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BELÉM – PARÁ
2018
INTRODUÇÃO
Saudações nas três pontas do sagrado triângulo. Este pequeno artigo tem como
objetivo abordar um tema muito complexo o qual está muito velado nas alegorias e
iconografias maçônicas, o simbolismo hermético. Nossa Ordem de pedreiros livres e
aceitos da idade média permitiu o ingresso de membros de diversas crenças,
pensamentos e conhecimentos, dentre os quais acabaram corroborando para o
crescimento simbólico e filosófico da maçonaria na transição do operativo ao
especulativo (maçons antigos e modernos). Portanto, a franco-maçonaria sempre
carregou em seu corpo simbólico, ícones relacionados ao hermetismo. Muitos membros
que alavancaram a maçonaria já eram conhecedores do misticismo, do esoterismo, eram
iniciados em outras Ordens cujo todas beberam da mesma fonte de sabedoria antiga, o
hermetismo, conhecimento este milenar, estudado e praticado por várias civilizações
antigas até os dias atuais.
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O HERMETISMO
HERMES TRIMEGISTOS
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AS ORIGENS DE HERMES
Figura 02: “As Almas do rio Caronte”, por Adolf Hirémy-Hirschl, óleo
sobre tela - (1898).
Figura 03: Aglomerado de estrelas Plêiades, com os nomes das sete Ninfa.
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HERMES, ATLÂNTIDA E O PÓS DILÚVIO
Hermes veio de uma linhagem atlante, povoado que viveu no continente que
submergiu no mar após o Grande Dilúvio (relatado em diversos livros de sagradas
escrituras), onde hoje, conhecemos por oceano Atlântico. Portanto, já que ele era neto
de Atlas (Atlante) e Pleione (filha de Oceano), Hermes foi um descendente da lendária
Atlântida, um ser estelar, vindo dos céus à Terra das águas (pag. 02). Segundo a lenda
transmitida a Sólon por um antigo sacerdote egípcio, e pouco relatado no livro de Platão
– A República - após o Grande Dilúvio no nosso planeta, Atlântida afundou no mar e
sua civilização desapareceu, exceto nove sobreviventes que migraram para as colônias
próximas em continentes como as três Américas, África e Europa, disseminando-se por
territórios asiáticos etc., um desses sobreviventes era Hermes, e que foi o responsável
por espalhar a tradição de seus ensinamentos para a reconstrução de novas civilizações.
Portanto, Hermes e o hermetismo esteve presente nos quatro cantos do mundo, sempre
com nomes diferentes, como Ningizzida (Antiga Suméria); Thoth (Antigo Egito);
Garuda (Antiga Índia); Hermes (Grécia Antiga); Mercúrio (Roma Antiga);
Quetzalcoatl (Antiga América Central); Viracocha (América do Sul) etc. Todos esses
personagens foram reconhecidos por portarem em suas mãos, os mesmos símbolos de
sempre, um bastão com duas serpentes entrelaçadas ou o domínio sobre serpentes.
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O SIMBOLISMO HERMÉTICO
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O CADUCEU HERMÉTICO
Figura 06: Caduceu de Hermes, o bastão alado com duas serpentes entrelaçadas.
PS: Hermes foi o pai de toda sabedoria e ciência antiga, da matemática ao comércio, das
artes à medicina, portanto, o seu caduceu se tornou o símbolo universal da medicina,
nacional da contabilidade e referencial do comércio.
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A HERANÇA HERMÉTICA EM CARGOS RITUALÍSTICOS
DA MAÇONARIA
Figura 07: antiga joia do colar de cargo de Diácono da maçonaria simbólica (CRAFT)
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Abordaremos por primeiro, o cargo de Diácono. Este cargo carrega uma forte
herança hermética o qual seu antigo símbolo faz referência ao personagem, como
podemos ver claramente na Figura 07. Este objeto fundindo em metal é uma joia de
colar de cargos chamados de Oficiais Ajudantes de Loja, foi muito utilizada para o
cargo de 1º e 2º Diácono em épocas antigas, porém infelizmente ela foi substituída pelos
próprios maçons, talvez por conta da perseguição da igreja católica em tempos de
intolerância religiosa e política no passado, portanto, a maçonaria teve que se tornar
mais discreta quanto a símbolos de origem pagã e que pudessem trazer motivos de
vigilância e perseguição. Essa discrição simbólica fez com que a joia do personagem
Hermes fosse substituída por uma outra que pudesse se adequar mais aos textos
bíblicos, como por exemplo, a pomba branca com o ramo de oliveira preso no bico (Fig.
08), uma figura relatada na história de Moisés durante o Grande Dilúvio em Gênesis, no
Antigo Testamento das Sagradas Escrituras. Portanto, fica a dúvida aqui, será que essa
substituição foi proposital para deixar rastros subliminares da simbologia hermética,
atlante e antediluviana? Se voltarmos para o inicio deste artigo, veremos que estes
ícones estão outra vez se repetindo. A pomba possui asas e estas estão presentes no
chapéu, sandálias e caduceu de Hermes. O ramo de oliveira preso em seu bico, faz
alusão ao material que constitui o caduceu em sua confecção por Apolo (Pag. 05). O
caduceu é um bastão e, na Loja maçônica, o Diácono utiliza o mesmo, podendo ser o
único a caminhar dentro do templo, além do Diretor Cerimonial.
Figura 09: planta baixa do templo de Emulação, percursos dos Diáconos e Diácono.
O Sonoplasta O Diáconos => Trajeto dos Diáconos
PS: o Mestre de Banquete pode sentar em qualquer asento da câmara do meio.
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No ritual de Emulação do CRAFT inglês, os Diáconos representam Hermes na
Loja, pois o 1º Diácono que se localiza no Nordeste do templo, parte do Leste do templo
levando as mensagens do Venerável Mestre ao Secretário da Loja que se encontra ao
Norte do templo, além de caminhar com seu bastão / caduceu, ele ascende a Chama
Sagrada da vela que encontra-se ao lado direito do pedestal do Venerável Mestre, no
Leste do templo (Fig. 09).
O Sonoplasta (ou Mestre de Harmonia para outros ritos) é um cargo que carrega
consigo a insígnia da lira (Fig. 08), um instrumento criado por Hermes e presenteado ao
seu irmão Apolo em troca do caduceu, como foi relatado na Página 05 deste artigo.
Portanto, o mestre maçom que assume o cargo de Sonoplasta da Loja, deve
compreender a importância da música no templo, pois ela é extremamente necessária
para que o ritual ocorra em perfeita harmonia, onde todos os maçons possam atingir um
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equilíbrio na mesma frequência vibratória. A música é uma arte a qual pode afetar
beneficamente as moléculas do nosso corpo, como mostrou o escritor japonês Masaru
Emoto em suas experiências fotográficas com moléculas de água sob efeito da música,
onde o resultado foi a formação geométrica das moléculas em perfeita harmonia, isso é
o que ocorre em cada maçom reunido no templo. Hermes foi muitas vezes relatado por
meio da arte, portando instrumentos musicais como a lira e a flauta (outro instrumento
inventado por Hermes), onde todos ao seu redor expressam alegria, paz, sonolência,
encanto e harmonia. Portanto, o Sonoplasta que nada mais é do que um mestre de
harmonia na Loja, toma em si, a personificação de Hermes voltado à arte da música.
Figura 10: “Mercúrio com Cornucópia”, por Joseph Marie Vien – óleo sobre
tela, 1785.
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comércio, responsável por trazer a fartura alimentícia, as riquezas dos céus e o amor
para aqueles que suplicavam em suas oferendas aos deuses.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SELEEM, Ramses. O livro dos mortos do antigo Egito. São Paulo: Madras Editora,
2005.
ELLIS, Ralph. Thoth o arquiteto do universo: mapas neolíticos da terra. São Paulo:
Madras Editora, 2006.
CRYER, Neville B. Conte-me mais sobre o grau da marca. São Paulo: Madras
Editora, 2009.
Imagens retiradas do Google e de arquivos pessoais.
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