, 245 Sulfato de cobre 25 2,258 hemoglobinúria 15, 198, 204, 206, 216, 223, 236,
ru minocentese 43, 58, 95, 21 \ 299
Síndrome do Rúm en Vazio 18,211 Tarsite ver bursite leucócitos 16
timpanismo gasoso 14, 18, 28, 58,65,68, 70, 75, 8 1, Taxus bacata 298 nitritos 16
84, 87, 88, 90, 91.93, 95, 100, \05, 11 \, 11 8, 130, Teileriose 199-200 proteinúria 15, 64, 65, 206
134, 136, 138, 143, 150, 204, 236, 30 1 Temperatura rectal {avaliação) 17 Urolitíase 39, 42, 92-94, 147
Teste Californiano de Mastites I O, 21, 44, 218
Salmonelose 72-73, 130, 232, Tetania da erva vertb hipomagnesiem ia 139- 140 Vacina de mãe 55, 67, 73
Salmone/la dublin 72. 95,232,268,269,273 Tétano %, 150 Vagina (exame) 16, 21
Salmonella enteritidis 72 Theileria spp. 199, 200 Varíola 177
Salmonella typhimurium 72, 95 The/azia spp. 22, 180, 183 Virus Sinciclal ver 8RSV
Sarcocistose 37, 232 Tiloma 256, 258-259 Vitamina A 23, 73, 94, 95, 158, 164, 183
Sarnas Timpanismo ver Rúmen Vitamina Bl {tiamina) 23, 146, 147, 183,274,289, 294
corioptica 156-1 57 Tórax {exame) 19 Vitamina D 42, 137,265, 273,
ps orotica 156- 157 Torção uterina 96, 280-28 1, 282 Vitamina E 18,73, 95, 11 5, 130, 218, 240, 270, 27 1, 289,
sarcoptica 156- 157 Toxemia inc/. Entotoxemia 14, 16, 19, 22, 36, 37, 70, 81 , 290,29 1
Seborreia flexural 167 84, 112,121,205, 206, 2\0, 212, 232,236,237, 240, Volume Corpuscular Médio (VCM) 35, 47
Seios (exame) 24 253, 268,281 ,287,290, 291 Vulva (exame) 16
Selénio {ca rência) 18, 11 5, 130,2 18,270 -27 \,289,290, Toxoplasmose 232
29 1, 302, 309 Tremor do azevém ver Micotoxina, ergotam lna Zinco 163, 164, 167, 168,245, 254,309