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TJ/SP
COORDENAÇÃO
Henrique Correia
AUTORES
Alan Martins, Danilo da Cunha Sousa,
Duda Nogueira, Emannuelle Gouveia,
Luciano Alves Rossato, Marcelo Sbicca,
Paulo Lépore, Rodolfo Gracioli.
2017
Dicas
ATENÇÃO!
Além do funcionário poder ser, em qualquer caso, acionista, quotista ou comanditário de empresas (art. 243,
VI, parte final), não está compreendida na proibição dos itens II e VI do artigo 243 a participação do funcionário
em sociedades em que o Estado seja acionista, bem assim na direção ou gerência de cooperativas e associa-
ções de classe, ou como seu sócio (art. 243, parágrafo único. Completa-se com isso o quadro das proibições do
servidor em relação a vínculos com empresas, que pode ser exposto da seguinte forma:
Espécie de vínculo Empresas abrangidas Relações com o Governo Proibido (ou não)
empresas bancárias, indus- comerciais ou
gerência ou administração proibido
triais ou comerciais administrativas
em matéria que se rela-
empresas, estabelecimen-
emprego ou função cione com a finalidade da Proibido
tos ou instituições
repartição ou serviço
empresas, estabelecimen-
emprego ou função Não
tos ou instituições
acionista, quotista ou empresas bancárias, indus-
Não
comanditário triais ou comerciais
sociedades em que o
participação Não
Estado for acionista
cooperativas e associações
sócio, direção ou gerência Não
de classe
não podendo exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nessas condições. Essa ressalva
relativa às funções de confiança e livre escolha, contraria a Súmula Vinculante nº 13 do
STF (vedação ao nepotismo ou nomeação de parentes), porém, mesmo assim, deverá ser
considerada correta em qualquer alternativa de que venha a constar em questões de prova
cujo enunciado mencione a Lei 10.261/68.
Proibição de incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabotagem: essa
proibição não foi totalmente recepcionada pela Constituição de 1988, cujo artigo 37, inciso
VII garante ao servidor público o direito de greve, nos termos da lei. Então, é compatível
com a constituição em vigor apenas a proibição de praticar atos de sabotagem. Todavia,
mais uma vez, fica o alerta para que sejam assinaladas corretas alternativas que respondam
a enunciados sobre o texto literal do Estatuto Paulista, afirmando que, de acordo com a Lei
10.261/68, e proibido incitar greves ou a elas aderir.
Proibição de fundar sindicatos de funcionários ou deles fazer parte: mais uma proibi-
ção não recepcionada pela Constituição de 1988, que estabelece ser livre a associação sindi-
cal ao servidor público civil (CF, art. 37, VI). Novamente, porém, fica o alerta para, ainda assim,
considerar corretas alternativas de questões a respeito do texto literal da Lei 10.261/68.
Responsabilidades:
Na sistemática da Lei 10.261/68, de maneira geral, o servidor público é responsável
por todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou
culpa, devidamente apurados (art. 245)
Será igualmente responsabilizado o funcionário que, fora dos casos expressamente pre-
vistos nas leis, regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições o
desempenho de encargos que lhe competirem ou aos seus subordinados (Lei 10.261/68,
art. 249)
Além de tratar da responsabilidade de modo geral, o Estatuto também veicula um rol
exemplicativo no parágrafo único do artigo 245, ao dispor que se caracteriza especial-
mente a responsabilidade nas seguintes situações: I - pela sonegação de valores e obje-
tos confiados à sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou por não as
tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos, instruções e
ordens de serviço; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que sofrerem
os bens e os materiais sob sua guarda ou sujeitos a seu exame ou fiscalização; III - pela falta
ou inexatidão das necessárias averbações nas notas de despacho, guias e outros documen-
tos da receita ou que tenham com eles relação; e IV - por qualquer erro de cálculo ou redu-
ção contra a Fazenda Estadual.
O artigo 248, parágrafo único do Estatuto, prevê que, para o caso de erro de cálculo
ou redução contra a Fazenda Estadual, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de
repreensão e, na reincidência, a de sus- pensão. Aí já fica implícito que, quando houver
má-fé, a pena poderá ser mais severa (demissão, por exemplo).
A forma de reparação, nos casos de indenização à Fazenda Estadual, varia de acordo
com a espécie de dano (arts. 247 e 248):
Direito Administrativo 385
ATENÇÃO!
Quando o legislador estabelece que o desconto não poderá ultrapassar 10% do vencimento ou remuneração
do servidor, não está prevendo que o servidor cará exonerado de pagar o que exceder esse percentual. Nesses
casos, o servidor terá uma importância descontada mês a mês de seu contra-cheque, no limite de 10%, até que
esses descontos mensais sejam suficientes para cobrir o prejuízo causado. Nesse sentido, tem-se o disposto no
artigo 111 do Estatuto, que expressamente menciona “parcelas mensais não excedentes da décima parte do
vencimento ou remuneração”.
Nos parágrafos do artigo 250, que foram introduzidos no Esta- tuto pela Lei Comple-
mentar 942/2003, depois de estabelecer que a responsabilidade administrativa é indepen-
dente da civil e da criminal (§ 1º), o legislador implementa disposições que dizem respeito
especificamente à responsabilidade administrativa disciplinar (§§ 2º e 3º).
O mesmo não vai ocorrer em outras hipóteses, como de absolvição por insuficiência de
provas, haja vista a independência entre as esferas administrativa e penal, como ampla-
mente reconhecido na jurisprudência (TJSP – Apelação / Reexame Necessário 0160661-12
– 2ª Câmara de Direito Público – Rel. Des. Samuel Júnior – Julg. 09/11/2010) e demonstrado
no quadro abaixo:
ATENÇÃO!
Deverão constar do assentamento individual do funcionário todas as penas que lhe forem impostas (Lei
10.261/68, art. 263
Como se vê, a rigor, as penas disciplinares estão graduadas na Lei 10.261/68, segundo
a gravidade de cada infração, partindo de mera repreensão e podendo chegar a demissão
a bem do serviço público ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Essa gradação
legal encontra-se consolidada no quadro abaixo:
Penalidade Infrações
Repreensão indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres
Suspensão até
será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência
90 dias
conversão de suspensão em multa ou na forma e nos casos expressamente previstos
Multa
em lei ou regulamento
I – abandono de cargo; II – procedimento irregular, de natureza grave; III – ineficiên-
cia no serviço; IV – aplicação indevida de dinheiros públicos; e V – ausência ao ser-
Demissão
viço, sem causa justificável, por mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente,
durante 1 (um) ano (art. 256).
Funcionário que: I – for convencido de incontinência pública e escandalosa e de
vício de jogos proibidos; II – praticar ato definido como crime contra a administração
pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis relativas à segurança
e à defesa nacional; III – revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do
cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o Estado ou particulares;
IV – praticar insubordinação grave; V – praticar, em serviço, ofensas físicas contra
funcionários ou particulares, salvo se em legítima defesa; VI – lesar o patrimônio ou
os cofres públicos; VII – receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou van-
Demissão a bem do tagens de qualquer espécie, diretamente ou por intermédio de outrem, ainda que
serviço público fora de suas funções mas em razão delas; VIII – pedir, por empréstimo, dinheiro ou
quaisquer valores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na repartição, ou
estejam sujeitos à sua fiscalização; IX – exercer advocacia administrativa; X – apre-
sentar com dolo declaração falsa em matéria de salário-família, sem prejuízo da res-
ponsabilidade civil e de procedimento criminal que no caso couber; XI – praticar ato
definido como crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
e terrorismo; XII – praticar ato definido como crime contra o Sistema Financeiro ou
de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores; XIII – praticar ato definido em
lei como de improbidade (art. 257).
Inativo que: I – praticou, quando em atividade, falta grave para a qual é cominada
Cassação de nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do serviço público; II – aceitou
aposentadoria ou ilegalmente cargo ou função pública; III – aceitou representação de Estado estran-
disponibilidade geiro sem prévia autorização do Presidente da República; e IV – praticou a usura em
qualquer de suas formas (art. 259).
• Repreensão: será aplicada por escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cumpri-
mento dos deveres (art. 253).
• Suspensão: não excederá 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave
ou de reincidência (art. 254). O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e
direitos decorrentes do exercício do cargo (art. 254, § 1º).
• Conversão de suspensão em multa: a autoridade que aplicar a pena de suspensão
poderá converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cinquenta por cento)
Direito Administrativo 387
ATENÇÃO!
Nos termos do artigo 258 do Estatuto, o ato que demitir o funcionário mencionará sempre a disposição legal
em que se fundamenta.
O funcionário que, sem justa causa, deixar de atender a qualquer exigência para cujo
cumprimento seja marcado prazo certo terá suspenso o pagamento de seu vencimento ou
remuneração até que satisfaça essa exigência, medida que também se aplica aos aposen-
tados ou em disponibilidade o disposto neste artigo (art. 262).
Para aplicação das penalidades disciplinares são competentes: I – o Governador; II
– os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e os Superintendentes de Autar-
quia; III – os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; IV – os Coordenadores, até a de sus-
pensão limitada a 60 (sessenta) dias; e V – os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
suspensão limitada a 30 (trinta) dias (Lei 10.261/68, art. 260).
Se houver mais de um infrator e diversidade de sanções, a competência será da auto-
ridade responsável pela imposição da penalidade mais grave (art. 260, parágrafo único).
388 Revisão Final – TJ/SP
Por outro lado, extingue-se a punibilidade pela prescrição, cujos prazos variam
segundo a penalidade a ser aplicada, previstos no artigo 261 do Estatuto, quais sejam:
A princípio, essa apuração deverá ser concluída no prazo de 30 (trinta) dias (art. 265,
§ 1º). Mas, caso não concluída nesse prazo, a autoridade deverá imediatamente encami-
nhar ao Chefe de Gabinete relatório das diligências realizadas e definir o tempo neces-
sário para o término dos trabalhos (art. 265, § 2º).
Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar fundamentadamente
pelo arquivamento ou pela instauração de sindicância ou de processo administrativo
(art. 265, § 3º).
Determinada a instauração de sindicância ou processo administrativo, ou, no seu
curso, havendo conveniência para a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabi-
nete, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências:
I – afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar a moralidade admi-
nistrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180
(cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período;
II – designação do servidor acusado para o exercício de atividades exclusivamente
burocráticas até decisão final do procedimento;
III – recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas;
IV – proibição do porte de armas;
V – comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabelecida, para tomar
ciência dos atos do procedimento (Lei 10.261/68, art. 266).
ATENÇÃO!
O período de afastamento preventivo computa-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena
de suspensão eventualmente aplicada.
- Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, Lei 10.261/68, Título VIII, Capítulos I, II, III,
IV, V e VI, artigos. 268 a 321.
Apuração preliminar
Sindicância:
São competentes para determinar a instauração de sindicância as autoridades enu-
meradas no artigo 260, ou seja, todas as autoridades que têm competência para aplicação
de penalidades, desde o Governador até os Diretores de Departamento ou Divisão (Lei
10.261/68, art. 272).
A sindicância segue os mesmos trâmites do PAD, com as diferenças previstas no artigo
273 do Estatuto. O procedimento completo do PAD será estudado na sequência deste capí-
tulo. Porém, para adiantar a compreensão da matéria, vale traçar um comparativo relativo
aos diferenciais entre os dois procedimentos, conforme abaixo apresentado:
Sindicância PAD
Quantidade de até 3 (três) pela autoridade sindicante e até 5 (cinco) pela autoridade sindicante e
testemunhas cada acusado cada acusado
60 (sessenta) dias, contados da data da 90 (noventa) dias contados da citação do
Prazo de conclusão
instauração acusado
após receber o relatório, a autoridade
decisão da autoridade competente será competente poderá proferir o julga-
Momento da decisão
logo após o relatório mento ou determinar a realização de
diligência