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GRAU 25 - O CAVALEIRO DA SERPENTE DE BRONZE

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História

No grau 25 os iniciandos recebem o titulo de Cavaleiro da Serpente de Bronze. Essa


denominação é certamente proveniente da Bíblia, derivada do episódio em que
Moisés, na época em os israelitas peregrinavam pelo deserto, mandou fundir uma
serpente de bronze com o objetivo de curar as pessoas que fossem picadas por esse
tipo de réptil.
Essa passagem consta das crônicas bíblicas e mostra bem o quanto o simbolismo da
serpente era utilizado entre os povos antigos para a demonstração de poder, ou
conotar qualquer tipo de malefício.
Diz o Ritual do grau que os israelitas, após a saída do Egito, estavam peregrinando pelo
deserto, sofrendo fome e sede. Então começaram a reclamar e criticar Moisés por tê-
los tirado do Egito para levá-los á morte no deserto. Ocorre que a determinação para
que eles deixassem o Egito e peregrinassem pelo deserto era do próprio Grande
Arquiteto do Universo. As queixas dos israelitas foram tomadas como rebelião, razão
pela qual Ele mandou contra eles uma praga de serpentes, cujas mordidas queimavam
como fogo. Como muitos israelitas estivessem morrendo em conseqüência das picadas
desses répteis, Moisés mandou fundir uma serpente de bronze e a colocou no centro
do acampamento. Todo aquele que fosse picado por uma serpente sarava olhando
para o ídolo de bronze. Essa é a interpretação exotérica da lenda.*

A outra tradição que se refere á Serpente de Bronze remonta ás Cruzadas. Conta-se


que quando Godofredo de Bulhões capturou Jerusalém, ele teria fundado uma Ordem
denominada Cavaleiros da Serpente de Bronze, cuja função seria a de proteger os
peregrinos cristãos em suas visitas á Terra Santa, dando-lhes também abrigo e
cuidados médicos.**
Sabemos que tal Ordem realmente existiu e foram duas e não uma, como é referido na
tradição citada. Essas Ordens fo-ram as dos Cavaleiros Templários, cuja tarefa era a
proteção dos peregrinos que visitavam a Terra Santa e os Hospitalários, a quem
incumbia prestar-lhes assistência médica e asilo. Eram Ordens com funções bem
definidas, de caráter iniciático, sendo que ambas legaram á Maçonaria uma boa parte
de suas tradições.***

Outros significados

Jean Palou, por seu lado, confere ao grau 25 uma natureza cristológica e hermetista,
fundamentado no episódio bíblico em que Moisés levanta no deserto uma serpente de
bronze para servir de defesa aos hebreus peregrinos contra a mordida desses répteis,
e cita também o Evangelho de São João, cap. III, vers. 14 e 15, em que Cristo é
comparado à serpente de bronze de Moisés, no sentido de que ele salva as pessoas
que nele crêem, da mesma forma que a serpente de Moisés curava aqueles que eram
picados por elas. ****
O que o grau releva, todavia, é fundamentalmente uma questão de fé. A serpente e o
emblema do Cristo crucificado têm o mesmo significado, como bem lembrou
Charbonneau-Lassay. Para os cristãos, o Cristo na cruz representa o mesmo que a
serpente de bronze representava para os hebreus no deserto. Quem olhava para ela, e
acreditava, ficava curado, da mesma forma que aquele que crê no sacrifício do Cristo
crucificado alcança a cura do corpo e da alma.*****
Cagliosto, no entanto, defendia a inspiração egípcia do grau 25, a partir da tradição
daquele povo em atribuir á serpente de-terminados poderes, relacionados com as
energias que regem a vida do universo. Na visão daquele famoso maçom, a simbolo-
gia da serpente, nos ritos iniciáticos ocidentais, seria equivalente a tradição védica da
Kundalini, a serpente tântrica que representa a energia cósmica, e se manifesta nas
pessoas através das chacras existentes no corpo humano, quando o iniciado pratica a
kundaliniioga. ******
Os egípcios tinham em grande conta o poder da serpente. Ela representava situações
que envolviam tanto o bem quanto o mal. Na Tuat, a terra intermediaria que a alma do
morto deveria atravessar até atingir a luz, o monstro que mais os apavorava era
exatamente a serpente Apépi, fera devoradora de almas, símbolo de Seth, o deus do
mal. Mas a serpente também aparecia constantemente na iconografia egípcia como
representação de poder. Em todas as pinturas, os faraós e as divindades aparecem
usando a coroa ornada pela uraeus, a serpente enrodilhada, que representava o ciclo
energético do universo, que a si mesmo se alimenta num fluxo ininterrupto.
Tradicionalmente a chamada “serpente de bronze” é uma alegoria que representa o
cetro real usado por Moisés, na condição de príncipe egípcio que era. Os reis egípcios
usavam um cetro folheado em bronze, em forma de serpente. Dizia-se que esse cetro
possuía propriedades mágicas, capaz de promover o rejuvenescimento das pessoas, da
mesma forma que a serpentes “rejuvenescem” trocando de pele.
Nos rituais de sagração dos reis egípcios, os chamados festi-vais sed, era costume a
realização de rituais em que a “lepra”, sinal de degeneração, era curada pelo toque do
cajado mágico, promovendo a regeneração. Uma dessas cenas, de regeneração pelo
cajado mágico é reproduzida na tumba de Kheruef, a ca-mareira da rainha Tiye, esposa
de Amenhotep III, pai do faraó Akhenaton. Moisés utiliza as duas alegorias, tanto da
lepra que é curada, quanto da serpente de bronze, para mostrar aos hebreus o poder
da sua doutrina regeneradora.
Na Maçonaria dos graus superiores, o Cajado de Abraão e a Serpente de Bronze se
fundem para formar a alegoria do Tau.

O Cajado de Aarão

Na verdade, o simbolismo da Serpente de Bronze tem origem com o episódio bíblico


do Cajado de Aarão. Moisés pediu a Aarão e a cada um dos doze líderes das tribos de
Israel que trouxessem ao Tabernáculo uma vara de vime e nela escreves-sem o nome
de cada um deles. Isso foi feito para que o Grande Arquiteto do Universo escolhesse
um deles para ser o líder de todos, dizendo: “a vara de quem pela manhã estiver
florida, esse será o líder e não mais suscitareis discórdias entre vós.”
E sucedeu que a vara que floresceu foi a de Aarão e isso confirmou a sua escolha como
Sumo Sacerdote. E a Vara de Aarão, que é a Vara da Confirmação, também é uma
alegoria que se liga á tradição da espada flamígera, pois é com ela que se confirmam
todos os direitos adquiridos pelos Irmãos dentro das Lojas.*******
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NOTAS.

*Segundo a Doutrina Secreta, Jeová se converte em serpente de fogo para “morder”


os israelitas descrentes e em serpente de bronze para curar os arrependidos. Essa
aparente dicotomia revela o caráter polarístico da Matéria e do Espírito e a luta pela
vida entre os dois princípios manifestados no espaço e tempo. É a luta pelo equilíbrio
cósmico que está ali representado.

O significado esotérico é aquele informado no capítulo VI.

A Ordem dos Hospitalários deu origem aos hospitais que hoje co-nhecemos como
Santas Casas de Misericórdia. A esse respeito veja-se o estudo publicado no nosso site
no Recanto das Letras.

Jean Palou, op citado, pg. 189.

Idem, pg.199.

Exercícios que, na pratica Iogue tem por fim conduzir o iniciado a iluminação.

Números, 17: 1,2,3,4

DO LIVRO "MESTRES DO UNIVERSO"- ED. 24X7-SÃO PAULO9, 2010


João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 22/07/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2394088
Classificação de conteúdo: seguro

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