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Boletim Informativo

Serviços de Comunicação Institucional e Imprensa


da Embaixada da República de Angola
na Etiópia

Vol. I Semana N°. 02 16 de Março de 2023

Blinken Insta os Etíopes a Honrarem os Seus Compromissos de Paz e Responsabilização

o Etiópia Consternada com a Resolução da Liga Árabe que Apela à "Flexibilidade" no


Enchimento e Funcionamento da Grande Barragem
o Etiópia Acusa a Liga Árabe de "politizar" a Questão da Barragem do Nilo

o ONU-ETIÓPIA
ONU e Governo Federal Tomam Medidas para a Reabilitação de ex-Combatentes na
Região de Tigrai
o Jornalista etíope que ganhou um prémio na Casa Branca nos Estados Unidos na
ETIÓPIA semana passada, lançou o alarme sobre a liberdade de imprensa no seu país

ERITREIA-SUDÃO o Isaías Afwerki aconselhou o Sudão a ter cuidado com a "intromissão" estrangeira
o Secretário-Geral da ONU Congratula-se com a Evolução Política no Sudão; Porém,
SUDÃO Deplora as Contínuas Preocupações com a Segurança
o Grupos não-signatários do Sudão Recusam Formação de um Novo Governo, se
ERITREIA
não Forem Incluídos
o Provas de um Massacre por Soldados Eritreus
DJIBOUTI
o Djibuti Deporta Defensor dos Direitos Humanos da FIDH
o Linha Férrea Etiópia-Djibuti construída pela China é aclamada por fomentar a
integração regional e a prosperidade

CORNO DE o Síntese da Situação Actual (até 16 de Março de 2023)


ÁFRICA

o ANÁLISE

Vol. I Semana No.02 Adis Abeba Pag. 1


Blinken Insta os Etíopes a Honrarem os Seus Compromissos de Paz e
Responsabilização
O Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken reuniu-se com o Primeiro Ministro etíope
Abiy Ahmed, bem como com outros funcionários governamentais e líderes da sociedade civil, em Adis
Abeba, Etiópia, no decurso da primeira paragem da sua visita ao continente africano.

Falando numa conferência de imprensa realizada na Universidade de Adis Abeba na Quarta-feira,


Blinken salientou a importância da democracia e dos direitos humanos na Etiópia, observando que os
Estados Unidos estão empenhados em promover os direitos humanos e o Estado de direito na Etiópia.
Blinken reflectiu também sobre as vidas perdidas e a dor que muitos sofreram na guerra de dois anos
que começou em finais de 2020 e terminou com um cessar-fogo negociado em Novembro.

"O conflito foi absolutamente devastador", declarou Blinken. "Centenas de milhares de mortos,
violência sexual generalizada contra as mulheres; milhões de pessoas forçadas a fugir das suas casas.
Muitos deles precisam de comida e abrigo, medicamentos. Hospitais, escolas, e empresas foram
desmantelados e destruídos".

"O Acordo de Cessação das Hostilidades é uma grande conquista e um passo em frente, salvando vidas
e mudando vidas. As armas são silenciosas", disse.

Blinken louvou o governo etíope e a liderança do Tigrai pelo cessar das hostilidades. E trouxe algumas
boas notícias, dizendo que os EUA, sendo já o maior doador bilateral para a Etiópia, irão aumentar a
ajuda. "Hoje anunciei um reforço de 331 milhões de dólares em ajuda alimentar e humanitária de
emergência que deverá beneficiar milhares de milhões de pessoas, de etíopes afectados pelo conflito
e a seca".

Blinken acrescentou que com a paz a instaurar-se, a Etiópia está a avançar na direcção certa e os EUA
partilham as suas aspirações, mas ainda não está preparada para a acolher novamente no programa
comercial dos EUA conhecido como a Lei do Crescimento e Oportunidade de África (AGOA), um acordo
comercial preferencial que permite a algumas empresas africanas o acesso com isenção de direitos
aduaneiros aos mercados dos EUA. A Etiópia foi retirada da AGOA no início de 2022. (VOA In: allAfrica,
15/03/2023)

Etiópia Consternada com a Resolução da Liga Árabe que Apela à


"Flexibilidade" no Enchimento e Funcionamento da Grande Barragem
A Etiópia manifesta-se consternada com a resolução emitida pela Liga Árabe sobre o enchimento e
funcionamento da Grande Barragem da Renascença Etíope (GERD).

Segundo uma declaração divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, "a gestão e utilização
do Rio Nilo, incluindo o enchimento e operação da GERD, deve ser deixada às partes interessadas em
África" acusando a Liga Árabe de servir "como porta-voz de um Estado, ignorando os princípios básicos
do Direito Internacional".

" Essas tentativas de politizar a questão da GERD não fazem avançar as relações amigáveis nem apoiam
os esforços tendentes a chegar a soluções amigáveis, uma vez que não se baseiam em factos ou não
são apoiadas pela lei", refere a declaração.

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A 9 de Março, o Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe emitiu uma resolução
apelando à Etiópia para mostrar flexibilidade no enchimento e funcionamento da GERD, após o
Ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio Sameh Shoukry ter pedido às nações árabes que
pressionassem a Etiópia a pôr termo às suas "práticas unilaterais e não colaborativas", de acordo com
relatos dos meios de comunicação social.

Expressando o seu empenho em resolver as restantes questões pendentes no âmbito das negociações
lideradas pela UA, a Etiópia afirmou que "as resoluções da Liga e as declarações do Egipto suscitam
dúvidas sobre se o Egipto tem estado envolvido de boa fé nas negociações sob os auspícios da UA".

Em Agosto do ano passado, a Etiópia anunciou a conclusão bem sucedida da terceira ronda de
enchimento da barragem e iniciou a produção de energia, por uma segunda turbina com a capacidade
de gerar 270 MW de electricidade. (ADDIS STANDARD, 13.03.23 )

Etiópia Acusa Liga Árabe de "politizar" a Questão da Barragem do Nilo


O governo da Etiópia acusou os Estados da Liga Árabe de "politizar" a questão do mega-projecto do
país, que está a ser construído no principal afluente do rio Nilo, perto da fronteira sudanesa.

Adis Abeba acusou ainda a Liga Árabe de se imiscuir em assuntos africanos. "Não deveríamos ter de
recordar à Liga que o rio Nilo e todos os países ribeirinhos se encontram em África", disse o Ministério
dos Negócios Estrangeiros etíope num comunicado emitido na Sexta-feira passada. Também acusou
a Liga de ser parcial na sua posição sobre a disputa de longa data sobre a GERD entre a Etiópia e os
países a jusante, Sudão e Egipto.

Ademais, a declaração da Etiópia realçava que a caracterização pela Liga Árabe das negociações entre
os trios relativamente à barragem era "incorrecta", pois "a União Africana está a facilitar negociações
tripartidas para a resolução das restantes questões pendentes e regia-se pelos princípios das soluções
africanas para os problemas africanos".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que a Etiópia tem estado empenhada nas negociações
lideradas pela UA e acusou o Egipto de ser o factor de arrastamento para resolver a longa rixa sobre
a barragem do Nilo.

"O facto é que o Egipto, com a sua posição obstinada de manter uma auto-proclamada atribuição de
água baseada na era colonial e as suas tentativas intermináveis de internacionalizar a questão, é a
razão do atraso das negociações.

Durante a reunião de Quinta-feira no Cairo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh
Shoukry, disse aos seus homólogos árabes que "a continuação das práticas unilaterais da Etiópia pode
potencialmente acarretar um grave perigo para o Egipto, que se debate com a escassez de água".

A Etiópia, o Sudão e o Egipto têm estado em conversações que duram há cerca de uma década sobre
a barragem, depois de Adis Abeba ter iniciado o projecto em 2011. Cairo e Cartum receiam que o
mega-projecto de barragem acabe por diminuir as suas quotas históricas de água do rio Nilo, pelo que
consideram a barragem etíope como uma ameaça à sua segurança hídrica. Insistem que a Etiópia
interrompa as operações de enchimento de água até que as partes cheguem a um acordo
juridicamente vinculativo com a Etiópia sobre a operação global da barragem.

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Adis Abeba, contudo, argumenta que a barragem não terá um impacto significativo no fluxo natural
de água para os países a jusante. (THE DAILY MONITOR, 13.03.23)

ONU e Governo Federal Tomam Medidas para Reabilitação de ex-


Combatentes em Tigrai
O Governo Federal da Etiópia e as Nações Unidas dão o primeiro passo para reabilitar os antigos
combatentes de Tigrai.

A mobilização de recursos prossegue para reintegrar os combatentes da guerra do norte da Etiópia,


que durou dois anos.

Em 10 de Março último, as partes interessadas reuniram-se em Mekelle para o 1º Fórum Nacional de


Consultas sobre Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) e Reabilitação. A Comissão
Nacional de Reabilitação (NRC) e o PNUD coordenaram a reunião.

O acordo de 2 de Novembro de 2022 entre a Frente Popular de Libertação de Tigrayi (TPLF) e o governo
federal, em Pretória, exige que os combatentes de Tigrai sejam desarmados no prazo de 30 dias. Com
base nas necessidades de ordem pública da região de Tigrai, a demonização e a reintegração estavam
também agendadas para começarem imediatamente.

" Não obstante o atraso na reabilitação e reintegração, a confiança já está estabelecida", disse
Teshome Toga, director-geral da NRC, que o governo federal criou para o mesmo fim. "Estamos aqui
para assegurar que os ex-combatentes não sejam deixados de fora, e o governo federal tomou
medidas para os apoiar".

A comissão e o PNUD estão a tentar, em conjunto, angariar fundos para a reabilitação.

"A ONU e a comunidade internacional estão prontas a apoiar a reconstrução de Tigrai. Os ex-
combatentes devem reintegrar-se na sociedade e contribuir para a reconstrução de Tigray, disse
Turhan Saleh, representante do PNUD na Etiópia, que viajou até Mekelle para participar no fórum. "A
ONU desempenhará um papel pleno".

De acordo com Saleh, a ONU prestará assistência na limpeza de bombas não deflagradas e no
restabelecimento dos deslocados internos, entre outras tarefas.

Os preparativos para a reintegração dos combatentes de Tigrai começaram apenas uma semana após
os comandantes da TPLF terem adoptado um documento destinado a estabelecer a Administração
Interina de Tigrai (TIA), que deverá ser dominada pela TPLF e pela TDF. Os combatentes farão parte
da aplicação da lei da regiao, de conformidade com o Acordo de Pretória.

"Nos últimos dois anos, tem sido derramado sangue em Tigrai. Esta guerra foi travada por professores,
engenheiros, médicos, agricultores, e outros. Lutámos pela nossa causa, por muito grandes ou
pequenos que fossem. Mas agora, para que Tigrai regresse ao desenvolvimento, e para que o acordo
de Pretória funcione, estes ex-combatentes devem regressar à vida normal e contribuir para a
reconstrução de Tigrai", defendeu Getachew Reda, porta-voz da TPLF. (THE REPORTER ETHIOPIA,
11/03/2023)

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Jornalista Etíope que Ganhou Prémio na Casa Branca, Lança o Alarme sobre
Liberdade de Imprensa no seu País
Meaza Mohammed fez parte de um grupo que recebeu o prémio "International Women of Courage"
do Secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken, no Dia Internacional da Mulher,

Ao apresentá-la, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que Meaza
"partilha histórias daqueles que são frequentemente silenciados".

O Departamento de Estado norte-americano enfatizou que a sua reportagem incluiu a cobertura dos
sobreviventes da violência baseada no género, incluindo a violência sexual no actual conflito.

"Este prémio é muito importante não só para mim, mas também para as mulheres do meu país.
Porque, no meu país, ter um meio de comunicação social ou trabalhar na imprensa é muito perigoso,
muito difícil", disse ela.

A jornalista veterana e fundadora da Roha TV baseada no YouTube- revelou que estava preocupada
com a liberdade dos meios de comunicação social na Etiópia.

"por isso, prenderam-me três vezes no espaço de um ano. Fecharam a minha empresa de
comunicação social. Levaram tudo do meu escritório. Não só eu, mas muitos jornalistas e proprietários
dos meios de comunicação social foram confrontados com este problema".

Mas apesar das detenções e assédio, Meaza continua empenhada em defender as vítimas da violência
baseada no género e em assegurar a responsabilização pelos crimes cometidos contra elas.

"Por vezes dá-lhe confiança sempre que está a um nível internacional ou sempre que é ouvido desta
forma. O meu governo também ouve, quer gostem quer não. Eles não podem estar fora da agenda
internacional", disse.

O prémio foi entregue uma semana antes da visita de Blinken à Etiópia, com planos para animar o
processo de paz entre o governo etíope e os rebeldes da região nortenha de Tigrai. (AFRICANEWS,
13/03/2023)

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ERITREIA-SUDÃO

Isaías Afwerki aconselhou o Sudão a ter cuidado com a "intromissão"


estrangeira
O Presidente da Eritreia Isaías Afwerki exortou o Sudão a ter cuidado com as "intromissões"
estrangeiras e a resolver os seus problemas por si próprios, informou a televisão estatal (ERi-TV), a 13
de Março.

O Presidente Isaías fez o seu comentário durante as conversações mantidas em Asmara com o chefe
adjunto do Conselho Soberano de Transição do Sudão, Mohamed Hamdan "Hemeti" Dagolo, que fez
uma visita de um dia ao país. O presidente também apelou ao exército sudanês para que se mantivesse
afastado da política. Presume-se que a Eritreia está a apoiar os esforços visando resolver a crise
política no Sudão que persiste desde o golpe de Estado de Outubro de 2021. (BBC/AU PAPS SITUATION
ROOM, 14/03/2023)

SUDÃO

Secretário-Geral da ONU Congratula-se com a Evolução Política no Sudão,


Porém, Deplora as Contínuas Preocupações com a Segurança
António Guterres, reconheceu a "evolução positiva" da situação política no Sudão, mas lamenta que
a crise política em Cartum tenha impedido as perspectivas de alcançar uma paz duradoura em todo o
país, e que "as necessidades humanitárias tenham atingido níveis sem precedentes e continuem a
crescer exponencialmente". Guterres também manifesta a sua preocupação com o impacto das
questões de segurança em curso sobre os civis em Darfur.

No seu último relatório de 90 dias, abrangendo o período de 21 de Novembro de 2022 a 18 de


Fevereiro de 2023, nos termos da Resolução 2636 (2022) do Conselho de Segurança das NU, pela qual
o Conselho decidiu prorrogar o mandato da Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações
Unidas no Sudão (UNITAMS) até 3 de Junho de 2023, Guterres agradece ao "Representante Especial,
Volker Perthes e a todo o pessoal das Nações Unidas naquele país, assim como aos parceiros, em
especial a União Africana e a IGAD, pela sua contínua dedicação e esforços no apoio ao país e ao seu
povo. As Nações Unidas continuam empenhadas em apoiar o povo sudanês".

A chefia militar e mais de 40 partidos políticos, movimentos armados signatários do Acordo de Juba
para a Paz no Sudão, sindicatos e associações profissionais assinaram, em 5 de Dezembro, um acordo-
quadro político em Cartum".

Referiu que a assinatura do Acordo-quadro renovou a esperança no reinício de uma transição liderada
por civis, sublinhando que "para ser sustentável, o processo político e o consequente acordo final de
resolução têm de ser inclusivos e gozar de amplo apoio público.

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"Assim sendo, sinto-me encorajado pelo vasto e diversificado leque de participantes nas conferências
da fase final, representando partes não-signatárias, incluindo a sociedade civil, grupos de mulheres,
jovens, comités de resistência e peritos. Felicito os signatários civis e militares pelos seus esforços para
alargar a inclusividade e aumentar a participação no processo político", observou Guterres..

No seu relatório, o Secretário-Geral salienta que a crise política em Cartum impediu as perspectivas
de se alcançar uma paz duradoura em todo o país. "Continuo preocupado com o impacto dos
confrontos e conflitos intercomunitários na população civil...".

Guterres sublinha que "para assegurar uma paz duradoura no Sudão, será essencial abordar as causas
profundas do conflito". Observou ainda que embora o número global de incidentes de segurança
tenha diminuído, os confrontos intercomunitários, os conflitos armados e a criminalidade
continuaram a colocar sérios desafios de segurança. Entre 21 de Novembro e 18 de Fevereiro, foram
registados 623 incidentes de segurança, em comparação com 524 durante o período abrangido pelo
relatório anterior. Os confrontos intercomunitários alegadamente deixaram 111 pessoas mortas.

"No que diz respeito à reforma no domínio judicial, não houve progressos"

No seu relatório, Guterres salientou que um total de 13 violações vitimaram criancas, entre as quais
duas raparigas, já que outras duas crianças tinham sido mortas e 11 mutiladas.

Economia

O relatório adverte que a economia afroxou em 0,3% em 2022, em consequência do declínio da


actividade económica, da agitação civil, da suspensão da ajuda internacional e do aumento dos preços
de importação.

Manifestou o seu optimismo em chegar a um acordo final tendo exortado as partes não-signatárias a
aderirem para que o processo político envolva todos. Sublinhou a necessidade de se abordarem
questões de reforma do sector da segurança, justiça transitória e não só. Exortou as autoridades a pôr
termo à violência e a investigar o uso ilegal da força.

(Dabanga Radio In: AllAfrica, 06/03/2023).

Grupos não-signatários no Sudão


Recusam Formação de um Novo Governo se não Forem Incluídos

Minni Minnawi, Secretário Político do Bloco Democrático rejeitou a nomeação de um primeiro-


ministro antes de se chegar a um acordo político com os grupos não signatários do acordo-quadro.

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Yasir Arman, dirigente das Forças para a Liberdade e Mudança (FFC), revelou no domingo que
decorrem discussões com os líderes militares sobre a nomeação de um novo primeiro-ministro, uma
vez que o processo político está a aproximar-se do fim.

(SUDAN TRIBUNE, 14/03/2023)

ETIÓPIA-ERITREIA

Provas de um Massacre por Soldados Eritreus


Soldados eritreus alegadamente massacraram pelo menos 300 pessoas perto de Adwa, apenas dias
antes de o governo etíope e as forças de Tigrai assinarem um acordo de paz. Uma sobrevivente na
aldeia de Mariam Shewito contou a sua história a DW.

Em finais de Outubro de 2022, Abrehet Hagos, de 63 anos de idade, soube que soldados eritreus
tinham cercado a sua aldeia perto da cidade de Adwa, na região de Tigrai.

Ao longo de dois anos de guerra civil no norte da Etiópia, que começou em Novembro de 2020, tropas
eritreias tinham lutado ao lado dos militares etíopes contra a Frente Popular de Libertação de Tigrai
(TPLF). O conflito é um dos mais mortíferos na memória recente, com cerca de 600 mil pessoas mortas
e milhões de deslocadas. Grande parte da população passou fome na sequência de um bloqueio
imposto pelo exército etíope.

Mas os combates só chegaram a Abrehet Hagos e à sua família em Mariam Shewito, a 26 de Outubro,
altura em que começaram a circular rumores sobre o assassinato de pessoas nas proximidades.

Isto aconteceu exactamente uma semana antes de o governo etíope e as forças de Tigrai assinarem
um acordo de paz, pondo fim à guerra e ordenando a retirada de todas as forças estrangeiras de Tigrai.
Foi uma Quarta-feira. Nessa noite, sabíamos que tínhamos de fugir", disse Abrehet a DW. "Mas não
tínhamos para onde ir, por isso passámos a noite escondidos lá fora, perto da nossa casa".

Djibouti Deporta Defensor dos Direitos Humanos da FIDH


As autoridades do Djibuti deportaram o vice-Presidente da Federação Internacional dos Direitos do
Homem (FIDH), citando "violações da segurança", numa acção condenada por Observadores dos
direitos.

Alexis Deswaef tinha chegado ao país dois dias antes de oficiais do Serviço de Segurança e
Documentação do Djibuti o terem apanhado na Segunda-feira e deportado para a Etiópia, o país onde
tinha embarcado pela última vez num avião para o Djibuti: "As suas notas, telefone e cartões SIM
foram confiscados pelas autoridades do Djibuti antes de ser forçado a deixar o país", disse uma
declaração da FIDH na terça-feira, indicando que o funcionário tinha um visto válido para permanecer
no país.

O incidente seguiu-se à deportação de outro funcionário da FIDH, desta vez um oficial de programas
que chegou no domingo. Foi-lhe recusada a entrada "sem que lhe fosse dada qualquer razão", disse o
observador dos direitos sediado em Paris. "Agentes da polícia agarraram-na pelas armas e obrigaram-
na a embarcar num avião com destino a Istambul" - "Violação das leis de segurança" Um porta-voz da
Polícia de Fronteiras e Imigração do Djibuti acusou os dois de violarem as leis de segurança do país,
mas não esclareceu.
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A FIDH diz ter enviado os funcionários para avaliar a situação dos defensores dos direitos humanos no
país". "Serviu também como gesto de solidariedade da FIDH na sua denúncia das numerosas violações
dos direitos humanos cometidas pelas autoridades", afirmou o guardião. "Esta missão foi organizada
num contexto particularmente tenso”.

As eleições legislativas de 24 de Fevereiro de 2023, realizadas na indiferença geral e sem a oposição,


são a prova da ausência de pluralidade democrática e do amordaçamento político da sociedade civil.
Esta situação tem persistido desde que o Presidente Ismaïl Omar Guelleh chegou ao poder há mais de
24 anos: "As urnas boicotam a coligação governamental de Djibouti, a União para a Maioria
Presidencial, ganhou recentemente a maioria dos assentos parlamentares nas eleições locais, embora
os partidos da oposição tenham boicotado as urnas.

Este país do Corno de África é pobre e situa-se numa região árida. Mas a sua localização estratégica
no Mar Vermelho, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, torna-o um actor
importante na geopolítica. Os EUA, China, Japão e Alemanha figuram entre os países com bases
militares no Djibouti. (The EAST AFRICAN, 15/03/2023)

CHINA-ETIÓPIA-DJIBOUTI

Linha Férrea Etiópia-Djibouti construída pela China é Aclamada por Fomentar


a Integração Regional e a Prosperidade
A celebração ocorreu na Quarta-feira, na estação ferroviária de Lebu, Adis Abeba, por altos
funcioáarios dos governos etíope e djibutiano, a comunidade diplomática chinesa na Etiópia, e pelos
gestores da linha férrea transnacional de 752 km.

Na ocasião, o Ministro das Finanças da Etiópia, Ahmed Shide, enalteceu o papel crucial dos caminhos-
de-ferro na racionalização do comércio de exportação e importação da Etiópia, e no reforço das
relações interpessoais entre os dois países vizinhos, bem como na transferência de tecnologia com
uma melhor coordenação entre peritos chineses e locais.

Realçou que a capacidade de operação dos caminhos-de-ferro em termos de transporte de


mercadorias aumentou em 100%, atingindo 1,9 milhões de toneladas de carga por ano. .

"A linha ferroviária Adis Abeba-Djibouti é um exemplo das sempre florescentes relações sino-
africanas. A parceria sino-africana passou no teste do tempo, demonstrou a sua resistência e marca
um futuro mais brilhante e forte", referiu Shide.

Pçor seu turno, o Embaixador chinês na Etiópia Zhao Zhiyuan, congratulou-se com o caminho-de-ferro
como "um caminho de paz, um caminho de desenvolvimento, um caminho de esperança, e um
caminho de prosperidade".

"Os últimos cinco anos têm sido óptimos para o caminho-de-ferro Adis Abeba-Djibouti. Estou
confiante de que, com uma estreita colaboração entre todas as partes relevantes da China e Etiópia,
assim como do Djibouti, os próximos cinco anos serão ainda melhores, uma vez que o caminho-de-
ferro ainda detém um enorme potencial inexplorado", cocluiu o dplomata chinês.. (XINHUA,
11/03/2023)

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CORNO DE ÁFRICA

Síntese da Situação Actual


Negociações de Paz

 Líderes de partidos da oposição abandonaram uma reunião convocada pelo Ministério da


Justiça etíope sobre opções de justiça transitória, refere a Adis Standard. A justiça transitória
está incluída no Acordo de Cessação das Hostilidades (CoH).

 Os partidos da oposição consideram que deve ser dada prioridade ao processo de paz e
diálogo político nacional e que o conceito de justiça transitória sem diálogo nacional é
preocupante.

 Circulam rumores de que oficiais de alta patente da Eritreia foram informados para se
prepararem para um reinício das hostilidades na região de Tigrai.

 Há também indícios de que o Governo Federal Etíope e a TPLF se reuniram no passado fim-
de-semana.

 A Eritreia está alegadamente a treinar tropas da região etíope de Amhara e a destacá-las em


Adis Abeba de forma secreta, revela a Oromia Media Network (OMN) citando um agente da
polícia que pede anonimato.

 Segundo a OMN, tropas de Amhara treinadas na Eritreia estão a entrar em Adis-Abeba


vestidas a civil

Situação em Tigrai

Foi realizada uma cerimónia fúnebre para 111 das vítimas que terão sido mortas pelas tropas eritreias,
em Outubro de 2022. O funeral foi organizado por concidadãos do subdistrito de Endaba Gerima, na
zona central de Tigrai.

Os familiares das vítimas que falaram com Dimtsi Woyane terão dito que uma família inteira estava
entre os mortos e que isto provava que fazia parte do "genocídio" cometido contra Tigrai.

Situação na Etiópia

“A visita de Antony Blinken à Etiópia guindará as relações diplomáticas entre os dois países a um novo
patamar de cooperação”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Embaixador
Meles Alem, no seu briefing semanal. "A visita do Secretário de Estado norte-americano é uma
indicação de que as relações entre os dois países estão a crescer", acrescentou.

A Arábia Saudita quer um comércio forte, um laço de investimento com a Etiópia. O Embaixador Al-
Hamidani observou que os investimentos agrícolas da Arábia Saudita na Etiópia são numerosos,
começando com culturas agrícolas e terminando com a exportação de rosas etíopes para o Reino.

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Uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Gestão de Riscos de Catástrofes da Etiópia foi
convocada para abordar a " grave seca" após o fracasso de cinco estações chuvosas, de acordo com o
ADDIS STANDARD. Foi a primeira reunião do Conselho em sete anos.

Demeke Mekonnen, Vice-Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, e Ahmed
Shide, Ministro das Finanças da Etiópia, estiveram entre os participantes.

A resposta humanitária no contexto da seca está a visar cerca de 13 milhões de pessoas no Sul, Sudeste
e Sudoeste da Etiópia, que são as áreas mais afectadas.

A Etiópia e o Japão assinaram acordos de subvenção no valor de 1,3 mil milhões de Birres (25,4 milhões
de USD) para financiar a construção de estações de abastecimento de água em Oromia e Amhara e o
fornecimento de fertilizantes, de acordo com a Agência de Notícias Etíope.

Situação na Eritreia

O Presidente Isayas realizou recentemente uma quarta entrevista na qual destacou o potencial do
investimento privado e das contribuições que a diáspora eritreia deveria fazer.

Críticos objectaram que todos os investimentos e contribuições vão directamente para os cofres
privados do PFDJ e que não existe qualquer fiscalização pública sobre quaisquer transacções
financeiras.

O Presidente Isaias encontrou-se com Mohamed Dagalo (Hemedti), Vice-Presidente do Conselho de


Governadores do Sudão, que chegou para uma visita de um dia a Asmara.

Situação Regional

O Primeiro Ministro etíope Abiy Ahmed viajou para o Sul do Sudão para uma visita de trabalho de um
dia. O Chefe do Governo etíope e sua delegação foram recebidos pelo Presidente, Salva Kiir Mayardit,
à chegada a Juba.

Durante as conversações, Abiy garantiu que a Etiópia apoiará os esforços de paz e estabilidade no Sul
do Sudão. (EEPA SITUATION REPORT/ENA, 13/03/2023)

ANÁLISE

A questão social da justiça e dos direitos humanos em África em geral e no Corno de África
em particular, constitui o tema dominante e é deveras preocupante.
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Este fenómeno reclama por um debate profundo e urgente. Estamos, pois, perante uma
crise devastadora cujas consequências reais para a sociedade são sobejamente
conhecidas.

Na minha opinião, as violações dos direitos humanos, por exemplo, estão entre as causas
profundas de todas as formas de insegurança e instabilidade.

A incapacidade de assegurar a boa governação, o Estado de direito equitativo e a justiça


assim como o desenvolvimento social inclusivos podem desencadear conflitos, bem como
tumultos económicos, políticos e sociais e não só.

A recente visita do Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken à Etiópia, em


certa medida, reveste-se de especial relevância, em virtude dos momentos que o país e a
região vivem, designadamente:

 O Acordo de Cessação das Hostilidades na Etiópia, é sem duvida uma valiosa


conquista e um passo em frente em prol da paz, estabilidade e o desenvolvimento.

 A perpetuação da instabilidade e dos conflitos na África Oriental (Etiópia, Sudão,


Eritreia, Djibouti), assim como a violação, em muitos casos, de direitos universais
devem-se à falta de espaço político inclusivo para a resolução pacífica dos seus
problemas internos.

SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E IMPRENSA DA EMBAIXADA DE ANGOLA NA ETIÓPIA E


REPRESENTAÇÃO PERMANENTE JUNTO DA UNIÃO AFRICANA (UA) E DA COMISSÃO ECONÓMICA DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA ÁFRICA (CEA)

BOLE SUB-CITY WOREDA, 17 KEBELE 23

HOUSE B, P.O.BOX 2962

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