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VOTO

PROCESSO: 48500.005303/2013-37

INTERESSADO: Agentes do Setor Elétrico.

RELATOR: Diretor Reive Barros dos Santos.

RESPONSÁVEL: Superintendência de Regulação Econômica e Estudos de Mercado - SRM.

ASSUNTO: Resultado da Audiência Pública no 41/2016, instituída com vistas ao aprimoramento de


regulamento referente aos procedimentos e requisitos atinentes ao Sistema de Medição para Faturamento
- SMF para instalações conectadas ao sistema de distribuição.

I – RELATÓRIO

Em 28/06/2016, a Diretoria instaurou a Audiência Pública - AP nº 41/2016 com vistas a


colher subsídios e informações complementares para aprimoramento da proposta de regulamento referente
aos procedimentos e requisitos atinentes ao Sistema de Medição para Faturamento - SMF para unidades
conectadas a distribuidoras.

2. A referida AP foi realizada na modalidade de intercâmbio documental, tendo recebido 52


contribuições no período entre 30/06/2016 a 28/08/2016. As contribuições foram analisadas pela SRM pela
SRD 1, que emitiram em conjunto a Nota Técnica - NT nº 262/2016-SRM-SRD/ANEEL, de 02/12/2016,
mediante a qual as áreas apresentaram a análise de contribuições e atualizaram a minuta de ato normativo
a ser aprovado.

3. É o relatório.

II – FUNDAMENTAÇÃO

4. A minuta de normativo submetida à AP nº 41/2016 em resumo consolidava em uma única


norma as Resoluções Normativas nº 688/2015 e 718/2016, que atualmente regulamentam o tema “Sistemas
de Medição para Faturamento - SMF”. Somado a isso, foram propostas algumas inovações em relação à
regulamentação do assunto com vistas a simplificar as exigências presentes no SMF, reduzindo os custos
inerentes à adequação do SMF sem perder em confiabilidade e integridade dos dados de medição.

5. Como mencionado no relatório, foram recebidas e analisadas pelas Superintendências 52


(cinquenta e duas) contribuições, das quais 11 (onze) foram aceitas, 12 (doze) parcialmente aceitas, 5
(cinco) já previstas ou não consideradas e 24 (vinte e quatro) não aceitas.

6. A Tabela 1 apresenta a origem das contribuições recebidas e sintetiza a análise realizada.

1 Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD.


Tabela 1: Síntese da análise de contribuições – AP nº 041/2016
Aceita Parcialmente Aceita Já Prevista Não Considerada Não Aceita Total
ABRACEEL 2 1 2 5
AES 1 1 2 4
AES SUL 1 1
Boa Vista Energia Eletrobrás 1 1
CCEE 2 2 4
CELESC 2 2 4
CEMIG 1 1 1 3
COMERC 1 1 2
Conselho de Consumidores da AES Sul 1 1
COPEL 2 2 2 6
CPFL 1 3 4
EDP 1 1
ELEKTRO 2 1 3
Instituto de Engenharia do Paraná IEP 1 1
João Ferreira Barreto 1 1
LIGHT 1 2 3
NEOENERGIA 3 3
PETROBRAS 1 1
REPLACECONSULTORIA 1 2 1 4
TOTAL GERAL 11 12 3 2 24 52

7. O detalhamento da análise realizada consta no Relatório de Análise de Contribuições,


Anexo II da NT nº 262/2016-SRM-SRD/ANEEL. Considerando essa análise, as Superintendências
atualizaram a minuta de norma, conforme consta no Anexo I da referida NT.

8. No voto que proferi na abertura da AP, foram listadas as principais inovações propostas na
regulamentação sobre o SMF. A Tabela 2 compara os principais pontos da minuta submetida à AP e a
minuta atualizada após a análise das contribuições pelas áreas.

Tabela 2: Comparação da Minuta de Resolução antes e após a AP nº 041/2016 - Principais pontos


Minuta antes da AP Minuta Após a AP
Dispensa da utilização do medidor de retaguarda, tal como Passa a incluir as conexões em
estabelecido para consumidores especiais na Resolução Demais Instalações de Transmissão -
Normativa no 688/2015, para consumidores livres e centrais DIT e conexões entre distribuidoras,
geradoras não despachadas nem programadas visando proporcionar tratamento
centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - isonômico a instalações de um
ONS, quando conectadas à rede de distribuidoras. mesmo nível de tensão.
Passam a serem admitidos no SMF os padrões técnicos Proposta Inalterada
estabelecidos pelas distribuidoras para demais acessantes em
sua área de concessão ou permissão, desde que atendidas as
especificações técnicas dos medidores, dos transformadores
para instrumentos e da comunicação.
Fica dispensada a alimentação auxiliar dos medidores Proposta Inalterada

Fica dispensada a utilização de cabos multicondutores Proposta Inalterada


blindados, desde que já não sejam exigidos pelos padrões
técnicos estabelecidos pelas distribuidoras para demais
unidades em sua área de concessão ou permissão.
Minuta antes da AP Minuta Após a AP
Passa a ser permitida a utilização de medição no secundário do Proposta Inalterada
transformador de unidades consumidoras, desde que utilizados
medidores que possuam algoritmo para a compensação das
perdas elétricas correspondentes, às expensas do interessado;
Eventuais exceções ao procedimento de instalação ou ao Proposta Inalterada.
padrão de medição serão avaliados pela CCEE, devendo
divulgar em seu portal eletrônico as configurações aprovadas
mais recorrentes.
A CCEE poderá obter os dados de medição das distribuidoras: Proposta Inalterada
(1) Diretamente, mediante coleta passiva, caso em que as
distribuidoras deverão disponibilizá-los em formato compatível
com o Sistema de Coleta de Dados de Energia Elétrica - SCDE;
e/ou (2) Mediante integração de seus sistemas aos das
distribuidoras, com vistas à realização de coleta de dados de
medição mediante utilização de infraestrutura própria das
distribuidoras.

9. Como se verifica, a essência da proposta submetida à AP não foi alterada. Não obstante,
destaca-se o tema relativo à obtenção dos dados de medição, oriundo das contribuições, que motivou
aprimoramento na minuta de norma ora submetida à aprovação e não constava na proposta original.

10. A telemedição de unidades consumidoras do grupo A já é realidade em muitas


distribuidoras. Um levantamento feito com dados informados pelas próprias distribuidoras e a partir de
processos tarifários revela a consumação de uma promissora realidade. Conforme apresentado na figura 1,
grande parte desse tipo de unidades consumidoras do grupo A já é telemedida.

Figura 1: Unidades consumidoras do Grupo A com telemedição


194.760
183.508

149.164
149.164

telemedido
76,6% grupo A
81,3%

total nacional
de unidades
consumidoras apenas unidades
consumidoras de
quem informou os
telemedidos

11. Mesmo não havendo uma determinação regulatória específica para tanto, a opção pela
telemedição decorre da conjunção de muitos fatores, tais como: (i) permitir a leitura mesmo em lugares
distantes ou com dificuldades de acesso; (ii) eventual redução dos custos com leitura; (iii) redução de perdas
comerciais; (iv) maior agilidade e segurança na obtenção dos dados medidos; (v) pode auxiliar no
diagnóstico, na operação do sistema elétrico e na gestão de atendimento; e (vi) permite adicionar outros
serviços e tecnologias que agreguem valor à telemedição propriamente dita.

12. Não há como negar os benefícios óbvios do aproveitamento da inteligência e da


infraestrutura já imobilizada para sedimentar a telemedição realizada pela CCEE. Nesse sentido, as
Superintendências propuseram que a CCEE possa obter os dados de medição das distribuidoras:

a) Diretamente, mediante coleta passiva, caso no qual as distribuidoras deverão disponibilizá-


los em formato compatível com o Sistema de Coleta de Dados de Energia Elétrica - SCDE;
e/ou

b) Mediante integração de seus sistemas aos das distribuidoras, com vistas à realização de
coleta de dados de medição mediante utilização de infraestrutura própria das distribuidoras.

13. Adicionalmente, tendo em vista o protagonismo da maioria das distribuidoras na


implantação da telemedição de unidades consumidoras do Grupo A, as Superintendências recomendaram
que a integração da telemedição das distribuidoras à da CCEE seja concluída até o término de 2020,
perfazendo um prazo de aproximadamente 48 meses.

14. As distribuidoras que se quedarem inertes quanto à telemedição, a partir de 2021, serão
responsáveis por todos os custos (individualmente) incorridos para viabilizar a comunicação de dados com
a CCEE, sem direito ao ressarcimento pelo acessante como ocorre atualmente, nem tratamento tarifário
excepcional.

15. Em razão do estabelecimento desse prazo para integração da telemedição das


distribuidoras à CCEE, as Superintendências recomendaram a reabertura da AP nº 041/2016, em sua
segunda fase, por mais 30 dias. Entretanto, como se trata de uma alteração pontual perante o contexto geral
da norma a ser publicada, avaliamos desnecessária a reabertura da Audiência Pública.

16. Não obstante, registro que, desde 13/01/2017, a minuta de norma resultante da análise das
Superintendências, juntamente com o relatório de análise das contribuições foi disponibilizada ao público no
site da ANEEL na internet, com ampla divulgação na página inicial, o que possibilitou ao público o
conhecimento prévio das alterações promovidas e oportunidade adicional de manifestação.

17. Nesse período recebemos manifestações de diversos interessados, com destaque para a
ABRACEEL, que recebi em reunião no dia 30/01/2017, e da CCEE, que apresentou ponderações acerca da
minuta divulgada. Com base nessas manifestações, verificou-se possibilidade de realizar aprimoramentos
pontuais na norma, antes de sua aprovação.

18. Por exemplo, foi acatada a manifestação da CCEE no sentido de não implementar, neste
momento, no Procedimento de Comercialização o dispositivo 2 que previa que, para novos pontos de
medição, fosse possível contabilizar dados de medição aferidos por apenas parte do mês civil.

19. Tal redação havia sido proposta pelas Superintendências após a AP visando facilitar a
migração de consumidores a qualquer tempo e não somente para o 1º dia do mês subsequente. O objetivo
era dispensar a realização de aditivos contratuais do consumidor com a distribuidora para cobrir os dias

2 Parágrafo único do art. 8º d minuta de resolução em anexo à NT nº 262/2016-SRM-SRD/ANEEL.


remanescentes em que o consumidor permaneceria como consumidor cativo, até o início do mês seguinte
quando passaria a ser consumidor livre.

20. Entretanto, a CCEE alegou uma série de dificuldades para viabilizar a contabilização de
forma parcial de um ativo (no primeiro mês de vigência). Em análise das alegações com esta relatoria, as
Superintendências concordaram que a solução para o problema pode ser, melhor solucionada, a partir de
alterações a serem promovidas na REN nº 414/2010, possibilitando extensão ou redução do período de
faturamento para os casos de migração, de forma semelhante com o que ocorre hoje para novas ligações.

21. Outra alegação da CCEE, contrária à obrigação de análise crítica dos dados recebidos,
inclusive para fins de detecção de faltas, falhas, inconsistências e outros efeitos que possam indicar defeitos
ou intervenção espúria em equipamentos de medição, não foi contemplada. Sem prejuízo da ação da
distribuidora local na fiscalização dos sistemas de medição, entendeu-se necessário que a CCEE contribua
com a tarefa de inteligência sobre os dados de medição coletados, acionando às distribuidoras em caso de
necessidade de ação em campo. Contudo, foi definido um prazo até 2020 para que a CCEE implemente os
sistemas e procedimentos necessários para realizar essa tarefa.

22. Uma outra proposta incluída na minuta logo após a AP, mas retirada da versão da norma
ora em aprovação, diz respeito à medição para faturamento de unidades consumidoras do Grupo B que
eventualmente possam vir a adquirir ou comercializar energia no mercado livre. Conforme informado no
Memorando nº 036/2017-SRD/ANEEL, as discussões internas sobre o assunto ainda não se esgotaram,
sendo pertinente aguardar antes de proceder alterações no art. 106 da REN nº 414/2010, que trata do
assunto.

23. Dessa forma, com os aprimoramentos realizados, entende-se que a minuta de norma em
anexo atende aos objetivos traçados ainda em 2013, no início deste processo de aprimoramento da
regulação atinente ao SMF, que é buscar soluções eficazes na conjugação de: (i) simplificação de requisitos
e procedimentos; (ii) redução de custos; e (iii) preservação da confiabilidade e disponibilidade dos dados
medidos.

III – DIREITO

24. O presente voto fundamenta-se na Lei no 9.427/1996, e no Decreto no 2.335/1997.

IV – DISPOSITIVO

25. Diante do exposto e do que consta no Processo nº 48500.005303/2013-37, voto por emitir
a Resolução Normativa, conforme minuta em anexo, que estabelece de forma consolidada e atualizada os
procedimentos e requisitos atinentes ao Sistema de Medição para Faturamento - SMF para instalações
conectadas ao sistema de distribuição.

Brasília, 07 de fevereiro de 2017.

REIVE BARROS DOS SANTOS


Diretor

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