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PROF.

ª JANNINE DOMINGOS

A AULA DE HOJE SERÁ SOBRE:

LÓGICA PROPOSICIONAL
DEFINIÇÃO DE LÓGICA
A lógica é o estudo sobre a natureza do raciocínio e do
conhecimento. Ela é usada para formalizar e justificar os elementos
do raciocínio empregados nas demonstrações/provas de teoremas.
A lógica clássica se baseia em um mundo bivalente ou binário (visão
restrita do mundo real), onde os conhecimentos são representados
por sentenças que só podem assumir dois valores verdade
(verdadeiro ou falso). Portanto, nesse contexto, uma demonstração é
um meio de descobrir uma verdade pré-existente deste mundo.
1) O QUE É A LÓGICA
PROPOSICIONAL?
A lógica proposicional é a forma mais simples de lógica. Nela
os fatos do mundo real são representados por sentenças sem
argumentos, chamadas de proposições. Segue o exemplo
abaixo:
2) O QUE É UMA PROPOSIÇÃO?
Uma proposição é uma sentença, de qualquer natureza, que pode
ser qualificada de verdadeiro ou falso.
Ex.: 1 + 1 = 2 é uma proposição verdadeira.
0 > 1 é uma proposição falsa.
Se não é possível definir a interpretação (verdadeiro ou falso) da
sentença, esta NÃO é uma proposição. Alguns exemplos deste tipo
de sentença são apresentados abaixo:
• Frases Interrogativas (ex: Qual o seu nome?).
• Frases Imperativas (ex: Preste atenção!).
• Paradoxos Lógicos (ex: Eu estou mentindo).
2.1) TIPOS DE PROPOSIÇÕES
Podemos classificar as proposições em simples (atômicas) ou
compostas (moleculares):

Uma proposição é dita simples ou atômica quando ela não contém


em sua estrutura nenhuma outra proposição. Assim, as proposições
simples constituem a unidade mínima da lógica proposicional.

Ex.: Está chovendo muito.

Uma proposição é dita composta ou molecular quando ela é


formada por mais de uma proposição. Assim, uma proposição
composta possui como parte integrante de si mesma pelo menos
uma outra proposição.

Ex.: O número 2 é par e primo


3) OS 3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA
LÓGICA PROPOSICIONAL
Uma proposição precisa estar alinhada com três
princípios básicos para que possa ser considerada
uma proposição. Esses princípios são:
1) Princípio da identidade: Se uma proposição é verdadeira, logo ela
é verdadeira. Se for falsa é falsa.
Exemplo: 25 = 25 e 25 ≠ 25

2) Princípio da não contradição: Duas proposições contraditórias não


podem ser verdadeiras ou falsas concomitantemente.
Exemplo: “25 é 25” e “25 não é 25”.

3) Princípio do terceiro excluído: Uma proposição ou é verdadeira ou


falsa, não existindo uma terceira possibilidade.
Exemplo: “25 é metade de 50” ; “25 não é metade de 50” ; “25 é mais ou
menos metade de 50”
De acordo com esses três princípios, podemos afirmar que toda proposição
admite um e somente um dos valores: verdadeiro (V) ou falso (F). Agora,
vamos definir o conceito de valor lógico:
O valor de uma proposição é chamado valor lógico. Os valores lógicos
possíveis para uma proposição qualquer são: verdadeiro (V) e falso (F).
Obs.: Seja p uma proposição qualquer, V(p) indica o valor lógico da
proposição p.

Exemplos de valores lógicos:


• p: O Sol é verde. V(p) = F
• q: A terra é plana. V(q) = F
• r: Um hexágono tem seis lados. V(r) = V
4) TABELA VERDADE
Tabela-verdade é uma
maneira prática de definir
o valor lógico de uma
proposição, isto é, saber
quando uma sentença é
verdadeira ou falsa.
Para uma proposição Tabela 1.1: Tabela verdade para a proposição simples p.
simples p, teremos a
tabela-verdade ilustrada
na Tabela 1.1:
Para proposições compostas, veremos
que o número dos componentes simples
determina o número de linhas das
tabelas-verdade. Inicialmente, vamos
construir as tabelas-verdade dispondo
todas as possibilidades de valores
lógicos das proposições componentes.
Para uma proposição composta P
formada por duas proposições simples
p e q, teremos a tabela-verdade Tabela 1.2: Tabela verdade para a proposição
composta P formada por duas proposições
ilustrada na Tabela 1.2: simples p e q.
Para uma proposição composta P
formada por três proposições simples p,
q e r, teremos a Tabela-verdade
ilustrada na Tabela 1.3.:

Teorema: O número de linhas distintas


de uma tabela-verdade é dado por 2n,
onde n equivale ao número de
proposições simples componentes e 2
representa o número de valores lógicos
possíveis (V ou F).
Tabela 1.3: Tabela verdade para a proposição
composta P formada por três proposições
simples p, q e r.
5) CONECTIVOS OU OPERADORES LÓGICOS
Anteriormente, vimos que uma proposição composta é formada por
mais de uma proposição. Vamos relembrar com alguns exemplos de
proposições compostas:

• O número 2 é par e primo.


• Um número natural primo é divisível apenas por 1 e por ele mesmo.
• Pelé é melhor que Messi e Maradona.
• Faz frio hoje e chove lá fora.
• Ou te darei um beijo, ou te darei um cheiro.
Observe que nesses exemplos de
proposições compostas utilizamos
palavras explícitas ou não para • O número 2 é par E o número 2 é
interligar as frases (o que definimos primo.
como sendo proposições). Essas
• Um número natural primo é
palavras serão substituídas por divisível apenas por 1 E por ele
símbolos denominados operadores ou mesmo.
conectivos lógicos, uma vez que na
lógica proposicional não há espaço
• Pelé é melhor que Messi E Pelé é
melhor que Maradona.
para ambiguidades. Vejamos como
podemos reescrever essas proposições • Faz frio hoje E chove lá fora.
compostas destacando os operadores • OU te darei um beijo OU te darei
lógicos que conectam as proposições um cheiro.
simples:
A lógica proposicional possui ao todo seis (6) operadores lógicos: Conjunção,
Disjunção Inclusiva, Disjunção Exclusiva, Negação, Condicional e
Bicondicional. Os símbolos utilizados para esses operadores são apresentados na
Tabela 1.4. A seguir, iremos detalhar cada um desses operadores.

Tabela 1.4.: Símbolos dos Operadores Lógicos.


O operador lógico “Negação” inverte o valor
lógico de uma proposição. Na linguagem que
utilizamos no nosso dia a dia, quase sempre
usamos a palavra “não” quando desejamos
negar uma dada afirmação. Na linguagem da Tabela 1.5: Tabela-verdade do Operador Lógico Negação.
lógica proposicional podemos utilizar dois
símbolos diferentes para representar a Ex.: Dada a proposição p: Pedro é
“Negação”: o “til” (∼) e a “cantoneira” (¬). estudante, a negação de p (¬p) pode
Desta forma, se p é uma proposição qualquer, ser entendida como:
“não” p é representado simbolicamente por ∼p
ou ¬p (lê-se não p). Assim se uma proposição Pedro NÃO é estudante.
p é verdadeira, então ¬p é falsa. Já se p é
falsa, então ¬p é verdadeira. A tabela-verdade É falso que Pedro é estudante.
da “Negação” é ilustrada na Tabela 1.5. Não é verdade que Pedro é estudante.
Se p é uma proposição, então ¬p também é
uma proposição.

Obs.: Observe que: ¬(¬p) = p.

Por exemplo, considere a seguinte


proposição:
• p: Pedro é estudante.
• ¬p: Pedro NÃO é estudante. Tabela 1.6: Tabela-verdade da Proposição ¬(¬p).
• ¬(¬p): Não é verdade que Pedro NÃO é
estudante.
• ¬(¬p): Pedro é estudante.
Podemos comprovar essa observação por
meio da tabela-verdade, ilustrada na Tabela
1.6:
2) Negação da operação da Disjunção
Inclusiva:
1) Negação da operação da Conjunção:
¬(p v q ) = ¬p ^ ¬q
¬(p ^ q) = ¬p v ¬q
Para negarmos uma proposição composta
ligada pelo conectivo operacional “OU” , basta
Para negarmos uma proposição composta ligada negarmos ambas as proposições simples e
pelo conectivo lógico “E” , basta negarmos
ambas as proposições individuais (simples) e trocarmos o conectivo “ou” pelo conectivo
trocarmos o conectivo “e” pelo conectivo “e”. Ou seja, transformaremos uma disjunção
“ou”. Ou seja, transformaremos uma conjunção inclusiva em uma conjunção. Vejamos:
em uma disjunção inclusiva. Vejamos:
“Augusto é feio OU Maria é Bonita”.
“Pedro é Mineiro E João é Capixaba”.
p: Augusto é feio
p: Pedro é Mineiro
q: Maria é bonita
q: João é Capixaba
Negando-a, temos: “Pedro não é mineiro OU João Negando-a, temos: “Augusto não é feio E Maria
não é capixaba.” não é bonita”
3) Negação da operação da 4) Negação da operação da
Disjunção Exclusiva: Condicional:

¬(p V q) = p ↔ q ¬(p → q) = p^ ¬q
Para negarmos uma proposição com a Para negarmos uma proposição condicional,
estrutura de uma disjunção exclusiva, repete-se a primeira parte, troca-se o
devemos transformá-la em uma estrutura conectivo por “e” e nega-se a segunda
bicondicional. Vejamos: parte. Vejamos:
“Ou João é rico ou Pedro é bonito”. “Se sou inteligente então passarei de ano.”
p: João é rico p: Sou inteligente
q: Pedro é bonito
q: Passarei de ano
Negando-a, temos: “João é rico se e
somente se Pedro é bonito.” Negando-a, temos: “Sou inteligente e não
passarei de ano.”
5) Negação da operação da Bicondicional:

¬(p ↔ q) = p V q

Para negarmos uma proposição com a estrutura de uma bicondicional, devemos


transformá-la em uma estrutura de disjunção exclusiva. Vejamos:

“Henrique é feliz se e somente se Flamengo for campeão”.


p: Henrique é feliz
q: Flamengo for campeão

Negando-a, temos: “Ou Henrique é feliz ou Flamengo é campeão.”


Duas proposições p e q podem ser
combinadas pelo conectivo “e” (representado
pelo símbolo ∧) para formar uma proposição
composta S denominada conjunção das
proposições originais.
A conjunção das proposições p e q, Tabela 1.7: Tabela-verdade do Operador Lógico Conjunção.
denominada S, será representada pelos Exemplo: Considere as seguintes proposições:
símbolos p ∧ q. A conjunção S terá valor lógico • p: Pedro é estudante.
verdadeiro se, e somente se, os seus dois • q: Pedro é atleta.
componentes (p e q) tiverem valor • p ∧ q: Pedro é estudante E Pedro é atleta
verdadeiro. Caso contrário, a conjunção S
terá valor lógico falso. A tabela-verdade da Se p e q são preposições, então p ∧ q também é uma
“Conjunção” é ilustrada na Tabela 1.7. proposição.
Duas proposições p e q podem ser
combinadas pelo conectivo “ou” (representado
pelo símbolo v) para formar uma proposição
composta S denominada disjunção inclusiva
das proposições originais.
A disjunção inclusiva S terá valor lógico
verdadeiro se pelo menos um de seus dois
componentes (p ou q) tiver valor
verdadeiro. Caso contrário, ou seja, se tanto Tabela 1.8: Tabela-verdade do Operador Lógico Disjunção Inclusiva.
a proposição p quanto q tiverem valor falso, a
disjunção inclusiva S terá valor lógico falso.

A expressão p ∨ q é lida como “p ou q”. A


tabela-verdade da “Disjunção Inclusiva” é Se p e q são preposições, então p V q também é uma
ilustrada na Tabela 1.8: proposição.
Exemplo: Considere as seguintes proposições: Vamos ver mais um exemplo:
• p: Esse ano eu vou estudar inglês. • p: Amanhã eu vou à praia.
• q: Esse ano eu vou estudar computação.
• • q: Amanhã eu vou ao cinema.
• p ∨ q: Esse ano eu vou estudar inglês OU
Esse ano eu vou estudar computação • • p ∨ q: Amanhã eu vou à praia OU
Se p e q são preposições, então p V q Amanhã eu vou ao cinema.
também é uma proposição. Observe que a proposição p ∨ q não
apresenta nenhum impedimento ao fato de
Observe que a proposição p ∨ q não
apresenta nenhum impedimento ao fato de que eu possa ir tanto para a praia quanto
que eu possa estudar tanto inglês quanto para o cinema. Logo, por exemplo, eu posso
computação, durante esse ano. Logo, eu posso pegar uma praia pela manhã e dar um rolê
estudar esses dois temas: inglês e
no cinema a noite.
computação.
Duas proposições p e q podem ser
combinadas pelo conectivo “ou” (representado
pelo símbolo V) para formar uma proposição
composta S denominada disjunção exclusiva
das proposições originais.
A disjunção exclusiva S terá valor lógico
verdadeiro se exatamente um de seus dois
componentes (p ou q) tiver valor Tabela 1.9: Tabela-verdade do Operador Lógico Disjunção Exclusiva.
verdadeiro. Em outras palavras, a disjunção
exclusiva S terá valor lógico verdadeiro se um,
e somente um, de seus dois componentes (p
ou q) tiver valor verdadeiro. Caso contrário, a Se p e q são proposições, então p ∨ q também é
disjunção exclusiva S terá valor lógico falso. uma proposição
A tabela-verdade da “Condicional” é ilustrada
na Tabela 1.9:
Exemplo: Considere as seguintes proposições:
• p: Hoje às 19h eu vou à academia.
• q: Hoje às 19h eu vou ao cinema.
• p ∨ q: Hoje às 19h OU eu vou à academia OU eu vou ao cinema.

Observe que a proposição p ∨ q apresenta um impedimento temporal, uma


vez que eu não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo. Note também
que em muitos casos a Disjunção Exclusiva é apresentada com o uso do “duplo
ou” (Hoje às 19h OU eu vou à academia OU eu vou ao cinema).
Duas proposições p e q podem ser
combinadas pelo conectivo “se, então”
(representado pelo símbolo →) para formar
uma proposição composta S denominada
condicional das proposições originais.

A proposição condicional p → q só é falsa Tabela 1.10: Tabela-verdade do Operador Lógico Condicional


quando p é verdadeira e q é falsa. Caso isto A condicional p → q pode ainda ser lida das
não ocorra, a proposição condicional será seguintes maneiras:
verdadeira. • q, se p;
• p é condição suficiente para q;
A tabela-verdade da “Condicional” é ilustrada
na Tabela 1.10: • q é condição necessária para p.

Se p e q são proposições, então p → q também é


uma proposição.
A condicional p → q pode ainda ser lida das seguintes maneiras:
• q, se p;
• p é condição suficiente para q;
• q é condição necessária para p.

Por exemplo: A proposição condicional “Se chove, então a rua fica molhada” pode ser
lida das seguintes formas:
• Chover é uma condição suficiente para a rua ficar molhada.
• A rua ficar molhada é uma condição necessária quando chove.

Obs.: Na condicional p → q, a proposição p é chamada antecedente e a proposição


q é o consequente.
Duas proposições p e q podem ser
combinadas pelo conectivo “se, e somente
se” (representado pelo símbolo ↔) para
formar uma proposição composta S
denominada bicondicional das proposições
originais.
A proposição bicondicional p ↔ q é Tabela 1.11: Tabela-verdade do Operador Lógico Bicondicional
verdadeira quando p e q têm o mesmo valor
lógico (ou seja, V (p) = V (q)), caso contrário é A condicional p ↔ q pode ainda ser lida das
falsa. seguintes maneiras:
• p é condição necessária e suficiente para q;
A tabela-verdade da “Bicondicional” é ilustrada • q é condição necessária e suficiente para p.
na Tabela 1.11:
Se p e q são proposições, então p ↔ q também é uma
proposição.
TESTE SEU CONHECIMENTO! 🧠

1) Sendo as proposições p: Paulo 2) Sendo as proposições p: Paulo ama


ama Ana e q: Paulo ama Carol, Ana e q: Paulo ama Carol, traduza
traduza para a linguagem simbólica para a linguagem simbólica as
as seguintes proposições: seguintes proposições:
a) Paulo não ama Ana ou Paulo não b) OU Paulo ama Ana OU Paulo ama
ama Carol. Carol.
b) Não é verdade que Paulo ama Ana b) Não é verdade que OU Paulo ama
ou Carol. Ana OU Paulo ama Carol.
TESTE SEU CONHECIMENTO! 🧠

3) Sendo as proposições p: Carlos mora 4) Sendo as proposições p: André nasceu


em Fortaleza e q: Carlos mora no Ceará, no Ceará e q: André é cearense, traduza
traduza para a linguagem simbólica as
para a linguagem simbólica as seguintes
seguintes proposições:
proposições:
a) Se Carlos mora em Fortaleza então
Carlos mora no Ceará. a) André é cearense se, e somente se
b) Não é verdade que Se Carlos mora André nasceu no Ceará.
em Fortaleza então Carlos mora no b) Não é verdade que André é cearense
Ceará.
se, e somente se André nasceu no Ceará
5) Sendo as proposições p: Marta está estudando bastante e q:
Marta será aprovada no ENEM, traduza para a linguagem
simbólica as seguintes proposições:
a) Se Marta está estudando bastante então Marta será aprovada
no ENEM.
b) Marta Não está estudando bastante E Marta Não será
aprovada no ENEM.
c) Não é verdade que Marta Não está estudando bastante.
d) OU Marta Não está estudando bastante OU Marta será
aprovada no ENEM
6) Seguindo as regras de negação e) Sempre organizam festas em Junho
das proposições compostas, e Julho.
escreva a negação das seguintes f) Se hoje fez sol então amanhã fará
proposições: também.
a) Amanhã irei à casa da minha avó g) Tábata não gosta de música
ou à casa da minha tia. sertaneja.
b) Felipe só gosta de abacaxi e g) Paulo vai para festa se e somente
morango. se fizer o dever de casa.
c) Ou você irá para escola ou você h) Ou vamos à praia hoje ou vamos à
para a roça.
praia amanhã.
d) Mariana não quer dormir.
(21) 99575-8497
PROF.ª JANNINE DOMINGOS

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