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A Superstição em Roma

• Em Roma, a difusão da prática da magia foi


um foi mais sentida em Roma após o
século III a.C., fruto do alargamento
político e territorial e o contacto com
regiões, algumas delas de tradição
helenística - onde a sua existência e
enraizamento se fazia sentir. A magia foi
um dos elementos decisivos para a
penetração dos cultos orientais em Roma.
Os ritos e fórmulas dos magos egípcios e
persas cativaram os romanos e
rapidamente os associaram à “arte de
curar”.

Fig. 1 e 2 - Tacinha invertida contendo ossos de


galinácio, na fundação de uma habitação. Miróbriga.
Santiago do Cacém
Fig. 3: Estatuetas antropomórfica de osso
provenientes de Miróbriga. Santiago do Cacém
Fig. 4: Estátua de togado com
bulla, proveniente da Escusa (Museu da Fundação da
Ammaia). Tem sido atribuída a Britânico.
A Superstição em Roma
• A superstição tornou-se uma
características da sociedade
romana, havendo dias bons
(fastos) e de má sorte (nefastos).
Daí o nome de uma célebre obra
de Ovídio, denominada Fastos.
Por exemplo, os dias do mês de
fevereiro e os dias ímpares eram
considerados dias de mau
agouro.
• Acreditavam que os fenómenos
naturais eram sinais dados pelos
deuses e interpretavam-nos como
presságios. Davam importância a
qualquer fenómeno incomum
que ocorresse.
A Superstição em Roma
• A interpretação de fenómenos naturais como
sinais do além já era comum entre os etruscos,
que desenvolveram a leitura de presságios -
fenómenos tidos como “estranhos” à natureza,
relativos aos astros e ao espaço, como eclipses e
cometas, ou outros, p.e. os nascimentos
anómalos - auspícios, dedicados à observação
do comportamento das aves.
• Os presságios diziam respeito a acções futuras,
anunciando o que poderia acontecer negativo
caso não se tomassem as devidas providências. Denário de Augusto, representando Octávio
• .Conheciam diferentes meios de adivinhação e ainda jovem. O reverso da peça tem um
procuravam ler o futuro, examinando as cometa com oito raios e a inscrição “Divus
entranhas de animais sacrificados, sendo o Iulius”. Nessa época, o Senado havia
fígado de especial importância para esse fim. deificado Júlio César.
A imagem reafirma a de Octávio como o
Observavam raios e interpretavam os seus filho de um ser divinizado e o cometa - Sidus
significados. Iulium ("Estrela Juliana"); Caesaris astrum -
• A crença que objetos ou seres vivos poderiam que dizem ter sido visto sete dias em julho
possuir propriedades espirituais especiais não de 44 a.C. oi interpretado pelos romanos
era estranha aos Romanos. Pedras, árvores, como um sinal da deificação do recém-
assassinado, Júlio César (100–44 a.C.).
nascentes, cavernas, lagos, pântanos,
montanhas - até mesmo animais e móveis -
eram considerados anfitriões de espíritos
(numina).
A Superstição em Roma
• A superstitio em algumas ocasiões emprega-se
como equivalente de “adivinhação” ou
“feitiçaria”, mas também é conotada com os
auspícios.
• Cícero distingue religião, prática alicerçada nos
sacrifícios rituais, (CIC. N. D. 3.5.) e superstição.
Recusa a superstição, que pode chegar “a ser um
atraso de vida”, sendo contra todas as suas
manifestações: profecias, avisos, sacrifícios
sangrentos, prodígios, presságios, interpretação
de sonhos. Outras vezes ridiculariza a superstição
ou chega a negar-lhe a existência, afirmando que
não há uma só velhinha que acredite nessas
coisas... Como se fosse uma crença excessiva e
obsessiva.
• Distingue, portanto a religio (entendida como o
conjunto de práticas adequadas para levar
adiante o cultus deorum) e superstitio
(caracterizada por uma crença quase irracional).
A Superstição em Roma
• No mundo romano, existia a
crença generalizada nas forças
ocultas da natureza e na
possibilidade de as invocar ou
conjurar através de todo o tipo de
sortilégios. Assim o demonstram
tanto os testemunhos literários
como um grande número de
descobertas arqueológicas.
• Ao mesmo tempo que usavam
amuletos para se defenderem dos
infortúnios e mau-olhado, os
romanos acreditavam que os
deuses podiam ser invocados
contra os seus inimigos e rivais
através de feitiços e fórmulas Conclave de feiticeiras. Este mosaico da Casa de Cícero, em
Pompeios, representa uma cena teatral na qual duas jovens
mágicas. mulheres consultam uma feiticeira. Museu Arqueológico
Nacional, Nápoles ,
Os Amuletos
• Na Antigua Grécia e em Roma acreditava-
se que os amuletos proporcionavam
protecção, e atraíam forças positivas para
determinadas situações ou desejos.
• Os romanos acreditavam que as crianças
eram mais propensas aos «males do
mundo», provavelmente devido ao alto
índice de mortalidade infantil. Por isso,
era comum usar amuletos.
• A bulla era um medalhão formado por
duas partes unidas em cujo interior se
guardava o talismã contra o mau-olhado,
que os bebés recebiam ao nascer e
que os acompanhava por toda a
infância. Acreditavam que os protegia
contra todo tipo de vulnerabilidade às
quais estavam expostas as crianças,
como doenças e acidentes..
• Quando atingiam a idade viril, os rapazes
ofereciam a sua bulla aos deuses Lares ou Estátua de togado com bulla ao peito. Museu da
a Hércules e as meninas, que usavam a Fundação da Ammaia
lúnula, ofertavam-na a Juno ou a Vénus.
Os Amuletos
• Os amuletos, numa sociedade tão
supersticiosa como Roma,
desempenhavam um papel
importante na vida dos cidadãos e
mesmo dos escravos, também
representados, muitas vezes,
tendo-os ao peito.
• Havia muito tipo de objectos com
carácter apotropaico, a exemplo de
pequenos objectos fálicos,
fascinus, figas, cabeças de leão.
• Eram usados ou colocados quer
junto ao corpo, quer em
determinados lugares físicos, como
uma casa, para obter os resultados Amuletos provenientes de Conímbriga.
desejados. Museu Nacional de Conímbriga
Amuletos e talismãs
• Habitualmente, os amuletos gregos
dividiam-se em duas amplas categorias:
talismãs (para atrair a boa sorte) e
filacterias (objecto a que se atribui
qualquer virtude ou poder mágico).
• Os talismãs eram de materiais muito
variados: osso, madeira, pedras e gemas
semipreciosas.
• Também podiam ir escritos em pequenos
pedaços de papiro o sobre uma lâmina
de metal.
• Podiam levar-se numa pequena bolsa
com certas combinacões de ervas. Amuleto provenientes de
• Para completar o processo, devia ser Conímbriga. Museu Nacional de
invocada uma divindade (habitualmente Conímbriga.
Hécate, a deusa da magia, da bruxaria, da
noite, da lua, dos fantasmas e da
necromância ), ou a vários deuses e
deusas, e recitar as palabras mágicas de
poder.
Os Amuletos
• Usadas como amuletos, as figuras
fálicas tinham, segundo os
romanos, a capacidade de combater
o mau-olhado. Era frequente levá-
las ao pescoço como colares, mas
também eram pintadas nas
fachadas e nos pavimentos de
mosaicos dos vestíbulos.
• Nas residências, eram igualmente
comuns os tintinabula,
“campainhas” de cerâmica ou
bronze cujo badalo podia ter um
formato fálico.

1 - Amuletos fálicos em ouro, Cidade da Ammaia.


2 - Brinco amuleto. Museu Nacional de Conímbriga.
O Fascinus
• O Fascinus, nome com que
também era designado o
deus Príapo (Plínio o
Velho, Naturalis Historiae, XXVIII,7)
tem carácter fálico. Usava-se
contra o «mal de olho».
• Plínio o Velho afirma que
o fascinus, era medicus invidiae,
um remédio para e inveja e mau
olhado.
• Além das diferentes formas de
inveja ou mau-olhado, registavam-
se práticas de feitiçaria ou
Amuleto proveniente da Villa romana do Monte da Chaminé.
bruxaria, que se poderia hoje Museu Municipal de Ferreira do Alentejo.
designar por “magia negra”.
O Fascinus
• O culto dos objectos fálicos
fazia parte de hábitos
apotropaicos, destinados a
afastar o mau olhado.
• As representações e ilustrações
fálicas eram usadas,
especialmente, para afastar as
forças negativas (a raiz do verbo
grego apotropein – “desviar”),
atraindo assim “boas energias”
e prosperidade. O símbolo
fálico é um ícone da
fertilidade.
Os tintinnabula
Os tintinnabula eram uma espécie de campainhas
ou sinos de bronze usados nas entradas das casas.
O tintinnabulum também se colocava nos umbrais das
portas e os falos pintavam-se ou gravavam-se
directamente nas paredes da casa para proteger o
espaço. Como disse Plínio, ele age contra inuidentium
effascinatione, “contra os feitiços da inveja” .
Acreditava-se que os visitantes que chegassem às
casas, ao tocarem a campainha, ficavam fascinados
com o objeto e, desse modo, ao voltarem o olho
invejoso para o fascinum, não o fixariam sobre a
vítima.
Contudo, é verdade que em Pompeios também
estavam gravados nas paredes e no solo indicando a
direccão dos lupanares.

1- tintinnabulum polifálico de bronze representando Mercúrio encontrado em Pompeios. Os sinos


em falta eram pendurados nas pontas dos pénis laterais.
© Marie-Lan Nguyen / Wikimedia Commons

2 - Amuleto romano em bronze: Tintinnabulum a forma di gladiatore intento a combattere con un


pugnale contro il suo stesso fallo trasformato in una pantera aggressiva, rinvenuto ad Ercolano,
oggi esposto nel Gabinetto Segreto del Museo Archeologico Nazionale di Napoli (inv. 27853).
Tintinnabulum - Wikipedia
“Hic habitat felicitas”

O falo na Antiguidade era


valorizado na medida em que
representava a felicidade e, mais
especificamente, a fertilidade,
bom agouro e a abundância que
dela advém.
Príapo
• Príapo - Trata-se de um deus
itifálico (com grande falo),
guardião das videiras e dos
jardins, da fertilidade.
• O seu atributo essencial era
afastar o mau-olhado e
proteger as colheitas contra os
sortilégios dos que desejavam
destruí-las.. Príapo (deus grego
da fertilidade, filho de Dioniso e
Afrodite, segundo alguns Figura apotropaica que funde os atributos de duas
divindades da abundância: : Príapo (identificável pelo
autores, ou, segundo outros, seu enorme falo em ereção), deus da fecundidade, e
Mercúrio, deus do comércio, identificável pelo caduceu.
da mortal Ariadne, e portanto
um semideus, que mais tarde
alcançaria o caráter divino. Fresco de Pompeios.
PRÍAPO

A característica desse deus era o


pénis exageradamente grande e
sempre ereto, simbolizando a
fertilidade. Participava do cortejo
de Dioniso em companhia dos
sátiros e de Sileno.
A sua função era guardar
pomares em geral, vinhedos e
jardins, desviando os malefícios
dos olhares invejosos, motivo
pelo que se apresenta muitas
vezes com cestos com frutos, Príapo

símbolos da abundância.
1 - Século II d.C.
The J. Paul Getty Museum, Los
Angeles, Califórnia
2 - Príapo. Fresco da Casa Vetti -
Pompeios
Príapo
• Pomona, uma das Hamadríades do Lácio, ninfa dos
bosques e protectora das árvores de fruto, era amada
por Vertummo, o deus itálico das estações. Pomum,
em latim, significa maçã e em geral frutos.

• “nenhuma cuidava mais habilmente do jardim,/


nenhuma outra houve mais devotada às árvores de
fruto./ Daqui deriva seu nome. Não são tanto os
bosques nem os rios/ que ela ama, mas os campos e
ramos carregados de ricos frutos./Nunca lhe pesara na
direita o dardo, mas sim a curva foice,/com a qual ora
reprime a exuberância vegetal e desbasta ramas/ que
por toda a parte alastram, ora faz uma incisão na
casca/(…) Receando, porém, a brutalidade dos
aldeãos, fechara o pomar/ com vedação, refugia-se e
proíbe o acesso ao sexo masculino./O que não fizeram
os sátiros, jovens e hábeis a dançar,/ e os Pãs, com os
chifres engrinaldados de ramas de pinheiro,/ e Sileno,
sempre tão jovem apesar da sua longa idade,/ e o
1 - Escultura figurano Príapo. Museu Arqueológico de
deus que amedronta os ladrões pela foice e pelo BarcelonaBronze representando
pénis,/ para a conquistarem! Na verdade, no amor por 2 - Príapo. Museu Arqueológico de Florença
ela, a todos/vencia Vertummo: mas não era mais
afortunado que eles”
• Ovídio, Metamorfoses, Livro XIV, Livros Cotovia,
2017. vv. 635-642.
PRÍAPO

Deus grego, filho de Dioniso/Baco e


Afrodite/Vénus, segundo uma versão
do mito, tem bastantes associações
com a serpente, visto que, segundo
uma outra versão da lenda, nascera
da fecundação de uma serpente.
O mito de Príapo consagra assim a
ideia do nascimento de heróis a partir
da fecundação de uma mulher por
uma Serpente.

Príapo
Século I d.C.
Lupanar, Pompeia, Itália
O digitus impudicus
• Em Roma, com o gesto feito com
o digitus impudicus ou digitus
infamis (dedo impúdico ou obsceno),
poderia querer dizer «toma …» (o
mesmo que hoje em dia) …
• Mas, contudo, o falo, também tinha
uma conotação mágica ou espiritual:
o falo é um símbolo protector para o
“mau olhado” (Plínio o Velho designa-
o medicus invidiae, remédio contra a Os primeiros registos escritos acerca desse costume
inveja) e traz boa sorte e aparecem no ano de 423 a.C., quando o grego
Aristófanes, um poeta da época, escreveu a peça “As
prosperidade. De facto, era habitual nuvens”. Num dos diálogos da obra, o personagem
que os meninos usassem amuletos Estrepsíades acaba por fazer a comparação, no meio
de uma piada, entre o dedo do meio e o pénis.
fálicos (fascina) no colo e que os A ofensa teria chegado da Grécia à Roma, onde
bebés tiviessem passou a ser conhecida como “digitus infamis”, ou
dedo obsceno.
um tintinnabulum fálico.
Roman images in stone from Bar Hill Fort. Silenus
and bearded man with middle finger extended to
ward off the evil eye.
https://https://en.wikipedia.org/wiki/Bar_Hill_Fort
A MAGIA E A SUPERSTIÇÃO
• Mundo complexo é o da magia,
profundamente ligada à religião e que
compreendia, tal como nesta, um
conjunto de cerimónias e rituais.
• A magia, apesar de corrente, era, de
fato, reprovada. Por isso, foi combatida
moralmente desde sua chegada em
solo latino, e juridicamente, a partir do
principado de Tibério.
• Mas a maioria dos Romanos acreditava
que, tal como os sacerdotes, os magos
tinham uma relação privilegiada com
os deuses. Gema mágica, gravada em ambas as faces. Lápis-lazuli, proveniente dos
Muitas vezes esses magos evocavam arredores de Borba ou de Estremoz, publicda por Graça Cravinho..
Paradeiro actual: desconhecido. Séculos II-III d. C. " As figuras maiores
divindades de outras regiões com que são Esculápio, sua filha Hygieia-Salus e, provavelmente, um dos filhos de
Esculápio (Podalírio ou Macoaon). A figura menor, ao lado de Esculápio,

iam tomando contacto, e o nome de deverá ser o seu outro filho, Telesphoros, o deus da convalescência, que
o acompanhava sempre.

algumas foram inscritos em talismãs e A inscrição que sobrepõe as suas cabeças – CIC(G)A IAW – é uma
invocação a Iaw (Iahwe), o deus único dos Judeus, que poderá traduzir-se
amuletos. por “olha para mim, Jahwe” (um pedido de escuta e de ajuda)».
A Magia
• A magia era o meio pelo qual
o engenho humano tentava
impor a sua própria vontade
sobre a natureza ou sobre as
pessoas.
• A religião perseguia, em
parte, os mesmos objectivos,
mas, ao contrário dos rituais
mágicos, celebrados de forma
secreta e individual, o culto
dos deuses do Olimpo estava
regulamentado e instituído Fresco da Casa dos Dióscoros em Pompeios que representa
um viajante consultando um mago. Museu Arqueológico
publicamente. Nacional de Nápoles.
A Magia
• Por práticas mágicas é considerado
um conjunto de rituais ou
procedimentos que não se
inscrevem nos religiosos oficiais,
cujo simbolismo lhes é
desconhecido. Muitas vezes esses
rituais são mesmo secretos.
• “uma estratégia manipuladora para
influenciar o curso da natureza por
meios sobrenaturais”, segundo
Oxford Classical Dictionary
• É conhecida a estreita relação Mão de Sabázio bronze, usada em cultos por romanos (século I-
II). Sabázio era uma divindade de origem trácia ou anatólia –
entre a Magia e a Medicina. que se tornou popular no Imério Romano.
Fotografia a partir de:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Magia_no_mundo_greco-
romano#/media/Ficheiro:HandOfSabazius.JPG
A Magia
• A magia, e em particular a magia
erótica, foi amplamente praticada na
Antiguidade. A primeira alusão literária
à magia de cariz erótico encontramo-la
no Canto 14 da Ilíada, quando Hera
tenta, para seduzir Zeus, convencer
Afrodite a emprestar-lhe a sua cinta
“cinta variegada, na qual todas as
coisas estão urdidas”. É assim o
primeiro amuleto de magia erótica da
literatura grega.
• Sabe-se através das tragédias,
designadamente de Eurípides, que
eram usados filtros amorosos, através
da confecção de poções e filtros,
designadamente Eurípides (Fedra e
Andrómaca) bem como de de venenos.
• Em Roma, essas práticas cabiam às
mulheres: os sortilégios amorosos e as
impiedades ligadas à invocação dos
mortos e dos deuses infernais, sendo a
magia considerada uma atividade
Estátua de Afrodite – Artista Desconhecido – primeira metade
feminina. do século II a.C | Google Arts and Culture
O Sagus
• Sagus é o mágico, adivinho, feiticeiro, que
faz presságios e saga é mulher sábia, dos
conhecimentos mágicos.
• O termo mago tem uma origem grega,
embora se conheçam magos desde
épocas anteriores. Os Romanos
acreditavam que, tal como os sacerdotes,
os magos tinham uma relação privilegiada
com os deuses. Muitas vezes esses magos
evocavam divindades de outras regiões
Tabella defixionis de Salacia.
com que iam tomando contacto, e o Domine Megare / Inuicte! Tu, qui Attidis / corpus accepisti, accipias
nome de algumas foram inscritos em cor/ pus eius qui meas sarcinas / supstulit, qui me compilauit / de
domo Hispani. Illius corpus / tibi et anima(m) do dono ut meas / res
talismãs e amuletos. inuenuia(m). Tunc tibiostia //quadripede(m), Do(mi)ne Attis, uoueo, /
si eu(m) fure(m) inuenero. Dom(i)ne / Attis, te rogo per tu(u)m
• Sagus é o mágico, adivinho, feiticeiro, que Nocturnum / ut me quam primu(m) compote(m) facias. “Ó Senhora
Mégara Invicta! Tu, que recebeste o corpo de Átis, digna-te receber o
faz presságios e saga é mulher sábia, dos corpo daquele que levou as minhas bagagens, que mas roubou da
conhecimentos mágicos. casa de Hispano. Ofereço-te como dádiva o corpo e alma daquele
para que eu encontre as minhas coisas. Se vier a encontrar esse
ladrão, então prometo-te, ó Senhor Átis, um quadrúpede como
vítima. egundo leitura de Amílcar Guerra. “Anotações ao texto da
tabela defixionis
de Alcácer do Sal”. Revista Portuguesa de Arqueologia. volume 6.
número 2. 2003. pp. 335-339.
OS MAGOS E AS MAGAS
• Na Grécia Antiga, apenas duas mulheres, Circe e
Medeia, têm poderes mágicos ou sobrenaturais,
fazendo uso de uma poções e do poder das ervas.
• Circe é essa maga que viveu na Ilha de Eeia,
castigada por ter envenenado o marido, foi
visitada pelos Argonautas e por Ulisses, o herói da
Guerra de Tróia, segundo a Odisseia.
• A bela Maga Circe, era, segundo Mitologia, loira
porque é filha o deus o Sol - Hélios - e da ninfa
Pérsia.
• Segundo a Mitologia, dela emanava uma luz ténue
e fúnebre, motivo pelo que Circe era também
designada como a "Deusa da Morte".
• Era associada aos voos mortais dos falcões, pois
como estes, Circe circundava suas vítimas para as
enfeitiçar.
• A "Circe das Madeixas Trançadas", como a
descreveram alguns autores gregos, podia
manipular as forças da criação e destruição
através de nós nas tranças dos seus cabelos.
• Era também a tecelã dos destinos, sendo
Medeia fugindo de Jasão na carruagem de Hélio
considerada a Deusa da Lua Nova, da feitiçaria, Cálice-cratera lucaniana de figuras vermelhas
dos encantamentos, dos sonhos premonitórios, Círculo do Pintor de Policoro.
maldições, vinganças, magia negra, bruxaria. Museu de Arte de Cleveland
2 - Edmund Dulac. Circe, the Enchantress, 1915
A MAGA CIRCE E O CONHECIMENTO DAS ERVAS
Ovídio, nas suas Metamorfoses, Livro XIV,
assim descreve Circe, considerada
«feiticeira» e conhecedora do poder das
ervas:

«Ó deusa, de um deus compadece-te,


suplico! Só tu podes
dar-me alívio nesta minha paixão, caso eu
pareça digno dele.
Ninguém sabe melhor que eu, ó filha do
Titã, quão grande é o poder das plantas,
eu que, por meio delas, mudei de forma.
(...)
Mas, se algum poder há nas fórmulas
1 - Circe, Louis Chalon – 1888 mágicas, uma fórmula
2 - Companheiros de Odisseu, transformados em recita nos teus lábios sacros; se forem
animais por Circe, recebem poção de antídoto que
ela mistura ao centro. Cílice de c. 550 a.C. Museum
mais potentes as ervas,
of Fine Arts, Boston lança mão do poder comprovado de uma
planta eficaz».

Ovídio, Metamorfoses, Livro XIV. Ed.


Cotovia
A Magia e a Feitiçaria

• A feiticeiras romanas já
manipulavam os engrimanços
com imagens e receitas.
• Os grimórios medievais -
colecções de feitiços, rituais e
encantamentos mágicos com
orientações sobre como efectuar
feitiços ou misturar remédios,
conjurar entidades sobrenaturais
e indicações sobre confecção de
talismãs - remetem o seu uso a
fontes clássicas hebraicas ou
Figura em terracota Museu do Louvre.
200 / 399 d. C.
egípcias.
Proveniente do Egipto sob dominação
romana. Imagem a partir de:
https://collections.louvre.fr/ark:/53355/cl01
0011467
“Achei, ó minha irmã”, uma via – congratula-
te com tua irmã – / de o fazer voltar para mim
ou de me libertar dele e deste amor./
Perto do fim do Oceano e do sítio onde o sol
se põe, / fica o derradeiro lugar dos Etíopes,
onde o enorme Atlas/ faz rodar em seus
ombros o céu, semeado de estrelas ardentes;/
vinda daqui, foi-me apresentada uma
sacerdotisa do povo Massilo, guardiã do
templo das Hespérides e que dava comida/ ao
dragão e preservava na árvore os ramos
sagrados,/ espargindo gotas de mel e a
papoila que induz o sono./ Ela promete,
através do seu canto, libertar os corações/ que
lhe aprouver e passar para outros a crueza dos
cuidados,/ suster a água dos rios e tornar
atrás as estrelas/ e põe em acção os manes
das sombras; hás-de ver/ ressoar às suas
pisadas a terra e descerem dos montes os
freixos./ Tomo por testemunhas, ó minha
querida irmã, os deuses e a ti e a tua/doce
cabeça: é contra vontade que me ajusto às
artes da magia.”
Dido e Eneias. Fresco de Pompeios.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Affresco_ro VERGÍLIO, Eneida. Liv. IV. vv. 478- 493.
mano_-_Enea_e_di.jpg Tradução, introdução e anotações de Carlos
Ascenso André. Livros Cotovia. 2020.
A Magia e a Feitiçaria
Na Antiguidade greco-latina, a magia
apelava a poderes sobrenaturais, a
potências invisíveis que atacavam a
alma ou que fluíam no universo
exterior aos humanos.
As práticas de magia, embora
condenadas, continuam em Época
Romana. Sabe-se que, muitas vezes
era evocado um conjunto de
divindades, a exemplo de preces
conhecidas através de Apuleio, na sua
obra «Asno de Ouro», iniciado
também em várias «religiões
mistéricas» , tendo sido acusado de
práticas de magia.
O mago, através da utilização de Fotografia «Casa de mau olhado» Antioquia, Hatay Museum
Antioch, Turquia.
distintas técnicas e procedimentos Século II d. C.
ritualísticos, actua através de A partir de:
adivinhações, sonhos reveladores, https://domus-romana.blogspot.com/.../fascinum-amuletos...

entre outros métodos.


A MAGIA E A SUPERSTIÇÃO
• O conteúdo mágico-religioso pode ir de
simples receitas para curar dor de
cabeça até a utilização da magia para
obter benesses nos negócios por meio
da invocação de divindades,
designadamente Hermes.
• Serão práticas diversas que possuem
em comum a pretensão de mudar os
eventos por meio da utilização correta
de procedimentos, objetos e forças
sobrenaturais, ou seja, a prática mágica
é uma técnica que pode envolver
devoção e esconjuro ao mesmo tempo.
• O pensamento mágico, ontem como
hoje, pode conviver com o 1 - Estatueta antropomórfica da Rua de
Sembrano, Beja.
pensamento religioso 2 . Estatueta antropomórfica de Miróbriga.
Desenho Ivone Tavares
O Valor apotropaico de
Hermes
Mercúrio ou Hermes antes de se tornar o protector
dos comerciantes e viajantes, era um deus associado
à fertilidade, sorte, estradas e fronteiras. Ao que
parece o seu nome deriva da palavra herma, uma
coluna quadrada ou retangular de pedra, terracota ou
bronze. Também ele tinha um papel apotropaico.

«Os Hermae serviam como marcos de encruzilhadas


e caminhos protegendo viajantes ou pastores, que
posteriormente foram utilizados em jardins e casas
particulares com a representação de Dionisio e do seu
paredro Ariadne, agora relacionados sobretudo com
cultos de fecundidade e protecção da natureza. O
carácter bifronte destas peças simboliza (ainda) no
âmbito das tradições esotéricas de cariz dionisíaco, a
reunião dos opostos: masculino/feminino; dia/noite;
Sol/Lua...Daqui derivou a sua vulgarização como
símbolo apotropaico, colocado nas casas como 1 - Representação de Mercúrio no mosaico do Planetário de Itálica.
garante da fecundidade nascida da união dos Fotografia a partir do Conjunto Arqueológico de Itálica.
contrários e, tão significativamente, nas 2 - Hermes bifronte. Século I Monte do Muro Cacela Faro.
encruzilhadas, onde a divergência dos destinos se Fotografa Fátima Martelo
torna momentaneamente convergente e una. Trata-se de uma escultura bifronte, figurando duas cabeças
opostas, unidas pela nuca, sendo uma masculina e outra feminina.
(Segundo fichas de Catálogos de Escultura Romana do O modelo masculino surge-nos como um homem jovem e barbado,
MNA, da autoria de José Luís de Matos e da Exposição e o modelo feminino como uma mulher jovem, segundo os
"Religiões da Lusitânia“, José cardim Ribeiro)». clássicos arquétipos de Dioniso e de Ariadne
Os Clipei
• Os clipei têm um poder de amparo, protegendo
os lugares das forças malignas. O escudo é, no
fundo, uma representação do Universo de que
o guerreiro se serve para opor o cosmos à força
do inimigo.
• Conhecido é o escudo de Aquiles: « Hefesto
cria nele uma decoração múltipla, fruto dos
seus sábios pensamentos. Desenha nele a
terra, o céu e o mar, o Sol infatigável e a Lua
Cheia, bem como todos os astros que coroam o
céu ... Desenha nele também duas cidades
humanas, duas belas cidades. Numa delas
vêem-se umas núpcias, uns festins ... Em volta
da outra cidade acampam dois exércitos, cujos
guerreiros brilham sob as suas armaduras. Os
atacantes hesitam entre duas decisões: a
destruição da cidade inteira, ou a partilha de
todas as riquezas que a agradável cidade
guarda dentro dos seus muros ... ». (A Ilíada,
18, v. 478-492; 508-512).
Quem era Medusa?
• Medusa e as duas irmãs eram virgens
sacerdotisas de Atena.
• Posídon, deus do mar, que algumas versões
do mito dizem ter estuprado Medusa junto
ao templo de Atena, colaborou na ira da
deusa Atena que, furiosa pelo desrespeito,
castigou Medusa, transformando- a num
monstro mortal. Os seus belos e invejados
cabelos transformaram-se em serpentes, o
seu corpo foi deformado, a pele criou
escamas e ficou pegajosa, e os seus os
dentes tinham o aspecto de um javali.
• “Tinham as Górgonas a cabeça coberta de
escamas de dragão, grandes dentes como
de javalis, mãos de bronze e asas de ouro
com as que voavam. Aos que as miravam os
convertiam em pedra”

• (Apolodoro, Biblioteca, Liv. II.4)

1 - Mosaico com a representação da Medusa Monte do Meio, Beja. Museu de Vila


Viçosa
2 - Perseu decapitando a Medusa (Musée national hongrois, Budapest -
©Magika42000)
Quem era Medusa?

“As Górgonas que habitam para lá do Oceano ilustre,


na fronteira com a noite, na morada das Hespérides de voz cristalina,
Esterno, Euríale e Medusa de fatídico destino.
Esta era mortal, enquanto eram imortais e isentas de velhice
As outras duas. Mas, só a ela conheceu o deus dos cabelos anilados,
Na planície suave, entre as flores da primavera.
Dela, quando Perseu lhe decepou a cabeça,
surgiram o grande Crisaor e o cavalo Pégaso”
Hesíodo, Teogonia. vv. 274-291

Perseu entregando a cabeça de Medusa a Atena. Cratera


atribuída ao pintor Tarporley de Apúlia (400-385a.C.). Museu de
Belas Artes de Boston, Massachusetts, EUA.
A Medusa
“Belíssima,
ela foi a esperança e a causa de ciúmes
de muitos; e mais belo que os cabelos nada
tinha. Conheci um que disse tê-la visto.
No templo de Minerva, o deus do mar violou-a,
dizem. Volveu, cobrindo o rosto casto, a filha
de Jove com o escudo. E como punição,
gorgóneas tranças converteu em torpes hidras.
E ainda agora, para infundir o terror
nos rivais, leva ao peito as cobras que criou” ».
Mosaico com representação da cabeça de Medusa.
OVÍDIO, Metamorfoses, Livro IV Museo Arqueológico, Madrid.

Mosaico com representação da cabeça de


Medusa. Museo Arqueológico, Madrid.
Medusa e Perseu
• Perseu, filho de Zeus, é o herói
que decapitou Medusa. Em seu
auxílio vão Hades e Hermes que
presentearam Perseu com um
elmo, que o deixava invisível,
sandálias aladas, um escudo
feito de bronze brilhante, uma
espada e ainda um alforje,
quíbisis, para poder
carregar a cabeça de Medusa.
• A sua cabeça será oferecida
à justiceira Atena que, Perseu, monstro marinho e Medusa. Museu Nacional de
doravante, a usará na sua égide. Conímbriga
Perseu e Medusa e os escritores da
Antiguidade
• As mais antigas menções a Perseu e seus feitos estão na
Ilíada (Il. 14.319-20), nas obras de Hesíodo (Th. 274-81)
e na XII Pítica de Píndaro (Pi. P. 12.7-18), mas o mito
completo pode ser encontrado em Apolodoro (2.4).
• Às Terríveis Górgonas foi dada como habitação «para lá
do Oceano ilustre, na fronteira com a noite, na morada
das Hespérides de voz cristalina, Esteno, Euríale e
Medusa de fatídico destino» (Hesíodo, Teogonia: vv.
274-276), a região da «meia-luz», onde se situava a
Ibéria e o «luminoso Ocidente» (Ésquilo, Prometeu
Agrilhoado.ed. s/d, 61).
• Píndaro (518 a.C., Tebas - 438 a.C., Argos) localiza-as
junto dos Hiperbóreos (Pin, Píticas, XII, 30-50), Ésquilo
(Prometeu Agrilhoado, 791) em Cístene, Diodoro Sículo
(Biblioteca Histórica, 3, 52, 4) nas regiões a oeste da
Libia; Lucano (Farsalia, 9, 619) nos confins da Libia.
Virgilio (Eneida, VI, 390-396) refere que a Górgona
habita na entrada de Orco, com outros seres
monstruosos.
• Por sua vez, os escritores Pomponius Mela e Plínio
(século I) apontavam para a morada das mesmas as ilhas
Górgades -Insulae Gorgades (Pompónio Mela, III 9, 89-
96, 99; Plínio VI, 200), situadas em frente ao
promontório chamado Hesperu Ceras, a partir do qual a
terra firme começa a dobrar-se até ao ocaso e até ao
Mare Atlanticum» (Plínio HN, VI, 200).
Medusa
“(…) Por toda a parte, pelos campos
E pelos caminhos, ele vira estátuas de homens e de animais
mudados de seres vivos em pedra por olharem para
Medusa.
Ele, porém, apenas vira a imagem da arrepiante Medusa
reflectida no escudo de bronze que trazia no braço esquerdo
e quando um pesado sono dominou as víboras e ela própria,
cortou-lhe a cabeça do pescoço; e do sangue de sua mãe
nasceram Pégaso, o veloz corcel alado, e o seu irmão.
(…) Medusa fora de beleza radiosa,
Esperança e motivo de disputa para pretendentes sem
conta,
(2)
Mas nada nela era mais admirável do que os seus cabelos.
(…) Um dia, dizem, o senhor dos mares desflorou-a no
templo
De Minerva: a filha de Júpiter voltou-se para trás e tapou Camafeu com representação da Cabeça de Medusa. Pertence à Colecção
Bustorff Silva, integrada no Museu Nacional de Arqueologia em 1969.
o casto olhar com a égide. E para que tal não ficasse N.º de Inventário:
impune, Au 625
Fotografia: Mathias Tissot
Transformou os cabelos da Górgone em asquerosas cobras.
Ainda hoje, para apavorar inimigos e paralizá-los de medo,
Tem à frente, sobre o peito, as cobras que ela própria criou”

Ovídio, Metamorfoses. Tradução de Paulo Farmhouse


Alberto. Livros Cotovia. Lisboa. 2007.
A Pátera com Pátera de prata, com aplicações a ouro, de decoração
figurativa repuxada. Pertence a um conjunto
sepulcral romano datado dos fins do séc. I ou inícios
o Mito de Perseu do II d.C. encontrado ocasionalmente em 1907, no
lugar de Lameira Larga, Aldeia do Bispo, Penamacor.
A imagem apresenta o grande feito do herói grego
Perseu: “o mais valente dos homens” (Ilíada, Canto
XIV, 320).
O herói decapitou, com a sua espada de bronze
(harpé), a terrível Medusa, a única das três Górgonas
que era mortal. Nos pés apresenta as sandálias
aladas, que lhe permitiram voar sobre o Oceano ao
encontro da caverna das Górgonas.
Acompanha-o (e guia-o) Hermes, que ergue o manto
que o tornava invisível e lhe permitiria fugir da fúria
das imortais irmãs de Medusa.
Para evitar o terrível olhar petrificante de Medusa,
Perseu socorre-se de um estratagema. Com o auxílio
Pátera com mito de Perseu. Penamacor. de Atena, que ergue o seu escudo polido, servindo de
Museu Nacional de Arqueologia. N.º de Inv.º AU 690
Fotgografia de José Pessoa espelho, Perseu pôde decapitar Medusa sem a
encarar e colocou-a no kíbisis. (Apolodoro, Biblioteca,
Liv. II.4)
A Medusa
O parente de Agenor conta então que no sopé do frio Atlas
fica um local defendido pela protecção de uma sólida mole.
À entrada dele habitavam irmãs gémeas, filhas de Forco,
Que dividiam entre si o uso de um único olho.
(…) Por toda a parte, pelos campos/
E pelos caminhos, ele vira estátuas de homens e de animais
mudados de seres vivos em pedra por olharem para Medusa.
Ele, porém, apenas vira a imagem da arrepiante Medusa
reflectida no escudo de bronze que trazia no braço esquerdo
e quando um pesado sono dominou as víboras e ela própria,
cortou-lhe a cabeça do pescoço; e do sangue de sua mãe
nasceram Pégaso, o veloz corcel alado, e o seu irmão.
(…) Medusa fora de beleza radiosa,
Esperança e motivo de disputa para pretendentes sem conta,
Mas nada nela era mais admirável do que os seus cabelos.
(…) Um dia, dizem, o senhor dos mares desflorou-a no templo
Medusa, pavimento musivo polícromo séculos I-II d.C.
De Minerva: a filha de Júpiter voltou-se para trás e tapou Museo Nazionale Romano delle Terme di Diocleziano a
o casto olhar com a égide. E para que tal não ficasse impune, Roma
Transformou os cabelos da Górgone em asquerosas cobras.
Ainda hoje, para apavorar inimigos e paralizá-los de medo,
Tem à frente, sobre o peito, as cobras que ela própria criou”

Ovídio, Metamorfoses Liv IV.


O Cântico mágico das Sereias
“Às Sereias chegarás em primeiro lugar, que
todos/
os homens enfeitiças, que delas se aproximam.
Quem delas se acercar, insciente, e a voz ouvir
das Sereias,/
ao lado desse homem nunca a mulher e os filhos/
estarão para se regozijarem com o seu regresso:
mas as Sereias o enfeitiçam com o seu límpido
canto,/
sentadas num prado, e à sua volta estão
amontoadas/
ossadas de homens decompostos e suas peles
marcescentes./
Prossegue caminho, pondo nos ouvidos dos
companheiros
cera doce, para que nenhum deles as oiça".

Odisseia. Canto XII. (12.39-48). Tradução,


1 - Pormenor do "Mosaico de Ulisses" proveniente da
Notas e Comentários Frederico Lourenço. Villa romana de Santa Vitória do Ameixial.
Quertzal. 2018 Museu Nacional de Arqueologia. N.º de
Inventário: 17950.
2 - Monumento funerário em mármore. 370 a. C.
National Archaeological Museum, Athens.
Fotografia: Mark Cartwright
BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

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• ÂNGELO, Maria João, D’ENCARNAÇÃO, José, EPÍGRAFES VOTIVAS DA TORRE DOS NAMORADOS (QUINTAS DA TORRE, VALE
PRAZERES, FUNDÃO)* «Conimbriga» XLVII (2008) p. 175-183.
• GARRAFFONI, Renata Senna e SANFELICE, Pérola de Paula. Símbolos fálicos, fertilidade e fruição da vida em Roma: novas
abordagens a partir da cultura material de Pompeia. Romanitas – Revista de Estudos Grecolatinos, n. 9, p. 26-50, 2017. ISSN:
2318-9304
• https://periodicos.ufes.br/romanitas/article/view/18478?fbclid=IwAR1C7pk6Qjlt6RCxxxEtsjRw2qks_svkp038lYio0c592jpt7T3e1t
BMgAY#:~:text=Disserta%C3%A7%C3%A3o%20%28Mestrado%20em%20Arqueologia%29%20-
%20Programa%20de%20P%C3%B3s-
Gradua%C3%A7%C3%A3o,da%20Universidade%20de%20S%C3%A3o%20Paulo%2C%20S%C3%A3o%20Paulo%2C%202009
• JÁUREGUI, Ane Urrizburu. Magia, mal de ojo y protección en la Antigua Roma (2019)
• https://www.academia.edu/40385918/Magia_mal_de_ojo_y_protecci%C3%B3n_en_la_Antigua_Roma_2019_
• JÚNIOR, Márcio Meirelles Gouvêa, “Magae Romae: As feiticeiras na literatura latina”.
• PhaoS - 2011 (11) - pp. 5-21
• OVÍDIO, Fastos. Tradução de Márcio Meirelles Gouvêa Júnior. Autêntica Editora.
• SILVA, G. J. (Org.). Amor, desejo e poder na Antiguidade: relações de gênero e representações do feminino. Campinas: Editora
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• Magia en la antigua Grecia: necromancia, maldiciones, hechizos de amor y oráculos
• http://www.ancient-origins.es/noticias-general-historia-tradiciones-antiguas/magia-la-antigua-grecia-necromancia-maldiciones-
hechizos-amor-or%C3%A1culos-003978?nopaging=1
• DOMVS ROMANA: Fascinum, amuletos contra el mal de ojo en la antigua Roma (domus-romana.blogspot.com)
• ¿Por qué los bebés en la Antigua Roma tenían móviles fálicos en sus cunas? - Historias de la Historia

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