1) O documento fornece contexto histórico sobre a invasão da Etiópia pela Itália fascista em 1935 e a anexação dos Sudetas pela Alemanha nazista em 1938. 2) Detalha os eventos diplomáticos que levaram Mussolini a ordenar o ataque à Etiópia em outubro de 1935 e Hitler a exigir a transferência dos Sudetas para a Alemanha em setembro de 1938. 3) Explica que os discursos de Mussolini e Hitler analisados no trabalho ocorreram neste contexto de
1) O documento fornece contexto histórico sobre a invasão da Etiópia pela Itália fascista em 1935 e a anexação dos Sudetas pela Alemanha nazista em 1938. 2) Detalha os eventos diplomáticos que levaram Mussolini a ordenar o ataque à Etiópia em outubro de 1935 e Hitler a exigir a transferência dos Sudetas para a Alemanha em setembro de 1938. 3) Explica que os discursos de Mussolini e Hitler analisados no trabalho ocorreram neste contexto de
1) O documento fornece contexto histórico sobre a invasão da Etiópia pela Itália fascista em 1935 e a anexação dos Sudetas pela Alemanha nazista em 1938. 2) Detalha os eventos diplomáticos que levaram Mussolini a ordenar o ataque à Etiópia em outubro de 1935 e Hitler a exigir a transferência dos Sudetas para a Alemanha em setembro de 1938. 3) Explica que os discursos de Mussolini e Hitler analisados no trabalho ocorreram neste contexto de
Antes de proceder a análise das fontes selecionadas para este trabalho, é
fundamental realizar uma breve contextualização acerca dos discursos de Mussolini e de Hitler.
1.1. O regime fascista italiano e a invasão da Etiópia
Desde o começo da década de 1920, a Itália passou a reavaliar sua política
colonial em África e, inicialmente, pretendia estabelecer uma influência pacífica na Etiópia, através de acordos diplomáticos e comerciais. Contudo, as tentativas de inserção económica italiana encontraram uma resistência por parte do governo etíope, e a colaboração entre os países não saiu do papel. Em dezembro de 1934, ocorreu o incidente de Wal-Wal, um confronto armado entre soldados somalis a serviço da Itália e soldados etíopes na província de Ogaden, um território etíope a 160 quilómetros da Somália italiana, resultando na morte de mais de 140 pessoas. Após o episódio, Mussolini apresenta uma série de exigências que, caso não fossem cumpridas, poderia resultar numa invasão. Diante disto, Hailé Selassié, o imperador etíope, pediu a submissão do assunto à arbitragem internacional. A Itália, por sua vez, não aceitava qualquer tipo de arbitragem, iniciando, assim, um jogo diplomático (Marques, 2008).
Em abril de 1935, Mussolini concordou em estabelecer uma comissão de
arbitragem, desde que somente a responsabilidade pelo incidente fosse investigada e nenhum etíope fizesse parte da comissão. Apenas no dia 3 de setembro a comissão organizada chegou a um parecer que considerava que tal assunto não se relacionava à Sociedade das Nações (SDN) e, por isso, não deveria haver o envolvimento de uma responsabilidade internacional. No dia seguinte, o governo italiano apresentou ao Conselho da SDN um dossiê no qual a Itália reivindicava uma prioridade sob a Etiópia, pois havia sido o primeiro país a realizar uma “obra civilizatória” na região. Como consequência, um novo comitê da SDN foi designado para elaborar uma nova negociação, que foi entregue a 18 de setembro e recusada pelo conselho de ministros italianos três dias depois (Marques, 2008).
Ainda em setembro, o ministro inglês Samuel Hoare realizou um discurso na
Assembleia da SDN em que defendia a manutenção da paz. Neste sentido, a Inglaterra anunciou que reforçaria a esquadra naval no Mediterrâneo, principalmente em Alexandria, sendo apoiada pela França. Percebendo as reais intenções de Mussolini, o imperador etíope ordenou, a 28 de setembro, uma mobilização geral para que os exércitos se mantivessem a 30 quilómetros da fronteira da Eritreia. Diante deste cenário, Mussolini aumentou as tropas italianas na Líbia, utilizando esta tensão diplomática para entusiasmar o povo italiano frente ao projeto expansionista em África (Marques, 2008).
É precisamente neste contexto que se insere o discurso de Mussolini analisado
no presente trabalho. No dia 02 de outubro de 1935, às 15h30, o chefe italiano, a partir do Palazzo Venezia, anunciou, com um discurso transmitido pelo rádio, o início das hostilidades contra a Etiópia para o dia seguinte. Assim, em 3 de outubro de 1935, Mussolini inicia o ataque à Etiópia.
1.2. O regime nazista alemão e a anexação dos Sudetas
Em 1º de outubro de 1933, o alemão Konrad Henlein funda o Partido Alemão
dos Sudetas na Checoslováquia com a ajuda financeira do Ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Dentre as reivindicações do Partido, estava a exigência de autonomia para a região. Por sua vez, o presidente checo Edvard Benes rejeitava esta solicitação, pois a via como um prelúdio à anexação. Após a incorporação da Áustria à Alemanha em março de 1938, o clima de tensão aumentou, uma vez que Hitler passou a defender os alemães da Checoslováquia e este país agora encontrava-se cercado pela Alemanha por três lados. Ademais, o Partido Alemão dos Sudetas ganhava cada vez mais popularidade e nas eleições municipais realizadas em junho, levou mais de 90% do total de votos nos Sudetas (Gilbert, 2016).
Buscando evitar uma guerra contra a Alemanha, no dia 8 de setembro, o
presidente Benes fez uma proposta ao Partido Alemão dos Sudetas que incluía um empréstimo financeiro para investir na indústria da região, uma política de autonomia local e igualdade para o idioma, e a completa autonomia regional. Entretanto, a oferta foi recusada, e em todo o território dos Sudetas ocorreram manifestações a favor da anexação à Alemanha. Neste contexto, Hitler declarou que a “opressão” dos alemães dos Sudetas pelos checos precisava acabar, o que foi entendido como uma conclamação de uma revolta. No dia 20 de setembro, a Inglaterra e a França propuseram a realização de um plebiscito e a cessão das áreas de língua alemã da Checoslováquia que tivessem votado a favor da união à Alemanha. Este plano correspondia às intenções de Hitler, que aceitou mediante duas condições: a ocupação de tropas alemãs nas áreas de língua alemã e a entrega de todos os materiais bélicos da região dos Sudetas à Alemanha (Gilbert, 2016).
Assim, no dia 26 de setembro, Hitler faz um discurso no Berlin Sportpalast
assistido por dezenas de milhares de pessoas para explicar as suas decisões em relação à crise dos Sudetas (Diário Carioca, 1938). Tal discurso, que será analisado a seguir, precede o Acordo de Munique, assinado quatro dias depois por Neville Chamberlain, Édouard Daladier, Mussolini e Hitler, que define os detalhes da transferência dos Sudetas para a Alemanha sem a participação da Checoslováquia. Em 01 de outubro de 1938, foi iniciada a ocupação dos Sudetas pelas tropas alemãs, concluída dez dias depois.