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INTERCAMBIO PSICOANALÍTICO

EDITORIAL

É com grande satisfação que apresentamos o segundo volume da Revista da FLAPPSIP


que agora tem nome próprio – Intercambio Psicoanalítico. Nome que reflete a essência
de propósito de nossa federação e o desejo pulsante de troca entre as instituições filiadas
de norte a sul da America Latina. Projeto que integra, identifica, que, também, marca
diferenças e que a cima de tudo registra e difunde a riqueza da produção científica de
nossa Federação.

Trabalho conjunto de todas as associações com seus representantes, orquestrados por


Alicia Leone e Marcela Marsenac, que incansavelmente fizeram esse trabalho de
ligação e organizaram a revista que agora publicamos. Contamos dessa vez com dois
artigos e um comentário de um livro por instituição.

Ao iniciarem a leitura verão a pluralidade de pensamento e aportes teóricos, artigos que


circulam entre a teoria, a técnica, a clínica, bem como reflexões sobre ética e
organização social, que pensam os vínculos e a parentalidade, a infância, a adolescência,
a adultos maiores, bem como artigos de intervenção em psicanálise. Podemos dizer que
nossa revista é um verdadeiro festim epistemofílico onde podemos beber de diversas
fontes revendo conceitos, repensando saberes e abrindo espaço para novas reflexões.

De ADPP recebemos o artigo “Psicoanálisis de fronteras: vida y muerte en un


departamento de neonatologia” de autoria de Miguel Maldonado Pedreros, que nos
apresenta a abordagem terapêutica realizada em hospital materno infantil através de
intervenções realizadas.

Com a pergunta “Edipo ¿Estás ahí???”, Martha Vega da AEAPG propõe em seu artigo
uma revisão sobre o conceito do Complexo de Édipo freudiano, trazendo
questionamentos sobre as características do Édipo na sociedade posmoderna. Ivonne
Rozemberg, também de AEAPG, trabalha em seu artigo “Enfoques actuales del
concepto de parentalidad” a questão das identificações e do desejo dos pais quando da
adoção e da fertilização assistida, como uma forma particular de inserção do terceiro no
casal.
De APPPNA César Estrella Viladegut, em seu artigo “Retos actuales en psicoterapia
con niños y adolescentes”, apresenta reflexões sobre a prática clínica com adolescentes
e crianças diante das mudanças sociais que enfrentamos na posmodernidade, quando se
privilegia consumo e satisfação imediata, bem como as mudanças de papel do casal
parental. Também de APPPNA recebemos o artigo extremamente interessante de
Carmen Rosa Zelaya que coteja a psicoterapia de crianças e adultos, intitulado “De la
psicoterapia de niños al psicoanálisis de adultos”, onde aborda as questões atemporais
do inconsciente e, assinala que no tratamento as crianças jogam em ser adultos e os
adultos revivem registros infantis.

De ASAPPIA recebemos os artigos “Función paterna y clínica de la discapacidad:


reflexiones psicoanalíticas” e “Quiero ser buena”, algunas vicisitudes en el análisis de
Olivia- cuestiones teórico-técnicas em el psicoanálisis de niños”. No primeiro Jorge
Cantis propõe uma reflexão sobre a função paterna tendo em conta a perturbação na
economia pulsional, neurosis traumática familiar, problemas identificatórios entre
outros. No segundo, Mariana Lía Groisman questiona os limites da interpretação como
ferramenta que propicia a tramitação sobre o traumático.

AUDEPP nos brinda com o artigo “De la necesidad de amar al prójimo como a si
mismo: aproximaciones a la teoria del vínculo” de Violeta Garcia, onde o vínculo é
discutido de diferentes perspectivas, mas privilegiando o vinculo como terapêutico e
instrumento de cura, incluindo aportes da neurociência e da posmodernidade.

De CEPdePA recebemos os trabalhos “Ética y poder: Crisis de modelos em la


sociedad?” de Augusta Gerchmann que nos fala de um tema instigante que é a crise
ética na sociedade atual. Parte da teoria do desenvolvimento psicossexual e analisa os
matizes da ganância de poder na posmodernidade, bem como a relação coma as
patologias narcisistas. O trabalho de Cesar Augusto Antunes, também do CEPdePA,
trata das questões vinculadas ao uso do corpo e suas transformações radicais, como
forma de compensar as frustrações do encontro com o outro, como expressão do
narcisismo de morte, no texto “Abusos y violências: El cuerpo como objeto”.

O artigo “Devenir en Mujer” de Sara Oxenstein Blanc da CPPL trata da questão da


mujeidad, neologismo criado pela autora, traçando uma diferença entre ser, saber-se e
devenir mulher, que nos convoca a refletir. Também de CPPL recebemos o artigo de
Carlos Jibaja Zárate “El poder como organizador psicosocial” que analisa os vínculos
humanos nos âmbitos subjetivo, intersubjetivo e sócio-cultural tendo no poder um
organizador importante.

“A la manera del paciente: Reflexiones basadas en el pensamiento de Winnicott” é o


trabalho que nos brinda Valéria Ortiz R. de ICHPA, que propõe em seu artigo que o
analista se coloque conscientemente no lugar da “preocupação materna primária”,
usando da empatia para desenvolver a confiança básica e dessa forma propiciar que a
análise se institua. Nayaret Saúd, também de ICHPA, propõe uma reflexão sobre o
tempo da melancolia e a importância da memória para fixar o passado e iluminar o
presente, em seu artigo “El tiempo del desierto: la memoria impedida”.

Sobre o devir psicoanalista temos o artigo “Alienación, subjetividad e identidad del


analista” da colega Alma Dunia Vásquez Lorenzana de IMPAC, onde são abordadas
questões controversas da formação psicanalítica até a aquisição da identidade. Temos
também de IMPAC outro artigo que faz uma revisão geral da obra de Fromm e do
conceito de desenvolvimento humanista por ele proposto que é apresentado por Pablo
Javier Varela Fregoso em seu texto “El psicoanálisis humanista y Erich Fromm”.

Daniel Bozzone, de SPS, apresenta o artigo “Realización de los instintos en la teoria del
pensamiento de W. R. Bion” que a guisa de introdução trabalha alguns conceitos da
teoria para poder refletir sobre o posicionamento de Bion diante dos instintos de vida e
de morte.

Teremos também o trabalho ganhador do Premio Jorge Rosa/2013 de autoria de María


Laura Caporale de ASAPPIA, Argentina, intitulado “Va al encuentro del otro” , bem
como as Menções especiais “Psicoanálisis en un hospital psiquiátrico de Colombia” de
autoria de Angela Patricia García Córdoba de AEAPG, Argentina (Primeira Menção
Especial) e “Simbolización y fenómenos transicionales...” de Felipe Pardo Pajuelo de
CPPL, Lima (Segunda Menção Especial)

Contaremos também com a homenagem a Dra Marilú Pelento, médica, professora de


filosofia e mestre em psicanálise, que nos deixa um grande legado, não só por seu
conhecimento, mas pela possibilidade de diálogo com outras disciplinas como
descreveu tão bem a Dra. Marité Cena de AEAPG.
Neste volume teremos o comentário de livros extremamente interessantes escolhidos
pelas associações. Alguns se propõem a pensar questões referentes as etapas do
desenvolvimento humano como é o caso do livro escolhido por AEAPG “Adolescencia,
Hoy” compilado por Ada Rosmaryn e do livro escolhido pelo CEPdePA “Envejeciendo
com apetito por la vida: interlocuciones psicosociales” de autoria de Sueli Souza dos
Santos e Sergio Antonio Carlos.
Temos livros dedicados a pensar teorias e sua correlação no processo psicoterapêutico,
como é o caso do livro comentado por ADPP “Teoria Del apego y psicoterapia: En
busca de una base segura” de J. Holmes; ou ainda “La problemática del Aprés-coup:
Problemáticas VI” de Jean Laplanche, escolhido por ASAPPIA. SPS comenta o livro
“Jóvenes de vidas crises: Psicoanálisis y biopolítica” de Ana María Fernández. AUDEP
elege o tema dos afetos e nos apresenta o livro “Las huellas del afecto: La regulación
afectiva em el desarrollo de La personalidad” de Delfina Miller. ICHPA elege o livro de
Michael Billig “Freudian repression: conversation creating the unconscious” e CPPL
escolhe o livro “Psicoanálisis a distancia” de Ricardo Calino.
Diante de tanta diversidade de temas e interesses, pela qualidade dos textos e livros, nos
agrada pensar que Intercambio Psicanalítico v. 2 virá ao encontro do desejo do nossos
leitores e será um estímulo para muitas mais publicações.

Denise Martínez Souza

Secretaria Científica

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