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º ano
Nome: ___________________________________________N.º ____Ano/Turma______
GRUPO I
Lê atentamente o texto.
A mala assombrada
Ao fundo da nossa rua, depois de todas as casas, depois de todas as árvores, depois
do campo de ervas altas e do ribeiro de água gelada, há um muro. E atrás do muro, há um
casarão, velho e abandonado, torto e escuro, onde ninguém vive.
Todas as tardes, quando regresso da escola, passo ao lado do muro. E não
gosto.
5 Porque tenho um bocadinho de medo do casarão. Se não fosse o muro
teria muuuuuuuito medo do casarão.
Seja como for, uma tarde, estava uma mala em cima do muro. Era uma mala
pequena, com a pele gasta e uma fechadura ferrugenta. Tentei abri-la, claro, mas sem a
chave respetiva não fui capaz. Sacudi-a e pareceu-me vazia. E nesse momento tive
uma ideia. Eu ia usar a mala para meter medo ao meu irmão.
10 Dragões e ladrões, tempestades, aranhas e leões: o meu irmão não tem medo de nada.
E ele só tem cinco anos. (Eu tenho nove. Assusto-me com tudo.)
Levei a mala para casa, mostrei-lha e disse-lhe:
«Há um fantasma dentro da mala.»
15 «Há?!», perguntou o meu irmão.
«Há», repeti eu. «O Fantasma do Casarão.»
Ele olhou para a mala. Parecia mesmo estar com medo. Só que depois piscou um
olho e disse: «Vamos abri-la.»
Eu expliquei:
20 «Não podemos fazer isso. Um fantasma à solta na casa podia ser muito perigoso.»
O meu irmão concordou.
Acreditei que finalmente ele estava com medo. Mas logo de seguida, disse-me:
«Podíamos abri-la só um bocadinho. Para ver como é o fantasma.»
Ele não tinha medo! Como se um fantasma não fosse uma coisa assustadora.
25 Eu disse:
«Mesmo que quiséssemos abrir a mala, não podíamos. Não temos a chave.»
O meu irmão encolheu os ombros e foi-se embora. Porque se não era possível ver o
fantasma, então para ele a mala não tinha interesse. Mesmo assim, deixei a mala numa
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cadeira do corredor. Talvez o medo estivesse atrasado para chegar ao coração do
30 meu irmão.
A mala esteve vários dias na cadeira do corredor. Ele passava e nem sequer olhava.
Como se ter um fantasma a viver no corredor, dentro de uma mala, fosse a coisa mais
normal do mundo. Mas depois, uma tarde, cheguei a casa e encontrei a mala aberta.
Como se fosse magia, a mala estava aberta. O meu irmão estava a saltar em cima
35 da cama. Tanto que parecia voar. Perguntei-lhe:
«Quem é que abriu a mala do Fantasma do Casarão?»
Ele parou de saltar e gritou:
«Fui… Eu.»
«Mas como?», perguntei. Ele disse:
40 «Com um lápis bem afiado.»
E depois saltou tão alto que as mãos dele quase tocaram no teto.
«Mas porquê?»
Ele riu-se no ar.
«Para ver o fantasma, claro»
«E viste?», perguntei (embora fosse uma pergunta desnecessária, porque não havia
45 fantasma nenhum).
O meu irmão parou de saltar, olhou para mim e disse: «Não vi, porque ele fugiu muito
depressa. Mas ouvi. Parecia o vento.»
Ele podia estar a gozar, para me meter medo. Porque o meu irmão sabe bem que tenho
medo de fantasmas. Mas eu podia dizer-lhe que desde o início a mala estava vazia.
50 Que tinha sido tudo uma piada.
1. Seleciona com x a opção que completa cada frase de acordo com o sentido do
texto.