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ENCARREGADO

DE MONTAGEM
MECÂNICA
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
MECÂNICA

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ENCARREGADO DE MONTAGEM MECÂNICA
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA

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ALLEMAND, João Antônio Neves


Materiais de Construção Mecânica / CEFET-RS. Pelotas, 2006.

50 p.:il.

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

Av. Almirante Barroso, 81 – 17º andar – Centro


CEP: 20030-003 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

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ÍNDICE
Introdução.................................................................................................................................................. 6
Estrutura cristalina dos metais............................................................................................................. 7
Classificação e propriedades dos materiais ..................................................................................... 10
3.1 Classificação ................................................................................................................................ 10
3.1.1 Ferrosos................................................................................................................................ 10
3.1.2 Não Ferrosos ........................................................................................................................ 10
3.1.3 Orgânicos ............................................................................................................................. 10
3.2 Propriedades................................................................................................................................ 11
3.2.1 Propriedades Mecânicas ...................................................................................................... 11
3.2.2 Propriedades Térmicas ........................................................................................................ 12
3.2.3 Propriedades Elétricas ......................................................................................................... 12
3.2.4 Propriedades Químicas ........................................................................................................ 12
Ligas Ferrosas ...................................................................................................................................... 13
4.1 Aços ............................................................................................................................................. 13
4.1.1 Aços Carbono ....................................................................................................................... 13
4.1.2 Aços Liga .............................................................................................................................. 17
4.1.3 Aços Inoxidáveis................................................................................................................... 18
4.2 Ferros Fundidos ........................................................................................................................... 22
4.2.1. Ferros Fundidos Cinzentos ................................................................................................. 23
4.2.2 Ferros Fundidos Brancos ..................................................................................................... 26
4.2.3 Ferros Fundidos Nodulares .................................................................................................. 26
4.2.4. Ferros Fundidos Maleáveis ................................................................................................. 27
Ligas não ferrosas ............................................................................................................................... 29
5.1 Cobre e suas Ligas ...................................................................................................................... 29
5.2 Alumínio e suas ligas ................................................................................................................... 36
Plásticos e borrachas .......................................................................................................................... 41
6.1 Classificação ................................................................................................................................ 42
6.1.1 Termofixos ............................................................................................................................ 42
6.1.2 Termoplásticos ..................................................................................................................... 42
6.2 Propriedades comuns dos plásticos ou polímeros ...................................................................... 42
6.3 Principais tipos de plásticos, borrachas e aplicações.................................................................. 43
6.3.1 Nylon..................................................................................................................................... 43
6.3.2. Teflon................................................................................................................................... 43
6.3.3. Acetal................................................................................................................................... 44
6.3.4. Cloretos de Polivinila – PVC................................................................................................ 45
6.3.5. Poliuretano........................................................................................................................... 45
6.3.6. Borrachas ou elastômeros................................................................................................... 46
Identificação dos materiais na oficina ............................................................................................... 48
7.1. Aspecto da superfície ................................................................................................................. 48
7.2. Aspecto da fratura....................................................................................................................... 48
7.3. Ação da lima ............................................................................................................................... 49
7.4. Centelhas ao esmeril .................................................................................................................. 49
7.5. Atração pelo imã ......................................................................................................................... 49
7.6. Sonoridade.................................................................................................................................. 49
Bibliografia............................................................................................................................................ 50

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Lista de figuras, gráficos e tabelas

Figura 1 – Estrutura Hexagonal Compactada (HC) ......................................................................................... 07


Figura 2 – Estrutura Cúbica de Face Centrada (CFC)..................................................................................... 07
Figura 3 – Estrutura Cúbica do Corpo Centrado (CCC) ................................................................ 08
Figura 4 – Estágios de solidificação de um material cristalino ...................................................... 08

Gráfico 1 – Passividade dos aços cromo........................................................................................ 19


Gráfico 2 – Efeito do cromo na resistência dos aços à oxidação a altas temperaturas ................ 19

Tabela 1 – Alotropia do Ferro.......................................................................................................... 08


Tabela 2 – Propriedades e aplicações dos aços carbono .............................................................. 16
Tabela 3 – Propriedades mecânicas típicas dos aços estruturais de alta resistência e baixo teor em
liga .............................................................................................................................. 18
Tabela 4 – Ligas, propriedades e aplicações dos aços inoxidáveis martensíticos......................... 20
Tabela 5 – Ligas, propriedades e aplicações dos aços inoxidáveis ferríticos ................................ 21
Tabela 6 – Ligas, propriedades e aplicações dos aços inoxidáveis austeníticos........................... 22
Tabela 7 – Classes de ferros fundidos cinzentos segundo a ASTM A-48...................................... 23
Tabela 8 – Classes de ferros fundidos cinzentos segundo a norma DIN 1641.............................. 24
Tabela 9 – Classes de ferros fundidos cinzentos segundo a ABNT NBR-6589............................. 24
Tabela 10 – Classes de ferros fundidos cinzentos segundo a SAE-J 431-C ................................. 25
Tabela 11 – Classes de ferros dúcteis segundo ABNT NBR-6916 ............................................... 27
Tabela 12 – Classes de ferros maleáveis segundo a ABNT NBR 6914 (núcleo branco) e 6590
(núcleo preto) ................................................................................................................ 28
Tabela 13 – Latões ABNT para fundição ........................................................................................ 31
Tabela 14 – Latões ASTM .............................................................................................................. 32
Tabela 15 – Latões ASTM............................................................................................................... 33
Tabela 16 – Bronzes para fundições ............................................................................................. 34
Tabela 17 – Bronzes para mancais ................................................................................................ 34
Tabela 18 – Bronzes ASTM ........................................................................................................... 35
Tabela 19 – Alumínio e suas ligas para conformação .................................................................... 37
Tabela 20 – Ligas de alumínio trabalháveis ................................................................................... 38
Tabela 21 – Alumínio e suas ligas para fundição .......................................................................... 39
Tabela 22 – Principais ligas de alumínio para fundição ................................................................. 40
Tabela 23 – Comparativos entre as borrachas sintéticas e as borrachas naturais ....................... 47

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Introdução

A variedade de materiais com que se deparam aqueles que trabalham na área da mecânica é
muito grande. A constante evolução tecnológica tem proporcionado aos profissionais da área um
desenvolvimento que vai desde a melhoria dos metais comuns como a elaboração de novos materiais
sintéticos e ligas diversas.
Para uma perfeita e completa compreensão do tema, seria necessário um estudo
aprofundado, que vai desde os processos de obtenção dos materiais, seus tratamentos térmicos e
termoquímicos, passando pelo estudo de suas características, propriedades e aplicações. Entretanto,
para o curso em questão deveremos focar nas necessidades gerais e específicas do profissional de
CM – Construção e Montagem.
Entende-se que um encarregado de montagem mecânica, considerando o perfil profissional
desejado, deve possuir competências para poder aplicar métodos, processos e logística para a
execução das montagens, sendo capaz de: ler e interpretar desenhos e projetos, identificar materiais
mecânicos, conhecer métodos e elementos de montagem e realizar medições. Algumas destas
competências serão construídas com o apoio da base tecnológica “materiais de construção
mecânica”.

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Estrutura cristalina dos metais

As partículas que compõem a maioria dos materiais sólidos se organizam de uma forma
tridimensional que se repete em todo o material. Esta organização é chamada de estrutura cristalina.
Os materiais metálicos, tanto os ferrosos como os não ferrosos, e ainda os não-metálicos, como a
cerâmica, apresentam esse tipo de estrutura.
Essas estruturas cristalinas, dependo da forma geométrica que apresentam, recebem diversas
denominações, entre elas: hexagonal compacta (HC), cúbica de face centrada (CFC) e cúbica de corpo
centrado (CCC).
A estrutura hexagonal compacta é típica dos metais como o cobalto, titânio, magnésio, berílio,
zinco e cádmio e tem o formato de um prisma hexagonal com três átomos dentro dela (fig. 1).

Figura 1 – Estrutura Hexagonal Compacta (HC).

A estrutura cúbica de face centrada é a encontrada no alumínio, níquel, cobre, prata, ouro,
platina e chumbo, por exemplo, e tem o formato de um cubo com um átomo em cada uma das suas
faces (fig. 2).

Figura 2 – Estrutura Cúbica de Face Centrada (CFC).

A estrutura cúbica de corpo centrado (CCC) é encontrada em metais como ferro, cromo,
tungstênio e molibdênio, possuindo o formato de um cubo com um átomo adicional em seu centro. (fig.
3).

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Fig. 3 - Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC).

A estrutura cristalina de equilíbrio depende da pressão e da temperatura. O exemplo clássico


é o carbono que pode ser amorfo, grafita ou diamante. O ferro apresenta estrutura cristalina CCC na
temperatura ambiente. Entretanto a 912°C ele sofre uma transformação para CFC, chamada de
transformação alotrópica. Esta transformação é normalmente acompanhada por modificações de
densidade e outras propriedades físicas.
A seguir, como exemplo, apresenta-se o caso do ferro puro:

Temperatura ºC Estrutura Cristalina Denominação


0 - 911 CCC Ferrita alfa
911 - 1392 CFC Austenita
1392 - 1536 CCC Ferrita delta
> 1536 Amorfa Líquido

Tabela. 1 – Alotropia do Ferro.

A maior parte dos materiais são compostos por um conjunto de pequenos cristais ou grãos.
Como a orientação cristalográfica é aleatória, o encontro de dois grãos forma uma superfície na qual
existe um desarranjo atômico. Esta superfície é conhecida como contorno de grão.

Figura 4 – Estágios de solidificação de um material policristalino: a) nucleação de cristais no líquido; b) crescimento e obstrução
dos cristais em regiões de encontro; c) final da solidificação; d) estrutura dos grãos no microscópio, onde as linhas escuras
representam os contornos dos grãos.

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Quando os metais são deformados por processos mecânicos, como a laminação, as camadas
de átomos deslizam umas sobre as outras ao longo dos planos de átomos que se formam nas
estruturas cristalinas. Esses planos são chamandos de planos cristalinos.
As estruturas cristalinas cúbicas possuem mais planos de átomos do que as estruturas
hexagonais. Por esta razão é mais fácil deformar um material que possui estrutura cúbica, como o
alumínio, o cobre e o ferro, do que um material que possui estrutura hexagonal com o magnésio.
Alguns defeitos que ocorrem na fabricação dos metais, como os defeitos cristalinos, surgem
no contorno dos grãos. Nesta região a deformação é mais difícil, pois os planos cristalinos são
interrompidos, dificultando o deslizamento. Por esta razão a ruptura de um metal, na maioria das
vezes, ocorre no contorno do grão.

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Classificação e propriedades dos materiais

3.1 Classificação

3.1.1 Ferrosos

A denominação de ferrosos é dada a todos os materiais metálicos que têm na sua estrutura o
elemento químico ferro. Fazem parte desta família as ligas de aço, com uma enorme gama de
composições e compostos, bem como os diferentes tipos de ferros fundidos. Os ferrosos possuem
propriedades físicas e têm comportamento químico dos mais variados, com campos de aplicação em
todas as áreas tecnológicas.
A origem dos metais ferrosos é muito antiga. Não se desenvolveu com maior rapidez devido
ao fato de sua obtenção exigir uma tecnologia avançada para a época em questão. No final do século
XIV já se tinha notícia da fabricação do aço, entretanto, somente por volta de 1780 foram patenteados
os laminadores que deram origem aos laminados redondos e barras.

3.1.2 Não Ferrosos

Todos os outros materiais metálicos que não o aço e o ferro fundido são considerados não
ferrosos. Sua importância é cada vez maior, mas seu desenvolvimento em escala industrial aconteceu
mais recentemente, embora a tecnologia de obtenção seja anterior a do aço, levada pelo baixo ponto
fusão desses materiais.
O cobre, com suas variadas ligas com zinco e estanho, formando os metais conhecidos como
latões e bronzes respectivamente, o alumínio puro ou ligado com magnésio e outros metais, e o zinco
e suas ligas, formam um conjunto enorme de materiais que ocupam um lugar de destaque na
tecnologia moderna.

3.1.3 Orgânicos

Os materiais metálicos vêm, aos poucos, sendo substituídos pelos materiais orgânicos em
função das características vantagens destes últimos: resistência à corrosão, abrasão, leveza e fácil
obtenção.

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À medida que a tecnologia de obtenção avança, os materiais orgânicos tornam-se cada vez
mais acessíveis. Cada produto conseguido pela tecnologia se aplica de início substituindo algo
existente, depois gera seu lugar próprio.
Os plásticos e borrachas, materiais que serão estudados mais adiante fazem parte desta
classificação.

3.2 Propriedades

3.2.1 Propriedades Mecânicas

Estas são, sem sobra de dúvida, as propriedades mais importantes na área da engenharia,
uma vez que estão relacionadas com a resistência que os metais oferecem quando sujeitos a
esforços de natureza mecânica, como tração, compressão, choque, cargas cíclicas, etc.
É com base nestas propriedades que são projetadas as estruturas metálicas, fixas ou móveis
e todos os seus componentes metálicos utilizados na indústria. A seguir vamos ver algumas das
propriedades mecânicas mais importantes.
A elasticidade é um exemplo de propriedade mecânica. Pode ser definida como a
capacidade que um material tem de retornar à sua forma e dimensões originais quando cessa o
esforço que o deformava. Um bom exemplo para esta propriedade é ação das molas.
A estampagem de uma chapa de aço para fabricação de uma porta de geladeira, por
exemplo, só é possível em materiais que apresentem plasticidade suficiente. Plasticidade, outra
propriedade mecânica importante, é a capacidade que um material tem de apresentar deformação
permanente apreciável, sem se romper.
Uma ponte deve suportar esforços de flexão sem se romper ou apresentar deformações
permanentes. Para tanto, é necessário que ela apresente resistência mecânica suficiente.
Resistência mecânica, portanto, é a capacidade que um material tem de suportar esforços externos
(tração, compressão, flexão etc.) sem se romper.
A dureza é definida pela resistência do material à penetração. A dureza e a resistência à
tração estão intimamente ligadas. As escalas mais comuns em que são medidas as durezas dos
materiais metálicos são: Brinell, Vickers e Rockwell. A importância de conhecermos a dureza dos
materiais está relacionada com a durabilidade das peças sujeitas à desgaste, como os discos de
freios de automóvel e à menor ou maior facilidade de obtermos peças por usinagem.

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3.2.2 Propriedades Térmicas

Com o aumento da temperatura os átomos vibram com maior intensidade, aumentando


assim a sua amplitude. Dessa forma, ocorre uma expansão térmica, traduzida na prática por uma
mudança de dimensões. Essa alteração dimensional é expressa em termos de “coeficiente linear de
dilatação térmica”.
Com o crescente aumento de temperatura podemos chegar ao ponto de fusão do material,
momento em que ele passa do estado sólido para o estado líquido. Dentre os materiais metálicos, o
ponto de fusão é uma propriedade muito importante para determinar sua utilização. O alumínio, por
exemplo, se funde a 660 ºC, enquanto que o cobre se funde a 1.084 ºC.
Outra propriedade importante é a condutividade térmica, que é a capacidade que
determinados materiais têm de conduzir calor. Isto pode ser comprovado ao segurarmos uma barra
de metal em uma das pontas enquanto a outra ponta encontra-se sobre uma fonte de calor, dentro de
alguns minutos sentiremos na mão a elevação da temperatura.

3.2.3 Propriedades Elétricas

A condutividade elétrica é uma das propriedades que os metais possuem. Em geral, todos
os metais são bons condutores de energia elétrica. Um exemplo importante é o cobre, material
normalmente utilizado para a fabricação de fios elétricos.
Outra propriedade elétrica é a chamada resistividade, que é a resistência que o material
oferece à passagem da corrente elétrica. Essa propriedade está presente nos materiais que são maus
condutores de eletricidade. Por esta razão os fios elétricos são revestidos por material plástico,
porque esse material resiste à passagem da corrente elétrica.

3.2.4 Propriedades Químicas

Quando os materiais entram em contato com outros ou até mesmo com o meio ambiente é
que as propriedades químicas se manifestam. Elas se apresentam sob a forma de presença ou
ausência de resistência à corrosão, aos ácidos, às soluções salinas e resistência à oxidação (pelo
efeito da temperatura). Um material que resiste muito bem à corrosão, quando em contato com o
ambiente, é o alumínio. Por outro lado, o ferro, sob mesmas condições, não resiste bem à corrosão,
isto é, enferruja com facilidade.

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Ligas Ferrosas

4.1 Aços

4.1.1 Aços Carbono

Aços carbono são basicamente ligas de ferro e carbono, contendo ainda outros elementos,
com um teor máximo de 1,2% de carbono. Porém, a maior parte dos aços contém menos que 0,5%
de carbono.
Os aços carbono possuem diferentes características, preços e utilizações. Cada um resiste de
forma diferente ao meio ambiente, e suas propriedades e modo como podem ser tratados e
manipulados também diferem.

Aços com Baixo Teor de Carbono


O teor de carbono destes aços varia de 0,02% a 0,3% de C. São de aplicações mais simples
e geralmente usados em vigas estruturais para edifícios e galpões, são usados também como
material comum para obras de engenharia e também em chapas para conformação mecânica.
Na produção e uso destas ligas, são necessários acabamentos superficiais. Este tipo de
serviço pode ser feito com brunimento, lixamento, jateamento, pintura, polimento, pulverização,
retificação, superacabamento e tamboreamento.
A união de peças feitas de liga de aço com baixo teor de carbono, pode ser efetuado por
soldagem ou brasagem (união por mudança de temperatura de uma das peças). A usinagem destas
peças pode ser feita, entre outros processos, por torneamento, aplainamento, serramento e eletro
erosão.
A conformação pode ser feita por fundição, extrusão, forjamento, laminação, trefilação,
calandragem, dobramento, estampagem e recalcagem.
A seguir algumas propriedades do aço de baixo carbono:

Propriedades Mecânicas:
Ductilidade: 0.2 a 0.5
Resistência ao desgaste: bom
Módulo de elasticidade: 196 a 211 GPa
Propriedades Químicas:
Água doce: bom
Água salgada: regular
Ácidos fortes: muito ruim

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Ácidos fracos: ruim
Bases fortes: bom
Bases fracas: muito bom
Radiação UV: muito bom
Propriedades Térmicas:
Temp. Máx de serviço: 550-700 K
Temp. Mín. de serviço: 240-260 K
Ponto de Fusão: 1,72 * 103 K
Condutividade Térmica: 40-70 W/m * K
Calor Específico: 418-455 J/Kg.K

Aços com Médio Teor de Carbono


O aço de médio teor carbono tem em sua composição de 0,3 a 0,7% de C. Suas aplicações
geralmente são rolamentos comuns, eixos e engrenagens.
Seu acabamento superficial pode ser feito através dos seguintes processos: brunimento,
lixamento, jateamento, pintura, polimento, pulverização, recartilhamento, retificação, e
tamboreamento.
A união de suas peças pode ser efetuada por brasagem ou soldagem. Sua usinagem pode
ser efetuada por torneamento, aplainamento, serramento e eletro erosão.
A seguir algumas propriedades do aço carbono de médio teor de C:

Propriedades Mecânicas:
Ductilidade: 0.05 a 0.3
Resistência ao desgaste: bom
Módulo de elasticidade: 196 a 210 GPa
Propriedades Químicas:
Água doce: bom
Água salgada: regular
Ácidos fortes: muito ruim
Ácidos fracos: ruim
Bases fortes: bom
Bases fracas: muito bom
Radiação UV: muito bom

Aços com Alto Teor de Carbono


A composição destes aços vai de 0,7% a 1,7% de Carbono. Este aço é geralmente usado em
ferramentas de corte, rolamentos de alta performance e limas.
O acabamento superficial deste pode ser feito por brunimento, lixamento, jateamento, pintura,
polimento, pulverização, retificação, e tamboreamento.

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Suas peças podem ser unidas por brasagem ou soldagem, e sua usinagem é feita por
torneamento, aplainamento, serramento e eletro erosão. A conformação das peças feitas desta liga é
feita por fundição, dobramento e laminação.
A seguir algumas propriedades deste tipo de aço:

Propriedades Mecânicas:
Ductilidade: 0.05 a 0.3
Resistência ao desgaste: bom
Módulo de elasticidade: 196 a 210 GPa
Propriedades Químicas:
Água doce: bom
Água salgada: regular
Ácidos fortes: muito ruim
Ácidos fracos: ruim
Bases fortes: bom
Bases fracas: muito bom
Radiação UV: muito bom

Na tabela a seguir estão listadas algumas composições de aços carbono com suas
propriedades e aplicações típicas.

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Composição Resistência à
Designação Tensão de Escoamento Alongamento
Química Estado Tração Aplicações Típicas
AISI – SAE Mpa %
% MPa
Laminado a
276-140 179-310 28-47
0,10 C quente Pregos, parafuso,
1010
0,40 Mn Laminado a barras de reforço
290-400 159-262 30-45
frio
0,20 C Laminado 448 331 36
1020 Engrenagens
0,45 Mn Recozido 393 297 36
Laminado 621 414 25
0,40 C Suportes,
1040 Recozido 517 335 30
0,45 Mn engrenagens
Revenido 800 593 20
Laminado 814 483 17
0,60 C
16

1060 Recozido 628 483 22 Molas, rodas


0,65 Mn
Revenido 110 780 13
Laminado 967 586 12
0,80 C Cordas musicais,
1080 Recozido 614 373 25
0,80 Mn molas
Revenido 1.304 980 12
Laminado 966 573 9
0,95 C
1095 Recozido 655 379 13 Moldes, fresas
0,40 Mn
Revenido 1.263 814 10

Tabela 2 – Propriedades e Aplicações dos Aços Carbono.


4.1.2 Aços Liga

Considerando-se a enorme variedade de tipos, propriedades e aplicações dos aços liga,


veremos a seguir apenas aqueles normalmente utilizados como “estruturais” e considerados como de
alta resistência e baixo teor em liga, por serem justamente um dos mais usados na área da montagem
mecânica.
Os requisitos fundamentais são o baixo custo, resistência mecânica, deformabilidade,
soldabilidade e adequada relação resistência/peso.
O que se faz para atingir estes objetivos é introduzir vários elementos de liga
simultaneamente em pequenas quantidades, mantendo o carbono até um máximo de 0,25%. Pode-se
aumentar o silício e o manganês até 0,90% e 1,75% respectivamente, além de adicionar cobre até
1,30%, cromo até 1,25%, níquel até 2,00%, molibdênio até 0,25%, zircônio até 0,15%, etc. Nióbio e
vanádio também podem ser adicionados.
Os efeitos que se consegue são:
• Aumento da resistência mecânica, permitindo uma redução nas seções das peças
• Melhora da resistência à corrosão atmosférica
• Melhora do limite de fadiga
A adição dos elementos químicos anteriormente citados provoca os seguintes efeitos:
• Manganês: melhora a resistência mecânica, desde que seu teor supere a 1%, podendo
ser empregado isoladamente
• Níquel: melhora as propriedades mecânicas, a resistência à corrosão e contribui para o
refino do grão
• Cobre: melhora a resistência a corrosão atmosférica
• Cromo: melhora a resistência mecânica quando em teores baixos, em maior quantidade
melhora a resistência ao desgaste, sendo normalmente adicionado junto com o níquel e o cobre
• Molibdênio: mesmo efeito que o níquel, cromo e manganês sobre as propriedades
mecânicas, com a vantagem de melhora-las igualmente a temperaturas mais elevadas
Alguns exemplos de composições de aços de alta resistência mecânica e baixo teor de liga,
com suas propriedades mecânicas, estão representadas na tabela a seguir.

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Propriedades Mecânicas Típicas
Composição Química
(%) Limite de Escoamento Resistência à Tração Alongamento em 2”
Kgf/mm² Kgf/mm² (%)
0,22C; 1,15Mn
31,50 45,40 19
0,005Nb ou 0,005V
0,26C; 1,35Mn
42,00 63,00 14
0,01Nb ou 0,01V
0,12C; 0,75Mn
31,50 43,40 28
0,015Nb ou 0,22Cu
0,12C; 0,75Mn
0,55 a 1,30Cu 35,00 49,00 22
0,18Mo; 0,30 a 0,75Ni
0,15C; 1,00Mn
0,90 a 1,40Cu
45,40 59,50 20
0,20 a 0,30Mo; 1,00 a
1,50Ni
Tabela 3 – Propriedades Mecânicas Típicas dos Aços Estruturais de Alta Resistência e Baixo Teor em Liga.

4.1.3 Aços Inoxidáveis

Uma importante causa de desgaste de peças e até mesmo de acidentes é a corrosão e a


oxidação dos materiais a temperaturas acima da ambiente. Diversas maneiras são utilizadas para
proteger o metal contra o fenômeno da corrosão, ou seja, para conferir ao material uma passividade
natural, que é a propriedade de permanecer inalterado no meio em que se encontra.
A resistência ao calor é a propriedade que corresponde à capacidade que certas ligas
metálicas possuem, quando expostas de modo intermitente ou contínuo, em meios diversos (ar,
gases e líquidos), à ação de temperaturas elevadas, de suportarem essas condições de serviço, tanto
sob o ponto de vista químico como mecânico. A necessidade de esses materiais terem que suportar
as severas condições de serviço mecanicamente significa que eles devem resistir ao fenômeno de
fluência, ou seja, devem apresentar resistência à fluência.
Os aços inoxidáveis caracterizam-se, fundamentalmente, por resistirem à corrosão
atmosférica, embora possam resistir à ação de outros meios gasosos ou líquidos. Estes aços
adquirem “passividade” quando ligados com alguns outros elementos metálicos, entre os quais os
mais importantes são o cromo e o níquel e, em menor grau, o cobre, o silício, o molibdênio e o
alumínio.
O elemento mais importante é o cromo, pois é o mais eficiente de todos, quando empregado
em teores acima de 10%.

18
Gráfico 1 – Passividade dos aços-cromo.

O gráfico da figura acima ilustra o fato, ao mostrar que à medida que aumenta o teor de
cromo no aço, este passa, em atmosfera industrial, de metal de grande corrosibilidade a um metal
praticamente indestrutível pela corrosão.
A temperaturas elevadas, o mesmo fenômeno ocorre, devendo entretanto, o teor de cromo
ser mais elevado, como a figura abaixo descreve, para que o material adquira resistência ao calor, ou
seja combinação de resistência à oxidação e resistência mecânica.

Gráfico 2 – Efeito do Cromo na Resistência dos Aços à Oxidação a Altas Temperaturas.

Enquanto, no caso da resistência a corrosão, o cromo já atua efetivamente a partir de 10%,


na resistência ao calor é necessário que sua quantidade ultrapasse 20%. Em segundo lugar vem o

19
níquel, que em teores acima de 6 a 7%, não só melhora a resistência à corrosão pelo ataque de
soluções neutras de cloretos, como igualmente as propriedades mecânicas. Os melhores aços
inoxidáveis são os que contêm simultaneamente cromo e níquel.
Outros elementos que podem estar eventualmente presentes nos aços inoxidáveis são: o
molibdênio, que melhora a resistência à corrosão nos ácidos sulfúrico e sulforoso a altas
temperaturas, em soluções neutras de cloretos e na água do mar; o cobre, que melhora a resistência
à corrosão entre certos reagentes, como o ácido sulfúrico; o tântalo e o nióbio, assim como o titânio,
que evitam o fenômeno de corrosão intergranular dos aços inoxidáveis cromo-níquel; e o silício, que
melhora a resistência à oxidação em temperaturas elevadas.
Os aços inoxidáveis se classificam em martensíticos, ferríticos e austeníticos, apresentando-
se a seguir suas principais características e tabelas de ligas, propriedades e aplicações típicas.

Aços Inoxidáveis Martensíticos


Essencialmente ligas binárias ferro-cromo com 12 a 17% Cr.
Magnéticos e endurecíveis por têmpera.
Maior resistência mecânica e dureza.
Baixa resistência à corrosão comparando com os ferríticos e martensíticos.
Apresentam-se em três tipos:
Baixo Carbono (tipo turbina) – 0,15% C; 12% Cr.
Médio Carbono (tipo cutelaria) – 0,70% C; 17% Cr.
Alto Carbono (resistente ao desgaste) – 1,10% C; 17% Cr.

Composição Resistência Tensão de


Designação Alongamento Aplicações
Química Estado à Tração Escoamento
da Liga (%) Típicas
(%) (MPa) (MPa)
Uso geral para
tratamento
térmico; órgãos
12,5 Cr Recozido
410 517 276 30 de máquinas,
0,15 C
veios de
bombas,
válvulas.
Cutelaria,
Recozido 724 414 20
17,0 Cr rolamentos,
440A
0,7 C instrumentos
Temperado
1.828 1.690 5 cirúrgicos.
e Revenido
Esferas,
Recozido 759 276 13 rolamentos,
17,0 Cr
440C pistas,
1,1 C
Temperado componentes
1.966 1.897 2
e Revenido de válvulas.
Tabela 4 – Ligas, propriedades e aplicações dos aços inoxidáveis martensíticos.

20
Aços Inoxidáveis Ferríticos
São essencialmente ligas binárias ferro-cromo com 12 a 30% Cr.
Sua estrutura mantém-se essencialmente ferrítica (CCC) após os tratamentos térmicos
normais.
São relativamente baratos, porque não contêm níquel.
Boa resistência ao calor e à corrosão.

Composição Resistência Tensão de


Designação Alongamento Aplicações
Química Estado à Tração Escoamento
da Liga (%) Típicas
(%) (MPa) (MPa)
Uso geral, em que
não se requer
endurecimento,
17,0 Cr
430 Recozido 517 345 25 capotas de
0,012 C
automóveis,
equipamentos
para restaurantes.
Aplicações a alta
temperaturas,
25,0 Cr
446 Recozido 552 345 20 aquecedores,
0,20 C
câmaras de
combustão.
Tabela 5 - Ligas, propriedades e aplicações dos aços inoxidáveis ferríticos.

Aços Inoxidáveis Austeníticos


São essencialmente ligas ternárias ferro-cromo-níquel com 16 a 25% Cr e 7 a 20% Ni.
Sua estrutura permanece austenítica (CFC) às temperaturas normais dos tratamentos
térmicos.
À presença do níquel permite que a estrutura CFC se mantenha à temperatura ambiente.
Tem elevada capacidade de deformação devido à sua estrutura CFC.
Melhor resistência à corrosão do que os aços ferríticos e martensíticos.

21
Composição Resistência Tensão de
Designação Alongamento Aplicações
Química Estado à Tração Escoamento
da Liga (%) Típicas
(%) (MPa) (MPa)
Liga de elevada
taxa de
17,0 Cr
301 Recozido 759 276 60 encruamento;
7,0 Ni
aplicações
estruturais.
Equipamento de
19,0 Cr processamento
304 Recozido 580 290 55
10,0 Ni químico e de
alimentos.
Baixo carbono
19,0 Cr
para soldagem;
304L 10,0 Ni Recozido 559 269 55
reservatórios
0,03 C
químicos.
18,0 Cr Estabilizado para
10,0 Ni soldagem;
321 Recozido 621 241 45
Ti = 5 x equipamento de
%Cmín. processamento.
Estabilizado para
18,0 Cr
soldagem;
10,0 Ni
reservatórios de
347 Cb Recozido 655 276 45
transporte de
(Nb) = 10 x
produtos
%Cmín.
químicos.
Tabela 6 - Ligas, propriedades e aplicações dos aços inoxidáveis austeníticos.

Como ressaltado no início deste capítulo, existem ainda diversos outros tipos de aços liga,
inclusive alguns para fins especiais, como aqueles resistentes ao desgaste, os aços carbono-cromo
para rolamentos, os aços ultra-resistentes, os grafíticos para a execução de matrizes, os criogênicos,
etc. Para um estudo mais aprofundado, conforme a necessidade se fizer presente, os alunos devem
buscar as informações na literatura especializada como indicada ao final desta apostila na bibliografia.

4.2 Ferros Fundidos

As ligas ferro-carbono com mais de 2% de carbono correspondem aos ferros fundidos. Pelas
suas propriedades e características esses materiais são de grande importância para a área industrial.
O elevado teor de carbono dessas ligas e a presença obrigatória do elemento silício tornam,
entretanto, necessários considerá-las como ligas Fe-C-Si. A composição química e os efeitos dos
vários elementos são:
• Carbono: é o elemento de liga básico, determina a quantidade de grafita que pode se
formar;

22
• Silício: é o elemento grafitizante, favorece a decomposição do carboneto de ferro. Sua
presença independentemente do teor de carbono pode fazer um ferro fundido tender para o tipo
“cinzento” ou para o tipo “branco” (cor com que a fratura do ferro se apresenta);
• Manganês: tem efeito oposto ao silício, tende a estabilizar a cementita e contrabalança
de certo modo o efeito de silício, atua também como elemento dessulfurante;
• Fósforo: também estabiliza a cementita e é um elemento indesejável;
• Enxofre: nos teores normais, não tem ação significativa.
Os dois fatores mais importantes, sob o ponto de vista de estrutura do ferro fundido, são o
teor de silício e a velocidade de resfriamento.
Sob o ponto de vista da velocidade de resfriamento, a sua influência é relacionada com a
espessura das peças que solidificam no interior dos moldes. Assim, pequenas seções significam
velocidades de resfriamento mais elevadas que seções espessas.
A estrutura dos ferros fundidos, em resumo, apresentará os constituintes que estão
normalmente nos aços – ferrita, perlita e cementita – com maior ou menor quantidade de grafita livre,
na forma de veio, dependendo da composição química e das condições de resfriamento.

4.2.1. Ferros Fundidos Cinzentos

Esta liga Fe-C-Si, pela sua fácil fusão e moldagem, excelente usinabilidade, resistência
mecânica satisfatória, boa resistência ao desgaste e boa capacidade de amortecimento, é, dentre os
ferros fundidos, a mais usada.
A ASTM agrupa os ferros fundidos conforme tabela a seguir. Os números de classe
correspondem ao limite de resistência a tração, em lb/pol², isto é, 20 = 20.000 lb/pol² ou 14,0 kgf/mm².

Classe Composição Química (%)


ASTM C Si Mn P S
20 3,10/3,80 2,20/2,60 0,50/0,80 0,20/0,80 0,80/0,13
25 3,00/3,50 1,90/2,40 0,50/0,80 0,15/0,50 0,08/0,13
30 2,90/3,40 1,70/2,30 0,45/0,80 0,15/0,30 0,08/0,12
35 2,80/3,30 1,60/2,20 0,45/0,70 0,10/0,30 0,06/0,12
40 2,75/3,20 1,50/2,20 0,45/0,70 0,07/0,25 0,05/0,12
50 2,55/3,10 1,40/2,10 0,50/0,80 0,07/0,20 0,06/0,12
60 2,50/3,00 1,20/2,20 0,50/1,00 0,05/0,20 0,05/0,12
Tabela 7 - Classes de Ferros Fundidos Cinzentos segundo a ASTM A-48.

A tabela a seguir representa as sete classes de ferros fundidos cinzentos segundo a norma
alemã DIN.

23
GG-10 GG-15 GG-20 GG-25 GG-30 GG-35 GG-40
Limite de resistência à tração
kgf/mm² 10 15 20 25 30 35 40

Limite de resistência à flexão


kgf/mm² 20/31 23/37 29/43 35/44 41/55 47/61 53/67

Resistência à compressão
kgf/mm² 50/60 57/70 60/83 70/100 82/120 95/140 110/140

Dureza Brinell 140/190 170/210 186/240 200/160 210/280 210/281 230/300

Modulo de elasticidade 10³


kgf/mm² 7.5/10 8/10,5 9/11,5 10,5/12 11/14 12,5/14,5 12,5/15,5
Limite de fadiga
kgf/mm² 0,35 a 0,50 do limite de resistência à tração
Estrutura ferrítica perlítica
Tabela 8 - Classes de Ferros Fundidos Cinzentos segundo a Norma DIN 1691.

Segundo a ABNT, os ferros fundidos cinzentos são designados por FC (ferro fundido
cinzento) e por algarismos indicativos dos limites mínimos de resistência a tração. A tabela a seguir
apresenta as suas diversas classes.
Diâmetros da barra de ensaio Limite de Resistência à
Dureza Brinell
D no estado resistência à flexão estática
Classe d usinado em (valores
bruto de fusão tração mín. (valores médios)
mm máximos)
em mm N/mm² N/mm²
FC100 30 20 100 201 -
13 8 230 241 340
20 12,5 180 223 320
FC150
30 20 150 212 300
45 32 110 201 270
13 8 280 225 410
20 12,5 230 235 390
FC200
30 20 200 223 360
45 32 160 117 330
13 8 330 269 -
20 12,5 280 248 400
FC250
30 20 250 241 420
45 32 210 229 390
20 12,5 330 269 -
FC300 30 20 300 262 480
45 32 260 248 450
20 12,5 380 - -
FC350 30 20 350 277 540
45 32 310 269 510
30 20 400 - 600
FC400
45 32 360 - 570
Tabela 9 - Classes de Ferros Fundidos Cinzentos segundo a ABNT NBR-6589.

As classes FC-100 e FC-250, pelas excelentes fusibilidade e usinabilidade, são indicadas ,


principalmente a FC-150, para bases de máquinas, carcaças metálicas, etc.

24
As classes FC-200 e FC-250 são usadas em elementos estruturais de máquinas operatrizes,
tais como barramentos, cabeçotes, mesas etc.
As classes FC-300 e FC-350 devido a sua maior resistência mecânica e maior dureza,
aplicam-se em engrenagens, pequenos virabrequins, bases pesadas e colunas de máquinas, buchas
grandes, blocos de motor. etc.
A classe FC-400, de maior resistência entre todas as classes, possui elementos de liga como
níquel, cromo e molibdênio. Aplicada em peças de espessura média a grande.
Deve- se considerar um fator importante quando se especifica ferro fundido cinzento. É o que
relaciona as propriedades mecânicas com a seção das peças. Isso porque, para quantidades fixas de
carbono total e silício, a resistência diminui à medida que aumenta a espessura ou seção das peças.
Outras aplicações dos ferros fundidos cinzentos incluem: anéis de pistão, produtos sanitários,
tampas de poços de inspeção, tubos, conexões, carcaças de compressores, rotores, pistões
hidráulicos, engrenagens, eixos de comando de válvulas, virabrequins e inúmeros outros tipos de
peças utilizadas praticamente em todos os setores industriais.
Dadas as importantes aplicações do ferro fundido cinzento na indústria automobilística, a SAE
agrupou esse material em cinco classes, conforme tabela a seguir.

Carga Deflexão Resist. à


Classe Dureza
Ct Mn Si P S transv. mín. mín. tração
SAE Brinell
kgf mm kgf/mm²
G-1800(a) 3,4/3,7 0,5/0,8 2,8/2,3 0,15 0,15 187 máx. 780 3,6 12,6
G-2500(a) 3,2/3,5 0,6/0,9 2,4/2,0 0,12 0,15 170/229 910 4,3 17,5
G-3000(b) 3,1/3,4 0,6/0,9 2,3/1,9 0,10 0,15 187/241 1000 5,1 21,0
G-3500(b) 3,0/3,3 0,6/0,9 2,2/1,8 0,08 0,15 207/225 1100 6,1 24,5
G-4000(b) 3,0/3,3 0,7/1,0 2,1/1,8 0,07 0,15 217/269 1180 6,9 28,0
Nota: (a) microestrutura ferrítica-perlítica
(b) microestrutura martensítica
Se o carbono ou o silício estão do lado mais elevado da faixa de composições, o outro elemento deverá
situar-se no lado mais abaixo.
Tabela 10 - Classes de Ferros Fundidos Cinzentos segundo a SAE-J 431-C.

Classe G-1800: peças fundidas, miscelâneas (no estado fundido ou recozido), onde a
resistência não é o requisito principal.
Classe G-2500: pequenos blocos de cilindro, cabeçotes do cilindro, cilindros resfriados a ar,
pistões, discos de embreagem, carcaças de bombas de óleo, caixa de transmissão, caixas de
engrenagem, tambores de freio para serviço leve; também para tambores de freio e discos de
embreagem para serviço moderado, onde o alto teor de carbono minimiza o efeito desfavorável do
calor.
Classe G-3000: blocos de cilindro de automóveis e motores Diesel, cabeçotes do cilindro,
volantes, pistões, tambores de freio e caixa de transmissão de tratores para serviço médio.
Classe G-3500: blocos de motores Diesel, blocos e cabeças de cilindro de caminhões e
tratores, volantes pesados, caixa de transmissão de tratores, caixa de engrenagens pesadas; também

25
para tambores de freio, discos de embreagem para serviço pesado, onde se exige alta resistência
mecânica e a fadiga térmica.
Classe G-4000: peças fundidas para motores Diesel, cilindros, camisas de cilindro, pistões e
eixos de comando de válvulas.
A introdução de elementos de ligas em teores elevados produz características especiais como
resistência à corrosão e ao calor.
Os ferros fundidos cinzentos são submetidos ao tratamento térmico de “alívio de tensões” ou
“envelhecimento artificial”. O “recozimento“ dos ferros fundidos cinzentos tem por objetivo melhorar a
usinabilidade do material. A “normalização” é empregada para melhorar as propriedades mecânicas
de resistência e dureza, do mesmo modo que a “têmpera e o revenido”, estas não tão comuns. O
“endurecimento artificial”, por chama ou indução, também pode ser utilizado de modo a aumentar a
resistência ao desgaste e o limite de fadiga.

4.2.2 Ferros Fundidos Brancos

Os ferros fundidos brancos são assim chamados por apresentarem o carbono quase
inteiramente combinado na forma de Fe3C, mostrando uma fratura branca.
Suas propriedades básicas são as elevadas dureza e resistência ao desgaste, o que, em
conseqüência os torna difíceis de usinar, mesmo com os melhores materiais de corte.
Na produção de ferros fundidos brancos, tem sido utilizada a técnica de adição de alguns
elementos de liga, tais como o níquel, cromo, molibdênio e vanádio. Estes isolados ou em
combinação regulam a profundidade de camada branca, aumentando a resistência ao desgaste e à
corrosão, aumentam a dureza Brinell, melhoram a resistência da superfície quanto ao lascamento e
trincamento pelo calor e a corrosão localizada.
As peças são geralmente submetidas a um tratamento térmico para alívio das tensões.
Devido a suas características mecânicas o ferro fundido branco é empregado nas seguintes
aplicações: revestimento de moinhos, bolas para moinhos de bola, cilindros de laminação para
borracha, vidro, linóleo, plásticos e metais, rodas de vagões, peças empregadas em equipamento
para britamento de minérios, moagem de cimento etc.

4.2.3 Ferros Fundidos Nodulares

São também chamados de ferro fundido dúctil e caracterizam-se pela excelente resistência
mecânica, tenacidade e ductilidade. Levam esta denominação por possuírem a grafita em forma de
nódulos.
Os processos de nodulização desses materiais consistem na adição, no metal fundido, de
determinadas ligas contendo magnésio, cério, cálcio, lítio, sódio ou bário.

26
Um tratamento térmico de recozimento ou normalização alivia as tensões e melhora as
propriedades mecânicas. O tratamento de têmpera e revido tem objetivo de melhorar a dureza, a
resistência ao desgaste e a resistência mecânica.
A ABNT agrupou o ferro dúctil em sete classes, conforme tabela a seguir.

Limite de À título informativo


Limite Resist. à Alongamento
Classe escoamento Faixa de dureza Estruturas
tração N/mm² em 5d (mín) %
(0,2) N/mm² aproximada Brinell predominantes
FE 38017 ferrítica
380 240 17 140-180
FE 42012 ferrítica-perlítica
420 280 12 150-200
FE 50007 ferrítica-perlítica
500 350 7 170-240
FE 60002 perlítica
600 400 2 210-280
FE 70002 perlítica
700 450 2 230-300
FE 38017 ferrítica
380 240 17 140-180
RI*
*RI = Classe com requisito de resistência ao choque
Tabela 11 - Classes de Ferros dúcteis segundo a ABNT NBR-6916.

O tipo mais utilizado em construção mecânica é o ferro FE-50007. As aplicações gerais


compreendem peças sujeitas a pressão, como compressores, lingoteiras e bielas e outros tipos de
peças que exijam maior resistência ao choque, como virabrequins, matrizes, mancais, polias, rodas
dentadas, engates, sapatas, tambores de freio etc.
A norma DIN1693 e a ASTM A-536 também classificam os ferros nodulares pelas suas
propriedades mecânicas.

4.2.4. Ferros Fundidos Maleáveis

Os ferros fundidos maleáveis resultam de um ferro fundido branco, o qual é sujeito a um


tratamento térmico especial de longa duração chamado “maleabilização”.
Após o tratamento, o material que originalmente é muito frágil, adquire ductilidade ou
maleabilidade, tornando-se mais tenaz.
As ótimas propriedades como ductilidade e tenacidade, aliadas a resistência a tração,
resistência a fadiga, resistência ao desgaste e usinabilidade, tornam o material recomendável para
muitas e importantes aplicações industrias.
Existem dois processos de “maleabilização”:
• Processo europeu ou maleabilização por descarbonetação (núcleo branco).
• Processo americano ou maleabilização por grafitização (núcleo preto).
O maleável é considerado um material intermediário entre o aço e o ferro fundido cinzento,
apresentando características fundamentais desta última liga, com excelente usinabilidade, e
propriedades mecânicas próximas aos aços de baixo e médio carbono, com ductilidade razoável que
pode ultrapassar 10% em alongamento.

27
A ABNT classifica os maleáveis, brancos e pretos, pelas normas NBR 6914 e NBR 6590
respectivamente, cujas propriedades variam:
• limite de escoamento: 19 a 50 kgf/mm² (valores mínimos).
• limite de resistência a tração: 30 a 70 kgf/mm² (valores mínimos).
• alongamento mínimo em 3 d: 2 a 12%.
• dureza Brinell típica: menos de 150 a 285.
Os maleáveis de núcleo preto são os que apresentam as melhores propriedades. Existe um
tipo de maleável chamado maleável perlítico, cujas propriedades mecânicas apresentam valores mais
elevados. A usinabilidade do maleável é considerada a melhor dentre as ligas ferrosas e sua
resistência à corrosão é considerada muito boa
Por todas as propriedades mencionadas, o ferro maleável encontra vasto campo de aplicação
nas industriais mecânicas, elétricas, de veículos, de materiais de construção, de tratores em peças
tais como: conexões para tubulações hidráulicas, conexões em linhas de transmissão elétrica,
correntes, suportes de molas, caixas de direção e de diferencial, cubos de rodas, sapatas de freios,
pedais de freio e de embreagem, colares de tratores, caixas de engrenagens etc.
Varias dessas peças são galvanizadas.
A ABNT classifica os dois tipos de maleáveis, pelas suas propriedades mecânicas, conforme
a tabela a seguir.

Resist. à tração Limite de


Diâm. do Corpo Alongamento Dureza Brinell
Tipo ABNT mínima escoamento (0,2)
de prova (mm) em 3d (mín) % Típica
MPa MPa
Maleável de núcleo branco
FMBS-32004 15 350 - 3 220
FMBS-35004 15 360 - 3 220
FMBS-40006 15 420 230 4 220
FMBS-45007 15 480 280 5 200
FMBS-55005 15 570 370 4 240
FMBS-65003 15 670 440 2 270
FMBS-38012 15 400 210 8 200
Maleável de núcleo preto
FMP-30006 15 300 - 6 -
FMP-35012 15 350 190 12 até 150
FMP-45007 15 450 260 7 150/200
FMP-50005 15 500 300 5 170/230
FMP-55005 15 550 330 4 190/240
FMP-65003 15 650 390 3 210/250
FMP-70002 15 700 500 2 240/285
Tabela 12 - Classes de Ferros Maleáveis segundo a ABNT NBR 6914 (núcleo branco) e 6590 (núcleo preto).

28
Ligas não ferrosas

Esta classificação indica que os metais a ela pertencentes não possuem o elemento químico
ferro em sua composição, salvo algumas exceções. Largamente utilizadas no nosso cotidiano,
encontram aplicação em utensílios de cozinha, aberturas, eletrodomésticos, veículos, aeronaves,
material elétrico e nos mais variados setores da indústria moderna.
Podem ainda ser classificados como metais comuns (cobre, zinco, chumbo, alumínio,
antimônio, cromo, níquel, vanádio, etc.) e metais nobres (ouro, prata, platina e paládio).
Considerando-se o objetivo desta apostila iremos dar uma atenção especial para os metais comuns,
mais especificamente para o cobre e suas ligas e para o alumínio e suas ligas.

5.1 Cobre e suas Ligas

Acredita-se que o cobre tenha sido encontrado por volta de 13.000 a.C. Usado inicialmente
como substituto da pedra como ferramenta de trabalho, armas e objeto de decoração, o cobre tornou-
se, pela sua resistência, uma descoberta fundamental na história da evolução humana. O fato de se
ter encontrado objetos de cobre tão antigos em diversos lugares do mundo é prova das propriedades
únicas do metal, como a durabilidade, resistência à corrosão, maleabilidade, ductibilidade e fácil
manejo. Apesar de sua antigüidade, o cobre manteve, aliado aos metais mais novos, um papel
predominante na evolução da humanidade, sendo utilizado em todas as fases das revoluções
tecnológicas pelas quais o ser humano já passou. As minas de cobre mais importantes do mundo
estão localizadas no Chile, Estados Unidos, Canadá, Rússia e Zâmbia.
O cobre é um elemento metálico com número atômico 29 e peso atômico 63,57. O seu
símbolo químico é Cu, e suas valências são +1 e +2. Depois da Prata (Ag), o cobre é o melhor
condutor de calor e eletricidade, por isso uma de suas principais utilizações é na indústria elétrica.
Não é magnético e pode ser utilizado puro ou em ligas com outros metais que lhe conferem
excelentes propriedades químicas e físicas. A seguir apresenta-se algumas de suas propriedades
mais importantes:
• Densidade: 8,96 g / cm3 ( 20°C )
• Ponto de fusão: 1.083ºC
• Ponto de ebulição: 2.595°C
• Coeficiente de dilatação térmica linear: 16,5 x 10 -6 cm/cm/°C ( 20°C)
• Resistividade elétrica: 1,673 x 10 -6 ohm.cm (20°C)
• Condutividade elétrica: 101 % IACS a 20 °C

29
• Calor latente de fusão: 50,6 cal/g
• Calor específico: 0,0912 cal/g/°C (20°C)
• Forma cristalina: Cúbica de faces centradas
As ligas de maior importância na indústria, sejam elas de baixo ou alto teor são apresentadas
a seguir:

Ligas de cobre de baixo teor de liga


Liga cobre-arsênio com fósforo: é empregada em permutadores de calor, tubos de
condensadores, tubulação de vapor e em caldeiraria de cobre em geral, onde se requer soldagem
mole ou brasagem.
Liga cobre-cádmio: empregada na indústria elétrica, em cabos elétricos, linhas de transmissão
de alta resistência mecânica.
Liga cobre-chumbo: empregada em componentes elétricos que, além de alta condutibilidade
elétrica, exigem alta usinabilidade como conectores, componentes de chaves e motores e parafusos.

Ligas de cobre de alto teor de liga


As ligas mais importantes desta classificação são os latões e os bronzes, sendo também
muito utilizadas as de cobre-alumínio, as cupro-níquel, as cobre-berílio e as cobre-silício.
Os latões comuns são ligas de cobre-zinco, podendo conter zinco entre 5 e 50% além de
outros elementos, enquanto que os bronzes são essencialmente ligas de cobre e estanho, e em
função deste último elemento, o metal apresenta um aumento na dureza e nas propriedades
relacionadas com a resistência mecânica, sem queda da ductilidade. Estas ligas podem ser
trabalhadas a frio, o que melhora a dureza e os limites de resistência à tração.
As tabelas a seguir apresentam diversas composições e aplicações para os principais latões e
bronzes.

30
Propriedades Mecânicas
Composição Lim. Res. Alonga-
Nº ABNT Designação Sigla Dureza Aplicações
% Tração mento
Brinell
Kgf/mm2 %
Cu-78,0-82,0
Pb-maior
Cobre-zinco 81-9 Sn-2,0-4,0
11 CuZn9Sn3Pb7 18 12 56 usinabilidade;
estanho 3 chumbo 7 Zn-7,0-11,0
Sn-maior resist. à
Pb-6,0-8,0
corrosão;
Cu-79,0-74,0
Válvulas baixa
Cobre-zinco71-25 Sn-0,5-2,0
13 CuZn25Sn1Pb3 20 16 47 pressão, registros,
estanho 1 chumbo 3 Zn-restante
compon.
Pb-4,0 máx.
radiadores,
Cu-59,0-64,0
flanges, conexões,
Cobre-zinco 60-38 Sn-0,5-2,0 caixas de bombas
15 CuZn38Sn1Pb1 23 9 60
estanho 1 chumbo 1 Zn-restante de água, etc.
Pb-2,0 máx.
Cu-60,0-68,0
Cobre-zinco 63-26 Sn-0,5 máx.
ferro 5,5 CuZn26Fe5,5 Pb-0,2 máx.
16 65 9 200 Alta resist.
alumínio 3,5 Al3,5Mn Fe-2,0-4,0
31

mecânica;
manganês Al-3,0-7,5
Mn-2,5-5,0
Haste de válvula,
Cu-56,0-62,0
engrenagens,
Sn-1,5 máx.
Cobre-zinco 59-37 hélices, peças em
Zn-restante
estanho 1 ferro 1 CuZn37Sn1Fe1Al contanto com água
17 Pb-1,5 máx. 35 12 90
alumínio 1 1MnPb do mar
Fe-2,0 máx.
manganês, chumbo
Al-1,5 máx.
Mn-1,5 máx.

Tabela 13 - Latões ABNT para Fundição.


Propriedades Mecânicas
Nº Composição
Designação Sigla Lim. Res. Tração Lim. Esc. Alonga-mento Dureza Aplicações
ASTM %
Kgf/mm2 Kgf/mm2 % Brinell
Pequenos cartuchos,
Cu-94,0-96,0
210 Cobre-zinco 95-5 CuZn5 27-55 10-38 45-3 65-120 medalhas, emblemas,
Zn-restante
placas.
Ferragens, condutos,
Cu-89,0-91,0
220 Cobre-zinco 90-10 CuZn10 27-57 9-42 50-4 55-125 emblemas, medalhas,
Zn-restante
estojos.

Cu-84,0-86,0
230 Cobre-zinco 85-15 CuZn15 31-60 10-42 50-4 60-135 Idem às anteriores.
Zn-restante

Cu-78,5-81,5
240 Cobre-zinco 80-20 CuZn20 31-64 12-48 52-3 65-155 Idem.
Zn-restante
Cartuchos, tubos e
suportes de radiadores,
Cu-68,5-71,5
260 Cobre-zinco 70-30 CuZn30 33-85 12-54 62-3 65-160 pinos, parafusos,
Zn-restante
rebites, cápsulas e
roscas para lâmpadas.
32

268
Cu-65,5-68,5
e Cobre-zinco 67-33 CuZn33 34-86 13-55 60-3 65-165 Idem.
Zn-restante
270

Componentes de
272 lâmpadas e chaves
Cu-62,0-65,5
e Cobre-zinco 63-37 CuZn37 34-86 13-55 56-5 65-165 elétricas, rebites, pinos,
Zn-restante
274 parafusos, compon. de
radiadores.
Tubos de
Cu-59,0-62,0
280 Cobre-zinco 60-40 CuZn40 38-60 16-45 40-4 85-145 condensadores e
Zn-restante
trocadores de calor.

Tabela 14 - Latões ASTM.


Propriedades Mecânicas
Nº Composição Lim. Res. Alonga-
Designação Sigla Lim. Esc. Dureza Aplicações
ASTM % Tração mento
Kgf/mm2 Brinell
Kgf/mm2 %
Cu-87,5/90,5
Cobre-zinco 89-9
314 CuZn9Pb2 Pb-1,3/2,5 22-40 7-35 45-12 55-105
chumbo 2
Zn - restante
Cobre-zinco 62- Cu-61,0/64,0 Devido à boa usinabilidade:
353 36 CuZn36Pb2 Pb-1,0/2,0 34-70 15-46 45-2 70-125 parafusos, componentes
chumbo 2 Zn - restante rosqueados, rebites,
Cobre-zinco 61- Cu-60,0/63,0 porcas, terminais de
360 36 CuZn36Pb3 Pb-2,5/3,7 36-52 15-45 40-12 75-135 baterias, velas, buchas,
chumbo 3 Zn - restante mancais.
Cobre-zinco 57- Cu-56,0/59,0
40 CuZn40Pb3 Pb-2,0/3,5 42-65 20-50 32-8 95-145
chumbo 3 Zn - restante
Cu-76,0/79,0 Melhor resistência à
Cobre-zinco 78-
Al-1,8/2,5 corrosão:
687 28 CuZn28Al2 36-43 14-22 60-45 70-95
As-0,02/0,06 tubos para condensadores,
alumínio 2
Zn-restante trocadores de calor.
33

Boa resistência à corrosão


Cu-70,0/73,0
442 Cobre-zinco 71- em água doce e salgada:
Sn-0,9/1,3
a 28 CuZn28Sn1 34-40 13-18 65-50 65-85 trocadores de calor,
As-0,02/0,06
445 estanho 1 condensadores, ind.
Zn - restante
petróleo e naval.

Tabela 15 – Latões ASTM.


APLICAÇÕES
LIGAS

Cu-Sn 89-11
Engrenagens para fins diversos.
0,10/0,30 P

Cu-Sn-Zn 88-10-2 Grandes conexões, engrenagens, parafusos,


máx. 1,0% Pb válvulas e flanges.

Válvulas para temperaturas até 290º C, bombas de


Cu-Sn-Zn-Pb 86-6-4,5-1,5
óleo e engrenagens.

Cu-Sn-Pb-Ni 87-11-1-1 Buchas e engrenagens diversas.

Tabela 16 – Bronzes para Fundições.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA APLICAÇÕES


LIGAS
Cu-83,0/86,0
Sn-4,0/6,0
Cu-Sn 85-5 Pb9 Zn1 Buchas pequenas e mancais.
Zn-máx. 2,0
Pb-8,0/10,0
Cu-78,0/82,0
Sn-9,0/11,0 Mancais para altas velocidades e grandes
Cu-Sn 80-10 Pb10
Zn-máx. 1,0 pressões e em mancais para laminadores.
Pb-8,0/11,0
Cu-75,0/80,0
Sn-2,0/8,0
Cu-Sn 78-7 Pb15 Pressões médias, mancais para automóveis.
Zn-máx. 1,0
Pb-13,0/16,0
Cu-68,0/73,0
Sn-4,0/6,0 Mancais para altas velocidades e baixas
Cu-Sn 70-5 Pb25
Zn-máx. 1,0 pressões.
Pb-22,0/25,0
O limite de resistência à tração das ligas para mancais varia de 10 Kgf/mm2 (maior teor de Pb)
até 18 Kgf/mm2.

Tabela 17 Bronzes para Mancais.

34
Propriedades Mecânicas
Nº. Composição Lim. Res. Alonga-
Designação Sigla Lim. Esc. Dureza Aplicações
ASTM % Tração mento
Kgf/mm2 Brinell
Kgf/mm2 %
Boa condutibil. elétrica, maior
resist. que cobre.
Cobre- Sn-1,0/2,5
Contatos, apar. de telecom.,
505 Estanho CuSn2 P-0,02/0,30 28-65 11-50 45-2 60-150
molas condutoras, parafusos,
98-2 Cu-restante
tubos flexíveis, rebites, varetas
de soldagem, etc.

Cobre- Sn-3,0/4,5 Arquitetura, constr. elétricas,


511 Estanho CuSn4 P-0,02/0,40 33-90 13-58 50-2 70-195 molas, diafragmas, parafusos,
96-4 Cu-restante porcas, rebites, etc.

Tubos para águas ácidas, ind.


Cobre- Sn-4,5/5,5
têxtil, química e papel, molas,
510 Estanho CuSn5 P-0,02/0,40 35-95 13-62 55-2 75-205
diafragmas, parafusos, porcas,
95-5 Cu-restante
rebites, varetas e eletrodos, etc.
35

Idem anteriores em condições


Cobre- Sn-5,5/7,5
mais críticas.
519 Estanho CuSn6 P-0,02/0,40 37-100 15-76 60-2 80-225
Produzido em chapas, barras,
94-6 Cu-restante
fios e tubos.
Melhor reist. fadiga e desgaste.
Cobre- Sn-7,5/9,0
Mesmas aplicações liga 519 e
521 Estanho CuSn8 P-0,02/0,40 42-105 17-82 65-2 85-240
discos antifricção.
92-8 Cu-restante
Chapas, barras, tios e tubos.

Cobre- Sn-9,0/11,0 Melhores propr. mecânicas.


524 Estanho CuSn10 P-0,02/0,40 44-100 19-85 65-3 95-245 Mais usada.
90-10 Cu-restante

Tabela 18 – Bronzes ASTM.


5.2 Alumínio e suas ligas

O alumínio é o metal mais recentemente usado em escala industrial, apesar de ser o terceiro
elemento mais abundante na crosta terrestre. Mesmo sendo utilizado há milênios antes de Cristo, o
alumínio começou a ser produzido comercialmente somente há cerca de 150 anos. Sua produção
atual supera a soma de todos os outros metais não ferrosos. Esses dados já mostram a importância
do alumínio para a nossa sociedade. Antes de ser descoberto como metal isolado, o alumínio
acompanhou a evolução das civilizações. Sua cronologia mostra que, mesmo nas civilizações mais
antigas, o metal dava um tom de modernidade e sofisticação aos mais diferentes artefatos.
Atualmente, os Estados Unidos e o Canadá são os maiores produtores mundiais de alumínio.
Entretanto, nenhum deles possui jazidas de bauxita em seu território, dependendo exclusivamente da
importação. O Brasil tem a terceira maior reserva do minério no mundo, localizada na região
amazônica, perdendo apenas para Austrália e Guiné. Além da Amazônia, o alumínio pode ser
encontrado no sudeste do Brasil, na região de Poços de Caldas (MG) e Cataguases (MG). A bauxita é
o minério mais importante para a produção de alumínio, contendo de 35% a 55% de óxido de
alumínio.
O elevado aumento no consumo de alumínio é a prova do que este metal significa na indústria
moderna. É o mais importante dos metais não ferrosos e está entre os mais consumidos anualmente.
A variedade de aplicações do alumínio está relacionada com suas características físico-químicas, com
destaque para seu baixo peso específico, comparado com outros metais de grande consumo,
resistência à corrosão e alta condutibilidade elétrica e térmica. Essas propriedades são as matérias-
primas da indústria para diversificar seus produtos e criar soluções para outros mercados, como o
setor automotivo e de construção civil, por exemplo.

Normalização das ligas de alumínio


A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, e outras associações de normas
técnicas classificam as ligas de alumínio conforme o processo de fabricação e a composição química.
As ligas, portanto, são divididas em ligas para conformação (ou dúcteis) e ligas para fundição
porque necessitam de características diferentes para os diferentes processos de fabricação.
Aquelas destinadas para conformação devem ser obrigatoriamente muito dúcteis para serem
trabalhadas a frio ou a quente pelos processos de conformação mecânica, como a laminação, a
trefilação, o forjamento e a extrusão. Depois de passarem por estes processos as ligas são vendidas
sob a forma de laminados planos, como chapas e folhas, além de barras, arames, perfis e tubos
extrudados e peças forjadas.
As ligas para fundição, por sua vez, devem ter resistência mecânica, fluidez e estabilidade
dimensional e térmica para suportar os diferentes processos de fundição em areia, em molde
permanente por gravidade ou sob pressão.

36
Tanto as ligas para fundição como as ligas para conformação seguem um sistema de
designação de acordo com a norma ABNT NBR 6834, conforme o principal elemento de liga presente
em sua composição de acordo com a tabela a seguir.

DESIGNAÇÃO DA SÉRIE INDICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO


1XXX 99,0% mínimo de alumínio
2XXX Cobre
3XXX Manganês
4XXX Silício
5XXX Magnésio
6XXX Magnésio e Silício
7XXX Zinco
8XXX Outros elementos
9XXX Série não utilizada

Tabela 19 – Alumínio e suas Ligas para Conformação.

Pela NBR 6834, os materiais para conformação mecânica são indicados por um número de
quatro dígitos:
O primeiro classifica a liga pela série de acordo com o principal elemento adicionado;
O segundo dígito, para o alumínio puro, indica modificações nos limites de impureza: 0
(nenhum controle) ou 1 a 9 (para controle especial de uma ou mais impurezas). Para as ligas, se for
diferente de zero indica qualquer modificação na liga original;
O terceiro e do quarto dígitos, para o alumínio puro, indicam o teor de alumínio acima de 99%.
Quando se referem às ligas, identificam as diferentes ligas do grupo (é um número arbitrário).

37
As principais ligas deste tipo e suas aplicações podem ser vistas na tabela a seguir:

Ligas de Alumínio Trabalháveis

Liga Características Aplicações


Alumínio comercialmente puro, muito
dúctil no estado recozido, indicado para
Equipamentos para indústrias alimentícias,
1050 deformação a frio. Estas ligas têm
químicas, bebidas, trocadores de calor ou
1100 excelente resistência à corrosão, a qual é
utensílios domésticos.
crescente com o aumento da pureza da
liga
Alumínio 99,5% de pureza, com Barramentos elétricos, peças ou equipamentos
1350
condutibilidade mínima de 61% IACS. que necessitem de alta condutibilidade elétrica.
2017
Ligas de AlCu, com elevada resistência
2024 Peças usinadas e forjadas, indústria aeronáutica,
mecânica, alta ductibilidade, média
2117 transporte, máquinas e equipamentos.
resistência à corrosão e boa usinabilidade.
2219
Carrocerias de ônibus e de furgões,
Ligas de AlMn, com boa resistência à equipamentos rodoviários e veículos em geral,
corrosão, boa conformabilidade e reboques, vagões, utensílios domésticos,
3003
moderada resistência mecânica. São ligas equipamentos para indústria química e
de uso geral. alimentícia, telhas, cumeeiras, rufos, calhas,
forros, construção civil e fachadas.
4043 Ligas de AlSi utilizadas em varetas de Soldagem das ligas das séries 1XXX, 3XXX e
4047 solda. 6XXX.
Carrocerias de ônibus e de furgões,
Ligas de AlMg são dúcteis no estado equipamentos rodoviários e veículos em geral,
recozido, mas endurecem rapidamente estruturas solicitadas, reboques, vagões
5005
sob trabalho a frio. Alta resistência à ferroviários, elementos estruturais, utensílios
5052
corrosão em ambientes marítimos. Em domésticos, equipamentos para indústria
5056
geral a resistência mecânica aumenta com química e alimentícia, telhas, cumeeiras, rufos,
os teores crescentes de Mg. calhas, forros, construção civil, fachadas e
embarcações.
Carrocerias de ônibus e de furgões,
equipamentos rodoviários e veículos em geral,
6053 estruturas solicitadas, reboques, vagões
Ligas de AlMgSi, tratáveis termicamente
6061 ferroviários, elementos estruturais, utensílios
com excelente resistência mecânica na
6063 domésticos, equipamentos para indústria
têmpera T6.
6351 química e alimentícia, telhas, cumeeiras, rufos,
calhas, forros, construção civil, fachadas e
embarcações.
Peças sujeitas aos mais elevados esforços
Ligas de AlZn, tratáveis termicamente, alta
7075 mecânicos em indústria aeronáutica, militar,
resistência mecânica, boa resistência à
7178 máquinas e equipamentos, moldes para injeção
corrosão e boa conformabilidade.
de plástico e estruturas.
Tabela 20 – Ligas de Alumínio Trabalháveis.

38
A seguir, para as ligas de fundição, apresenta-se a respectiva tabela:

DESIGNAÇÃO DA SÉRIE INDICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO


1XX.X 99,0% mínimo de alumínio
2XX.X Cobre
3XX.X Silício e cobre e/ou magnésio
4XX.X Silício
5XX.X Magnésio
6XX.X Série não utilizada
7XX.X Zinco
8XX.X Estanho
9XX.X Outros elementos

Tabela 21 - Alumínio e suas Ligas para Fundição.

Na coluna designação da série, as ligas de alumínio para fundição são indicadas por três
dígitos, um ponto e um dígito. Da mesma forma como nas ligas para conformação, cada dígito tem um
significado:
O primeiro dígito classifica a liga segundo o elemento principal da liga;
O segundo e o terceiro dígitos indicam centésimos da porcentagem mínima de alumínio (para
o alumínio puro) ou diferentes ligas do grupo;
O dígito após o ponto indica a forma do produto: 0 para peças fundidas e 1 para lingotes.

39
As principais ligas utilizadas em fundição são apresentadas a seguir.

Liga Características Aplicações


Alumínio comercialmente puro com excelente resistência à
Acessórios utilizados nas indústrias químicas e de
corrosão e boa condutividade elétrica (57% IACS), não tratável
150.0 alimentação, rotores, condutores elétricos e
termicamente. Fundição em molde permanente, areia e sob
equipamentos industriais.
pressão.
Excelentes propriedades mecânicas em temperaturas elevadas
Pistões e cabeçotes para aviões, motores a diesel
242.0 e muito boa usinabilidade. Baixa resistência à corrosão.
e de motocicletas.
Fundição em molde permanente e areia.
Média resistência, boa usinabilidade. Baixa resistência à Elementos estruturais de máquinas, equipamentos
295.0
corrosão. Fundição em areia. e aviação, cárter, rodas de ônibus e de aviões.
Resistência mecânica moderada e boas características de
Uso geral, além de revestimentos e caixas de
319.0 fundição e usinagem. Fundição em molde permanente e em
equipamentos elétricos.
areia.
Peças complexas ou sob tensão, cabeçote de
Média resistência mecânica, com excelente fluidez, boa
cilindros, corpo de válvulas, camisa de água, união
355.0 usinabilidade após tratamento térmico, boa estanqueidade sob
para mangueiras, acessórios para indústria de
pressão. Fundição em molde permanente e areia.
máquinas e na construção civil.
Peças estruturais sob tensão, componentes de
Similar a 355.0, mas com maior resistência mecânica,
aviação e de mísseis, acessórios de máquinas e
C355.0 excelente característica de alimentação (ideal para peças
equipamentos, construção civil, fachadas e
fundidas espessas). Fundição em molde permanente e areia.
embarcações.
Peças fundidas com seções finas, cilindros,
Média resistência mecânica, excelente fluidez e estanqueidade
válvulas, cabeçotes, blocos de motores,
356.0 sob pressão, boa resistência à corrosão e usinabilidade.
ferramentas pneumáticas e componentes
Fundição em molde permanente e areia.
arquiteturais anodizados na cor cinza.
Peças sob tensão que exigem relação de peso
Elevada resistência mecânica, excelente fluidez e resistência à com elevadas propriedades mecânicas e de
357.0
corrosão. Fundição em molde permanente e areia. resistência à corrosão, tais como, componentes de
aviação e de mísseis.
Excelente estanqueidade sob pressão, resistência à corrosão e Recipientes e componentes de iluminação, peças
350.0
muito boa usinabilidade. Fundição sob pressão. externas de motores e utensílios domésticos.
Bom acabamento superficial, muito boa usinabilidade, podendo
380.0 Peças de utensílios domésticos em geral.
ser anodizada. Fundição sob pressão.
Elevada resistência mecânica tanto em locais com
temperaturas ambiente como elevadas, muito boa fluidez, boa Peças para utensílios domésticos em geral,
A380.0
estanqueidade sob pressão, usinabilidade e resistência à indústrias elétrica e automotiva.
corrosão. Fundição sob pressão.
Caixas de medidores de energia elétrica, peças
Excelente estanqueidade sob pressão e resistência à corrosão,
413.0 externas de motores e peças fundidas com seções
baixa usinabilidade. Fundição sob pressão.
finas que requerem boa resistência à corrosão.
Peças fundidas com seções finas, utensílios
Baixa resistência mecânica, muito boa fluidez, excelente
domésticos, moldes para artefatos de borracha e
443.0 estanqueidade sob pressão e resistência à corrosão. Fundição
componentes arquiteturais anodizados na cor
em molde permanente, areia e sob pressão.
cinza.
Excelente usinabilidade e resistência à corrosão, alta
Aplicações marítimas, acessórios ornamentais de
518.0 ductilidade, baixa fluidez e excelentes propriedades de
máquinas e equipamentos.
acabamento superficial. Fundição sob pressão.
Excelente resistência mecânica, inclusive sob cargas de
impacto, boas condições de anodização e de polimento, baixa
Peças submetidas a elevadas tensões na
520.0 fluidez, excelente usinabilidade e resistência à corrosão, mas
engenharia de aviação, marítima e de transporte.
suscetível à corrosão sob tensão em temperaturas acima de
120ºC. Fundição em areia.
Boas propriedades mecânicas, envelhece naturalmente, se
712.0 retempera após soldagem, excelente usinabilidade e boa Peças fundidas para conjuntos de brasagem.
resistência à corrosão. Fundição em areia.

Tabela 22 – Principais Ligas de Alumínio para Fundição.

40
Plásticos e borrachas

Plásticos são materiais sintéticos produzidos a partir de matérias químicas básicas,


denominadas de monômeros, sendo o Etileno (C2H4) um exemplo importante. Os plásticos
constituem um grande grupo de materiais e consistem, basicamente de combinações que ocorrem
entre o carbono e o hidrogênio e entre o oxigênio e o nitrogênio.
Os plásticos são sólidos em seu estado final, entretanto, em determinado estágio de sua
fabricação, encontram-se próximos de uma condição líquida, podendo, assim, ser moldados de várias
maneiras e formas. Em geral, essa moldagem é executada através da aplicação de calor e pressão.
Consideramos plásticos industriais aqueles utilizados em aplicações técnicas como peças,
engrenagens e elementos estruturais. Estes materiais constituem atualmente o grupo de materiais
não-metálicos mais importantes de utilização na indústria.
Em diversas situações os plásticos podem substituir os metais:
• Em condições relativamente abrasivas: partes de um equipamento de moagem ou
britagem ou como partes de um sistema industrial de exaustão.
• Em ambientes corrosivos: decapagens, tanques, revestimentos, válvulas e peças que
trabalhem em ambientes químicos agressivos.
• Em situações que os materiais não devem aderir ou colar: revestimentos de silos, calhas,
caçambas e canecas.
• Quando o baixo coeficiente de atrito é necessário: guias de cilindro, anéis, buchas.
• Para controlar níveis de ruídos ou vibrações: indústria têxtil, equipamentos de escritório
ou instrumentos delicados.
• Em situações de difícil lubrificação: plásticos auto-lubrificantes e de baixa fricção podem
eliminar a lubrificação e manutenção em muitas aplicações como buchas, engrenagens e polias.
• Para isolação elétrica: medidores, máquinas elétricas manuais, painéis e circuitos
impressos.
• Para proporcionar transparência e translucidez: visores de níveis, janelas de inspeção,
painéis de segurança e locais onde o vidro não daria segurança por risco de quebra e estilhaçamento.
• Em peças que operam com diversas funções: chapas de desgaste e raspadores usados
na indústria química, rosca sem fim para trabalhar sem ruído, resistência ao desgaste e absorção de
choque.
• Quando a leveza é fundamental: pára-choque de automóveis, pisos de aviões, canecas
de elevadores, etc.

41
6.1 Classificação

6.1.1 Termofixos

São aqueles que se tornam plásticos, ou seja, amolecem por meio de calor, sofrem
transformação química em sua estrutura e, ao endurecerem, adquirem a forma do molde no qual
foram moldados, não podendo mais ser amolecido. Se forem reaquecidos nas temperaturas de
processamento, eles não readquirirão a plasticidade. São exemplos de plásticos termofixos o fenol
formaldeído (baquelite), o epóxi e o silicone.

6.1.2 Termoplásticos

Tornam-se plásticos pela ação do calor e se solidificam com o resfriamento, retendo a forma
na qual foram moldados. Se forem aquecidos novamente, voltam a se tornar plásticos e podem ser
moldados em novas formas. São exemplos de termoplásticos o polietileno, o poliestireno,o policloreto
de vinila (PVC) e o náilon.

6.2 Propriedades comuns dos plásticos ou polímeros


Os polímeros são caracterizados principalmente pelas propriedades mecânicas, químicas,
térmicas, óticas e elétricas. De um modo geral essas propriedades devem ser associadas. Em outras
palavras, não é suficiente um plástico ser transparente ou apresentar boas características de isolação
ou resistir bem à ação da corrente elétrica sob determinada voltagem, se sua resistência não for
suficiente para suportar os esforços mecânicos ou as modificações estruturais que possam ocorrer
pela aplicação, por exemplo, de correntes elétricas além das previstas.
A ação dos agentes químicos também deve ser considerada, pois moléculas estranhas
podem romper as ligações químicas ou as cadeias longas dos polímeros ficando reduzida a
resistência mecânica do material.
Não menos importantes são a temperatura de empenamento e temperatura recomendada de
serviço. A primeira corresponde à temperatura na qual uma quantidade arbitrária de deflexão ao
dobramento ocorrerá sob a ação de uma carga aproximadamente de 18 Kgf/cm². Essa temperatura
varia entre 38 e 260 ºC. A segunda é baseada na experiência de fabricantes e usuários e corresponde
à temperatura na qual um material plástico pode ser utilizado continuamente sob carga zero. Essa
temperatura varia de 50 a 315 ºC.

42
6.3 Principais tipos de plásticos, borrachas e
aplicações

6.3.1 Nylon

Família de resinas de engenharia com excepcional tenacidade e resistência ao desgaste,


baixo coeficiente de atrito, propriedades elétricas e resistência química excelentes, são higroscópicos,
menor estabilidade de dimensões do que a maioria dos plásticos de engenharia.
Suas boas propriedades mecânicas e sua resistência ao calor e aos combustíveis tornam tais
materiais muito apropriados para equipamentos mecânicos e elétricos, como por exemplo, rodas
dentadas para correntes, engrenagens de velocímetros, ventiladores, conectores para fios e peças
para limpadores de pára-brisas.
Devido ao seu baixo coeficiente de atrito, boa resistência à abrasão e ainda a capacidade de
operar sem lubrificação fazem do nylon um material altamente empregado para a fabricação de
mancais. Tubos e mangueiras de nylon extrudados são usados em sistemas de fluidos em virtude de
não serem afetados por hidrocarbonetos ou outros meios de arrefecimento.
O principal tipo de nylon utilizado em engenharia é o nylon-6, conhecido industrialmente como
Tecnyl.

6.3.2. Teflon

As principais características dos plásticos fluorados são sua inércia química, sua estabilidade
em altas e baixas temperaturas, excelentes propriedades elétricas e baixo coeficiente de atrito.
As características positivas do teflon – PTFE são as seguintes:
• Resistência química excelente;
• Não absorve umidade;
• Bom dissipador de calor;
• Auto-lubrificante;
• Facilmente usinável;
• Incombustível, carboniza mas não pega fogo.

As características negativas:
• Baixa resistência mecânica;
• Dimensões reduzidas do produto semi-acabado;
• Baixa resistência abrasiva.

43
Suas principais aplicações:
• Anéis de vedação;
• Assentos de válvulas;
• Selos mecânicos;
• Gaxetas;
• Revestimento de cilindros;
• Peças técnicas específicas.

6.3.3. Acetal

É um plástico rígido, muito resistente, com excepcional estabilidade dimensional e excelente


resistência ao escoamento e a fadiga por vibrações, baixo coeficiente de atrito, elevada resistência à
abrasão e agentes químicos, mantém suas propriedades quando imerso em água quente, baixa
resistência à ruptura por fadiga.
As características positivas do acetal ou plástico de engenharia são:
• Boa resistência mecânica;
• Elevada rigidez;
• Bom isolante térmico;
• Baixo coeficiente de atrito;
• Boa resistência ao impacto;
• Fácil usinagem;
• É o plástico mais próximo das propriedades do metal;
• Melhor acabamento superficial dentre os plásticos;
• Boa absorção a vibrações.

Suas limitações:
• Baixa resistência ao desgaste;
• Não resiste ao ataque de ácidos fortes;
• Sofre amolecimento ao efeito de raios solares.

Suas principais aplicações:


• Elaboração de peças de alta precisão;
• Mancais e buchas;
• Engrenagens;
• Guias de barramentos para máquinas operatrizes;
• Peças estruturais de pequeno porte;
• Conexões.

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6.3.4. Cloretos de Polivinila – PVC

Existem diversas formulações disponíveis, os que apresentam maior rigidez são duros,
tenazes, têm excelentes propriedades elétricas e boa resistência à exposição ao tempo, à umidade e
a agentes químicos; os tipos flexíveis são de fácil processamento, porém têm propriedades
desfavoráveis, a resistência ao calor vai de baixa à moderada em todos os tipos ou em sua maioria;
apresentam custo reduzido.
Características positivas:
• Excelente resistência a produtos químicos;
• Baixa absorção de umidade;
• Pode ser soldado, colado, moldado, dobrado, curvado, cortado e usinado;
• Baixo custo em relação a outros aplicativos;
• Boa aplicação para peças estruturais (tanques, reservatórios e pias).

Características negativas:
• Faixa de temperatura bastante reduzida;
• Torna-se quebradiço após longo período de utilização;
• Perde resistência em altas temperaturas;
• Baixa resistência ao impacto, à abrasão e mecânica.

Principais aplicações:
• Tanques e reservatórios;
• Dutos e tubulações;
• Filtros;
• Ventiladores;
• Pias para laboratórios;
• Revestimentos de tanques de alvenaria ou metálicos;
• Caixas para equipamentos eletrônicos.

6.3.5. Poliuretano

Pertence a um grupo de materiais que aliam características de elastômero com possibilidade


de transformação com termoplástico, devido à grande variação de durezas possíveis de se
estabelecerem na sua formação.
Possui alta resistência à tração e compressão, e é ideal na produção de peças que exijam
grande durabilidade. O poliuretano é altamente resistente ao corte e rasgamento e possui ótima

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flexibilidade e grande resistência à compressão, voltando sempre à forma original. Por esta razão é
aplicado para amortecimento em geral.
Suas características positivas para aplicações industriais:
• Excelente resistência ao desgaste;
• Excelente adesão a metais;
• Alta resistência ao corte;
• Ótima flexibilidade;
• Boa resistência à compressão, à tração e ao impacto;
• Baixo índice de absorção de umidade;
• Baixo coeficiente de atrito;
• Boa absorção de vibrações.

As suas limitações:
• Não indicado como isolante;
• Difícil de ser usinado devido à baixa dureza;
• Razoável resistência química;
• Sofre ação de raios ultravioletas, oxidando, tornando-se escuro, porém sem prejuízo de
outras características;
• Não resiste à água quente e ao vapor saturado, ácidos concentrados, soluções alcalinas,
álcool, hidrocarbonetos clorados e amoníaco.

As principais aplicações do Poliuretano:


• Como amortecedor;
• Molas para ferramentas;
• Socadores de fundição;
• Acoplamentos elétricos;
• Gaxetas para prensas, acoplamentos, guarnições, etc.

6.3.6. Borrachas ou elastômeros

A borracha sintética é obtida a partir do petróleo e do gás natural. É vulcanizada como a


borracha natural, e, portanto, possui características similares. Sua resistência ao calor e a intempérie
é superior à borracha natural. O pneumático fabricado de borracha sintética tem o dobro da
resistência à abrasão em relação a um fabricado de borracha natural.
Possui resistência ao óleo e à gasolina e é muito usado como guarnições, possuindo também
um odor muito forte.

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As borrachas podem ser empregadas em pneumáticos e câmaras de ar para veículos,
guarnições, diafragmas, mangueiras, anéis o-ring, etc.
A tabela seguinte apresenta algumas borrachas sintéticas, suas vantagens e desvantagens
em relação à borracha natural e suas aplicações.

TIPO VANTAGENS LIMITAÇÕES APLICAÇÕES


Propriedades iguais ou Facilidades limitadas de
Borracha de Pneus para automóveis
superiores da borracha fabricação e
Poli-isopreno e caminhões.
natural. processamento.
Um pouco inferior à Combinações com a
Propriedades semelhantes às
Butadieno- borracha natural em borracha natural; pneus;
da borracha natural. Amplas
estireno (SBR) resistência à tração e ao correias; mangueiras;
facilidades de produção.
desgaste. solas; tapetes.
Diafragmas para
Copolímeros de carburador; tanques de
Maior resistência a óleos e Menor resistência à
butadieno-acrilo- combustíveis;
solventes. tração.
nitrila (Nitrila) mangueiras para
gasolina e óleo.
Mangueiras e
Alta resistência ao calor, à luz, guarnições para óleo
Cloropreno e Não é processado como
a óleos e a produtos químicos. em temperaturas altas;
Neopreno a borracha natural.
Boa resistência elétrica. pneus para serviços
pesados.
Tubos internos;
Excepcional impermeabilidade mangueiras e
a gases; elevada resistência à Dura quando fria. diafragmas para vapor;
Borrachas Butil
abrasão, ao calor, à luz e aos Queima com facilidade. máscaras contra gases;
ácidos; durabilidade. isolação elétrica;
câmaras de ar.
Vedação em
equipamentos para
Excelente resistência a óleos Baixa resistência à
refinarias e campos de
Thiokol e solventes. Boa resistência tração, à abrasão e à
petróleo; guarnições;
química. chama.
diafragmas; discos de
sede de válvulas.
Tubos para passagem
de óleo quente;
Excelente resistência a óleos, Baixa resistência à
aparelhos para a
Acrlícas, Hycar solventes e ácidos. Suporta abrasão e à tração. Alto
indústria química;
temperaturas altas. custo.
guarnições para
automóveis.
Cobertura de fios e
Baixa resistência à
cabos; guarnições e
Suporta temperaturas de tração, rasgamento e
Borrachas de tubos para condições
trabalho entre 150 e 260 ºC. É abrasão. Não é
Silicone extremas; partes de
elástica até -38ºC. compatível com a
aviões; mísseis e naves
borracha. Custo elevado.
espaciais.

Tabela 23 – Comparativos entre as Borrachas Sintéticas e a Borracha Natural.

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Identificação dos materiais na oficina

Na falta de recursos mais adequados como instrumentos e laboratórios de ensaios, e


dependendo do fim a que se destina a informação obtida, verificações elementares podem ser
realizadas para identificarem-se os tipos de materiais.

7.1. Aspecto da superfície

O aspecto da superfície de uma peça, em bruto ou sem acabamento posterior, pode fornecer
algumas indicações:
Quanto ao tratamento térmico, peças recozidas apresentam uma casca típica proveniente da
oxidação e as temperadas, bem como as revenidas, também mostram na superfície manchas ou
coloração características.
Quanto ao processo de obtenção de peças fundidas, o emprego de areia de moldagem
suficientemente permeável caracteriza pela ausência na peça de porosidades ou bolhas superficiais.
Peças fundidas em coquilha apresentam quase sempre, impressos em sua superfície, certos
detalhes da coquilha, como riscos provenientes de usinagens.
Nas peças estampadas são características certas estrias deixadas pelas rebarbas dos
estampos ou matrizes.

7.2. Aspecto da fratura

O aspecto da fratura pode dar indicações preciosas quanto à natureza do material, sua
granulação, etc. Alguns materiais classificam-se pelo aspecto de sua fratura e recebem nomes que
dele decorrem, como ferro fundido branco ou cinzento. O ferro fundido coquilhado mostra em geral
uma camada branca junto à periferia.
Encontram-se às vezes bolhas ou inclusões de material estranho na fratura, quando o metal é
muito impuro. As rupturas por fadiga são, em geral, típicas, apresentando uma superfície lisa,
envolvendo outra de aspecto granular.

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7.3. Ação da lima

Por meio de uma lima pode-se verificar se o material é duro ou não, se está temperado ou
não. A dureza de um aço temperado pode ser tão grande ou maior que a da própria lima. Através de
um riscador e da facilidade com que se consegue riscar uma peça, podemos ter uma idéia
aproximada de sua dureza.

7.4. Centelhas ao esmeril

Para os aços doces, de baixo teor de carbono, as centelhas apresentam-se apenas como
traços luminosos, sem formação de estrelinhas, mas a medida que o teor de carbono aumenta, as
estrelinhas aparecem em número cada vez maior e com ramificações mais numerosas.

7.5. Atração pelo imã

Todos os produtos siderúrgicos comuns são atraídos pelo imã até 768 ºC. Aços liga com
teores elevados de níquel (acima de 25%) ou manganês (mais de 12%), ou os inoxidáveis do tipo 18-
8 (18% Cr e 8% Ni), conservam-se em estado alotrópico não magnético a temperatura ambiente.
Pode-se assim distingui-los dos demais com o auxílio de um imã.

7.6. Sonoridade

Uma peça metálica apoiada em uma área muito pequena ou suspensa por um ponto, quando
tangida por um objeto duro, emite um som característico, que é função do seu estado de tensões
internas. Quando seu som é puro e relativamente duradouro, há grande probabilidade de não estar
fissurada, mas emitindo um som chocho poderá estar trincada. O som emitido por um aço temperado
é mais rápido do que o som emitido por um aço de igual composição química porém sem o
tratamento. Também emitem um som de sino os ferros fundido brancos, os nodulares e os maleáveis,
enquanto que os cinzentos propagam um som chocho, sem vibração.

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Bibliografia
Aços Inoxidáveis. Disponível em: <http://www.gerdau.com.br>. Acesso em: 26/12/2006.

Alumínio. Disponível em: <http://www.abal.org.br>. Acesso em: 25/12/2006.

CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica. Vol. III. 2ª edição. São Paulo: Ed. Makron Books. 1986.

Materiais. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 24/12/2006.

Materiais. Disponível em: <http://www.cimm.org.br>. Acesso em: 26/12/2006.

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