Busto de Sekhmet

“As you experience this sacred temple through Sekhmet’s eyes, you come to recognize
that her breath and all of her senses are felt by you as she moves through the temple.”
Sekhmet: Transformation in the Belly of the Goddess, Nicki Scully, 2017, editora:
Simon and Schuster
Ao experimentar este templo sagrado através dos olhos de Sekhmet, vem reconhecer que a
sua respiração e todos os seus sentidos são sentidos por si enquanto ela se move através do
templo.

O atual busto é da deusa Sekhmet, do Império Novo, 18ª Dinastia pelo que pude retirar do
site do museu de Brooklyn onde se apresenta. A obra provém do templo mortuário de
Amenotep III, templo de Luxor ou de Mut.

Está inserida num grupo de esculturas da deusa Sekhmet. Segundo David B. O’ Connor 700
estátuas foram encontradas em Karnak (incluindo o templo de Mut).1

1 Amenhotep III: Perspectives on His Reign, David B. O'Connor, Eric H. Cline, pág. 70
Neste trabalho irei falar sobre o busto presente, relacionando-o com livros de informação
mais fiável, mas também com alguma informação tirada da internet. Abordarei as diferentes
atribuições dadas à deusa em locais diferentes, os diferentes nomes as diferentes
metamorfoses, explicadas pelo mito, o poder da destruição ligado ao poder da cura. A ligação
das divindades com o mundo real. O poder apotropaico de… Porquê de imensas esculturas,
para além de proteção da peste.. As cerca de 700 estátuas seriam de feitas para o culto dos
sacerdotes, parece a resposta com mais lógica, mais correta.

O templo foi abaixo com um terramoto no séc. VIII a. C. o que leva a que poucas estátuas
estejam de pé, sendo esta também separada da parte inferior.Feita de Granodiorite, uma
estátua entronizada concretizada a partir do desbaste de pedra. Falta o braço esquerdo e parte
do direito, à frente da cobra Uraeus, o disco solar também já um pouco deteriorado. Apesar
dos adereços, o rosto apresenta-se bem conservado tal como os ombros, parte do corpo e
parte do vestido que restam.

2
Mito

A deusa é também uma das formas de Hathor (segundo infopédia). O nome deriva de
sekhem, significa poderosa e filha de Rá.

Rá envia Hathor para devastar o mundo, pois os homens estavam a mostrar-se demasiado
arrogantes. Apareceu deste modo a cruel Sekhmet (muitas vezes mencionada como justiceira
do olho de Rá..

Em The Rough Guide to Egypt está associada a Bastet, mas o desenrolar da história é o
mesmo.

Sedenta de sangue, recusa-se a obedecer a Ra quando este finalmente quis suspender a ruína e
desolação que Sekhmet estava a provocar à Humanidade. Este dá instruções ao sumo-
sacerdote de Heliópolis para preparar uma bebida feita de ocre de Elefantina e cerveja,
espalhando-a em 7 000 recipientes pelo Egito.

Sekhmet ingere a bebida pensando que era sangue e ficou embriagada, terminando assim sua
fúria destrutiva.

Em Tebas era casada com Amon, fundindo-se com a deusa Mut.

2 https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$sekhmet
Época

A deusa, tem tanto características violentas causadoras de destruição e doenças, como o

poder reverso de as curar. Orava-se e dava-se oferendas à estátua da deusa Sekhmet, daria
paz e ajuda no caso de doença ou guerra.

“…The power of Sekhmet was such that at the New Year’s celebrations, Egyptians
exchanged amulets of Sekhmet and Bastet to provide protection in the following
year...”
The Nile: An Encyclopedia of Geography, History, and Culture, John A. Shoup, ABC-
CLIO, 2017

Templo de Amenothep

3
A iconografia acompanha um caráter religioso que relata a coroação do monarca. Enquanto
Hatchepsut era guiado por Hathor, Amenhotep III é levado à presença de Athon por Sekhmet.

Insere-se num grupo de estátuas de 600 a 730 da deusa Sekhmet. Os egípcios que não
aceitavam a morte como definitiva, davam muita importância ao culto dos mortos,
inspiravam-se no sol, onde o nascer do sol simbolizava a morte e o pôr do sol simbolizava a
vida. Tal como o sol renasce todos os dias eles também podem renascer após a morte e viver
por toda a eternidade.

pag 294 PIJOAN, José; Summa Arties

"los monumentos más antiguos del Egipto dinástico con leones,... son un símbolo
monárquico e solar.."

Ligada ao sol, com um atributo que representa o sol, disco solar,4 filha de Rá deus do sol
representa a natureza destrutiva do poder do sol, segundo Shoup depois dela ir embora do

3 The Nile: An Encyclopedia of Geography, History, and Culture, John A. Shoup, ABC-CLIO, 2017

4 https://segredosdomundo.r7.com/sekhmet-sacmis-deusa/
Egito sucedido da destruição, o sol foi diminuído, e Thot o deus da sabedoria, é enviado para
trazê-la de volta.

PIJOAN, José; Summa Arties v. 3 El Arte Griego pag 292 " La esposa de Amon fué
Mut, un personaje insignificante, de poca vida, poque Amon se fué más y más
identificando con Rá, y el dios solar era por naturaleza célibe."

Segundo o site do museu Britânico, uma epidemia varreu o Oriente durante o reinado de
Amenotep III, o que poderá responder às numerosas esculturas da deusa (entre 600 e730
estátuas) como forma de proteção contínua de doenças ou como gratidão pela proteção, como
forma de agradecer, homenagear a deusa por tê-lo protegido.

As leoas veneradas pelos seus instintos maternais no antigo Egito.

Mut significa “mãe”, a mãe do faraó.

“…The new Kingdom pharaohs adopted Sekhmet as a symbol of their indomitable

prowess in battle: the statues of the goddess at Karnak bear inscriptions such as “smiter
of the Nubians”. As “Lady of the Messengers of Death”, Sekhmet could send- or
prevent- plagues, so her priestesses also served as healers and veterinarians…”
The Rough Guide to Egypt, Rough Guides UK, 2013,The Rough Guide to Egypt -
Rough Guides - Google Livros

5
A fim de acalmar a ira de Sekhmet devido à epidemia, os sacerdotes realizavam um ritual
diante de uma nova estátua dela a cada dia do ano.

“...There is a great possibility, however, that these statues were brought to Mut temple
later in the twenty- first Dynasty from the mortuary complex of Amenhotep III…”

Amenhotep III: Perspectives on His Reign, editado por David B. O'Connor, Eric H.
Cline, pág. 70

Esta seria a explicação para o tanto de estátuas descobertas, o uso posterior do faraó para a
proteção da deusa na sua vida pós morte. Este uso secundário nas suas estátuas já passadas de
rituais, das oferendas e tratamentos pelos sacerdotes.

5 Pág 63 e 64; Eugénio;Bastet e Sekhmet: Aspetos da natureza dual; FLUL

ulfl256069_tm.pdf
“…His presence and activity there has generally been assumed on the basis of hundreds
of seated, lion-headed Sekhmet statues of granodiorite, ccrowned with solar disks,
inscribed with his names, and found ranged around courts and hallways throughout
Mut temple. There is a great possibility, however, that these statues were brought to
Mut temple later in te Twenty- first Dynasty from the mortuary complex of Amenhotep
III…”

Amenhotep III: Perspectives on His Reign, David B. O'Connor, Eric H. Cline pág 70

No museu…
Apresenta-se lá na coleção Egípcia, Clássica, Arte Antiga do Oriente Próximo. Escultura
inserida num contexto arquitetónico como já referido. Escultura entronizada, estátua
trabalhada nas 3 faces, tridimensionalidade. O cânone, entendido pela repetição de elementos
associado a questões de beleza nada relacionado ao ser deusa mas ao cânone, por vezes nas
esculturas também a pele nas mulheres mais branca estando associadas ao interior, a casa e a
pele dos homens mais escura associados ao exterior expostos ao sol. Por norma os homens
também estariam representados com um saiote e as mulheres com um vestido, ambos
adornados.

Análise iconográfica
 A deusa é coroada com um disco solar encabeçado por um uraeus. Ela usa uma peruca
tripartida, um colar de gola larga e um vestido cujas alças são adornadas com uma roseta
sobre cada seio

Disco Solar com serpente Uraeus

A imagem da serpente é considerada um amuleto de proteção, e
a luz possui uma poderosa energia capaz de bloquear energias
negativas de pessoas e ambientes. Uraeus significa aquela que
se ergue, aquela que é verde ou aquela do papiro. Esta espécie
seria um presente de Rá, aos egípcios, significava a
invencibilidade do poder (muito utilizada pelos faraós). Cobra
ligada a proteção de crianças e mulheres na hora do parto.
Ligada à proteção da natureza é retratada assim nas paredes das
tumbas com a simbologia de proteção.

Conclusão
Sekhmet tem características violentas causadoras de destruição e doenças, mas também o
poder reverso de as curar. Orava-se e dava-se oferendas à estátua da deusa Sekhmet, daria
paz e ajuda no caso de doença ou guerra. o faraó Amenhotep III provavelmente leva para lá
todas aquelas estátuas construídas na altura da peste como forma de ir protegido por ela a
deusa que é feroz na destruição, mas também na proteção.
Sekhmet estaria ligada ao sol, os egípcios davam imensa importância ao sol era um meio
necessário para sobreviverem no modo de vida conseguido por estes, necessário para a sua
sedentarização igualmente ao Nilo.
Índice

● Introdução
● Mito
● Época
● Templo de Amenothep III
● No museu…
● Análise iconográfica
●

Bibliografia
O’CONNOR, David B.; CLINE, Eric H.; Amenhotep III: Perspectives on His Reign
SHOUP, JohnThe Nile: An Encyclopedia of Geography, History, and Culture, ABC-CLIO,
2017
The Rough Guide to Egypt, Rough Guides UK, 2013; The Rough Guide to Egypt - Rough
Guides - Google Livros
DONADONI, Sérgio; El Hombre Egipcio; Alianza Editorial,1991

SCULLY ,Nicki; Sekhmet: Transformation in the Belly of the Goddess; 2017; editora: Simon
and Schuster

Vários Autores; O Panteão Egípcio, Pandorga Editora; 2022; O Panteão Egípcio - Vários
Autores - Google Livros

Descrição de imagens

● Busto da Deusa Sekhmet, 1991, Brooklyn Museum Museu do Brooklyn

(brooklynmuseum.org)
● Sakhmet statues in the Mut Temple, 21 de fevereiro de 2006, Flickr, Kairoinfo4u Mut
266 | Temple Precinct of the Goddess Mut at South Karnak… | Flickr
● Busto da Deusa Sekhmet, 1991, Brooklyn Museum, Brooklyn Museum